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Projeto Diretrizes

Associação Médica Brasileira

Segurança em Anestesia Regional

Autoria: Sociedade Brasileira de Anestesiologia

Elaboração Final: 30 de julho de 2012


Participantes: Fernandes CR, Fonseca NM, Rosa DM,
Simões CM, Duarte NMC

O Projeto Diretrizes, iniciativa da Associação Médica Brasileira, tem por objetivo conciliar informações
da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico.
As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico,
responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

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DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:


Foram realizadas buscas em múltiplas bases de dados (Medline 1965 a 2011; Base de dados da Cochrane Library;
LILACS) e referências cruzadas com o material levantado para identificação de artigos com melhor desenho
metodológico, seguidas de avaliação crítica de seu conteúdo e classificação de acordo com a força da evidência.
As buscas foram realizadas entre dezembro de 2010 e abril de 2011. Para as buscas no PubMed, foram
utilizadas as seguintes estratégias de pesquisa:
1. "regional anaesthesia" OR "anesthesia, conduction"[MeSH Terms] AND "infection"[MeSH Terms] AND
"prevention and control"[Subheading] OR "prevention" AND "control" OR "prevention and control"
2. "regional anaesthesia" OR "anesthesia, conduction"[MeSH Terms] AND "infection"[MeSH Terms]
3. "regional anaesthesia" OR "anesthesia, conduction"[MeSH Terms] AND "infection"[MeSH Terms] AND
"etiology"[Subheading] OR "etiology" OR "causality"[MeSH Terms]
4. "regional anaesthesia" OR "anesthesia, conduction" [MeSH Terms] AND "immunocompromised host
"[MeSH Terms] OR "immunocompromised patient"
5. "regional anaesthesia" OR "anesthesia, conduction" AND "meningitis"[MeSH Terms]
6. "regional anaesthesia" OR "anesthesia, conduction" AND "epidural abscess"[MeSH Terms]
7. Epidural AND [MeSH Terms] OR "catheters" AND “colonization” AND "infection"[MeSH Terms] OR "infection
8. single-use AND "equipment and supplies"[MeSH Terms] AND "devices" OR "medical devices" AND “reprocessing”
9. “single-use” AND "equipment and supplies"[MeSH Terms] AND "devices" OR "medical devices" AND
“reprocessing” AND "anaesthesia"
10. "medication errors" [MeSH Terms] AND ("regional anaesthesia"[All Fields] OR "anesthesia, conduction"
11. “cost-effective” AND "pharmaceutical solutions" [MeSH Terms] AND "regional anaesthesia" OR "anesthesia, conduction"
12. "drug contamination" [MeSH Terms] AND (opening [All Fields] AND ampules [All Fields])
No campo da anestesia regional, foram selecionados estudos que abordam complicações infecciosas, enfocando
fatores de risco, etiologia, prevenção, diagnóstico e tratamento. Também foram incluídos: aqueles que avaliam os
riscos de complicações infecciosas em pacientes já infectados ou imunocomprometidos, candidatos a bloqueio
regional; artigos que esclarecem sobre a utilização de materiais reprocessados e a segurança no manuseio dos
fármacos a serem administrados; estudos que tratam do manejo asséptico de frascos; e, finalmente, os que
abordam o custo-efetividade no preparo de soluções a serem administradas em infusão contínua.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:


A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C: Relatos ou séries de casos (estudos não controlados).
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, opiniões de especialistas, estudos
fisiológicos ou modelos animais.

OBJETIVO:
Avaliar aspectos da segurança em anestesia e analgesia regional, tais como: possíveis complicações infecciosas
decorrentes da técnica, fatores de risco associados, estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento. Esclarecer
quanto ao uso de materiais reprocessados na prática da anestesia regional; sobre os fatores que podem levar
a erros na administração de fármacos; estabelecer as implicações no manejo asséptico de frascos e ampolas e
sobre o custo-efetividade no preparo de soluções a serem administradas continuamente em bloqueios regionais.

CONFLITO DE INTERESSE:
Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaboração desta diretriz estão detalhados na página 19.

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Introdução

Complicações infecciosas associadas à anestesia regional e


à terapêutica da dor podem resultar em devastadora morbidade
e mortalidade, incluindo formação de abscesso, meningite ou
compressão medular secundária à formação de abscesso. Os
possíveis fatores de risco incluem sepse subjacente, diabetes,
imunodepressão, uso de corticoides, colonização bacteriana
localizada ou infecção, e uso prolongado de cateter. A fonte de
infecção para meningite ou abscesso peridural pode resultar de
colonização distante ou infecção localizada, com subsequente
disseminação hematogênica e comprometimento do sistema
nervoso central (SNC). O anestesiologista também pode trans-
mitir micro-organismos ao SNC ao contaminar o material que
será empregado para a realização da anestesia regional, ou ao
abrir mão da técnica asséptica.

Um cateter utilizado para bloqueio neuroaxial, ainda que


inserido sob técnica asséptica, pode ser colonizado com a flora
da própria pele, o que favorece a infecção dos espaços peridural
ou subaracnoideo.

Não há evidências claras na literatura a respeito da frequên­


cia de tais complicações1(D).

Historicamente, as infecções graves do SNC, tais como


aracnoidite, meningite ou abscesso após bloqueios neuroaxiais
são eventos raros. Há alguns relatos de casos ou séries de
casos. Também é rara a administração errada de fármacos em
bloqueios regionais.

Entretanto, recentes séries epidemiológicas sugerem


que a frequência de complicações infecciosas e acidentes
relacionados à segurança com técnicas neuroaxiais está
aumentando2,3(B)4(C)5(D). Por esse motivo, é imperativo o
entendimento da história natural dessas enfermidades e seus
fatores causais, para que se possam desenvolver estratégias de
prevenção e segurança, que incluem desde a execução da técnica
propriamente dita, manuseio adequado e administração dos
fármacos preparados.

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A importância da técnica asséptica Estudo recente demonstrou que as mãos


