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ANDROLOGIA E GINECOLOGIA DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO

AULA 08 – FISIOPATOLOGIA DA REPRODUÇÃO DO MACHO

DISTÚRBIOS DA BOLSA ESCROTAL

Todos os distúrbios hereditários ou adquiridos da bolsa escrotal, tem uma ligação direta com o testículo

1. PROCESSOS CUTÂNEOS

OCORRÊNCIA:
- Ocorre em todas os machos das diferentes espécies domésticas, não havendo nenhuma predisposição
específica por espécie.

ETIOLOGIA:
- Os processos cutâneos da bolsa escrotal, tais como contusões, lacerações, escaras, dermatite, picadas de
insetos, produtos químicos irritantes, processos infecciosos causados por bactérias ou ectoparasitos.
- A apresentação da bolsa escrotal parcialmente dividida em dois segmentos, tem sido observada como causa
de baixa fertilidade em reprodutores bubalinos.
- A ectopia da bolsa escrotal ocorre quando essa patologia acomete um ou ambos os testículos
- Bovinos: fungo, sarna, ácaros, mosca do berne
- Bubalinos: sarna e ácaros
- Caninos: trauma

SINTOMAS:
- Em geral os processos cutâneos da bolsa escrotal levam a instalação de um quadro inflamatório local, com
aumento de temperatura e por conseguinte a uma degeneração testicular.
- Esses processos causam uma alteração na espermatogênese, baixando a qualidade do ejaculado devido a
presença de alto percentual de patologia espermática.

TRATAMENTO: Tão logo a causa primária seja revertida o quadro seminal volta ao normal.

2. HIDROCELE E HEMATOCELE

É o acúmulo de líquido ou sangue dentro da cavidade da bolsa escrotal.

ETIOLOGIA
- A etiologia está ligada ao histórico de traumas (EQUINOS DEVIDO AOS COICES)
- Alta temperatura têm sido apontada como um dos agentes capazes de influenciar o aparecimento desta
enfermidade
- Doenças parasitárias, causadas por Strongylus edentatus e Fasciola hepatica, têm sido ligadas ao surgimento
dessa enfermidade em equinos

OCORRÊNCIA
- A hidrocele é um achado relativamente raro nos animais domésticos. Embora existam poucas citações na
literatura, a hidrocele ocorre com certa frequência no equino.
- A ocorrência em caninos também é frequente, embora existam raras citações na literatura.

ESTUDO
- Não encontrando nenhuma correlação entre este fenômeno e a fertilidade, sugerindo ainda que a hidrocele
idiopática não interfere na espermatogênese e nem na libido dos garanhões.
- Outro estudo considera que o acúmulo de líquido dentro da bolsa escrotal altera o mecanismo de
termorregulação, e consequentemente resulta em um declínio na qualidade do sêmen.
SINTOMAS
- A presença de transudato dentro da bolsa escrotal, tornando-a aumentada de tamanho, além da presença de
aumento da temperatura local.
- Além do desconforto que este processo ocasiona ao animal, pela agressão que ocasiona junto ao testículo,
leva a instalação de um quadro de degeneração testicular

DIAGNÓSTICO
- Pelos sintomas clínicos, facilmente perceptíveis nos animais acometidos.
- A presença de líquido com flutuação dentro da bolsa escrotal é o principal indicativo para o diagnóstico, o
que é confirmado pela punção do órgão acometido.
- A presença de um líquido de cor âmbar é obtido na hidrocele, enquanto um líquido de cor vermelha confirma
uma hematocele.
OBS: Pela palpação ou pela ULTRASSONOGRAFIA, deve-se diferenciar a hidrocele da orquite.

PROGNÓSTICO
- Favorável nos casos recentes
- Desfavorável nos casos crônicos severos.

TRATAMENTO
- Nos casos agudos recentes: aplicar gelo no local (sempre leva a uma degeneração testicular, assim como
deixa sequelas relacionadas com a atrofia e fibrose no órgão acometido)
- Crônico: tratamento tópico conservador, inclui a manutenção da higiene local, com aplicação de diuréticos
no caso de edema local, além de pomadas anti-inflamatórias e via sistêmica, adstringentes e antibióticos
(causados por bactérias).

OBS: Evitar a utilização de pomadas que contenham substâncias rubefacientes (salicilato de metila, cânfora,
essência de terebentina, etc), pois a utilização das mesmas podem até ajudar a curar o processo tópico, porém
potencializa a degeneração testicular imposta pela patologia instalada.

3. HÉRNIA INGUINAL (ESCROTAL)

É uma condição relativamente rara, que atinge a bolsa escrotal, podendo ter origem congênita ou adquirida.

OCORRÊNCIA
- É frequente no suíno, podendo ser uni ou bilateral.
- No equino, parece ter origem adquirida, acometendo animais inteiros, sendo ocasionada pelo aumento da
pressão abdominal, que leva a uma ruptura da fáscia transversa profunda, que fecha uma pequena abertura
existente entre a parede anterior do canal e o ligamento inguinal do testículo.
- Esta condição ocorre raramente no canino.

TRATAMENTO
- Devido a possibilidade da penetração de alças de intestino delgado e do estrangulamento, é recomendado
em todas as espécies acometidas o tratamento é cirúrgico.

DISTÚRBIOS DO TESTÍCULO

1. ECTOPIA TESTICULAR

É a falha da gônada chegar ao escroto, indo localizar-se em outra posição, onde aloja-se permanentemente.

É comum encontrar um testículo em posições ectópicas, tais como: a região inguinal, ventro abdominal
próximo ao prepúcio, transverso perineal ou cruro-femoral.

Esta anomalia leva a uma Degeneração Testicular face a perda da regulação térmica do testículo.
OCORRÊNCIA
- Tem sido descrita no bovino, suíno e canino.
- Nos casos de intersexos (pseudohermafroditas do tipo masculino) em geral vêm acompanhados de ectopia
dos testículos.

SINTOMAS
- Na maioria dos casos o testículo tem o tamanho menor que o normal.

2. MONORQUIDIA OU ANORQUIDIA

A ausência congênita de um testículo (monorquidia) ou de ambos os testículos (anorquidia)

são condições extremamente raras nos animais domésticos, porém descritas no equino, canino e felino

3. POLIORQUIDISMO

Também conhecido como duplicação testicular ou testículos supranumerários.

