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& AFINS
Ano 3 - Número 21 - Janeiro 2016
PianOrquestra
www.teclaseafins.com.br
& AFINS
Ano 3 - N° 21 - Janeiro 2016
Feliz Ano Novo! Na
Publisher verdade, o que desejamos
Nilton Corazza é felicidade sempre, já que,
publisher@teclaseafins.com.br
a cada reveillon, os votos se
Gerente Financeiro renovam. O que esperamos
Regina Sobral de um ano que se inicia,
financeiro@teclaseafins.com.br
no entanto, são novidades.
Editor e jornalista responsável Pode ser algo que mude
Nilton Corazza (MTb 43.958) nossa rotina como o
prêmio da Megasena da
Colaboraram nesta edição:
Alex Saba, Alexandre Porto, Eloy Fritsch, Virada. Ou, quem sabe, um
Eneias Bittencourt, Jobert Gaigher, novo emprego. Na pior das hipóteses, as sonhadas férias
José Osório de Souza, Maurício Pedrosa, de verão. Começamos este novo ano com uma edição
Rosana Giosa, Turi Collura, Wagner Cappia
dedicada à novidade. Inspirados pela realização do
Diagramação Festival Rc4, no Rio de Janeiro, dedicado à música erudita
Sergio Coletti contemporânea, trazemos dois destaques do evento,
arte@teclaseafins.com.br que se caracterizam pela forma incomum como encaram
Foto da capa o piano. Nossa matéria de capa traz uma entrevista com
Divulgação Claudio Dauelsberg, idealizador do PianOrquestra, que
fala um pouco mais sobre os detalhes do grupo e dos
Publicidade/anúncios
comercial@teclaseafins.com.br
caminhos abertos por esse projeto. Conversamos também
com Kai Schumacher, pianista alemão que também encara
Contato seu instrumento como ferramenta de trabalho, apta a
contato@teclaseafins.com.br oferecer muito mais do que costumam tirar dela. Esta
Sugestões de pauta edição também marca a estreia de uma coluna que tem
redacao@teclaseafins.com.br sido solicitada por vários leitores, dedicada ao software
Kontakt, conhecido de todos aqueles que trabalham
Desenvolvido por
Blue Note Consultoria e Comunicação
com samples. E que tal conhecer o que há disponível
www.bluenotecomunicacao.com.br gratuitamente em termos de software DAW? Um review
com o keytar Korg KR-100S e uma matéria sobre o rei dos
Os artigos e materiais assinados são de responsabilidade
de seus autores. É permitida a reprodução dos conteúdos órgãos combo, o lendário Vox Continental, fazem conjunto
publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o com uma aula especial sobre a estrutura necessária para
material seja enviado para nossos arquivos. A revista não se
responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados. um tecladista no palco. E, além disso tudo, nossa equipe
de colaboradores traz tudo sobre harmonia, arranjo,
acordeon, blues, lançamentos, curiosidades e muita,
muita novidade! Boa leitura!
Nilton Corazza
Rua Nossa Senhora da Saúde, 287/34
Publisher
Jardim Previdência - São Paulo - SP
CEP 04159-000
Telefone:2016
4 / janeiro +55 (11) 3807-0626 teclas & afins
VOCE EM TECLAS E AFINS 6
NESTA EDIÇÃO
O espaço exclusivo dos leitores 44 sintese
Software DAW gratuito
INTERFACE 8 Por Eloy Fritsch
As notícias mais quentes do
universo das teclas 49 acordeon sem limites
Flavio Alves
retrato 12 Por Eneias Bittencourt
Kai Schumacher
O destruidor 52 kontakt
Como samplear
Vitrine 18 Por Edwaldo Venturieri
Novidades do mercado
54 palco
review 20 Hands on!
Korg RK-100S Por Wagner Cappia
Por Cristiano Ribeiro
57 harmonia e improvisacao
materia de capa 24 O estudo da harmonia na música
PianOrquestra popular e suas vertentes
A dez mãos Por Turi Collura
Olá. Assino a revista e acompanho todas as edições. Queria saber se tem como comprar
uma versão física. (Dudu Montezuma, em nossa página no Facebook)
Qual o valor para assinar a revista impressa? (Jackson, por e-mail)
R.: Agradecemos as mensagens e a fidelidade, Dudu e Jackson. Teclas & Afins é digital e elaborada
para tirar proveito de todas as vantagens dessa plataforma. Mas em breve teremos novidades!
Obrigado! Vocês têm feito a diferença. São grande fonte de conhecimento e pesquisa e têm
alimentado os sonhos de muitas pessoas que amam música e acreditam nela. Ótimo 2016
a todos os amigos! (Luis Marcos, por e-mail)
Senhores, sou músico amador e pretendo continuar a receber a revista e seus e-mails, muito
úteis para mim. Aproveito a ocasião para desejar a todos da revista um próspero ano de
2016. Grato. (Antonio José Regginato, por e-mail)
R.: Agradecemos as mensagens, das quais estas são uma pequena amostra, e aproveitamos para
reiterar a todos os leitores nossos votos de um 2016 de muito sucesso em todas as áreas.