dos anestesiologistas atuam como importante
1. A lavagem das mãos do anestesio- origem de contaminação nos procedimentos
logista reduz a incidência de com- executados na sala de cirurgia. A correta
plicações infecciosas em anestesias higienização é fundamental na prevenção de
condutivas? complicações infecciosas13(B). Há necessidade
de cuidados básicos essenciais como medida de
Em 1846, o médico húngaro Ignaz Philip segurança nos procedimentos da anestesia, in-
Semmelweis (1818-1865) comprovou a íntima cluindo a lavagem das mãos do anestesiologista
relação entre a febre puerperal e os cuidados entre cada paciente assistido14,15(D). Estudos
de higiene dos médicos. Desde o estudo de adicionais demonstram que a lavagem das mãos
Semmelweis, as mãos dos profissionais de é considerada um dos componentes mais impor-
saúde vêm sendo implicadas na transmissão de tantes da técnica asséptica a ser empregada para
micro-organismos no ambiente hospitalar6(D). a realização de procedimentos anestésicos16(B).
A assepsia adequada sempre deve ser empregada
no preparo da anestesia regional, tanto nas
A contaminação das mãos dos profissio-
técnicas com punção única, quanto nas que
nais de saúde pode ocorrer durante o contato
utilizarão cateteres.
direto com o paciente, ou por meio do contato
indireto com produtos e equipamentos ao seu
Relógios e anéis são fatores de risco para
redor. Bactérias multirresistentes e fungos
complicações infecciosas. Estudos recentes
podem fazer parte da microbiota transitória
demonstraram maior contaminação quando
das mãos. Por meio desse veículo, os micro-
estes não são removidos17(B). Embora haja
organismos podem ser disseminados entre os controvérsia acerca do assunto, a retirada de
pacientes. adornos é recomendada como medida profilática
contra infecções18(B). Outra recomendação para
Há evidências relacionadas à transmissão minimizar os riscos de infecção é evitar o uso
de patógenos por meio das mãos desde a época de unhas artificiais19,20(B).
da guerra da Crimeia. A enfermeira Florence
Nightingale introduziu cuidados de lavagem das Há medidas que podem ser empregadas para
mãos e reduziu, assim, a morbi-mortalidade dos difundir a importância da lavagem das mãos
feridos da guerra. A contaminação das mãos dos entre os profissionais de saúde: instrução sobre
profissionais da saúde pode ocorrer durante a o assunto, disponibilidade de pias e de reserva-
manipulação dos pacientes e no contato indi- tórios de álcool gel em locais de fácil acesso. Os
reto com outros objetos (camas, estetoscópios, produtos alcoólicos usados para higienização
aparelhos de anestesia e outros materiais da das mãos em serviços de saúde estão disponíveis
sala cirúrgica). Estudos evidenciam a associação na forma de solução (líquida), gel e espuma.
das mãos contaminadas com o aparecimento As formulações à base de gel apresentam
de surtos de infecções em serviços de saúde7- eficácia antimicrobiana superior à das outras
9
(B)10-12(C). formulações21(B). Entretanto, não existem evi-

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dências suficientes acerca de qual seria a melhor frequentemente com luvas de vinil do que com
técnica asséptica das mãos do anestesista antes luvas de látex, ocasionando contaminação das
da realização de anestesia regional. mãos dos profissionais de saúde1 (D). Até o
presente, nenhuma investigação avaliou o risco
Recomendação de contaminação microbiana ou perfuração de
Recomenda-se lavagem prévia das mãos luva de látex estéril ou de neoprene. Luvas esté-
como importante item de técnica asséptica reis de uso único ou descartáveis nunca devem
para realização de procedimentos regionais ser lavadas, re-esterelizadas, ou desinfetadas,
anestésicos, tanto nas técnicas com punção devendo ser usada uma nova luva a cada novo
única, quanto nas que utilizarão cateteres. Os procedimento23 (D).
adornos, como relógios, anéis e unhas artificiais,
deverão ser retirados como medida profilática de Aventais cirúrgicos são geralmente usados
aprimoramento da técnica. como uma estratégia de prevenir contaminação
cruzada entre pacientes, impedindo que o mate-
2. A utilização de paramentação cirúr- rial infeccioso entre em contato com as roupas
gica pelo anestesiologista diminui do profissional de saúde. Atualmente, não há
o risco de complicações infecciosas dados suficientes para que se façam recomen-
na realização de bloqueio peridural dações definitivas a respeito do uso rotineiro de
contínuo? avental cirúrgico dentro do ambiente da sala de
operação durante a anestesia regional, tanto para
O emprego da técnica asséptica meticulosa punções simples, como para a colocação tem-
para realização de anestesia regional tem sido porária de cateter periférico neuroaxial 1,24 (D).
repetidamente descrito em publicações prévias, Recomenda-se que técnicas assépticas devam
porém, apenas recentemente houve o estabeleci- ser sempre empregadas durante a preparação de
mento de normas definidas para assepsia durante equipamentos, tais como o uso de ultrassono-
procedimentos de anestesia regional. grafia na realização de bloqueios4 ( C).

A lavagem das mãos permanece sendo o Relatos traçam uma analogia entre a ins-
componente crucial da assepsia, as luvas esté- talação de acesso venoso central e anestesia no
reis devem ser consideradas como suplemento neuroeixo, sugerindo a utilização de paramen-
e não como uma substituição da lavagem das tação cirúrgica. No entanto, alguns aspectos
mãos22 (B)1,23 (D). Antes da lavagem das mãos, são questionados, como o aumento do tempo
todas as jóias e bijuterias (anéis, relógios, pulseiras, para realização do procedimento e o aumento
etc) devem ser removidas3 (B). As luvas estéreis dos custos associados25 (A).
protegem não apenas pacientes de contamina-
ção, mas também os próprios profissionais de Argumenta-se que, se a paramentação
saúde1 (D). cirúrgica completa está indicada para inserção
de acesso venoso central, comparativamen-
Quanto à perfuração de luvas de procedi- te também estaria indicada para anestesia
mento, está bem estabelecido que ocorre mais neuroaxial26 (D). Nas punções venosas centrais,

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precauções de barreira completa (luvas estéreis, uma história de faringite recorrente, não usava
paramentação cirúrgica completa e longa, más- máscara e, frequentemente, falava durante o
cara, gorro e grandes campos estéreis) reduzem a procedimento28(C). Outro caso relatado foi o
incidência de infecção associada a cateter venoso de um abscesso epidural ocasionado por um
central, quando comparadas às precauções pa- estranho tipo de Staphylococcus do nariz
drão (luvas estéreis e campos pequenos). Nesse do anestesiologista que colocou um cateter
contexto, a incidência de infecção é da ordem epidural31(C). Porém, a despeito dos relatos de
de 2,3%, quando se utilizaram precauções de casos, não há evidência definitiva de que o uso
barreira completa, e 7,2% quando se utilizaram de máscara cause diminuição de infecção24(D).
precauções padrão. A taxa de infecção extrapola-
da foi de 227:10.000 com o uso de dispositivos A máscara facial é criticamente importante
de barreira completa e 718:10.000 com o uso na proteção dos pacientes contra médicos que
de dispositivos de barreira padrão27(D). apresentam dores de garganta, dos que sofrem
de faringite ou amigdalite recorrente, ou os que
Argumenta-se que, se a incidência de infecção são carreadores crônicos de S. aureus na região
associada à anestesia neuroaxial fosse a mesma nasal2(B)28,29,31(C)24,30(D).
da inserção de acesso venoso central, ninguém
questionaria o uso de paramentação completa. A técnica asséptica deve incluir a lavagem
Entretanto, infecção associada ao bloqueio do das mãos e a remoção de jóias, porém, há dúvida
neuroeixo é 718 vezes menor do que a taxa de a respeito do uso de avental cirúrgico e também
infecção com o acesso central (considerando se a técnica asséptica deve incluir mudança de
1:10.000 com precauções padrão). Assim, até máscara antes de cada novo caso. No entanto,
o momento, não há dados consistentes que recomenda-se o uso correto da máscara facial,
recomendem o uso de aventais cirúrgicos para que deve cobrir o nariz e a boca26(D).
realização de bloqueios simples ou procedimentos
de inserção de cateteres neuroaxiais. Recomendação
As luvas estéreis devem ser usadas, no en-
A máscara cirúrgica foi inicialmente consi- tanto, devem ser consideradas como suplemento
derada como um mecanismo de barreira protetor e não como substituição da lavagem das mãos.
do profissional de saúde contra secreções e san- Até o momento, não há dados consistentes que
gue do paciente24(D). Entretanto, um número recomendem o uso de aventais cirúrgicos para
crescente de casos de meningite pós-punção realização de bloqueios simples ou procedimen-
espinhal passou a ser descrito2(B)28,29(C)27,30(D), tos de inserção de cateter. O uso da máscara fa-
muitos destes resultando de contaminação do cial é recomendado, sendo fortemente indicado
espaço epidural ou subaracnoideo com patóge- para aqueles anestesiologistas que apresentam
nos da mucosa orofaríngea do anestesiologista. sinais e sintomas de infecção de vias aéreas
Foram descritos quatro casos de meningite superiores, devendo esta sempre cobrir boca
iatrogênica após anestesia espinhal, ocorrendo e nariz. Ainda não se tem certeza se a técnica
num período de quatro anos, todos os casos asséptica deve incluir a mudança de máscara a
envolvendo o mesmo anestesiologista, que tinha cada novo procedimento.