É também uma condição bastante rara, porém já foi descrita em equídeos

4. SINORQUIA

É a fusão dos dois testículos em uma só estrutura, com localização na bolsa escrotal ou no abdômen.

5. CRIPTORQUIDISMO OU TESTÍCULO RETIDO

O termo criptorquidismo vem do grego (cripto=escondido e orchis=testículo), sendo a incapacidade de os


testículos fazerem a migração normal para a bolsa escrotal (da porção caudal dos rins até o anel inguinal),
quando em geral um ou ambos os testículos permanecem retidos no canal inguinal ou cavidade abdominal

Mais comum unilateral

OCORRÊNCIA
- Acomete todos os mamíferos, sendo comum nos equinos*, caninos*, suínos, caprino e felinos, especialmente
quando se utiliza a consanguinidade ou imbreeding (endocruzamento = geneticamente próximos) de forma
descontrolada.
- É uma enfermidade bastante comum nas condições do Brasil, sendo observada tanto em animais de fazenda
como em animais de companhia
- Equinos é bastante susceptível a este problema.
- Em caninos acomete principalmente animais de alta linhagem, existindo raças e dentro dessas linhagens com
alta predisposição hereditária para o problema.

ETIOLOGIA
- É uma enfermidade de fundo hereditário, sendo causada por um "gene autossômico recessivo de
penetrância incompleta"
- No equino, esta condição é "genética de caráter dominante", atingindo principalmente o testículo esquerdo.
- Alguns autores atribuem o problema a um subdesenvolvimento ou excessivo desenvolvimento do
gubernáculo testis, que ocasiona uma falha na regressão ou na tração do testículo para dentro da bolsa
escrotal.

O testículo retido é menor e de consistência flácida, contudo a sua função endócrina não se altera (produz
testosterona), porém a espermatogênese é totalmente bloqueada (não produz espermatozoides devido a
temperatura)
A temperatura orgânica intra-abdominal produz uma Degeneração Testicular

As glândulas sexuais acessórias são normais, face não haver alteração endócrina do testículo, portanto não
havendo nenhum distúrbio no desenvolvimento anatômico delas.

Os testículos retidos podem apresentar formações císticas ou tumorais, sendo frequente a presença de
teratomas

O criptorquidismo é um fator predisponente ao desenvolvimento de neoplasias.

SINTOMAS
- O animal criptorquidico bilateral é estéril, com o ejaculado azoospérmico
- Porém nos casos unilaterais o animal sub-fértil, mantendo a capacidade de reproduzir. Neste caso, é que
reside o maior problema, pois o animal está transmitindo esta patologia para as futuras gerações, pois o
testículo que desceu para a bolsa escrotal é normal e produz espermatozoides viáveis.

OBS: É comum nos animais criptorquidicos, bilaterais ou que foram castrados, porém ainda retém um dos
testículos retidos, o surgimento de vícios, agressividade, libido em excesso, com alguns animais sendo
extremamente perigosos, o que pode estar relacionado a um tumor no testículo retido, que passa a ter uma
produção hormonal anormal - estrógenos ou andrógenos

DIAGNÓSTICO
Além da palpação externa da bolsa escrotal e do anel inguinal superficial, a palpação retal, com uma
exploração minuciosa da cavidade pélvica deve ser realizada.

HIPOPLASIA TESTICULAR

É uma enfermidade de caráter hereditária, com as gônadas apresentando redução no tamanho, diminuição na
concentração dos espermatozoides (azoospermia ou oligoespermia) e estes quando presentes são de
qualidade inferior ou duvidosa

OCORRÊNCIA
- Esta enfermidade tem sido bem estudada em bovinos, sendo que nesta espécie é causada por um "gene
autossômico recessivo de penetrância incompleta".
- A hipoplasia testicular tem sido diagnosticada nas diferentes espécies domésticas
- Em zebuínos e bubalinos, encontra-se disseminada e sem controle, face a estreita consanguinidade em que
se encontram alguns rebanhos, e o uso indiscriminado de animais portadores de hipoplasia com fins de
melhoramento genético.

SINTOMAS
- Os testículos hipoplásicos podem apresentar-se de tamanho e consistência normal, residindo aí o grande
problema para a identificação de animais anormais.
- Nos casos de animais anormais, é fácil observarmos os testículos menores, flácidos ou firmes e fibrosos

1.1 HIPOPLASIA TESTICULAR DEVIDO A "BAIXA RESISTÊNCIA DAS CÉLULAS GERMINATIVAS"

OCORRÊNCIA:
- Esta enfermidade tem sido descrita em outros países, inclusive no Brasil
- Ocorreu em bovinos da raça Sueca vermelho e branco de alta progênie e performance, e que foram
selecionados como doadores de sêmen, porém apresentam uma fertilidade de 2 a 5% abaixo da média da
raça.

ETIOLOGIA
- Este tipo de hipoplasia é de difícil diagnóstico, pois à medida que o reprodutor é utilizado, a sua fertilidade
vai diminuindo progressivamente.
- Alguns touros inicialmente apresentam uma fertilidade normal, porém com o decorrer do tempo são
acometidos de um processo de degeneração testicular que é irreversível.

A hipoplasia testicular está relacionada com variadas formas de distúrbios, que interferem diretamente sobre
a células germinativas primordiais durante o curso de sua existência, caracterizadas por:
1.Falha no desenvolvimento das células germinativas no saco ectodérmico germinal;
2. Erro na migração das células germinativas durante a vida fetal;
3. Falha na proliferação mitótica das células germinativas;
4. As células germinativas proliferam-se normalmente, porém degeneram-se;

SINTOMAS
- Os animais acometidos apresenta os testículos com tamanho variando de pequeno a normal, com baixa
concentração espermática e os espermatozoides podem ser anormais ou terem baixa congelabilidade.
- O quadro histopatológico dos testículos denotam mais uma degeneração testicular do que propriamente
uma hipoplasia.
- No caso dos zebuínos, o quadro seminal pode em alguns casos apresentar-se dentro dos níveis de patologia
aceitáveis, porém o sêmen não apresenta boa congelabilidade, com baixa motilidade após a descongelação e a
fertilidade reduzida quando o sêmen congelado é utilizado em rebanhos.
- Ao contrário da hipoplasia clássica, este tipo apresenta células da linhagem seminal nos túbulos seminíferos,
embora em número reduzido e com tendência a degeneração

Grupo I
Os testículos são totalmente hipoplásicos, onde os túbulos seminíferos estão circundados por uma pequena
camada de células epiteliais subsdesenvolvidas, que se assemelham a células de Sertoli, sendo os animais
portadores deste tipo de patologia estéreis.

