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Desafios no
Mormonismo
Seleção de artigos sobre a seita
dos mórmons, colhidos no site do
Institute for Religious Research
www.irr.org
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ÍNDICE DE ARTIGOS

É Cristão O Mormonismo? .................................3


Os Templos Mórmons São Cristãos? .................8
Igreja Mórmon Designa 2 Novos Apóstolos:
Não há vagas para os que não são brancos? ............14

Novas Descobertas Sobre a Primeira Visão de


Joseph Smith .......................................................15
Busca científica para restos nefitas ...................22
O Livro de Mórmon Hoje ..................................30
Ezequiel 37 Prediz O Livro De Mórmon? ........36
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É Cristão O Mormonismo?
Direitos Reservados © 1994 Institute For Religious Research. All rights reserved.

Esta talvez pareça ser uma pergunta enigmática para muitos mórmons, bem como
para alguns cristãos. Os mórmons dirão que eles incluem a Bíblia na lista dos
quatro livros que reconhecem como Escrituras, que sua crença em Jesus Cristo é
parte central de sua fé, e que isto é indicado pelo seu nome oficial, A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Além disso, muitos cristãos têm escutado o Coral do Tabernáculo Mórmon cantar hinos
cristãos, e ficam impressionados com a dedicação de muitos adeptos quanto às suas regras
morais e sua forte estrutura familiar. Não seria, então, por isso, o mormonismo uma religião
cristã?

Para responder a esta pergunta de maneira correta e imparcial, precisamos comparar


cuidadosamente as doutrinas básicas da religião mórmon com as do cristianismo bíblico,
histórico. Para representar a posição mórmon nós temos recorrido aos mais bem conhecidos
escritos doutrinários do mormonismo, incluindo a edição de 1988 do livro Princípios do
Evangelho, cujos direitos autorais estão em nome da Corporação do Presidente de a Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Faremos esta comparação em dez áreas
fundamentais de doutrina.

1. HÁ MAIS DE UM DEUS VERDADEIRO?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que há um só Deus
vivo e verdadeiro, e que além dEle não há outros deuses (Deuteronômio 6:4; Isaías 43:10,
11; 44:6, 8; 45:21, 22; 46:9; Marcos 12:29-34).

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que há muitos deuses, e que os seres humanos
podem vir a ser deuses e deusas no Reino Celestial. Eles ensinam ainda que aqueles
que alcançam a divindade teriam o que eles chamam de "filhos espirituais" que
adorariam e orariam a eles, assim como nós adoramos e oramos a Deus Pai (o Livro de
Abraão, 4:1-5:21 en A Perola de Grande Valor; Princípios do Evangelho, pp. 9, 11, 290).

2. DEUS PAI UMA VEZ JÁ FOI HOMEN COMO NÓS?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que Deus é
espírito (João 4:24; 1 Timóteo 6:15, 16), que não é um homem (Números 23:19; Oséias
11:9; Romanos 1:22, 23) e que sempre (eternamente) existiu como Deus — onipotente,
onipresente e onisciente (Salmo 90:2; 139:7-10; Apocalipse 19:6; Malaquias 3:6).
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Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que Deus Pai foi um homem como nós, que
progrediu até tornar-se um Deus e, mesmo nessa condição, continua a possuir um
corpo de carne e osso. ("O próprio Deus já foi como nós somos agora — ele é um homem
exaltado, entronizado em céus distantes!" Ensinamentos do Profeta Joseph Smith,
compilado por Joseph Fielding Smith, pp. 336). Em Doutrina e Convênios (D&C) 130:22 é
dito que "o Pai tem um corpo de carne e ossos, tangível, como o do homem"; também a
citação famosa de Lorenzo Snow, "Como o homem é, Deus foi; como Deus é, o homem
poderá vir a ser" (Regras de Fé de James Talmage, p. 389). Para completar, o
mormonismo ensina que Deus tem um pai, um avô, e assim sucessivamente
(Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 365).

3. JESUS E SATANÁS SÃO ESPÍRITOS IRMÃOS?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que Jesus é o
único e verdadeiro Filho de Deus; Ele tem sempre existido como Deus, e é co-eterno e co-
igual com o Pai (João 1:1-14; 10:30; Colossenses 2:9). Ainda que nunca haja sido menos
que Deus, no tempo indicado pôs de lado a glória que compartilhava com o Pai (João 17:4,
5; Filipenses 2:6-11) e foi feito "semelhante aos homens" para realizar a obra da nossa
salvação. Sua encarnação (não confundir com "reencarnação") se fez realidade quando foi
sobrenaturalmente concebido pelo Espírito Santo e nasceu de uma virgem, chamada Maria
(Mateus 1:18-23; Lucas 1:34, 35), conforme havia sido predito pelos profetas no Antigo
Testamento (Isaías 7:14; 9:6; Mateus 2:6; Miquéias 5:2).

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que Jesus Cristo é nosso irmão mais velho, e que
progrediu até chegar a ser um deus, havendo primeiro sido gerado como um "filho
espiritual" por meio do Pai e de uma mãe celestial, e depois concebido fisicamente
pelo Pai e pela virgem Maria. A doutrina mórmon afirma que Jesus e Lúcifer são
irmãos (Princípios do Evangelho, pp. 9, 15, 16, 54, 57).

4. E DEUS UMA TRINDADE?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que o Pai, o Filho
e o Espírito Santo não são deuses separados, e sim Pessoas distintas de um só Deus
Triúno. Em todo o Novo Testamento o Filho e o Espírito Santo, bem como o Pai são
identificados separadamente como Deus, e agem como Deus (Filho: Marcos 2:5-12; João
20:28; Filipenses 2:10, 11; Espírito Santo: Atos 5:3, 4; 2 Coríntios 3: 17, 18; 13:14); mas,
ao mesmo tempo, a Bíblia ensina que existe um só Deus, e que os três são manifestações
distintas do mesmo e único Deus (veja novamente o ponto no 1).

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três
deuses separados (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pp. 361-362; Mormon
Doctrine, pp. 576, 577).

5. O PECADO DE ADÃO E EVA, FOI UM GRANDE MAL O UMA GRANDE


BÊNÇÃO?
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A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que a queda do
homem foi um grande mal, e que através disso o pecado entrou no mundo, pondo todos os
seres humanos debaixo da condenação e da morte. Assim, todos os seres humanos nascem
com uma natureza pecaminosa, e serão julgados pelos pecados que cometem,
individualmente (Ezequiel 18:1-20; Romanos 5:12-21).

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que o pecado de Adão era "um passo necessário
no plano da vida e uma grande bênção para toda a humanidade" (Princípios do
Evangelho, p. 31; Doutrinas de Salvação, Vol. 1, pp. 114, 11; Livro de Mórmon, 2 Néfi
2:25).

6. BENEFÍCIA A MORTE EXPIATORIA DE CRISTO AQUELES QUE O


REJEITAM?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que a obra
redentora de Cristo é, antes de mais nada, a solução provida por Deus para o problema do
pecado da humanidade. Por haver tomado os pecados pessoais de todos os homens —
passado, presente e futuro — em Seu próprio corpo na cruz (1 Pedro 2:24), Cristo, como o
prometido Cordeiro de Deus sem mancha, cumpriu totalmente as exigências da Justiça
Divina, para que todos aqueles que pela fé O receberem possam ser perdoados, restaurados
à comunhão com Deus e desfrutar de vida eterna com Ele para todo sempre (2 Coríntios
5:21; Apocalipse 21:1-4).

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que a obra redentora de Cristo apenas garante
o que ela chama de "salvação geral", que consiste no fato das pessoas serem
ressuscitadas — acontecendo para todos, indiferente de terem aceito Jesus Cristo pela
fé. Para eles, a obra redentora não é suficiente em si mesma para dar a vida eterna. Em vez
disso, seria preciso acrescentar as nossas boas obras (Princípios do Evangelho, pp. 69, 291-
292; Regras de Fé;, pp. 86, 88-89).

7. PODEMOS NOS FAZER DIGNOS DIATE DE DEUS POR NOSSOS PRÓPIOS


MÉRITOS?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que nós somos
salvos do nosso pecado e morte espiritual pela provisão graciosa de Deus de perdão e vida
eterna. Não podendo ser merecida nem conquistada pelas nossas obras (Efésios 2:8, 9). Os
10 Mandamentos nos foram dados para mostrar que somos incapazes e incompetentes para
cumprir os desígnios da perfeita e santa Justiça de Deus por nossos próprios esforços,
evidenciando nossa fraqueza e nos fazendo reconhecer que somos inteiramente dependentes
dEle (Romanos 3:20; 5:20; 7:7, 8; Gálatas 3:19). Os sacrifícios do Antigo Testamento
apontavam para a provisão graciosa do "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"
(João 1:29; Hebreus 9:11-14; 10:1-14). Não podemos contribuir praticamente em nada para
a nossa salvação porque, sem Cristo, somos espiritualmente "mortos em nossos pecados"
(Efésios 2:1, 5); um novo coração, o qual deseja obedecer às leis de Deus, é resultado
concreto da salvação (entretanto, é correto que, sem evidências de mudança na conduta, o
testemunho de fé em Cristo do indivíduo pode muito bem ser questionado; salvação pela
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graça somente através da fé não significa que nós podemos viver como "nos der na cabeça"
— Romanos 6:1).

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que todo homem receberá a salvação, referindo-
se a ela como sendo nada mais que "uma conexão inseparável do corpo e do espírito,
propiciada pela expiação e ressurreição do Salvador" (Princípios do Evangelho, p.
359). Mas, para obter a salvação "máxima", que eles chamam de exaltação e que
significaria "morar na presença de Deus", a única possibilidade é se a pessoa perseverar
"em fidelidade, guardando todos os mandamentos do Senhor até o fim de sua vida terrena"
(Princípios do Evangelho, p. 292). As obras seriam requisitos para se poder "morar na
presença de Deus" (Terceira Regra de Fé; Doutrinas de Salvação, Vol. 2, p. 5).

8. E A BÍBLIA A UNICA E DEFINITIVA PALAVRA DE DEUS?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que a Bíblia é a
única, final e infalível Palavra de Deus (2 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1, 2; 2 Pedro 1:21) e
que ela permanecerá para sempre (1 Pedro 1:23-25). A preservação providencial, por parte
de Deus, do texto bíblico tem sido maravilhosamente confirmada pela Arqueologia e pela
História, a exemplo da descoberta dos Rolos do Mar Morto.

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que a Bíblia foi adulterada, tem perdido muitas
de suas verdades e que não contém o Evangelho em toda a sua plenitude (Doutrinas de
Salvação, Vol. 3, pp. 190, 191; Livro de Mórmon,1 Néfi 13:26-29; Ensinamentos do
Profeta Joseph Smith, p. 12).

9. A IGREJA PRIMITIVA CAIU EM APOSTASY TOTAL?

A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm crido através dos tempos, que a Igreja
verdadeira foi divinamente estabelecida por Jesus e por isso nunca pôde, nem jamais
poderá desaparecer da terra (Mateus 16:18; João 17:11; 1 Coríntios 3:11). Os cristãos
genuínos admitem que têm havido tempos de corrupção e apostasia dentro da Igreja, mas
crêem também que sempre tem existido, pela vontade de Deus, um remanescente de
pessoas que guardam e propagam os princípios fundamentais da verdadeira doutrina de
Cristo contida no Evangelho.

Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que houve uma grande e total apostasia na
igreja estabelecida por Jesus Cristo; este estado de apostasia "ainda prevalece, exceto
para aqueles que se voltarem para um conhecimento do 'evangelho restaurado' pela
Igreja Mórmon" (Mormon Doctrine, p. 44; Princípios do Evangelho, pp. 100-101;
Doutrinas de Salvação, Vol. 3, pp. 269-275).

Conclusão:

Os pontos que apareceram em itálico constituem o Evangelho normalmente crido por todos
os cristãos evangélicos através dos tempos, independentemente de rótulos denominacionais.
Por outro lado, algumas religiões, como o mormonismo, pretendem passar-se por cristãs em
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suas crenças e práticas, mas dão mais autoridade a outros escritos do que à Bíblia, ensinam
doutrinas que contradizem os ensinos bíblicos, e têm crenças completamente estranhas e
contrárias aos ensinos de Jesus. A maioria destas seitas se tem originado nos últimos 200
anos (a Ciência Cristã, as Testemunhas de Jeová, os mórmons etc.), e estas, sim,
representam uma evidente apostasia.

