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EFEITOS DA PRÁTICA DA MEDITAÇÃO MINDFULNESS SOBRE AS FUNÇÕES

EXECUTIVAS
Isabela Carvalho Lacerda1
RESUMO
Traduzido pra o português como “Atenção Plena” ou “Consciência Plena”, o mindfulness  é um estado
mental de controle sobre a capacidade de concentração nas experiências, atividades e sensações do
presente. Originária a partir das práticas meditativas orientais, principalmente entre os budistas, a
meditação mindfulness tem sido empregada, há algumas décadas, em variadas práticas
psicoterápicas, alcançando resultados bastante satisfatórios. De acordo com estudos, os sintomas
psicológicos como ansiedade generalizada, estresse, depressão, transtorno do pânico, distúrbios de
humor, transtornos alimentares, fobias, bem como sintomas físicos, como dor crônica, dor aguda,
fibriomialgia, psoríase, entre outros, podem ser atenuados com o emprego desta prática. Funções
executivas são definidas como a capacidade para iniciar e terminar uma tarefa de forma eficaz,
criativa e socialmente aceitável. Incluem a capacidade de antecipação, a escolha de objetivos,
planejamento e seleção de comportamento. A disfunção executiva está presente em diversas
psicopatologias. O presente artigo busca verificar, na literatura científica existente, os efeitos da
prática da meditação mindfulness no aprimoramento das funções executivas. Para isso realizou-se
uma revisão bibliográfica, de cunho analítico em publicações sobre o assunto. A literatura revisada
indica que a prática da meditação mindfulness proporciona significativas modificações sobre as
funções executivas, relatando, inclusive, a importância de se pensar, em nível educacional, no uso
destas intervenções em crianças em fase escolar, para melhoria do desempenho acadêmico, e como
contribuição para a formação de adultos bem preparados e desenvolvidos cognitivamente. A prática
do mindfulness surge com uma alternativa viável em detrimento das substâncias psicotrópicas,
utilizadas atualmente, para aprimoramento mental.

Palavras-chave: Mindfulness. Funções executivas. Cognição.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Black (2010) mindfulness, é um termo em inglês,


ainda sem tradução específica, mas que pode ser entendido por
atenção plena, podendo variar, recebendo versões como “consciência”,
“atenção”, “consciência secundária”, “presença” e “inspeção”.
Tal designação foi, inicialmente, utilizada no antigo idioma Pali,
na forma de “Sati”. Sati sugere estar atento (awareness), atenção e
lembrar. O Pali é a língua original dos ensinamentos de Buda, portanto,
a meditação mindfulness é relacionada às culturas budista, hindu e
chinesa e vem tendo especial destaque, nas últimas décadas dentro de
alguns ramos da ciência, particularmente da Medicina, Neurociências e
Psicologia (SHAPIRO, 2009).
Uma forma bem simplificada de definir a meditação mindfulness
é um estado alerta momento a momento, ou seja, uma consciência
sincera, sem julgamentos. Que se define como um estado de presença
1
Pós graduanda em Neuropsicologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG)
– email: belalacerda1910@gmail.com
mental ou atenção plena em que, durante o estado de mindfulness, o
indivíduo está atento, presente e consciente ao objeto de sua atenção,
seja ela sua realidade interna e/ou externa (SIEGEL; GERMER;
OLENDZKY, 2008).
. Menezes; Klamt-Conceição e Melo (2014) complementam que
“por estes motivos, que mesmo no Budismo, essa prática, é concebida
inerentemente clínica e mais diretamente relacionada à psicologia do
que a religião”.
Segundo Bishop et. al. (2004) a meditação mindfulness tem sido
estudada há várias décadas e comprovada, por vários especialistas e
diversos estudos, como técnica eficaz na melhoria de diferentes
desordens psicossomáticas e transtornos mentais, como por exemplo:
depressão (Van Aalderen et. al., 2012; Barnhofer et. al., 2009),
estresse (Lenze et. al., 2014), transtorno do pânico (Kim et. al., 2013),
ansiedade (Vollestad et. al., 2012), dor crônica (Zeidan et. al., 2011),
psoríase (Fordham et. al., 2014), além de contribuir sistematicamente
na melhora do bem estar geral (Robins et al., 2013; Ngô, 2013;
Paulson et. al., 2013).
E mais recentemente, é possível encontrar menções, na
literatura especializada, sobre efeitos da prática da meditação
mindfulness sobre as funções executivas (Greenberg et al., 2012;
Powel, 2014; Teper & Inzlicht, 2013; Flook & Smalley, 2010; Garland,
2010, Haase et. al., 2014).
Segundo Diamond (2013) as funções ou habilidades executivas,
dentro do processo cognitivo, são de grande importância para o
comportamento cotidiano dos indivíduos, pois tais funções são
responsáveis, pelo planejamento e execução das diferentes atividades
e incluem habilidades tais como: planejamento, organização, manejo
do tempo, memória de trabalho, meta-cognição, controle inibitório,
iniciação de tarefas, atenção sustentada, velocidade de
processamento, flexibilidade, auto-regulação do afeto, persistência em
relação ao alvo, adaptação de resposta, entre outras.

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Wallace e Shapiro (2006) ressaltam que o bem-estar pode ser
cultivado, desenvolvendo-se a auto-regulação e o equilíbrio emocional
através das quatro dimensões definidas como funções executivas:
a atenção, a cognição, a emoção e a motivação e para alcançar tal
equilíbrio, um auxílio importante pode vir da prática da meditação
mindfulness.
Sendo assim, o presente trabalho procurará evidências, na
literatura existente, da influência da prática da meditação mindfulness
no aprimoramento das funções executivas. Para alcançar tal objetivo,
será abordado os temas mindfulness e funções executivas
isoladamente, buscando conceituá-los, visando compreender melhor a
temática. Após isso, serão apresentados dados da literatura que
tragam comprovação dos efeitos do mindfulness sobre as funções
executivas. O trabalho tem, ainda, a expectativa de poder ser útil para
diferentes profissionais ou interessados no tema.

