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Mindfulness

Carolina B. Menezes, Isadora Klamt-Conceiçáo e Wilson Vieina Melo

Apalavra mindfulness vem sendo empregada no mundo todo, umg


vez que não há uma expressão exata que traduza seu significado
atenção plena. Intervenções que se valem dessa estratégia psico
terápica, atualmente, são utilizadas em diferentes populações clini
cas. Contudo, éimportante atentar para o fato de que cada trans
torno, assim como cada paciente, possui características particulares,
de forma que estas devem ser consideradas no planejamento e exe
cução de intervenções baseadas em mindfulness. O uso de mindfulness,
não substitui os protocolos baseados em evidências propostos pela te
rapia cognitivo-comportamental. Contrariamente, éimportante co
nhecer tais modelos de intervenço para que se poSsa adequada
mente associar, quando indicado, os recursos dessa importante estra
tégia psicoterápica às técnicas de escolha para cada uma das dife
rentes demandas clínicas.
W.M.

Ointeresse no uso de mindfulness vem crescendo progressiva


nente no campo das psicoterapias, tanto na clínica, como na investi
gaçãocientífica, sendo o conhecimento sobre seus benefícios já bastan
te disseminado mundialmente e em diferentes contextos. Um levanta
Inento que investigou ointeresse de estudantes universitários brasilei
rOs em participar de um treino de mindfulness mostrou que um grande
210 Mindfulness

número de alunos (524) que náo possuíam experiência


prática desejava conhecê-la eexperimentá-la
(Menezes, prévia
Fiorentin, com a
zarro, 2012). Aprincipal motivação para a participação nesseS && Bi-
treino foi atribuída ao gostoeeà curiosidade pela temática,
desejo de obter beneficios emocionais ee cognitivos. De: hem como
ao
fato,
cios estáo entre os mais relacionados a pratica segundo a esses benefi.
percepcä
próprios praticantes (Menezes &&Dell'Dell'Aglio, 2009). Além disso, de
ma geral, os efeitos psicológicos de minajulness vêm sendo demonstesfor-
empiricamente(Menczes, Dell'Aglio, & Bizarro, 2012; Sedlmeier et
2012), razáo pela qual a aplicação clínica dessa técnica é cada al.,
incorporada ao repertório de diferentes veL mais
abordagens
tre elas as terapias cognitivas (Walsh & Shapiro, 2006).psicoterápicas, den-
Originalmente, oconceito de mindfulness provém da filosofa orientl
budista, podendo ser entendido como uma qualidade
ser desenvolvida ecultivada através da prática da mental que deve
meditação (Chiesa &
Malinowski, 2011). Essa qualidade pode ser descrita como uma
cara do que está
exatamente consciência
acontecendo no
acontece (Gunaratana, 2005), de forma que momento mesmo em gue
tambémédesignada como um
estado de presença mental e atençáo plena (Chiesa & Malinowski, 2011), É
por este motivo que, mesmo no
Budismo, essa prática é concebida como
inerentemente clínica mais diretamente relacionada à psicologia do que à
e
religião, sendo também denominada de meditaçáo do
2005) ou ainda insight metacognitivo (Teasdale, 1999).insigbt (Gunaratana,
Mindfulnes é uma prática dirigida à
consciência dos processos internos, tal percepçáo eàampliaçáo da
como experiências fisicas, sen
saçóes, sentimentos, eventos mentaise suas
a ampliaçáo dessa flutuaçóes. Entende-se que
tes processos são
consciência possibilita compreensáo de que: a) es
a
transitórios, a falta de consciência acerca do auto
b)
matismo com que se reage a eles leva ao
SOs não refietem, sofrimento, e c) esses proces
necessariamente,
mente dita (Grabovac,
o self ou seja, a
identidade propra
Lau, &Willett, 2011).
Ea partir desse
no contexto da prática entendimento que no Ocidente, particularmente
meditativa, o conceito de mindfulness é utilizau
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva Z1

para descrever um tipo de atividade mental que se caracteriza como uma


forma particular de prestar atençáo (Kabat-Zinn, 2009). Mais especiti
camente, éuma atividade que envolve o monitoramento atento e cons
ciente da experiência, momento a momento, de forma n¥o reativa, sem
julgamento, esem engajamento na elaboraçáo do conteúdo dessas expe
riências (Kabat-Zinn, 2009; Lutz, Slagter, Dunne, &Davidson, 2008).
Através da prática de mindfulnes busca-se desenvolver uma
consciência menos condicionada e, consequentemente, uma percepça0
mais clara acerca da natureza das experiências e da atividade mental
(Lutz, Dunne, & Davidson, 2007). Em termos psicológicos, entende
se gue uma consciência menos condicionada facilita um descentra
mento e umma desidentificação com processos mentais disfuncionais

(Walsh &Shapiro, 2006). Assim sendo, tanto em sua forma original,


oriunda das tradiçóes espirituais do Oriente, como na sua forma secu
lar, adaptada ao Ocidente, a meditação mindfulness tem como objetivo
abusca do funcionamentopsicológico saudável. Adiferença éque, na
meditação oriental, a aspiraçáo ao desenvolvimentopessoal estáatrela
da à dimensão espiritual, a qual não é necessariamente enfatizada elou
vinculada à proposta ocidental, abordada nas psicoterapias.
Otreino sistemático de mindfulness é o instrumento através do
qual é possível desenvolver a qualidade da atençáo plena. Existem dife
rentes técnicas que possibilitam esse treino e estas seráo melhor descri
tas em uma seção posterior deste capítulo. E interessante salientar que,
embora ainda não exista um consenso sobre a melhor definiçáo opera
cional para a mensuraçáo de mindfulness, existem atualmente diferen
tes instrumentos que buscam avaliar e medir essa qualidade mental
(Menezes et al, 2012). Nesse contexto,,mindfulness pode ser conceitua
da como uma qualidade mental desenvolvida através da prática da me
ditaçáo, assim como um traço psicológico.
Por fim, cabe ressaltar que, no Ocidente, o termo mindfulness é
também empregado fora do contexto da meditaçáo, sendo qualificado
COmo uma característica pessoal disposicional, bastante associada ao
bem-estar (Langer, 2005). Segundo essa concepçáo, mindfulness éum
212 Mindfulness

atributo inerente ao processamento mental saudável, podend


nifestar em maior ou menor grau em qualquer indivíduo.

como um fenômeno oposto ao estado de mindlessness, o aualo0
teriza como um modo de funcionamento automatizado
e
Concebido
de pouco reflexivo e crítico (Langer, 1989). Dessa
que uma distincão
rigido, além
forma, observa-se
particularmente importante entre os conceitoe
critos (Kabat-Zinn, 2009; Langer, 2005) é que no
contexto da
da meditação, mindfulness náo envolve um
processamento prática
reflexivo.
crítico, e tampouco assemelha-se ao conceito de mindlessnes.
mesmo que no conceito proposto por Langer e Moldoveanu (200o
mindfulness seja relacionado a uma experiência
Portanto,
subjetiva de maior
consciência e atençáo ao momento presente, o processo através do
essa experiência emerge ébastante distinto, uma vez que envolvequal.
classificação e a categorização de experiências novas, assim como a or
ganizaçáo de perspectivas que facilitem a resoluçáo de problemas.

