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Morfologia: artigo e
interjeição
Versão Condensada
Sumário
Morfologia: artigo e interjeição������������������������������������������������������������������������������������� 3
1. Gabaritos����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������10
2
A L F A C O N
Morfologia: artigo e interjeição
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro,
que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e
acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu,
porém, que como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a
leitura e metesse os versos no bolso.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte
entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus
hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos
amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com
você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho
Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã;
venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de
homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando!
Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O
meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar
que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)
− No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro (5º parágrafo).
− Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã (5º parágrafo).
A L F A C O N
2. (AOCP – 2018 – PM/ES – SOLDADO)
Texto II
Walcyr Carrasco
Ando surpreso. De uns tempos para cá, as pessoas parecem estar perdendo a noção de fila. Para embarcar no
aeroporto, nem se diga! Assim que o voo é chamado, sempre há um grupo de passageiros que se amontoa em frente à
entrada. Crianças, idosos e deficientes têm preferência no embarque, mas poucos conseguem chegar na frente. Detalhe:
os lugares são marcados previamente. Por que a pressa?
Imagino como sofre o caixa de um bar, tendo de atender várias pessoas que gritam ao mesmo tempo. Em metrô, é um
sufoco. O correto seria esperar que saia quem vai desembarcar. Tentei fazer isso no horário de pico. Fui empurrado, levei
uma cotovelada na orelha e ainda me xingaram! Uma loucura! Quem quer sair empurra, quem quer entrar empurra mais!
Até entre os elegantes, reina a confusão! Fui a uma festa. Serviram o jantar em um bufê, com comida farta, de dar
água na boca. Os mais educadinhos foram se servindo em fila. Dali a pouco entrou uma perua no meio, estendendo as
unhas pintadas:
Pronto! Outro voou para o prato quente, furando todo mundo. A fila parou. Dois ou três aproveitaram a deixa para
se servir, espetando quem estava na frente com os garfos. […] Quando chego a um restaurante e avisam que tem
espera, vou embora. Ninguém respeita ordem de chegada. A começar dos maîtres, que dão preferência a clientes fiéis,
conhecidos... seja lá quem for. É justo que um cliente tenha suas vantagens. Mas, então, por que não reservar a mesa
com antecedência? […]
Elevador, então, nem se fala. Elevadores, aliás, transformaram-se num purgatório. Não é inferno porque um dia a
gente sai. Os espaçosos espremem os mais corteses. Nunca falta quem use um perfume fortíssimo, desses de deixar a
cabeça tonta. Tudo seria passável se ao menos fosse possível entrar e sair de um elevador cheio sem passar por cenas
de pugilato. Mesmo porque, como nos metrôs, quem vai entrar nunca deixa os outros desembarcar!
É impossível que todo mundo tenha sempre tanta pressa. Minha impressão é que, com o stress da vida moderna,
as pessoas andam esquecendo as regras mínimas do bem viver.
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) Em “Os mais educadinhos foram se servindo em fila.”, o diminutivo apresenta função valorativa, pois revela que
a educação de tais pessoas é pertinente com a situação narrada.
( ) Em “– Deixa eu pegar só uma saladinha!”, a flexão do substantivo em destaque no diminutivo revela, junto ao
advérbio “só”, uma estratégia linguística utilizada pela falante para justificar e minimizar sua “infração” ao furar a
fila do bufê.
( ) Em “Os espaçosos espremem os mais corteses.”, os adjetivos em destaque foram substantivados com a fina-
lidade de nomear um grupo de pessoas que apresenta tais características.
( ) Em “[…] quem vai entrar nunca deixa os outros desembarcarem!”, percebe-se a utilização do ponto de excla-
mação com finalidade de realce a uma ordem, um desejo.
A L F A C O N
a) V, V, V, F.
b) V, V, V, V.
c) F, V, V, F.
d) V, F, V, F.
e) F, V, F, F.
Com relação às regras de concordância nominal, relacione as colunas e, em seguida, assinale a alternativa com a
sequência correta.
a) 3 - 1 - 2.
b) 3 - 2 - 1.
c) 2 - 3 - 1.
d) 1 - 2 - 3.
Texto I
Zygmunt Bauman
O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças
que geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das coisas
humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza física
e à inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe de apagar a “mãe de
todos os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência da nossa mortalidade e da
impossibilidade de fugir da morte.
Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o prin-
cipal motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber a cultura
como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou
pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo de morrer que nos
tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.
A L F A C O N
A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E se,
por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...].
Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade de que os
projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa consciên-
cia que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde o seu
início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que separa o
transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma ponte para passar de um
lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a eternidade, deixando
nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.
Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto focal
das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus
próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo
alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa
sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas. [...]
O processo de derivação imprópria de palavras compreende a mudança de classe de uma palavra, estendendo-lhe
a significação. Assinale a alternativa cujo excerto apresenta tal processo de derivação na palavra em destaque.
c) “[...] todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos [...]”.
