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Recursos e Técnicas Terapêuticas Sistêmicas

Marisa Verdolin
Técnicas de Meditação
Meditação na Respiração
Sentado de pernas cruzadas num lugar tranquilo, feche os olhos e fixe a atenção no fluxo do ar que entra e sai de seus pulmões.
Meditação no Som Primordial
Consiste na respiração de um som chamado primordial, que está relacionado com a hora,
a data e o lugar em que você nasceu.
Meditação Zen-Budista
Ao caminhar, conte os passos e sincronize-os com a respiração.
Meditação Raja Yoga
Sentado numa posição confortável e de olhos abertos,
mentalize aspectos positivos da natureza humana,
como os sentimentos de bondade, generosidade, compaixão e amor.
Meditação Transcendental
Não requer concentração ou contemplação;
é baseada na repetição de um som pessoal só conhecido pelo iniciado.
Meditação Cristã
Está baseada na repetição de um mantra.
O mais usado é “M A R A N A T H A” (em aramaico = “Vem, Senhor!”)
Meditação Dinâmica
Mescla elementos de várias culturas e usa dança, sons e movimentos.
Meditação Self
Tem o objetivo de disseminar práticas que levem seus praticantes
a atingir a experiência pessoal e direta com Deus.

Existem várias técnicas para se mergulhar neste estado de introspecção que é a Meditação. Qual delas é a melhor?
Não é a técnica que importa e sim a sua decisão de fazer uma mudança de postura perante a vida, pois meditação não é uma
ação, e sim um estado de espírito.
Yuri Vasconcelos
Recursos Terapêuticos na Terapia Sistêmica

Philip Barker

Os terapeutas sistêmicos têm como objetivo provocar a mudança


através do trabalho de alteração de funcionamento do sistema
(indivíduo, casal ou família). Para a sua maioria o essencial não é a
psicopatologia dos elementos, embora alguns considerem desejável
que ela também seja tomada em consideração. A adoção da
perspectiva sistêmica é uma forma de redefinição na medida em que a
atenção se vira dos “problemas” para a funcionalidade do sistema em
sua globalidade.
A terapia sistêmica se dirige ao sistema com um todo : indivíduo e suas
interações, casal e a relação que estabelecem entre si, e família a
interação entre todos os elementos que a constituem. Um dos
principais objetivos das terapias sistêmicas, seja de que abordagem for,
é propiciar oportunidades para que o sistema (indivíduo, casal ou
família), desenvolva seu potencial através de aprendizagem.
Já vimos que o aprendizado se dá através das mudanças de segunda
ordem, e que as mudanças de primeira ordem abrangem a esfera do
comportamento, que embora sejam desejáveis e necessárias, muitas
vezes não são suficientes para se obterem soluções de questões
impeditivas do desenvolvimento de um sistema no processo
terapêutico.
Para se obter o resultado terapêutico de promoção ou retomada do
desenvolvimento de um sistema faz-se necessário promover
mudanças de segunda ordem, que implicam em alterações de
perspectivas e mudanças de atitude.

Os métodos diretos de se promover a mudança são, por vezes,


eficazes, mas incapazes, com frequência, de provocar as mudanças
almejadas. Então, tornam-se necessários métodos indiretos ou
estratégicos.

O terapeuta sistêmico elabora uma estratégia ou plano destinado a


provocar as mudanças desejáveis e/ou desejadas. Mesmo que a
estratégia não seja eficaz, terá ainda assim adquirido novas
informações sobre o sistema o que o ajudará a planejar suas
intervenções.

Esse processo poderá ser repetido diversas vezes. Há um número


infinito de estratégias terapêuticas possíveis; a gama de intervenções a
que se tem acesso só se confina aos limites da imaginação e
criatividade do terapeuta. Elas não são excludentes mutuamente e só
dependem da habilidade, objetividade e fundamentação teórica do
terapeuta para serem utilizadas.
Técnicas e Recursos de Intervenção Terapêutica

O terapeuta sistêmico em suas diversas possibilidades de abordagem, conta com inúmeros recursos e técnicas
para auxiliá-lo em seu trabalho. Insistimos porém no entendimento de que a utilização dos mesmos fará
sentido desde que o terapeuta encare a família, o casal ou o indivíduo do ponto de vista sistêmico.

Exemplos de Intervenções Estratégicas

Desenvolvimento de Habilidades Conversacionais Redefinição e Conotação Positiva do Problema


Comunicação Metafórica Injunções Paradoxais ou Prescrição do Sintoma
Rituais ou Tarefas Ritualizadas Declaração da Impotência Terapêutica

Prescrição de Terapia Interminável Humor


Coro Grego Equipe Reflexiva
Debate Externalização do Problema

Narrativas Terapêuticas Histórias


Entrevista de Intervenção Escultura
Role Playing Visualização de Vídeos das Sessões

Tarefas Estratégicas Psicodrama


Jogo de areia Linha do tempo
Perguntas Terapia de Rede Genograma
Desenvolvimento de Habilidades Conversacionais

Habilidades conversacionais podem favorecer o relacionamento humano em geral e a falta delas pode
prejudicar seriamente os relacionamentos. Muitas vezes a maior ajuda que o terapeuta pode oferecer ao
indivíduo, casal ou família, é a oportunidade de desenvolver habilidades de comunicação.
Através da atenção direcionada para o processo conversacional entre as pessoas em atendimento ( como se
comunicam) , e não necessariamente para o conteúdo de suas falas, o terapeuta interrompe uma pessoa que
fala de maneira confusa e desorientadora , salientado isto e propondo-lhe regras de comunicação claras e
objetivas.

Habilidade de Expressar seu próprio sentimento

As pessoas devem falar na primeira pessoa do singular quando dizem o que pensam.
Exemplo:
Se um marido diz: “nós sempre gostamos dos namorados da Cecília”.
O terapeuta interrompe e diz: “eu gostaria que você falasse por si mesmo; depois sua mulher poderá dizer o
que ela pensa”.
Marido: “mas nós sempre concordamos sobre essas coisas”.
Terapeuta: “talvez, mas você é o perito no que se refere ao que você sente. Fale por si apenas e deixe sua
mulher falar por ela mesma”.
Opiniões e julgamentos devem ser reconhecidos como tal, não como fatos.
Admitir perspectivas pessoais, como tal, é um passo necessário para discuti-las de maneira que permita
diferenças legítimas de opinião.
Exemplo:
Se uma mulher diz: “as pessoas não deviam querer fazer coisas sem os filhos”.
O terapeuta pode dizer: “então, você gosta de levar as crianças junto quando você
e seu marido saem?”
Mulher: “bem, sim, não é assim que todo mundo faz?”
Terapeuta: “eu não; eu gosto de sair só nós dois, de vez em quando.”

As pessoas devem falar diretamente “com” e não “sobre” as outras.


Exemplo:
Se uma adolescente diz ao terapeuta: “minha mãe sempre tem
de estar com a razão. Não é assim, pai?”
O terapeuta deve perguntar: “você diria isto a ela?”
Adolescente: “eu já disse, mas ela não escuta.”
Terapeuta: “diga novamente”.
Adolescente, para a mãe: “as vezes eu sinto... (volta-se novamente para o terapeuta) Oh, de que adianta?”
Terapeuta: “eu acho que é difícil , mas aqui eu espero que possam aprender a falar diretamente uns com os
outros, de modo que ninguém vai desistir de falar o que quer.”
Habilidade da Resposta Empática

As pessoas devem-se dispor a uma atitude receptiva na conversação, escutando e entendendo os sentimentos
e motivos do outro.
Da mesma forma que uma pessoa deseja o reconhecimento da validade de seus sentimentos, ela deve
considerar que a outra pessoa também espera que seus sentimentos sejam legitimados.
Sentimento é espontâneo e por isto legítimo. Ninguém pode pretender ter controle e julgamento sobre seus
próprios sentimentos ou sobre os sentimentos do outro.
Não compete a ninguém aceitar o que o outro sente, ou admitir a adequação do
sentimento do outro; muito menos ninguém tem competência ou autoridade para
questionar a justeza ou adequação do sentimento do outro.
Seja qual for o sentimento do outro ele é legítimo; assim como o seu próprio.
Sentimento não obedece regras de adequação. Ele se manifesta internamente e
pronto. Então a habilidade de ouvir o outro e validar seus sentimentos e motivos é
preciosa para quem quer cuidar de uma relação.

Exemplo:
Um filho diz ao pai: “não me sinto à vontade na casa dos seus pais.”
O pai fica furioso e o interrompe: “eu não admito que você diga isto; meus pais são até bobos de tanto que
tentam te agradar.”
O terapeuta intervém: “ o que seu filho está dizendo é um sentimento dele; e sentimento é uma coisa que ocorre
dentro da pessoa e ninguém, nem mesmo ela própria consegue impedi-lo. Não compete a você admitir ou não
que ele se sinta assim. A única coisa que você pode fazer em relação a isto é identificar seus próprios
sentimentos em relação a isto que você ouviu dele. Deixe que ele complete seu raciocínio e depois você poderá
dizer a ele como se sentiu ouvindo-o e como entendeu o que ele disse.”
Habilidade de “Com-Versar”

Esta é uma habilidade que leva a atitudes de discussão/negociação/engajamento na relação entre as pessoas –
requer o aprendizado do verdadeiro significado do conceito conversar = é uma ação conjunta, “com o outro” –
implica em primordialmente escutar o que o outro diz e transmitir o entendimento que se teve do significado
do que foi ouvido.
Ouvir, esclarecer para entender, validar, dar razão ao outro; depois apresentar a sua versão, compreensão
sobre o mesmo fato. Ambos trocarão opiniões sobre os pontos de divergência, falando cada um de uma vez,
ajudando o outro a entender seu ponto de vista.
Finalmente, ambos vão fazer propostas de acordo sobre o que têm opinião diferente, levando em conta que
acordo é uma solução que fique boa para os dois envolvidos e não para um mais do que para o outro. As
propostas de acordo devem ser plausíveis e aceitáveis; não devem ser ambíguas e ferirem a dignidade de um
dos envolvidos.
Exemplo
Se um casal tem a tendência a “bater boca” nas sessões de terapia, insistindo em trazer múltiplos exemplos
do mesmo: de como é difícil a comunicação objetiva e efetiva entre eles, o terapeuta deve estabelecer regras
para evitar estes discussões inócuas :
que eles se sentem frente a frente;
que apenas um fale de cada vez, e ao falar olhe o outro nos olhos;
o que estiver ouvindo deve também manter seu olhar atento e interessado;
depois de ouvir, este deve expressar ao primeiro o que entendeu do que ele disse;
se houver dúvida ou mal entendido, ambos devem buscar esclarecer, sempre um ouvindo
quando o outro estiver falando.
O terapeuta deve coordenar cada um destes passos da conversação para que eles
entendam que conversar é falar “com” o outro e não “para” “por” ou “sobre” ele.
O desenvolvimento de muitas outras habilidade comunicacionais deve merecer o empenho do terapeuta:
habilidade de transformar queixas e acusações em solicitações e propostas objetivas;
habilidade para agradecer, elogiar e validar atitudes positivas ao invés de desacreditá-las e desqualificá-las por
serem diferentes das usuais;
habilidade de preservar assuntos íntimos que envolvam duas ou mais pessoas , evitando discuti-los ou nomeá-
los em público;
habilidade para aguardar o momento mais oportuno para tratar de certos assuntos de maneira construtiva;
habilidade de evitar discutir problemas e conflitos, em momentos agradáveis, de repouso, de alimentação , de
confraternização, respeitando-os e preservando-os.

Obs:

Proponho que você sugira em nosso fórum de discussões outras habilidades comunicacionais que julgar
importantes, bem como regras para facilitar seu desenvolvimento.
Marisa Verdolin
Exercícios de Desenvolvimento de Habilidades de Conversação

1 - Propor que o casal (ou família) converse sobre algum fato ocorrido entre eles seguindo o seguinte “roteiro”
(na sessão ou para casa):
- Que bom que .............(cada um vai expressar os pontos positivos, o que se aprendeu, o que valeu na
experiência vivida – o benefício)
- Que pena que.............(cada um vai expressar os pontos negativos, o que doeu, o que não evoluiu, o preço que
pagou na experiência vivida – o custo )
- Que tal se ............(cada um vai sugerir ações, atitudes, mudanças, cuidados, alternativas, etc. para que
possam lidar no futuro com desafios afins)

2 - “Estratégia de Repercussão Positiva”


Diante de discussões em que usualmente as pessoas recorrem aos
quatro padrões de comunicação mais perturbadores de nossa cultura:
(crítica, acusação, desvalorização das qualidades do outro e necessidade
de afirmação do poder), o terapeuta deve propor que desenvolvam
novas habilidades para mudar o padrão de resposta alterando assim as
regras do jogo (disputa de poder) e abrindo oportunidades de diálogo
criativo e negociação.

Inicialmente o terapeuta explica os conceitos e esclarece dúvidas com os envolvidos sobre este tema (pode dar
um texto para lerem à respeito ou pode explicar verbalmente) e depois propõe que exercitem, nas sessões e
em casa.
Crítica:

A maioria das pessoas não lida bem com críticas.


Evite emitir crítica à pessoa ou sobre ela com terceiros.
Se não puder evitar ouvir crítica sobre alguém, pelo menos não “dê corda”
não faça comentários, não passe adiante; silencie.
O terapeuta deve esclarecer que criticar é focar no erro, no problema;
e incentivar as pessoas que quando tiverem uma crítica a fazer, mudem o foco e pensem na solução;
transformem a crítica em sugestão.
O terapeuta deve ficar atento aos temas trazidos às sessões e criar oportunidades de treinar esta habilidade.