2. CONCEITO DO MINDFULNESS

Uma prática que remonta mais de 2.500 anos, a meditação


mindfulness teve seu início atribuído aos ensinamentos de Siddharta
Gautama, o Buda, como é mais conhecido. (HAHN, 1976).
Teixeira e Pereira (2009) afirmam que cultivar o mindfulness
através da prática da meditação tem uma longa história nas tradições
espirituais, onde se descreve a meditação (mindfulness) como um
método disponível para reduzir o sofrimento e encorajar o
desenvolvimento de qualidades positivas, tais como a
consciencialização, insight, sabedoria, compaixão e equanimidade.
Segundo Barros (2013), em 1979, Jon Kabat-Zinn incorporou
algumas práticas budistas, tais como a meditação, à medicina
comportamental. Inicialmente introduziu o treino de mindfulness nos
tratamentos para dores crônicas e redução de estresse, entretanto a
eficácia do tratamento foi comprovada para outros tipos de problemas,
como os transtornos de ansiedade. Para desenvolver este programa

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Kabat-Zinn criou a Clínica de Redução do Estresse, no Centro Médico
da Universidade de Massachusetts (Mindfulness Based Stress
Reduction - MBSR).
Kabat-Zinn (1990), pesquisador de referência no tema, esclarece
que a meditação mindfulness era uma prática usada num contexto
religioso ou espiritual, no princípio, distante do universo da ciência, mas
que passou a interessar a comunidade científica na medida em que
efeitos fisiológicos do seu uso, com impactos sobre a saúde humana
passaram a ser identificados e pesquisados. De acordo com o referido
autor, de maneira prática, mindfulness significa prestar atenção de
forma consciente para experimentar o momento presente, com
interesse, curiosidade e aceitação, ou seja, é estar sempre em
concentração no momento atual, de forma intencional e sem
julgamento, ou ainda, estar plenamente em contato com a vivência do
momento, sem estar absorvido por tal vivência.
Segundo Kabat-Zinn (2003), uma forma de compreender o
mindfulness é entendê-lo como a consciência que vem a tona através
da atenção prestada a um propósito, no presente momento, sem
julgamento e em contato com o que revela a experiência momento a
momento.
Siegel; Germer e Olendzky (2008) definem mindfulness como
estar alerta momento a momento, ou seja, uma consciência sincera
não julgadora, um estado de presença mental ou atenção plena.
Durante o estado de mindfulness o indivíduo está atento, presente e
consciente ao objeto de sua atenção, seja ela sua realidade interna
e/ou externa.
Menezes; Klamt-Conceição e Melo (2014) explicam que mesmo
no Budismo, essa prática, é clínica e mais diretamente relacionada à
psicologia do que à religião. Sendo também, conhecida como
meditação do insight.
Praticar a atenção plena é manter o foco na tarefa do momento,
evitando que a atenção esteja no passado ou no futuro. Estar presente
de uma maneira incondicional gera energia, clareza mental e alegria. O

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mindfulness diz respeito a manter as lembranças, mas não viver de
memórias. Recordar é necessário para reorientar a atenção e estar
alerta para a experiência do momento de uma maneira receptiva,
incondicional. Essa reorientação tem o objetivo de desembaraçar a
atenção dos devaneios e vivenciar plenamente o momento presente
(GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).
Danny e Mark (2016) afirmam que estar consciente (mindful) é
acordar e enxergar o que se está vivenciando no momento atual, com
uma reação generosa e de agilidade que permite ser menos reativo de
maneira a vivenciar as provações cotidianas. De acordo com Germer,
Siegel e Fulton (2016), a qualidade de estar alerta é importante em
contextos clínicos, sendo caracterizado por ausência de julgamento,
aceitação, amor-bondade e compaixão. Os referidos autores relatam
que Kabat-Zinn definiu mindfulness como “estar alerta de coração
aberto, momento a momento, sem julgamento”.
Uma resposta de compaixão à própria dor é necessária ao lidar
com emoções intensas e constantes. Se o indivíduo se afasta de uma
experiência desagradável com ansiedade ou repulsa, a capacidade de
trabalhar esta experiência diminui exponencialmente (GERMER;
SIEGEL; FULTON, 2016).
As pessoas, atualmente, estão sempre em alerta e agem
automaticamente, sem refletir sobre o que está acontecendo.
Pensamentos e sentimentos que não são coerentes com o momento
presente invadem a mente. Por isso, o objetivo do mindfulness é que o
indivíduo retome esse controle, a partir da atenção plena permitindo
que o praticante não se deixe levar pela sua reatividade evasiva, o que
é comum na vida corrida dos dias atuais, e substituí-la por respostas
mais conscientes (DANNY; MARK, 2016).
Kabat-Zinn (2003) corrobora com a ideia de que as pessoas
vivem no piloto automático e acrescenta que a prática de mindfulness é
intencional, uma vez que a pessoa escolhe estar plenamente atento e
se esforça para alcançar esta meta. Viver no piloto automático
impossibilita as pessoas de lidarem, de forma flexível, com os eventos

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do momento que são dolorosos e promove modos rígidos e altamente
limitados de reagir ao ambiente.
De acordo com Brown e Ryan (2003), é raro estarmos com
atenção plena. Em geral, somos pegos em pensamentos desviantes ou
em opiniões sobre o que está acontecendo no momento. Isso é falta de
atenção. Exemplos de falta de atenção incluem os seguintes:

• Passar pelas atividades correndo sem prestar atenção a elas;


• Quebrar ou derramar coisas devido a descuido, desatenção ou por estar
pensando em outra coisa;
• Não perceber sentimentos sutis de tensão física ou desconforto;
• Esquecer o nome de uma pessoa quase no mesmo instante em que o
ouvimos;
• Encontrar-se preocupado com o futuro ou o passado;

• Comer sem ter consciência de estar comendo (BROWN E RYAN, 2003).