Ótimo review! Como pianista, fico até pensando em trocar meu equipamento atual... Será
que vale a pena? Sou apaixonado por um piano Kawai, mais é muito difícil encontrar aqui
no Brasil. Onde posso comprar? (Marcelo Francisco, no review do piano digital Kawai MP7, em
nosso canal do Youtube)
R.: Os instrumentos Kawai são importados para o Brasil pela Pianofatura Paulista. Entre em contato
com a empresa e pelo telefone (11) 3973.7900 ou no endereço www.piano.com.br/fale-conosco.
Novo CD
O pianista e compositor Tomás Improta
comemora 45 anos de carreira lançando
seu oitavo disco solo. A Volta de Alice traz,
entre as onze faixas, músicas autorais,
em parceria e releituras de temas
consagrados, com Improta se revezando
ao piano acústico e elétrico, sintetizadores
e escaleta, através de vários ritmos. Tomás
cercou-se de músicos do mais alto nível
como o trombonista Raul de Souza e do
saxofonista Marcelo Martins, que assina os
arranjos ao lado de Tomás e do guitarrista
Carlos Pontual, também produtor musical
do CD. Participam ainda músicos de
renome como Jessé Sadoc e José Arimatéia
(trumpetes), Aldivas Aires (trombone),
Alberto Continentino (baixo acústico),
Domenico Lancelotti (bateria), João Viana
(bateria) e Marco Lobo (percussão), entre
outros. Para adquirir o CD, clique aqui!
QUE A FORÇA
A pianista russa Sonya Belousova fez um
vídeo em homenagem ao lançamento
de Star Wars Episódio VII: O Despertar
24 horas no ar
Homenagem
Juninho Carelli, tecladista da banda
SOM & ARTE
E D I T O R A
Trazem 14
arranjos prontos
em cada
volume para
desenvolvimento
da leitura das
duas claves (Sol e
Fá) e análise dos
arranjos.
www.editorasomearte.com.br
teclas & afins Contato: rosana@editorasomearte.com.br
janeiRo 2016 / 11
retrato por nilton corazza
Kai Schumacher:
de clássico contemporâneo a punk rock
© Divulgação
O destruidor
Rompendo barreiras entre estilos, o
pianista Kai Schumacher explora as
possibilidades sonoras do piano acústico
em projetos inusitados
pop. A pior coisa que pode acontecer a algumas técnicas nas quais eu nunca
um artista é o público responder com havia pensado para criar efeitos sonoros
indiferença. Uma vez, apresentei um surpreendentes. Estou muito curioso
concerto com o meu programa Insomnia para finalmente encontrá-los!
e havia uma jovem indo embora durante
o intervalo porque a música era muito Que compositores brasileiros fazem parte
perturbadora para ela, me disse mais de sua biblioteca de referências?
tarde. Mas me senti totalmente aprovado Quando eu era um jovem estudante,
pela reação dela. Prefiro algo como isso ganhei algum dinheiro com a reprodução
muito mais do que apenas os aplausos de músicas de jazz em bares e restaurantes.
educados obrigatórios, porque a música Então, na verdade, o primeiro compositor
deve sempre desbloquear emoções, não brasileiro que tinha que tocar era Antonio
importa se boas ou ruins. Carlos Jobim. Em meu primeiro show, eu
estava um pouco nervoso... Eu tinha algo
Apesar do uso diferenciado do piano, em torno de 15 anos e nunca tinha tocado
sua música é tonal, com acentos de jazz antes! Quando eu comecei a música
romantismo e impressionismo. Isso é “Wave”, de Jobim, havia uma senhora
herança de sua formação acadêmica? brasileira sentado no bar, que cantou
Não. Eu realmente acredito que a espontâneamente junto comigo. O público
tonalidade, pelo menos, é uma herança estava enlouquecendo e, de repente, o gelo
da minha formação como músico de rock, se quebrou. Então, quando penso sobre
que foi minha principal influência quando música brasileira, ainda tenho essa noite
comecei a escrever minhas próprias em particular em minha mente.
transcrições para piano. E quanto mais eu
volto em meu repertório para piano, mais
eu percebo que é a simplicidade que me
atrai. Ainda tenho meus problemas com o
romantismo alemão tardio, por exemplo,
onde existe uma modulação após a outra e
a música raramente atinge um ponto. Mas,
então, olho para o primeiro “Gnossienne”
de Erik Satie: há o mundo inteiro em apenas
dois acordes tonais.
Roland XPS-30
Roland Brasil – www.roland.com.br
O sintetizador XPS-30, da
Roland, traz os recursos do
popular XPS-10 e adiciona
aprimoramentos como a
memória com o dobro da
capacidade. O instrumento
traz 61 teclas sensíveis ao
toque e oferece 128 vozes
de polifonia máxima e 16 partes multitimbrais. Entre os 1.400 sons de fábrica, com
35 kits de bateria e 28 performances, o equipamento traz desde pianos acústicos e
elétricos a instrumentos regionais, além da possibilidade de expansão das formas de
onda internas e de importação de amostras. Oito Pads para acionar os samples e sons
armazenados na memória USB, entrada de microfone com Reverb dedicado, Vocoder,
efeitos e Auto Pitch para performances vocais e sequenciador de padrões de oito
trilhas com gravação ininterrupta e interface de Áudio/MIDI via USB e modo DAW
Control para controlar softwares de gravação completam o conjunto de recursos.