Queixa ou Acusação:

Em geral a pessoa que faz uma queixa ou uma acusação está se sentindo
sobrecarregada, incompetente, incapacitada diante de uma situação. Acusar ou
queixar é uma forma desajeitada de pedir ajuda.
O terapeuta deve incentivar as pessoas a evitarem fazer acusações diretas e
indiretas (acusar a pessoa na ausência dela, com uma terceira) e a se recusarem a
ouvir acusações sobre alguém.
Deve propor que quando elas sentirem a ”tentação” de acusar alguém, tentem refletir sobre que ajuda elas
estão necessitando, sobre o que estão se sentindo sobrecarregadas, impotentes ou incapazes.
Deve aproveitar as sessões terapêuticas para observar e ajudá-las a detectarem queixas e acusações na
comunicação entre elas.
Quando estas ocorrerem, o terapeuta deve estimular as pessoas a se questionarem sobre o que estão
precisando e fazerem o mesmo em relação ao outro.
Desvalorização das Qualidades (desqualificação):

Presumir que existem pessoas melhores que outras nos leva a atitude
presunçosa de emitir juízo de valor a respeito dos nossos semelhantes.
O resultado da adoção desta premissa é a tendência a focar nossa
atenção nas diferenças que consideramos defeitos e a ignorar as
habilidades da pessoa na medida em que convivemos com ela.

Focando nos defeitos, tratamos a pessoa como parte e não como inteiro
(ela se torna o seu defeito).
Desqualificar é uma das formas mais comuns de violência psicológica.
Tem efeito letal como o raio laser: atinge com precisão a autoestima do
outro.

Para exercitar a mudança de premissa neste sentido o terapeuta pode sugerir que as pessoas enumerem, por
escrito, qualidades dos outros e propor que conversem sobre elas no encontro terapêutico. Cada um deve
dizer ao outro as qualidades que observa nele e exemplificar citando situações em que ela pode ser observada;
pode dizer ainda como se sente em relação ao outro quando observa que este está demonstrando a tal
qualidade.

Sugerir que cada um cuide de enumerar as qualidades dos outros quando falar sobre eles com terceiros e
sempre que for oportuno, evitando nomear seus defeitos.
Necessidade de Autoafirmação (poder):

A necessidade de se afirmar pode estar por trás de atitudes aparentemente de


ajuda: Tomar-se a iniciativa pelo outro, “resolver” questões do outro, propor
soluções para questões do outro, etc. muitas vezes pode causar neste a sensação
de incompetência, e inutilidade.
Pode patrocinar uma relação de dependência em que o outro não se autoriza a
buscar suas próprias alternativas, pois elas nunca serão mais eficazes e inteligentes
do que a do seu “ajudador oficial”.
Antecipar-se para resolver questões do outro, tomar para si as soluções de
situações difíceis dele, além de sobrecarregarem o “generoso” dão-lhe a falsa
sensação de alívio às suas próprias ansiedades e necessidade de autoafirmação.
A disponibilidade de ajudar o outro em suas questões deve estar condicionada a:
solicitação explícita, autorização para fazê-lo, respeito à opinião diferente,
reconhecimento da qualificação do outro, e principalmente à atitude de agir
verdadeiramente para colaborar com o outro e não fazê-lo pelo outro e não para se
sentir poderoso e mais capacitado do que o outro, e poder tirar proveito disto
conforme sua conveniência.

O terapeuta deve propor que as pessoas conversem sobre as situações em que


necessitam de ajuda, como costumam agir nestas circunstâncias, como solicitam
ajuda, como se sentem nestas circunstâncias, como gostariam de ser ouvidos e
ajudados, como se dispõem a ajudar e apresentar questionamentos que possam
motivá-los a desenvolverem atitudes efetivas de ajuda mútua, o que pode resultar
em mudança do padrão de competição para o de cooperação entre elas.
Redefinição e Conotação Positiva do Problema

Para se fazer a conotação positiva de um problema é necessário redefini-lo; conotar positivamente um


problema implica em atribuir motivos nobres ao comportamento sintomático que é trazido como queixa ao
terapeuta.
Assim, se o terapeuta redefine o “comportamento difícil e problemático” do filho, afirmando aos pais que
“está sendo muito difícil para vocês encontrar formas eficazes de lidar com o “fulano” e controlar seu
comportamento”, será mais provável que eles aceitem a conotação de que esses comportamentos são uma
maneira encontrada pelo filho para mantê-los unidos por uma mesma causa.
Então não é o comportamento sintomático em si que é conotado positivamente, mas a intenção que está por
trás dele.
Comunicação Metafórica

A metáfora oferece muitas oportunidades para a comunicação indireta de idéias e


intervenções indiretas em terapia. O terapeuta pode responder perguntas dos
clientes através de uma história cujo sentido, trate de alguma forma da questão
levantada.
Os meios metafóricos a serem utilizados em terapia podem ser:
- histórias principais - destinam-se a lidar de forma abrangente com situações
clínicas complexas.

- piadas e pequenas histórias - destinam-se a alcançar objetivos específicos e


limitados.

- analogias, alegorias, afirmações curtas, ditados, provérbios ou frases


metafóricas - ilustram ou sublinham pontos específicos.

- metáforas relacionais - a discussão de uma relação entre duas pessoas serve de


metáfora para a relação entre duas pessoas da família, ou de uma delas com o
terapeuta, etc.

- objetos metafóricos - são objetos usados na sessão de terapia para representar


alguma coisa que não são na realidade. Ex. envelope contendo uma folha de
papel em branco para representar o segredo da família.

- metáforas artísticas - desenho, pintura, escultura, etc. que representem um


estado emocional uma experiência ou outra coisa com significado no processo
terapêutico. Este desenho , ou outra forma artística torna-se a metáfora dos
sentimentos que as pessoas tem dificuldade de expressar por meio de palavras.
Injunções Paradoxais ou Prescrição do Sintoma

São diretivas ou sugestões para que a pessoa continue com seu


comportamento sintomático. São úteis quando as injunções diretas
falharem. Elas devolvem à pessoa a responsabilidade pelo sintoma. São
especialmente indicadas para casos em que o cliente entra em confronto
com o terapeuta; é raro que o terapeuta consiga ganhar alguma coisa
quando entra em disputa simétrica com o cliente.

Exemplos de transações disfuncionais em que a intervenção paradoxal é


particularmente apropriada:
- quando os membros do sistema em terapia se relacionam expressamente
uns com os outros através de brigas e implicâncias manifestas.

Prescreve-se, por exemplo, e que eles combinem um horário para brigarem


e implicarem 3 vezes por semana.

- quando os membros do sistema em terapia demonstram indisponibilidade


para executar tarefas prescritas; é uma forma sutil de manifestarem a
agressividade através de uma adesão mútua verbal contrariando uma
destruição não verbal.

O terapeuta prescreve uma tarefa dizendo que o faz sabendo que eles não
vão executá-la.
- sistema rigidamente resistente, onde a despeito das diversas intervenções, mantém-se o mesmo padrão
relacional.

O terapeuta deve prescrever tarefas que reflitam exatamente os comportamentos enrijecidos, com a clara
intenção de eles mantenham o mesmo padrão já costumeiro de relação.

- quando o sistema demonstra a premissa “dividir para vencer” – onde os membros do sistema tem grande
habilidade de polarizar as opiniões e tirar o máximo proveito desta situação.

O terapeuta pode prescrever que o grupo se divida e defenda posições antagônicas ficando proibido chegarem
a um consenso ou acordo.

- quando a comunicação é usada para desqualificar, como a autocontradição, inconsistência, mudança de


sujeito, afirmações críticas e metáforas para evitar definir e enfrentar abertamente os problemas.

Pode-se prescrever que discutam algum tema pertinente definindo que cada um assuma determinada postura
durante a discussão (postura que já lhe seja peculiar) que dificulte a comunicação e a busca de solução para a
questão.

(a utilização do paradoxo em terapia é um grande desafio para o terapeuta e sua eficácia depende de alguns
requisitos entre os quais perícia do terapeuta, sintonia de objetivos entre ele e o cliente, conhecimento dos
“princípios básicos” para aplicação do método de acordo com a sequencia de passos, etc.)
Rituais ou Tarefas Ritualizadas

Muitos terapeutas usam a marcação de tarefas e o desempenho


de rituais
como meios de promover a mudança. Acredita-se que os rituais
sejam um
poderoso componente da vida familiar e que este componente
seja fundamental
para a identidade da família. Proporcionar novos rituais e alterar
os já existentes será então, um meio eficaz de se provocar a
mudança. A ritualização das tarefas marcadas que fazem parte
de um plano terapêutico estratégico ajudará a assegurar a
respectiva execução. Os rituais ou tarefas ritualizadas podem ser
utilizados terapeuticamente para ajudar as pessoas a transitar de
uma fase de evolução para outra assim como para preparar as
pessoas para anunciar publicamente suas mudanças, novas
relações, término de uma etapa, etc. o que muitas vezes é o
objetivo da terapia.

Os rituais familiares já existentes podem ser de:


Celebrações – casamentos, batizados, celebrações religiosas
diversas, funerais, homenagens, etc.
Tradições – (específicas de cada família) férias, viagens, visitas à
família extensa, reuniões familiares, aniversários, etc.
Interações padronizadas e rotineiras – (sem planejamento consciente muitas
vezes) hora de jantar, rotina de deitar as crianças, modo habitual de receber
visitas, lazer, fim de semana, etc.

Para utilização do recurso da prescrição de tarefas ritualizadas, o terapeuta


poderá aproveitar os rituais que a família já pratica, introduzindo alterações, ou
criar novas tarefas específicas para a finalidade terapêutica visada. Para tanto
deverá identificar os rituais da família, bem como definir os temas a serem
trabalhados (pertença, cura, identidade, expressão e/ou negociação de crenças,
celebração, etc.).

É necessário que ele tenha clareza dos objetivos a que os rituais podem servir,
para que sua prescrição faça sentido e motive a família. Muitas vezes o terapeuta
deverá criar rituais para auxiliar a família lidar com circunstâncias inusitadas e
excepcionais para ela (morte, doença, despedida, separação, nascimento,
adoção, recasamento, etc.).

Em geral os rituais têm um significado simbólico ou metafórico, e incluem


prescrições em relação à dose, frequência, responsabilidades, início, meio e fim,
etc.
Podem ser utilizados em qualquer fase do processo terapêutico, inclusive na
finalização podendo ser oferecido aos clientes como uma espécie de recurso
permanente que levarão consigo.
Declaração da Impotência Terapêutica

Trata-se da utilização da intervenção paradoxal quando o terapeuta e a família ou


casal ficam presos numa relação simétrica. Nesta situação toda intervenção tentada
pelo terapeuta é de algum modo bloqueada ou desqualificada de maneira que a
força do conflito simétrico vá sempre aumentando. A oportunidade desta
intervenção é de grande importância. Ela deve ser usada com o objetivo de por fim à
escalada da batalha simétrica e constitui um exemplo do uso da posição “humilde”
em terapia. Também evita que o terapeuta pareça ter a iniciativa da mudança. Se der
a impressão de que ele desempenha esse papel, a família ou casal continuará a
defender sua posição, mantendo a simetria.

Exemplo de uma declaração de impotência terapêutica – Grupo de Milão:


“Dizemos que, a despeito da pronta colaboração da família, que fez todo o possível para facilitar nossa
compreensão, nos encontramos confusos, incapazes de ter ideias claras, que não vemos como ajuda-los, e que
não temos uma forma de clarificar nossa compreensão.
A atitude dos terapeutas não deve ser de indiferença ou de dramatismo exagerado, mas simplesmente de
quem não gosta de reconhecer a sua incapacidade de fazer o que lhe foi pedido. Ao dizê-lo, observamos
atentamente o feedback dos diversos membros da família. Deixamos uma pausa de suspense, fixamos uma
data para a próxima sessão e recebemos os honorários normalmente.”
Este expediente tem o efeito de criar uma relação complementar entre o terapeuta e familia; parecerá que o
terapeuta abdica do controle em favor da família quando, na realidade, ele está assumindo-o. Também há um
paradoxo no contraste entre a declaração de impotência por um lado e, por outro, o recebimento de
honorários e outra marcação. Num determinado nível, a intervenção implica um convite à família para que
apresente algo de novo e um desafio a que prove que está errado o implícito da intervenção, concretamente,
que o seu caso não tem remédio.
Prescrição de Terapia Interminável

Um outro meio estratégico é a prescrição de uma terapia interminável. O seu objetivo é semelhante ao de
declarar a impotência terapêutica. Os sintomas ou o problema da família são rotulados de crônicos e é dito
que há pouca probabilidade de que se possa obter uma alteração rápida para eles.
Esta prescrição está indicada sempre que falharem os esforços para conseguir que a família mude rapidamente
ou que tenha pelo menos qualquer sinal de mudança.
Com efeito, diz-se à família que terá de comparecer indefinidamente à terapia com determinados intervalos
prescritos. Esta intervenção também incorpora um elemento paradoxal.
Humor

Ver o lado cômico das coisas é muitas vezes de grande ajuda. O que se aplica à terapia familiar como a outras
atividades da vida. Uma premissa da terapia sistêmica é que “o terapeuta que leva a sério uma família tem de
ser capaz de rir e brincar com ela”. Entretanto há que ser muito cauteloso com o uso do humor pois as pessoas
já trazem consigo sofrimento suficiente e não precisam da dor e amargura de sentirem que não estão sendo
levadas à sério por um terapeuta que “brinca “ com suas queixas. A utilização do humor tem como objetivo
tornar tanto quanto seja possível, mais leve a árdua tarefa de lidar com a dor.

A utilização do humor trata-se de uma questão muito pessoal e, talvez mais ainda do que qualquer outra
estratégia terapêutica, dependerá da personalidade do terapeuta e das comunicações não verbais, para não
falar das verbais. De um modo geral, o objetivo é “rir com” e não “rir da” pessoa, casal ou família. Isto poderá
ajudar a estabelecer e manter a sintonia e também a redefinir as coisas.