Texto 1
Vejamos, agora, o que nos diz Machado de Assis sobre a autópsia: “Li um termo de autópsia. Nunca deixo de ler
esses documentos, não para aprender anatomia, mas para verificar ainda uma vez como a língua científica é diferente
da literária. Nesta, a imaginação vai levando as palavras belas e brilhantes, faz imagens sobre imagens, adjetiva
tudo, usa e abusa de reticências, se o autor gosta delas. Naquela, tudo é seco, exato e preciso. O hábito externo é
externo, o interno é interno; cada fenômeno, cada osso, é designado por um vocábulo único. A cavidade torácica,
a cavidade abdominal, a hipóstase cadavérica, a tetania, cada um desses lugares e fenômenos não pode receber
duas apelações, sob pena de não ser ciência.”
Machado de Assis nos diz no Texto 1 que a linguagem literária adjetiva muito; a frase a seguir que exemplifica de
modo mais claro essa afirmação, por conter maior número de vocábulos classificados como adjetivos, é:
A L F A C O N
c) A vida é agradável e a morte é tranquila. O problema é a transição.
Texto 1A18-I
Nos Estados Unidos da América, no século XIX, a passagem da polícia do sistema de justiça para o de governo da
cidade significou também a passagem da noção de caça aos criminosos para a prevenção dos crimes, em um desloca-
mento do ato para o ator. Como na Europa, a ênfase na prevenção teria representado nova atitude diante do controle
social, com o desenvolvimento pela polícia de uma habilidade específica, a de explicar e prevenir o comportamento
criminoso. Isso acabou redundando no foco nas “classes perigosas”, ou seja, em setores específicos da sociedade
vistos como produtores de comportamento criminoso. Nesse processo, desenvolveram-se os vários campos de saber
vinculados aos sistemas de justiça criminal, polícia e prisão, voltados para a identificação, para a explicação e para a
prevenção do comportamento criminoso, agora visto como “desviante”, como a medicina legal, a psiquiatria e, espe-
cialmente, a criminologia.
Na Europa ocidental, as novas instituições estatais de vigilância deveriam controlar o exercício da força em sociedades
em que os níveis de violência física nas relações interpessoais e do Estado com a sociedade estavam em declínio. De
acordo com a difundida teoria do processo civilizador, de Norbert Elias, no Ocidente moderno, a agressividade, assim
como outras emoções e prazeres, foi domada, “refinada” e “civilizada”. O autor estabelece um contraste entre a violência
“franca e desinibida” do período medieval, que não excluía ninguém da vida social e era socialmente permitida e até
certo ponto necessária, e o autocontrole e a moderação das emoções que acabaram por se impor na modernidade.
A conversão do controle que se exercia por terceiros no autocontrole é relacionada à organização e à estabilização
de Estados modernos, nos quais a monopolização da força física em órgãos centrais permitiu a criação de espaços
pacificados. Em tais espaços, os indivíduos passaram a ser submetidos a regras e leis mais rigorosas, mas ficaram mais
protegidos da irrupção da violência na sua vida, na medida em que as ameaças físicas tornaram-se despersonalizadas
e monopolizadas por especialistas.
C. Mauch. Considerações sobre a história da polícia. In: MÉTIS: história & cultura, v. 6, n.º 11, jan./jun. 2007, p. 107-19 (com adaptações).
A coerência e os sentidos do texto seriam mantidos caso fosse suprimido o artigo “os”, no trecho “desenvolveram-se
os vários campos de saber”, no último período do primeiro parágrafo.
Certo ( ) Errado ( )
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7. (CESPE/CEBRASPE – 2017 – PM/AL – SOLDADO)
Texto CB1A1AAA
Geélison Ferreira da Silva. Considerações sobre criminalidade: marginalização, medo emitos no Brasil. In: Revista Brasileira de Segurança
Pública. ano 5, 8.ª ed. São Paulo, fev. – mar./2011, p. 91-102 (com adaptações).
No que se refere aos sentidos e às propriedades linguísticas do texto CB1A1AAA, julgue o item a seguir.
Certo ( ) Errado ( )
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8. (CESPE/CEBRASPE – 2018 – FUB/DF – ADMINISTRADOR)
Moacyr Scliar. Letra de médico. In: A face oculta. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2001, p. 23-5 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anteriormente apresentado, julgue o item.
Infere-se do texto que, pelo emprego do adjetivo “compreensível” (L.7), o narrador transmite sua opinião, o que se
confirma pela ponderação exposta no último período do primeiro parágrafo.
Certo ( ) Errado ( )
A L F A C O N
9. (ALFACON – 2023 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE)
Tendo em vista a oração “Um amigo ganhou a televisão no sorteio”, assinale a alternativa que apresenta, correta e
respectivamente, a classificação gramatical das palavras sublinhadas.
Na frase “Cuidado! Parece que ouvi um barulho”, temos uma interjeição que possui sentido de:
a) Medo.
b) Desculpa.
c) Desejo.
d) Afugentamento.
e) Advertência.
1. Gabaritos
1. GABARITO: E.
2. GABARITO: A.
3. GABARITO: B.
4. GABARITO: E.
5. GABARITO: C.
6. GABARITO: ERRADO.
7. GABARITO: ERRADO.
8. GABARITO: CERTO.
9. GABARITO: C.
10. GABARITO: E.
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