Hayes et. al. (2008) afirma que as pessoas têm tendência a


evitar pensamentos, sentimentos e situações que as deixam tristes, por
pensarem não ter capacidade para aguentá-las. Esta esquiva
experiencial ou da vivência emocional resulta da tentativa de não ter
determinados pensamentos, sentimentos, memórias e estados físicos,
por estes serem avaliados negativamente.
Tal ação trata-se de uma estratégia adaptativa na qual o
indivíduo busca excluir sensações e sentimentos negativos, que
embora não sejam danosos por si só, são sinais de condições de vida
que deveriam ser enfrentados. É uma estratégia desvantajosa, pois
quanto mais se reluta em não vivenciar sensações e sentimentos mais
estes se tornam insistentes, ocorrendo à ruminação mental e o
aumento involuntário da atenção seletiva para tais conteúdos
(ROEMER; ORSILLO, 2010).
Barros (2013) explica que o conceito clássico de mindfulness é a
manutenção da atenção e da consciência de forma intencional, que
possibilita aos praticantes desenvolver estados de consciência
refinados. Esses estados de consciência facilitam a observação de
quais gatilhos mantém os eventos mentais mal adaptativos, facilitando
a possibilidade de que os praticantes aumentem os adaptativos e
reduzam os mal adaptativos.
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Entende-se por eventos mal adaptativos, as estruturas
cognitivas que ajudam os indivíduos a explicar sua própria realidade e
suas experiências de vida, porém de forma autoderrotista e
desadaptativa. São formas de pensar distorcidas da realidade, no qual,
são reforçadas pelos eventos ao longo da vida (GIRARD; FEIX, 2010).
A prática de mindfulness é intencional pelo fato do praticante
escolher e se esforçar para estar plenamente atento e disposto a
aceitar emoções, pensamentos e sensações, sem julgamento. Além da
aceitação, a técnica de mindfulness está voltada para a relação
estabelecida entre o indivíduo e suas vivências e experiências internas
no momento presente. Esta técnica não é voltada para o conteúdo e
análise dos pensamentos como ocorre na terapia cognitivo-
comportamental e sim para a consciência plena de como a pessoa lida
com suas experiências internas e situações do cotidiano (ROEMER;
ORSILLO, 2010).
Germer; Siegel e Fulton (2016) ressaltam que, no ocidente,
existem três tipos de meditação que são normalmente ensinados com o
nome de meditação mindfulness:
A atenção focada, ou meditação de concentração, pode ser comparada a
um feixe de raio laser, que ilumina qualquer objeto para o qual é dirigido.
Exemplos de objetos internos de meditação incluem a sensação da
respiração, palavras e frases selecionadas ou um único local do corpo. Os
objetos de foco externo poderiam ser uma imagem, um som, a chama de
uma vela ou mesmo um ponto na parede. A concentração geralmente é
mais fácil quando o objeto é agradável. A instrução para esse tipo de
meditação é: “Quando você percebe que sua mente está vagando,
suavemente traga-a de volta para o objeto de atenção”. A meditação de
concentração ajuda a cultivar uma mente calma, imperturbável.
A meditação de monitoramento aberto pode ser comparada a um
holofote (vs. um feixe de raio laser na meditação de concentração), que
ilumina uma variedade mais ampla de objetos à medida que eles surgem na
consciência, um de cada vez. Ser receptivo a qualquer som que seja mais
evidente no ambiente em um determinado momento é um exemplo de
monitoramento aberto, enquanto escutar deliberadamente o som de um sino
é considerado atenção focalizada
Amor-bondade e compaixão descrevem mais a qualidade do estar alerta –
a atitude ou a emoção – do que a direção do alerta. Pense na diferença
entre a luz em uma sala de cirurgia e a luz de velas em um jantar. O amor-
bondade aquece a experiência da meditação, trazendo as qualidades de
ternura, calma, conforto, alívio, cuidado e conexão. Essas qualidades são
particularmente importantes quando estamos lidando com emoções difíceis
que contraem nossa percepção e ativam nossas defesas. Um exemplo de
meditação de amor-bondade (em pali: metta) é a repetição lenta de frases
como “Que eu esteja seguro(a)” ou “Que eu seja feliz e livre de sofrimento”.
O propósito de uma meditação de amor-bondade é plantar sementes de

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benevolência por nós mesmos e com os outros, repetidas vezes, que por
fim brotem como pensamentos, emoções e comportamentos positivos. Em
um sentido mais amplo, qualquer meditação que evoque uma sensação de
felicidade e cordialidade pode ser considerada meditação de amor-bondade
(GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

Segundo Girard e Feix (2016), o objetivo do mindfulness é


treinar a mente de forma que esta esteja plenamente consciente do
que se está realizando. Dessa maneira, a mente passa a reconhecer
seus conteúdos de uma forma mais clara, assim, possibilitando melhor
convivência com as emoções, tornando desnecessário o uso de
defesas ou distrações. Aos praticantes de mindfulness é ensinado a
praticar a aceitação de todos os sentimentos que ocorram durante a
prática, tais como: ansiedade, impaciência, inquietude, desconforto
físico bem como emoções agradáveis. O importante é sempre manter o
foco da atenção ao momento, não se deixando perder por nenhum
pensamento ou sentimento que cause distração.
Praticar “a aceitação não implica em resignação ou atitude
derrotista, com inspiração na tradição budista, aceitação significa
compreender a verdade, aceitar os fatos, através da prática de
mindfulness” (ROEMER; ORSILLO, 2010).
Entretanto, a aceitação não se trata de validar maus
comportamentos, ao contrário, aceitar o momento presente é o
principal requisito para a mudança. A autoaceitação é central para o
processo terapêutico de quem pratica mindfulness. A prática de
mindfulness ajuda a perceber as emoções e a esclarecer o que está
sentindo. Ansiedade e preocupação ocorrem quando outras emoções
primárias (tristeza, raiva e medo) estão presentes, mas estão sendo
evitadas ou ignoradas. As emoções podem comunicar informações
distorcidas ou incorretas e podem ser duradouras ou parecerem mais
intensas que a situação. Tais emoções são chamadas de turvas. As
emoções claras ocorrem em resposta direta à situação em questão,
como sentir-se triste pela perda de uma pessoa querida (GERMER,
SIEGEL E FULTON, 2016).
Segundo Didonna (2009), os estudos sobre mindfulness vêm
crescendo na literatura internacional, mas este é um tema ainda pouco
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conhecido, principalmente no Brasil. Além disso, existe a necessidade
de se conhecer melhor quais intervenções baseadas em mindfulness
funcionam e para quem servem. Isso só será possível através do
desenvolvimento de instrumentos válidos e confiáveis que mensurem
mindfulness e seus componentes, bem como as associações entre eles
e mudanças clínicas.