O humor é uma arma terapêutica de dois gumes. Seu uso pressupõe algum entendimento do sentido de
humor da família (casal ou pessoa); sem isto nossas graças podem não ter qualquer efeito , ou mais grave, as
observações com intenção humorísticas podem ser levadas a sério. Ainda assim a despeito destas possíveis
desvantagens, o humor é uma valiosa estratégia terapêutica e vale a pena desenvolver a arte de sua
utilização.
Coro Grego

Trata-se de um grupo de consultoria, um grupo de terapeutas com a função de auxiliar


o terapeuta no atendimento à família, e que observando a sessão através do espelho
unidirecional envia uma série de mensagens para a sala de terapia.
Essas mensagens pode ser de diversos tipos:
. de apoio – elogiam ou apoiam simplesmente determinados aspectos da família;
. sondagem de opinião – fazem-se apostas sobre a mudança na família que são
comunicadas a ela, podendo assim se constituir num desafio;
. mensagens destinadas a surpreender e confundir. A surpresa e a confusão podem ser
elementos importantes na promoção da mudança e essas mensagens pretender
despertar a curiosidade da família, estimular a imaginação ou fazer uma provocação
que origine a revelação da informação escondida;
. mensagens que discordam da opinião expressa do terapeuta. As “clivagens”
terapêuticas podem promover a mudança. De um modo geral, o terapeuta que está na
sala defende a mudança enquanto o coro grego a desaconselha por enquanto ou
discorda do ritmo da mudança proposto;
. mensagens que dão conselhos de fora do círculo do terapeuta e da família. Poderão
redefinir a situação e fazer uma pressão psicológica relacionada de diversas formas com
a família.

Um grupo de consultoria pode ter utilidade em diversa circunstâncias, mas


particularmente é útil durante o uso de meios paradoxais complexos ou outros
expedientes estratégicos. É oneroso em termos de tempo técnico, mas este será bem
empregado no caso de graves perturbações e de resistência a outras intervenções,
podendo ser uma forma de acelerar a terapia. A oportunidade de estudantes em
formação participarem do coro grego será uma valiosa experiência de aprendizagem
para eles.
Equipe Reflexiva
Trata-se de uma prática clínica na qual um consultor ou grupo de consultores –
a equipe reflexiva – é chamado a participar de um sistema paralisado buscando
criar condições, através de processos reflexivos, para que se possam produzir
novas descrições e entendimentos das situações.
A equipe (quatro a cinco pessoas, idealmente), se reúne para realizar o
trabalho sistêmico; e o que fazem juntas em relação ao trabalho sistêmico,
caracteriza a organização, a equipe.
Esta equipe pode comportar-se de diversas formas, algumas vezes, um falando
e os outros escutando, outras todos falando; algumas vezes trabalhando mais
coesamente, outras, menos coesamente. Essas diversas formas de cooperação
indicam diversas estruturas. Embora as estruturas possam mudar, a ideia
essencial permanece, que é a realização do trabalho sistêmico.
Os membros da equipe podem ser substituídos mas a organização permanece ,
se a nova equipe continuar fazendo o trabalho sistêmico.
O sistema se organiza e é mantido através de duas ou mais pessoas (indivíduo e
terapeuta, casal e terapeuta, família e terapeuta), que tenham uma ideia em
comum, e o interesse comum em lidar com esta ideia (desejo de fazer algo em
relação a uma situação – considerada problema, por exemplo). Se a ideia e o
interesse desaparecerem, a organização se dissolverá.
Basicamente os terapeutas encontram seus clientes sem hipóteses prévias.
Juntos eles se engajam em uma conversa que se torna a busca pelo ainda -não-
visto pelo ainda-não-pensado, e por compreensões alternativas do que tenha
sido definido como problemático. À medida em que clientes e terapeutas
trocam de lugares e vários membros participam da conversa, ampliam-se as
possibilidades de mudança.
Esta abordagem está em evolução e a utilização desta técnica requer a
concepção da premissa terapêutica construtivista .

Obs: Para saber mais sobre Equipes Reflexivas > “Processos Reflexivos” – Tom Andersen – NOOS
Debate

É uma variação do Coro Grego: o grupo de consultoria sai de trás do espelho e encena um debate na presença
da família: o debate dos terapeutas a respeito de suas opiniões divergentes sobre a família possibilita que
eles troquem de nível com ela. Eles pedem que a família os ajude a resolver o dilema que têm a respeito dela,
para que assim, eles fiquem livres para ajudá-la efetivamente.
A partir de uma “metaposição” ou posição exterior, os elementos da família podem observar as lutas dos
terapeutas para resolverem as suas dificuldades. Desta perspectiva diferente conseguirão talvez encontrar
novas soluções para o seu próprio dilema.
Externalização dos Problemas
Esta técnica das Terapias Narrativas tem-se mostrado muito eficaz para ajudar as pessoas a
alcançar mudanças. O terapeuta encoraja as pessoas a objetivar e às vezes, a personificar os
problemas. Assim, as pessoas ou famílias são redefinidas como estando sob a influência da
“raiva”, “agressão” ou “desespero”, ao invés de serem rotuladas de serem agressivas ou
desesperadas . A terapia torna-se então uma questão de ajudar a pessoa a ultrapassar os
efeitos da raiva, agressividade ou desespero em si. A família vai ser ajudada a reunir seus
talentos e esforços individuais para juntos lutarem contra o “inimigo comum” que os
envolve.
Esse processo redefine os problemas que ao invés de serem encarados como inerentes a
determinadas pessoas ou a determinadas situações, tornam-se eles mesmos “uma
entidade” separada, externa às pessoas ou relação a que se atribuía o problema.
Em outras palavras: “o problema se torna o problema”.
De acordo com Michael White e Epston a externalização dos problemas:
- diminui o conflito inútil entre pessoas, incluindo as disputas sobre quem tem a
responsabilidade do problema;
- diminui o sentimento de fracasso que se desenvolve em muitas pessoas em resposta à
persistência do problema a despeito de seus esforços para resolvê-lo;
- prepara o caminho para que as pessoas cooperem , unindo-se numa luta contra o
problema e fujam da influência que ele possa ter nas suas vidas e relações;
- abre novas possibilidades para as pessoa s tomarem medidas para retirar a sua vida e
relações da esfera do problema e respectiva influência;
- liberta as pessoas para fazerem uma abordagem mais alegre, mais eficaz e com menos
stress dos problemas “muito graves”;
- apresenta alternativa de diálogo e não de monólogo sobre o problema.

Obs: para utilização desta técnica é aconselhável estudar os livros de White e Epston .
Marisa Verdolin
Narrativas Terapêuticas

Trata-se de outra técnica das Terapias Narrativas.


Vimos anteriormente como a metáfora pode ter uma eficácia terapêutica em diversas modalidades de
utilização, mas aqui sugere-se a utilização da narrativa metafórica de uma forma mais direta .

O terapeuta construirá narrativas metafóricas dirigidas ás pessoas dependendo das circunstâncias do processo
terapêutico com o propósito de fazer intervenções que possibilitem a construção de uma nova realidade
sobre a experiência vivida.

Diversos modelos de cartas , declarações, diplomas e certificados podem ser escritos pelo terapeuta e
entregues as pessoas de acordo com objetivos específicos .
Exemplos:
“Certificado de Domador de monstros e Caçador de Medos” – que pode ser entregue ao pai de uma criança
que apresenta sintomas de “terror noturno” , no decorrer do processo terapêutico em que o pai assume
tarefas - prescritas terapeuticamente - de contar histórias e fazer companhia para a criança até que ela
adormeça .
Carta do terapeuta para uma adolescente que não quis comparecer à primeira sessão de terapia familiar:

“Querida Jane,
Escrevo porque não chegamos a nos encontrar na última quarta feira, às 5 h. Meu nome é Mary, trabalho há 4
anos no Instituto Leslie e tenho uma filha um pouco mais nova do que você.
Quando sua mãe telefonou dizendo que a família não viria ela disse que você se sentia mal com um ataque de
acne. Compreendo o que você sentiu – às vezes tenho erupções na cara e no pescoço .
É difícil escrever porque nem sei como você é. Se me mandar uma fotografia sua, eu te mando uma minha
também. É muito evidente que as coisas vão mal em sua família. Crescer pode ser uma coisa muito difícil hoje
em dia – acho mesmo que muito mais difícil do que antigamente. Parece que você algumas vezes tem sido
incapaz de ir à escola e não está conseguindo seguir sua vida. O que é natural que faça qualquer um sentir-se
mal. Parece-me que quando me encontrar da próxima vez com o seu pai e sua mãe, talvez você esteja
passando por outro ataque de acne e compreendo o que é ter de enfrentar as pessoas quando não se está no
seu melhor, pois isto me acontece também, muitas vezes.
Compreenderei por isto se você não quiser vir e enfrentar o seu futuro. Por outro lado, não me sinto nada bem
em falar com sua mãe e seu pai “nas suas costas”. Tenho andado pensando muito neste dilema e me surgiram
algumas ideias.
Pergunto-me o que você acharia delas:
. Será que você arranjaria um amigo para te representar na sessão –um pouco como um advogado – que viesse
em seu lugar e falasse por você?
. Se esta não fosse uma boa idéia, deixaria que sua mãe ou seu pai escolhessem um amigo deles para lhe
representar?
. Se esta também não fosse uma boa idéia, você ficaria de “plantão” junto ao telefone enquanto seus pais
estivessem aqui? Assim eu poderia telefonar se me der a impressão de que seus pais já se esqueceram do que a
gente sente quando temos a sua idade. Eu poderia assim, te pedir algumas idéias sobre o que isto te faz sentir.
Acho que conseguiu que seus pais ficassem muito preocupados com você.
Se quiser mostrar esta carta a seus pais, não faz mal, mas eu preferia que não o fizesse.
Estou planejando ver seus pais novamente no dia 3 de abril, quinta feira, as 5h.
Parece-me que você seria capaz de vir, ou talvez não; ou talvez ainda experimente uma dessas outras idéias,
mas isto é com você; eu acho.
Despeço-me agora,
Mary”

Os efeitos de uma intervenção com esta podem ser maravilhosamente significativos.


Ela pode ser utilizada pelo terapeuta nas mais diversas circunstâncias:
motivação de clientes resistentes , reparação da conduta terapêutica
e resgate da relação de confiança depois de alguma intervenção inadequada,
finalização do processo, interrupção do processo por parte do cliente, etc.

Obs: Para utilização desta técnica é aconselhável estudar os livros de White e Epston.
Marisa Verdolin
Histórias
“Histórias são sacos de mentiras que contém pérolas de verdades.”

As histórias por interferirem nos mais diversos planos de desenvolvimento humano, social, psicológico,
facilitam a consecução dos objetivos da terapia sistêmica: para se conhecer o sistema relacional, interferir
nele, introduzindo movimento criativo, para favorecer que ele se aproprie ou retome sua potencialidade de
desenvolvimento, sua dinâmica evolutiva natural.
As histórias podem ser utilizadas na terapia familiar , conjugal e individual para diferentes finalidades, entre
elas:
- para tratar temas difíceis, sem confrontar, constranger ou aumentar o nível de stress;
- possibilitar interação democrática no sistema terapeutico;
- promover interações amorosas e criativas em contextos empobrecidos e estagnados;
- estimular e encorajar a participação das pessoas no processo terapêutico;
- tornar o ambiente terapeutico mais humanizado, seguro, receptivo e calmo;
- facilitar esclarecimento de algum assunto;
- ilustrar um ponto;
- sugerir novas idéias, novas perspectivas ou alternativas de soluções ainda não cogitadas;
- substituir prescrições diretas de condutas que podem encontrar resistência;
- controlar manipulação do cliente sobre o terapeuta;
- ampliar ponto de vista sobre uma situação;
- questionar verdades absolutas e introduzir novas premissas;
- levar as pessoas a se reconhecerem nos personagens;
- redefinir, ajudar as pessoas a verem o problema de outra maneira;
- favorecer a estruturação de emoções, pensamentos, comportamentos;
- encorajar as pessoas a viverem de um modo mais flexível e criativo;
- estimular o potencial de auto cura levando-os a entrar em contato com recursos internos que não percebiam
para resolver suas questões;
- motivar;
- criar esperanças;
- dessensibilizar emoções que limitam.
Utilização de Histórias no Processo Terapêutico

As histórias podem ser utilizadas em qualquer fase do processo terapêutico:


- diagnóstico
- intervenção
- finalização

Podem ser utilizadas na sessão, contadas pelo terapeuta ou lidas pelo cliente, como tarefa entre sessões,
enviadas por correio, e-mail, pós ou pré-sessão.

Existe uma diversidade de histórias a serem utilizadas, cabendo ao terapeuta selecioná-las de acordo com seus
propósitos:
- contos de fadas
- folclore e contos de tradição das mais diversas culturas (árabe, indiana, africana, brasileira, budismo, bíblia,
mitologia, sufismo e outras escolas filosóficas)
- casos do cotidiano
- anedotas, etc.

Cada terapeuta poderá utilizá-las de acordo com suas preferências:


- contar oportunamente nas sessões conforme ensejo
- iniciar um conto conhecido e solicitar desfecho diferente
- criar conto específico para a sistema terapêutico, utilizando elementos da história deles mensagens
congruentes com as metas terapêuticas, sempre embutindo alternativas de soluções para impasses, dilemas e
desafios
- iniciar criando um conto e pedir que as pessoas continuem
- pedir que eles criem uma história

Vejam em seguida um exemplo de história que nos mostra seu valor e sua magia como recurso terapêutico .
Uma fábula sobre a fábula

Allah Hu Akbar! Allah Hu Akbar!¹


Quando Deus criou a mulher, criou também a Fantasia.
Um dia, a Verdade resolveu visitar um grande palácio.
E havia de ser o próprio palácio em que morava o sultão Harum Al-Raschid.
Envoltas as lindas formas num véu claro e transparente,
foi ela bater à porta do rico palácio em que vivia o glorioso senhor das terras muçulmanas.
Ao ver aquela formosa mulher, quase nua, o chefe dos guardas perguntou-lhe:
- Quem és?
- Sou a Verdade! - respondeu ela, com voz firme. - Quero falar ao vosso amo e senhor, o sultão Harum Al-
Raschid, o xeique do Islã!
O chefe dos guardas, zeloso da segurança do palácio, apressou-se em levar a nova ao grão-vizir:
- Senhor - disse, inclinando-se humilde, uma mulher desconhecida, quase nua, quer falar ao nosso soberano, o
sultão Harum Al-Raschid, Príncipe dos Crentes.
- Como se chama?
- Chama-se a Verdade!
- A Verdade! - exclamou o grão-vizir, subitamente assaltado de grande espanto.
- A Verdade quer penetrar neste palácio! Não! Nunca! Que seria de mim, que seria de todos nós, se a Verdade
aqui entrasse? A perdição, a desgraça nossa!
Diz-lhe que uma mulher nua, despudorada, não entra aqui!
Voltou o chefe dos guardas com o recado do grão-vizir e disse à Verdade:
- Não podes entrar minha filha. A tua nudez iria ofender o nosso califa.
Com ares impudicos não poderás ir à presença do Príncipe dos Crentes, o nosso glorioso sultão Harum Al-
Raschid.
Volta pois, pelos caminhos de Allah!
Vendo que não conseguiria realizar o seu intento, ficou muito triste a Verdade e afastou-se lentamente do
grande palácio do magnânimo sultão Harum Al-Raschid, cujas portas se fecharam à sua diáfana formosura!
Mas...
Allah Hu Akbar! Allah Hu Akbar!
Quando Deus criou a mulher, criou também a obstinação.