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3. Qual é o melhor antisséptico para o Além disso, a presença de altas concentrações


preparo da pele do paciente antes da de matéria orgânica pode diminuir a atividade
realização do bloqueio regional? microbicida do álcool. As preparações alcoóli-
cas não são apropriadas quando a pele estiver
A desinfecção é o processo de destruição da visivelmente suja ou contaminada com material
forma vegetativa de micro-organismos, patogê- proteico35 (D).
nicos ou não, presentes em objetos inanimados.
Antissepsia é o conjunto de medidas empregadas A maioria dos estudos dos alcoóis tem ava-
para destruir ou inibir o crescimento de micro- liado seu efeito individualizado em diferentes
organismos existentes nas camadas superficiais concentrações, ou tem focado na combinação
(microbiota transitória) e profundas (microbiota com soluções contendo quantidades limitadas
residente) da pele e das mucosas. Tais medidas de hexaclorofeno, compostos de quaternário
envolvem a aplicação de agentes germicidas: os de amônia, polivinilpirrolidona iodo (PVPI),
antissépticos32 (D). triclosan ou gluconato de clorexidina35 (D).

Controvérsias ainda existem sobre o mais O antisséptico que mais satisfaz as exigên-
seguro e apropriado antisséptico para o preparo cias para aplicação em tecidos vivos é o álcool
da pele antes da realização da anestesia regional. diluído em água em combinação com solução
de gluconato de clorexidina. A clorexedina é
O tratamento da pele deve ser feito com potente germicida e, quando adicionada ao
agentes antissépticos para que se reduza a álcool, acelera esse efeito36,37 (A).
quantidade de germes nela presentes, a cha-
mada microbiota. Os antissépticos devem ter O gluconato de clorexidina adere ao estrato
ação antimicrobiana imediata, efeito residual córneo da pele, o que lhe confere ação prolon-
persistente e não devem ser tóxicos, alergênicos gada. Não há relatos de efeitos adversos da clo-
ou irritantes. É recomendável que sejam suaves rexidina sobre o sistema nervoso até o presente
e tenham boa relação custo-benefício33,34 (C). momento35 (D).

A atividade antisséptica do álcool ocorre A comparação do efeito antisséptico da


pela desnaturação de proteínas e remoção de clorexedina com o iodóforos - PVPI mostrou
lipídios, inclusive dos envelopes de alguns que a clorexidina apresenta efeito bactericida
vírus. Para apresentar sua atividade germicida superior, ação mais rápida e com efeito residu-
máxima, o álcool deve ser diluído em água, al37-39 (A)32 (D).
que possibilita a desnaturação das proteínas. A
concentração recomendada para atingir maior Recomendação
rapidez microbicida é de 70%. Porém, algumas Recomenda-se que a antissepsia da pele, de
características do álcool limitam seu uso: é forma segura e eficaz, antes da anestesia regional
volátil e de rápida evaporação na temperatura deve ser acompanhada dos seguintes cuidados:
ambiente; é altamente inflamável; possui pouca quando se faz presente sujidades, remoção de
ou nenhuma atividade residual em superfícies. qualquer matéria orgânica ou inorgânica da

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pele mediante limpeza com água e sabão e S. aureus, sugerindo que há colonização e sub-
posterior enxágue; utilização de clorexedina sequente infecção por esse patógeno, que está
alcoólica; emprego de adequada quantidade de presente na flora normal da pele.
antisséptico, evitando-se retirar o excesso de
líquido, sendo aguardada a evaporação, a fim de Os relatos mostram que os pacientes que de-
que seja garantida a real efetividade da solução; senvolveram meningite após bloqueio neuroaxial
o antisséptico deve ser utilizado em quantidade eram saudáveis e foram submetidos à raquia-
adequada e deve-se esperar por sua evaporação nestesia. Nesses casos, a fonte mais comum do
sem a retirada do excesso de líquido. Tais me- patógeno foi a via aérea superior do anestesista
didas garantirão a real efetividade da solução. que realizou o bloqueio28,29,40,41(C)42(D).

F atores associados a complicações Dados sugerem que a realização de anestesia


infecciosas na anestesia regional peridural ou subaracnoidea durante um episódio
de bacteremia é fator de risco para infecção no
4. Quais são os fatores de risco relacio- neuroeixo2(B)5,43(C)44(D). Por outro lado, um
nados à infecção em anestesia regio- estudo sobre a inserção e permanência do cateter
nal com ou sem inserção de cateter? peridural, em pacientes com infecção em sítio
distante do sistema nervoso, autorizou a realiza-
Infecções graves do SNC, tais como arac- ção do bloqueio. Recomenda-se a inspeção diária
noidite, meningite e abscessos, são complicações e meticulosa do local de inserção do cateter e
raras dos bloqueios neuroaxiais. No entanto, da- sua imediata remoção, caso estejam presentes
dos bibliográficos demonstram uma ocorrência sinais flogísticos45(B).
cada vez mais frequente desses eventos2(B)4(C).
É pertinente mencionar os fatores que
Nas últimas décadas, complicações infeccio- afetam a colonização bacteriana durante a cate-
sas decorrentes de anestesia regional foram mais terização peridural. Embora a ponta do cateter
divulgadas. Esse fato pode ser decorrente de maior seja frequentemente colonizada, a progressão
iniciativa para a publicação de complicações, para infecção do espaço peridural raramente
como também podem estar relacionadas a mu- ocorre45(B)46(C)24(D).
danças na prática clínica, tais como o uso mais
corriqueiro de cateteres de longa permanência. Diversos fatores podem contribuir para o
aumento do risco de infecção: colonização do
Grandes estudos epidemiológicos mostra- sítio de inserção do cateter, o próprio infusato, o
ram resultados surpreendentes relacionados a manejo do cateter uma vez desconectado e outras
demografia, frequência, etiologia e prognóstico situações de perda da continuidade no sistema.
de complicações infecciosas da anestesia neu-
roaxial. O abscesso peridural ocorre com mais Fazendo uma analogia com o cateter venoso
frequência em pacientes imunocomprometidos, central, o sítio de inserção do cateter peridural
com cateterização peridural prolongada. O interfere na ocorrência de colonização e
micro-organismo causador mais comum é o potencial infecção do local da punção. Cateteres