www.violaomais.com.br setembro
janeiro 2015
2016 / 19
REVIEW Por cristiano ribeiro
Korg RK-100S
O Keytar elegante
traz ótimos timbres e
síntese poderosa, tudo
para repetir o sucesso
de seu antecessor
Pontos fortes
• Controle Ribbon grande permitindo maior controle
• Síntese poderosa com timbres muito bons
• Peso ideal graças ao corpo de madeira
Pontos fracos
• Teclas pequenas
• Poderia endereçar mais parâmetros ao Ribbon grande
para compensar a falta de mais controles em tempo real
* Preço sujeito a alteração sem aviso prévio
mãos
© Brigitte Lacombe
Mas vamos trabalhando, trocando ideias preparação com Mariana Baltar, com todo
e, às vezes com um mínimo de orientação, um trabalho cenográfico, de movimento,
conseguimos desenvolver um trabalho porque o pianista é treinado para tocar,
muito bacana. O frevo ficou muito levantar e agradecer. Ele está dentro
legal, está explorando bem as mãos. Há daquele vocabulário. No PianOrquestra,
passagens muito rápidas e aquela dança há o trabalho do movimento. É preciso se
das mãos, uma verdadeira coreografia. E deslocar, então, é preciso saber como fazer
é muito divertido, é alto astral. Acredito isso. Por exemplo, para tocar nas cordas,
que o apoio de todo mundo pensando em não se deve encostar as mãos nelas para
algumas situações e soluções também faz não oxidarem. Há esse cuidado. Então,
parte do processo criativo. Muitas vezes, coloca-se uma luva, para proteger. Às vezes,
as soluções são encontradas ali no próprio é preciso sair, tirar a luva e tocar nas teclas.
ensaio, porque requer adaptação. Afinal, Mas o espaço de tempo é muito pequeno
é uma orquestra de um instrumento só, e a luva muito apertada, porque é do tipo
então o espaço tem que ser combinado: cirúrgica. Nem sempre se consegue tirar
“tenho que tocar esse Sol, mas você tem aquilo rápido. Muitas vezes, a pianista não
que tocar esse mesmo Sol um segundo conseguia tirar e entrava tocando piano
depois, então vou sair para a direita, você com a luva. E tocar com a luva já é mais
vem num movimento pela esquerda...”. difícil. Na hora de tirar, ela ficava um pouco
Tem que estar tudo combinado. agoniada e isso passava para o público.
Ela tentava esconder a luva atrás do piano.
Quando há uma troca de integrante, o Aí, a Mariana veio com outra proposta:
que isso exige? “tem que mostrar tudo, assumir. Levanta
É sempre um desafio. Calculo pelo menos essa mão e vai tirando um dedo por vez!”.
uns seis meses para assimilar tudo, se for um Ficou até bonito de se ver. Enquanto uma
trabalho intenso, ou um ano em um trabalho pianista está tocando, ela está lá, com a
mais espaçado. Primeiramente, tem que mão para cima e uma luva branca que
estudar as músicas individualmente, aparece bastante, tirando plasticamente
como no piano. Depois entender o roteiro cada dedo, com gesto feminino. A Mariana
do concerto, porque a partitura é um aproveitou os elementos do PianOrquestra
pouco diferente. Há a partitura das notas e transformou em uma grande coreografia.
e um roteiro: “vou tocar agora aqui, tenho
dois segundos para descer e tocar a parte
de percussão embaixo do piano, então
tenho que sair correndo”. E esse correndo
é plástico, há uma coreografia também
(risos). “Daí, tenho que estar, em menos
de dois segundos, aqui, fazendo um efeito
dentro da caixa do piano, com batidinhas
nas cordas”. Esse roteiro é um desafio. É
pegar a partitura como um todo: o que
tem que tocar, onde em que momento, e
que movimentos vai fazer. Fizemos uma
se possam amplificar áreas que não tem necessários, como elásticos para fazer os
muita sonoridade, como as baquetinhas contrabaixos. Esse material todo vai na
que produzem um som muito mais baixo mala e fazemos um revezamento para
do que quando se toca o piano com as o início da preparação: quem está mais
teclas. Quando se toca uma percussão disposto, quem vai chegar mais cedo no
embaixo do piano, é preciso compensar teatro... Dois de nós começam a avançar
um pouco. Há uma preocupação muito na preparação, etiquetando todos os
grande. Ninguém seria louco de colocar abafadores, porque, quando se toca dentro
um instrumento valioso em casa para do piano, naquele mar de duzentas cordas,
estudo e colocá-lo em risco. Temos até não se sabe onde está o Do, o Ré... Então,
cartas de fabricantes atestando que não etiquetamos os 88 abafadores com o nome
danificamos o instrumento. Nossa forma das notas. A produtora leva o conteúdo
de preparação é leve. visual, que é projetado por ela. O técnico
de som do PianOrquestra, Rafael Galo, é
Quanto tempo é necessário? mais uma mão do grupo. Ele não só opera
Quando o PianOrquestra começo, o som, mas mixa em tempo real. Não há
pediamos 8 horas. Hoje, fazemos em retorno de palco, então o técnico é nosso
duas horas. Como a preparação é muito ouvido dentro da plateia. O que fazemos
específica, não se consegue terceirizar. é tocar acusticamente, sem nenhuma
E tentamos manter uma equipe enxuta. amplificação para nós. O negócio é ouvir o
Então, nossa produtora, Marie Linhares, que estamos fazendo. É um instrumento só
é responsável por providenciar a parte e todo mundo está perto. O técnico então
dos equipamentos que está faltando. é uma pessoa em quem temos que confiar
Sempre temos uma mala com os objetos cem por cento. Ele está há mais de 8 anos
conosco. Conversamos muito, para não as sonoridades mais graves. Em tudo isso
deixar determinada parte mais metálica, ficamos na mão do técnico.
cuidado com isso, com aquilo, até chegar
a um consenso quanto à sonoridade. Quem faz os arranjos?