Grupo II
Os testículos podem ter ou não diminuição de tamanho, com os túbulos seminíferos apresentando um variado
grau de sub-desenvolvimento que pode variar entre 50 a 75%, com o restante dos túbulos apresentando
variada atividade espermatogênica, com os animais apresentando da sub-fertilidade a esterilidade.

Grupo III
Neste tipo somente um testículo é acometido parcialmente, com a presença de poucos túbulos seminíferos
hipoplásicos, sendo os animais portadores desta patologia em geral férteis.

QUADRO SEMINAL: o volume, motilidade, vigor e concentração podem estar dentro dos padrões normais ou
sub-normais, assim como os níveis de patologia espermática, especialmente em touros jovens. Subitamente o
animal apresenta um quadro típico de degeneração testicular sem causa evidente, sem haver, contudo,
recuperação mesmo quando melhorada as condições de manejo. Ao atingir este quadro irreversível, os níveis
de patologia espermática encontram-se acima de 30%, com predominância de patologia de cabeça, peça
intermediária, cauda e gotas citoplasmáticas, além de células anormais provenientes do epitélio seminífero.

DIAGNÓSTICO: pelo histórico, exames clínicos repetidos, com espermiograma sucessivos. É importante o
diagnóstico diferencial de degeneração testicular, que uma vez retirada a causa, em 60 a 90 dias ocorre uma
melhora sensível no quadro seminal. Muitas vezes somente através do exame histopatológico é possível se ter
um diagnóstico conclusivo.
DIFERENCIAÇÃO PARA DEGENERAÇÃO TESTICULAR:
em um quadro de degeneração testicular é necessário que o técnico faça no mínimo 3 exames para chegar ao
diagnóstico, no intervalo de 15-30 dias

infertilidade temporária dependendo da causa

no ápice da patologia = detecta


antes = não detecta

EM MAIO SOFRE ESTRESSE AMBIENTA


- MOTILIDADE COMEÇA A DIMINUIR
- PRODUÇÃO ESPERMÁTICA COMEÇA A
DIMINUIR
- PATOLOGIA COMEÇA A AUMENTA  GOTA
CITOPLASMÁTICA E MORFOLOGIA GERAL
- EXAME NESTE MOMENTO = NÃO DETECTA

O ESTRESSE CONTINUA

EM SETEMBRO/OUT É O ÁPICE
QUADRO CONTINUA PIORANDO
EXAME NESTE MOMENTO = DETECTA
PROGNÓSTICO FAVORÁVEL = TRATAMENTO
RECUPERA

SE CONTINUAR O ESTRESSE = MODERADA A


GRAVE

HIPOPLASIA E CRIPTORQUISMO = CONSTANTE

espermatogênese para formar um espermatozoide = 60 dias

recuperação no animal 60-90 dias


aliar a alimentação balanceada
conforto térmico = sombra e água fresca

- Parâmetros normais
gc = 2%
cauda = 5%
peça intermediária = 2%
cabeça = 5% (maior)

gota citoplasmática = citoplasma durante a espermatogênese, na passagem do epidídimo (cabeça, corpo e


cauda) é retirado para conferir capacidade de motilidade e fertilizante

patologia = cauda, peça intermediária e de cabeça


menos 5-10% aceitável
QUADRO SEMINAL: HIPOPLASIA CLÁSSICA
O volume do ejaculado é em geral reduzido, com uma diminuição gradativa da concentração (oligospermia)
que varia em função da área de parênquima testicular acometida. A motilidade e o turbilhonamento podem
apresentar-se reduzidos, chegando nos casos mais severos a níveis comprometedores. As alterações na
morfologia dos espermatozoides estão acima de 20%, com predominância de patologia de cabeça e de gota
citoplasmática proximal GCP, além de outras células anormais no ejaculado.
Tabela. Quadro seminal

HIPOPLASIA TESTICULAR DEVIDO A "PARADA DA ESPERMATOGENESE"


Em bovinos na Suécia, cujo problema é ligado ao macho.
Os testículos podem variar de normal ao tamanho reduzido, embora a libido seja normal.
A presença de células multinucleadas e espermatides livres são observadas no ejaculado, que apresenta baixa
concentração.
Através do exame histopatológico dos testículos é possível observar que a divisão de espermatozóide de
espermatogônia para espermatide se processa normalmente, porém de espermatide para espermatozóide
não ocorre.

CÉLULAS DA LINHA ESPERMÁTICA = ESPERMATOGÔNIAS


SÊMEN + PUS = GRANULÓCITOS, MONÓCITOS, SANGUE

GRAVE = MEDUSAS
CÍLIOS DO EPITÉLIO DO EPIDÍDIMO

G.C = RESTO DE CITOPLASMA  ATRAPALHA A MOTILIDADE  NÃO SAEM DO LUGAR

NÃO PODE ULTRAPASSAR 30%  PATOLÓGICO

ACHADOS CLÍNICOS:
morfologicamente pode ocorrer na forma parcial ou total, uni ou bi-lateral, apresentando comumente casos
em que uma gonada é maior que a outra ou mais raramente ambas são reduzidas, aspectos estes que podem
ser evidenciados pela inspeção visual.

Dependendo do grau de comprometimento, o animal portador pode ser sub-fértil ou estéril. em alguns casos
esta patologia pode não ser identificada, quando não ocorre alterações perceptíveis na fertilidade do
reprodutor, residindo ai a importância do problema, pois a medida que o animal acometido vai sendo utilizado
como reprodutor, ele transfere o problema para as futuras gerações, tomando uma amplitude econômica,
tornando o problema incontrolável e de difícil solução.

Nos casos severos o quadro seminal pode chegar até a azoospermia, com a redução brusca da fertilidade, que
somente é identificada face as constantes repetições de cio ou aumento do intervalo entre partos.