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venosos são mais frequentemente colonizados longa permanência tunelizado e a frequência


quando inseridos na veia femoral do que na de troca (manipulação) do filtro bacteriano,
subclávia. Na técnica peridural contínua, os quando a conexão cateter-filtro está próxima
cateteres caudais são mais frequentemente da pele contaminada. Há algumas marcas de
colonizados do que os lombares47,48(B). filtro que, quando perfundidos com volume
reduzido e com baixas pressões, mantêm sua
Foi demonstrado que a bupivacaína e a lido- função antimicrobiana não modificada por até
caína inibem o crescimento de uma variedade de 60 dias. Com base nesses dados, parece factível
micro-organismos em meios de cultura. Porém, reduzir a frequência de troca de filtros durante
o efeito bactericida diminui significativamente cateterização de longa permanência, com a
em baixas concentrações de anestésicos locais consequente possível redução da colonização do
que, tipicamente, são utilizadas para promover cateter epidural51 (B). A colonização bacteriana
analgesia. As soluções de opioides não exibem de cateteres de curta permanência (73-120
nenhuma habilidade em inibir o crescimento horas), utilizados para tratamento da dor aguda
bacteriano49 (D). pós-operatória, apresenta correlação direta entre
a colonização bacteriana da pele ao redor do
sítio de inserção e o crescimento bacteriano do
Os patógenos mais comumente identificados
segmento subcutâneo até a ponta do cateter. A
nas infecções peridurais são o S. aureus, e o
ocorrência de eventos adversos na enfermaria,
Stafilococos coagulase negativo. Esses patógenos
tais como oclusão do cateter, dano ou troca do
são inibidos apenas em altas concentrações
curativo transparente (tegaderm), deslocamento
de anestésico local, tais como uma solução de
parcial do cateter, desconexão entre a ponta e
lidocaína a 2% ou bupivacaína 0,5%24,49 (D). o dispositivo conector, transfusão sanguínea
Contudo, mais estudos são necessários para e cultura positiva da pele próximo ao sítio
investigar o efeito bactericida in vivo de soluções de inserção, é fator de risco para colonização
de anestésicos locais em baixas concentrações. bacteriana do cateter peridural. Sugere-se que
a migração bacteriana ao longo do pertuito do
A ponta do cateter, o sítio de inserção e a cateter é a rota mais comum de colonização.
disseminação hematogênica são as três maiores Argumenta-se que a manutenção de uma pele
portas de entrada de micro-organismos no es- esterilizada ao redor do sítio de inserção pode
paço peridural, sendo a contaminação da ponta reduzir a colonização da ponta52 (B). Esses
do cateter a principal delas50 (B)46 (C)49 (D). Um dados sugerem que a atenção continuada à
filtro antibacteriano colocado na ponta do cate- técnica é necessária durante todo o período
ter age como uma barreira física para bloquear de cateterização peridural. O uso somente de
a entrada de bactérias, o que provavelmente filtros provavelmente é ineficaz na prevenção
reduz a colonização peridural. Entretanto, a de colonização e infecção46(C).
cultura da ponta externa do cateter apresenta
resultados mistos, sendo relatados casos de A literatura é insuficiente em avaliar se
infecção peridural a despeito do uso de filtros o número de desconexões e reconexões do
antibacterianos. Há significativa correlação sistema de infusão está associado à frequência
entre a incidência de colonização do cateter de de complicações infecciosas. Acredita-se que a

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desconexão e reconexão do sistema de infusão Embora a necessidade de profilaxia antibió-


neuroaxial deve ser limitada26(D). Quanto ao tica durante a colocação de cateter epidural de
período de permanência do cateter, a infecção e o longa permanência, ou dispositivos implantá-
abscesso epidural ocorrem mais frequentemente veis para tratar dor crônica seja bem definida,
na presença de cateteres de longa duração53- a importância desta durante a colocação e
55
(B)56(C). Entretanto, não há um período manutenção do cateter de nervo periférico é
específico que esteja associado ao aumento do menos clara. Em cateteres axilares, a com-
risco de complicações infecciosas. Sendo assim, plicação infecciosa pode ser rara 59(C). Os
a permanência do cateter epidural deve ser casos relatados de complicações infecciosas
restrita ao período em que se faz clinicamente após bloqueios periféricos têm como agentes
necessário26(D). etiológicos os germes da pele, Streptococos ou
Stafilococos aureus60,61(C).
Quanto às técnicas anestésicas regionais
periféricas, frequência, diagnóstico e prognós- Recomendações
tico de complicações infecciosas permanecem Processos infecciosos decorrentes de blo-
incertos. Várias séries envolvendo técnica de queios anestésicos são raros. Pacientes imu-
bloqueio periférico contínuo têm relatado eri- nocomprometidos com caterização peridural
tema no local de inserção e/ou alta incidência
prolongada estão sob maior risco de abscesso
de colonização (20-60%)57(B)58(C), mas poucas
peridural. O principal agente etiológico é o
infecções significativas. Observando-se especi-
S. aureus. Meningite bacteriana pode ocorrer
ficamente o risco de infecção com o bloqueio
em indivíduos saudáveis, sendo os patógenos
contínuo de nervo periférico, a colonização
pertencentes à flora da via aérea superior do
bacteriana está presente em 29% dos cateteres,
anestesista os mais comumente implicados.
sendo o agente mais comum o S. epidermidis.
Inflamação local está presente em 3% dos
pacientes. Nestes, 44% dos cateteres estão co- A colonização da ponta do cateter peridural
lonizados, enquanto apenas 19% dos cateteres ocorre com muito mais frequência do que infec-
estão colonizados em pacientes sem sinais de ções no neuroeixo. São fatores que contribuem
inflamação. Não há correlação entre inflama- para risco de infecção: prolongada permanência
ção e a presença de febre. Os fatores de risco do cateter; colonização do sítio de inserção;
para infecção/inflamação local são admissão na contaminação da solução de infusão; manejo
Unidade de Terapia Intensiva, sexo masculino, excessivo das conexões do sistema, incluindo
permanência do cateter além de 48 horas e au- troca frequente de filtro antibacteriano e perda
sência de profilaxia com uso de antibiótico57(B). de continuidade do sistema.
A incidência de complicações infecciosas em
cateteres femorais contínuos ocorre na maioria A colonização bacteriana do cateter de
dos cateteres examinados 48 horas após, sendo nervo periférico está mais associada à presença
o S. epidermidis (71%) o principal agente58(C). de sinais flogísticos no local de inserção, sendo
Casos de bacteremia são atribuídos à presença o germe mais comumente encontrado o S.
do cateter femoral. epidermidis.