E a Verdade continuou a alimentar o propósito de visitar um grande palácio.


E havia de ser o próprio palácio em que morava o sultão Harum Al-Raschid.
Cobriu as peregrinas formas de um couro grosseiro como os que usam os
pastores e foi novamente bater à porta do suntuoso palácio em que vivia
o glorioso senhor das terras muçulmanas.
Ao ver aquela formosa mulher grosseiramente vestida com peles, o chefe dos guardas perguntou-lhe.
- Quem és?
- Sou a Acusação! - respondeu ela, em tom severo. Quero falar ao vosso amo e senhor, o sultão Harum Al-
Raschid. Comendador dos Crentes.
O chefe dos guardas, zeloso da segurança do palácio, correu a entender-se com o grão-vizir.
- Senhor - disse, inclinando-se humilde, uma mulher desconhecida, o corpo envolto em grosseiras peles, deseja
falar ao nosso soberano, o sultão Harum Al-Raschid.
- Como se chama?
- A Acusação!
- A Acusação? - repetiu o grão-vizir, aterrorizado. A Acusação quer entrar neste palácio? Não! Nunca! Que seria
de mim, que seria de todos nós, se a Acusação aqui entrasse! A perdição, a desgraça nossa!
Diz-lhe que uma mulher, sob vestes grosseiras de um zagal, não pode falar ao Califa, nosso amo e senhor.
Voltou o chefe dos guardas com a proibição do grão-vizir e disse à Verdade:
- Não podes entrar, minha filha. Com essas vestes grosseiras, próprias de um beduíno rude e pobre, não
poderás falar ao nosso amo e senhor, o sultão Harum Al-Raschid. Volta, pois, em paz, pelos caminhos de Allah.

Vendo que não conseguiria realizar o seu intento, ficou ainda mais triste a Verdade e afastou-se
vagarosamente do grande palácio do poderoso Harum Al-Raschid, cuja cúpula cintilava aos últimos clarões do
sol poente.
Mas...
Allah Hu Akbar! Allah Hu Akbar!
Quando Deus criou a mulher, criou também o capricho.

E a Verdade entrou-se do vivo desejo de visitar um grande palácio.


E havia de ser o próprio palácio em que morava o sultão Harum Al-Raschid.
Vestiu-se com riquíssimos trajes, cobriu-se com joias e adornos, envolveu o rosto em
um manto diáfano de seda e foi bater à porta do palácio em que vivia o glorioso
senhor dos Árabes.
Ao ver aquela encantadora mulher, linda como a quarta lua do mês de Ramadã, o chefe dos guardas
perguntou-lhe:
- Quem és?
- Sou a Fábula - respondeu ela, em tom meigo e mavioso. Quero falar ao vosso amo e senhor, o generoso
sultão Harum Al-Raschid, Emir dos Árabes!
O chefe dos guardas, zeloso da segurança do palácio, correu, radiante, a falar com o grão-vizir.
- Senhor - disse, inclinando-se, humilde, uma linda e encantadora mulher, vestida como uma princesa, solicita
audiência de nosso amo e senhor, o sultão Harum Al-Raschid, Emir dos Crentes.
- Como se chama?
- Se chama Fábula!
- A Fábula! - exclamou o grão-vizir, cheio de alegria. A Fábula quer entrar neste palácio! Allah seja louvado!
Que entre! Bem-vinda seja a encantadora Fábula: Cem formosas escravas irão recebê-la com flores e
perfumes. Quero que a Fábula tenha, neste palácio, o acolhimento digno de uma verdadeira rainha!
E abertas de par em par as portas do grande palácio de Bagdá, a formosa peregrina entrou.

E foi assim, sob o aspecto da Fábula, que a Verdade conseguiu aparecer ao poderoso califa de Bagdá, o sultão
Harum Al-Raschid, Vigário de Allah e senhor do grande império muçulmano.
¹Expressão árabe que significa: “Deus é O Maior!”
Transcrito do Livro "Minha Vida Querida", de Malba Tahan - Editora Record
Entrevista de Intervenção
O processo de entrevistas as pessoas, casais e famílias pode por si só, produzir mudanças – para melhor ou
para pior. As perguntas , afirmações e as comunicações não verbais do entrevistador veiculam mensagens
capazes de produzir efeitos naqueles que estão sendo entrevistados.
Consideremos a diferença entre as perguntas:
“ que problemas trazem vocês aqui” e “que mudanças esperam que eu os ajude a alcançar?”
A primeira está orientada para o problema, e a segunda para a mudança e veicula a mensagem implícita de
que ela irá acontecer certamente.
Uma armadilha que espreita todos os que entrevistam pessoas com problemas é que se envolvam demasiado
em discussões das supostas causas. É muito raro que, de forma definitiva, se possa atribuir uma “causa” aos
problemas humanos, quanto mais não seja por as causas serem geralmente múltiplas e por interagirem entre
si de maneiras complexas. Quando se lida com famílias , estas supõem muitas vezes que a presumível “causa”
reside num determinado elemento , o que é, no mínimo, uma simplificação exagerada e grosseira ou, na pior
das hipótese, completamente errado.
Karl Tomm, terapeuta narrativo, discute o papel da ”entrevista de intervenção”.
Esta expressão se refere a uma orientação em que tudo o que o entrevistador faz ou diz, e aquilo que não faz
e não diz, é considerado uma intervenção terapêutica, não terapêutica ou antiterapêutica.
Ele diz que “é possível encarar cada pergunta do entrevistador como corporizando alguma intenção ou sendo
originária de alguma suposição.” isto implica que , logo que possível, o terapeuta precisa de uma estratégia
que o guie no que ele faz e diz a cada momento da entrevista.
Entrevista Inicial Interventiva
Na abordagem sistêmica diversos modelos de primeira entrevista podem ser utilizados como recurso
terapêutico.
Muitas modalidades de entrevista inicial incluem intervenções terapêuticas e podem influir na constituição do
sistema terapeutico. Vejamos alguns exemplos.
- Modelo de Salvador Minuchin
Condições Necessárias: sala equipada com espelho unidirecional e gravador
Características: seis tarefas, condições naturais de interação, autonomia da família, observação pelo espelho
unidirecional, gravação das discussões
Tarefas: planejar um cardápio para um almoço em família
planejar como gastar juntos 500,00
designar rótulos de culpa aos membros da família
descrever o que gosta e não gosta em cada membro familiar
descrever uma briga familiar, seu curso e sua resolução
copiar graficamente um objeto existente na sala, sem falar entre si enquanto trabalham
Observações possíveis: informações sobre estrutura e dinâmica familia
capacidade de negociação entre eles
padrões de liderança, competição, compromisso, etc
afetividade, agressividade, alianças e preferências
papéis, desempenhados e idealizados
expectativas e disposição para solucionar problemas

Ponto positivo: permite boa avaliação da estrutura e dinâmica familiar


Ponto Negativo: nível sociocultural familiar pode dificultar sua aplicabilidade
- Modelo de Watzlawick

Condições Necessárias: sala equipada com espelho unidirecional, gravador, microfone


Características: cinco procedimentos, condições naturais de interação, intervenção do terapeuta, observação
pelo espelho, gravação das discussões

Procedimentos: Problemas Principais


Planejar algo juntos
Como vocês se uniram?
Provérbio
Culpa
Observações possíveis: visão individualizada dos problemas familiares
ampliação da queixa
capacidade de chegarem a consenso
como chegam a consenso
esclarecer padrões interação marital- passado e presente
como lidam com opiniões divergentes
estabelecimento de contexto de aprendizagem

Ponto positivo: permite observação padrões de interação


Ponto Negativo: nível sociocultural familiar pode restringir sua aplicabilidade
- Modelo de Virgínia Satir
Condições Necessárias: Sala equipada com espelho unidirecional, gravador, microfone
Características: oito tarefas padronizadas, participação ativa do terapeuta, perguntas individualizadas,
perguntas por segmento, observação pelo espelho, gravação das discussões, entrevista longa

Tarefas: 1-Qual é o maior problema de sua família neste momento?


2-Planejem algo que possam fazer em conjunto .
3-Como vocês dois entre todas as pessoas do mundo se uniram?
4-Provérbio
5-Principal defeito/Principal qualidade
6-Quem toma conta desta família?
7-Semelhanças e diferenças
8- Retrospecto não estruturado

Observações possíveis: padrões de interação


padrões de comunicação
interação por subsistemas
alianças, divergências
semelhanças/diferenças
capacidade de solucionarem questões em conjunto
capacidade de lidarem com diferentes opiniões

Pontos positivos: permite ampla observação das interações familiares, intensifica interação terapeuta/família
Pontos negativos: é muito longa, dificilmente se esgota com uma sessão
- Modelo de Ford e Herrich
Condições Necessárias: Dois entrevistadores, aparelho de vídeo tape, duração de 3 horas
Características: Seis tarefas, mais informações em menor tempo, perguntas abertas, perguntas individuais/
grupais
Tarefas: 1 - Diga quem você é.
2 - Diga o que você mais gostaria de mudar na sua família
3 - Como uma família, discutam a resposta dada à última questão e cheguem a uma conclusão
4 - Diga o que mais gostaria de mudar em você
5 - Diga o que mais gosta em você
6 - Diga quem pode assistir ao vídeo tape deste encontro familiar
Observações possíveis: O que está errado sem juízo de valor
Padrões comunicacionais
Dificuldades na comunicação
Capacidade de síntese
Desejos e fantasias individuais
Regras familiares e individuais (permitido e proibido)
Como lidam com mundo externo
Capacidade de confiar
Capacidade de agir em relação pensamento, sentimento e julgamento de valor

Pontos positivo: boa avaliação da autoestima da família; favorece feedback ; facilita habilidade de ver e ouvir
suas interações e fazer interpretações.
Ponto negativo: muito longa; perguntas abertas dificultam compreensão e participação; o vídeo tape complica
a aplicabilidade.
- Modelo de Wells e Rabiner
Condições Necessárias: Sala com acomodação para todas as pessoas da família
Características: Quatro procedimentos, estrutura aberta, perguntas abertas, perguntas adicionais,
encorajamento sistemático a todos para responderem, precipitar confrontações, recomendação,
opinião sobre recomendação

Procedimentos: 1- Queixa
2- Discordâncias
3- Visão de si e dos outros familiares
4- Opinião Profissional
Observações Possíveis: Como cada um vê o problema
Estrutura de poder da família
Coalizões
Padrão de comunicação
Áreas de conflito
Níveis de conflito
Expressão ou não das discordâncias
Necessidades não satisfeitas no sistema

Pontos Positivos: permite observação ampliada de comportamentos não verbais; permite ao entrevistador
mais liberdade de ação.
Pontos Negativos: estrutura muito aberta, objetivos muito amplos; pouco estruturada.
- Modelo de Terezinha Feres Carneiro

Condições Necessárias: Entrevistador, Observador, Gravador, Cadeiras


em círculo, Cadeira do observador

Características: Seis tarefas, interação terapeuta/família, participação do observador, anotações comunicações


não-verbais e gravação, perguntas grupais, perguntas individuais

Tarefas: 1- Imaginar que tem que mudar da casa onde moram dentro de um mês. Planejar, agora em conjunto
como seria a mudança.
2- Quando você está fazendo alguma coisa qualquer, mas fica difícil terminar esta tarefa sozinho, o
que você faz?
3- Diga de que coisas você mais gosta?
4- Como é um dia de feriado na família?
5- Imagine que você está em casa discutindo com uma pessoa qualquer de sua família, e alguém bate
na porta.
Quando você vai atender, a pessoa com quem você estava discutindo lhe dá um empurrão.
O que você faz?
6- Cada um de vocês vai escolher uma ou várias pessoas da família, pode ser qualquer pessoa, e vai
fazer alguma coisa para mostrar a essa pessoa que gosta dela, sem dizer nenhuma palavra .
Observações Possíveis: Como família funciona, em conjunto, sob pressão externa
Dinâmica da comunicação
Papéis individuais
Regras familiares(permitido/proibido)
Semelhanças /diferenças
Como lidam com conflito
Lideranças
Integração grupal
Produção conjunta de soluções
Respeito à individualidade
Autoestima de cada membro
Capacidade de buscar ajuda sem desmerecimento
Dificuldade de buscar ajuda
Como e a quem pedem ajuda
Por que não buscam ajuda
Interação de subsistemas
Valorização da individualidade
Regras sobre tomada de decisão
Permissão/proibição da expressão da agressividade
Comunicação não verbal
Permissão/proibição do contato físico
Trocas afetivas
Processos de individuação e integração no grupo familiar
Pontos positivos: metodologia adequada à realidade brasileira; validada por estudos sistematizados; simplicidade de
aplicação.
Pontos negativos: dificuldades específicas das pessoas podem requerer mais esforço do entrevistador para a
consecução das tarefas; pode exigir longo tempo para execução de todas as tarefas.
Escultura
A “escultura” enquanto técnica de terapia familiar , foi desenvolvida por Frederick D e
colaboradores (1973). A característica essencial da escultura de família é a colocação dos seus
membros em posições e posturas que representem aspectos das relações e interações
mútuas. É possível esculpir qualquer aspecto do funcionamento familiar, por exemplo, a
proximidade, o poder, etc. A escultura familiar carece de um escultor, cuja perspectiva da
família será revelada na escultura; um monitor, nomeadamente o terapeuta, que guia e apoia
o escultor e os outros implicados no processo , e atores, geralmente os elementos da família
que representam o sistema do escultor. Também poderá haver uma “plateia”, mas em geral o
terapeuta e os membros da família é que desempenham esses papéis.
A escultura é uma técnica que facilita a participação de crianças pequenas no processo
terapêutico, é valiosa na sessão de diagnóstico, substituindo o pedido para que a família
descreva o problema, possibilita as pessoas tomarem contato com seus sentimentos, é eficaz
para ajudar a família a ultrapassar possíveis resistências à terapia e pode auxiliar o terapeuta
em situações em que ele se vê “num beco sem saída”.

