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ENCEFALOPATIAS

ESPONGIFORMES
TRANSMISSÍVEIS
O que são as EET?

Enfermidades neurodegenerativas, crônicas,


progressivas e fatais, de caráter transmissível,
causadas por um agente não convencional
denominado prion
Qual ou quais os agentes
envolvidos?
• Priônios ou prions
(Proteinaceous Infectious Particle)

– Agente infeccioso (PrPsc) derivado de uma


proteína normal da membrana celular
(PrPC).

– Capacidade de replicar-se.

– Não possuem RNA ou DNA.


EETs
• Suscetibilidade ligada a genes

• Doenças não febris, crônicas ou


subagudas, e degenerativas do SNC
Não Patogênica Patogênica

•proteína tem ao redor de 250 aminoácidos (peso de 33-


35 kDa) não contém DNA ou RNA.
Encefalites Espongiformes Transmissíveis

• Causadas por prions, príons ou priônios

• Suscetibilidade ligada a genes

• Doenças não febris, crônicas ou subagudas,


e degenerativas do SNC
EET – Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis

DOENÇA HOSPEDEIROS NATURAIS DISTRIBUIÇÃO


Scrapie Ovinos e Caprinos Mundial, com algumas
exceções

Gado Reino Unido, Europa, Japão e


Encefalopatia Espongiforme Canadá
Bovina - BSE Ruminantes não-domésticos Reino Unido
em zoológicos
Felídeos não-domésticos Reino Unido e Austrália
Encefalopatia Espongiforme
Felina Gatos Domésticos Reino Unido e Noruega

Doença de Creutzfeldt-Jakob - Seres Humanos Mundial, esporádica e familiar


CJD
Variante da Doença de Seres Humanos Reino Unido, França e Irlanda
Creutzfeldt-Jakob - vCJD
Kuru Seres Humanos Papua-Nova Guiné

Síndrome de Gerstmann- Seres Humanos Doença genética rara


Straussler-Scheinker
Insônia Familiar Fatal Seres Humanos Doença genética rara
Agente Etiológico
Resistente Sensível
- Radiação ionizante - Autoclavagem acima de 160ºC

- Luz ultravioleta -Hipoclorito de sódio a 2% por


uma hora
- Agentes que promovem hidrólise,
modificam ou lesam os ácidos - Hidróxido de sódio a 4%
nucléicos (DNA e RNA)
- Calor úmido 160 ºC / 24 h e
autoclavagem a 126 ºC / 2 h
-pH baixos
- Congelamento e descongelamento
rápidos
- Exposição ao éter e ao formol 20%
- Pode permanecer por longos
períodos em tecido formolizado
Patogenia
1g SNC via oral
prion permanece

Placas de Peyer (6-10 meses)


distribui-se

Órgãos linforreticulares
(32º mês)

Medula oblonga e nervos periféricos


migrando

SNC (1 mm/dia)
Mecanismo de multiplicação
Prion (PrPsc) penetra nas células (receptores)

Forma agregados com a PrPc (citosol)

Altera a estrutura secundária da PrPc

Novas moléculas de PrPsc

Deposita-se dentro de endolisossoma, acumulando-se

???

não induzem a resposta inflamatória


ou imunológica
Como??
Acúmulo de prions

Fibrinas

Compressão – morte neuronal

HE – vacúolos

(esponjas)
ALTERAÇÕES
HISTOPATOLÓGICAS (HE)
Tecido Tecido nervoso com
nervoso alterações
normal espongiformes
Scrapie
• Doença crônica, fatal, afebril,
transmissíveil
• Períodos longos de incubação
• Ovinos e caprinos adultos
• Acomete o sistema nervoso central
• “to scrape against something”
Histórico

• Primeiro relato clínico em 1732 Reino Unido.


• Alemanha, 1759.
• 1899 – Vacuolização do encéfalo – França.
• 1936 - Transmissão experimental do scrapie por
inoculação.
• 1937 - Publicadas as primeiras descrições sobre a
histopatologia da enfermidade.
• 1942 foi descrita a doença em cabras.
• 1957 realizados experimentos que estabeleceram a
relação entre fatores genéticos e suscetibilidade ao agente
infeccioso.
Epidemiologia
Distribuição Geográfica

Mundial

Enzoótica: Surtos:
• Reino Unido • Austrália
• Nova Zelândia
• Europa
• Índia
• América do Norte. • Oriente Médio
• Japão
• Escandinávia
Epidemiologia
Distribuição Geográfica