Os mórmons e os cristãos evangélicos têm em comum importantes termos bíblicos e


preceitos éticos. Contudo, os pontos já mencionados são alguns exemplos das múltiplas
diferenças fundamentais e inconciliáveis entre o cristianismo bíblico e o mormonismo.
Embora tais diferenças não nos impeçam de termos amizade com mórmons, não podemos
considerá-los irmãos em Cristo. A Bíblia nos adverte especificamente sobre falsos profetas
que ensinariam "um outro evangelho", centrado em "um outro Jesus" e testemunhado por
"um outro espírito" (2 Coríntios 11:4, 13-15; Gálatas 1:6-9). A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias afirma que seu Livro de Mórmon é "um outro testamento de Jesus
Cristo". Nós cremos que, na realidade, trata-se de um "testamento de um outro Jesus", e que
o mormonismo não é cristão.

É dito que se alguém se diz mórmon (ou candidato a tal), mas não aceita todos os dogmas
básicos do mormonismo, tais como:

· Joseph Smith foi um profeta de Deus;


· O Livro de Mórmon é verdadeiro e divinamente inspirado;
· Deus já foi um homem que progrediu até a divindade através da obediência às leis e
ordenanças da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;
· e a Igreja Mórmon foi divinamente estabelecida, então os demais mórmons
rejeitariam sua reivindicação de ser um "santo dos últimos dias".

Um indivíduo não pode se dizer mórmon se não crê cegamente nas estranhas doutrinas
fundamentais que todos os mórmons crêem. Da mesma maneira, se os "santos dos últimos
dias" não crêem nas verdades bíblicas essenciais defendidas por todos os cristãos genuínos,
como podem esperar que sejam aceitos como irmãos em Cristo?

Os Mórmons acreditam que os "outros" cristãos são seguidores de doutrinas apóstatas. Por
que, então, querem ser considerados parte do do corpo de Cristo? Há três possibilidades:

· Para dar conforto e legitimidade a eles mesmos, pessoalmente, pelo fato de


pertencerem a uma "religião legítima".
· Para reforçar a aparência de uma religião legítima, facilitando seu vasto
proselitismo.
· Porque crêem que os mórmons são os únicos cristãos verdadeiros.

Se os mórmons se julgam os únicos cristãos verdadeiros, então não deveriam esforçar-se


por passar-se como parte da Igreja Cristã. Em lugar disso, deveriam proclamar abertamente
a todo mundo que os cristãos evangélicos são nada mais que apóstatas, e que os mórmons
são os únicos e verdadeiros cristãos. Na realidade, isto é o que eles ensinam reservadamente
(em particular), mas não abertamente.
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Se os mórmons, especialmente sua liderança, têm consciência destas verdades, por que
pretendem ser entendidos como parte integrante do que o mundo em geral considera como
sendo a Igreja Cristã, quando sabem que não o são? A lógica leva-nos a concluir que sua
motivação parece ser uma combinação das três possibilidades já mencionadas,
especialmente a segunda, que é converter mais e mais pessoas à seita do mormonismo.

Os Templos Mórmons São Cristãos?


Copyright © 2000 Institute for Religious Research, Grand Rapids, Michigan USA.

A igreja mórmon, oficialmente conhecida como A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, opera com numerosos templos sagrados em todo o mundo. Ela afirma que
estes impressionantes edifícios e os rituais incomuns neles realizados (tais como o batismo
pelos mortos e o casamento eterno) são uma extensão do templo de Jerusalém descrito na
Bíblia. Também afirma que a igreja primitiva estabelecida por Jesus Cristo e Seu
apóstolos praticava esses rituais.

Como você está visitando este templo mórmon, considere, por favor, estas perguntas:

· Há base bíblica e histórica para afirmar que os templos e seus rituais


fossem parte do cristianismo original?
· É fundamentada a afirmação de que a igreja mórmon é a única igreja cristã,
verdadeira e “restaurada”?

Este folheto responde a estas questões. Nele, analisa-se o que a Bíblia ensina sobre a
origem e o propósito do templo do Antigo Testamento. Analisaremos o que a Bíblia ensina
sobre a origem e o propósito do templo do Antigo Testamento, bem como a predição de
Jesus sobre a iminente substituição daquele pela adoração cristã no Novo Testamento.
Com base nessas evidências, cremos que torna-se claro que os templos mórmons e os
rituais neles realizados não têm qualquer fundamento no verdadeiro evangelho de Jesus
Cristo.

Nenhum propósito em comum

Uma comparação entre as atividades do templo bíblico e dos templos mórmons mostra
claramente que entre ambos não há nada em comum. Considere, inicialmente, o propósito
do templo bíblico. Sua única função era ensinar a necessidade da expiação dos pecados
como uma precondição para a autêntica adoração do Deus verdadeiro e único. A
localização do altar do holocausto imediatamente em frente à única entrada do templo de
Jerusalém (veja figura 1), ilustra esse propósito. O altar enfatizava o fato que o amor e a
aceitação de Deus estende-se unicamente ao pecador cujas transgressões foram expiadas
por Seu cordeiro sacrificial. Salomão expressou este propósito singular em 2 Crônicas 2.6:
“E quem sou eu para lhe edificar a casa, senão para queimar incenso perante ele?”1.
9

Os templos mórmons, pelo contrário, servem como lugares para a realização de rituais
incomuns, que incluem o batismo pelos mortos e o casamento eterno. Por meio desses
rituais, os homens podem vir a se tornarem deuses, segundo a igreja mórmon e suas
escrituras (Doutrina e Convênios 132:19, 20).2 A igreja mórmon declara que esses ritos
eram parte do cristianismo do primeiro século, mas que foram sabotados por apóstatas. Os
mórmons declaram ainda que todas as outras igrejas são falsas e apóstatas;3 que o
mormonismo é a única forma verdadeira de cristianismo no mundo. Entretanto, esses rituais
do templo mórmon não têm nenhuma base, seja na Bíblia, na literatura judaica antiga ou na
história cristã.

No interior de cada templo mórmon existe uma impressionante fonte batismal, montada nas
costas de doze bois esculpidos em tamanho natural (veja figura 2). Essa fonte é modelada
segundo uma descrição da Bíblia de um grande reservatório de água, um lavatório (também
chamado “bacia” ou “mar”), que era localizado do lado de fora da porta do templo de
Salomão (2 Crônicas 4.2, 15, veja figura 1). Entretanto, o lavatório do templo bíblico não
era usado para batismos, como a igreja mórmon ensina (pelo fato do batismo cristão ser
uma ordenança do Novo Testamento). Pelo contrário, as Escrituras afirmam claramente que
o reservatório era utilizado pelos sacerdotes para se lavarem depois do oferecimento dos
sacrifícios de animais, em preparação para a ministração no santuário (Êxodo 30.18–20; 2
Crônicas 4.2–6). Em outro artigo deste folheto (“Estabeleceu Jesus o Batismo pelos
Mortos?”) demonstra-se que não existe qualquer evidência na Bíblia nem na história cristã
dos primeiros séculos para apoiar a ordenança do templo mórmon do batismo pelos
mortos.

Da mesma maneira, o rito do casamento eterno, que ocorre no templo mórmon, jamais foi
praticado no templo bíblico. E mais: não existe uma única menção de tal rito na Bíblia, na
literatura judaica antiga ou na história da igreja primitiva. Pelo contrário, em Romanos 7.2,
o apóstolo Paulo ensina claramente que o casamento é somente para a vida mortal: “Ora, a
mulher está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer,
desobrigada ficará da lei conjugal.” Da mesma forma, Jesus nos ensinou que “na
ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como anjos no céu”
(Mateus 22.30). O rito mórmon do casamento eterno no templo não é uma prática cristã
ou bíblica.

Regras bíblicas violadas

Um segundo ponto para considerar é que muitas regras que Deus revelou a respeito do
templo bíblico são violadas dentro dos templos mórmons. Aqui são citados quatro
exemplos:

1. Deus designou somente um templo (Deuteronômio 12.5, 13–14; 16.5, 6). Em


contrapartida, a igreja mórmon funciona com centenas de templos, em franca violação a
este mandato divino.

2. No templo bíblico, somente os sacerdotes tinham permissão para entrar. O santuário do


templo de Jerusalém consistia em dois aposentos. Havia um compartimento externo,
chamado de “o lugar santo”, e, separado deste por uma cortina ou véu espesso, um cômodo
10

interno chamado “o santo dos santos” (veja figura 1). Os adoradores, incluindo o rei de
Israel,4 não podiam ir além do altar do holocausto no átrio. Considerando que na igreja
mórmon se permite entrar e participar de atividades do templo aos que não são sacerdotes,
encontramos aí outro ponto no qual os ritos nos templos mórmons contradizem a revelação
bíblica.

3. Todas as atividades no templo bíblico eram de conhecimento do público. Mesmo que a


entrada no templo fosse permitida somente aos sacerdotes, todas as atividades ali realizadas
foram explicadas com detalhes nas Escrituras (por exemplo, Êxodo 30.7-10; Levítico 4.5–
7; 16.1–34; 24.1–9).5 A Bíblia alerta o cristão contra a participação em atividades secretas
(Mateus 10.26, 27; Efésios 5.11, 12). E o próprio Jesus afirmou não ter nenhum
ensinamento secreto, quando disse: “Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei
continuamente tanto nas sinagogas como no templo, (...) e nada disse em oculto”(João
18.20). Em total oposição a Jesus, a igreja mórmon insiste em manter em segredo os
rituais do templo.6

4. A Bíblia estabelece requisitos estritos de linhagem para o sacerdócio aarônico. Somente


os homens da tribo de Levi e da linhagem da família de Aarão eram qualificados para servir
como sacerdotes no santuário do templo (Números 3.10; 18.1–7; Êxodo 29.9).7 A igreja
mórmon alega possuir um sacerdócio aarônico restaurado, mas ignora completamente este
claro requisito de linhagem pura das Escrituras.8

O Templo torna-se obsoleto

Ao final de Seu ministério terreno, Jesus Cristo predisse que o templo de Jerusalém estava a
ponto de ser destruído (Mateus 24.1, 2). Ele disse a Seus discípulos: “Em verdade vos digo
que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada”. Esta profecia se cumpriu no
ano 70 d.C. quando Tito, um general romano, demoliu o templo. Desde então o templo
nunca mais foi reconstruído.
11

Em outra oportunidade, Jesus dissera que a adoração no templo seria substituída por uma
nova forma de adoração, sem a necessidade de um edifício: “(...) podes crer-me que a hora
vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. (...) Mas vem a hora e já
chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque
são estes que o Pai procura para seus adoradores” (João 4.21, 23).

Um evento dramático na hora da morte de Cristo na cruz sinalizou o final da adoração no


templo. No mesmo momento em que Jesus expirou, “o véu do santuário ser rasgou em suas
partes, de alto a baixo” (Mateus 27.51; também Marcos 15.38 e Lucas 23.45). A morte
expiatória de Jesus na cruz tornou obsoletos os rituais que eram praticados no templo (e,
por conseguinte, desfaz a validade dos templos mórmons).

O espesso véu do templo (veja figura 1) era uma barreira que evitava que os sacerdotes
olhassem para o interior do compartimento mais recôndito do templo, o Santo dos Santos.
Este santuário interior era o lugar onde se manifestava a presença santa e gloriosa de Deus.
Somente ao sumo sacerdote era permitido entrar no Santo dos Santos — uma única vez por
ano — no dia da Expiação (Yom Kipur). O véu significava que o acesso à presença de Deus
não foi verdadeiramente proporcionado pela Antiga Aliança. Nas palavras do livro de
Hebreus 9.8 este conceito é claramente expresso: “querendo dar com isto a entender o
Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro
tabernáculo continua erguido”. Segundo antigos relatos judaicos, o espesso véu era tão forte
que dois grupos de bois puxando o véu em direções opostas não poderiam rasgá-lo.9
12

Seguramente, o rompimento do véu de cima a baixo no momento da morte de Cristo foi um


ato sobrenatural de Deus. Foi a resposta do Céu ao contemplar que Jesus havia completado
Seu sacrifício expiatório na cruz — de uma vez para sempre. Através da fé em Cristo, todos
os crentes têm agora livre acesso à presença de Deus. Nas palavras do livro de Hebreus:
“Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sacerdote que penetrou nos céus (...).
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”(Hebreus 4.14–16; veja
também 6.19; 10.19–22).

O véu rasgado significou o fim do sistema de culto dos hebreus num templo. Esse sistema
está obsoleto, e não temos necessidade de um sacerdote humano nem de um templo físico
para nos aproximarmos de Deus. Sob a Nova Aliança estabelecida por Jesus Cristo, Ele se
fez sumo sacerdote no santuário do céu para cada crente. Assim é que um tal “templo
cristão”, como propõe a igreja mórmon é uma contradição.