2.1 FUNÇÕES EXECUTIVAS

De acordo com Menezes et. al. (2012), entende-se por funções


executivas um conjunto de habilidades responsáveis pelo controle top-
down do comportamento. Ou seja, habilidades que atuam no controle e
na regulação de outros processos comportamentais, que inclui
cognição e emoção, e são requeridas sempre que o indivíduo se
engaja em tarefas ou situações novas, para as quais não possui um
esquema comportamental prévio ou automatizado, seja na resolução
de problemas e no estabelecimento de objetivos, sendo fundamentais
ao seu funcionamento adaptativo na vivência diária.
As funções executivas exercem papel fundamental no processo
cognitivo, que é responsável pelo planejamento e execução de
atividades, tais como o raciocínio, a lógica, as estratégias e as tomadas
de decisões, além da manutenção de ações permanentes de controle
mental. São auxiliares na manutenção da iniciativa, no estabelecimento
de objetivos, no monitoramento de tarefas por meio de autocontrole -
sempre revendo as estratégias de acordo com o plano original.
Funções executivas são desenvolvidas mais intensamente nos
primeiros anos de vida – de forma gradual durante a infância e
adolescência até a fase de adulto jovem – e quando ocorrem falhas
neste desenvolvimento, é comum surgirem problemas envolvendo
planejamento, organização, manejo de tempo, memória e controle das
emoções, entre outros (DIAMOND, 2013).
As funções executivas podem ser divididas em três grandes
categorias de competências:

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Autocontrole ou inibição: A capacidade de resistir à uma tentação para
poder fazer aquilo que é certo. Essa capacidade ajuda as crianças a prestar
atenção, agir menos impulsivamente e a manter a concentração numa
tarefa.
Memória de trabalho: A capacidade de manter as informações na mente,
onde elas podem ser manipuladas. Essa habilidade é necessária para
realizar tarefas cognitivas, tais como estabelecer uma relação entre dois
assuntos, fazer cálculos apenas com a mente e estabelecer uma ordem de
prioridade entre várias tarefas.
Flexibilidade cognitiva: A capacidade de usar o pensamento criativo e
ajustes flexíveis para se adaptar às mudanças. Essa habilidade auxilia as
crianças a utilizar sua imaginação e criatividade para resolver problemas
(GERMER; SIEGEL; FULTON, 2016).

Diamond (2013) afirma que é a partir da integração dessas três


funções executivas principais, que outras habilidades surgem, tais
como: planejamento, tomada de decisão, resolução de problemas e até
mesmo o raciocínio, consideradas funções executivas complexas.
É importante considerar que as funções executivas surgem e
possuem um longo curso de desenvolvimento, isto é, iniciam seu
desenvolvimento precocemente na infância, por volta dos 12 meses,
em um trajeto até a adolescência ou mesmo a vida adulta inicial. Os
diferentes componentes das funções executivas parecem seguir
trajetos de desenvolvimento distintos, com algumas habilidades já mais
bem estabelecidas na adolescência, enquanto que aquelas mais
complexas atingiriam maturação mais tardiamente (PAPAZIAN;
ALFONSO; LUZONDO, 2006).
Best, Miller e Naglieri (2011), afirma que a infância é um período
importante para o desenvolvimento das funções executivas, pois estas
se desenvolvem rapidamente na infância (maior efeito de idade em
crianças de 5 a 7 anos), com mudanças mais modestas ocorrendo em
crianças mais velhas e mesmo durante a adolescência (efeito apenas
moderado entre 8 e 15 anos e pequeno entre 15 e 17 anos).
Estudos evidenciam que a primeira habilidade a emergir é o
autocontrole, por volta dos 12 meses. Entretanto, nesse estágio de
desenvolvimento, essa habilidade é ainda muito incipiente e, até
aproximadamente os 3 anos de idade, os comportamentos infantis
ainda são predominantemente espontâneos, refletindo reações ao
ambiente. Somente entre 4 e 5 anos é que as crianças se tornam
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progressivamente mais capazes de autocontrolar e agir de modo mais
ponderado. Apesar de emergir em idade precoce, o autocontrole tem
um desenvolvimento mais pronunciado entre 3 e 5 anos de idade,
continuando até a adolescência, quando atinge nível equivalente ao do
adulto (HUIZINGA; DOLAN; VAN DER MOLEN, 2006).
Davidson et. al. (2006) afirma que a habilidade de memória de
trabalho apresenta evidências após os 12 meses de idade. Mas é
apenas a partir dos 3 anos, até aproximadamente os 5 anos de idade,
que as crianças precisarão cada vez menos da presença e da
manipulação física do objeto para pensar sobre ele. Nesse período,
elas se tornam capazes de criar imagens mentais e operar sobre elas.
Na resolução de um quebra-cabeça, por exemplo, uma criança com até
3 anos de idade experimentaria peça a peça para completar um quadro
com um item faltante. Já em torno dos 5 anos, a criança se torna capaz
de manipular o conjunto mentalmente; ela ignora peças muito
pequenas ou grandes, aquelas obviamente erradas, e seleciona
apenas aquelas com maior possibilidade de completar o quadro. A
memória de trabalho continua a desenvolver-se ao longo da infância e
adolescência até a vida adulta inicial.
Segundo Diamond e Lee (2011) a flexibilidade cognitiva
começaria a se desenvolver mais tardiamente em relação ao
autocontrole e à memória de trabalho, pois, em certa medida,
envolveria essas outras habilidades. Por exemplo, para tomar uma
perspectiva diferente, seria necessário, antes, inibir a perspectiva
prévia e, ainda, ativar na memória de trabalho a nova abordagem ao
problema. Estudos evidenciam que a flexibilidade apresenta
desenvolvimento significativo entre 5 e 7 anos de idade, apesar de
contínuo crescimento ao longo da infância e adolescência.
Entre os 4 e 5 anos, desenvolvem-se, de forma progressiva as
habilidades de focar a atenção e de recordar-se de algum evento de
forma deliberada, ignorar distrações, retardar gratificação, interromper
um comportamento inadequado ou agressivo e agir de modo
“adaptativo”, adequando seu comportamento às demandas e regras