O terapeuta pode sugerir a família que tentem algo diferente. Explicará a tarefa e escolhido o
escultor, pede-se aos outros membros da família que se levantem e se coloquem na posição e
postura que o escultor determinar. Esta regra deve ser colocada muito claramente pelo
terapeuta e seguida à risca pelos participantes. Na medida em que o escultor vai
determinando as posições e posturas o terapeuta vai observando o que acontece,
comentando e interpretando o que achar importante e significativo. Ao mesmo tempo dirá
que aquela é uma representação de uma Visão apenas da família e que posteriormente os
outros poderão exprimir seus pontos de vista da mesma maneira .
Uma vez completado o quadro(o que pode levar tempo de comentários e discussão) o
terapeuta pede ao escultor que entre na posição e postura adequada dentro da escultura.
O terapeuta deverá ter, dede o início, uma ideia do objetivo que a escultura de família se
destina a alcançar e da forma como se pretende ajudar a família a chegar a seus objetivos .
A escultura pode ser utilizada com os mesmo efeitos terapêuticos em atendimento a casais e
individuais.
Role Playing

Este é um “procedimento técnico” útil quando as abordagens verbais se mostraram ineficazes. Pode ser
precioso com famílias que intelectualizam, isto é, discutem a nível cognitivo e produzem ideias e explicações
intelectualizadas em vez de uma verdadeira mudança. Facilita-se a mudança ao fazer com que a família atue
cenas ou acontecimentos de sua vida. Por exemplo, ela pode ser solicitada a encenar o que acontece quando o
pai chega em casa do trabalho ou a hora das crianças irem para a cama, se estas forem ocasiões em que a
família encontre dificuldades. Se os membros da família estiverem relutantes ou hesitantes em relação ao role
playing , o terapeuta começará por uma cena simples e não ameaçadora; mas quando já se estabeleceu uma
boa sintonia, não há, geralmente dificuldades em se obter consenso quanto à sugestão.

Tal como a escultura, o role playing introduz alguma coisa da realidade familiar na sessão de terapia e
proporciona ao terapeuta o material com que trabalhar, podendo ainda ser um excelente auxiliar na entrevista
inicial e avaliação final do processo.
Gravação e Visualização de Vídeos

Trata-se do expediente de se obter autorização da família para que as sessões sejam gravadas e
posteriormente utilizar os vídeos nas sessões terapêuticas. A família poderá assistir o vídeo das sessões
inteiras ou de algumas partes escolhidas arbitrariamente, podendo ainda ser focado em pequenos trechos
que o terapeuta seleciona por seu significado especial.

Rever os vídeos permite aos membros da família observar como se fosse de fora o que se passa entre eles: o
que dizem, o tom de voz, as expressões faciais, posturas e outros componentes da comunicação não verbal.

Para famílias conscientes de um forte desejo de mudança, ver os vídeos será uma forma de definir e ajudar os
seus elementos a compreenderem como conseguirão mudar. Noutras famílias, levará à compreensão da
necessidade de mudanças. Os efeitos de ver e ouvir a si mesmos e à família num vídeo, podem ser
verdadeiramente salutares.

O terapeuta poderá ainda utilizar alguma técnicas que os equipamentos propiciam para documentar os
progresso, fazendo recortes e repetindo cenas e detalhes, mostrando às pessoas como reagem umas às outras,
etc.
Terapia de Rede

É possível que a terapia de rede seja raramente utilizada na sua forma


clássica que consiste quem reunir toda a “rede” da família. Considera-se
rede o sistema familiar, amigos e outras pessoas significativas para ela, o
que pode querer dizer qualquer coisa em torno de 30 a 40pessoas para
tratar do problema. Afirma-se que estando presentes todas as pessoas
significativas , se conseguem progressos que não seriam possíveis de outra
forma. Uma das vantagens do procedimento é que não se pode por a culpa
nos elementos ausentes, uma vez que todos estarão presentes. Outra será
que as vozes e opiniões de pessoas mais saudáveis e de melhor
funcionamento vêm somar-se ao processo terapêutico.

A terapia de rede é um meio de atacar os problemas nos supra sistemas


familiares. Há uma eficácia limitada na terapia que só vai até a fronteira da
família nuclear e muitos terapeutas reconhecem que as fronteiras familiares
não são impermeáveis e o que acontece fora delas tanto pode ajudar como
prejudicar o seu funcionamento.
Outras técnicas que terão utilidade nalgumas situações clínicas incluem a
terapia de famílias múltiplas – tratamento conjunto de várias famílias;
terapia de impacto múltiplo – que consiste num processo intensivo de dois a
dois dias e meio, durante ao quais uma equipe de terapeutas proporciona
uma série de inputs terapêuticos à família e aos seus diversos subsistemas;
terapia comunitária, sobre a qual se pode conhecer detalhes através do site:
www.abratecom.org.br
Tarefas Estratégicas

Ações Conjuntas

O terapeuta propõe que a família (ou casal) planeje, na sessão, como será o fim de semana, dividindo tarefas e
estabelecendo regras.
Na sessão seguinte eles deverão comentar como foi executar o planejamento e avaliar o efeito disto para a
relação (evitar foco em coisas negativas; priorizar o que for positivo na avaliação).
Variação de temas: planejar viagem, planejar cardápio, planejar comemoração de aniversário de filho, etc.

Outra forma é sugerir como exercício de casa que a família (ou casal) se reúna para executar alguma tarefa
conjunta. Nesta oportunidade deverão obedecer certas regras sugeridas pelo terapeuta, de acordo com as
habilidades a serem trabalhadas no sistema.
Na sessão seguinte ao cumprimento da tarefa deverão discutir o que conseguiram, que dificuldades
encontraram, que soluções criaram para elas, e tudo poderá servir como novos temas para o trabalho
terapêutico.
Listagens

O terapeuta solicita à pessoa, casal ou membros da família em conjunto ,que


organizem listas sobre diversos temas que favoreçam o levantamento objetivo das
condições para o trabalho terapêutico:

- O que querem mudar e o que não querem mudar na relação.


Será discutido como cada um pode participar destas mudanças, comparar
expectativas e disponibilidade das pessoas para fazer mudança.
- O que esperavam do Casamento (antes de casar) e o como veem o Casamento
(atualmente). (no atendimento de casal)
Serão comparadas as listagens e questionado como foi que ocorreram as mudanças
entre expectativas e a realidade atual.
- O que está muito e o que está muito pouco presente na relação familiar, do casal ou
na vida do indivíduo.
Questionar como isto interfere na relação e o que querem mudar.
- Listar as 5 melhores lembranças que cada um tem da história deles como casal,
como família, ou de sua vida. Discutir formas de se resgatar estas experiências,
reeditá-las.
- Listar 5 características positivas das pessoas da família que cada um acredita que
possam ajudar nas mudanças necessárias e esperadas na terapia.
- Listar direitos e deveres de pais, de filhos, de marido e esposa, de irmãos. Trabalhar
respostas por subsistema e sobre a interação entre eles.
Colagens

Um dos recursos mais versáteis para se introduzir o lúdico no atendimento


terapêutico é a utilização de imagens.
Estas poderão ser colecionadas pelo próprio terapeuta ou podem ser colhidas em
revistas pelas pessoas na sessão ou em casa.
Com elas o terapeuta pode propor diversos exercícios:
As colagens poderão ser confeccionadas individualmente, por casal ou em grupo.
Os temas poderão ser os mais diversos segundo a criatividade do terapeuta e os
temas a serem trabalhados :
nome e sobrenome, imagem da relação atualmente, como estará daqui a (...) anos,
recursos de cada um para operar mudanças desejadas, características admiráveis dos
membros da família, “nosso problema”, “nossos recursos”, “nossa solução”, etc.
Na sessão o terapeuta trabalhará na “leitura” de cada uma das colagens.
O autor da colagem, o terapeuta e os outros elementos do sistema farão sua
interpretação dos significados das imagens, ampliando assim os olhares e
compreensões possíveis para cada tema.
Desta forma muitas facetas das pessoas e da relação entre elas, de suas dificuldades e
propósitos, poderão ser apresentadas, comentadas, questionadas, reconhecidas, e
diversas reflexões poderão ser sugeridas à propósito delas.
Muitos temas emergirão na sessão atual e nas seguintes, no decorrer do processo
terapêutico a partir das metáforas que surgirão deste exercício.
O terapeuta pode ele mesmo construir colagens sobre e para as pessoas e
apresentar-lhes nas sessões terapêuticas.
Pode também enviar-lhes por correio e anonimamente colagens com mensagens
instigantes que poderão motivar questões importantes no processo terapêutico.
As colagens podem trazer mensagens diretas, metafóricas ou paradoxais,
dependendo do tipo de relação e problema apresentado e da intenção do terapeuta .
Jogos

Diversos jogos podem ser utilizados conforme a criatividade e os objetivos do terapeuta, nas sessões ou como
para casa para trabalhar competição e colaboração, iniciativa, comunicação, observação de habilidades
mútuas, etc., ou simplesmente para potencializar oportunidades de convivência das pessoas:

baralho, senha, dominó, dardos, tangran, queda de braço, adivinhas, pega-varetas, guerra de almofadas ou
bolinha de papel, jogos verbais, e outros.
Introdução do Lúdico e da Leveza

Por mais grave que seja a situação de uma família, casal ou pessoa
ao buscar a terapia sempre será possível e desejável que os encontros terapêuticos
possam lhes oferecer momentos de algum “conforto” para lidar com suas
questões difíceis e dolorosas.
Sugestões de formas lúdicas para abordar diversos temas e facilitar a exploração
deles no processo:

Atendimento Individual
Técnica : Bola de papel
Objetivo: Possibilitar que a pessoa lide de maneira menos racional com sentimentos, sintomas e
impedimentos vividos, favorecendo assim a elaboração dos mesmos
Indicação: Para situações em que o cliente racionalize demais suas questões e por isto não as esgote, não
aprenda com elas, tornando-as temas recorrentes nas seções, numa tendência à estagnação do processo
terapêutico
Material: Revistas velhas
Consignas: O terapeuta arranca uma folha do meio de uma revista e entrega ao cliente dizendo : “faça uma
bola bem apertada; esta bola representa o assunto que estamos trabalhando. Vou lhe dar folhas de papel e
você vai enrolar a bola em cada uma delas e vai continuar apertando de modo que a bola vá aumentando de
tamanho. Na medida em que for fazendo as camadas , irá passando para a bola de papel as energias e
emoções que estão ligadas a este assunto (nomear as questões: esta dor, esta decepção, esta incerteza, esta
dificuldade de..., etc.) . Quando sentir que passou toda a energia da situação para a bola de papel, você pode
parar.”
O terapeuta vai então passando as folhas de papel uma a uma para o cliente até que ele peça para parar.
“Leve a bola para casa e, a partir de amanhã, retire dela uma folha por dia e queime; jogue as cinzas na pia e
abra a torneira para que a água corrente as leve, de forma que a questão vá sendo consumida.”
Variação: Dependendo da questão que está sendo trabalhada, pode-se pedir que se queime uma folha a cada
semana, ou em outra frequência que ele queira.

Observação: Esta técnica só deve ser aplicada após um trabalho verbal sobre o tema e após o terapeuta
perceber e verificar que a pessoa quer realmente fechar aquela situação eliminando as emoções presentes e
relativas a ela.
É importante que fique claro para o cliente que não se trata de mágica ou brincadeira, mas um trabalho
simbólico daquilo que ele está precisando fazer ou aprender.
O terapeuta deve perguntar sobre o andamento da tarefa e dependendo dos fatos aproveitá-los como temas
de questionamentos nas sessões.
Atendimento de Casal

Técnica: O que é O Casal?


Objetivos: Auxiliar os parceiros a identificarem suas crenças e valores referentes a casamento e relação a dois.
Propiciar ao terapeuta e ao casal oportunidade de identificarem ambivalências, concordâncias e rigidez
presentes no relacionamento conjugal.
Indicação: para situações iniciais de terapia de casal, para facilitar levantamento de afinidades e diferenças de
valores e crenças do casal assim como o nível de flexibilidade e disponibilidade para mudança.
Material: Papel e lápis para duas pessoas.
Consigna: “Cada um deve refletir e escrever um pequeno parágrafo sobre cada uma das questões abaixo:

- O que é um casal?
- Por que um casal fica junto?
- Quais os casais felizes e infelizes que foram marcantes para você?
- Por que eles foram marcantes para você?

Depois de prontas as respostas cada um apresenta as suas e ambos comparam e conversam à respeito das
similaridades e diferenças encontradas. O terapeuta intermedia a conversação buscando otimizar o
aproveitamento do conteúdo surgido, e observando a dinâmica e padrão de diálogo do casal.
Observação Importante: Ao utilizar esta técnica o terapeuta deve estar consciente de que podem surgir
valores muito diferentes entre o casal. Se isto ocorrer, deve-se trabalhar na mesma sessão as dificuldades que
podem advir dessas diferenças, salientando que as pessoas não precisam pensar de modo igual, mas é
importante encontrar-se estratégias para aceitar e respeitar-se as diferenças mútuas e aproveitá-las como
oportunidades de crescimento.
Atendimento de Família

Técnica: Quem é Quem

Objetivos: Avaliar e identificar o padrão de funcionamento da família e definir as


aprendizagens que necessitam ser feitas. Avaliar o nível de auto e hetero percepção.
Material: Lista de Características*, quadro ou papel grande e canetas hidrográficas.