— Luke P. Wilson

Notas:
1
As citações bíblicas são as versão João Ferreira de Almeida, revista e atualizada, 2ª
edição, 1993.
2
Veja também Princípios do Evangelho, p. 231; Como Conseguir um Casamento
Celestial, p. 124.
3
A escritura mórmon inclui o relato da primeira visão de Joseph Smith, o fundador do
mormonismo. Segundo ele, o Pai Celestial “disse que todos os seus credos [de todas as
igrejas] eram uma abominação à sua vista, e que todos aqueles mestres eram corruptos….”
(Pérola de Grande Valor, Joseph Smith — História, 1:18, 19).
4
A exclusão de todos do santuário, menos os sacerdotes — descendentes de Aarão — é
dramaticamente ilustrada através de um incidente na vida do rei Uzias. Ele,
presunçosamente, entrou no Lugar Santo e queimou incenso. Os sacerdotes enfrentaram-no
e o mandaram sair do templo: “A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o
SENHOR, mas aos sacerdotes, filhos de Aarão, que são consagrados para este mister; sai do
santuário porque transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do SENHOR Deus” (2
Crônicas 26.18).
5
O conhecimento e interesse do povo no ministério dos sacerdotes no santuário é ilustrado
em Lucas 1.10. Um dos deveres diários dos sacerdotes no Lugar Santo era queimar incenso
— o símbolo da oração (Salmo 141.2; Apocalipse 5.8; 8.4) — no altar de incenso que
ficava imediatamente em frente ao véu (veja figura 1). A Bíblia narra que, enquanto o
sacerdote Zacarias realizava essa tarefa, “toda a multidão do povo permanecia da parte de
fora, orando” (Lucas 1.10). Sua oração era, sem dúvida, para que o serviço que Zacarias
fazia pelo povo fosse aceito diante do Senhor.
13

6
A igreja mórmon refere-se a esses rituais como “sagrados, e não secretos”. Entretanto,
esta é uma distinção ilusória, já que, na verdade, é dada aos seus membros a instrução de
“não conversarmos sobre as ordenanças do templo fora de suas paredes” (Boyd K. Packer,
O Templo Sagrado, 1982, p.2).
7
Levitas provenientes de linhagens de outra famílias que não a de Aarão cumpriam deveres
de menor hierarquia no templo, supervisionados pelos sacerdotes (Números 3.5–9). Um
estudo científico, recentemente publicado na prestigiosa revista britânica Nature, mostra
haver sido encontrado um elo genético entre os homens judeus contemporâneos que
afirmavam ser da linhagem do sacerdócio aarônico. Isso dá apoio à afirmação de ser
possível traçar uma linha de ascendência comum, de mais de 3 mil anos, até chegar a
Aarão, a personagem bíblica. O estudo, dirigido pelo professor Karl Skorecki, do Centro
Médico Rambam, Instituto Technion-Israel em Haifa, Israel, encontrou “claras diferenças
na freqüência de haplótipos do cromossomo Y entre sacerdotes judeus e suas contrapartes
leiga”. Esta concordância genética foi encontrada nos que reivindicavam ascendência
sacerdotal nas comunidades sefardita e asquenazita. O cromossomo Y é encontrado
somente em homens e é transmitido através do pai. Veja Y Chromossomes in Jewish Priests
(Cromossomos Y em Sacerdotes Judeus), Nature, vol. 285, 2 de janeiro de 1997, p. 32.
8
O assunto também constitui uma séria objeção ao Livro de Mórmon. O povo que ele
descreve (chamado nefita — hebreus imigrantes pré-colombianos das Américas) possuía
templos e observava “todas as coisas, de acordo com a lei de Moisés” (2 Néfi 5:10; 25:34).
Também são eles descritos como descendentes de José (1 Néfi 5:16; ou Manassés, uma das
tribos associadas a José, Alma 10:3) e não descendentes da tribo de Levi. Por este motivo,
as pessoas descritas no Livro de Mórmon não poderiam ser validamente reconhecidas como
sacerdotes.

Ainda que o nome Aarão apareça 48 no Livro de Mórmon , ele nunca é usado para se referir
à personagem bíblica Aarão ou ao sacerdócio aarônico. Segue-se, aqui, uma lista de outros
termos relacionados com o tabernáculo e/ou o templo usados no Antigo testamento (com o
número de vezes se sua freqüência entre parênteses) e que não são mencionados uma única
vez no Livro de Mórmon: “bacia”(13); “incenso”(121); “arca da aliança” (48); “filhos de
Aarão (97); “propiciatório”(23); “dia da expiação” (21); “festa dos tabernáculos” (17);
“Páscoa”(59); “casa do SENHOR” (627).
9
Citado por M. R. DeHaan, The Tabernacle (Grand Rapids: Eerdmans, 1955), p. 115.
14

Igreja Mórmon Designa 2 Novos Apóstolos:


Não há vagas para os que não são brancos?

Na história de 170 anos da Igreja SUD, cada membro do Quórum dos Doze Apóstolos tem
sido um homem branco de origem americana ou européia.

Este padrão permanece intacto após o recente anúncio de dois novos apóstolos — David A.
Bednar, um americano e Dieter F. Uchdorf, um alemão — na Conferência Geral de 2 de
outubro de 2004. Os dois preenchem as vagas abertas com a morte dos apóstolos Neal A.
Maxwell e David B. Haight, que morreram há vários meses com um espaço de semanas
entre as mortes.

Embora mais da metade dos 12 milhões de membros da Igreja dos Mórmons estejam agora
em países fora da América do Norte, e mais que um terço (4,25 milhões) são latino
americanos, há uma notável falta de representatividade no Quórum dos Doze Apóstolos por
pessoas que não tenham descendência anglo-americana ou européia. O Quorum dos Doze
continua sendo um corpo solidamente branco. É difícil de imaginar que Mórmons “de cor”
não venham a estar decepcionados e talvez magoados com este processo.

Há alguns que não são brancos no Quórum dos Setenta, a maioria dos quais são
descendentes hispânicos. Entretanto, nenhum jamais foi elevado à posição de apóstolo,
mesmo que muitos deles sejam parte dos Setenta por dez anos ou mais. Entre estes,
atualmente, se incluem Carlos Amado, Claudio Costa, Walter Gonzalez, Yoshihiko
Kikuchi, Francisco Viñas, e Adhemar Damiani. Todos estes são membros do Primeiro e
Segundo Quoruns dos Setenta, e a maioria é mais antiga nesse escalão que Bednar ou
Uchdorf.

Os membros da Igreja SUD da Alemanha, a pátria de novo apóstolo Dieter Uchdorf, são
menos que 37.000. Em toda Europa – Oeste, Central e Orientais combinadas – os Mórmons
mal chegam a 393.000. Em comparação, a Igreja vangloria-se dos quase um milhão de
membros no México, 850.000 no Brasil, e mais de 500.000, tanto no Chile como nas
Filipinas. Ainda assim, em termos de qualificação para a hierarquia Mórmon, a mensagem
para estes fiéis Mórmons “de cor” parece ser, de que não há vagas para os que não são
brancos.

[Dados estatísticos de Deseret Morning News 2004 Church Almanac publicado em Salt Lake City, Utah,
2004.]
15

Novas Descobertas Sobre


a Primeira Visão de Joseph Smith
Direitos Reservados © 1994 Institute For Religious Research. All rights reserved.

Relato Oficial De Joseph Smith Da Primeira Visao

"No decorrer do segundo ano após nossa mudança para Manchester, houve, no lugar onde
morávamos, uma agitação anormal sobre questões religiosas. Começou entre os
metodistas, mas logo se generalizou entre todas as seitas naquela região do país. .. . e
grandes multidões se uniam aos diferentes partidos religiosos. . . . Uns lutavam pela fé
metodista, outros pela presbiteriana e outros pela batista. . . . minha mente tornou-se um
tanto favorável à seita metodista . . . mas tão grande era a confusão e a contenda entre as
diferentes denominações, que era impossível . . . chegar a uma conclusão certa acerca de
quem estava certo e de quem estava errado. . . . Assim, de acordo com esta minha
resolução de pedir a Deus, retirei-me para um bosque, a fim de realizar o meu intento. Foi
na manha de um lindo e claro dia, nos primeiros dias da primavera de mil oitocentos e
vinte . . . . ajoelhei-me e comecei a oferecer o desejo de meu coração a Deus. . . . vi uma
coluna de luz acima de minha cabeça. . . . Quando a luz repousou sobre mim, vi dois
Personagens, cujo resplendor e glória desafiam qualquer descrição. . . . Um Deles falou-
me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: "Este é o Meu Filho
Amado. Ouve-O" . . . perguntei aos Personagens que estavam na luz acima de mim, qual de
todas as seitas era a verdadeira e a qual deveria unir-me. Foi-me respondendo que não me
unisse a nenhuma delas, porque todas estavam erradas. . . . Percebi logo que a narração
da história havia provocado uma enorme animosidade contra mim, entre os mestres da
religião, e foi a causa de grande perseguição que continuava a aumentar e, embora eu
fosse um obscuro menino, de pouca idade, com apenas catorze para quinze anos . . .
homens de altas posições preocupavam-se o bastante em excitar a opinião pública,
criando-me uma perseguição amarga. E isso era comum entre todas as seitas, todas se
uniram para me perseguir."

"Pérola de Grande Valor", Joseph Smith - História 1:5-8, 14-19, 22

A estória da Primeira Visão de Joseph Smith — citada acima — é uma das alegações de
fundamentação da verdade da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
(Mórmons). Sua importância foi descrita como sendo a "segunda depois da crença na
divindade de Jesus de Nazaré".1

O Apóstolo Mórmon Hugh B. Brown declarou:

"A Primeira Visão do Profeta Joseph Smith constitui a base da Igreja que mais tarde foi
organizada. Se esta Primeira Visão foi apenas uma ficção da imaginação de Joseph Smith,
então a Igreja Mórmon é o que seus caluniadores declaram ser - uma impostura ímpia e
deliberada" (The Abundant Life [A Vida Abundante], pp. 310-311).
16

Se existe uma chance, ainda que remota, de que este ponto central na história Mórmon seja
uma invenção, qual o "Santo dos Últimos Dias" (SUD) não quereria saber todos os fatos
pertinentes? Este folheto fornece evidência histórica que coloca A Primeira Visão de
Joseph Smith sob uma nova luz. Muitos Santos dos Últimos Dias hoje continuam
desconhecendo detalhes históricos significantes que foram intencionalmente omitidos ou
suprimidos, inclusive os seguintes fatos:2

(1) De acordo com a evidência histórica, o fato de Joseph Smith ter se perguntado qual era
a igreja verdadeira não poderia ter sido movido por um reavivamento em 1820, já que não
houve reavivamento em 1820 em nenhum lugar próximo a Manchester, Nova York, onde
ele estava vivendo. Um reavivamento, como descrito por Joseph Smith, ocorreu lá, sim, em
princípios de 1824. Contudo, isto vem então destruir seriamente toda a história de Joseph,
porque não há tempo suficiente entre a Primeira Visão e a publicação, em 1830, do Livro
do Mórmon, para todos os acontecimentos descritos na estória da Primeira Visão.

(2) Existem outros relatos anteriores à Primeira Visão, inclusive um manuscrito do próprio
Joseph Smith, que não faz nenhuma menção à aparição do Pai e do Filho. Pelo contrário,
estes relatos anteriores se referem a um anjo, um espírito, muitos anjos, ou o Filho. A
estória na forma atual, com o Pai e o Filho, não aparece até 1838, muitos anos depois que
Joseph alegou ter tido a visão.

(3) Os detalhes agora conhecidos sobre o começo da vida de Joseph contradizem sua
alegação de que ele foi perseguido em 1820 por contar a estória da Primeira Visão. Como
jovem, ele participou de encontros Metodistas, e mais tarde entrou para uma classe de aula
da Igreja Metodista. Nenhuma perseguição foi registrada.