De qualquer forma, cada piano tem sua No início, praticamente fiz boa parte do
estrutura e sonoridade, e também há trabalho. A medida em que as integrantes
a acústica do lugar. Há locais em que a vão avançando e ganhando autonomia,
acústica funciona para sons percussivos participam cada vez mais. Temos abertura
maravilhosamente bem. Em outros, não. para conversar, dar sugestões, sofisticar.
Isso é mais um desafio na passagem de Existe autonomia para criações coletivas.
som. Há acústicas que tem reverb longo, Às vezes, estamos brincando na passagem
então é necessário tomar cuidado com de som e surgem ideias ali mesmo.
NA REDE
Jobert Gaigher
Músico, compositor, educador musical, produtor cultural, blogueiro e consultor de marketing para os mercados de
áudio e música, é especialista da linha NORD no Brasil desde 2008. Entre os anos de 2001 a 2003 foi gerente técnico
da Quanta Service, e então mudou-se para Londres, participando de várias gravações em estúdio e performances ao
vivo em festivais e eventos no Reino Unido, Espanha e Itália. Em 2008 retornou ao Brasil, quando idealizou e passou
a coordenar o Sistema e-SOM para a Quanta Educacional, sistema multimídia para aulas de educação musical que
foi pré-qualificado pelo MEC e incluso no Guia Nacional de Tecnologias Educacionais. www.jobert.info
40 / janeiro
junho 2014
2016 teclas & afins
livre pensar
A capa de Dark Side of The Moon é conhecida única coisa que tinha como certa é que
por todo o mundo. Não tenho medo dessa queria um repertório mais forte, que
afirmação porque é um dos discos mais trouxesse paixão e grandiosidade. Seu
manjados já lançado. A “novidade” (entre empresário, Steven Saporta, entrou em
aspas mesmo porque já rola por algum contato com o produtor David Warner
tempo aqui na rede) é uma cantora ter a com a idéia de fazer um disco de covers,
ousadia de fazer um cover desse clássico. mas Warner teve uma ideia mais ousada:
Acabando com o suspense - se é que houve reinterpretar um único disco clássico,
algum - vou comentar sobre um disco do começo ao fim. O projeto, desafiador
quase não lançado, porque afinal estamos por si só, ganhou um peso ainda maior
fechando um ciclo e começando outro e quando Warner e Fahl escolheram o disco
a novidade pode ser apenas a velharia de a ser recriado, nada menos que The Dark
ontem ou vice-versa. Mas a verdade é que Side Of The Moon, a obra máxima do Pink
entra ano e sai ano, no fundo somos nós Floyd, que passou nada menos que 14
que mudamos. anos consecutivos na lista de 200 discos
Cover é uma palavra que me causa arrepios mais vendidos da Billboard e é o quinto
e muita alergia (leia esta coluna na quinta disco mais vendido de todos os tempos.
edição de Teclas & Afins). Não gosto quando A princípio, Mary assustou-se com a
fazem recriações perfeitas, cópias exatas. ambição do produtor: “Ele (o disco) é
Gosto das inexatas. E mais: não vejo sentido como o Cálice Sagrado, uma obra de arte
em um artista não interpretar uma obra à danada de boa, muito mais que o produto
sua maneira. Claro que o público em geral de uma época” - declarou.”
gosta e se o público gosta, sempre há um Dito isso, você está situado na história
artista disposto a dar o que o público quer. do disco. Então, vamos nos aprofundar
Felizmente não foi o caso da Mary Fahl. mais um pouco. O trabalho é totalmente
inesperado, principalmente por ser fruto de
Mary Fahl apenas três pessoas: a cantora Mary Fahl,
Em uma pesquisa que você mesmo pode o produtor David Warner e o guitarrista e
fazer por aí, você vai encontrar o seguinte: tecladista Mark Doyle. Contam por aí que
“Depois de dois discos solo (um EP e um os três compartilhavam certa desilusão
CD completo) abaixo de sua capacidade, com os caminhos da música pop e profunda
a vocalista Mary Fahl, na minha opinião, admiração pelo disco de Pink Floyd. Eles
a alma do October Project, estava mais entraram no estúdio de Doyle para gravar
perdida que pum (sic) em bombacha. A “Us And Them” e o resultado inicial foi tão
bom que resolveram iniciar o projeto. fazer boas versões de grandes músicas.