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sociais, inclusive controlando emoções. As crianças já são capazes,
nessa idade, de avaliar o produto de suas ações (por exemplo, “meu
desenho ficou muito bonito”), o que é um ato metacognitivo. Podem,
ainda, distinguir entre o que devem ou não fazer, que comportamentos
são ou não adequados, e sentem desconforto na transgressão, o que
significa que são capazes de compreender, apesar de nem sempre
serem capazes de seguir as regras que lhes são impostas (ROSÁRIO;
NÚÑES; GOLZÁLEZ-PIENDA, 2007).
De acordo com Dawson e Guare (2010), entre 3 e 5 anos, com a
aquisição da linguagem, a criança ganha uma importante ferramenta
de controle e regulação. A fala autodirecionada pode, assim, ser
utilizada para manejo do comportamento do outro e, depois, do seu
próprio. Essa estratégia é evidente em crianças com idades entre 3 e 5
anos e é totalmente internalizada apenas entre 9 e 12 anos. E, mesmo
após essa idade, essa estratégia ainda pode ser utilizada quando a
dificuldade da tarefa é elevada. A internalização da fala facilita o
cumprimento de regras e o uso de estratégias de solução de
problemas, autoinstrução e automonitoramento.
Bodrova e Leong (2007) ressaltam que até os 3 anos de idade
emergem as habilidades básicas, entre 3 e 5 anos, essas habilidades
ainda em desenvolvimento, são somadas a outras, permitindo à criança
maior controle de seu comportamento. Surge, nesse período, o
desenvolvimento de habilidades tais como inibição, atenção seletiva,
memória de trabalho e de aspectos metacognitivos, que permitem à
criança avaliar o produto de suas ações e saber se um comportamento
é, ou não, adequado às regras ou a contextos específicos. Entre 5 e 6
anos, as crianças se tornam capazes de se engajar em
comportamentos mais complexos, tomar decisões e planejar, dividir
comportamentos complexos em sequências e os recombinar em novas
formas para resolução de novos problemas ou objetivos, o que exige a
atuação integrada de outras habilidades do funcionamento executivo.
O desenvolvimento das funções executivas é lento e progressivo
e um ponto relevante que deve ser levado em consideração, é que

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esse tempo de desenvolvimento pode possibilitar uma ampla janela de
vulnerabilidade, de modo que alterações precoces no desenvolvimento
dessas habilidades podem acarretar consequências diversas em curto,
médio e longo prazo (GARCÍA-MOLINA et. al., 2009).
Entretanto, de acordo com Dawson e Guare (2010), essa janela
abre possibilidades de estimulação e promoção do desenvolvimento
dessas habilidades. O córtex pré-frontal, uma das principais estruturas
do substrato neurológico das habilidades executivas, é a última região
cerebral a atingir maturação. A mielinização das fibras se inicia em
estágios precoces do desenvolvimento e, especificamente nos lobos
pré-frontais, continua até o início da vida adulta, quando essa estrutura
atinge maturidade. O curso temporal desse processo de maturação
assim como de suas conexões subcorticais encontra alta
correspondência com o curso de desenvolvimento das funções
executivas.
Estudos apontam que diversas variáveis ambientais parecem
impactar o desenvolvimento das habilidades executivas, como nível
socioeconômico e cultural, ambiente familiar e estilo de interação entre
a criança e seus pais. A literatura apresenta, recentemente, estudos
que evidenciam artes marciais, práticas contemplativas, como
meditação, e intervenções conduzidas no contexto escolar, como
currículos escolares específicos ou mesmo complementares, também
podem impactar o desenvolvimento das funções executivas e ser
utilizados para promovê-las com resultados bastante promissores
(DIAMOND, 2011).

2.2 EFEITOS DA PRÁTICA DA MEDITAÇÃO MINDFULNESS SOBRE


AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

Atualmente, têm surgido cada vez mais estudos publicados


referentes aos efeitos do mindfulness sobre diversos aspectos do
comportamento, tais como atenção (Bishop et. al., 2004), memória
(Saunders et al., 2013), flexibilidade cognitiva (Greemberg et al, 2012),

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metacognição (Chiesa et al., 2011), entre outros. Os autores sugerem
que essa prática possa influenciar as funções executivas, e
consequentemente melhorar os índices cognitivos.
Através de um estudo baseado na análise dos dados
observados pelos pais e professores de crianças das turmas de 2º e 3º
ano, de uma escola americana, Flook et. al. (2010), afirmam terem
encontrado resultados interessantes acerca dos benefícios de um
programa de práticas de meditação mindfulness nas melhorias de
regulação comportamental, meta-cognição e nos domínios gerais e
específicos da função executiva. Através de exercícios simples de
conscientização, observou-se melhorias nas habilidades das crianças
nas práticas de mudar, iniciar e monitorar. Pais e professores são rica
fonte de informação, pois observam as crianças por várias horas por
dia, através de variadas atividades e são por isso capazes de
perceberem mudanças e melhorias no desenvolvimento cognitivo.
Observou-se, no referido estudo, um paralelo nos resultados
relatados tanto dos pais quanto dos professores, os pesquisadores
ficaram convencidos de que a introdução de práticas de consciência
atentas – nas formas de jogos adequados por idade e exercícios
específicos - são ferramentas úteis para melhora do funcionamento
executivo em crianças de idade escolar elementar. Os achados
revelaram que a prática do mindfulness introduzida em um programa
de educação geral é particularmente benéfica em crianças com déficits
nas funções executivas, pois após treinamento em consciência atenta,
elas passaram a exibir scores de função executiva na faixa da média.
Os autores apontam ainda que os resultados se mostraram intrigantes
em função das significativas diferenças encontradas, que surgiram
mostrando efeitos imediatos, mesmo depois de intervenções
relativamente curtas em termos de período de tempo (apenas 8 horas
de treinamento formal) na amostra estudada. E concluem que a
introdução destes tipos de práticas de conscientização no ensino
fundamental poderia vir a ser um caminho viável e de baixo custo para
melhorar o desempenho das funções executivas nas crianças em geral