Nenhum Reavivamento Em 1820

A vizinhança de Joseph Smith não experimentou nenhum reavivamento em 1820 como ele
descreveu, no qual "grandes multidões" teriam entrado para as igrejas Metodista, Batista e
Presbiteriana. De acordo com fontes anteriores, inclusive relatórios de conferências de
igrejas, jornais, informativos eclesiásticos, registros de presbíteros e entrevistas publicadas,
nada ocorreu em 1820-21 que se encaixe com a descrição de Joseph. Não houve ganhos
significativos no número de membros das igrejas dentro da área de Palmyra-Manchester,
Nova York,3 durante o período de 1820-1821 tais como sucedem em grandes
reavivamentos. Por exemplo, em 1820 a Igreja Batista em Palmyra somente recebeu 8
pessoas através de profissão de fé e batismo; a Igreja Presbiteriana foi acrescida de 14
membros, enquanto que o circuito Metodista perdeu 6 membros, caindo de 677 em 1819
para 671 em 1820 e descendo para 622 em 1821.4

Em seu relato de 1838, Joseph Smith afirmou que sua mãe, irmã e dois irmãos foram
levados a entrar para a Igreja Presbiteriana local como resultado desse reavivamento de
1820. Entretanto, a mãe de Joseph, Lucy, nos conta que o reavivamento que a levou a entrar
para a igreja aconteceu depois da morte de seu filho, Alvin. Alvin morreu em 19 de
novembro de 1823, e em seguida àquela perda dolorosa Lucy Smith relata que:
17

". . . nessa época houve um grande reavivamento na religião, e a vizinhança inteira ficou
muito entusiasmada com o assunto; e nós, em meio ao resto do pessoal, nos arrebanhamos
para a casa de reuniões para ver se havia uma palavra de consolo para nós, que pudesse
aliviar nossos sentimentos sobrecarregados" (Primeiro esboço de Lucy Smith's History ["A
História de Lucy Smith,"] pág. 55, Arquivos da Igreja SUD).

Lucy acrescenta que embora seu marido somente houvesse participado das primeiras
reuniões, ele não fazia objeção de que ela ou as crianças "fossem à igreja ou se tornassem
membros."

Existe bastante evidência adicional de que o reavivamento ao qual Lucy se refere tenha
mesmo ocorrido no começo da primavera de 1824. Foi relatado em pelo menos uma dúzia
de jornais e informativos religiosos (veja por exemplo, uma carta de George Lane, datada
de 25 de janeiro de 1825, no Methodist Magazine 8, [abril de 1825]: 159, e uma nota num
jornal de Palmyra, o Wayne Sentinel 1 [15 de setembro de 1824] :3).5 Registros de igrejas
dessa época mostram relevantes acréscimos no número de membros devido ao recebimento
de novos convertidos. A Igreja Batista recebeu 94, a Igreja Presbiteriana 99, enquanto que a
obra Metodista aumentou mais 208 membros. Nenhum reavivamento trazendo "grandes
multidões" ocorreu em 1820 na área de Palmyra-Manchester, como Joseph alegou. Fica
claro, a partir destas evidências, que o reavivamento que Joseph Smith descreveu não
ocorreu em 1820, mas em 1824. Quando Joseph Smith escreveu a versão de 1838 de sua
história, ele arbitrariamente mudou o reavivamento quatro anos para trás e o fez parte de
uma estória da Primeira Visão que nem sua mãe nem outros associados próximos tinham
ouvido falar naqueles dias. (Para mais detalhes veja: Dialogue: A Journal of Mormon
Thought [Diálogo: Um Jornal de Pensamento Mórmon], Primavera 1969, págs. 59-100.)

Uma discrepância de quatro anos causa algum problema maior para a estória de Joseph?
Certamente que sim! Joseph descreveu uma seqüência de 10 anos de acontecimentos que
começa com a Primeira Visão e termina com a publicação do Livro de Mórmon em 1830.
Se esta seqüência não começa até 1824, sobra apenas seis anos para se encaixar a seqüência
dos dez anos que Joseph alega que ocorreram antes do Livro de Mórmon ser impresso.
Como aparece na estória da escritura Mórmon, Joseph diz que em 1823, três anos depois da
Primeira Visão de 1820, ele foi visitado pelo anjo Moroni. Moroni fala para Joseph sobre as
tábuas de ouro, mas diz que ele deveria esperar quatro anos até obtê-las. Em 1827 Joseph
consegue as tábuas de ouro e três anos mais tarde (1830) publica o Livro de Mórmon.

Entretanto, lembre-se que Joseph ligou a Primeira Visão a um grande entusiasmo na área de
Palmyra-Manchester. Como documentado acima, agora sabemos que este reavivamento
ocorreu, não em 1820 mas em 1824. Isto significa que a visita inicial do anjo Moroni três
anos depois da Primeira Visão teria que ser datado em 1827. Quando nós acrescentamos os
quatro anos adicionais que Joseph disse que tinha que esperar para conseguir as tábuas, ele
não as poderia ter recebido até 1831. A esta altura o Livro de Mórmon já estava impresso.
A seqüência de 10 anos de acontecimentos que Joseph desvenda nesta estória da Primeira
Visão simplesmente não se encaixa no período de tempo entre 1824 e a data de publicação
do Livro de Mórmon em 1830.
18

Como é que a estória das origens dos Mórmons se torna tao confusa? Parte da resposta é
encontrada no fato de que o próprio Joseph Smith contou a estória de várias maneiras
diferentes.

Uma Estoria Em Constante Mudança

Por volta de 1832, Joseph Smith começou um relato da origem da Igreja Mórmon (o único
escrito por sua própria mão) que é consideravelmente diferente da estória oficial da
Primeira Visão que ele ditou uns seis anos mais tarde. Este relato de 1832, que foi referido
como a "estranha estória" de Joseph, nunca foi terminada e por muitos anos permaneceu
inacessível ao público. Foi publicada em BYU Studies [Estudos da Universidade de
Brigham Young], Primavera de 1969, pág. 278ff, e também está incluída em The Personal
Writings of Joseph Smith [Escritos Pessoais de Joseph Smith] de Dean C. Jesse (Salt Lake
City: Deseret Book, 1984).

Nesta versão, Joseph se apresenta como um garoto que, entre a idade de 12 e 15 anos, era
um leitor da Bíblia perceptivo e comprometido. Ele alega que foram seus estudos das
Escrituras que o levaram a compreender que todas as denominações estavam erradas. Ele
escreveu:

". . . buscando nas Escrituras, descobri que a humanidade não se achegou ao Senhor, mas
que apostatou da verdadeira fé viva, e que não havia sociedade ou denominação que se
tivesse construído sobre o Evangelho de Jesus Cristo, como registrado no Novo
Testamento" (Personal Writings [Escritos Pessoais] pág. 5).

Seis anos mais tarde, quando Joseph lançou seu relato oficial da Primeira Visão, ele mudou
sua estória e não mais alegou que seu estudo pessoal da Bíblia o tivesse levado à conclusão
de que todas as igrejas estavam erradas. Pelo contrário, ele disse que o Pai e o Filho lhe
disseram que todas as igrejas estavam erradas e que "ele não deveria entrar para nenhuma
delas" (ironicamente, os historiadores Mórmons documentaram o fato de que Joseph Smith
entrou para uma classe de aula da Igreja Metodista em 1828.6) Ele alegou estar surpreso de
seu pronunciamento, pelo que acrescentou entre parênteses que "nessa época nunca tinha
passado por seu coração que todas fossem erradas". Joseph, porém, se contradiz a si
mesmo, pois em alguns parágrafos anteriores, nesse mesmo relato, ele afirmou: "Eu
freqüentemente dizia para mim mesmo . . . Qual de todos esses grupos está certo? Ou estão
todos errados de uma vez?" Esta declaração aparece no manuscrito original (veja o
Brigham Young University Studies [Estudos da Universidade de Brigham Young], citado
anteriormente, pág. 290); mas uma contradição tão séria assim não poderia ser permitida a
continuar sendo parte da versão oficial, e depois da morte de Joseph, então, as palavras
embaraçosas foram tiradas fora da edição.

Mesmo sem a contradição, o relato de 1838 conflitua com a versão de 1832. No relato de
1832, é a leitura da Bíblia de Joseph que o move a buscar a Deus, enquanto que na estória
de 1838 é um reavivamento (não-existente em 1820) que o motiva. Na versão de 1832,
Joseph somente menciona a aparição de Cristo, enquanto que na de 1838 ele alega que
tanto o Pai como o Filho apareceram. No relato de 1832, ele já sabe que todas as igrejas
19

estão erradas, enquanto que na estória de 1838 diz que nunca lhe ocorreu que todas fossem
erradas até que as duas deidades o informaram deste fato.

A mãe de Joseph, da mesma forma, não sabia nada de uma visão do Pai e do Filho no
Bosque Sagrado. No seu relato não-publicado, ela põe a origem do Mormonismo numa
visita de um anjo ao quarto. Joseph, nessa época, estava "ponderando sobre qual das igrejas
era a verdadeira." O anjo lhe disse: "não há uma igreja verdadeira na Terra; não, nenhuma"
(Primeiro esboço de "Lucy Smith's History" ["A História de Lucy Smith"], pág. 46,
Arquivos da Igreja SUD).

Ainda uma nova versão da Primeira Visão foi publicada em 1834-35 no informativo
Messenger and Advocate [Mensageiro e Advogado] dos Santos dos Últimos Dias (vol. 1,
págs. 42, 78). Este relato foi escrito pelo líder da SUD, Oliver Cowdery, com a ajuda de
Joseph Smith. Conta como um reavivamento em 1823 fez com que o jovem Joseph Smith
de 17 anos de idade7 se motivasse ao assunto de religião. De acordo com Cowdery, Joseph
"desejava saber por si mesmo a certeza e a realidade da religião pura e santa" (pág. 78). Ele
também orava que "se um Ser Supremo realmente existia, ele pudesse ter a certeza de que
Ele o aceitava" e que por "alguma forma de manifestação sentisse que seus pecados
estavam perdoados" (id. 78, 79). De acordo com este relato, um anjo (não uma deidade)
apareceu no quarto de Joseph para lhe dizer que seus pecados estavam perdoados.

Os conflitos produzidos por este relato são numerosos. Primeiro, a data do reavivamento é
dada como sendo 1823, ao invés de 1820. Segundo, se Joseph já tinha tido uma visão do
Pai e do Filho em 1820, por que precisava orar em 1823 sobre a existência ou não de um
Ser supremo? Terceiro, quando o reavivamento o incitou a orar, o personagem que aparece
é um anjo, não o Pai e o Filho. Quarto, a mensagem do anjo é mais um perdão de pecados
do que um anúncio de que todas as igrejas estavam erradas.

Estes relatos amplamente divergentes levantaram sérias questões sobre a autenticidade da


estória da Primeira Visão de Joseph Smith. Pessoas distintas podem ter distintos pontos de
vista sobre o mesmo acontecimento; mas quando uma pessoa conta uma estória
contraditória sobre o mesmo acontecimento, temos razão para questionar tanto a pessoa
como o acontecimento.

Perseguiçao Ou Aceitaçao?

Hoje a estória da Primeira Visão não apenas enfrenta um problema com relação à data,
historicamente verificada, do reavivamento de Palmyra, Nova York, e com relatos
anteriores de Joseph sobre o acontecimento, mas também entra em conflito com o que nós
sabemos sobre seus primeiros anos em Palmyra. Em sua versão oficial, Joseph Smith alega
que foi perseguido por todas as igrejas nessa área "porque eu continuava a afirmar que tinha
tido uma visão." Entretanto, isto contradiz um dos associados de Joseph na época. Orsamus
Turner, um aprendiz de impressor em Palmyra em 1822, estava num "clube de debates de
jovens" com Joseph Smith. Ele se lembrou que Joseph "depois de captar uma centelha de
Metodismo . . . se tornou um exortador muito tolerável nas reuniões noturnas" (History of
the Pioneer Settlement of Phelps and Gorham's Purchase [História do Assentamento
Pioneiro de Phelps e a Compra de Gorham], 1851, pág. 214). Assim, ao invés de ter
20

oposição e perseguição como seus relatos de 1838 alegam, o jovem Joseph era bem-vindo e
permitido a exortar durante a pregação noturna Metodista. Este ponto é sustentado pelo
historiador da Brigham Young University [Universidade de Brigham Young] e bispo dos
SUD, James B. Allen. Allen não encontrou praticamente nada para sustentar a alegação de
Joseph de que ele contou a estória da Primeira Visão logo depois dela ter acontecido em
1820, e que sofreu perseguição como resultado; ou inclusive de que Joseph estava contando
sua estória dez anos mais tarde.

"Há pouca ou quase nenhuma evidência, entretanto, de que no começo de 1830, Joseph
Smith estivesse contando a estória em público. Pelo menos, se é que ele a estava contando,
ninguém parecia considerá-la importante o suficiente para tê-la registrado na época, e
ninguém estava criticando-o por aquilo. Nem mesmo em sua própria estória Joseph Smith
menciona ter sido criticado no período em que contava a estória da Primeira Visão" ("The
Significance of Joseph Smith's First Vision in Mormon Thought." ["A importância da
Primeira Visão de Joseph Smith no Pensamento Mórmon], Dialogue: A Journal of Mormon
Thought [Diálogo: Um Jornal de Pensamento Mórmon], Outono de 1966, pág. 30).