O álbum Existem bandas tributo do Pink Floyd
O que tem de interessante nessa para isso, mas se nós conseguíssemos
recriação é que fica longe dos covers reinventar a intenção por nós mesmos,
“Xerox” habituais. Acho que é difícil então teríamos a chance de redescobrir
imaginar como o álbum de uma cantora, alguma coisa que pudesse ter nova vida
acompanhada por um só músico pode por si só”.
mostrar o talento dela, não desrespeitar “Speak to me” começa com a percussão
as músicas que todos conhecem e ficar fazendo as batidas do coração e a voz de
bom, principalmente um disco que é Mary em várias camadas reproduzindo
metade instrumental. Doyle teve uma o original e preparando a entrada de
saída genial. Ele transformou a voz de “Breathe”. Entram então ótimas guitarras
Mary em mais um instrumento. Lembram de Doyle e a característica frase original de
do solo de voz (que sempre menciono Gilmour preparando um clima “dark” para
como o orgasmo mais longo já gravado a entrada do vozeirão de Mary, que canta
em disco) em “The Great Gig In The Sky” inicialmente sem acompanhamento. A
com a impressionante Clare Torry? Pois música ganhou muito ao ser despida
é, não dava pra copiar aquilo nota por de toda instrumentação, com a bela
nota. Em vez disso, optaram por algo que melodia original ficando bem destacada.
se assemelha a um lamento xamânico. “On The Run” abre com um vocalize de
Realmente é difícil de imaginar, mas aí Mary brincando no estéreo e uma figura
reside toda a sabedoria e a beleza desse repetida de guitarra, seguida de efeitos,
disco. Como Werner explica: “Nenhum de como uma guitarra invertida e um
nós estava interessado em simplesmente baixão sintetizado bem diferente, além
de piano e bateria. Cá entre nós, mais
interessante do que a original. Diversos
“despertadores” anunciam “Time”. Um
clima etéreo opõe-se ao que havia sido
ouvido até então. O baixo de Waters é de
certa forma recriado, mas a voz de Mary é
muito mais um lamento do que a voz quase
angelical de Gilmour. Com muito respeito
e delicadeza, a voz dá espaço a um lindo
solo de guitarras (são pelo menos três),
para depois retomar à melodia cantada,
com backings do próprio Doyle.
Depois dessas, vem a já comentada “The
Great Gig In The Sky”, cujo grande mérito
é afastar-se da original no que ela tinha de
mais marcante, o longo vocalize. Grande
expectativa para essa faixa que não é nem
um pouco decepcionante, pelo contrário.
42 / janeiro
junho 2014
2016 teclas & afins
livre pensar
Fica claro que estamos diante da recriação truque, ao traçar uma segunda melodia.
de um clássico. Exatamente por isso as Quando acabei de ouvir esse disco, não
percussões orientais não surpreendem sabia o que dizer. Havia um misto de
quando iniciam “Money”. Mary confere um muitas emoções. Se Dark Side Of The
tom jocoso à sua voz e fica incrivelmente Moon é um cálice sagrado, como a própria
interessante com o que Doyle faz lá por Mary se referiu, o que ela e seus dois
trás: uma incrível cortina de guitarras e parceiros conseguiram fazer aqui traça
um bom solo de harmônica. “Us and Them” uma linha divisória definitiva. Todos os
que, como você já sabe, foi a primeira outros tributos que já ouvi, inclusive um
gravada e por muitos anos a minha favorita, ótimo, integralmente feito só por vozes,
é lenta. Um violão dá dicas da melodia. mostraram-se muito aquém deste aqui.
Aqui novamente Mary canta praticamente Se eu tinha um turbilhão de emoções e
à capela e outra vez a melodia ganha com a sensação de estar ouvindo Dark Side
isso. Essa música perdeu aquele clima de Of The Moon pela primeira vez, havia
baladinha que escondia o grande tema uma pergunta: porque algo tão incrível
que realmente é. O solo de sax original demorou tanto tempo para ser lançado
foi substituído por outro lindo vocalize oficialmente?
de Mary, que canta um pouco além do Posso imaginar muita coisa, mas a
seu registro mais confortável. “Any Colour verdade é mais prosaica. A gravadora
You Like” se beneficia da capacidade de original sucumbiu em um processo de
Doyle em criar climas a partir de poucas reestruturação e abandonou o projeto. O
notas, que é o que ele faz ao piano empresário de Mary e todos os envolvidos
elétrico aqui. Muitas vozes de Mary se se esforçaram para achar outro selo para
sucedem em camadas até um refrão onde lançar esse disco fantástico. Finalmente
as vozes foram visivelmente trabalhadas ele está aqui, entre nós.
em estúdio. Tudo isso quase como uma
introdução para a incrivelmente simples
“Brain Damage”. Sempre toquei essa
música mais de uma vez, mesmo nos
tempos do LP, mas aqui dá para ouvi-
la muitas vezes. Está excepcional. Não
teve grandes mudanças, mas a voz de
Mary transmite uma dor que com certeza
estava nos planos de Roger Waters, mas
inexistente no álbum original por conta
das limitações vocais do compositor.