A consistência dos testículos pode variar dependendo dos casos de sub-normal a firme, a medida de que
ocorre uma diminuição parcial ou ausência total das células que formam o epitélio seminífero, dando uma
caracterização histopatológica típica ao parenquima testicular, que passa a ter na sua constituição somente
células vacuolizadas e de Sertoli.
DEGENERAÇÃO TESTICULAR

A degeneração testicular (D.T.) é a causa mais frequente da alteração da qualidade e da capacidade de


fertilização do sêmen nos animais domésticos, caracterizando-se por um distúrbio no parênquima testicular
com parada na espermatogênese normal e alteração no quadro seminal.

OCORRÊNCIA
Ocorre em todas as espécies de animais mamíferos domésticos.

ETIOLOGIA
- Estresse ambiental: alta temperatura ambiental e umidade, baixas temperaturas com frio intenso, inferior a -
20 C.

- Intoxicações alimentares: ingestão de alimentos deteriorados ou contaminados.

- Envenenamentos ou intoxicações: cádimo, mércurio, chumbo, composto sulfurados, compostos halogênicos,


compostos fosforados, compostos nitrogenados, naftalenos clorados, plantas tóxicas.

- Fraca constituição endocrina - anormalidade naconstituição endocrina ou hormonal.

- Aplicação de hormônios exogênenos: a utilização de anabolizantes esteróides, comumente utilizados em


eqúinos ocasiona uma severa DT nesta espécie. Da mesma forma a utilização de hormônios esteróides,
estrogénos ou androgénos, levam a um quadro de DT em todas as espécies.

- Traumas na bolsa escrotal: hematomas, lesões superficiais na bolsa escrotal causada por picadas de insetos,
ácaros ou acúmulo de gordura.

- Lesões traumáticas e infecciosas nos testículos: orquite e periorquite, quer sejam de origem traumática ou
infecciosa.

- Lesões obstrutivas na cabeça do epidídimo: lesões que causam obstruções nos ductos eferentes na cabeça do
epidídimo, levando a estase espermática.

- Radiações: raios X, que acometem especialmente as espermatogônias do tipo A, seguindo-se das


espermatides, espermatocitos e espermatozóides. Altas doses de radiação também afetam os cromossomos
das células da linhagem seminal.

- Doenças crônicas e caquetizantes: doenças infecto-contagiosas febris ou enfermidades metabólicas.

- Distúrbios nutricionais: excesso ou deficiência de vitaminas do complexo B, C e E. Deficiência de minerais,


energia e proteína.

- Isquemia e lesões vasculares: lesões vasculares degenerativas ao nível do cordão espermático, albugínea ou
do parênquima testicular ocorrem com freqüência em todas as espécies. Casos crônicos de arterites no cordão
espermático, cápsula testicular e no parênquima do testículo são causas freqüentes de DT no eqüino,
principalmente em garanhões idosos, tendo provavelmente como etiologia a migração de larvas de Strongylus
vulgaris.

- Neoplasias: neoplasias localizadas à nível do hipotálamo e hipofise levam a uma DT no animal acometido, da
mesma forma que tumores do testículo produzidos pelas células sustentaculares ou intersticiais, produtoras
de hormônios.

- Idade: embora a idade não esteja diretamente correlacionada com a DT nos animais domésticos, em bovinos
a medida que a idade avança, parece haver uma predisposição a uma alteração no epitélio seminífero com a
instalação de um quadro progressivo de DT.
SINTOMAS

O animal apresenta histórico de reprodutivo normal, porém repentinamente ocorre uma queda ou perda da
fertilidade, que pode variar entre a sub-fertilidade a esterilidade. Como as causas são múltiplas, apresentando
características endogénas ou ambientais, a sua determinação torna-se as vezes de díficil, uma vez que o
quadro seminal é semelhante para todas as causas.

ACHADOS CLÍNICOS
No touro e nos ruminantes, o exame dos testículos revela pela inspeção relaxamento da bolsa escrotal, cujo
grau pode ser variável, nos casos crônicos ocorre um relaxamento máximo, ocorrendo a inabilidade das
estruturas que controlam a contração dos testículos (túnica dartos e músculos cremasteres), de se contraírem
e promoverem a contração da bolsa escrotal e subida dos testículos.

Um bom teste para verificar se essas estruturas estão ainda com capacidade de contração, é fazer a imersão
das mesmas dentro de um balde com água gelada. Após 3 - 5 minutos de imersão se não houver contração da
bolsa escrotal e elevação dos testículos, o prognóstico do quadro é reservado ou ruim.

A palpação dos testículos revela nos quadros sub-agudos uma certa flacidez, que é aumentada nos casos
crônicos, degenerando para firmeza e até a fibrose nos quadros crônicos.

O quadro seminal torna-se modificado, com alteração na cor e na consistência do ejaculado e diminuição do
volume, concentração, motilidade e vigor dos espermatózoides, e alto percentual de patologia nos
espermatozóides, com a presença de defeitos na cabeça - delgado, estreito na base, piriforme, contorno
anormal, cabeça isolada, etc.), ou ainda defeitos na peça intermediária, gotas citoplasmáticas próximais e
distais e lesões na cauda dos espermatóizodes, principalmente caudas dobradas.

Do ponto de vista histopatológico, a DT pode ser focal ou difusa, uni ou bilateral, dependendo da etiologia.

Macroscopicamente não existem lesões evidentes, porém nos casos já avançados os testículos podem se
apresentar flácidos, com tamanho reduzido e nos casos crônicos, instala-se um processo de fibrose testicular.

O quadro histológico da DT é variável, podendo apresentar áreas de morte celular até uma completa
vacuolização dos túbulos seminíferos. As células espermáticas degeneradas acumulam-se nos túbulos
seminíferos próximos a reti testis, levando a instalação de um quadro de calcificação testicular.

Debris no lumen = resto de citoplasma das células de sertoli ou células da linhagem espermática
(espermátides)
Vácuolos = degeneração hidrópica
Cálcio ou fibrose = esbranquiçado

PATOLOGIAS
De cauda: enrolada, fortemente enrolada, quebrada, fortemente quebrada
Contorno do acrossomo (enzimas): irregulares
Peça intermediária e gota citoplasmática: próximas/distal
Cabeça: duas cabeças, subdesenvolvida, piriforme, delgada, gigante, isolada, sem cabeça

DIAGNÓSTICO
- É feito pelo histórico, sintomas clínicos e pelo exame do ejacaulado.
- Se faz necessário a realização de sucessivos espermiogramas, para acompanhar a evolução do quadro da
enfermidade.
- O diagnóstico diferencial deve ser feito de hipoplasia testicular e maturidade sexual retardada.
 Na hipoplasia os testículos são pequenos ou diminuídos de tamanho, com o quadro seminal sem
variações durante a sucessivas colheitas realizadas.
 Na maturidade sexual retardada, deve-se levar em consideração a idade e as condições alimentares
em que o animal foi criado, assim como o quadro seminal, que também apresenta pouca variação nos
níveis de patologia espermática.