Conclusao

De todas as linhas disponíveis de evidência, portanto, a versão "oficial" de 1838 da estória


da Primeira Visão de Joseph Smith parece ser mito e não história:

· Não houve reavivamento em nenhum lugar na área de Palmyra-Manchester, Nova


York, em 1820.
· Os acontecimentos conforme contados por Joseph Smith não se encaixariam num
período de tempo entre o reavivamento de 1824 e a publicação de 1830 do Livro de
Mórmon.
· Joseph era bem-vindo, e não perseguido pelos Metodistas.
· Em seu relato de 1832, Joseph disse que foi por estudo pessoal da Bíblia que ele
determinou que todas as igrejas eram apóstatas, enquanto que em seu relato de 1838
ele disse que "nunca passou por seu coração que todas estivessem erradas".
· Em sua versão de 1832, Joseph alegou ter tido apenas uma visão de Cristo e em sua
versão de 1835 Joseph contou sobre a visita de um anjo, enquanto na estória de
1838 a mensagem veio do Pai e do Filho.
· Ninguém conheceu a versão de hoje da Primeira Visão até depois que Joseph a
tivesse ditado em 1838, e nenhuma fonte de publicação a menciona até 1842 (id.
pág. 30ff).

Os conflitos e contradições trazidos à luz pela evidência histórica precedente demonstram


que a estória da Primeira Visão, conforme apresentada pela Igreja Mórmon hoje, deve ser
considerada como sendo invenção da mente muito imaginativa de Joseph Smith. Os fatos
históricos e as próprias palavras de Joseph a desacreditam.

— Wesley P. Walters

Este trabalho é apresentado com a oração de que o leitor possa perceber o engano e o
perigo do Mormonismo e não se tornar emaranhado por ele, e que os Mórmons sinceros,
21

que infelizmente estejam enganados por ele, possam ser recuperados e encontrem o
verdadeiro Caminho de salvação na Bíblia e no Salvador que ela revela.

Notas

1. James B. Allen, professor da Brigham Young University, em "The Significance of


Joseph Smith's First Vision in Mormon Thought," Dialogue: A Journal Of Mormon
Thought, Outono 1966, pág. 29. Allen era um bispo dos SUD na época.

2. Por exemplo: a revista da igreja Mórmon the Ensign [A Insígnia], abril de 1995,
apresenta um artigo de seis páginas sobre a importância da Primeira Visao, intitulado "'Oh,
How Lovely Was The Morning!': Joseph Smith's First Prayer and The First Vision" ["O,
Quão Bela Foi A Manha!: A Primeira Oração de Joseph Smith e a Primeira Visão" - não dá
nenhuma pista dos sérios conflitos entre a estória da Primeira Visão e a evidência histórica.

3. Palmyra e Manchester eram cidades adjacentes.

4. Veja os "Records" ["Registros"] da Igreja Presbiteriana da área de Geneva, Presbyterian


Historical Society [Sociedade Histórica Presbiteriana], Philadelphia, PA; "Records for the
First Baptist Church in Palmyra" ["Registros da Primeira Igreja Batista em Palmyra"],
American Baptist Historical Society [Sociedade Histórica Batista Americana], Rochester,
NY; Ata da Conferência Anual [Metodista], Circuito de Ontário , 1818-1821, págs. 312,
330, 346, 366.

5. Lane escreveu que a obra do Senhor em Palmyra e circunvizinhança "começou na


primavera, e progrediu moderadamente até o tempo da reunião quadrimestral, que foi
realizada nos dias 25 e 26 de setembro de 1824. O artigo da Wayne Sentinel declara: "A
reforma está continuando nesta cidade em grande extensão. O amor de Deus tem sido
derramado nos corações de muitos, e o derramamento do Espírito parece ter conquistado
uma fortaleza."

6. Linda King Newell e Valeen Tippetts Avery, Mormon Enigma, Emma Hale Smith,
University of Illinois Press, 2a edição, 1994, pág. 25.

7. Na página 78, Cowdery corrige um erro de impressão com relação à idade de Joseph.
Quando Cowdery começa a relatar as origens dos Mórmons na página 42, ele menciona o
reavivamento e a idade de Joseph como sendo quatorze. No segundo assunto, quando ele
continua a estória na página 78, ele data o reavivamento como sendo em 1823 e corrige a
idade de Joseph para dezessete anos de idade.
22

Busca científica para restos nefitas


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Assim como a Bíblia, o Livro de Mórmon se apresenta como registro histórico da auto-
revelação de Deus à raça humana. Ambos os livros falam do Jesus Cristo e de vários
profetas aparecendo ao que se assume são pessoas verdadeiras vivendo em tempos e
lugares específicos dentro da história humana. Estas afirmações históricas impulsionaram
eruditos a buscarem evidência da existência de povos e eventos descritos no Livro de
Mórmon, e dão significado ao assunto da arqueologia do Livro de Mórmon.

É claro que, há limites no que se pode investigar por meio da arqueologia. A ciência não
pode confirmar nem negar as afirmações sobrenaturais nem as verdades espirituais do Livro
de Mórmon. Entretanto, ao procurar evidência das civilizações descritas no Livro de
Mórmon, a arqueologia pode nos ajudar a avaliar a credibilidade histórica fundamental
deste registro escriturário. A evidência a respeito das afirmações históricas do Livro de
Mórmon, bem poderia impactar nossa confiança em sua mensagem espiritual.

Considerações geográficas

O Livro de Mórmon descreve ao mundo de seus habitantes como massa de terra em forma
de ampulheta (relógio de areia) que consistia da “terra do norte” e a “terra do sul” rodeadas
de água e conectadas por uma “pequena língua de terra” entre as duas (Alma 22:32). É
necessário localizar estas terras antes de poder empregar a arqueologia para avaliar o Livro
de Mórmon, e este fato se afirma por eruditos da Igreja dos Santos dos Últimos
Dias.(SUD)1

Era de se esperar que determinar a localização geográfica das terras do Livro de Mórmon
seria tarefa bastante simples. Em vez
disto, o tema chegou a ser questão de
controvérsia considerável onde as teorias
de eruditos modernos mórmons se
opõem e vão contra o ensino tradicional
da Igreja SUD.

O Panorama Tradicional

Segundo Joseph Smith e segundo os


presidentes e apóstolos subseqüentes da
Igreja SUD, a extensão geográfica das
terras do Livro de Mórmon incluía
virtualmente toda a América do Norte
assim como toda a América do Sul.2
23

Joseph Smith identificou a costa do Chile como o lugar onde Lehi e os que viajavam com
ele chegaram ao Mundo Novo,3 e Smith também localizou a colina da Cumôra, o lugar da
batalha épica onde os nefitas e lamanitas brigaram até a extinção, 9.600 quilômetros ao
norte de Palmyra em New York. Assim, a América do Norte e a América do Sul
constituíram as duas protuberâncias da ampulheta, conectadas por “uma pequena língua de
terra” ou seja a área da América Central.4

Joseph Smith ensinou também que os índios Americanos eram os descendentes dos
lamanitas. No livro History of the Church [História da Igreja] há registro de um incidente
em junho 1834 onde Joseph Smith identificou, por guia divina, um esqueleto encontrado
em um enterro índio no estado de Illinois, dizendo que era do guerreiro lamanita Zelph:

... As visões do passado foram abertas a minha compreensão pelo Espírito do Todo-
poderoso, descobri a pessoa cujo esqueleto tínhamos à frente, e que era um
lamanita branco, um homem forte e grande, e um homem de Deus. Seu nome era
Zelph. . . que foi reconhecido desde a colina da Cumôra, ou do mar oriental até as
montanhas Rochosas.5

A Igreja SUD continua ensinando que os índios nativos das Américas são os descendentes
diretos dos povos do Livro de Mórmon. Por exemplo, a “Introdução” em edições atuais do
Livro de Mórmon (desde 1981), descreve os lamanitas como, “os principais antecessores
dos índios das Américas”.

Por que eruditos Mórmons se opõem

A pesar do ensino dos líderes espirituais da igreja mórmon, não ter sido discutido por cem
anos, vários eruditos SUD concluíram que o panorama tradicional geográfico do Livro de
Mórmon tem pouco que ver com a realidade. Suas conclusões se apóiam em vários
problemas sérios que surgem quando nós procuramos aplicar descrições do Livro de
Mórmon quanto a tempo de viagem e crescimento demográfico aos territórios vastos das
Américas. Por exemplo, enquanto o Livro de Mórmon deixa claro que as civilizações rivais
de nefitas e lamanitas se centraram perto da pequena “língua de terra” (que se entendeu
estar em algum lugar na América Central), diz que eles concordaram em reunir para sua
batalha final épica na colina da Cumôra (Mórmon 6:1-6). Joseph Smith e a tradição
mórmon localizam este lugar há milhares de quilômetros do estado de Nova Iorque. É
difícil encontrar uma explicação razoável pela qual estes exércitos viajariam esta distância
imensa para fazer a batalha.

Outro problema significativo para a geografia tradicional do Livro de Mórmon tem que ver
com a premissa que as populações nativas dos vastos continentes americanos (América do
norte e América do Sul) são os descendentes de dois grupos diminutos de imigrantes
transoceânicos semitas (os jareditas, que chegaram no Novo Mundo entre 3000 - 2000 a.C.
mas posteriormente lutaram até sua própria extinção, e os nefitas e mulequitas, que
chegaram em torno de 600 a..C.) A evidência arqueológica mostra conclusivamente que o
hemisfério ocidental se povoou muito antes, pelo menos 10.000 a.C. por asiáticos orientais
que emigraram através do Estreito do Bering. São estes povos, os mongóis que são os
antepassados dos índios americanos, segundo a Instituição Smithsonian:
24

Os índios Americanos sons fisicamente mongolóides e, portanto devem ter


originado na Ásia oriental. As diferenças na aparência das várias tribos do Novo
Mundo em tempos recentes se deve a (1) a variabilidade inicial de seus
antepassados asiáticos; (2) adaptações sobre vários milênios aos ambientes variados
do Novo Mundo; e (3) os diferentes graus de inter criação com povos de origens
européia e africana em tempos pós-colombianos.6

Não há evidência sólida para imigração via outras rotas que requeriam longas viagens
marítimas (antes das chegadas nórdicas da Groenlândia e Newfoundland em torno de 1000
d.C.), como proposto pelo Livro de Mórmon. E se tais viagens ocorreram, não eram
significativos para as origens e a composição de populações do Novo Mundo.7

A Teoria de Geografia Limitada

Para tirar estas inerentes


inverossimilhanças e proteger a
credibilidade do Livro de Mórmon
como história autêntica, vários
estudiosos SUD têm proposto um novo
enfoque chamado “a teoria de geografia
limitada.” O proponente deste panorama
com major influencia é o Prof. John L.
Sorenson da Universidade Brigham
Young. (Veja mapa mais grande).
Sorenson restringe a área dos fatos
apresentados no Livro de Mórmon a um
seção da América Central de
aproximadamente 640 km de
comprimento. O Istmo do Tehuantepec
no México corresponde à “pequena
língua de terra” da massa de terra em
forma de uma ampulheta descrita acima.8

Enquanto a teoria limitada da geografia aparece para resolver algumas das imperfeições da
geografia tradicional do Livro de Mórmon, cria outros problemas que são igualmente
graves. Isso se choca com detalhes no Livro de Mórmon, contradiz o ensino de vários
presidentes e apóstolos SUD, e enfim não pode produzir um só pedaço de evidência
arqueológica que se pode identificar como nefita nem jaredita (um fato que professores da
Universidade Brigham Young, tais como Hugh Nibley, Bruce. W. Warren, e David J.
Johnson todos reconhecem).9

Duas Cumoras?