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5. Q ual é o risco de complicações Recomendação


i­nfecciosas na realização da anes- Qualquer paciente bacterêmico apresenta
tesia regional no paciente febril ou risco de infecção do SNC na vigência de blo-
infectado? queio do neuroeixo62 (D). Sugere-se que, exceto
na mais extraordinária circunstância, o bloqueio
Infecções graves do neuroeixo são raras, no neuroeixo não deve ser realizado em pacien-
tais como aracnoidite, meningite, e abscesso tes com infecção sistêmica não tratada62 (D).
após anestesia espinhal e epidural. A decisão Pacientes com evidência de infecção sistêmica
de realizar uma técnica anestésica regional podem ser submetidos à anestesia subaracnoí-
deve ser individualizada, considerando as dea, desde que a terapia antibiótica tenha sido
alternativas anestésicas, os benefícios da anes- iniciada previamente à punção e o paciente
tesia regional e o risco de infecção do SNC, tenha mostrado resposta ao tratamento, como
que pode, teoricamente, ocorrer em qualquer diminuição da febre62 (D).
paciente bacterêmico. A despeito dos resultados
conflitantes, muitos especialistas sugerem que, 6. Qual é o risco de complicações infeccio-
sas na realização da anestesia regional
exceto na mais extraordinária circunstância, o
no paciente imunocomprometido?
bloqueio no neuroeixo não deve ser realizado em
pacientes com infecção sistêmica não tratada.
As vantagens da anestesia regional são
Dados disponíveis sugerem que pacientes com
inúmeras: melhor analgesia, redução de com-
evidência de infecção sistêmica podem, segu-
plicações pulmonares, diminuição da incidência
ramente, ser submetidos à anestesia espinhal,
de oclusão de enxertos, melhor mobilidade após
desde que a terapia antibiótica apropriada seja
cirurgias ortopédicas maiores, além de diminui-
iniciada antes da punção e o paciente tenha
ção do risco de infecção, mediante atenuação
mostrado resposta ao tratamento, como dimi-
da resposta ao estresse, e preservação da função
nuição da febre. Colocação de cateter epidural imune63,64 (A)65,66 (D).
ou subaracnoídeo nesse grupo de pacientes
permanece controverso. Dados disponíveis Pacientes com comprometimento da função
sugerem que anestesia espinhal pode ser se- imunológica, tais como: diabéticos, portadores
guramente realizada em paciente com baixo de doença oncológica, receptores de transplante
risco de bacteremia transitória após punção de órgãos sólidos, pacientes cronicamente infec-
dural. Cateter peridural deve ser removido na tados pelos vírus da imunodeficiência humana
presença de eritema e/ou descarga local; não há (HIV) ou do herpes simples (HSV), frequente-
dados convincentes sugestivos de que infecções mente são candidatos à anestesia regional. Esses
concomitantes em locais remotos ou a ausência pacientes são susceptíveis à infecção por germes
de antibioticoterapia sejam fatores de risco para oportunistas. A terapia antimicrobiana é menos
infecção. O retardo no diagnóstico e no trata- efetiva nesses casos. Tal fato resulta em maior
mento de infecções maiores do SNC, mesmo morbidade e mortalidade quando comparado
por algumas horas, pode significativamente com pacientes que têm a função imune pre-
agravar o resultado neurológico. servada. Assim, a depressão do sistema imune

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aumenta tanto a frequência quanto a gravidade conservadora. A anestesia neuroaxial tem se


da infecção. mostrado segura em pacientes com infecção re-
corrente pelo vírus HSV, embora haja relatos de
Para a realização de anestesia regional no exacerbação de infecção pelo HSV-1 associada
paciente imunocomprometido, há algumas ao uso de opioide peridural ou intratecal. Um
recomendações descritas a seguir67(D). pequeno número de dados sugere ser possível a
realização de bloqueios periféricos e neuroaxiais,
Nas orientações quanto à administração de incluindo-se o tampão sanguíneo, em pacientes
anestesia peridural e subaracnoídea no paciente infectados pelo vírus HIV. Doenças neurológicas
febril62(D), como ocorre em todo julgamento clí- pré-existentes são comuns nesses pacientes e
nico, a decisão de realizar uma técnica anestésica devem ser consideradas na tomada de decisão
regional deve ser individualizada. As alternativas ao se realizar um bloqueio neuroaxial.
anestésicas, os benefícios da anestesia regional e
o risco de infecção do SNC precisam ser levados Recomendação
em consideração, uma vez que essa complica- Complicações infecciosas associadas a anes-
ção é teoricamente mais comum em pacientes tesia regional são teoricamente mais comuns em
imunocomprometidos. A atenuação da resposta pacientes imunocomprometidos. A atenuação
inflamatória no paciente imunocomprometido da resposta inflamatória pode diminuir os sinais
pode diminuir os sinais e sintomas que frequen- e sintomas e mascarar o diagnóstico precoce de
temente estão associados à infecção. infecção. Na suspeita de infecção do neuroeixo,
interconsulta com infectologistas é recomen-
A quantidade de micro-organismos patogê- dada, para facilitar o início precoce e efetivo da
nicos (patógenos atípicos e/ou oportunistas) é terapia antibiótica.
muito maior no hospedeiro imunocomprometi-
do do que na população em geral. Interconsulta Diagnóstico e tratamento da infecção
com um especialista em doenças infecciosas é associada à anestesia regional
recomendada, para facilitar o início precoce e
efetivo da terapia antibiótica, na suspeita de 7. C omo realizar o diagnóstico e o
infecção do neuroeixo. O retardo no diagnóstico ­ratamento da meningite e do abscesso
t
e tratamento de infecção do SNC piora o resul- peridural?
tado neurológico e aumenta a mortalidade. O
risco de abscesso peridural aumenta proporcio- O retardo no diagnóstico e no tratamento
nalmente ao período de permanência do cateter de infecções maiores do SNC, mesmo que
peridural nesses pacientes. de poucas horas, piora significativamente o
resultado neurológico. A meningite bacteriana
Não há dados suficientes sobre a segurança é uma emergência médica. A taxa de morta-
da anestesia espinhal e peridural em pacientes lidade é da ordem de 10% a 30%. Sequelas,
com infecção primária de HSV-2. Entretanto, tais como lesão de nervos e perda da capa-
há relatos de viremia, febre e meningite. Esses cidade auditiva, ocorrem em 5% a 40% dos
achados podem sugerir uma abordagem mais pacientes68,69(C)70(D).

12 Segurança em Anestesia Regional


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A meningite se apresenta mais frequente- te se apresenta dias a semanas após o bloqueio