Através do exame histopatológico, é possível se fazer o diagnóstico diferencial entre os casos avançados da DT
e hipoplasia testicular, pela observação do espessamento da membrana basal do testículo acometido da DT
crônica.
Nos casos avançados de degeneração, as células que sustentam o arcabouço dos túbulos seminíferos assim
como as células da linhagem seminal, desaparecem.

PROGNÓSTICO
Pode ser avaliado de acordo com o esquema abaixo:
Idade do animal / Grau
 Jovem I  bom  tratável
 Adulto II  reservado
 Idoso III  moderado a grave  reservado a sombrio
Bom:__________________
Bom a Reservado:------------------------
Reservado a Sombrio:-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x
Sombrio:-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

TRATAMENTO
- Deve ser realizado através da identificação da causa e a eliminação da mesma.
- Uma vez retirada a causa, o quadro seminal volta a sua normalidade entre 3 a 5 meses.
- A modificação do manejo do animal, banhos diários no caso de estresse térmico, com a aplicação de uma
medicação adjuvante a base de frutose, energéticos e polivitamínicos.
OBS: SOMBRA E ÁGUA FRIA

PROFILAXIA
- Manejo correto do reprodutor, em especial atenção com relação ao estresse ambiental.
- Alimentação adequada
- Profilaxia das principais enfermidades infectocontagiosas.

ORQUITE E PERIORQUITE

É a inflamação de um ou ambos os testículos e das suas estruturas adjacentes. Pode ser aguda ou crônica.

OCORRÊNCIA
Acomete todas as espécies de animais domésticos, sendo frequente no bovino, equino, suíno e canina

ETIOLOGIA
Em geral tem origem traumática, parasitárias e infecciosas, vindo acompanhada de rubor, tumor, calor e dor.

Dentre as causas traumáticas podemos relacionar: traumas contundentes ou dilacerantes, causados por
traumatismos, cortes superficiais ou profundos devido a arames, espinhos, sujeiras das pastagens etc.

As de origem parasitárias são causadas por: miíase, berne, ácaros em geral, que levam a uma solução de
continuidade e o comprometimento de toda a estrutura testicular.

Orquite em caninos = vírus da cinomose  agentes infecciosos são relevantes agentes causadores de orquite
nesta espécie.
No garanhão o Streptococcus zooepidermiccus e a Salmonella abortus equi, tem sido freqüentemente
isolados.
No canino a Brucella canis e o vírus da cinomose pode ocasionar uma orquite e epididimite -
orquioepididimite.
 No caso da cinomose, observa-se microscopicamente a presença de corpos de inclusão intranuclear e
intracitoplasmático nas células sustentaculares
 enquanto que na brucelose nas infecções agudas pode ocorrer um quadro inflamatório com aumento
de tamanho do testículo e dor, enquanto que os casos crônicos podem ser assintomáticos, com uma
disseminação gradual, destruindo o parênquima testicular e o epidídimo, alterando o quadro seminal -
alterações na morfologia espermática, oligo/azoospermia e fibrose .

Nas regiões onde a brucelose é endêmica, esta enfermidade é a principal causa de orquite-epididimite nas
diferentes espécies, inclusive no canino.

No ovino agente do grupo Actinobacillus-Histophilus-Haemophilus ocasionam uma síndrome denominada


epididimo-orquite.

SINTOMAS
Orquite aguda: observa-se o espessamento da bolsa escrotal, com uma tumefação (sinal de godet), aumento
do tamanho do testículo e da temperatura local, dor, e de alteração no estado geral do animal (febre,
taquipnéia, inapetência). Devido a aderência entre a serosa parietal e visceral da tunica vaginal, o parênquima
testicular perde a mobilidade e passa a apresentar consistência firme e espessada, com perda da mobilidade
do testículo dentro da bolsa escrotal.

Orquite crônica: nesta fase o testículo diminui de volume, tornando-se firme e insensível a pressão. O quadro
seminal torna-se completamente alterado, com baixa concentração e grande número de espermatozóides
anormais (taratospermia), além da presença de células inflamatórias e gigantes. Neste caso, o quadro seminal
torna-se irreversível, com o testículo tendendo a fibrose.
Com a evolução do processo, ocorre uma proliferação de tecido conjuntivo. A medida que o processo evolui,
instala-se um processo de orquite intra-tubular, que evolui para uma intensa alteração inflamatória que se
dissimina pela gônada, com a presença de células inflamatórias, em especial leucócitos e células gigantes de
Langhans, com a posterior deposição de cálcio na luz dos túbulos seminíferos.

Nos casos agudos, ocorre um forte processo inflamatório, (rubor, edema, calor e dor), com aumento da
consistência do órgão, ocorrendo em geral um edema intersticial na parte interna do órgão, acometendo o
tecido interno e a tunica albugínea, com exudação fibrinosa ou sero-fibrinosa, dando seqüência a aderências
levando a uma Periorquite. Com o acúmulo de líquidos instala-se uma forte pressão sobre o epitélio
seminífero, dando origem a um processo de degeneração testicular.

DIAGNÓSTICO
Baseado nos sintomas clínicos. Faz-se necessário a diferenciação das causas traumáticas das infecciosas

PROGNÓSTICO
- É bom nos casos leves, porém reservado a sombrio nos casos graves e ocasionado por agentes infecciosos.

TRATAMENTO
- Aplicação de gêlo nos casos agudos, enquanto nos casos crônicos o uso de pomadas antiinflamatórias tópico
e por via sistêmica.
- Nos casos de processos inflamatório causado por bactérias a utilização de antibióticos é recomendada. É
importante salientar que a orquite e a periorquite, sempre leva a uma degeneração testicular, assim como
deixa sequelas relacionadas com a atrofia e fibrose no órgão acometido.
PROFILAXIA
Evitar traumatismos no testículo. No eqüino é uma recomendada a monta dirigida, tendo-se o cuidado de
rufiar a égua para se identificar se a mesma se encontra na fase de cio. Profilaxia das doenças infecto-
contagiosas.