Mindfulness e a Terapia Cognitiva


Embora o uso de mindfulness em psicoterapia seja decorrente dos
trabalhos de Langer (2005)e Kabat-Zin (2009), observa-se que aaplica
cáo clínica de mindfulness é principalmente influenciada pelos
conceitos
e práticas propostos por este último (Baer, 2006; Chiesa & Serretti,
2009; Didonna, 2009), assim como por trabalhos relacionados subse
quentemente (Bowen, Chawla, && Marlatt, 2011;Chiesa &Malinowski,
2011; Roemer & Orsillo, 2009; Williams & Penman, 2011).
Com respeito à inserção de mindfulness nas terapias cognitivas, po
de-se atribuir a força desa influência a dois aspectos fundamentais e com
plementares. O primeiro se refere à demonstraçáo empírica dos eteitos
dessas intervençóes, qualificando as abordagens Com mindfulnes Como
práticas baseadas em evidências (Chiesa &Serretti, 201l1; Fjorback, Aren
dt, Ornbol, Fink, & Walach, 2011). Trata-se de uma
concepça0 funda
mental nas terapias cognitivas, jáque estas priorizam a sistematizaça0 e
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva Z13

USO de estratégias terapêuticas cuja eicácia tenha sido demonstrada (Salko


vskis, 2002).Osegundo aspecto de grande relevância éofato de existirem
importantes paralelos entre os pressupostos teóricos que embasam tanto as
práticas de mindfuness como as terapias cognitivas. Por exemplo, um cOn

ceito-chave comum a ambas éo entendimento de que a relaçáo que o in


divíduo estabelece com a sua atividade mental, isto é, com a sua percepção
e interpretação dos eventos, émais determinante na forma com que ele se
sente e comporta do que o evento propriamente dito (Sipe & Eisendrath,
2012; Wells, 2006; Williams & Penman, 2011).
Além disso, assim como nas terapias cognitivas, no cerne da prati
cade mindfulness, háo entendimento de que os sintomas clínicos e o so
frimento psicológico derivam de reações habiruais/automatizadas que
comumente refletem uma reaçáo de apego, ou uma reação de averso
(Grabovac et al., 2011). Assim, através do treino para empregar uma
atençáo plena momento a momento, busca-se permitir que sensações,
sentimentos e eventos mentais naturalmente surjam e desapareçam da
experiência perceptiva consciente, sem que esse fluxo desencadeie um
processamento cognitivo subsequente oriundo do apego ou da aversáo.
Amudança na forma de se relacionar com esses eventos mentais
acaba por produzir uma nova forma de perceber ereagir aos fatos em
si mesmos. Um dos princípios que estána base desse processo é a ex
tinçáo, aqual ébastante relevante nas intervenções comportamentais
(Salkovskis, 2002). Neste sentido, especialmente no que tange a pen
samentos e sentimentos que geram sofrimento, propõe-se que através
do treino em mindfulness o praticante possa sucessivamente combinar/
parear uma gradual exposiçáo a esses conteúdos oriundos do Auxo
natural de sua atividade mental - com uma nova forma de relacionar
se com os mesmos, particularmente uma mnenor reatividade. Dessa
forma, espera-se que gradualmente os conteúdos sejam extintos, uma
vez que perdem sua força e impacto (Baer, 2003).
Outro paralelo refere-se àimportáncia da regulação atencional para
o desenvolvimento de habilidades mais abrangentes, tal como o automo
nitoramento e a autorregulação, os quais constituem desfechos esperados
214 Mindfulness

de ambas as abordagens. No contexto de mnajuiness, o treino da aten,


oqual toda a atividade se desenvolve (Kabat-Zinn,
éo alicerce sobre
Williams & Penman, 2011). Entende-se que
sem uma
adequada ,capaci
2009;
dade desustentar aatençáo, oindivíduo náo consegue controlar : areativi-
mantera
dade às distraçóes internas e/ou externas, tampouco vigilância de
2006; Wallace. 2008)
sua própria consciência (Wallace &Shapiro,
Éinteressante notar que, na perspectiva da psicologia cognirive
oviés para emoçóes negativas è em grande parte atribuído a uma d:c
culdade que o indivíduo possui em desengajar sua atençáo desses esi.
mulos, ou em engajar sua atenção em alguma outra classe de estímulo
(Rudaizky. Basanovic, & Macleod, 2013). Assim, náo surpreende gue
atualmente o treino da atençáo venha sendo bastante discutido e in
corporado a intervençóes terapêuticas cujo o intuito édesenvolver
uma maior regulação emocional (Hakamata et al., 2010; Wadlinger &
Isaacowitz, 2011; Wells, 2006), e que muito se tem dedicado àinvesti
gaçáoda técnica da distraçáo (Ochsner & Gross, 2005; Wells, 2006)
Deve-se ressaltar que esta é uma técnica quedifere do treino aten
cional cultivado em mindfulness (Goldin & Gross, 2010). Uma forma
de explicar essa distinção éa partir do entendimento de que, com adis
tração, se busca uma mancira de distanciar-se e de eliminar da percencio
consciente o evento mental disfuncional gerador de desconforto
frimento, ao passo que, através de mindulness, se pretende o oposto. O
objetivo de mindfulness éaprender a observar, a perceber e a econhecer
os pensamentos eos sentimentos, porém sem se fixar aos mesmos (Sipe
& Eisendrath, 2012). Tal distinçáo está na essência do que diferencia
mindfulness de muitas outras técnicas terapêuticas cognitivas elou com
portamentais da primeira e segunda onda, sendo a ideia de aceitação o
princípio subjacente (Baer, 2003; Bishop et al., 2004; Kabat-Zinn,
2009). Nesse contexto, aceitaçáo náo significa obrigar-se a aprovar e a
gostar de tudo, a ter uma atitude passiva em relaçáo à vida, ou a ter que
estar satisfeito com qualquer condiçáo. Aaceitaçáo deve ser uma atitude
que envolva uma disposiçáo e uma curiosidade de reconhecer as coisas
tal como se apresentam, sejam boas ou ruins, evitando que a percepça0
Estratégias Psicoterápicase a Terceira Onda em
Terapia Cognitiva 215
inluenciada por um processamento subsequente de
destas seja
julgamentos,
zaçóes e os quais acabam categori-
sea e se sente sobre a experiência determinando como oindivíduo
(Kabat-Zinn, 2009).
Dessa forma, éatravés do exercício de aceitaçáo por meio da aten
öo plena que minajwlness também se
da técnica da distração. Por exemplo,
distingue de outras técnicas, além
Làtécnica da supressão, uma vez quemindfulness não deve ser compara-
não trabalha para
odir a manifestação de experiências
internas, mas busca
suprimir/im
e forma náo reativa (Hooper, reconhecê-las
Davies, Davies, & McHugh, 2011; Weg
ner, 2011). Tampouco deve ser equiparada à
reavaliaçáo, tendo em vista que o objetivode reestruturaçáo cognitiva ou
mindfulness náo éintencio
nalmente modithcaro Conteúdo das representações (Bishop et al., 2004;
Farb, Anderson, & Segal, 2012; Sipe &
1999). Contudo, salienta-se que, mesmo queEisendrath, 2012; Teasdale,
a mudança cognitiva náo
deva ser um meio em si, ela podee deve ser uma
Consequência natural
do processo. Ainda, mindfulness não compreende um processo idêntico
20 do relaxamento (Lutz et al., 2007; Menezes et al., 2012). Concei
rualmente, o relaxamento se constitui como um elenmento, mas não
a totalidade do processo, da mesma forma que se como
configura como umn sub
produto, náo como um mem si. Em termos práticos, o que se
e
éum equilíbrio e uma combinaçáo entre um estado de
busca
relaxamento ou
hipoativaçáo e um estado de alerta.
Por fim, cabe destacar que esta seçáo náo
pretendeu esgotar to
dos os paralelos e distinções possiveis entre as práticas de mindfulness e
as terapias cognitivas. O objetivo foi abordar, especialmente na pers
pectiva de mindfulness, aqueles aspectos considerados elementares, a
partir dos quais muitos outros podem ser explorados einferidos.