Consignas: “A partir desta lista , cada um selecione as características que melhor representam cada membro da
família, incluindo a si mesmo.”
Ação: Após todos preencherem a lista, o terapeuta deverá fazer uma grande no quadro ou papel grande para
avaliar as combinações.

Variações: Os itens da lista podem ser variados de acordo com o que se pretende trabalhar.

Observação: O terapeuta deve observar como se dão as escolhas das características ressaltar a quantidade de
escolhas de uma mesma característica para determinada pessoa e relacioná-la com a característica que ela
escolheu para si.
Fazer circular os conteúdos através de exemplos.
Se os participantes não estiverem de acordo entre si a respeito das escolhas será útil enfatizar a ideia de que
cada pessoa percebe conforme sua experiência pessoal e maneira de ser. Trabalha-se , então, as formas de lidar
com diferenças.
Lista para a aplicação da técnica Quem é Quem:
1 – Gosta de exercícios físicos
2 – Gosta de viajar
3 – Tem medo de pequenos animais ( aranha, barata, etc.)
4 – Toma banhos demorados
5 – Trabalha demais, inclusive em casa
6 – Sente que a família é importante
7 – É exigente
8 – Gosta de contar piadas
9 – Sempre está disposto a ajudar os outros
10 – Nunca está satisfeito
11 – Sente-se incompreendido
12 – Dá muito valor à aparência
13 – Gosta de isolamento
14 – Gosta de mandar
15 – Deixa tudo para depois
16 – Procura sempre fazer o certo
17 – É desconfiado
18 – É agressivo ou rude
19 – É idealista e gosta de justiça
20 – É indeciso
21 – Gosta de levar vantagem
22 – É melancolia
23 – Gosta de ter muita informação
24 – Gosta de ser admirado
25 – É ciumento
Psicodrama no Atendimento Sistêmico

No atendimento a famílias e casais a utilização de técnicas psicodramáticas


permitem ao terapeuta considerar que todo o sistema está presentificado no
protagonista, sendo ele síntese e porta-voz de cada um dos seus membros. A ação
dramática, bem conduzida tem efeitos terapêuticos de longa duração. As vantagens
deste método no atendimento sistêmico podem ser assim enumeradas:
A encenação/dramatização modifica o modo pelo qual a familia ou casal costuma se
expressar.
A representação psicodramática ilustra com mais clareza aquilo que é intangível,
inconsciente e desconhecido.
Os papéis desempenhados por cada um e as percepções que deles se têm tornam-se
mais claros.
As pessoas podem recriar o passado e trazê-lo vividamente para o aqui-e-agora, o
que lhes possibilita reeditar os mitos familiares.
Os significados transacionais e sistêmicos do comportamento familiar e conjugal
podem ser desnudados e elucidados através da análise de papéis.
A dramatização pode ser usada para encenar fantasias relativas ao futuro.
A família ou casal torna-se capaz de passar por rituais e marcar diferenças que
podem leva-los às mudanças desejadas e desejáveis.
Durante a dramatização, o protagonista (um dos membros da família ou do casal),
cria um quadro mais claro de suas fantasias, permitindo que os outros membros
passivos vejam as fantasias nas quais estão também envolvidos. O terapeuta deve
ter o cuidado de não permitir que a cena se torne apenas uma catarse para o
protagonista. Para tanto, é necessário que a ação seja breve. Ao se encenar o
problema do sistema sob a forma de um drama, seus membros têm a chance de
alterar ou manter seu roteiro, e o terapeuta pode reinterpretar, pela ação, os
significados emergentes.
As técnicas do psicodrama são basicamente:

- a inversão de papéis: que permite aos protagonistas perceberem a


realidade através dos olhos do outro e experienciarem o papel do outro
nos planos emocional e físico.
- o duplo: o terapeuta ou um membro do grupo junta-se ao protagonista,
funcionando como suporte na apresentação dos sentimentos deste,
verbalizando seus aspectos inconscientes. O ego-auxiliar duplica o
protagonista e, dessa forma, ajuda-o a sentir a si mesmo. E à medida em
que o ego -auxiliar desempenha seu papel, o protagonista mobiliza-se e
adere à situação; a partir daí a atuação do duplo torna-se desnecessária.
- o solilóquio: amplia os processos inconscientes do protagonista. Através desta técnica ele compartilha
pensamentos ou sentimentos que normalmente mantém ocultos ou reprimidos, dizendo em voz alta o que
sente.
- o espelho: consiste essencialmente em que o protagonista fique parado a observar um ego-auxiliar copiando
seu comportamento e expressando seus sentimentos, suas palavras e seus movimentos como se fosse um
espelho. O objetivo é o protagonista possa perceber seu próprio comportamento. É uma técnica poderosa de
confrontação e deve ser usada com discrição.
- o jogo dramático: possibilita que o indivíduo expressando-se livremente através da atividade corpora,. Vivencie
o seu mundo interno e suas fantasias. Essa técnica não trabalha diretamente o conflito individual, mas permite
que ele descubra novas formas de lidar com situações que possam ser semelhantes a outras de sua vida. O jogo
dramático leva em conta o contexto (social, grupal, dramático); os instrumentos (diretor, protagonista, ego-
auxiliar, plateia, cenário), e as etapas (aquecimento, dramatização, compartilhamento).
O psicodrama usado no atendimento a famílias e casais proporciona ao sistema terapêutico:
a possibilidade de recriar seu passado, trazendo para o aqui-e-agora os mitos familiares que permeiam as
relações; transformar os padrões de comunicação; trabalhar limites, regras e hierarquias; encarar seus
problemas sistemicamente, aprendendo a se ocupar não mais com “o porque” as coisas acontecem entre eles e
sim com “o como” elas acontecem.
Os modelos sistêmicos e psicodramáticos não são excludentes apesar de sua diversidade; ao contrário,
demonstram permitir um contínuo crescimento e evolução dentro do sistema familiar e conjugal.
Jogo de areia

O Jogo de areia “não é apenas um método de terapia, mas um meio criativo através do qual o conteúdo da
imaginação se torna real e visível. Além disso, proporciona ao terapeuta uma oportunidade única de observar
os processos de desenvolvimento e de cura”. Dora M. Kalff.

A definição de “Sandplay” apresentada por Dr. Martin Kalff, membro fundador da “International Society for
Sandplay Therapy” (www.isst-society.com) é a seguinte: “É um método terapêutico desenvolvido por Dora M.
Kalff, em Zollikon, Suíça, baseado nos conceitos psicológicos de C.G.Jung.
O Jogo de areia é uma forma criativa de terapia que utiliza a imaginação, “a imaginação é um extrato
concentrado de forças vivas do corpo e da alma” (C.G.Jung, Vol.XII, § 394).
É caracterizado pelo uso da areia, água e miniaturas, na criação de imagens dentro do ‘espaço livre e
protegido’ do relacionamento terapêutico, e da caixa de areia. A série de imagens fotografadas do Sandplay-
Jogo de areia cria um contínuo diálogo entre aspectos conscientes e inconscientes da psique do cliente, o qual
ativa o processo de cura e o desenvolvimento da personalidade. Este método terapêutico pode ser aplicado
com sucesso no trabalho individual com adultos e crianças”.
O Jogo de areia é um processo transformador. É um método projetivo que prescinde do verbal. Sua prática
consiste em construir cenários em uma caixa de areia, seca ou úmida, da forma que desejar, moldando a areia
ou utilizando miniaturas. As cenas simbolizam o estado psíquico.
Durante o processo psicoterapêutico com o Jogo de areia, observamos que as partes desconhecidas e não
aceitas do indivíduo são vistas objetivamente e reconhecidas como pertencendo a ele.

A caixa e o setting terapêutico tornam-se a área limítrofe onde os opostos podem se confrontar e onde os
conflitos podem ser resolvidos antes de serem levados para o mundo real. O trabalho na caixa de areia pode
permitir a expressão de conteúdos inconscientes, de modo a que eles não mais busquem se manifestar de
forma literal em nossas vidas.

Desta forma, o Jogo de areia é uma ferramenta de valor inestimável da psicologia analítica, que tem sido
utilizada na terapia sistêmica, no atendimento de famílias e casais, como recurso criativo e eficaz.*

* Veremos um exemplo no Estudo de Caso.


"Argila Espelho da Auto Expressão”

Na psicologia existem vários métodos de trabalho, com pressupostos teóricos diferentes, porém todos eles
visam o mesmo fim: obter o bem estar daquele que sofre. Cada método utiliza-se de técnicas para conseguir
com o indivíduo, os melhores resultados. O método “Argila Espelho da Auto Expressão” é um dos recursos
terapêuticos mais atuais e eficazes, desenvolvido desde 1984 pela psicóloga Maria da Glória Cracco Bozza, em
Curitiba, Paraná. Trata-se de um recurso terapêutico que conta com esculturas de argila visando os seguintes
objetivos:
- Identificação dos Conflitos através de Metáforas;
- Resgate da Autoestima;
- Acolhimento da Criança Interior.
Sua utilização em atendimentos a famílias com crianças e adolescentes tem se constituído com um recurso
terapêutico valioso e eficaz na promoção de mudanças nos padrões interacionais no sistema familiar.

Para saber mais sobre o método:


http://www.youtube.com/watch?v=lQrZH41Dta0&feature=player_embedded
Linha do Tempo
Os terapeutas utilizam-se de diversos meios para adentrar o universo íntimo de seus
pacientes e ajudá-los a entender e a ressignificar alguns fatos ocorridos em suas vidas.
A construção da linha do tempo pode ser uma boa técnica para estimular o paciente a
relembrar seu passado e trabalhar questões emergentes a partir destas recordações.
A técnica se constitui de uma revisão de toda a história de vida do paciente da forma
mais completa possível. É um bom método pedir que o próprio paciente anote o que
está sendo dito em uma folha para sentir que ele mesmo está construindo seu
histórico. Como não se saberá o espaço a ser utilizado, pode-se pedir que escreva os
fatos da história sequencialmente em folhas normais, sugerindo-se que passe a limpo o
material em forma de linha do tempo para que o paciente visualize melhor sua história.
É importante que esta linha guarde proporcionalidade, com igual espaço para cada ano,
e espaço para todos os anos.

Depois que a linha do tempo estiver construída, o terapeuta pode utilizar-se dela para
trabalhar diversas questões com seu paciente. É essencial que o terapeuta esteja
atento às emoções que forem surgindo durante a construção do instrumento e trabalhe
tais sentimentos em sessão.
Durante o trabalho, é comum o paciente evocar fatos de que não lembrava mais. O
processo também ajuda a aumentar as informações sobre si mesmo porque o paciente
é estimulado a buscar dados com outras pessoas próximas ou da família. Muitas vezes
também pode acontecer dos pacientes informarem segredos de sua vida, que nunca
antes tinham trazido à terapia (talvez por vergonha; ou por pensar que não era mais
importante, por ter acontecido há muito tempo, etc.). Com o estímulo da linha da vida
o paciente acaba evocando estes acontecimentos e possibilitando que eles sejam
trabalhados em terapia quando há fatos mal resolvidos, podendo até mesmo resgatar
potencialidades esquecidas.
Pacientes desorganizados, que não conseguem fazer relatos seqüenciais
da sua história, podem se beneficiar por poder pensar na sua trajetória
de vida de forma mais clara e entender melhor a ordem dos
acontecimentos. Para o terapeuta, também se torna possível uma
maior compreensão do paciente, o que é de vital importância para o
desenrolar do processo terapêutico. Ao organizar os fatos, o paciente
adquire também uma maior noção de causa e efeito sobre o que
aconteceu em sua vida.
Ao analisar a linha da vida, terapeuta e paciente podem identificar as
estratégias que o paciente já utilizou em momentos complicados da
vida para superar dificuldades e ativar técnicas que ele mesmo possui
para enfrentar seus problemas atuais ou futuros. O paciente pode
verificar que atribuiu importância inadequada a alguns momentos ou
fatos de sua vida e tentar ressignificar tais acontecimentos, o que é
muito produtivo para o processo terapêutico. A fase atual também é
incluída na linha e é uma oportunidade de verificar como o paciente se
percebe no momento.
Por fim, a técnica pode ser concluída com uma projeção do futuro.
Podemos solicitar ao paciente que inclua na linha o que espera realizar
nos próximos anos, o que é muito importante para ele compreender
sua vida como em constante construção e dar um significado para ela. A
recente construção de seu histórico poderá facilitar esse processo, pois
o paciente terá maior consciência de suas potencialidades e limitações.
É importante assinalar que esta é uma técnica que pode ser utilizada tanto em atendimentos individuais
quanto conjugais e familiares. Até agora nossas instruções haviam sido mais direcionadas aos casos
individuais. A utilização da linha da vida com a família é muito semelhante.

Normalmente, quem constrói a linha da vida são os pais (adultos), enquanto que para a(s) criança(s) é muito
interessante ouvir e observar essa construção, pois acabam aprendendo coisas sobre a história de sua família e
de seus pais, que ainda não haviam tido a oportunidade de conhecer. Na terapia de casal, pode ser oportuno
para os parceiros relacionarem temporalmente fatos e experiências de suas vidas.

Podendo este exercício conjunto ser fator de ampliação da


compreensão mútua, de novas descobertas entre eles.
Pensamos que esta é uma técnica bastante útil, e que pode ser utilizada
quando o processo terapêutico se encontra estagnado, já que a
construção da linha da vida dá uma idéia de movimento, uma idéia de
presente, passado e futuro.
Esta técnica será potencializada se aliada ao uso do genograma.

* O presente texto foi elaborado pelas alunas do Estágio Curricular de Psicologia Clínica do ano de 2007 do
DOMUS, a partir da discussão de casos vistos em supervisão, e frente à constatação de pouco material
existente sobre a técnica.
Ana Paula Magnus Salvagni, Cristina Benitez Tronco, Karina Neto Corrêa, Maíne Alves Prates, Magda Sílvia
Berté Veríssimo e Milene Vieira Lunes, e revisado pela Supervisora Nira Lopes Acquaviva.
Perguntas como Recurso Terapêutico

Marisa Verdolin

A utilização de perguntas como intervenção terapêutica não é uma “técnica” ou uma receita a ser aplicada
aleatoriamente pelo terapeuta.