mente com quadro de febre, cefaleia, alteração neuroaxial, geralmente após o paciente ter rece-
do nível de consciência e meningismo. O bido alta hospitalar76-79(C), com sinais clínicos
diagnóstico é confirmado mediante punção de importante dor nas costas, hipersensibilidade
lombar. Habitualmente, o quadro clínico tem local e febre associada com leucocitose24(D).
início 48 horas após a punção para realização da
raquianestesia. A terapia com antibiótico pode O curso clínico do abscesso peridural
retardar o início dos sintomas. No líquor, há progride de dores nas costas e dores sugestivas
presença de leucocitose à custa de polimorfonu- de compressões radiculares, para fraqueza (in-
cleares, glicose baixa (< 30 mg/dL), proteínas cluindo sintomas intestinais e relacionados à
elevadas (>150 mg/dL) e presença de bactérias bexiga) e, eventualmente, paralisia. As dores
à microscopia e à cultura42(D). A dosagem de nas costas iniciais e os sintomas radiculares
lactato no líquor é recomendada para diferenciar podem permanecer estáveis por horas a semanas.
meningite bacteriana de meningite asséptica, Entretanto, após o início de fraqueza muscular,
uma vez que o uso de antibiótico prévio pode o quadro progride rapidamente para completa
reduzir a acurácia clínica. Lactato maior do paralisia em 24 horas80(C)81(D). O retardo no
que 35 mg/dL no líquor distingue meningite diagnóstico de pacientes com abscesso peridu-
bacteriana de meningite asséptica71,72(B)73(D). ral é comum e, frequentemente, leva a déficit
Existe controvérsia quanto ao uso de dexameta- neurológico irreversível. Atenção deve ser dada
sona como coadjuvante da antibioticoterapia na aos fatores de risco associados. O teste deno-
melhora dos resultados. Até o momento, não foi minado velocidade de hemossedimentação dos
observada redução significativa da mortalidade eritrócitos (VHS) pode ser útil na triagem, antes
ou da disfunção neurológica. Sendo assim, o da imagem de ressonância magnética82(B)83(C).
benefício do uso da dexametasona permanece A imagem radiológica de uma massa peridural,
incerto74,75(A). na presença de déficit neurológico variável, elu-
cida o diagnóstico. A ressonância magnética é
A punção lombar não deve ser realizada se preconizada, por ser o exame mais sensível para
houver suspeita de abscesso peridural, pois pode avaliação do sistema vértebro-medular, quando
ocasionar contaminação do espaço espinhal. A um processo infeccioso é suspeito84(B). No en-
formação de abscesso após anestesia espinhal tanto, evidências mais recentes demonstram que
ou peridural pode ser superficial, requerendo são necessárias diretrizes clínicas para melhorar
drenagem cirúrgica limitada e administração de a eficiência da ressonância magnética em casos
antibiótico intravenoso. Infecções superficiais de suspeita de abscesso epidural85(B).
que se apresentam com edema tissular local,
eritema e drenagem, frequentemente estão A combinação de antibioticoterapia e abor-
associadas com febre, mas raramente causam dagem cirúrgica (drenagem e/ou desbridamento)
problemas neurológicos, a menos que não sejam permanece sendo o tratamento de escolha. A
tratadas. recuperação neurológica é dependente da dura-
ção do déficit e da gravidade da lesão neurológica
A formação de abscesso peridural, usualmen- antes do tratamento84(B)86(D).

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Recomendação epidural em média de 2,3 dias, sem tunelização


A meningite após raquianestesia geralmente apresenta 28% de cultura positiva sem correla-
tem início 48 horas após a punção, se apresenta ção entre o tipo de administração de antibiótico
com quadro de febre, cefaleia, alteração do nível previamente à cirurgia. Exceto para profilaxia
de consciência e meningismo. O diagnóstico é cirúrgica, o uso de antibiótico terapêutico para
confirmado mediante punção lombar. A terapia cateter epidural de curta permanência não está
com antibiótico pode retardar o início dos sin- recomendado89(B).
tomas O tratamento é efetuado com antibioti-
coterapia. A mortalidade é de 10% a 30% O O uso de pelo menos uma dose profilática
abscesso peridural usualmente se apresenta dias de antibiótico no pré-operatório diminui o risco
a semanas após o bloqueio neuroaxial, geralmen- de colonização bacteriana de cateteres usados na
te após o paciente ter recebido alta hospitalar. analgesia pós-operatória plexular contínua90(B).
A apresentação clínica é de importante dor nas A administração de antibiótico sistêmico por
costas, hipersensibilidade local e febre associada pelo menos 24 horas no pós-operatório diminui,
a leucocitose. O retardo no diagnóstico leva a significativamente, o risco de colonização do
déficit neurológico irreversível. A ressonância cateter, sendo fatores de risco potenciais para
magnética é o teste diagnóstico de eleição. O colonização bacteriana do cateter: localização
tratamento é efetuado com antibioticoterapia e na virilha, múltiplas manipulações, trocas de
abordagem cirúrgica. curativo e omissão do uso do antibiótico no
pós-operatório. Esses fatores associados, não
Antibioticoprofilaxia e anestesia regional necessariamente causaram a colonização bacte-
riana do cateter no período pós-operatório91(B).
8. O paciente submetido à analgesia O efeito da antibioticoprofilaxia durante período
regional contínua deve receber anti- prolongado (algumas semanas) de cateterização
bioticoprofilaxia? peridural pode92(C) ou não93(C) reduzir a infec-
ção do cateter.
A infecção sistêmica ou abscesso local em
decorrência da utilização de cateter para anal- Argumenta-se que a conduta em relação ao
gesia regional é rara, embora a colonização do manuseio do cateter de curta permanência deva
cateter seja mais frequente87(B). A tunelização ser a seguinte: estabelecer mínima manipulação
do cateter de curta permanência (média de do cateter após inserção; se possível, o sistema
48 horas), utilizado em seis sítios diferentes deve ser contínuo e fechado, do tipo analgesia
para analgesia regional, parece diminuir a controlada pelo paciente; a técnica asséptica deve
colonização bacteriana da ponta do cateter. A ser reforçada; devem-se usar curativos transpa-
incidência de colonização é de 6,2%, sendo rentes e evitar trocas constantes dos mesmos.
maior nas vítimas de trauma. Entretanto, o Recomenda-se o aumento da vigilância do cateter
uso de antibioticoterapia prolongada, quando peridural. O sítio de punção deve ser inspecionado
comparado ao uso de uma simples dose, não duas a três vezes ao dia, e no dia seguinte após
apresenta diferença na incidência de colonização a remoção. A ocorrência de inflamação, edema
dos cateteres88(C). A permanência de cateter ou pus no sítio de inserção do cateter obriga a

14 Segurança em Anestesia Regional


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retirada do mesmo, a obtenção de culturas e o O reaproveitamento ou reutilização de