As intervencões baseadas em Mindfulness

Antes de abordar alguns resultados clínicos que vÁm sendo obti


dOs com mindfulnes, é relevante assinalar que grande parte dos acha
216 Mindfulness

mindfulness a0 contexto da
dos advêm de pesquisas que relacionam
meditação eque testam a ehcácia de programas e treinamentos bae
dosem mindfulness no contexto grupal, uma
u veZ que esta vem sendo a
configuração mais comumente utilizada (Fjorback et al., 2011: Sedi
meier et al., 2012). Não obstante, as técnicas de mindfulness podem
Seraplicadas isoladamente, bem como no setting clínico individual
embora os estudos com esse tipo de aplicaçáo ainda sejam mais escas
sos (Davis & Hayes, 2011;Fulton, 2009).
Grande parte dos programas baseados em mindfulness derivam
do programa original proposto por Kabat-Zin na década de 1970, atu-
almente denominado Programa de Redução do Estresse Baseado em
Mindfulness (Mindfulness-Based Stress Reduction Program-MBSR) (K¡
bat-Zinn, 2009). Na sua forma-padráo, o programa tem duração de
oito semanas, com encontros presenciais semanais de aproximadamen
te duas horas e meia, os quais envolvenm uma combinaçáo de exercícios
formais e informais. A prática formal indlui a meditaçáo sentada e si
lenciosa da respiração (breath meditation), o escaneamento corporal,
movimentos de ioga ea meditaçáo durante caminhadas. As práticas
consideradas informais compreendem o treino para manter-se plena
mente atento e presente (mindful) durante a realizaçãáo de tarefas coti
dianas. Oprograma ainda inclui aulas de psicoeducaçáo sobre estresse
e mindfumess, um retiro de sete horas na sexta semana, bem como dis
cussões em grupo ao hnal de cada encontro. Os participantes sáo soli
citados a manter.sua prática pessoal (formal e informal) nos dias em
que náo há encontro presencial, sendo que, para a prática formal, um
CD com uma meditaçáo guiada de 45 minutos éentregue a cada par
ticipante (Kabat-Zinn, 2009).
Os programas subsequentes, através da inclusáo de técnicas
oriundas de outras abordagens psicoterápicas, buscam adaptar
MBSR a necessidades e habilidades mais específicas. De particular in
teresse para o presente capítulo é aTerapia Cognitiva Baseada em min
dfulnes (Mindfulness-Based Cognitive Therapy - MBCT), a qual foi ori
ginalmente desenvolvida para trabalhar com a prevençáo da recaida nd
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 217

depressáo. Além das atividades do MBSR, exceto o dia de retiro,o MBCT


inclui algumas técnicas cognitivo-comportamentais, dentre clas a psicoe
ducacão e a discussão sobre pensamentos automáicos relacionados à de
pressáo, assim como a instruçáo para que questões dificeis e perturbado
ras sejam deliberadamente incluídas na meditação na quinta semana.
Além disso, nos últimos encontros trabalha-se com a realizaçáo de uma
lista de atividades prazerosas e com um plano de açáo para a prevenção
da recaída. Outra particularidade do MBCT éa proposta de meditaçóes
com periodos mais curtos, tal como três minutos, adicionalmente à prá
rica formal (Williams & Penman, 2011). Por fim, destaca-se que, assim
como o MBSR, atualmente o MBCT tem sido utilizado para inúmeras
condiçóes além da depressão (Chiesa &Serretti, 2010).
Outros exemplos de programas incluem a Prevenção de Recaída
Baseada em mindfunes (Mindfulnes-Based Relapse Prevention - MBR
destinada a trabalhar com aprevenção da recaída em usuários de dro
gas a partÉr da combinaçáo de técnicas cognitivo-comportamentais de
prevençáo de recaída etécnicas do MBSR (Witkiewitz, Bowen, Dou
glas, & Hsu, 2013), ea Melhora das Relações Baseada em mindfulness
(Mindfulnes-Based Relationship Enbancement -MBRE), voltada para o
trabalho com casais (Carson, Carson, Gil, & Baucom, 2004). Tam
bém existe a Arteterapia Baseada em mindfulness (Mindfulness-Based
Arn Theapy - MBAT),a qual visa combinar as técnicas de mindfaness
ede arteterapia para reduzir o estresse e a ansiedade em diversas condi
çóes (Montiet al., 2006).
Baer (2006) ainda considera como intervençóes baseadas em
minafulness a Terapia Comportamental Dialética (Dialectical Behavior
Iherapy - DBT), delineada para trabalhar com pacientes borderlines
(para maiores informaçóes, ver Capítulo 11), eaTerapia de Aceitação
Compromisso (Acceptance and Commitment Thenapy - ACT), cujo
objetivo é promover fAexibilidade psicológica através da aceitação (para
maiores informacóes ver, Capítulo 12). No entanto, ao considerar as
bases filosóficas de mindfulness, discute-se que a DBT e a ACT pos
SUem origens conceituais e técnicas distintas (Chiesa & Malinowski.
218 Mindfulness