Uma área de grande contradição entre a teoria de geografia limitada e o Livro de Mórmon
concerne a identidade e a localização da colina da Cumôra. Sorenson localiza Cumôra na
América Central, em um lugar distante apenas 144 km da pequena ”língua de terra”.
Enquanto que isto tira um requisito pouco realista do panorama tradicional, o qual tem dois
25

exércitos que marcham milhares de quilômetros ao norte para fazer a batalha onde é agora
Palmyra, Nova Iorque, choca-se com a descrição no Livro de Mórmon da Cumôra como
“uma imensa distância” da pequena língua de terra até “a terra do norte” (Helamã 3:3,4). Se
o Istmos do Tehuantepec — que para o Sorenson é “a pequena língua de terra” — que
mede uns 190 quilômetros de lado a lado é “estreita,” como pode ser que os 144
quilômetros da pequena “língua de terra” até a Cumôra de Sorenson sejam “uma imensa
distância” como o descreve o Livro de Mórmon?10

A teoria de geografia limitada parece também estar em um grande desacordo com o Livro
de Mórmon já que requer duas Cumôras. Isto é necessário uma vez que localiza a batalha
final entre nefitas e lamanitas em uma Cumôra na América Central, enquanto que Joseph
Smith recuperou as pranchas do Livro de Mórmon na colina da Cumôra tradicional no
estado de Nova Iorque. Isto também deixa a Moroni com a tarefa de transportar sozinho as
pranchas pesadas do Livro de Mórmon (além da inteira biblioteca nefita) uma distância de
3,200 quilômetros até Cumôra em Nova Iorque.

Evasivas direcionais

Outra discrepância maior da teoria de geografia limitada é a evasiva direcional de 45 graus


que resulta quando as características geográficas do Livro de Mórmon se sobrepõem no
lugar proposto da América Central. O desenho 2 ilustra o problema. Mostra que “a terra do
norte” e “a terra do sul” do Livro de Mórmon são orientadas verdadeiramente por uma
linha de sudeste - noroeste. Isto coloca o “mar oriental” e o “mar ocidental” quase
diretamente ao norte e ao sul destas propostas terras do Livro de Mórmon. É claro ao
estudar a Bíblia que no antigo Israel se usava o sol crescente como a base para sua
orientação direcional (por exemplo, Êxodo 27:13; 38:13; Números 2:3; Ezequiel 8:16).
Portanto, deveríamos perguntar, “Seria possível que os imigrantes Hebreus que chegaram
ao lugar proposto na América Central, e utilizando o sol como sua referência direcional,
chegariam à orientação direcional tão severamente equivocados como sugerido por
Sorenson?” Muito difícil.

Outro conflito ainda é a ausência do “mar do norte” e o “mar do sul” (Helamã 3:8). No
panorama tradicional, estas descrições correspondem ao Oceano Atlântico debaixo da ponta
da América do Sul (Cabo Horn), e o Oceano Ártico ao norte da América do Norte,
respectivamente. As edições do Livro de Mórmon de 1888 a 1921 incluíram uma nota
indicando isto em Helamã 3:8-9. Por causa destes choques com tradição mórmon e a
evidência interna do Livro de Mórmon, a teoria de geografia limitada foi condenada
repetidamente por líderes SUD, inclusive Joseph Fielding Smith, jr. (Décimo Presidente),
Harold B.Lee (décimo primeiro Presidente), e Bruce R. McConkie.11 Em 1979 o jornal
oficial da Igreja Mórmon, Church News [Notícias da Igreja] chamou esta teoria de
“prejudicial” e um “desafio” às “palavras dos profetas com respeito ao lugar onde Moroni
enterrou os registros.”12

A geografia do Livro de Mórmon apresenta um dilema teológico: por um lado, o panorama


tradicional produz uma série de feitos improváveis que afetam a credibilidade histórica do
Livro de Mórmon; por outro lado, a teoria de geografia limitada rechaça as declarações
26

claras de Joseph Smith e de presidentes e apóstolos subseqüentes, e entra em choca com o


ensino do Livro de Mórmon em vários pontos importantes.

Conclusão de um arqueólogo mórmon

Como se notou anteriormente, a Bíblia e o Livro de Mórmon são semelhantes em que


ambos se apresentam como registros da história antiga. Entretanto, enquanto que a
autenticidade da Bíblia é aceita extensamente, até mesmo por eruditos seculares (veja artigo
titulado “Does Archaeology Support the Bible?”), nenhum arqueólogo SUD aceita o Livro
de Mórmon como história autêntica, e além disso muitos estudiosos SUD já não apóiam a
idéia de que seja um livro histórico.13 Por que é que os arqueólogos têm tão pouca
confiança no Livro de Mórmon?

Uma das melhores respostas a esta pergunta foi oferecida pelo Dr. Raymond T. Matheny,
antigo professor de antropologia na Universidade do Brigham Young. Ele participou da
conferência Sunstone no Salt Lake City em 25 de agosto de 1984.14 Depois de trabalhar na
área da arqueologia da Mesoamérica por vinte e dois anos, o Prof. Matheny forneceu um
relatório onde conclui que a evidência científica simplesmente não sustenta a existência dos
povos e os acontecimentos registrados no Livro de Mórmon, seja na América Central ou
em qualquer lugar no hemisfério ocidental.

Dr. Matheny descreveu o Livro de Mórmon como cheio de anacronismos — coisas que
estão historicamente e culturalmente fora do lugar. Introduz “progressos” culturais do
Velho Mundo no tempo da América pré-colombiana, embora a evidência arqueológica
mostra que tais níveis culturais não foram alcançados durante este período. Os defensores
dos aspectos históricos do Livro de Mórmon se baseiam em pequenas partes de evidência
dispersada aonde sua interpretação vai além dos padrões científicos aceitos. O que segue
abaixo são os anacronismos no Livro de Mórmon com maior significativo descritos pelo
Prof. Matheny:

Uma Indústria do Ferro. Segundo o Livro de Mórmon, a civilização nefita dominava a


mais avançada metalurgia incluindo ferro e outras indústrias de metal; entendam-se
espadas, arcos e couraça de metal, moedas de ouro e prata, e inclusive maquinaria (2 Nefi
5:15; Jarom 1:8; Eter 7:9). Entretanto, segundo Matheny, não há evidência de qualquer
civilização mesoamaricana que alcançou tal indústria durante o tempo do Livro de Mórmon
(terminando ao redor do ano 421 d.C. ) Ele indicou que uma indústria de ferro não é tarefa
simples que envolve poucas pessoas, mas sim é um processo complexo que requer um
contexto sócio-econômico especializado, e que uma fundição deixa virtualmente
indestrutível evidencia arqueológica. Entretanto, Matheny informa:

Nenhuma evidência se encontrou no mundo novo para uma indústria ferro-


metalúrgico referente há tempos pré-colombiano. E isto é problema de proporções
gigantescas, o que me parece ser o que se chama arqueologia no Livro de Mórmon.
A evidência não existe.15

Prof. Matheny notou que enquanto dispersos artefatos de ferro se encontraram em


contextos pré-colombianos, na ausência de evidência para uma indústria metalúrgica,
27

explicam-se melhor por meios de acaso, tal como meteoritos. Uns poucos artefatos
aleatórios dispersados não são uma base para conclusões científicas.16

Produtos agrícolas do Velho Mundo. Segundo o Livro de Mórmon os nefitas produziam


trigo, cevada, linho, uvas, e azeitonas, mas nenhum destes produtos existia nas Américas
pré-colombianas. Assim como com o ferro, Matheny indicou que se requer um complexo
nível econômico e social para produzir estes produtos como são representados no Livro de
Mórmon:

Há um sistema inteiro da produção de trigo e cevada. . . É uma produção


especializada de alimento. Você tem que saber algo para fazer linho, e
especialmente em climas tropicais. As uvas e as azeitonas... todas estas são culturas
de alto desenvolvimento e são, de fato sistemas.Ainda assim o Livro de Mórmon diz
que estes sistemas existiram aqui.17

Matheny fez referência a um artigo da revista Science [Ciência] de 1983 onde fala de
cevada encontrada em um contexto pré-colombiano, erroneamente afirmada como apoio
para o Livro de Mórmon, uma vez o grão descrito não era uma cevada doméstica do Velho
Mundo.18

Animais domésticos do Velho Mundo. Outro grupo inteiro de anacronismos tem que ver
com vários animais domesticados do Velho Mundo que o Livro de Mórmon descreve como
relativos à cultura nefita. Estes incluem asnos, vacas, cabras, ovelhas, cavalos, bois, porcos,
e elefantes. Aqui outra vez, Matheny indicou que estes animais domesticados são espécies
que requerem um nível cultural específico não alcançado na América pré-colombiana:

Você não pode ter uma vaca, uma cabra ou um cavalo como um animal de
estimação ou algo parecido. Há um sistema para criar estas coisas, e o retrato que se
pinta para mim enquanto leio isto, e outros também, é que temos [em descrições
dentro do Livro de Mórmon]. . . animais domésticos, etc no Novo Mundo.19

É válido afirmar, como alguns defensores de aspectos históricos do Livro de Mórmon o


fazem, que estes nomes — vaca, cavalo, etc. — são simplesmente usados como substitutos
para animais nativos do Novo Mundo tal como o cervo ou o pecari? Matheny explica que
isto não é legítimo porque as descrições do Livro de Mórmon ocorrem em contextos
literários específicos que assumem sistemas complexos do Velho Mundo para a criação e
uso dos vários animais domésticos:

Quero dizer que em Alma [18:10; 20:6,8], ele usa o estábulo preparando os cavalos
para o Rei Lamoni, e também ele prepara as carruagens do Rei porque farão uma
viagem de uma cidade à outra sobre a estrada real. E também os cavalos são
pastoreados. Assim há contextos dentro do próprio Livro de Mórmon. Estas não são
apenas substituições. Mas os autores do Livro de Mórmon proporcionam o contexto,
não estão tratando de descrever um veado ou algo mais, isto é o que me parece. É a
maneira inconsistente de tentar explicar a presença destes nomes no Livro de
Mórmon.20
28

Sem espaço no Novo Mundo.

A avaliação completa do Dr. Matheny é que a arqueologia não oferece nenhum apoio para
o Livro de Mórmon como história atual: “Eu diria ao avaliar o Livro de Mórmon que não
tem nenhuma relação com o Novo Mundo.” Prof. Matheny não é o único que dá esta
avaliação. O arqueólogo mesoamericano altamente respeitado Michael Coe tem escrito:

Os fatos como são, não mostraram nada, absolutamente nada, em nenhuma


escavação do Novo Mundo, que possa sugerir a um observador desapaixonado que
o Livro de Mórmon, como pretendia José Smith, seja um documento histórico
relacionado com a história dos antigos imigrantes a nosso hemisfério.21

O arqueólogo mórmon Dee F. Green afirmou o mesmo quando disse:

Se a gente tiver que estudar a arqueologia do Livro de Mórmon, então deve ter um
corpo de dados com os quais tratar. Não o temos. O Livro de Mórmon está
realmente ali, de modo que a gente pode ter estudos sobre o Livro de Mórmon, e a
arqueologia está realmente ali, de maneira que a gente pode estudar arqueologia;
mas ambos não estão vinculados. Pelo menos não estão ligados na realidade, já que
nenhum lugar mencionado no Livro de Mórmon se conhece com referência à
moderna topografia. Pode-se estudar arqueologia bíblica, porque sabemos onde
estavam e estão Jerusalém e Jericó, mas não sabemos onde as cidades nefitas
Zarahemla e Bountiful, nem qualquer outro lugar estavam ou estão. Seria de esperar
que uma concentração na geografia fosse prioritária, mas vimos que vinte anos de
tal enfoque nos deixaram com as mãos vazias.22

Este artigo começou reconhecendo que a arqueologia não pode provar diretamente nem
pode refutar as afirmações espirituais do Livro de Mórmon nem a Bíblia. Entretanto, pode
avaliar as afirmações históricas feitas por ambos os livros, demonstrando que enquanto a
afirmação da Bíblia de ser história autêntica é sustentada por evidência objetiva, não se
pode dizer o mesmo para o Livro de Mórmon.

— Luke P. Wilson
Traduzido por João Bosco Monte

Notas

1 Veja por exemplo, John L. Sorenson, An Ancient American Setting for the Book of Mormon, (Salt Lake City: Deseret
Book and Provo: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1985), P. 1.

2 José Smith e gerações sucessivas de presidentes e apóstolos mórmons ensinaram que os nefitas e lamanitas vagaram por
toda as Américas Norte e Sul, e travaram uma batalha até sua própria extinção na Colina Cumôra no estado de Nova
Iorque. Está documentado por Joseph Fielding Smith, décimo Presidente da Igreja SUD, em sua obra reconhecido,
Doutrina de Salvação, 3 vols. (Igreja Do Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1979), 3:218-229.

3 Veja a revelação do José Smith titulada “Lehi's Travels” [Viagem de Lehi] no livro de Franklin D. Richards e James A.
Little, Ao Compendium of the Gospel, 2nd ed. (Salt Lake City: George Q. Cannon & Sons CO., 1884), P. 289. 4 Este
panorama geográfico se explicou nas notas de rodapé das edições do Livro de Mórmon de 1876 até 1920.
29

5 History of the Church, 1948 ed., II: 79-80.

6 “Origin of the American Indians,” National Museum of Natural History-Smithsonian Institution, Washington , D.C. ,
1985, P. 1.