FIBROSE DO TESTÍCULO
É a consequência final dos processos degenerativos que acometem o testículo, podendo ser localizada e
generalizada.

OCORRÊNCIA: Ocorre em todas as espécies.

ETIOLOGIA
Qualquer processo que se instale no testículo, e que leve a uma lesão no epitélio seminífero, tais como
degeneração testicular crônica, orquites, ou processos degenerativos quais, ocasionam uma substituição
normal do parênquima testicular por tecido fibroso.

SINTOMAS
O principal sintoma clínico é a firmeza do testículo quando palpado. A consistência do testículo torna-se
alterada na área onde ocorreu a fibrose.

O exame do quadro seminal mostra nos casos avançados diminuição do volume e da concentração dos
espermatozóides, além da presença de anomalias espermáticas, principalmente as formas degeneradas, como
células gigantes.

Nos casos crônicos, as áreas de fibrose podem ser facilmente palpadas no testículo acometido.

DIAGNÓSTICO
Pelos achados clínicos. A palpação dos testículos revela o quadro existente na gônada atingida.

PROGNÓSTICO
Mau

TRATAMENTO
Não existe nenhum tratamento para esta patologia.

TUMORES DO TESTÍCULO
Os testículos dos animais domésticos são frequentemente acometidos de tumores, que podem ter origem
primária das células do próprio testículo ou proveniente de metástases de outros órgãos.

OCORRÊNCIA
Acomete todas as espécies, porém com maior frequência no canino, bovino e equino, enquanto nas outras
espécies são raramente observados

O criptorquidismo é um fator predisponente para o aparecimento de tumores no testículo, especialmente no


canino e no equino.

No canino há uma predisposição hereditária em algumas raças, tais como Boxer, Chihuahua, Pastor Alemão,
Beagle, Poodle, Husky Siberiano, dentre outras, provavelmente devido a problemas de consanguinidade

TIPOS
1. Seminoma ou tumor das células germinativas; germinoma (5,7%)
- Acinzentado, hemorrágico, friável e de forma irregular; pouco estroma e com infiltração intra-tubular
- Frequente no canino e equino; pouco maligno
2. Leydigocitoma ou tumor das células intersticiais (3,8%)
- Marrom/alaranjado, redondo, cístico ou hemorrágico; poucas células de Leydig e vasos proliferados no
estroma
- Mais frequente no canino e bovino, imprimindo características feminizantes

3. Sertolioma ou tumor das células de Sertoli; adenoma tubular (2,53%)


- Cor esbranquiçada, consistência firme, forma irregular, podendo ser cístico e necrótico
- Em caninos idosos com criptorquidismo; frequente também no bovino; apresenta características feminizante;
é o mais maligno tumor do testículo

OUTROS TUMORES
Os tumores embrionários ou originários de outros órgãos podem acometer o testículo, e dentre os principais
descritos nas diferentes espécies que têm importância pela sua frequente ocorrência destaca-se os seguintes.

TERATOMA - tem sido descrito com certa frequência no equino e no canino, estando associado a testículos
criptorquídicos, e em ambas as espécies se apresentam como uma massa cística ou ocasionalmente na forma
de massas firmes.

Os demais tumores, como o mesotelioma, que em geral envolve a túnica vaginal, o hemangioma, adenoma da
rete testis ou adenocarcinoma, lipoma, condroma e o carcinoma embrionário, todos tumores de rara
ocorrência, e descritos no bovino, equino e canino.

DISFUNÇÃO EPIDIDIMÁRIA

1. ASSOCIADA A PROBLEMAS BIOQUÍMICOS


É a alteração da função normal do epidídimo, podendo ter origem de distúrbios funcionais ou por processos
infecciosos

OCORRÊNCIA
A disfunção epididimária de origem infecciosa ocorre em todas as espécies, porém merece destaque especial a
ocasionada por alterações bioquímicas do plasma epididimário, que afeta os espermatozóides durante a sua
passagem pelo ducto epididimário, descrita em bovino e suínos, e de origem hereditária

ETIOLOGIA
Na disfunção epididimária descrita em bovinos, o animal geralmente apresenta um quadro caracterizado por
morfologia espermática anormal, com um quadro permanente de alta incidência de cauda dobrada e gota
citoplasmática proximal ou distal, devido alterações bioquímicas do plasma epididimário, devido a altas
concentrações Glicerofosforilcolina ou níveis anormais de na/K na composição do plasma seminal ou ainda
associada com altos níveis de estrógenos devido a desequilíbrios endócrinos.

Estes aspectos levam a uma baixa motilidade espermática, alto percentual de patologia de cauda e de gota
citoplasmática proximal G.C.P.

SINTOMAS
Nas disfunções epididimária, o animal geralmente apresenta morfologia espermática normal, sendo a única
alteração evidente a alta presença permanente de cauda dobrada e gota citoplasmática distal, não ocorrendo
nenhuma outra alteração clínica perceptível no sistema genital.

DIAGNÓSTICO
Pelo histórico clínico da baixa fertilidade do reprodutor. Há necessidade de se realizar um teste de exaustão,
para se confirmar esta enfermidade.
PROGNÓSTICO
Mau

TRATAMENTO
Por tratar-se de uma enfermidade de fundo hereditária, o animal deve ser descartado da reprodução.
2. ASSOCIADA A PROCESSOS INFECCIOSOS – EPIDIDIMITE
É a disfunção do epidídimo associada a processos infecciosos, ocasionado por agentes infecciosos.

OCORRÊNCIA
Ocorre em todas as espécies, porém é mais frequente no ovino, bovino, caprino e canino.
No canino Nascimento et al. (1979) encontraram 34 (21,58%) casos de epididimite, que se apresentava em
geral associada a uma orquite, caracterizando-se por ser bi-lateral, e de forma focal crônica, estando
provavelmente associada a agentes infecciosos.

ETIOLOGIA
- Processos infecciosos, causados principalmente por Brucella ovis, Brucella abortus, Brucella canis, ou por
outros germes, Streptococcus zooepidermicus no eqüino, Actinomyces pyogenes no bovino e suíno.
- No canino a cinomose parece estar relacionada com esta condição.
- No ovino agente do grupo Actinobacillus-Histophilus-Haemophilus ocasionam uma síndrome denominada
epididimo-orquite.