principais diferenças, podem-se citar a não incss


2011). Dentre as
formal de meditaçáo ea priorização da modificação decogniçóes
e
prática da experiênciaémais el
comportamentos, pois, aí, o toCO no conteudo
processo da experiência(Chiesa & Malinowski, 2011).
do
vante que o não compreenda
Também existem programas que, apesar de
rem uma
adaptação do MBSR propriamente dito, conthguram inter.
baseciameutilizam os princípios de mindfulness. Aleuns
vençóesque se testado com pacien.
exemplos sáo o Mindfulness Awareness Practices, já
Hiperatividade (Zylowska
tes com Transtorno de Déficit de Atenção e destinado a tra.
et al.,2008), o Body in Mind Training, originalmente 2011), o Bre.
(Russell,
balhar com pacientes psiquiátricos mais severos
Dug.
athworks, játestado como programa de manejo da dor (Cusens,
Schoos Programne
gan, Thorne, & Burch, 2010),o Mindfulness in nas escolas (Kuyken
mindfulness
cujo objetivo é introduzir práticas de
combË
et al., 2013), eo Culivating Emotional Balance, o qual busca
emocional
nar práticas de mindfulness com treinamento de regulação
(Kemeny et al., 2012). Por fim, destaca-se que muitos estudos obieti
téc
vam avaliar intervençóes que se baseiam exclusivamente no uso de
sem que estas se caracterizem como
nicas de meditação e mindfulness,
Lutz
um programa específico Jacobs et al., 2011; Kozasa et al., 2012;
et al., 2007; Menezes et al., 2013; Slagter, Davidson, & Lutz, 2011;
Telles, Naveen, & Balkrishna, 2010).
Com relaçáo ao setting clínico, além dos beneficios intrapessoais
que mindfulness pode produzir tanto ao terapeuta como ao paciente, a
instrução e ouso das técnicas de mindfulness também podem contri
buir de diversas formas para o processo terapêutico (Davis & Hayes,
2011). O terapeuta pode solicitar que o paciente utilize a técnica de
atenção plena para conseguir idenificar o que realmente sente e/ou a
distinguir diferenças sutis entre sentimentos e sensaçóes. Também
pode recorrer ao escaneamentocorporal para que opaciente possa pe
ceber ereconhecer sensaçóes corporais, aceitando-as sem reagir e sen
gerar resistência às mesmas. Aprática de mindfulnes ainda pode facili
tar a utilizaçáo de exercícios de contato visual entre casais, estimulando
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 219

ncsmos percebam as reaçóes um do outro com aceitaçáo e sem


julgamento. Ademais, a prática pode ser utilizada como forma de au-
rar arelaçáo de empatia eaceitação entre terapeuta e paciente. Neste
sentido,há evidências de que terapeutas que utilizam mindfulnes como
prática pessoal relatam sentimentos de maior autoeficácia com relaçáo
aconselhamento, bem como de maior compaixáo (Davis & Hayes,
01). Por fim, discute-se que mindfulnes é uma técnica potencialmen
e benéfica para o proCesso de supervisão clínica (Davis & Hayes, 2011).

Achados empíricos dos efeitos de Mindfulness

Tomando por base as ideias e os pressupostos expostos até aqui,


n¥o éde surpreender que um acúmulo de evidências venha indicando
que mindfulness pode produzir efeitos clínicos importantes, caracteri
ando-se como uma potencial intervenção terapêutica (Abbey, 2012;
Sedlmeier et al., 2012). Por exemplo, estudos de metanálise apontam
que essa técnica ajuda a reduzir diversos sintomas relacionados ao so
frimento enmocional, tais como estresse, a ansiedade ea depressáo, tan
toem amostras clínicas acometidas por problemas de saúde fisica elou
mental (Hofmann, Sawyer, Witt, & Oh, 2010) conmo em amostras
nãoclínicas (Sedlmeier et al., 2012).
Com relaçáo aocontexto clínico, atualmente podem-se encon
trar trabalhos que demonstram o cfeito terapêutico de mindfulness para
diversas condições psiquiátricas, tais como depressáo (Green & Bie
ling, 2012; Hofmann et al., 2010;Teasdale et al., 2000), ansiedade ge
neralizada (Hölzel et al., 2013: Roemer, Salters-Pedneault, && Orsillo,
2006), ansiedade social (Goldin, Ziv, Jazaieri, Hahn, & Gross, 2012),
fobia específica (Hooper et al., 2011), transtorno obsessivo-compulsi
vo (Fairfax, 2008), estresse pós-traumático (Bhatnagar et al., 2013),
transtornos alimentares (Woolhouse, Knowles, 8 Crafti, 2012), de
pendencia química (Witkiewitz et al., 2013), transtorno de déficit de
tenção ehiperatividade (Zylowska et al., 2008), eesquizofrenia (Rus
220 Mindfulness

em que a aplicaça0 terapêutica dess


sell,2011). Outros exemplos em
a ec.
nica tem se mostrado útil incluem relaçoes conjugais, com
na vinculaçáo amorosa entre os
parceiros estando
relacionadamelahumaora
maior sensaçáo de segurança e afeto positivo (Jones, Welton, Oiver, &
Thoburn, 2011), e relaçóes tamiliares em que se observam
Ihor capacidade de empatia entre pais e flhos (Benn, Akiva, Arel, &
eficácia de
Roeser, 2012). Também háevidências da mindfulns Como
tratamento coadjuvante de doenças fisicas. LDentre estas, podem-so
intervençóes com pacientes de câncer (Treadway & Lazar, 2009), Com
dor crônica (Garland && Howard, 2013), com problemas de SOnost (Koza
sa et al., 2010), com HIV (Creswell, Myers, Cole, &Irwin, 2009), com
epilepsia (Walker,Obolensky, Dini, && Ihompson, 2010), entre ouroe
De forma geral, esses estudos apontam que o uso de mindfulnes auxila
na redução de sintomas psicológicos - tais como depressão, ansicdade
estresse e insônia , que normalmente acompanham tais quadros clini.
cos. Dessa forma, em consonância com a percepção subjetiva de prari.
cantes de mindfumess (Menezes &DelAglio, 2009), os achados empiri.
cOs acerca dos destechos obtidos com essa técnica, bem como dos meca
nismos subjacentes, evidenciam que essa prática está especialmente rela
cionada a benefícios cognitivos e emocionais. Por tal razáo, éconsidera
da uma prática psicológica eclínica por natureza (Grabovac et al., 2011;
Gunaratana, 2005), bem como uma estratégia particular de regulação
emocional (Menezes, Pereira, &Bizarro, 2012).

Aspectos neurobiológicos de Mindfulness


A pesquisa sobre as bases neurais de mindfulness também tem
contribuído para a validaçáo e a incorporação dessa
técnica no âmbito
terapêutico, uma vez que diversos resultados vêm corroborando tanto
os seus pressupostos teóricos, como os achados empíricos oriundos de
medidas subjetivas e comportamentais (Farb et al., 2012; Lutz et al.
2007). Além disso, é interessante notar que,
assim como em outras
báreas de investigaçáo, também nas neurociências tem havido
um ex
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva Z2