Brasil

• Livre da doença
• Casos isolados em animais importados
• 1978 – 1° caso em ovino Hampshire Down
• 1985 – animais em quarentena
• 1995 – dois animais da raça Suffolk – RS
• 2001 – um animal da raça Hampshire Down – Pr
Epidemiologia
Ocorrência nos animais
Ovinos
• Susceptibilidade é determinada geneticamente
• Acomete ovinos adultos entre 2,5 e 4,5 anos
• Raramente afeta ovinos com menos de 18 meses
• Todas as raças são susceptíveis
• Machos e fêmeas

Caprinos
• Entre caprinos a infecção é rara
• Animais entre 2 e 7 anos de idade
Epidemiologia
Fatores de Risco

• Relação Quantidade do Agente x Infecção


• Islândia – confinamento de inverno
• Susceptibilidade diminui com a idade
• Estado de infecção dos pais
• Caprinos mantidos em contato estreito com
ovinos infectados.
Infecção
FONTES DE INFECÇÃO:
• A ingestão de material infectado
• Escarificação da pele e a inoculação conjuntival.
• Suscetibilidade ligada a genética do animal.
• Ácaros do feno albergando o agente.
• A placenta principal fonte de infecção.
• O fato de um cordeiro adoecer ou não depende principalmente
do estado atual e futuro do scrapie da sua mãe.
• O agente foi isolado do ovário e úteros de ovinos infectados.
• Infectividade do agente > três anos no ambiente.
• O aparecimento da doença é condicionado à ingestão de
alimentos contaminados.
Hoje considera-se que a doença
é ocasionada pela interação
agente infeccioso e
predisposição genética.
Sinais Clínicos

• Intranqüilidade, pupilas dilatadas, abanam a cabeça.

• rigidez das patas dianteiras, que os fazem “trotar”.

• contrações involuntárias dos lábios, dos ombros e


coxas dos animais.

• vocalização alterada

• Alguns animais apresentam quadros de convulsão


epileptiformes se assustados.

• isolamento do animal do restante do rebanho,


nervosismo e agressão contra objetos inanimados.
Sinais Clínicos

• A irritação cutânea, inicia-se pela região lombar,


posteriormente todas as demais regiões do corpo.
• Ao coçar as costas de um animal doente, faz o
mesmo apresentar um ranger dos dentes e uma
contração rápida dos lábios.
• lesões na face e cabeça do animal, com presença de
hematomas.
• Os animais tornam-se debilitados, sonolentos e
perdem a resposta à ameaça.
• A incoordenação é seguida de paralisia,
incapacidade de ficar de pé e finalmente a morte do
animal,
• Curso da doença pode durar de 6 semanas a 1 ano.
Sinais Clínicos

• Ovinos: ataxia, tetraparesia e deficiências


proprioceptivas, além da anorexia, tremor da
cabeça, fasciculações musculares, cegueira,
nistagmo, vômito. Podem ser encontrados ainda o
esvaziamento abomasal, abdômen distendido,
timpanismo rumenal e constipação.

• Caprinos: depressão, ranger de dentes, anorexia,


tosse e dorso arqueado, hipersensibilidade cutânea
sem prurido e balançar repetitivo da cauda, além de
escoiceamento com os membros anteriores.
Diagnóstico
Diagnóstico
Histopatologia: é o método mais utilizado internacionalmente e de
mais fácil aplicação uma vez que maioria dos laboratórios de
patologia veterinária já o fazem de rotina para outras
enfermidades.

Imunoistoquímica: mais especifica requerendo anticorpos


específicos para a sua realização e técnicos treinados, pois a
mesma não distingue proteínas normais de anormais.

Isolamento e caracterização da fibrilas associadas ao scrapie:


além de trabalhoso ainda requer a preparação adequada do
material e utilização de microscopia eletrônica. Muito pouco
utilizado, ficando restrito a laboratórios de referência.

Western Blotting: requer especialização dos técnicos e do


laboratório, além de constituir um diagnóstico trabalhoso.
Entretanto vem sendo considerado o teste de maior
especificidade.
Fibrilas Associadas ao Scrapie
Enfermidades que podem produzir sinais neurológicos
Doença Sinais clínicos Predominantes

Raiva Depressão, excitação, agressividade, hiperestesia, analgesia, anestesia, deficit


proprioceptivos, tenesmos, libido aumentada e salivação.