“Eclipse” já abre chorando. Doyle se
encarrega de “chorar” na guitarra. Mary
começa a recitar a letra, com sua voz
duplicada em camadas. Instrumentação
simples e clássica: guitarra, baixo, bateria
e cordas. Nas cordas é que reside o sutil
Software
DAW gratuito
Com a variedade de novos instrumentos virtuais produzidos
e disponibilizados via download, o produtor musical que
equipou um Home Studio físico consegue completar seu
arsenal de instrumentos e bibliotecas sonoras via software
e mensagens MIDI, o usuário que ainda gratuito, como o Arduor para sistema
não dispõe de uma interface de áudio Mac OS X, ou então, um software na
pode optar por comprar uma interface versão de validação, como o Reaper
pagando pelo hardware e recebendo o que é compatível com plugins VST
software incluído no pacote. Atualmente, de síntese e processamento e VSTi de
por exemplo, a interface Lexicon Alpha instrumentos virtuais.
vem com o software Steinberg Cubase LE,
e a interface Avid MBox, com o Pro Tools Online
Express. Se por um lado parece ser um A terceira opção é utilizar uma DAW
bom negócio comprar a interface de áudio gratuita online. Neste caso, o trabalho
e receber o programa de computador, de produção é realizado via internet.
por outro lado, ocorre que, normalmente, Um dos sistemas mais conhecidos é o
essas versões de software DAW possuem audiotool.com. O audiotool.com apre-
funções e quantidade de trilhas de gravação senta um ambiente virtual e modular de
limitadas em relação às versões originais. produção musical em que os vários instru-
mentos e equipamentos de áudio virtuais
De graça são conectados por cabos. Os desenvol-
A segunda opção é utilizar um software vedores pensaram em uma maneira user-
Eloy F. Fritsch
Tecladista do grupo de rock progressivo Apocalypse, compositor e professor de música do Instituto de Artes da
UFRGS onde coordena o Centro de Música Eletrônica. Lançou 11 álbuns de música instrumental tocando sintetiza-
dores, realizou trilhas sonoras para cinema, teatro e televisão.
Versão 61 teclas
KORG.COM.BR
CLASSIFICADOS
Insegurança? Ansiedade?
Estresse? Medo?
ALEXANDRE PORTO
LIBERTE-SE!
E deixe sua criatividade e • Iniciação musical • Piano popular •
sua emoção aflorarem. • Jazz e improvisação •
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• Reiki - Deeksha
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Integral 20 anos de experiência e
www.terapiaintegral.alexsaba.com diversos cursos no exterior
Aprender e ensinar
Destaque no cenário artístico do Sul do País, Flavio Alves
é acordeonista e atua no segmento festivo, onde ganhou
evidência como integrante de grandes bandas de baile como
Garotos de Ouro e, também, com participações em gravações
A coluna desta edição inicia o ano de 2016em sua volta. Creio que essa energia do
entrevistando o músico instrumentista acordeon também tenha me contagiado
Flavio Alves, uma das evidências no e me tornado um apaixonado por esse
cenário artístico do Sul do País. instrumento que tem sinônimo de festa
e alegria. Ao final da festa, seu Benedito
Onde você nasceu e se criou? disse ao meu pai: “compre uma gaita para
Nasci na cidade de Toledo no estado este menino, pois ele vai ser gaiteiro”. E
do Paraná, mas aos dois anos de idade assim foi. Como eu frequentava o CTG e
minha família migrou para o Estado do também fazia parte das invernadas de
Rio Grande do Sul, para a grande Porto
Alegre, mais precisamente para cidade
de Cachoeirinha, onde vivi por mais de
20 anos. Desta maneira adquiri o jeito de
viver dos gaúchos e seus costumes.
Eneias Bittencourt
Gaúcho, é escritor e editor de material didático e luthier de acordeon. Atuou como músico profissional,
arranjador e produtor musical. Dedica-se a desenvolver soluções didáticas e técnicas para acordeon. Em
2007 lançou seu primeiro livro, “Acordeon sem Limites”, que dá início à retomada da produção didática
para acordeon no Brasil, então estagnada por mais de 20 anos. É proprietário do primeiro site dedicado
a aulas online para acordeon no Brasil.
aprendacordeon@hotmail.com - www.aprendacordeon.com.br - eneiasbittencourt@ig.com.br
Como samplear
Para quem gosta da ideia de carregar qualquer áudio para
dentro do Kontakt, a fim de editá-lo, segue um breve tutorial
Edwaldo Venturieri
Pianista, tecladista, graduado em música pela Universidade Federal de Minas Gerais. Graduado também em
Ciência da Computação, sendo servidor público concursado em Belém do Pará, daí a paixão pela informática.
venturieri@hotmail.com
Hands on!
A estrutura necessária para um tecladista no palco pode ser
extremamente eficiente e fácil de configurar, mas a lógica e
a qualidade dos equipamentos é primordial para garantir a
qualidade e a eficácia
Esquema de conexões
Wagner Cappia
Iniciou seus estudos em piano clássico em 1982, com formação pelo Conservatório Dramático Musical
de São Paulo. É sócio-diretor do Conservatório Ever Dream (Instituto Musical Ever Dream), tecladista,
compositor e arranjador da banda Eve Desire e sócio-proprietário e responsável técnico do estúdio
YourTrack. Músico envolvido na cena metal, procura misturas de estilos que vão desde sua origem natural
na música erudita até a música contemporânea, mesclando elementos clássicos e de ambiente em suas
composições. Especialista em tecnologia musical, performance ao vivo para tecladistas, coaching para
bandas, professor de piano, teclado e áudio.
www.cappia.com.br - www.evedesire.com - www.institutomusicaleverdream.com
O estudo da harmonia
na música popular e suas
vertentes
O que é a harmonia? Trata-se de conhecer os diferentes
acordes e ser capaz de tocá-los? Ou seria, talvez, a arte
de encadeá-los? Não é uma série de regras que é preciso
memorizar e aplicar? Quando se fazem erros de harmonia?