pressivo ecrescentC interesse no estudo de mindfulness. Atualmente,


anr exemplo, até mesmo uma nomenclatura específica - mindfulness
veuroscicence (a neurociência de mindfulness", em analogia Com OS ter
0s neurociência cognitiva e neurociência afetiva) - tem sido utilizada
ra qualifcar os estudos nessa área como um campo de pesquisa
emergente (lang & Posner, 2013).
De forma geral, as evidências demonstram que mindfulness pode
promover mudanças estruturais e funcionais de curto e longo prazo
em regióes clinicamente importantes, relacionadas a habilidades regu
latórias, tais comoo córtex pré-frontal dorsolateral e medial, o córtex
cingulado anterior eposterior, a ínsula e a amígdala (Treadway & La
efeito do
zAI, 2009). Por exemplo, a partir de um estudo que avaliava o
MBSR em pacientes Com ansiedade social encontrou-se uma maior
ativaçáo do córtex parietal - relacionado àorientaçáo atencional -
automáticos tí
quando os participante eram expostos a pensamentos
reduçáo
picos desta condição, indicando que a intervenção auxiliou na obser
também
da evitaçáo de tais conteúdos. Ainda mais importante,
maior tolerân
vou-se uma menor ativação da amígdala, sugerindo quea
por uma
cia à cxposição aos conteúdos ansiogênicos foi acompanhada2010). Si
menor reatividade emocional aos mesmos
(Goldin & Gross,
observou-se um
milarmente, em pacientes com ansiedade generalizada,
pré-frontal e amígdala.
aumentona conectividade funcional entre córtex
reduçáo nos escores de
Além disSo, esse padráo correlacionou-se com a
da melhora
ansiedade (Hölzel et al., 2013), sugerindo que a percepção em áreas
produz
de sintomas corrobora as mudanças que o mindfulness al., 2013).
fronto-límbicas cruciaisà regulação emocional (Hölzel et tam
regulaçáo emocional
Padróes indicativos de uma melhor
amostras náo clínicas. Por exem
bém são observados em estudos com
prática de mindfuness durante a exposiçáo a imagens (Taylor et
plo, a
ou sons emocionais desagradáveis (Brefczynski-Lewis, Lutz,
al, 2011) uma diminuiçáo da
Schaefer, Levinson, & Davidson, 2007) produziu
regiões do cérebro ligadas à rede default mode, tal comno o
aivação de
pré-frontal medial e o córtex cingulado posterior. De forma
cortex
222 Mindfulness

análoga, mindfulness também produziu uma menor resposta galvànica


frente à exposiçáo a imagens desagradáveis(Ortner, Kilner. &
2007), bem como umamenor sincronização de ondas gamma Zelazo,
durante
exposiçáo afilmes negativos (Aftanas && Golosheykin, 2005). Em con-
junto, esses dados sugerem que minafulness ajuda a desenvolver .
maior habilidade de interromper a elaboraçáo cognitivae
conceitual
de emoçócs negativas, a reduzir a resposta hsiológica às emoções ea
atenuar um processamento automático de autorreferência eautoavali.
çáo (Farb et al., 2007; Farb et al., 2012; Ortner et al., 2007).
Além diss0, um estudo mostrou que minafulness, enquanto traco.
se correlacionou inversamente com a atividade bilateral da amíodala
tanto em um estado basal como em uma condição de exposição afaces
emocionais (Way, Creswell, Eisenberger, & Lieberman, 2010). Nessg
mesma direçáo, também foi demonstrado que, durante uma condição
de inibição de estimulos negativos, a dimensáo de náo reatividade a ex
periéncias internas do Questionário Cinco Facetas de Mindfulnes se cor
relacionou negativamente com a atividade da ínsula (Paul et al., 2013).
Ainda, outro estudo mostrou que as pessoas com esCores mais altos n0
traço de mindulness apresentaram uma menor reatividade a imagens ne
gativas, conforme medido pela atividade elétrica do cérebro (Brown,
Goodman, & Inzlicht, 2013). Em particular, foi detectada uma menor
resposta do componente denominado potencial positivotardio (late po
sitive potential - LPP). Esse estudo mostrou ainda que as pessoas Com es
cores mais elevados em neuroticismoe afeto negativo apresentaram um
padráo contrário, manifestando uma maior resposta do LPP quando ex
postas às mesmas imagens (Brown, Goodman, & Inzlicht,2013).
Assim sendo, em um nível neurofisiológico, há evidências de
que mindfulness está associada a um padráocerebral mais funcional -
observadotanto na atividade elétrica do cérebro como na conectivida
de de circuitos córtico-límbicos-, bem como a respostas psicofisiolo
gicas mais adaptativas. Em termos psicológicos, mindfulness parece
proteger contra formas de processamento potencialmente disfuncio
nais, tais comoruminaçáo e reatividade a emoçóes negativas. Tomados
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognitiva 223

em conjunto, esses padróes indicam os mecanismos pelos quais min


dfulnes se configura como uma ferramenta capaz de reduzir a vulnera
bilidade a condições psiquiátricas.

Considerações acerca da práica

Os tópicos apresentados até este ponto ajudam a entender por


que treinar mindfulness pode ser desejável e aconselhável, por que min
dfulness tem relação com as terapias cognitivas, e por que mindfulness
tem potencial teraputico. Nesse estágio, a pergunta que resta respon
der é: afinal, comno éa prática e como inserir a mesma na clínica?
Pode-se exercitar e desenvolver mindfulness através de diferentes
técnicas, sendo a meditação formal, sentada e silenciosa, a principal
forma de aprimorar essa habilidade. Referente àprática formal, éim
comumente des
portante destacar quea meditação mindfulness émais
Crita como uma meditação de monitoramento aberto, em que não há
(Lutz et al.,
um foco específico no qual se deve repousar a atenção focalizar a
sustentar e
2007). No entanto, discute-se que o treino de
meditação da aten
atenção em um objeto específico, caracteristico da habilidade de
çáo focada, pode ser necessário para que se adquira a suscetibili
e com menor
manter o monitoramento aberto mais estável
essa razão,
dade às distraçóes aolongo do tempo (Wallace, 2008). Por
monitoramento aber
ambos os tipos de meditaçáo- atençáo focada e
para al
to - sãoconsiderados polos de um mesmo contínuo. Ademais,
gradual.
guém que nunca praticou, é recomendável que o processo seja
das ferramen
Assim, o treino de focalização da atenção pode ser uma
sustentar umamaior es
tas para que opraticante consiga conquistar e letargia
tabilidade mental, superando tanto a agitaçáo interna como a
(Wallace & Shapiro, 2006; Wallace, 2008).
Algumas técnicas consideradas preparatórias e comnplementares
também são comumente sugeridas. Estas podem auxiliar na transição
interna de
de um estado mental de intensa atividade para uma postura
224 Mindfulness