7 Ibid.

8 A teoria de Sorenson está delineada em seu livro, An Ancient American Setting for the Book of Mormon, (Deseret Book,
1985).

9 Hugh Nibley, An Approach to the Book of Mormon, (Salt Lake City: Deseret Book CO., 1964, 1979), P. 370; Bruce W.
Warren, “Book Reviews,” BYU Studies, Vol. 30, No. 3 (Summer 1990), P. 134; David J. Johnson, “Archaeology,” in
Encyclopedia of Mormonism, 4 vols. (New York: Macmillan, 1992), 1:62-63.

10 Como descrito por Dan Vogel, “Book of Mormon Geography,” P. 32, estudo não publicado, sem data.

11 Church News, 10 September 1938 , pp. 1,6.

12 Deseret News, Church News 48, No. 30 ( 29 July 1979 ): P. 16.

13 Michael Coe, “Mormons and Archeology: An Outside View,” Dialogue: Ao Journal of Mormon Thought, Vol. 8, No.
2.

14 A maioria dos anacronismos discutidos pelo Prof. Matheny também são mencionados pelo eminente (não SUD)
arqueólogo mesoamericano Michael Coe no artigo Dialogue citado na nota 13, pp. 40-54.

15 Matheny, P. 23.

16 Ibid., P. 24.

17 Ibid., P. 29.

18 Ibid., P. 28.

19 Ibid.

20 Ibid., P. 30.

21 Coe, P. 46.

22 Dee F. Green, Book of Mormon Archaeology: The Myth and the Alternatives.
30

O Livro de Mórmon Hoje


Direitos Reservados © 1994 Institute For Religious Research. All rights reserved.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi fundada com base nos
ensinamentos do Livro de Mórmon, e a maravilhosa história de sua tradução, por
Joseph Smith, a partir das "placas douradas", tem sido o ponto de principal atração
do proselitismo Mórmon. Mas hoje, passados muitos anos desde que disseram que o
Livro de Mórmon viera para restaurar as verdades fundamentais do Cristianismo, os
líderes mórmons ainda crêem em suas declarações doutrinárias?

O Livro de Mórmon e a Doutrina Mórmon Contemporânea

O Livro de Mórmon ensina, por exemplo, que:

· há um único Deus
· o qual é Espírito, e
· é imutável de eternidade a eternidade (Alma 11:26-31; 2 Nefi 31:21; Mórmon 9:9-
11,19; Moroni 7:22; 8:18).

Hoje em dia a doutrina Mórmon, contrariamente, ensina que:

· há três deuses separados responsáveis pelo nosso planeta,


· dois deles têm corpos, outrora foram homens, e
· conquistaram o direito de se tornarem deuses através da fiel obediência ao
evangelho Mórmon.

Mórmons agora também acreditam que há milhões e milhões destes deuses, cada qual tendo
obtido natureza divina e criado planetas a serem regidos por eles. Homens mórmons
esperam tornarem-se deuses eles mesmos, para então formarem e povoarem seus próprios
mundos, com a cooperação de suas esposas.

Joseph Smith, que originalmente ditou as palavras do Livro de Mórmon, mais tarde rejeitou
seu ensinamento de que Deus é "imutável de eternidade a eternidade" (Moroni 8:18).
Próximo do fim de sua vida, como relatado em Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, ele
anunciou: "nós temos imaginado e suposto que Deus era Deus desde toda a eternidade. Eu
irei refutar esta idéia... Ele uma vez já foi homem como nós" (p. 336). Os atuais deuses
mórmons, portanto, são muitos, em vez de um só como criam antes, não são espírito e não
são imutáveis como o próprio Livro de Mórmon ensina.

Além disso, o Livro de Mórmon insiste, plagiando o que já está na Bíblia, que toda a
humanidade tenha que nascer outra vez, isto é, eles precisam ser mudados de seu estado
carnal e decaído, caso contrário eles não poder o de modo algum herdar o Reino de Deus. O
livro proclama ainda uma necessidade de tornar-se uma nova criatura por ter nascido
espiritualmente de Deus e por ter experimentado essa poderosa mudança em seus corações
31

(Mosíah 27:24-28; Alma 5:14, ênfase adicionada). No entanto, o mormonismo moderno


passou a enfatizar que o batismo na água feito pela igreja Mórmon é indispensável para
receber o novo nascimento, o que é totalmente inaceitável do ponto de vista bíblico.
Ninguém pode nascer de novo sem batismo (McConkie, Mormon Doctrine, p. 101). No
próprio Livro de Mórmon, entretanto, o batismo é desnecessário para crianças e para
Gentios ( os que estão sem lei ) porque para tal é inútil o batismo (Moroni 8:11-13, 20-22).

Novamente, o Livro de Mórmon declara que há somente dois destinos para a humanidade:
felicidade eterna ou miséria eterna. Aqueles que morrem rejeitando Cristo recebem
tormento eterno, sem uma segunda chance após a morte. Eles são "lançados no fogo, de
onde eles não retornam" e " vão para um lugar preparado para eles, o lago de fogo (3 Nefi
27:11-17; Mosíah 3:24-27; 2 Nefi 28:22-23; Alma 34:32-35). Ao contrário de tudo isso, o
Mormonismo de hoje passou a crer que qualquer um pode usufruir de algum nível de
glória, e que aqueles que já morreram podem ser resgatados da "prisão" quando os vivos
realizam batismos por procuração em favor deles.

Deste modo, o próprio Livro de Mórmon ensina haver muito pouco suporte para as
principais doutrinas Mórmons correntes. Muitas outras mudanças doutrinárias importantes
envolvendo a natureza de Deus, oração, poligamia, autoridade etc. precisam ser discutidas
aqui, mas o espaço é limitado.*

Um Produto Do Século XIX?

Enquanto os líderes Mórmons d o limitada atenção… teologia do Livro de Mórmon, seus


próprios intelectuais têm tentado empregar a arqueologia americana para atribuir ao livro a
aparência de uma antiguidade genuína. Seus esforços têm sido tão entusiastas que a
Smithsonian Institution (seríssima instituição científica norte-americana) achou necessário
fazer um pronunciamento afirmando que o livro não tem valor arqueológico.

Tentativas dos Mórmons em estabelecer seu Livro como uma produção antiga não tem tido
grande peso diante do amontoado de evidencias de que se trata realmente de uma peça de
ficção do século XIX. Dois importantes estudos apóiam essa origem humana.

As Próprias Descobertas De Uma Autoridade Geral Mormon

O primeiro deles consiste de dois manuscritos escritos por volta de 1922 pela Autoridade
Geral Mórmon e apologista Brigham H. Roberts. É surpreendente saber que este defensor
da fé Mórmon argumentava implacavelmente que Joseph Smith teria sido, ele mesmo, o
autor do Livro de Mórmon. A família de Roberts tem agora permitido exames sérios destes
dois manuscritos que têm estado em sua posse desde sua morte em 1933. Eles têm sido
publicados por intelectuais Mórmons num livro intitulado Studies of the Book of Mormon
(University of Illinois Press, 1985).

Roberts aborda quatro pontos principais num estudo de 375 páginas. Ele observa em seu
primeiro manuscrito, "Book of Mormon Difficulties" (Dificuldades do Livro de Mórmon),
que o relato do livro sobre os antigos Americanos está em conflito com o que é conhecido
sobre eles a partir de recentes investigações científicas. O Livro de Mórmon os representa
32

como pertencendo a uma cultura da Idade do Ferro, enquanto a arqueologia tem mostrado
que eles haviam avançado apenas para a Idade da Pedra Polida quando da chegada do
homem branco" (Studies, pp. 107-112).

A situação, ele descobriu, complicou-se mais ainda pelo fato do Livro de Mórmon declarar
que os primeiros colonos chegaram ao Novo Mundo quando ele era inabitado. Os Jareditas
vieram para aquela parte onde o homem nunca tinha estado (Eter 2:5) e lutaram entre si até
a sua extinção. Os Nefitas igualmente vieram para uma terra escolhida entre todas as outras
(2 Nefi 1:5-11). Já que a chegada do último grupo é dita como tendo sido em mais ou
menos 600 d.C., não haveria tempo suficiente para o desenvolvimento dos 169 ramos
conhecidos de linguagem no Novo Mundo, cada um deles com vários dialetos. Roberts
confessou não possuir quaisquer respostas para tantas discrepâncias. "Os mais recentes
comentaristas autorizados", ele disse, "deixa-nos, tanto quanto eu posso ver no momento,
sem base para qualquer apelação ou defesa — o novo conhecimento parece estar contra nós
(Studies, p. 143). Até hoje a Arqueologia atual não tem descoberto nada que contrarie as
colocações de Roberts.

Havendo mostrado que o livro está em desacordo com o conhecimento científico recente,
Roberts apresenta em seu segundo manuscrito, "Um Estudo do Livro de Mórmon", que o
livro combina com o conhecimento comum, aquilo que comumente se acreditava, no
começo do século dezenove, sobre os aborígines americanos. Esta crença incluía muitas
idéias erradas de que índios seriam descendentes das Tribos Perdidas de Israel e que eles
teriam desenvolvido, em algum momento no passado, um alto grau de civilização.

Este conhecimento comum foi bem sintetizado, quase na forma de um livro de bolso, num
livro do Reverendo Ethan Smith. Este trabalho, View of the Hebrews (Uma Visão sobre os
Hebreus), estava impresso em sua segunda e ampliada edição cinco anos antes do Livro de
Mórmon ser publicado. Além disso, foi publicado na mesma cidade pequena onde Oliver
Cowdery vivia. Cowdery era um primo de Joseph Smith Jr. e seu assistente na produção do
Livro de Mórmon. Numa análise ao longo de aproximadamente 100 páginas, Roberts
mostra que o livro de Ethan Smith contém praticamente a "base do plano" do Livro de
Mórmon (Studies, p. 240; 151-242), indicando que Joseph Smith plagiara a história fictícia
de Ethan, não sendo, portanto, a revelação de um anjo.

Ambos os livros apresentam os nativos da América como Hebreus que vieram do Velho
Mundo. Os dois alegam ter havido uma parte desmembrada do grupo civilizado e que se
degenerou para uma condição selvagem. A porção selvagem teria destruído completamente
a única civilizada após longas e terríveis guerras. Ambos os livros atribuem ao ramo
civilizado uma cultura da Idade do Ferro. Os dois representam estes colonizadores do Novo
Mundo como outrora havendo tido um Livro de Deus, uma compreensão do evangelho e a
figura de um messias branco que os havia visitado. Ambos consideram os Gentios
Americanos como tendo sido escolhidos por profecia para pregar o evangelho aos índios
que eram remanescentes dos antigos Hebreus Americanos. Roberts, causando preocupação
a seus próprios colegas mórmons, faz perguntas incômodas concernentes a este e outros
paralelos que ele encontrou: Pode tão numerosos e surpreendentes pontos de semelhança e
sugestivo contato ser mera coincidência? (Studies, p. 242).
33

Como seu terceiro ponto principal, Roberts estabelece o fato (usando exclusivamente fontes
Mórmons) de que Joseph Smith tinha imaginação suficiente para ter produzido o Livro de
Mórmon. Ele descreve a criatividade de Smith como sendo tão forte e variada quanto a de
Shakespeare, e não deve ser dado a suas histórias mais crédito do que o que pode ser dado
…s do bardo inglês (Studies, p. 244).

Roberts fundamenta sua tese sobre a origem humana do Livro de Mórmon com uma
discussão de 115 páginas sobre erros resultantes da mente não-treinada, contudo criativa, de
Joseph Smith. Roberts aponta para a impossibilidade da jornada de três dias de Lehi de
Jerusalém até a costa do Mar Vermelho uma viagem de 170 milhas a pé, com mulheres e
crianças junto. Ele cita seu desembarque na América, a terra escolhida entre todas as outras,
onde eles inexplicavelmente encontraram animais domesticados — "vacas, bois, asnos,
cavalos, cabras, cabras monteses" (1 Nefi 18:25). Roberts encontra uma repetição
amadorística do mesmo enredo da história, mudando apenas os personagens. O Livro, ele
chama a atenção, tenta exceder os milagres da Bíblia e apresenta algumas incríveis cenas de
batalhas. Em um momento, 2060 adolescentes lutaram em guerras por um período de mais
de 4 a 5 anos sem que nenhum deles tenha sido morto (Alma 56-58). Isto levou Roberts a
perguntar:

"Tudo isto é uma história coerente... ou trata-se de um conto maravilhoso de uma mente
imatura, inconsciente do quanto ele está exigindo da credulidade humana quando pede que
homens aceitem sua narrativa como uma história verídica?" (Studies, p. 283).