início do antibiótico (ceftriaxona - 2g de 12/12h, artigos hospitalares é um dos assuntos mais
associada a vancomicina - 1g de 12/12h). Um polêmicos discutidos por sistemas de atenção à
exame de ressonância magnética deve ser urgen- saúde em todo o mundo. Muitas indústrias são
temente realizado, para guiar futuras tomadas contra o reprocessamento, alegando possíveis
de decisão94(C). Tendo-se como base normas e perigos da reutilização. Muitos serviços de saúde
recomendações sobre o uso de cateteres venosos são favoráveis ao reprocessamento, tendo em
centrais, infere-se que é inapropriado usar anti- vista os seguintes aspectos: alto custo de alguns
biótico profilático puramente para inserção de produtos; dificuldade de acesso e disponibilidade
cateter para analgesia regional95(D). reduzida de determinados produtos; possibili-
dade de que o produto não se apresente íntegro
Recomendação após o uso e preocupações acerca do impacto
É controverso se o uso de antibioticoprofi- ecológico do descarte sistemático.
laxia diminuiria colonização do cateter usado
para analgesia regional. A tunelização do Diversos tipos de materiais destinados aos
cateter de curta permanência está associada a serviços de saúde são produzidos e etiquetados
menor incidência de colonização bacteriana da pelos fabricantes como de uso único, garantindo
ponta do cateter. segurança tanto na função quanto na esteriliza-
ção do produto e evitando qualquer possibilidade
Recomendam-se as seguintes condutas de infecção cruzada. Os produtos utilizados para
em relação ao manuseio do cateter de curta anestesia regional são considerados críticos,
permanência: uso de técnica asséptica, mínima por entrarem em contato direto com tecidos
manipulação do cateter após inserção; uso de estéreis, conforme a classificação de Alvarado
curativos transparentes e evitar trocas de cura- (1994)96(B).
tivos, vigilância do sítio de punção duas a três
vezes ao dia e no dia seguinte após a remoção. O reprocessamento de materiais destinados a
Sinais flogísticos no local obrigam à remoção uso único coexiste em diversas partes do mundo,
do cateter, com solicitação de cultura e início inclusive em países desenvolvidos. Estima-se
de antibiótico (ceftriaxona - 2g de 12/12h, que são gastos anualmente na Europa cerca de
associada a vancomicina - 1g de 12/12h). Deve 72,6 bilhões de euros em produtos descartáveis
ser solicitado exame de ressonância magnética, e de uso único97(B). Mesmo que haja estudo
para guiar futuras tomadas de decisão. demonstrando o efeito na redução de até 50%
no custo pelo reprocessamento de materiais
Reutilização de materiais em anestesia médicos considerados de uso único, a literatura
regional não fornece evidências suficientes para adoção
dessa prática98(B).
9. E xistem materiais que possam ser
reprocessados para a prática da No Canadá, a prática de reprocessamento
anestesia regional (seringa de vidro, e reuso de materiais ainda existe em 28% dos
agulhas)? hospitais. Os autores a consideram uma práti-

Segurança em Anestesia Regional 15


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ca alternativa e de fator econômico relevante. varredura, alteração da integridade superficial


No entanto, o risco de infecção e de outras do produto, decorrente de interações químicas
complicações não justifica a adoção dessa durante o reprocessamento. Essas alterações po-
medida96(B)99(C). O reprocessamento pode dem levar ao comprometimento do desempenho
afetar o produto em aspectos mecânico, tér- original do produto105(D).
mico ou químico, comprometendo seu efetivo
desempenho. O produto reprocessado deve ser Estudando-se o reprocessamento de cate-
equivalente em segurança ao fornecido pelo teres rígidos e sem lúmen foram identificados
fabricante, o que significa que o paciente não esporos de bactérias durante o reprocessamento
pode ser exposto a qualquer tipo de risco100(D). do material, demonstrando que o protocolo de
esterilização utilizado foi ineficaz para garantir a
O uso de produtos reprocessados apresenta segurança da assepsia após 5 reutilizações. Nesse
risco potencial em relação à limpeza inadequa- estudo, os protocolos de reprocessamento foram
da, desinfecção e/ou esterilização, que podem inadequados para garantir descontaminação
resultar em contaminação química ou micro- segura106(D).
biológica. Há evidências de que a utilização
de produtos reprocessados está relacionada à A esterilização de materiais a serem reutili-
transmissão de doenças virais e doenças provo- zados geralmente se faz com óxido de etileno,
cadas por agentes não convencionais (Doença mistura com vapor e formaldeído, gás oxidante
de Creutzfeldt-Jakob)101(D). (peróxido de hidrogênio), ozônio ou ácido para-
cético. Resíduos de gases decorrentes do processo
O risco potencial de transmissão de vírus de esterilização podem permanecer comprome-
durante o reuso de cateter, de acordo com o pro- tendo a segurança e a eficiência do produto, espe-
cesso de limpeza, desinfecção e esterilização do cialmente nos reprocessados por diversas vezes,
cateter é variável, quando deveria ser zero102(D). caracterizando-o como bioincompatível107(D).
A presença de resíduos químicos, que podem
Após se estudar diferentes produtos repro- permanecer após a limpeza, ou por absorção do
cessados (11% dos pacotes apresentavam algum material re-esterelizado, é um perigo latente e
tipo de avaria, o que compromete a segurança importante a ser considerado. A avaliação das
do uso do produto103(D). características físicas de metal de alta resistên-
cia mostrou características inferiores por ação
A limpeza rotineira e autoclavagem não corrosiva na superfície metálica, decorrentes do
removem proteínas de depósito de máscaras processo de re-esterilização108(D).
laríngeas (LMA)104(D).
O reprocessamento do cateter de angio-
Com relação à segurança do produto repro- plastia mostra modificação das propriedades do
cessado após diferentes ciclos de esterilização, material (retração do balonete). Essa modifica-
constatou-se a presença da bactéria, mesmo ção muda as especificações do material, o que
após passar por 10 ciclos de reprocessamento. compromete a segurança de sua utilização109(D).
Foi identificada, por microscopia eletrônica de Sucessivas reutilizações de cateteres de PVC

16 Segurança em Anestesia Regional


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resulta em perda da plasticidade e pequena posteriormente injetadas no espaço peridural


diminuição do peso molecular. Também são e causar neurites químicas; os agentes de lim-
verificados aumento na rugosidade e fissuras peza e /ou os esterilizantes podem reagir com
na superfície, com grave comprometimento do os materiais e formar novos resíduos tóxicos; o
desempenho do produto. Sendo assim, não é re- etileno-glicol, formado pela reação do óxido de
comendada a reutilização desses cateteres110(D). etileno e resquícios de água (deixados do enxá-
gue), é uma substância neurotóxica; qualquer
No Brasil, a primeira ação reguladora da deficiência no processo de controle do preparo e
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN- esterilização pode levar a consequências danosas.
VISA), órgão do Ministério da Saúde, sobre esse
tema, foi a Consulta Pública nº 98, de 2001, Recomendação
propondo normas para reprocessamento seguro Uma vez utilizado, todo o material que
de artigos de uso único. Em 2005, a Audiência entra em contato com pacientes pode conter
Pública da ANVISA apresentou proposta aos algum tipo de material contaminante, tais como
representantes de órgãos governamentais, conse- micro-organismos patogênicos, que podem ser
lhos de classe, sociedades civis, setor regulamen- de difícil eliminação pelos processos de limpeza,
tadores e especialistas da área. Em fevereiro de desinfecção e esterilização.
2006, pelas resoluções da ANVISA em RDC
nº 30 e RE nº 515, definiram-se critérios para Devido às características dos materiais,
reprocessamento de materiais, com regras claras muitos produtos considerados de uso único não
para a reutilização daqueles que apresentam devem ser processados em alta temperatura, sen-
possibilidade de reaproveitamento. Posterior- do permitido somente por gás ou radiação, o que
mente, o assunto foi revisto pela ANVISA, em também coloca em risco a saúde do indivíduo.
conjunto com observação da legislação sanitária,
com edição de três novas resoluções, publicadas Não há estudos demonstrando segurança
no Diário Oficial de 14/8, são elas: a RDC 156 na utilização de um produto reprocessado em
e as REs 2605 e 2606. relação ao risco microbiológico, tóxico residual
ou mudanças nas características físico-químicas
Algumas racionalizações foram considera- que justifiquem sua utilização.
das: as agulhas utilizadas nos bloqueios peridu-
rais são de grosso calibre, há dificuldade em sua A ANVISA não recomenda o reprocessa-
limpeza, principalmente na superfície interna, mento de materiais para uso em anestesia regio-
mesmo que se utilizem lavadoras com tecnologia nal, sejam agulhas, seringas de vidro ou cateteres.
de ultrassom; a presença de resíduos de matéria
orgânica, fragmentos de pele, pelos e outros Segurança na administração de
materiais no orifício interno e nos encaixes pode ­ ármacos
f
contaminar outro paciente durante a realização
do bloqueio; as substâncias químicas utilizadas 10. C omo aumentar a segurança na
na limpeza podem se acumular no interior de ­ dministração de fármacos na anes-
a
seringas de vidro ou de agulhas, podendo ser tesia regional?