náo açãoeno
desenvolvimento de
qualidades importantes ààpráica da
meditação, tais como maior relaxamento mental e fisico
percepção, maior autoconsciência e maior
aceitação das maior auto-
Algumas dessas técnicas incluem os exercícios
de sensações fdiisia.-
resp iraçáo
cas.
relaxamento e de consciência
fragmáica, de corporal,
ioga. Em todos esses
exercícios, inclusive
preferencialmente su:
assim
meditação formal,Comoa de
ciência da respiração - suave, lenta e a cons
Como do corpo, éé um elemento
fundamental, consideradonasal -, bem
fo
tor de todo o processo. Respiraçao e corpo são
considerados ancondu-
as quais possibilitam que a cada novo instante a consciência
coras,
e a aten
cão sejam (re)direcionadas ao momento presente.
Algumas práticas seráo descritas a seguir. Estas
nodas individualmente ou em grupo, Podem ser
aplicadas
podem
tanto
ser ensi-
den.
comofora do setting clínico, e podem ser praticadas
de forma combinada, uma por vez. Náo isoladamenta
existe uma
ou máxima para cada uma das práticas. No entanto, é duraçáo mínima
opraticante dedique tempo suficiente para que em
experiência de mindfulness ocorra. Comum a
cada umaimportante
que
delas a
duracáo mínima de 10 a 15 minutos para cada recomendaçáo
de uma
para a meditação formal, recomenda-se de 15 a 45 técnica, sendo que,
minutos. Contudo.
também pode-se sugerir práticas com períodos curtos,
e regulares, tal como mas frequentes
repetidas vezes durante um mesmo dia, como éo
caso da proposta da meditação de três
minutos. Do ponto de vista
comportamental, importante
é
forma de inserir esse novo hábitodiscutir com o paciente qual a melhor
em sua rotina, de forma que haja um
equilíbrio entre o tempo e
frequência recomendados de práica e a dis
ponibilidade tempo dopaciente.
de
Respinação diafragmática: Envolve o treino ea
respiração abdominal. Nesta, uma leve expansáo do conscientização da
feita durante a inalação, a fim de abdômen deve ser
que o diafragma possa
movimentar para baixo com maior facilidade, contra
maior volume de ar entre nos pulmQes. Um permitindo que u
ser feito na movimento contrário e dia-
exalaçáo, uma vez trair o abdômen facilita que o dia
Estratégias Psicoterápicas ea TerceiraOnda em Terapia Cognitiva 225

fragma retorne àposiçáo inicial, auxiliando a expulsáo do ar que se en


contranos pulmóes. Esse exercício pode ser feito na posição supina
sentada e uma das máos podeser apojada no abdômen a fim de facili
tar a conscientização e realização do movimento abdominal. Além de
produzir maior relaxamento e calma, o objetivo desse exercícioé fazer
com que gradualmente esse tipo de respiração se torne opadráo respi
ratório natural do praticante. Outro objetivo épermitir que, durante a
realização da meditação da respiraçáo, o movimento respiratório náo
exija esforço econtrole, e ocorra de forma natural e suave.
Escaneamento corporal: Exercício de consciência corporal que
pode ser feito na posiçáo supina ou sentada. Inicialmente, o praticante
tomar consciência do corpo inteiro, da cabeça aos pés. Em
guiado
é a
conscientizar arespiração, tornando-a abdomi
seguida, éinstruído a
nal, de forma a perceber como o corpo inteiro, ou cada parte do cor
éguiado a pres
po, reage a esse tipode respiração. Após, o praticante tempo a
tar atenção em cada parte do corpo, mantendo por algum
iniciar a var
consciência em cada uma das partes trabalhadas. Pode-se
contrário.
redura do corpo pelos pés atéchegar a cabeça, ou no sentido
cultivar e manter
E importante orientar o praticante para que busque
parte sendo
uma atitude de aceitação da sensaçáo presente em cada
conscientizada. Mesmo quando houver alguma sensação de dor ou
desconforto, opraticante deve exercitar a habilidade de conectar-se
sensação, sem tentar afastá-la ouconfrontá-la mentalmente. Isso
Com a
"respirar dentro de cada
epossível a medida que o praticante procura um relaxamento tantO
Sensaçáo", cujo processo naturalmente produz
da área visada como da área ao seu redor.
Meditaçãoda respiração: Esse exercícioenvolve manter a atençáo
sentindo-se cada inala
e aconsciência da respiraçáo, percebendo-se e
um exercício de
çao e cada exalacão, momento a momento. Não é
Controle da respiração. Tampouco éum exercício para pensar sobre a
respiração. ¼um exercício de estar consciente do processo de respirar,
assim como das sensaces associadas, sem que estas sejam categoriza
das ou conceitualizadas, E um exercício de sentir-se presente e ancora
226 Mindfulness

através de cada inalaçáo eexalação. Portant0,


do no corpo
momento presente envolve manter a atençâomanter Wma
atenção plena no Toda vez plena a
inalaçáo e a cada nova exalação. que o
cada nova
perceber que sua atenáo
dissipou-Se, gentilmente
praticante
deve redirecioná-a
deve
tantas vezes quanto for necessário,
àconsciência da respiraçáo,
prática pode ser feita na posiçáo sentada no cháo. cos
Com as pernas Essa
das, ousentada em uma cadeira,
sem que as costas toquem o Cruza-
com os pés apoiados no cháo e as mãos tace
ea
apoiadas nos joelhos, N
devemn
encosto,
ou na cadeira, os ombros, braços estar
olhos levemente cerrados, a coluna ereta, e a sensação interna
relaxados, o5
de confortoe tranquilidade. E importante que
que opraticante deve ser
que, para conquistar umaestabilidade e equilíbrio mental, é
entenda
também conquistar estabilidade e equilíbrio fisico. Alguns necessár io
exercicios
de respiraçáo diafragmática podem ser realizados antes de iniciar.se
meditação da respiraçáo propriamente dita. Da mesma forma, tam
bém pode-se fazer um breve escaneamento corporal antes da medita
çáo, mesmona posiçáo sentada, uma vez que é importante conectar-se
com a consciência do corpo, observando e soltando partes possivel.
mente tensionadas. Mesmo que breves, esses exercícios podem ser de
grande contribuiçáo para a preparação do Corpo e da mente para o
exercício da meditaçáo.
Meditação da atençáo focada (p. ex., contagem). Usar apenas a
respiraçáo como âncora pode ser difícil no início ou para quem tem
pouca prática, devidotanto ao número de distraçóes que podem inter
ferir como ao tempo que pode levar atéque o praticante perceba que
náo estámais consciente do momento presente e da respiração. Assim,
técnicas de focalizaçáo em um objeto mais específico podem ser adota
das, tal como o uso da contagem sincronizada à
respiraçáo, sendo que
diferentes modalidades de contagem podem ser empregadas. Oma
las envolve contar ciclos de 10
contagens, sendo cada número sincro
nizado com um movimento respiratório. Assim, opraticante conta
mentalmente o número 1enquanto inspira, e conta mentalmente 0
número 2 enquanto expira; o número 3 enquanto inspira, o nun
Estratégias Psicoterápicas e a TerceiraOnda em TerapiaCognitiva 22!