Para bem utilizá-las ele dependerá de premissas, posturas e princípios que regem sua atuação na condução de
seu trabalho.
Tudo isto requer um trabalho com a pessoa do terapeuta no qual poderão ocorrer aprendizados e mudanças
paradigmáticas que lhe favoreçam a assimilação de posturas de adoção de seus próprios recursos cognitivos
para criar intervenções, para aprender a interagir circularmente, colocar a “objetividade entre parênteses” e
ter abertura para considerar os diversos lados das questões, e principalmente assumir suas escolhas dentro do
sistema terapêutico.
Significa que o terapeuta deverá estar consciente de que a tomada de decisões ,assim como o compromisso
com a mudança terapêutica, permeiam todo o processo de entrevistas ( fazer perguntas).
Antes de abordarmos a importância das perguntas no processo terapêutico sistêmico, precisamos esclarecer
alguns conceitos que fazem parte do contexto conversacional terapêutico:

Opinar: dar opinião, dar parecer, dar palpite;


Aconselhar: dar conselhos, tentar persuadir, tentar convencer;
Orientar: indicar o rumo, dirigir, encaminhar, guiar, nortear;
Impor: determinar, estabelecer, fixar, obrigar, infligir;
Bater-papo: conversa informal, descontraída, sem objetivo específico;
Perguntar: pedir informação, indagar, pedir esclarecimento;
Interrogar: arguir, sindicar, sondar;
Questionar: objetar, controverter, replicar, retorquir, discutir, polemizar;
Investigar: pesquisar, seguir vestígios, esquadrinhar, desvendar;
Escutar: ouvir com atenção e interesse, perceber o sentido e o significado do que ouve, prestar atenção para
ouvir;
Ouvir: perceber os sons, usar o sentido da audição;
Responder: oferecer resposta, oferecer solução, retribuir, reagir;
Conversar: versar com, falar com, trocar palavras, trocar ideias, discorrer, palestrar, dialogar, comentar,
tagarelar;
O conceito usual sobre Conversa Terapêutica pode se confundir com diversos conceitos acima citados e até
com um conjunto deles.
Porém o conceito sistêmico do que seja uma Conversa Terapêutica é:
Escutar + Perguntar = Estimular Autoquestionamento

Portanto, o que se espera e se propõe na Terapia Sistêmica é que se crie no sistema terapêutico o espaço para
que as pessoas escutem (ouçam com atenção e interesse o que as outras estão dizendo, busquem entender o
sentido e o significado do que está sendo dito), façam perguntas (peçam informações, busquem esclarecer,
façam indagações que favoreçam ao entendimento do que ouvem), e que se estimule o autoquestionamento
(que as pessoas levantem dúvidas a respeito de suas certezas e verdades absolutas, que elas considerem os
aspectos opostos, contraditórios e ambivalentes de suas próprias ideias).
Pois é assim que se cria um ambiente que possibilita a aprendizagem e as mudanças.
É assim que acontece o processo terapêutico transformador.
A Terapia Sistêmica pode ser definida como:
o exercício e arte de conversar
o exercício e arte de escutar
o exercício e arte de (aprender a) fazer perguntas
o exercício e arte de prestar atenção
o exercício e arte de participar
o exercício e arte de se comprometer
o exercício e arte de promover/provocar mudanças

A pergunta é a alma da Terapia Sistêmica, é o recurso terapêutico por excelência e o mais precioso para o
terapeuta.
É uma responsabilidade do terapeuta sistêmico aprender a fazer perguntas que não sejam apenas para
atender a curiosidade sobre o assunto em pauta, mas que seja ela própria uma intervenção terapêutica, um
estímulo à aprendizagem e à mudança.
A pergunta expressa a premissa terapêutica e os pressupostos
epistemológicos que fundamentam a atuação do terapeuta.
A pergunta dentro do processo terapêutico é a “diferença que faz
diferença”.

Toda pergunta pode conter tanto efeitos terapêuticos quanto efeitos


contra terapêuticos.
A pergunta não é inocente e o terapeuta deve ter cuidado ao
formulá-la, pois ele não sabe ao certo “onde ela vai cair”.

O terapeuta deve avaliar o custo x benefício da pergunta que escolhe


fazer.

Sobre a pergunta e sua função no encontro e no processo terapêutico


podemos dizer que:
Ela é a chave da Conversa Terapêutica.
Pergunta é fundamental.
Mais importante que se obter respostas é conviver com a pergunta.
Ela é que introduz interferência no processo interno, acionando uma
conversa interna responsável; só a partir daí pode-se chegar a
respostas responsáveis.
O ser humano é bipolar no sentido de que possui duas “naturezas”: a
irracional (que é a natural) e a cultural/social (que é desenvolvida,
aprendida – ou não).

O ser humano só pode integrar estas duas naturezas e portanto


ultrapassar esta ambivalência perturbadora, integrar seu ser individual e
seu ser social, através do contínuo e criativo processo de
autoquestionamento.

A capacidade e a possibilidade de se autoquestionar é fator de


construção da autonomia do ser humano.

Através do autoquestionamento o ser humano constrói sua capacidade e


habilidade de responder por si, por suas escolhas. Responder é se
responsabilizar.

O instrumento que promove a capacidade de questionamento é a arte


de fazer perguntas.
Perguntar promove orientação.
Quem não faz perguntas é desorientado.

“Orientado é quem sabe aonde quer chegar e questiona se está a


caminho”.
Pergunta Terapêutica
(Organização de material de aulas, palestras e leituras K.Tomm, M.J.E.Vasconcellos)

A pergunta terapêutica tem sempre duas dimensões:


1 - a intenção do terapeuta com a pergunta
2 - a premissa paradigmática implícita na pergunta

1 - Intenção
O terapeuta pode ter duas intenções com suas perguntas:
Orientar-se à respeito do sistema
Interferir no sistema

Para atender a cada uma ele terá que fazer perguntas diferentes.

- Para orientar-se ele deve preferir as perguntas descritivas:


elas focam no que o terapeuta quer saber,
informam sobre o sistema,
possibilitam compreensão do sistema,
geram movimento no terapeuta

- Para influenciar o sistema ele deve preferir as perguntas interativas ou interventivas:


elas interferem no sistema
influenciam para o sistema se compreender
geram movimento no sistema
2 – Premissa Paradigmática Implícita

As perguntas poderão ser formuladas de acordo com dois paradigmas: linear e circular
- Se a premissa do terapeuta é Linear ele tenderá a se limitar a perguntas lineares:
elas refletem a atitude reducionista
são focadas na descrição linear do problema, no que o terapeuta quer saber
dirigem-se ao “sem sentido” ou patologia do que foi dito
refletem a crença do terapeuta de estar na posição do “SABER”
terapeuta que as utiliza age como detetive buscando desvendar o mistério, separa
partes, analisa, classifica para definir o problema
Ao fazê-las o terapeuta age como um arquivista histórico ou um arqueólogo do
problema.

- Se a premissa do terapeuta é Circular ele tenderá a criar perguntas circulares:


elas buscam uma descrição circular dos fatos, uma visão ampliada sobre o sistema
estas perguntas serão referentes aos princípios interacionais ( o que ocorre nas
relações)
possibilitam ao terapeuta buscar conhecer a estrutura do sistema
partem da posição (narrativa) do “NÃO SABER”
focalizam o que o cliente acha que é importante
dirigem-se ao sentido e à compreensão da história do cliente
Ao concebê-las o terapeuta age como um artista da conversação ou arquiteto do
processo dialógico. Faz um entrecruzamento de perspectivas como o arquiteto faz
para conceber sua obra, seu projeto. Como o arquiteto usa réguas, esquadros,
perspectivas, etc., o terapeuta usa as perguntas de todas as espécies, buscando a
dose e adequação para cada uma no momento necessário.
Tipos de Perguntas

Se considerarmos as duas dimensões - Intenção do Terapeuta + Premissas


Paradigmáticas - poderemos identificar 4 tipos de combinação para classificar
as perguntas terapêuticas; todas elas com utilidade relativa, adequadas ou
não, oportunas ou não, conforme a dose de sua utilização:

Perguntas Descritivas Lineares

Perguntas Descritivas Circulares

Perguntas Interativas Lineares

Perguntas Interativas Circulares

Observação:
As perguntas lineares são essencialmente inquisitivas.
As perguntas circulares são predominantemente exploratórias; suas
suposições orientadoras são interativas e sistêmicas:
Perguntas Descritivas Lineares

Intenção do Terapeuta: investigar sobre o sistema para orientar-se


Premissa: linear
Conteúdo:
O que acontece?
Que situação temos aqui?
Quem fez o que? Quando? Onde? Por que?
Explicação do problema
Definição do problema
Efeitos Terapêuticos:
Estabelecem contato inicial
Focam o problema
Atendem ansiedade inicial do sistema
Sugerem interesse do terapeuta
Efeitos Contra terapêuticos:
No sistema:
conservar o olhar linear
reforçar olhar linear sobre o problema
estimula críticas, acusações
reforça críticas já existentes
ativa julgamentos e culpabilidade
No Terapeuta:
favorecem postura de julgamento
risco de exceder na dose
causalidade linear
manter-se neutro
perguntar por curiosidade
olhar reduzido sobre o sistema
Exemplos de Perguntas Lineares:

Por que estão aqui hoje?

Quem ficou deprimido?

O que está acontecendo com vocês?

Você está com dificuldade de dormir?

O que é “isto”?

Aconteceu alguma coisa que desencadeou “isto”?

Há quanto tempo “isto” acontece com vocês?

Vocês ficam preocupados quando “isto” acontece?

É a primeira vez que “isto” acontece?

O que fazem quando “isto” acontece?


Perguntas Interventivas Lineares – Estratégicas (destinam-se a influenciar)
Intenção do Terapeuta: influenciar o sistema/corrigir
Premissa: linear
Conteúdo:
perguntas de condução
perguntas de confrontação
respostas certas ou erradas implícitas
pergunta de professor
surpresa explícita ao fazer a pergunta (insinua gravidade da situação)
implica num juízo de valor
Efeitos Terapêuticos:
mobilizar sistema estagnado
desafiar padrões problemáticos
confrontar limites e contradições
reconhecer soluções óbvias
Efeitos Contra Terapêuticos:
No Sistema:
constrangimento
coerção
estresse inútil
ruptura aliança terapêutica
submissão ao terapeuta
No Terapeuta:
reforçar resistência
oposição ao sistema (tomar partido contra)
interação instrutiva (acreditar “nisto” x autopoiese)
manipulação , manipulação, poder, dono da verdade
Exemplos de Perguntas Interventivas Lineares - Estratégicas :

Por que você não faz “isto” ao invés de “aquilo”?

Você não preferia “isto” do que “aquilo”?

O que aconteceria se você ao invés de fazer “isto” fizesse “aquilo”?

Você percebe como “isto” que você faz provoca nela “aquilo”?

Vocês acreditam mesmo “nisto”?

Quando você vai assumir “isto”?

O que esperava com “isto”?

Quando você fez “isto” achou que “aquilo” não aconteceria?

Você acha “isto” natural?!!!!

Vocês permitem “isto” e fica tudo bem? !!!!

Não te espanta que “isto” esteja acontecendo?

Vocês não estão preocupados com “isto”?!!!!


Perguntas Descritivas Circulares
Intenção do Terapeuta: orientar-se sobre o sistema
Premissa: circular: tudo está interligado, múltiplas causas interligadas
Conteúdo:
possíveis conexões entre pessoas, objetos, ações
percepções, ideias, sentimentos, eventos, crenças, contextos
curiosidade geral
padrões dinâmicos recorrentes
efeitos do comportamento
diferenças
Efeito Terapêutico:
revelam padrões circulares (sistema e terapeuta)
liberar visões lineares ( sistema )
fazer conexões (sistema)
implicam aceitação (terapeuta)
minimizam efeito culpabilizante
isentam juízo de valor
esclarecem situação sem buscar origem (causa)
levantam recursos para lidar com problema
Efeitos Contra Terapêuticos:
No Sistema:
criam angústia (terapeuta sabe solução e não revela)
parecem irrelevantes para preocupações imediatas
No Terapeuta:
supervalorizar sua compreensão sobre o sistema
estilizar e tornar-se irritante
ampliar demais - perder o foco
criar diversas hipóteses
dificuldade utilizar informações
Exemplos de Perguntas Descritivas Circulares:

Como vocês se reuniram aqui hoje?

Quem mais se preocupa com “isto”?

Quem você acha que se preocupa menos com “isto”?

O que fulano faz quando se preocupa com “isto”?

O quê você viu? (perguntar a cada um sobre o mesmo fato)

Como veio a acontecer “isto” nesse momento?


Perguntas Interventivas Circulares – Reflexivas (têm uma intenção predominantemente facilitadora)

Intenção do Terapeuta: Influenciar sistemicamente/respeitando autonomia


Premissa: circular (sistema terapêutico é co-evolucionário)
Conteúdo:
orientadas para o futuro
perguntas do ponto de vista do observador
perguntas inesperadas de mudança de contexto
perguntas com uma sugestão implícita
perguntas sobre a comparação com uma norma
perguntas sobre distinção-esclarecimento
perguntas que introduzem comparações
perguntas para interrupção de processo
perguntas sobre a natureza do que está acontecendo no sistema terapêutico
perguntas sobre crenças pré-existentes
perguntas sobre premissas
Efeitos Terapêuticos:
No Sistema:
facilitar/encorajar mobilizar próprios recursos
produzir novos padrões
rever crenças
ver novas possibilidades
co-construir
funcionam como intervenção terapêutica
No Terapeuta:
criar
respeitar autonomia
flexibilizar
co-construir
prefigura resposta
estrutura domínio resposta apropriada
convida resposta particular
Efeitos Contra Terapêuticos:
No Sistema:
resistência à responsabilidade
resistência a explorar novas premissas
confusão
incerteza
abrir e não oferecer direção
No Terapeuta:
complicar
fomentar confusão
ampliar muito
aumenta a responsabilidade da intencionalidade
cuidado : onde vai cair?
Exemplos de Perguntas Interventivas Circulares - Reflexivas:

- Se você compartilhasse com ele o quanto está preocupada e o quanto isto


está te pondo para baixo, o que imagina que ele faria?