Trauma/hematoma/edema cerebral Depressão, sonolência, cegueira, ataxia, deficit proprioceptivos, opistotonos,


anestesia facial, lingua caída, convulsões, anisocoria e sangue em orelha e
focinho.

intoxicação por enxofre Depressão, sonolência, cegueira, ataxia, deficit proprioceptivos, opistotonos,
anestesia facial, lingua caída, convulsões e anisocoria.

intoxicação por chumbo Depressão, sonolência, cegueira, ataxia, deficit proprioceptivos, opistotonos,
anestesia facial, lingua caída, convulsões e anisocoria.

Envenenamento por sal Depressão, sonolência, cegueira, ataxia, deficit proprioceptivos, opistotonos,
anestesia facial, lingua caída, convulsões e anisocoria.

Deficiência de vitamina A Depressão, sonolência, cegueira com pupila fixa, ataxia, deficit proprioceptivos,
opistotonos, anestesia facial, lingua caída, convulsões e anisocoria.

Pseudo-raiva Depressão, ataxia, hiperestesia, parestesia, agressividade, medo, libido


aumentada, salivação, coma, convulsões, deficit de consciência e
proprioceptivos.

Artrite Encefalite Caprina Depressão, ataxia, convulsões e coma.

Maedi-Visna Depressão, ataxia, convulsões e coma.


Tratamento

NÃO EXISTE TRATAMENTO CONHECIDO


Profilaxia e Controle
• Descarte: abate dos animais doentes.

• Erradicação infectados

• Extermínio de linhagens familiais

• Vazio sanitário, durante dois anos, em propriedades


que apresentaram surtos

• Rigoroso controle das importações.

• Desde 2001 o Brasil proibiu a importação de animais


oriundos de países que apresentam scrapie e / ou
surtos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB).
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME
BOVINA

BSE

MAL DA VACA LOUCA


EET – Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis

DOENÇA HOSPEDEIROS NATURAIS DISTRIBUIÇÃO


Scrapie Ovinos e Caprinos Mundial, com algumas
exceções

Gado Reino Unido, Europa, Japão e


Encefalopatia Espongiforme Canadá
Bovina - BSE Ruminantes não-domésticos Reino Unido
em zoológicos
Felídeos não-domésticos Reino Unido e Austrália
Encefalopatia Espongiforme
Felina Gatos Domésticos Reino Unido e Noruega

Doença de Creutzfeldt-Jakob - Seres Humanos Mundial, esporádica e familiar


CJD
Variante da Doença de Seres Humanos Reino Unido, França e Irlanda
Creutzfeldt-Jakob - vCJD
Kuru Seres Humanos Papua-Nova Guiné

Síndrome de Gerstmann- Seres Humanos Doença genética rara


Straussler-Scheinker
Insônia Familiar Fatal Seres Humanos Doença genética rara
Histórico

 1986 no Reino Unido diagnosticada pela primeira vez a doença


em Bovinos

 1986 a 1993 – surtos da doença na Europa – “Mal da Vaca


Louca”

 1988 – Proibição do uso de farinha de carne e ossos na


alimentação de ruminantes

 1996 – Reconhecida no Reino Unido a vCJD


Qual ou quais os agentes
envolvidos?
Histórico

• 1982 - Stanley B. Prusiner - Teoria do príon (proteinaceous


Infectious Particle).

– Agente infeccioso (PrPSC) derivado de uma proteína


normal da membrana celular (PrPc)

– Capacidade de se replicar

– Não possui RNA ou DNA


Agente Etiológico
Resistente Sensível
- Radiação ionizante - Autoclavagem acima de 160ºC

- Luz ultravioleta -Hipoclorito de sódio a 2% por


uma hora
- Agentes que promovem
hidrólise, modificam ou lesam os - Hidróxido de sódio a 4%
ácidos nucléicos (DNA e RNA)
- Calor úmido 160 ºC / 24 h e
autoclavagem a 126 ºC / 2 h
-pH baixos
- Congelamento e
descongelamento rápidos
- Exposição ao éter e ao formol
20%
- Pode permanecer por longos
períodos em tecido formolizado
Fisiopatologia
Dose infectante para bovino: 1 g de SNC

Peyer
ingestão linfático
(6 a 10 meses)

Medula, nervos periféricos e SNC


A partir do 32 mês
Como??
Acúmulo de prions

Fibrinas

Compressão – morte neuronal

HE – vacúolos

(esponjas)
Sinais clínicos:
-incubação de dois a oito anos, inversamente
proporcional à dose infectante
-Reações exacerbadas a som e toque
- hesita em atravessar porteiras, dificuldade em
desviar de objetos ou caminhar em terreno irregular
-Coices, batem com o membro no chão
-Hipertermia leve
-Hábito de lamber o focinho o o flanco (20%)
-Ataxia dos posteriores evolui andar cambaleante
-Baixa produção de leite
-Olhar de espanto
Patologia:
- sem alterações características no organism

- lesões degenerativas bilaterais da subs. Branca

- fibrilas anormais SAF (Scrapie Associated Fibrils)

lesões em vários locais – maior quantidade de


vacúolos no bulbo, mesencéfalo e tálamo.