enquanto Cxpra; o número 5cnquanto inspira, onúmero 6 cnquanto


expira; e assim por diante, até atingir a contagem do número l0. Ao
completar o ciclo de 10 contagens, gentilmente retoma-se a contagem
a partir do número 1, mantendo um número por movimento, até
completarociclo com acontagem do número 10, e assim sucessiva
mente. Outra contagem semelhante, também com ciclos de 10 conta
gens, envolve contar um número a cada exalação apenas. Dessa torma,
inspira-se e apenas ao cxalar conta-se mentalmente 1; inspira-se e ao
exalar conta-se mentalmente 2; inspira-se e ao exalar conta-se mental
mente 3; deve-se manter esta contagem até onúmero 10. Damesma
forma que na contagem anterior, ao completar o ciclo de 10, gentil e
naturalmente deve-se retornar ao número 1, iniciando um novo ciclo
até alcançar onúmero 10, eassim sucessivamente. Em qualquer um
dos tipos de contagem, toda vez que o praticante perceber que se dis
traiu, deve gentilmente retornar o foco àcontagem, reiniciando a par
tir do número 1. Além disso, o praticante pode utilizar a contagem
durante todo o período destinado à meditaçáo, ou pode utilizá-la até
sentir que sua mente estabilizou, passando a realizar a meditaçáo da
respiração pelo período restante.
Meditação da atençäoplena sem foco cspeífico. Nesta meditação
busca-se estar atento econsciente à totalidade da experiência do mo
mento presente, seja qual for a experiência. Essa experiência pode en
volver a percepçáo de sensações, sons, pensamentos e/ou sentimentos.
Através desse processo, écomum que as pessoas percebam, mais do
que nunca, o grande número de pensamentos que as acompanha in
cessantemente. Toma-se consciência de que a mente parece nunca pa
rar de pensar, e algumas pessoas chegam mesmo a concluir que a práti
ca da atençáo plena estáfazendo com que pensem ainda mais. No en
tanto, esta éuma conclusáo equivocada. A meditação da atenção plena
apenas possibilita a percepção e a conscientização da atividade mental
normal, a qual nem sempre é inteiramente percebida e conhecida
quando nos encontramos em estados de vigilia e distração. Portanto,
Com essa meditacáo busca-se a consciência do momento presente, in
228 Mindfulness

chuindo os pensamentos. A característica principal éque se deve ohe.


var os pensamentos, deixando-os surgirem e desaparecerem natural
mente. Em outras palavras, na meditaçáo da atenção plena busca
olhar para os pensamentos, em vez de olhar a partir dos pensamento
Esse processo pode não ser fácil, uma vez que a atividade mental hu
mana é esscncialmente semântica e associativa, sendo natural aye
pensamnentos sigam um Aluxo de encadeamentos e
elaboraçóes.
Portanto,
algumas cstratégias sáo sugeridas para que gradualmente o praticante de
senvolva a habilidade de apenas observar os pensamentos, sem ser guia
do por eles. Dentre elas pode-se citar metátoras conmo a tela de cinema, o
céu e nuvens, e as folbas em um riacho. Na tela de cinema, percebe-se a
atividade mental como imagens que passam em uma tela, restringindo
Se a função do
praticante a apenas notar cada uma dessas imagens en
quanto surgenm na tela. No céu e nuvEns, a mente écomo o céu e os pen
samentos são as nuvens que vêm e váo. Analogamente, na metáfora das
folhas em un riacho, 0s pensamentos sãO coMo folhas que caem enm um
riachoe sáo carregadas pela água corrente. E importante destacar que es
sas técnicas apenas auxiliam o entendimento do
processO que deve ser
desenvolvidoatravés da meditaçáo da atenção plena. Elas podem ser uti
lizadas como estratégias preparatórias ou durante a prática em fases ini
ciais, mas não devem constituir-se como uma
técnica permanente, uma
vez que induzem em algum grau processos de
verbalização, os quais não devem ser cultivadosimaginaçáo, visualizaçáo e
na prática da atenção da
plena propriamentedita. Tendo em vista que ébastante
ter a atençáo plena no mnomento presente sem desafiador man
um foco específico, suge
re-se que o praticante recorra àatençáo à
gar necessário, toda vez que perceber que se respiração pelo tempo que jul
queestá com difhculdade de manter a distraiu ou quando perceber
atenção estável. Vale enfatizar: em
qualquer tipo de meditação, a respiração e o corpo sempre seráo
para a conexo com O
momento presente.
âncoras
Meditação dos três minutos de respiração. Este exercício tem o
jetivo de auxiliar a pessoa a ob
do dia, ou em permanecer presente e ancorada ao longo
qualquer momento ou situação que sinta que o
so de equilíbrioeo seu controle estão prejudicados. Além disso,seuauxi
se
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia
Cognitiva 2

lia na consolidaçáo dos ganhos oriundos da prática


Ameditação dos três minutos pode ser formal mais longa.
descrita como uma "minimedi
tação", que funciona como uma ponte
entre a
demandas do dia a dia. Mesmo sendo mais fácilprática mais longa e s
e rápida, pode ser de
safiadora, uma vez que énecessário a lembrança de realizá-la repetida
mente. Sendo assim, recomenda-se que seja realizada em
gulares de cada dia, tornando-a parte da rotina diária. Essahorários
re
breve me-
ditação caracteriza-se por tre fases subsequentes de um minuto cada:
) tornar-se consciente, 2) focalizar a atenção e 3) expandir a
atenção.
Na primeira, após acomodar-se da melhor forma possível - seguindo
as mesmas instruçoes já descritas de como sentar-se no cháo ou na ca
deira para meditaçóes mais longas, ou mantendo-se em pé -, deve-se
trazer àconsciência as experiências internas, reconhecendo-as através
da pergunta "qual éa minha experiência neste momento?", a qual
pode ser desmembrada nos questionamentos "quais pensamentos estáo
se passando na minha cabeça?", "quais sentimentos estáo presentes
neste momento?", equais sensaçóes corporais estão presentes neste
momento?". Na segunda fase deve-se direcionar a atençáo a um foco
mais fechado, em particular as sensaçóes fisicas da respiraçáo, perce
bendoe conectando-se com os nmovimentos que acompanham a inala
çáo e a exalação. Deve-se usar cada respiração como uma oportunida
de de ancorar-se no presente. A seguir, na última fase, deve-se expandir
o campo da consciência da respiração, percebendo o corpo como um
todo, a postura ea expressáo facial, como se o corpointeiro estivesse
respirando. Caso ocorra a percepçáo de algum desconforto ou tensáo,
deve-se levar o foco da atençáo àregião e àintensidade da sensação,
imaginando esentindo que a respiraçáo ocorre ao redor da mesma.
Dessa forma, busca-se desenvolver a habilidade de explorar as sensa
ções de desconforto, sem gerar resistência às mesmas.
Meditação informal. Oobjetivo das práticas formais consiste em
que, em úlimainstância, as habilidades adquiridas possam ser aplica
das na vida diária. Assim, entende-se que a atenção plena ao momento
presente também deve ser cultivada epraticada em outros contextos e du
rante atividades do dia a dia. Sendo assim, cada praticante pode pensar
230 Mindfulness

sua rotina e Como poderia


quais as atividades quecompócm a
atençáo plenaemcada uma delas. Alguns exemplos de
atividados.a praticar
çóes em que se pode experimentar e praticara atenção plena incl. o
un
momento de escovar os dentes, o banho, o deslocamento de
uma refeicáo, 0 momento de
outro, o momentode cozinhar comer uma
refeicão, a relação íntima com o parcelro armoroso, entre outros. Amed.
ção dos trÁs minutos de respiraçáo, descrita anteriormente, pode :ser uma
grande aliada da meditação informal, uma vez que potencializa a
ça de mantermos uma atençáo plena ao longo do dia. lembran-
Considerações finais sobre a prática

