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Por que Filhas de Mães Narcisistas Atraem Relacionamentos

Disfuncionais?

Por Michele Engelke

Um relacionamento é considerado disfuncional quando não fortalece a união, o bem-


estar e o crescimento pessoal de todos os envolvidos, mas produz o efeito contrário,
afetando negativamente o desenvolvimento tanto da saúde mental quanto emocional. No
contexto do narcisismo materno, a importância do termo “relacionamento disfuncional”
mostra-se óbvia quando a filha descobre que este não se limita ao contexto familiar,
pois se aplica a quase todos os relacionamentos mantidos ao longo dos anos. É bem
típico de minhas clientes quando refletem detidamente acerca da dinâmica dos seus
relacionamentos, por exemplo, perceberem ter atraído um grande número de narcisistas
para suas vidas. Isso não é, necessariamente, acurado, já que nem todo mundo é
narcisista, mas corresponde, sim, a uma verdade: a tendência a criarem e manterem
relacionamentos disfuncionais. A seguir, você descobrirá as raízes disso.

Porque vêm de uma família disfuncional: todos nós aprendemos como nos relacionar
com os nossos pais e as demais pessoas influentes no período de nosso
desenvolvimento, seja através de instrução direta ou observação de comportamentos.
Familiar atrai familiar, independente disso nos favorecer ou complementar. Se os seus
pais tinham o hábito de não validar os seus sentimentos e limites, você irá atrair e ser
atraída, naturalmente, por pessoas que não os reconhecem nem os valorizam. Se você
nunca teve um modelo de relacionamento funcional, fica praticamente impossível
reproduzi-lo sem um esforço consciente e proativo.

Porque têm baixa autoestima: quem foi educada na base de amor condicional tem
dificuldade de se considerar digna de ser amada por quem é e não pelo que possa
oferecer. O abuso e a negligência também deixam marcas profundas na vítima, afetando
negativamente não apenas a sua autoimagem, como também a sua capacidade de nutrir
o amor e o respeito por si própria e honrar os seus limites. Devido a esta inclinação, a
filha de mãe narcisista diminui-se na frente do outro, não sabe ou não consegue dizer
não e tolera comportamentos impróprios, mesmo sem se dar conta, o que a torna uma
presa irresistível para as pessoas difíceis, tóxicas e com tendências abusivas.

Porque são codependentes: é costume das filhas de mães narcisistas codependentes


tentarem mudar e “ajudar” os outros e não a si próprias. Desta forma, comportam-se
como a terapeuta ou pessoa responsável por resgatar os amigos e parceiros amorosos
enquanto negligenciam as próprias necessidades, tal como fez por muitos anos com a
mãe narcisista e o pai facilitador. Esta característica faz com que atraiam pessoas
egoístas, egocêntricas e imaturas emocionalmente, as quais não se sentem fortes o
suficiente para se equilibrarem, assumirem o controle da própria vida e resolverem os
próprios problemas.

Porque são dependentes emocionalmente: devido a sua dificuldade de regularem as


emoções e sentirem-se bem de dentro para fora, as filhas de mães narcisistas veem os
relacionamentos como fontes de direção, bem-estar e realização pessoal (“preciso de
alguém para me sentir bem/inteira”, “quando os outros estão de bem comigo/ao meu
redor, fico de bem comigo”, “só tenho valor/sei quem sou quando faço os outros
sentirem-se bem). Portanto, atraem pessoas vulneráveis, dependentes e que não sabem
como se relacionarem de forma autônoma e saudável. Vale lembrar que familiar atrai
familiar.

Porque têm valores rígidos e disfuncionais: os nossos relacionamentos e as pessoas com


as quais nos relacionamos refletem os nossos valores. Isso se deve ao fato de que
atraímos as pessoas que compartilham e correspondem, de alguma forma, a nossa visão
própria e de mundo. As filhas de mães narcisistas têm uma história longa de abuso e,
com frequência, de trauma mal resolvido e, por isso, acreditam que não são dignas de
ser amadas por pessoas boas e maduras. Se a sua identidade permanece atrelada ao
trauma e aos valores e visões de mundo rígidas e narcisistas de seus pais, continuará
atraindo as pessoas erradas.
Porque têm um baixo nível de maturidade emocional: quando crescemos aprendendo a
não valorizarmos e aceitarmos todos os nossos sentimentos, sejam positivos ou
negativos, temos dificuldade de conectar com esses na idade adulta. A filha de mãe
narcisista que reprime os sentimentos antagônicos, em especial, e nega a sua sabedoria,
por exemplo, torna-se mais suscetível a tolerar comportamentos impróprios ou até a não
os reconhecer em tempo real. Quando cruza o caminho de uma pessoa imatura, abusiva
e/ou com uma história de saúde mental e/ou trauma mal resolvido, por exemplo,
descarta ou dissocia dos alarmes de perigo que o corpo emite para avisá-la e protegê-la
de se envolver com uma pessoa tóxica. Como resultado, mantém-se aberta para os
relacionamentos disfuncionais e, por fim, acaba por atrai-los.

Porque têm um problema de intimidade: as filhas de mães narcisistas, por terem uma
história de trauma relacional e possuírem um estilo de apego inseguro, tendem a não se
aceitarem de maneira íntegra e a se sentirem desconfortáveis dentro da própria pele e,
principalmente, no campo dos relacionamentos. Isso faz com que não aceitem o lado
vulnerável delas, tampouco o do potencial parceiro/parceira. No entanto, acabam
atraindo pessoas intolerantes, que sofrem também de problema de intimidade e, por esta
razão, não desenvolvem um relacionamento de forma aberta, madura e autêntica.

Caso tenha se identificado e deseje aprofundar o conhecimento a respeito do modo


como o narcisismo materno afetou não só a sua saúde psicológica e emocional, bem
como a habilidade de relacionar-se consigo e as outras pessoas, recomendo o meu
segundo livro, Filhas de Mães Narcisistas, Conhecimento Cura. Esta leitura, além de
facilitar o entendimento das circunstâncias do seu desenvolvimento que lhe afetaram,
ajudará a superar o trauma e a impulsionar o seu crescimento e a sua realização pessoal.

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