- poucas alterações de cerebelo, hipocampo, núcleos


basais e cortex.
Diagnóstico:
-agente não induz a formação de ac
- não existe prova diagnóstica pelo sangue

-Inoculação parenteral de tecido encefálico em


camundongos (incubação de 10 meses)

- confirmado pelas lesões histológicas cerebrais


que são consideradas patognomônicas.

- cérebro em formalina 10 – 20% CUIDADO!!


Diagnóstico:

-Microscopia eletronica das fibrilas (detergente e


proteases)
- Imunoquímico: desenvolvimento de anticorpos anti
PrP
- Imunoistoquímica: cuidado com o tempo da amostra

-Diagnóstico pré-clínico???
-ELISA no cérebro de animais abatidos antes da
sintomatologia
Controle e Profilaxia

-NÃO HÁ TRATAMENTO
- proibição da importação de países endêmicos assim
como a utilização de farinha de carne e osso na
alimentação dos bovinos.
Implicações Econômicas:
-até 1996 foram cerca de 1.300.000 bovinos no
Reino Unido.

-Proprietários foram compensados em US$ 1.000

-Nos anos de 96 a 97 na Alemanha e Itália o


consumo de carne bovina diminuiu cerca de 50%
BRASIL
-Portaria de 09/12/97, declarou-se livre da BSE

-Incluiu a doença na lista das de notificação obrig.

-1990 proibiu-se importação de bovinos, ovinos e


ruminantes silvestres do Reino Unido.

- 1996 proibiu-se o uso de farinha de carne e osso,


assim como proteína “in natura para” a alimentação
de ruminantes.

- Centros de diagnóstico
BRASIL – Risco de introdução da enfermidade
considerado mínimo país:
-desde 1980 todos os bovinos importados do Reino
Unido são destinados à reprodução. Nenhum entra na
cadeia alimentar e são enterrados na propriedade

- de 1989 a 1990 foram importados 179 bovinos do


Reino Unido, e todos vem sendo acompanhados.

-Farinha de carne e ossos contendo proteína de


ruminantes é exclusivamente para a alimentação de
não ruminantes.
Saúde Pública:
-associação entre BSE e Creutzfeldt-Jacob Dif.
- ainda não se sabe quais os alimentos que
poderiam veicular a enfermidade.
-O agente já foi isolado do íleo, cérebro, retina e
medula espinhal de bovinos.
-Nunca foi detectado na carne e no leite
-A transmissão pode ocorrer durante o período de
incubação (mas a quantidade de prion é baixa)
-Proteção no laboratório
Forma de Infecção

Doença de Creutzfeldt - Jakob


Scrapie
“Esporádico” Familiar
Farinha animal

BSE

Variante da
Doença de
Creuzfeldt - Jakob
Qual a ligação entre BSE e
vCJD ?
Epidemiologia

BSE vCJD
Reino Unido e Irlanda do Norte
 88 casos no Reino
Europa – França, Alemanha, Unido
Portugal, Holanda, Suíça, Itália,
Espanha, Dinamarca, Grécia,
Bélgica, Luxemburgo,
Finlândia, Áustria, República
 3 casos na França
Tcheca, Eslováquia, Eslovênia.
Japão  1 caso na República
América do Norte – (EUA e da Irlanda
Canadá)
BSE vCJD
• Alteração de comportamento • Anormalidades Psiquiátricas

• Bruxismo • Mioclonias
• Demência
• Medo e apreensão
• Semelhante ao Mal de Alzheimer
• Agressividade
• Idade média de 29 anos ( CJD – 65
anos)
• Hiperestesia
• Curso de 14 meses ( CJD – 5 meses)
• Passos hipermétricos

• Incoordenação motora

• Idade média de 4-5 anos (2-15 anos)

• Período de incubação 60 meses e


curso de 1 a 2 meses

Sinais Neurológicos
Considerações

• 2004 – Primeiro caso de vCJD após


transfusão sanguínea

• Subestimado o número de portadores


do agente infeccioso na Europa

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