É possível aprender a compor no estilo de algum autor de
que gostamos? Existe ainda alguma coisa a ser inventada
dentro da harmonia ou tudo já foi dito?
a música existe porque a ouvimos, não Uma questão importante é a de não nos
porque lemos sobre suas características. limitarmos ao estudo de uma série de
regras harmônicas rígidas e sem expressão.
Uma proposta para o estudo É importante que, a partir dos estudos
A harmonia engloba muitas noções feitos, possamos desenvolver capacidades
interligadas entre si e que dependem umas pessoais de expressão artística. Por que,
das outras. A harmonia não é algo estático. afinal, estudamos harmonia?
Ela está ligada aos movimentos de sons no Sabendo sempre que qualquer tentativa de
tempo, bem como ao contexto musical. categorização acaba limitando o fenômeno
Esse é um dos aspectos que a torna abstrata como um todo, e em conformidade
e difícil de definir. com a ideia de que existe sempre uma
Como apresentar todas as noções constante interação entre essas diferentes
harmônicas? Qual ordem e qual lógica para abordagens, podemos delimitar quatro
detalhá-las? Existe um único caminho a grandes perspectivas:
percorrer? A experiência acumulada, como • A perspectiva vertical (verticalidade),
professor e como músico e compositor, que considera os materiais harmônicos –
me demonstrou que vários caminhos são que chamamos comumente de acordes.
possíveis, cada um tendo vantagens e Um acorde forma uma “unidade vertical”
desvantagens. Todos contêm uma parte de no tempo. Nessa perspectiva, estudamos
absoluto ou de arbitrário. a formação do acorde, as notas de tensão
que ele pode adquirir, sua densidade que a perspectiva vertical, linear e tonal
harmônica. não cessaram de evoluir. A perspectiva
• A perspectiva tonal (tonalidade), que histórica ajuda a entender as diferenças
considera o movimento dos acordes no de estilos e gêneros e a compreender
tempo dentro de um conjunto de acordes. como evoluiu a linguagem harmônica no
Essa abordagem se foca no encadeamento tempo. Desprovida das continuidades
dos acordes e em suas funções. e descontinuidades da história e dos
• A perspectiva linear (horizontalidade), estilos, a harmonia torna-se rapidamente
que considera a relação entre os acordes um sistema fechado e rígido, limitando-
e as escalas e, também, o movimento das se a “receitas de cozinha” ou erguendo
vozes dos acordes de um ponto de vista um estilo musical a dogma.
melódico. Há movimentos dos diferentes
sons que constituem um acorde em No curso de harmonia online do
direção aos sons do acorde seguinte. site Terra da Música, trabalhamos
Podemos pensar, por exemplo, no com essas perspectivas “multi,”
movimento das notas numa “resolução mas essa ideia não é apenas
de trítono”. Fazem parte igualmente da nossa. Em seu livro La partition
perspectiva linear as notas de passagem, intérieure, Jaques Siron propõe reflexões
que não fazem parte dos acordes, parecidas. Já, livros como os produzidos
mas que conectam uns aos outros. A pelo Berklee College of Music possuem
perspectiva linear, ainda, é próxima ao uma proposta mais direcionada e unívoca
que, na harmonia tradicional, se chama (talvez apenas limitada ao lado pragmático
de contraponto. do estudo?). O campo de estudo é vasto,
• A perspectiva histórica, que considera como já dissemos, cabe a cada um de nós
uma outra dimensão do tempo – aquela a escolha de suas fontes de estudo. Talvez
da história. A perspectiva histórica está seja mesmo importante darmos uma
situada em um outro plano diferente olhada às várias partes que constituem
das outras perspectivas, pois ela as esse mundo maravilhoso, para abrirmos os
atravessa. Se, de fato, a harmonia é algo nossos horizontes musicais. Bons estudos
que mudou no tempo, isso comporta a todos.
Turi Collura
Pianista, compositor, atua como educador musical e palestrante em instituições e festivais de música pelo
Brasil. Autor dos métodos “Rítmica e Levadas Brasileiras Para o Piano” e “Piano Bossa Nova”, tem se dedicado
ao estudo do piano brasileiro. É autor, também, do método “Improvisação: práticas criativas para a composição
melódica”, publicado pela Irmãos Vitale. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” foi publicado no Japão. Seu
segundo CD faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa. Entre outras atividades,
Turi é Coordenador Pedagógico do site www.terradamusica.com.br onde ministra os cursos online de “Piano
Blues & Boogie”, “Improvisação e Composição Melódica”, “Harmonia Aplicada à Música Popular” e “Linguagem
e Percepção Musical”.
www.turicollura.com - www.terradamusica.com.br
Improvisação
A improvisação tem um papel de suma importância não
apenas no blues, mas também no jazz e em outros estilos.