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e, talvez mais especificamente, em crianças com dificuldades nas
funções executivas e assim aumentar o desenvolvimento sócio-
emocional, cognitivo e acadêmico das crianças (FLOOK et. al., 2010).
Em estudo realizado com estudantes do 1º ano de medicina de
uma universidade da Califórnia buscaram relacionar a prática de
meditação mindfulness com melhorias na saúde mental e
comportamental. Pois, na visão dos pesquisadores, os estudantes de
medicina estão sujeitos a altos índices de estresse por causa da alta
demanda cognitiva e, portanto, susceptíveis a respostas de
enfrentamento mal adaptadas (como por exemplo, o abuso de drogas –
principalmente o álcool). Neste contexto, a prática da meditação
mindfulness foi considerada importante porque ela é capaz de
desenvolver a auto-regulação afetiva e de atenção, que são processos
ligados às funções executivas. O estudo revelou que 25% dos
estudantes utilizavam a prática de meditação, que acabou por se
revelar como positiva na proteção ao abuso de drogas, notadamente o
álcool. Por isso, a meditação mindfulness já se encontrava incorporada
a vários programas de ensino de médicos, com bons resultados
(BLACK et. al., 2011).
De acordo com Garland (2007) a meditação mindfulness é eficaz
na redução do estresse e na melhoria dos índices relacionados à
saúde. Estudando um modelo causal de estresse, ele observou a
conexão entre estresse, metacognição e coping e o possível papel do
mindfulness neste modelo. Em sua visão, o mindfulness seria um ponto
de incremento potencial, capaz de desembaraçar os processos mentais
que sustentam os males individuais e sociais, ou seja, um elemento
essencial da resiliência. Apesar das ameaças, danos e perdas serem
fatos inevitáveis da vida, a atenção plena poderia ser a realização de
um projeto que nos permitiria lidar de melhor forma com as
adversidades.
Ao desenvolverem um estudo sobre um possível efeito da
prática da meditação mindfulness sobre o controle executivo, Teper e
Inzlicht (2013) descobriram que a aceitação emocional e o

15
monitoramento de desempenho, resultados característicos da
meditação mindfulness, realizam papéis importantes neste processo.
Segundo eles, a prática da meditação mindfulness, ao enfatizar a
consciência do momento presente (chamada meditação da mente
aberta) e a aceitação dos estados emocionais (ou auto-distanciamento
emocional) acaba por reforçar o controle executivo. Foi usada uma
tarefa de Stroop e os correlatos neurais do monitoramento de
desempenho medidos, através de eletroencefalografia, utilizando uma
resposta neurofisiológica [negatividade relacionada ao erro (NRE) –
que é um sinal elétrico que surge no cérebro 100 milissegundos depois
que uma pessoa comete um erro, ou seja, bem antes que ela possa
estar consciente do erro]. Diante disso, puderam observar que os
meditadores mostraram maior controle executivo, ou seja,
apresentaram menos erros na tarefa de Stroop do que os controles. Os
participantes apresentaram uma maior amplitude nos índices da NRE e
como ele – o sinal elétrico da NRE - possui um componente
motivacional ou afetivo – ou seja, ele traz uma sensação ruim quando
se comete uma falha – essa sensação acaba por motivar a pessoa a
fazer as coisas de maneira melhor e a cometer menos erros.
Entretanto, isso só é possível se a pessoa estiver consciente de suas
emoções para poder detectar essa sensação sutil. As pessoas que
praticam meditação mindfulness estão mais conscientes de suas
emoções, por isso elas captam a sensação mais rapidamente e se
mobilizam para fazer melhor, de acordo como os autores do estudo. E
concluem que a meditação está relacionada com um melhor controle
executivo e que este efeito é implementado no córtex cingulado
anterior e que possivelmente o aumento da aceitação emocional (via
meditação mindfulness) pode ser uma das explicações para a melhora
do funcionamento executivo.
O impacto de um período intenso de treinamento de meditação
mindfulness sobre a função cognitiva e o afeto foi avaliado,
comparando os resultados de um grupo de meditadores inexperientes
submetidos a um intenso retiro de meditação mindfulness por 10 dias

16
com um grupo que não sofreu qualquer treinamento de meditação. Os
resultados mostraram que aqueles que foram submetidos ao
treinamento, demonstraram melhorias significativas no auto-relato da
atenção plena e sintomas depressivos, na ruminação reflexiva, no afeto
negativo e no desempenho de memória de trabalho e atenção
sustentada, além de, em menor grau, na redução de ansiedade. No
quesito ruminações, foi aplicada uma Escala de Respostas
Ruminativas (RRS) usada para medição das tendências ruminativas e
observou-se uma redução significativa do comportamento
excessivamente reflexivo, o que foi considerado um ponto positivo, já
que a tendência da pessoa ficar refletindo sobre o significado de suas
ações e sentimentos é incoerente com o foco do aqui-e-agora que é o
cerne da meditação mindfulness aplicada no estudo. Também positivo
foi a meditação mindfulness ter aumentado a capacidade de memória
de trabalho, o que, de acordo com os autores, poderia qualificá-la para
ser aplicada de forma geral como intervenção em uma ampla gama de
condições psicológicas, tais como: déficits de memória de trabalho,
TDAH, transtorno de personalidade borderline, transtornos de estresse
pós-traumático e esquizofrenia. Nas diferentes tarefas e testes
aplicados, o grupo que realizou treinamento em mindfulness exibiu uma
diminuição significativa total dos tempos de resposta (RTs), indicando
uma melhoria da capacidade de atenção sustentada durante as tarefas
(CHAMBERS et. al., 2008).
Garland et. al. (2010) explicam que grande parte dos
tratamentos aplicados aos dependentes de álcool acabam por fazer
com que as apetitivas reações cognitivo-emocionais para o álcool
transitem do campo da consciência para dentro do inconsciente,
tornando o comportamento em relação ao álcool automático. No
domínio da vida mental inconsciente os processos automáticos
funcionam sem problemas e de forma eficiente, não regulados pelo
controle volitivo. Desta forma, mesmo que o dependente busque lutar
contra sua dependência, por causa das reações apetitivas estarem
desviadas para o inconsciente, o indivíduo acaba por ver sua resposta