- Imaginemos que houvesse algo com que ele estivesse ressentido, mas não
quisesse dizer a você por medo de te magoar, como você poderia convencê-
lo de que é forte o suficiente para ouvi-lo dizer o que quiser dizer?

- Se houvesse uma questão mal resolvida entre vocês dois, quem estaria
mais pronto a se desculpar?

- Você ficaria surpreso se ela se desculpasse?

- Suponha que neste momento fosse impossível para ela reconhecer ou


admitir quaisquer erros dela, quanto tempo você acha que levaria antes de
você perdoá-la por ser incapaz de fazê-lo?

- Se esta depressão desaparecesse de repente, como suas vidas ficariam


diferentes?
A “diferença que faz diferença” neste tipo de perguntas não são exatamente, as palavras e/ou a ordem das frases,
mas sim a postura emocional do terapeuta ao fazê-las; é o tom emocional que faz a diferença, a subjetividade do
terapeuta ao construir e apresentar as perguntas, pois isto implica a pessoa do terapeuta, a premissa dele, e não só
a intenção dele ao perguntar.

Mas principalmente a atitude que reflete a postura novo-paradigmática assumida pelo terapeuta, que inclui a
intersubjetividade na relação com o sistema, tornando-se com ele um sistema terapêutico.
Genograma

Trata-se do desenho da árvore familiar registrando informações de forma gráfica sobre os membros de uma família e
suas relações durante pelo menos três gerações.
Proporciona uma rápida Gestalt das complexas normas familiares.
Rica fonte de hipóteses sobre como um problema clínico pode estar relacionado com contexto familiar.
Pode-se observar a evolução tanto do problema quanto do contexto através dos tempos
Permite explorar a estrutura familiar de forma clara.
Eficiente resumo da história clínica.
Pode-se agregar dados a cada visita, à medida que se obtêm mais informações. Facilita ao terapeuta ter em mente os
membros da família e as normas familiares.
É uma ferramenta interpretativa, subjetiva, com a qual o terapeuta pode gerar hipóteses para outras avaliações.
O genograma é um importante instrumento de avaliação do sistema, e a cada
interação terapeuta/casal; proporciona informações tanto para a avaliação
quanto para intervenções terapêuticas.
Pode ajudar o casal a verem-se a si mesmo e ao parceiro compreendendo a
influência das famílias de origem em sua funcionalidade.
É um instrumento que pode favorecer a união das famílias.
Permite visualizar-se a família: estrutural, vincular e funcionalmente.
Busca normas de funcionamento e estruturas que continuam ou se alternam
de uma geração para outra.

Ajuda a rastear o fluxo de ansiedade através das gerações e do contexto atual. Fatos recorrentes não são
coincidências e sim estão interconectados sistemicamente. Ocorrem mais comumente nos pontos de transição
do ciclo de vida familiar. Pode-se observar: vários tipos de regras familiares; famílias separadas, fusionadas,
pouco diferenciadas; triangulações - relações instáveis entre 2 pessoas, atrai uma terceira para estabilizar o
sistema.
Ajuda a identificar triângulos, padrões repetitivos e de funcionalidade familiar.
Perspectivas: O genograma pode ser interpretado em dois aspectos ou
perspectivas: horizontalidade e verticalidade.

Horizontal: através da família atual

Avalia a relação dos atores imediatos no drama familiar


Avalia a força e a vulnerabilidade da família
Inclui todo o elenco de atores pertencentes à família nuclear, extensa e
pessoas significativas.
Resume a situação da família atual, incluindo problemas e fatos relevantes.
Pessoa problema pode ser observada dentro do contexto de vários
subsistemas (irmãos, triângulos, etc.) e em relação com os meta-sistemas
(comunidades, escolas, etc.) e contexto sociocultural mais amplo.

Vertical: através das gerações

Avalia as transições dos ciclos vitais na evolução familiar


Três gerações.
Fatos críticos na história familiar.
Temas familiares, mitos, regras, e questões com forte carga emocional de
gerações anteriores.
Repetições de enfermidades, mudanças nas relações, mudanças na estrutura
familiar e outras mudanças críticas.
Importante pesquisar a cronologia familiar.
Observações para a utilização do Genograma:
Sistemas Familiares grupo de pessoas que interagem como um todo funcional.
Família é o sistema primário mais poderoso ao qual uma pessoa pertence.
É composta pela rede de familiares de pelo menos 3 gerações.
Mudanças em uma parte do sistema familiar repercutem em outras partes do mesmo.
Interações familiares tendem a ser recíprocas, padronizadas e repetitivas.
Sintomas refletem a adaptação de um sistema a seu contexto num determinado momento.
Perspectiva sistêmica requer compreensão do problema em maior quantidade de níveis possíveis.
As pessoas estão organizadas dentro dos sistemas familiares segundo geração, idade e sexo.
O lugar que se ocupa dentro da estrutura familiar pode influenciar o funcionamento, regras de relação e o tipo
de família que formará na geração seguinte.
Transmissão multigeracional de padrões familiares.
Normas familiares das gerações prévias podem fornecer modelos implícitos para o funcionamento familiar
para a geração seguinte.
As famílias se repetem a si mesmas. O que acontece em uma geração, frequentemente se repetirá na seguinte.

Utilização do Genograma na Terapia


Para motivar as pessoas a falarem de diversos temas que de outra maneira poderia ser penoso e difícil
conseguir. (em geral as pessoas se interessam e se envolvem na confecção do genograma)
Destravar o sistema.
Clarear padrões familiares.
Redefinir problemas relacionais.
Mapa para intervenções estratégicas.

Para saber mais:


(confecção, simbologia empregada, utilização, interpretação, exemplos)
Genograma – Avaliação e Intervenção Familiar – Mônica McGoldrick, Randy Gerson, Suely Petry - Artmed
Genogramas en la Evaluacion Familiar – Mônica McGoldrick y Randy Gerson
As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar – Betty Carter e Monica McGoldrick – Artes Médicas
Considerações sobre a Utilização de Técnicas Terapêuticas

Solange Rosset

Indicação de Técnicas
A técnica utilizada como um instrumento mecânico não se presta senão para a
manipulação da situação terapêutica; porém quando utilizada com uma real
necessidade do momento de um indivíduo ou de um grupo, pode se
transformar numa obra de arte.

Para que ela seja realmente um instrumento terapêutico, algumas reflexões são
necessárias.

Quando e Porque se usam Técnicas


As técnicas psicoterapêuticas só devem ser usadas quando o processo não está acontecendo; quando por
alguma razão, há necessidade de desencadear movimentos novos.
Se o processo terapêutico está se desenvolvendo satisfatoriamente, não há necessidade de lançar mão de
novos instrumentos.
Técnica é útil como facilitador e nunca deve ser usada como o ponto central de um processo ou de uma
sessão terapêutica. Um processo que está circulando não precisa de um facilitador; nesse caso não é
necessário o uso de técnicas.
As técnicas podem oportunizar o exercício e o desenvolvimento de algum ítem que o cliente está precisando
aprender, além de serem utilizadas para treinar novos comportamentos, tais como: aprender a lidar com o
lúdico, aprender a lidar com regras, aprender a lidar com agressividade, promover troca de afeto, dar colo, etc.
As técnicas também são um bom auxílio para “limpar” algo (raiva, medo, ciúme, inveja, dor, rancor), para que
a pessoa possa fazer contato com o que está por trás do sentimento e, então, o processo tenha andamento.
Servem ainda para trabalhar em diferentes níveis: real (coisas a listar, a fazer), simbólico (representa o real:
desenho, figura, jogos) e fantasia (imaginação, desejo, projeto de vida).
Na Terapia de Casal, além dessas questões gerais, as técnicas têm a
função de auxiliar o terapeuta a manter a postura adequada para
este atendimento. Ou seja, pode ajudá-lo a não polarizar , não
tomar partido que é um dos princípios sistêmicos básicos e não ficar
preso nos jogo de colusão do casal.
Outra questão importante no uso das técnicas é a afinidade do
terapeuta com determinadas técnicas. Esta afinidade depende
muitas vezes do terapeuta ter vivenciado como sujeito aquela
técnica , de sua experiência com ela.
Da mesma forma, é importante adequar a escolha da técnica ao
objetivo do momento, Uma técnica inadequada ao que se deseja
atingir será perda de tempo e de energia. Podendo ainda ferir a
relação de confiança entre cliente e terapeuta.
A forma como se propõe a tarefa e todos os cuidados táticos vão
determinar seu bom ou mau resultado no processo terapêutico.

Definição do Objetivo da Técnica


A técnica deve ser escolhida de acordo com o objetivo a ser
alcançado naquele momento do processo terapêutico; portanto,
mais importante do que o objetivo parcial da técnica é saber para
onde se está caminhando e o que se pretende atingir com o cliente.
Se o terapeuta souber o que está fazendo para o seu cliente, terá
clareza ao definir o objetivo da técnica específica que vai usar.
Dessa forma fica livre para adaptar técnicas e criar outras.
Áreas de Abrangência da Técnicas
Considerando que o ser humano tem três áreas de funcionalidade : mente, corpo e ambiente, as técnicas
podem variar de acordo com a área que se quer abordar.
A área mente é responsável pela produção racional, lógica; engloba o que se pensa, imagina e fantasia.
A área corpo engloba todas as questões ligadas às sensações, emoções e energia do indivíduo.
A área ambiente está ligada às ações da pessoa, ao seu movimento e suas relações no espaço externo a si.
De acordo com seus padrões de funcionalidade as pessoas têm maior ou menor facilidade de atuação,
consciência e integração nestas áreas. Ao definir uma técnica, é importante se ter clareza de quais dessas
áreas a técnica vai privilegiar, vai abranger; além do que é necessário se ter clareza do funcionamento do
cliente, ou seja, quais são suas áreas mais fortes e frágeis e qual o nível de integração ou invasão entre elas.

Adequação da Técnica ao Objetivo e ao Momento


Na escolha da técnica , alguns aspectos teóricos e clínicos deverão ser observados. Estas questões são
específicas da postura básica da Terapia Sistêmica, mas são úteis a todos os terapeutas que trabalham com
abordagens focadas na mudança e na aprendizagem.

Aspectos Práticos da Utilização de Técnicas Terapêuticas


Ao escolher uma técnica a ser utilizada com um determinado cliente o terapeuta deve organizar o material
necessário e levar em conta os seguintes aspectos:
Aquecimento para a técnica – conjunto de procedimentos que intervêm na preparação do cliente, para que ele
tenha as melhores condições para a ação a ser proposta. Engloba a coerência entre o assunto que está sendo
trabalhado e a técnica a ser utilizada, a forma de se propor o trabalho as palavras e as consignas adequadas
para motivar o cliente e conseguir sua cooperação e disponibilidade.
Desenvolvimento da técnica - é a aplicação da técnica em si , disponibilizando o material necessário, o espaço
e o tempo adequado para que a tarefa seja executada de maneira satisfatória para o cliente e de acordo com
o objetivo terapêutico almejado.
Fechamento da técnica - engloba o relato que o cliente faz , os comentários do terapeuta, as avaliações das
situações envolvidas e o aproveitamento das questões que surgirem, novas tarefas que sejam pertinentes, o
que se pode aprender ali, etc.
Cuidados Necessários
Com o padrão de funcionamento – o terapeuta precisa estar atento à forma
como a técnica é realizada, ao conteúdo que surge a partir dela, e
principalmente, ao padrão de funcionamento do cliente. Qualquer técnica
utilizada revela esse padrão. Nunca se deve utilizar uma técnica se tiver alguma
dúvida sobre conveniência dela ao padrão disfuncional do cliente .
Com a consigna – uma boa consigna deve ser clara. As palavras devem ser
utilizadas de acordo com o objetivo que se quer atingir. Não se deve explicar
demais ou de menos para não interferir na espontaneidade do cliente para
realizar o trabalho proposto.
Com o tempo – o tempo deve ser determinado conforme a situação, o tempo
interno do cliente e o objetivo da técnica proposta.
Com o espaço – o espaço define a adequação do uso da técnica; quando se tem
que adaptar a técnica ao espaço disponível, deve-se cuidar para que isto não
prejudique a viabilidade de sua realização pelo cliente.
Com o julgamento e a interpretação do resultado – muitas vezes o mais
importante não é o resultado a ser interpretado e sim o processo des envolvido
pelo cliente na realização da técnica proposta; a dinâmica criada, o padrão de
funcionalidade observado. Julgamentos, interpretações e racionalizações
podem desqualificar e enfraquecer o objetivo da utilização de uma técnica.
Com a escolha da Técnica – o terapeuta deve escolher apenas técnicas com as
quais se sinta familiarizado e sobre as quais tenha domínio; do contrário corre o
risco de expor o cliente a situações inúteis de estresse, perdendo sua confiança
e credibilidade.
Bibliografia

Fundamentos da Terapia Familiar Atendimento Sistêmicos de Famílias e Redes


Philip Barker Sociais
CLIMEPSI EDITORES Vol. III – Desenvolvendo Práticas com a Metodologia
de Atendimento Sistêmico
Parte II – Recursos Teóricos e Instrumentais Para a
Terapia Familiar – Conceitos e Métodos Compreensão e Atuação em Sistemas Amplos
M. Nichols e R. Schwartz Juliana Gontijo Aun
ARTMED Maria José Esteves de Vasconcellos
Sônia Vieira Coelho
OPHICINA DE ARTE & PROSA
Psicodrama em Instituições Públicas
Julia Maria Chalita de Paula
Maria Inês Tavares Pinto Coelho Artigo : Utilização da Linha da Vida
SANTA CLARA EDITORA PRODUÇÃO DE LIVROS como Técnica em Psicoterapia
LTDA. Domus – Centro de Terapia de Casal e Família

Técnicas de Terapia Relacional Sistêmica Elaboração e Organização de Anotações


Solange Maria Rosset Cursos Diversos
EDITORA SOL Acervo Professora Marisa Verdolin

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