É por meio dela que os músicos mostram suas habilidades
técnicas e criativas e desenvolvem seu estilo pessoal, sua
marca registrada
Pelos improvisos - e não apenas pela seqüência; utilize saltos, para evitar que
voz - reconhecemos quem está tocando, a linha fique entediante. Use toda a ex-
bastando, às vezes, ouvir apenas algumas tensão do teclado. A seguir, utilize ter-
poucas notas. Neste improviso, bem cinas e quintinas; combine-as de várias
simples, poderemos aplicar a trick scale, maneiras. Quando estiver em C, use bas-
formada a partir da escala blues menor. tante a nota Dó; quando estiver em F use
Com exceção do turnaround, em todo o bastante a nota Fá; e assim por diante.
improviso são utilizadas apenas as seis Você pode, inclusive, iniciar o compasso
notas da escala blues menor. com a tônica. Não sobrecarregue o im-
Não se deve esperar um improviso proviso tocando muitas notas o tempo
maravilhoso logo de início. Familiarize-se todo: utilize pausas, fortíssimos e pianís-
com essas notas, com a maneira como elas simos, para o solo ficar com mais dinâmi-
interagem, suas variações e combinações, ca. E não se esqueça de manter o padrão
para que, pouco a pouco, você possa se rítmico do shuffle na mão esquerda, com
desenvolver e criar grandes solos. andamento firme e tocando de maneira
Algumas sugestões: comece, primeira- alegre e confiante, pois o blues não é só
mente, utilizando semínimas, mas não em tristeza. Divirta-se!
Mauricio Pedrosa
Tecladista, vocalista, compositor e produtor. Foi integrante das principais bandas do cenário do rock
brasileiro, como Ursa Maior, Made in Brazil, Walter Franco e Rita Lee & Tutti-Frutti. Nos anos 80 emplacou
um sucesso nacional - “Só Delírio” - com a banda de pop rock Telex. Acompanhou artistas internacionais
como Pepeu Gomes, Mathew Robinson, Lil’ Ray Neal, Charlie Love, Tom Hunter, Nuno Mindelis, entre
outros. Em 2001, participou do Festival Internacional de Jazz de Montreal.
www.reverbnation.com/mauriciopedrosa
Soul em piano-
solo
“I Feel Good” é talvez a mais conhecida e importante
canção de James Brown, conhecido como “Mr. Dynamite”
e um dos responsáveis pela evolução do Rhythm & Blues
para o Soul e o Funk
O Soul (do inglês “alma”) surgiu do Rhythm & Blues e do Gospel, entre os negros nos
EUA, nas décadas de 1950 e 1960. É uma canção dançante, com ritmos que assimilamos
facilmente, reforçados pelas palmas, com melodias emotivas e ornamentadas, espaço para
improvisações e efeitos sonoros dos instrumentos de metais que são característicos desse
gênero.
“I Feel Good” é uma das músicas mais representativas desse repertório e talvez a mais
conhecida e importante canção de James Brown. Foi lançada no premiado álbum “Out of
Sight” com o nome “I Got You”, em 1965. Ele foi o principal impulsionador da evolução do
Gospel e do Rhythm & Blues para o Soul e o Funk, além de outros gêneros como o Rock, o
Jazz, o Reggae, Disco e Hip-Hop. Conhecido como “Mr. Dynamite”, voz e presença cênica
eram suas marcas registradas.
Nascido na Geórgia, nos Estados Unidos, Brown teve uma vida difícil com envolvimento em
drogas, prisões e internações. Apesar disso, nada o impediu que se transformasse em uma
lenda do Soul e do Blues e que fosse reconhecido como uma das figuras mais influentes
da música do século 20. Faleceu aos 73 anos, em 25 de dezembro de 2006.
O arranjo
Para uma música tão rítmica, o acompanhamento escolhido para este arranjo foi
basicamente o walking-bass (baixo caminhante), já que ele caminha em semínimas todo o
tempo e, dessa forma, dá um movimento interessante ao arranjo. Sua estrutura harmônica
é a de um Blues em Ré maior.
A1: o tema está exposto de forma simples, apenas com a melodia e o walking-bass;
A2: A melodia agora agrega outra nota em intervalos de 6ª e, a partir do compasso 14, há
um contracanto no quarto tempo imitando as respostas dos metais que estão na gravação;
Ponte: quatro compassos fazem uma preparação para a entrada da parte B;
B: a melodia está preenchida com acordes para acompanhar o clima crescente dessa parte;
A3: novamente o tema está exposto de forma mais preenchida, como na parte A2, e
caminha para a Coda;
Coda: um motivo melódico e rítmico do próprio tema se apresenta três vezes, dobrando a
melodia, alternando regiões diferentes e finalizando com um acorde em trêmulo.
Rosana Giosa
Pianista de formação popular e erudita, vive uma intensa relação com a música dividindo seu trabalho entre
apresentações, composições, aulas e publicações para piano popular. Pela sua Editora Som&Arte lançou três
segmentos de livros: Iniciação para piano 1, 2 e 3; Método de Arranjo para Piano Popular 1, 2 e 3; e Repertório para
Piano Popular 1, 2 e 3. Com seu TriOficial e outros músicos convidados lançou o CD Casa Amarela, com composições
autorais. É professora de piano há vários anos e desse trabalho resultou a gravação de nove CDs com seus alunos: três
CDs coletivos com a participação de músicos profissionais e seis CDs-solo.
Contato: rosana@editorasomearte.com.br