A questão surge para não ter nenhuma resposta. Roberts também mostra que o típico do
reavivalismo da época de Smith são os desmaios e transes religiosos encontrados repetidas
vezes no Livro de Mórmon. Neste ponto o manuscrito de Roberts cessa, mas não antes de
nos tornar conscientes de como o Livro de Mórmon depende da cultura e da forma de
pensamento da época em que foi escrito no que diz respeito ao conteúdo e estilo (Studies, p.
308).

A Biblia Na Versao King James (Rei Tiago) Plagiada

Logo a seguir, bem nos calcanhares da análise de Roberts, há um estudo de H. Michael


Marquardt, demonstrando, através de evidência muito forte, que a Bíblia na versão do Rei
Tiago (uma das traduções mais bem aceitas e usadas em inglês) foi usada na composição do
Livro de Mórmon.

Marquardt mostra que a parte do Livro de Mórmon que supostamente teria sido escrita
durante o período do Velho Testamento é literalmente temperada com frases e citações da
tradução do Rei Tiago do Novo Testamento (ele lista 200 exemplos). Até as profecias que
aparecem nesta parte apresentam as mesmas palavras que são usadas no Novo Testamento
da Bíblia. Eis alguns dos muitos paralelos, indicando plágio: João Batista, por exemplo, é
predito para vir e preparar o caminho para Um que é mais poderoso do que eu (1 Nefi
10:8/Lucas 3:16), de quem não sou digno de desatar a correia dos sapatos (1 Nefi 10:8/João
1:27). Semelhantemente, haverá um rebanho e um Pastor (1 Nefi 22:25/Jo o 10:16) e uma
fé e um batismo (Mosíah 18:21/Efésios 4:5).
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E mais, a vida e o ministério de Alma no período do Velho Testamento do Livro de


Mórmon são virtualmente uma cópia da vida do apóstolo Paulo. Até as mesmas expressões
tipicamente paulinas são encontrados nos lábios de Alma: fé, esperança e caridade (Alma
7:24/1 Coríntios 13:13), o poder de Cristo para a salvação (Alma 15:6/Romanos 1:16), sem
Deus no mundo (Alma 41:11/Efésios 2:12) etc.

Desarmonia Bíblica

Os que crêem no Livro de Mórmon têm tentado justificar tais anacronismos dizendo que,
em traduções, quando a frase era suficientemente parecida com uma da Bíblia em inglês,
Smith simplesmente empregou a frase bíblica familiar. Esta explicação não justifica, já que
não são usadas apenas frases do Novo Testamento, mas em muitas instâncias a
interpretação neotestamentária da parte do livro de Mórmon dita como sendo do tempo do
Velho Testamento é também adotada e, ainda, aumentada.

Por exemplo, além da interpretação do Novo Testamento colocando Melquisedeque como


um tipo de Cristo ter sido adotada, ainda foi aumentada, na porção do Velho Testamento do
Livro de Mórmon, para incluir uma ordem inteira de sacerdotes depois da ordem de seu
Filho , e uma explicação foi adicionada sobre porque Melquisedeque foi chamado Rei de
Justiça e Rei de Paz (Alma 12 & 13; cf. Heb. 7:2). Dessa forma, o material do Novo
Testamento tem se tornado parte integrante do texto do Livro de Mórmon. Os conceitos do
Novo Testamento, e não somente frases ocasionais, tem sido transportados para dentro da
parte do Livro de Mórmon correspondente ao Velho Testamento. Como resultado, isso não
é um caso de desdobramento gradual de doutrina como encontramos na Bíblia. No Livro de
Mórmon, o Cristianismo é conhecido e maduro já desde a construção da Torre de Babel.

Mais ainda, o Livro de Mórmon ocasionalmente comete erros graves em seu uso do
material bíblico. Na Bíblia, por exemplo, em Atos 3:22 Pedro faz uma paráfrase das
palavras ditas por Moisés em Deuteronômio 18:15,18. Contudo, no Livro de Mórmon, em 1
Nefi 22:20, as palavras de Pedro são equivocadamente referidas como palavras literais de
Moisés, parecendo indicar que alguém copiou o trecho de Atos para a parte do Livro de
Mórmon que dizem ter sido escrita na época do Velho Testamento, em vez de copiar o
trecho de Deuteronômio. O provável copista, que não conhecia a Bíblia tão bem quanto
pensava e sem se preocupar em averiguar se os termos usados por Pedro eram exatamente
aqueles ditos por Moisés em Deuteronômio, acabou por comprometer a chance que ele
queria de fazer com que os leitores acreditassem que aquela parte do Livro de Mórmon
seria uma escritura original, antiga, do tempo do Velho Testamento. Do mesmo jeito, as
palavras de Malaquias 4:1, na Bíblia, aparecem em 1 Nefi 22:15, no Livro de Mórmon. Só
que, de acordo com os mórmons, 1 Nefi teria sido escrito numa época mais de cem anos
anterior … que Malaquias teria escrito seu livro bíblico, o que aponta para mais um caso
em que o escritor do Livro de Mórmon teria copiado textos da Bíblia e que a data atribuída
pelos mórmons a 1 Nefi não pode ser verdadeira.

Na segunda parte de seu estudo, Marquardt aponta outro material recente, o qual foi usado
no Livro de Mórmon. Uma variedade do patriotismo americano da Nova Inglaterra e a
manifestação anti-Maçônica ocorrida próxima … casa de Smith em 1827 são fatos
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contemporâneos que curiosamente parecem ter influenciado a redação do Livro, embora os


Mórmons insistam em atribuir ao mesmo uma origem antiga.

Mais evidentes ainda são os eventos da própria vida de Smith incluídos em seu trabalho.
Martin Harris, uma testemunha do Livro de Mórmon, fez uma visita a intelectuais na cidade
de Nova Iorque para checar a habilidade de tradução de Smith. Tal visita aparece no Livro
de Mórmon como uma predição, porém já foi provado que ela só foi realmente escrita no
Livro depois de Martin retornar de sua viagem. E Smith adicionou uma profecia sobre ele
mesmo como tendo sido chamado para ser o tradutor dos registros Mórmons (2 Nefi 3:11-
15). Quão fácil é fazer profecias depois do evento já haver acontecido.

O Golpe Final

Talvez mais prejudicial de tudo seja a maneira como o Livro de Mórmon confunde a Velha
e a Nova Aliança. O livro enfatiza que antes da vinda de Cristo os fiéis guardavam a lei de
Moisés, mas também estabeleciam igrejas, ensinavam e praticavam o batismo cristão e
agiam de acordo com doutrinas e eventos do Novo Testamento ( 2 Nefi 9:23 e Mosíah
18:17). Ora, é bíblica e historicamente comprovado que o conceito de igreja foi trazido por
Jesus, e só faz sentido com Ele, já que a igreja é o corpo de Cristo e Ele é o Cabeça. As
primeiras igrejas foram fundadas pelos apóstolos, e isso não existia no Velho Testamento.
O desdobramento gradual dos temas teológicos tão evidentes na Bíblia estão
completamente ausentes no Livro de Mórmon. Na Bíblia a Velha Aliança é tirada para
estabelecer a Nova Aliança (Hebreus 10:9). O Livro de Mórmon rompe esta ordem divina e
mistura as alianças e suas ordenanças. O livro também usa linguajar típico do reavivalismo
protestante e idéias contemporâneas da época de Smith. Tudo isso faz com que o Livro de
Mórmon seja visto como se fosse portador de uma mensagem mais simples e mais
contextualizada do que a Bíblia, mas somente para alguém que tem quase nenhum ou
nenhum conhecimento das Sagradas Escrituras de Deus.

Entretanto, um exame cuidadoso deste Livro de Mórmon, cuja teologia tem sido, em grande
parte, negligenciada pela própria Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, prova
que realmente é uma peça de ficção sobre os primórdios da América. Através dos textos
tomados emprestados da Bíblia e do material contemporâneo, e sua imitação do estilo de
linguagem da Bíblia King James, constituiu-se num poderoso atrativo para os sedentos de
novidades em religião daquele tempo. Uma avaliação cuidadosa, no entanto, mostra
claramente que não é, em nenhum sentido, uma revelação autêntica de Deus.

— Wesley P. Walters
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Ezequiel 37 Prediz O Livro De Mórmon?


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De acordo com a Igreja Mórmon, Ezequiel 37:16-17 prediz a vinda do Livro de Mórmon.
Os versos seguem abaixo:

Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e pelos
filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele: Por
José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros. E ajunta um ao outro,
para que se unam, e se tornem um só na tua mão.

A Igreja Mórmon afirma que os pedaços de madeira mencionados nessa passagem referem-
se aos rolos que antigamente eram envolvidos em pedaços de pau. Eles dizem que a “vara
de Judá” refere-se à Bíblia e a “vara de José” refere-se ao Livro de Mórmon. As duas varas
tornando-se uma só simbolizam a Bíblia e o Livro de Mórmon juntos como um
complemento das Escrituras.

Um exame cuidadoso dessa passagem revela sérios problemas de interpretação. Em


primeiro lugar, na Bíblia Judaica (Velho Testamento) , a palavra “vara”, traduzida do
hebraico, sempre refere-se à madeira e nunca é usada, nem mesmo no sentido figurado,
para significar um rolo ou livro. Por isso, nada nesses versos sugerem um livro ou um rolo.

Em segundo lugar, a interpretação da Igreja Mórmon ignora o contexto histórico da


mensagem de Ezequiel. No tempo do profeta Ezequiel (século 6 a.C), a nação de Israel
estava um caos. Logo após o tempo de Salomão, Israel foi dividido em dois reinos. As dez
tribos do norte, desde então, chamadas de Israel, tinham sido há pouco tempo levadas
cativas pela nação da Assíria em 722/ 723 a.C. As duas tribos do sul ( o reino de Judá)
foram levadas em cativeiro pelos Babilônios (583- 603 a.C). A dissolução do escolhido
povo de Deus foi extremamente dolorosa para o remanescente dos fiéis seguidores hebreus.
Parecia que as promessas de Deus tinham falhado. Este é o cenário para o capítulo 37.

Então, qual era a mensagem de Ezequiel para os ameaçados fiéis hebreus? No meio do seu
desespero e dor, Ezequiel dá uma mensagem de conforto e esperança de Deus em duas
partes. Esta parte (versos 1-14) contém a bem conhecida visão do vale de ossos secos.
Através desta visão, o Deus de Israel promete assoprar nova vida à nação espalhada e seca
de Israel e trazer o povo de volta à sua terra. Para aqueles que leram essa passagem, é um
quadro assombroso com esses ossos secos sendo milagrosamente trazidos à vida.

Logo, nos versos 15-22, Deus promete uma restauração futura para toda a nação e anuncia
que um dia o reino do norte, chamado José, e o reino do sul, chamado Judá seriam mais
uma vez um Israel unido.

É aqui que encontramos o significado das varas colocadas juntas em Ezequiel 37: 15-22.
No verso 16, Ezequiel é impelido a escrever em um pedaço de madeira “Por Judá, e pelos
filhos de Israel, seus companheiros”. O primeiro pedaço de madeira representava o reino do
sul ou Judá. Na segunda vara, ou pedaço de madeira, Ezequiel foi mandado escrever “ Por
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José, a vara de Efraim, e por todos da casa de Israel e seus companheiros”. Este representou
o reino do norte chamado Israel.

Deus, então, diz a Ezequiel, no verso 17, para ajuntar os dois pedaços de madeira para que
se tornem um só na mão de Ezequiel. Ao fazer isso, Deus está dizendo que ele juntará de
volta o seu dizimado e dividido povo. Por isso, o significado das duas madeiras serem
colocadas juntas é estabelecido muito explicitamente nos versos 21 e 22.

“Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre
as nações, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra.
E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles; e
nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.”

A profecia de Ezequiel 37:16-17 tem um contexto histórico específico. É uma previsão da


união futura do comprometido povo de Deus. A tentativa da Igreja Mórmon em fazer desta
passagem uma previsão relacionada ao Livro de Mórmon viola o contexto gramatical,
histórico e claro da passagem. Sendo assim, é uma interpretação enganosa dessa passagem
bíblica.

— Joel B. Groat

—Traduzido por Andrea Figueiredo de Oliveira

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