SINTOMAS
Observa-se ao nível da cabeça do epidídimo ou de todo o órgão um processo inflamatório, acompanhado de
rubor, tumor, calor e dor.

Com a disseminação do processo infeccioso, ocorre um distúrbio no fluxo dos espermatozóides através dos
ductos eferentes ou na cabeça do epidídimo, com acúmulo de espermatozóides nestas regiões, com
espermiostase, advindo daí a formação de granulomas espermáticos.

A evolução do processo varia de um processo inflamatório agudo, com edema, formação de abscessos, e nos
casos crônicos periorquite e fibrose do epidídimo.

Com o curso da enfermidade ocorre o rompimento dos ductos onde encontra-se o processo da
espermioestase, com extravasamentos para o interstício e aumento do processo inflamatório face a reação
contra a presença de espermatozóides no tecido intersticial do órgão.

Estas lesões são facilmente palpáveis e detectadas.

O exame do sêmen observa-se alteração no quadro espermático, com a presença de grande número de
espermatozóides com cabeças decapitadas e leucócitos.

DIAGNÓSTICO
Pelos sintomas clínicos, e exame andrológico, confirmado pela alteração do quadro seminal. O exame
laboratorial, sorológico, ELISA, é importante para identificação do microorganismo causador da enfermidade é
importante, e diferenciar de disfunção epididimária devido a distúrbios no desenvolvimento dos ductos
mesonéfricos.

PROGNÓSTICO
Nos casos recentes reservados. Nos casos crônicos com a presença de granuloma espermático, mau.

TRATAMENTO
O tratamento com antibiótico é uma alternativa que pode ser tentada, nos casos em que não se trata de
brucelose. Entretanto recomenda-se o isolamento do germe, com a realização de antibiograma e a utilização
de antibiótico específico conta o germe causador do processo. Nos casos crônicos, recomenda-se a castração
do animal ou o descarte do mesmo.

3. ASSOCIADA DISTÚRBIOS NO DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS MESONÉFRICOS E ESPERMIOSTASIS

É a disfunção do órgão devido a um distúrbio no desenvolvimento dos ductos mesonéfricos, com


espermiostasis e formação de granuloma espermático.

É uma condição que acomete todas as espécies, estando a associada a problemas de consanguinidade.

Esta condição tem sido descrita nas diferentes espécies domésticas, porém é mais frequente no caprino,
ovino, bovino, canino e bubalino.

ETIOLOGIA
É ocasionada pela obstrução hereditária, ao nível dos ductos eferentes que são obstruídos durante o
desenvolvimento embrionário. Ao atingir a puberdade e se iniciar a espermatogênese, a produção de
espermatozoides torne-se acumulada produzindo uma estase, que extravasa para o tecido intersticial, face a
forte e constante pressão existente na área, fazendo com que toda a região seja atingida, instalando-se então
um quadro de profunda reação inflamatória.

SINTOMAS
Pela palpação do órgão observa-se ao nível da cabeça do epidídimo ou de todo o órgão um processo
inflamatório, acompanhado. Com a evolução do processo, ocorre um distúrbio no fluxo dos espermatozoides
através dos ductos eferentes ou na cabeça do epidídimo, com acúmulo de espermatozoides nestas regiões,
advindo uma espermiostase, com a formação de granulomas espermáticos.

O exame do sêmen observa-se alteração no quadro espermático, com a presença de grande número de
espermatozóides com cabeças decaptadas.

DIAGNÓSTICO
Pelos achados clínicos da palpação do testículo.

PROGNÓSTICO
Desfavorável

TRATAMENTO
Retirada cirúrgica do órgão acometido.
Como trata-se de uma enfermidade de origem hereditária, é recomendável a castração do animal e a sua
retirada da reprodução.

MALFORMAÇÕES VASCULARES DO CORDÃO ESPERMÁTICO

1. VARICOCELE
É a distensão anormal dos vasos do plexo pampiniforme, devido a estase sanguínea.

OCORRÊNCIA
Esta condição tem sido pouca estuda nos animais doméstico e muito bem estudada no homem. Tem sido
descrita no ovino, bovino, equino e no canino, acometendo em geral animais idosos.

ETIOLOGIA
Esta condição está diretamente relacionada com uma deficiência na drenagem sanguínea do testículo pelos
vasos do plexo pampiniforme, devido a uma deficiência na fáscia e no tecido conjuntivo ao redor dos vasos
locais, ocasionando uma estase de sangue nos vasos esta condição necessita ser mais bem estudada nos
animais domésticos.

SINTOMAS
Este distúrbio está diretamente relacionada com a Degeneração Testicular em todas as espécies. Devido a
estase sanguínea que ocorre, o suprimento de sangue para o testículo é alterado, havendo perda na troca de
calor entre o sague arterial e venoso, atingindo a espermatogênese.

DIAGNÓSTICO
Pela palpação do cordão espermático, observa-se o acúmulo local de “bolsas” de material flutuando.

PROGNÓSTICO
Reservado

TRATAMENTO
Retirada cirúrgica do testículo acometido.

2. TORSÃO DO CORDÃO ESPERMÁTICO


É a rotação do cordão espermático ou do testículo sobre o seu eixo horizontal, ocasionando uma oclusão no
suprimento sanguíneo ao testículo correspondente, levando a estase sanguínea e necrose.

OCORRÊNCIA
Ocorre com certa frequência no equino e no canino, sendo menos frequentes nas outras espécies.

ETIOLOGIA
- No equino devido ao posicionamento horizontal do testículo nesta espécie dentro da bolsa escrotal,
ocasionado pelo alongamento do ligamento caudal do epidídimo ou ligamento do escroto, ou a um
alongamento do mesórquio.
- No canino ocorre com mais frequência em animais com testículo retido na cavidade abdominal ou no canal
inguinal.  criptorquisdismo

SINTOMAS
Variam desde a não percepção, até a presença de um quadro de dor a palpação local, cólica, claudicação e
alteração do quadro seminal.

Na palpação do cordão espermático encontra-se edemaciado e aumentado de volume.

No canino ocasiona dor aguda e distensão abdominal, e dependendo da duração ocasiona letargia,
inapetência, vômito, ascite, febre e um estado de choque nos casos mais graves.

DIAGNÓSTICO
Baseado nos sintomas clínicos.