17
ao álcool aumentada. Sendo assim, o treinamento de mindfulness
também foi utilizado para modificar aspectos cognitivos, afetivos e
psicológicos do comportamento em pacientes dependentes de álcool,
pois, o treinamento mindfulness pode servir para desfazer este
processo, fazendo com que as respostas inconscientes se tornem
conscientes. Assim, a prática da atenção plena promoveria a
recuperação das pessoas dependentes do álcool através de:
a) desautomatização do esquema de ação do uso de álcool, através do
aprimoramento da habilidade atencional para pistas subliminares do maior
desejo do álcool, provocando a interrupção do automatismo;
b) atenuando a supressão do pensamento – comum à alcoólatras – o que
resulta em um aumento da consciência do desejo do álcool incitado ao
longo do tempo, possibilitando ao sujeito a criação de estratégias de
enfrentamento de seu vício. O treinamento mindfulness para dependentes
de álcool promove a prática gradual da consciência, sendo que o
dependente é convidado a trabalhar com suas emoções negativas em um
contexto meta-cognitivo, resultando em uma não-reatividade aos conteúdos
mentais difíceis e na melhora da auto-regulação em face dos agentes
estressores da vida (GARLAND et. al., 2010).

Ao avaliar os benefícios do treinamento em mindfulness sobre


três subsistemas específicos da atenção: alerta, orientação e
monitoramento de conflitos, usando o Teste de Rede de Atenção
(ANT), percebeu-se que o treinamento mindfulness pode melhorar as
respostas comportamentais relacionadas à atenção, com melhoria no
funcionamento dos subsistemas da atenção, ou seja, nos mecanismos
de alerta, orientação e monitoramento de conflitos. O estudo incluiu
três grupos experimentais: um grupo de indivíduos sem experiência em
meditação que participaram de um programa MBSR (Redução de
Estresse Baseado em Mindfulness); um grupo de indivíduos
experientes em meditação de concentração que participaram de um
mês intensivo de meditação mindfulness e um terceiro grupo (controle)
que não tinha experiência em meditação e que não participou de
nenhum treinamento de meditação. A participação no curso MBSR
melhorou a capacidade de orientar a atenção para estímulos internos
(interoreceptivos), enquanto o treinamento intensivo de meditação
mindfulness foi capaz de permitir o desenvolvimento de habilidades
atencionais receptivas de estímulos externos (JHA et al, 2007).

18
Ao comparar meditadores experientes em mindfulness e não-
meditadores, Moore e Malinowski (2009) encontraram correlação
positiva entre a meditação mindfulness e a atenção e a flexibilidade
cognitiva. Utilizou-se medidas de efeito Stroop e de testes de
resistência e concentração. Os meditadores mindfulness mostraram
níveis mais elevados de consciência, melhor desempenho da atenção
e de flexibilidade cognitiva, que podem estar relacionados à velocidade
de processamento e à susceptibilidade a interferência. O aumento da
flexibilidade cognitiva fornece espaço mental para a detecção de
avaliações cognitivas incorretas e doentias – que passariam
despercebidas – e que levam a atitudes e emoções erradas, que por
sua vez acabam por afetar o bem-estar geral das pessoas. Níveis mais
elevados de bem-estar psicológico são associados com melhor
desempenho em vários domínios cognitivos e, portanto, com melhoria
da função cognitiva global (retroalimentação).
Greenberg et. al. (2012), na tentativa de comprovar que a
meditação mindfulness é capaz de reduzir a rigidez cognitiva,
estabeleceram um estudo controlado e randomizado utilizando como
prática experimental a tarefa de jarras de água de Einstellung. Os
resultados revelaram:

1) Que a meditação mindfulness foi capaz de reduzir a rigidez cognitiva;


2) Que meditadores mindfulness superam os não-meditadores em tarefas
como as de fluência verbal e de mudanças de perspectiva visual, além de
apresentarem diminuição de interferência nas tarefas de Stroop e Hayling e
apresentarem uma maior capacidade de identificar e utilizar soluções
simples e óbvias (flexibilidade cognitiva);
3) Que o benefício da atenção plena não se restringe apenas aos que
apresentam anos de experiência;
4) Que é possível pensar na utilização da meditação mindfulness no
tratamento (adjuvante) de indivíduos que sofrem de depressão e
particularmente nos com risco de suicídio, bem como nos indivíduos com
abuso de álcool e;
5) Que também a meditação mindfulness pode ser utilizada com bastante
sucesso por profissionais de saúde mental e administradores e gestores de
diferentes organizações institucionais e empresariais (GREENBERG et al,
2012).

Os efeitos da prática da meditação mindfulness sobre os vários


aspectos das funções executivas tem sido explicados pelos estudos
das bases neurais do mindfulness. A tecnologia digital, aplicada às

19
técnicas de neuroimagem, favoreceu o desenvolvimento de protocolos
de estudo que correlacionam medidas de funções cognitivas e
alterações no padrão de atividade de áreas específicas do Sistema
Nervoso Central, produzidas pela prática do mindfulness. Estudos que
abordam correlatos neurais da ação da prática da meditação
mindfulness indicam participação de áreas cerebrais especificamente
envolvidas, com os distintos aspectos da função executiva.
Segundo Consenza (2018), várias estruturas cerebrais são
modificadas pela prática da meditação. Tais como:

1. Córtex (camadas mais superficiais do cérebro): aumento da espessura


cortical, indicando que houve um acréscimo de prolongamentos das células
nervosas e nas conexões sinápticas em algumas dessas regiões.
2. Cíngulo anterior: relacionado à habilidade de manter o foco de atenção no
momento atual.
3. Córtex pré-frontal: área envolvida no direcionamento do foco. A
meditação permite também maior controle dessa região sobre a amígdala.
4. Amígdala: responsável por detectar situações com significado emocional
e desencadear as respostas periféricas a elas. A meditação provoca
alterações estruturais e funcionais na amígdala, diminuindo sua atividade.
5. Ínsula: recebe as informações corporais sobre sensações que são
agradáveis ou desagradáveis. Ela tem sua espessura aumentada pela
atividade de mindfulness e torna-se mais ativa naqueles que meditam. Isso
permite que possamos perceber melhor as nossas emoções.
6. Glândulas adrenais: os níveis do cortisol (hormônio liberado em situações
de estresse) na circulação sanguínea são diminuídos. (CONSENZA, 2018).