Tempo eFrequència. Meditaçáo éuma habilidade que deve ser


aprendida, sendo assim, acompetencia deve ser desenvolvida gradual.
mente, ao longo do tempo. Para tanto, énecessário que a prática seia
regular. Embora recomende-se que a prática formal tenha uma dura
ção mais prolongada (p. ex.: 30 ou 45 minutos), para que a experiên
cia de mindfulness possa realmente ser experimentada e aprofundada, a
regularidade da prática pode ser táo ou mais importante do que a du
raçáo. Por exemplo, um estudo que mostrou que os níveis de bem-es
tar psicológico aumentam àmedida que o tempo de
prática aumenta,
mostrou também que as pessoas com até um ano de prática, que
me
ditavam seis a sete vezes por semana,
de
apresentavam oS mesim0s ni
veis de bem-estar psicológico dos praticantes que tinham mais de cin
co anos de prática, mas que náo
meditavam COm a mesma regularida
de (Menczes &Dell'Aglio, 2009). Além
disso, é importante considerar
que, conforme a condiçáo e a
sintomatologia clínica, estados de
são, fadiga, depressão eansiedade podem contu
prejudicar e atrapalhar ain
tençao de praticar regularmente, mesmo aue não
Se procesSo. Assim, o haja consciência des
tica regular é comprometimento com aproposta ecom ap4
fundamental, pois
engajado no processo, a despeitodefacilita que o paciente se mantenha
sentir uma forca interna contrarla.
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia Cognittva 251

Motivaçáo eDisciplina. Um dos elementos que está na base do


comprometimento com a regularidade da prática éa motivaçáo, uma
vez que sem esta torna-se dificil manter a disciplina. Embora as pesso
as tenham
curiosidade sobre otema da meditaçáo, e até manifestem o
desejo de pratica-l2, percebe-se que o comprometimentocom a prática
exige um grau mi0r de motivação, assim como na mudança de hábi
ros, visto que inserir novos hábitos na rotina pode ser igualmente desa
fador. Portanto, ao trabalhar com técnicas de meditacáo, éfundamen
tal que se trabalhe com a motivação para a mesma. Neste sentido, dis
medita
Cute-se que uma particularidade do trabalho com técnicas de
çáo éque grande parte da motivação do praticante advém da forma
conhecimento sobre o
com que oinstrutor consegue transmitir o seu
tema eo processo. Em outras palavras, entende-se que a prática pesso
al do instrutor (ou terapeuta) é indispensável e constitui-se como a
principal caracteristica para que o mesmo possa ser um perpetuador da
prática. Outro elemento que deve ser utilizado para trabalhar a moti
vaçáo do paciente - em consonância com as técnicas empregadas pelas
TCC's éa qualidade da psicoeducaçáo acerca da meditação. Esta
deve incluir a sugestáo de leituras, filmes, documentários e materiais
que demonstrem os potenciais terapêuticos da prática, assim como
materiais deapoio para a realizaçáo da prática. Ainda no que concerne
àmotivação, observa-se que uma das dificuldades que os pacientes re
latam refere-se àmanutençáo da prática. Muitas vezes a motivação ini
cial que garante a realizaçáo da prática regular vai enfraquecendo
Com

manter a
o passar do tempo. Os pacientes relatam a dificuldade de
prática por si mesmos. Assim, uma alternativa para quem trabalha com
técnicas de meditação é oferecer no consultório um horário extra dis
ponível e dedicado à prática da meditaçáo. O encontro pode OCorrer

pacientes
uma ou mais vezes por semana e podeser aberto a todos os
que se interessam pela prática, ou a um determinado grupo de pacien
tes, conforme ocritério do terapeuta. Também pode ser útil conhecer
locais e espaços dedicados à prática da meditação para que sejam reco
mendados ao paciente.
232 Mindfulness

Diretrizcs gerais. Existem algumas características


cas c atitudes inter-
conribuir coma qualidade eo desenvolvimento dada
nas quc podcm excmplo, independentemente do
prática de meditaçáo. Por
praticante não cultiye tipo de
quc o
Cxercício rcalizado, éimportante
tivas, tenha expecta
paciência e não tenha pressa. Abusca por resultadosime-
pode frustrar, uma vez que a qualidade e a proficiência em me
diatos Muitos beneficios reel
ditação dependem de um processo gradual. resultam
de um acúmulo de práticas. Também
recomenda-se que não seiam f:
outros
tampoucO Com
tas comparaçóes entre uma pratica e outra, Pra
A práti
ticantes, uma vez quemeditação não se trata de pertormance.
ca da meditação deve ser um espaço onde se possa justanmente afastar
devemos ser de um
pressóes que sinal1zam o que, como, ou por que
forma ou outra. E neste sentido que orelaxamento pode ser considera
do um clemento crucial do processo, ou seja, é importante ser gentil e
ter calma consigo mesmo, não estar orientado a resultados e desligar-se
das pressóes quanto ao desempenho. Portanto, a meditação não deve
estar baseada na ideia de esforço outensáo, uma vez que essas atitudes
contrariam os princípios que fundamentamo processo meditativo.
Trazer a mente de volta. Emuito comum que durante a medita
çáo, mesmo com larga experiência na prática, a mente divague ese
distraia. Uma imnportante instrução a esse respeito é: sempre que hou
ver a percepção de que a mente distraiu-se/divagou/escapou, a atenção
deve ser gentilmente redirecionada ao foco - seja ele um objeto especí
fico ou simplesmente o momento presente. E importante que o pratl
cante
aprenda a não distrair-se ainda mais porque percebeu que se dis
traiu. Assim, náo se deve pensar sobre a distraçáo,
tampouco sobre Os
motivos que o levaram àdistraçáo. O praticante deve apenas retomar
o foco de sua meditação toda vez que perceber a
suave e natural, tantas vezes quanto
distração, de forma
necessário.
Estilos pessoais. Um último aspecto que deve ser discutido retere
se aos estilose particularidades pessoais, tanto do
ponto de vista do te
rapeuta, como do paciente. Com relação
que este se sinta à vontade para ao terapeuta, é importante
adaptar a incorporaçáo dos exercielos
Estratégias Psicoterápicas e a Terceira Onda em Terapia
Cognitiva 233
de meditação ao seu repertório de técnicas terapêuticas,
levando em con
sideração suas crenças e praticas profissionais. Por exemplo, um terapeu
nnode não se sentir àvontade de incluir este tipo de
exercício dentro
do horário destinado àsessão com opaciente. Náo obstante, pode
abor
dar apsicoeducação acerca da meditaçáo, assim como oferecer instru
cóes sobre a prática. Além disso, conforme jádiscutido, a utilização de
mindfulness pode ser atrelada aobjetivos específicos do processo terapéu
tico, dependendo dos temas com os quais o terapeuta trabalha ou está
crabalhando (p. ex., a utilizaço de mindfulness para oexercício de conta
to visual na terapia de casais). Analogamente, autilizaçáo de mindfulness
deve estar atrelada às demandas e características do paciente, bem como
à condiçáo psicológica do mesmo. Em consonância com os principios
dasTCC's, essas questões devem ser discutidas com o próprio paciente,
de forma que ambos concordem sobre a prática mais adequada.

Referências

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