No cão, é importante a observação se o animal é criptorquídico, face a predisposição de testículos retidos


apresentarem esta patologia.
Nessa espécie possível se palpar a massa testicular aumentada de volume na parte posterior do abdômen, nos
casos em que a ascite não tenha se instalado.

O diagnóstico pode ser feito através de ultrassonografia, observando-se o aumento do testículo que teve o
cordão espermático torcido e perda da ecogenicidade do testículo acometido.
PROGNÓSTICO
Reservado

TRATAMENTO
O tratamento recomendado é o cirúrgico, com a retirada do cordão espermático e o testículo correspondente.
PREPÚCIO E PÊNIS

1. FIMOSE
É a constrição completa ou parcial do óstio do prepúcio, podendo ter origem hereditária ou adquirida,
podendo ser completa ou incompleta.

OCORRÊNCIA
Ocorre em todas as espécies, porém nos casos hereditários é mais frequente no canino, suíno e bovino,
acometendo animais recém-nascidos
Nos casos adquiridos acomete todas as espécies, independentemente da idade.

ETIOLOGIA
Nos casos hereditários a consanguinidade parece ser o causador do problema.

Nos casos adquiridos ser ocasionada por traumas, irritação por produtos químicos ou infecções.

É frequente em bovinos, principalmente em touros zebús devido a presença do prepúcio pêndulos em


algumas raças

SINTOMAS
O sintoma mais comum é a impossibilidade da exposição do pênis, ocasionada uma constrição do orifício
prepucial.

No caso de completa pode levar o animal a uma anuria por obstrução na evacuação da urina, em especial em
animais recém-nascidos. No canino no caso de ocorrer estase urinária por fimose completa, pode ocorrer uma
septicemia levando o animal a morte entre 8 a 10 dias.

Nos touros zebuínos que apresentam o prepúcio longo, a lesão da mucosa prepucial por capins cortantes ou
gravetos existentes em pastagens sujas podem levar a uma solução de continuidade inicial, que em seguida é
contaminada, levando a um processo de estenose do orifício prepucial.

DIAGNÓSTICO
Pelos achados clínicos e a palpação do órgão.

PROGNÓSTICO
Bom a reservado, dependendo do caso.

TRATAMENTO
Nos casos hereditários e com a presença da obstrução completa, o tratamento cirúrgico é recomendado,
fazendo-se a abertura artificial do óstio, possibilitando o animal urinar.

Nos casos adquiridos, o primeiro tratamento a ser estabelecido é eliminar ou prevenir a infecção local,
reduzindo-se o processo inflamatório local, prevenindo-se também a formação de aderências e abscessos.
Para isso a lavagem da região com água oxigenada por várias vezes, até a produção de espuma ser reduzida,
seguido da utilização de pomadas adstringentes e anti-inflamatórias a base de antibióticos, corticosteroides ou
nitrofuranos, complementada pela aplicação sistêmica de antibióticos de largo espectro.

Nos casos mais graves, em que ocorra uma expansão do processo com fibrosamento de áreas extensas,
recomenda-se a cirurgia.
É recomendado que os animais que tenham esta enfermidade de origem hereditária, não devem ser
utilizados em programas de reprodução.

2. OUTRAS

PARAFIMOSE
É a presença do pênis fora da cavidade prepucial, com a incapacidade do mesmo recolher-se face a um
estreitamento do óstrio prepucial devido a traumas.

RUTURA E DILACERAÇÃO
É a lesão dilacerante causada por objetos estranhos, com instalação de um processo inflamatório local
ocasionando uma estenose ou um prolapso da mucosa do prepúcio, desta forma impedindo a saída ou o
recolhimento do pênis para a cavidade prepucial.

BALANOPOSTITE OU FALOPOSTITE
Balanite é a inflamação do pênis, enquanto postite é a inflamação do prepúcio. Esses processos em geral estão
associados, e raramente são observados isolados.

PROLAPSO CRÔNICO COM FIBROSE - ACROBUSTITE-FIMOSE


É uma alteração envolvendo o prepúcio do bovino, especialmente nas raças zebuínas, que leva o animal
acometido a incapacidade para copular, tornando-o imprestável para a monta natural.

MICROPÊNIS
Condição rara, também conhecida como hipoplasia do pênis, em geral vem associada aos intersexos ou a casos
de hipoplasia gonadal. Tem sido reportada em caninos.

PÊNIS DIFALUS, PÊNIS DUPLO OU BÍFIDO


É a duplicidade do pênis. Tem origem congênita sendo de ocorrência rara nos animais, tendo sido descrito em
bovinos.

MEGALOPÊNIS
É o tamanho desproporcional do pênis em relação aos outros órgãos do corpo. Esta condição é rara, embora
tenha sido descrita em raças de caninos, como Pinscher, Chihuahua, Pequinês.

HIPOSPADIA
É a falha resultante da formação da abertura normal da uretra na extremidade posterior da glande, com a
abertura do meato urinário na região ventral do pênis. É uma condição frequente em caninos e felinos,
condição que ocorre geralmente nos machos intersexos.

GLÂNDULAS VESICULOSAS

APLASIA DAS GLÂNDULAS VESICULOSAS


É uma patologia de rara ocorrência entre as diferentes espécies, sendo descrita nos ruminantes, sendo
acompanhada de aplasia do epidídimo do mesmo lado, sendo por isso considerada de fundo hereditário. A
aplasia pode ser uni ou bilateral.

APLASIA SEGMENTAR E HIPOPLASIA


A plasia segmentar tem sido descrita em todas as espécies, sendo, porém, mais frequente no bovino. Pode
acometer ambos os segmentos, e em geral vem acompanhada de aplasia do epidídimo do mesmo lado.
Já a hipoplasia é uma condição rara, já tendo sido descrita no bovino
INFLAMAÇÃO DAS GLÂNDULAS VESICULOSAS
É a principal patologia das glândulas vesiculosas, tendo origem de infecciosa, levando a um processo
inflamatório neste órgão. Também é denominada de Vesiculite espermatocistite.

OCORRÊNCIA
Acomete comumente o bovino, eqüino, ovino e suíno.

ETIOLOGIA
A principal causa são os agentes bacterianos, dentre eles a Brucella abortus, o principal responsável por estes
processos nas regiões onde a brucelose é endêmica.
Outros agentes com o Mycobacterium tuberculosis, M. paratuberculosis, Actinobaccilus (Corynebacterium)
pyogenes,

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