Lu et. al. (2014), usando a técnica de morfometria baseada em


voxel, mostram evidente associação entre a prática da meditação
mindfulness e o aumento de substância cinzenta em regiões como o
hipocampo direito, a amígdala e o córtex cingulado anterior, regiões do
cérebro associadas à atenção executiva, regulação da emoção e
processamento auto-referencial.
Em consonância com isso, outro estudo demonstrou que o
treinamento em mindfulness é capaz de produzir neuroplasticidade e o
aumento de substância cinzenta em áreas específicas do cérebro,
associadas aos processos de memória e aprendizagem, modulação
das emoções e ao processo de conscientização (POWELL, 2014).
Através de estudos de neuroimagem, Haase et. al. (2014),
mostraram que o treinamento em mindfulness é capaz de alterar a
atividade do córtex cingulado anterior e ativar a ínsula, além de outras
20
regiões do cérebro, que são importantes para o controle da atenção,
regulação emocional e interorecepção.
A morfometria, técnica baseada em voxel (que compara voxel a
voxel, diferentes imagens de ressonância magnética estrutural do
cérebro), possibilitou identificar as melhorias no bem estar psicológico
de um grupo submetido a oito semanas de meditação mindfulness.
Essas melhorias estão associadas ao aumento da substância cinzenta
na formação reticular, notadamente nos núcleos de rafe, no lócus
ceruleus e na ponte (SINGLETON et. al., 2014).
Através de um estudo de ressonância magnética funcional
(fMRI) do treinamento em mindfulness, no Transtorno de Ansiedade
Generalizada, Hölzel et.al. (2013) demonstraram alterações na
atividade das conexões entre a amígdala e o cortex prefrontal,
especificamente a região ventrolateral, observando aumento na
ativação e conectividade entre diversas regiões cerebrais, sugerindo
que o treinamento mindfulness leva à mudanças em areas fronto-
límbicas cruciais para a regulação emocional bem sucedida.
Os dados da literatura levantados por esta revisão, dentre
outros, contribuem para o entendimento das bases neurais da prática
da meditação mindfulness e sua influência sobre as funções
executivas. A prática de mindfulness mobiliza a atividade e altera
regiões específicas do cérebro como amígdala, córtex pré-frontal,
hipocampo, córtex cingulado anterior, ínsula, formação reticular, dentre
outras, produzindo efeitos, mesmo em faixa etária mais avançada
(BBC, 2012).
Apesar da literatura científica a respeito da meditação
mindfulness e seus efeitos sobre as funções executivas e o
comportamento humano ainda ser muito limitada, os estudos existentes
apresentam relatos que a prática da meditação mindfulness realizada,
em programas longos ou breves, produz significativas modificações
sobre as funções executivas e abrem perspectivas para estudos mais
aprofundados.

21
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

São recentes, as pesquisas que atribuem à prática da meditação


mindfulness os possíveis efeitos sobre as funções executivas. Efeitos
estes que podem ser identificados, através de mudanças perceptíveis
nas funções executivas ou de mudanças ocorridas na própria estrutura
cerebral, demonstradas por meio de tecnologias de imagem
disponíveis, atualmente. É importante frisar que, aparentemente, tais
mudanças, são preservadas ainda que o indivíduo não esteja mais
praticando o mindfulness, pois os efeitos desta prática se mantêm e
acabam por se tornar características do próprio praticante, sugerindo
um processo de neuroplasticidade.
Os possíveis efeitos do treinamento em mindfulness nas funções
executivas só começaram a ser estudados, de forma mais consistente,
a partir de 2010 em diferentes países, com amostras e técnicas
variadas, apresentando melhorias em diferentes habilidades cognitivas
tais como: organização, planejamento, memória de trabalho, controle
inibitório, atenção sustentada, meta-cognição, velocidade de
processamento, flexibilidade cognitiva, auto-regulação do afeto, entre
outras. São necessários mais estudos, para melhor compreensão deste
processo e conhecimento das técnicas de treinamento em mindfulness
e dos instrumentos utilizados.
Abriu-se um leque de possibilidades de estudo com a
constatação de que mindfulness tem bases neurais que interferem nas
funções cognitivas. No momento, buscam-se formas de ampliar seu
uso de forma mais sistematizada e também os estudos sobre seus
efeitos de forma mais controlada. Estudos da relação entre meditação
mindfulness e melhorias cognitivas ainda estão no início. Levantamento
no PubMed relata primeiros artigos sobre o tema apenas a partir do
ano de 2010. Contudo, os resultados encontrados até o momento se
mostraram bastante promissores.
Entretanto, o treinamento em mindfulness, visando às melhorias
cognitivas, vem sendo largamente empregado, há anos, nas mais

22
diferentes desordens psicossomáticas e transtornos mentais,
principalmente com o advento das psicoterapias de 3ª onda, resultando
no crescente investimento que tem sido empregado na investigação
sobre o tema. Por ser uma técnica que pode trazer inúmeros benefícios
e ser relativamente de baixo custo, estudos posteriores deveriam
avaliar a possibilidade de ampliação do seu uso, para que um número
cada vez maior de pessoas possam se beneficiar dela, através de um
pleno desenvolvimento potencial. Funções executivas podem ser
ensinadas e melhoradas, por meio de atividades adequadas é possível
proporcionar oportunidades para desenvolvimento dessas habilidades.
Sendo assim, é necessário ampliar o conhecimento atual acerca
dessas intervenções, investigando, por exemplo, seu impacto, não
apenas em curto ou médio prazo, mas também em longo prazo, sobre
a aprendizagem, comportamento, funcionalidade e mesmo índices de
saúde mental.
Ao realizar essa revisão bibliográfica, além de constatar que a
meditação mindfulness acarreta efeitos positivos sobre as funções
executivas, facilitando o aprimoramento mental, constatou-se, também
a necessidades de estudos de construção, adaptação, validação e
precisão de medidas para mindfulness, de modo a fornecer
ferramentas adequadas para atuação dos profissionais ou interessados
nessa prática.

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