Segurança em Anestesia Regional 17


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Para realizar anestesia regional, o anestesio- Há evidências de recomendação, com pro-


logista utiliza diferentes tipos de medicamentos, postas de redução de erros na administração de
tanto para realizar a técnica proposta, como para medicamentos, descritas a seguir.
manutenção da anestesia ou sedação. O risco de
erros de medicação durante a atividade aneste- São ações que apresentam forte evidência
siológica é real e não deve ser desconsiderado. para recomendação: leitura cuidadosa da etique-
ta de qualquer fármaco, ou ampola, ou seringa
Atualmente, a administração errada de antes de sua utilização114(B)115-117(C); somente
medicação é considerada epidemia mundial, utilizar ampolas e seringas que tenham clareza na
resultando em milhares de óbitos anuais. Estudo identificação da etiqueta e que sigam padrões de-
analisando esse tipo de intercorrência indica finidos por órgão competente118(B)117,119,120(C);
que houve aumento da incidência ao longo dos sempre identificar as seringas116(C) e organizar
anos, gerando perdas financeiras importantes, sistematicamente os fármacos empregados na
bem como de vidas humanas. Nos Estados rotina anestésica114(B)117,119(C).
Unidos, acontecem cerca de 7.000 óbitos anuais
em decorrência de erros de administração de São ações que apresentam evidências de reco-
fármacos111(C). mendação: conferência do fármaco por uma segunda
pessoa114(B)117(C); revisão sistemática dos eventos
Erro de medicação caracteriza-se, segundo ocorridos com administração errônea de medica-
definição da ANVISA, como qualquer evento mentos durante a anestesia na instituição121(C);
evitável que, de fato ou potencialmente, pode técnica de manipulação dos fármacos focada
levar ao uso inadequado de medicamento, em minimizar a possibilidade de administração
podendo estar relacionado à prática profis- errônea117,121(C) e evitar manipular fármacos que
sional, produtos usados na área da saúde, tenham similaridade na apresentação114(B).
procedimentos, problemas de comunicação,
incluindo-se prescrição, rótulos, embalagens, São ações que apresentam possível evidência
nomes, preparação, dispensação, distribuição, de recomendação: se possível, preferir utilizar
administração, educação, monitoramento e uso fármacos disponibilizados em seringas do que
de medicamentos112(D). em ampolas122(B)123(C); o preparo e identifi-
cação do medicamento deve ser efetuado pelo
Anestesiologistas são profissionais de saúde anestesiologista que administrará114(B); utilizar
que trabalham em constante vigilância. Por esse codificação de cor, para identificação do fárma-
motivo, a incidência relacionada a erros de me- co, de acordo com a classe medicamentosa, em
dicação é relativamente baixa. A observação de consonância com recomendação nacional ou
resultados sobre erro na administração de medi- padrão internacional114(B)117(C).
camentos em anestesia demonstra incidência de
0,33% a 0,76%. Índice considerado pequeno, Há propostas de rotinas práticas, a fim de evitar
no entanto é grande, quando se considera que erros na administração de medicamentos121(C):
esse valor representa um evento adverso a cada leitura detalhada do rótulo de qualquer medi-
133 anestesias realizadas113(B). cação antes da administração; revisão periódica

18 Segurança em Anestesia Regional


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da legibilidade do rótulo das embalagens ou No Brasil, as normas sobre esse tema se refe-
ampolas dos medicamentos; sempre identificar rem às Resoluções da ANVISA, que estabelecem
as seringas preenchidas com medicamentos; sis- critérios para os rótulos e etiquetas de SPPV
tematizar uma organização formal dos medica- (Solução Parenteral de Pequenos Volumes). São
mentos utilizados de rotina; sempre que possível, constituídas pelas resoluções colegiadas RDC n°
outra pessoa checar o rótulo do medicamento 9, de 2 de janeiro de 2001, substituída pela RDC
e preferir medicamento pré-condicionado em n° 333, de 19 de novembro de 2003, que teve
seringa rotulada, caso haja disponibilidade na seu artigo 2° revogado e substituído por outro na
instituição. RDC n° 297, de 30 de novembro de 2004, pela
alteração da data para adequação dos fabricantes
A introdução no mercado do sistema de in- à referida norma. Em 2009, foi publicada nova
fusão de seringas pré-etiquetadas e previamente Resolução, a RDC 71, sobre Rotulagem de Me-
preenchidas pelo laboratório reduz a complexi- dicamentos. Dentre as novidades incorporadas
dade da preparação de fármacos pelo anestesio- por essa RDC, uma em particular foi muito bem
logista. Mostra-se como importante sistema recebida pelas empresas titulares das marcas dos
na redução da incidência de erros na adminis- produtos de referência. De acordo com o seu
tração de medicações, sendo relatada redução artigo 17, inciso V, passou a ser proibido "utilizar
da incidência de erros de até sete vezes quando rótulos com layout (embalagem) semelhante ao de
comparado à preparação tradicional122(B). No um medicamento com o mesmo princípio ativo,
entanto, no Brasil, para execução de anestesia forma farmacêutica e concentração, registrado
regional isso ainda não é uma realidade. anteriormente por outra empresa. Espera-se
com isso que ocorra melhora na identificação dos
Há elementos essenciais e necessários para medicamentos e, consequentemente, aumento na
melhorar a segurança e evitar erros na adminis- segurança de sua utilização112,125(D).
tração medicamentosa124(D): o desenvolvimento
da cultura de segurança entre os membros da Recomendação
equipe; o apoio logístico à equipe com estímulo à A técnica de realização de anestesia regional é
descrição de eventos adversos que tenham ocor- uma prática que exige habilidade humana e, con-
rido; integração entre os setores (anestesiologia, sequentemente, está sujeita a erros. Adotar rotina
farmácia, gerência de riscos da instituição); de segurança é fundamental para evitar acidentes
estímulo à descrição detalhada dos fatos pelo durante um bloqueio locorregional. Dentre elas
profissional envolvido e compartilhamento de destacam-se: a leitura detalhada do rótulo de qual-
lições de segurança entre os membros da equipe. quer medicação antes da administração; revisão
periódica da legibilidade do rótulo das embalagens
Recomenda-se a descrição, sem reservas, de ou ampolas dos medicamentos; identificação das
eventos adversos ocorridos na instituição, com seringas preenchidas com fármacos; organização
fortes evidências de que há uma relação direta formal dos medicamentos utilizados de rotina;
entre a quantidade de relatórios apresentados à solicitar a uma segunda pessoa a conferência do
gerência de riscos e a redução de ocorrências de medicamento; se possível preferir fármaco pré-
erros de medicação. condicionado em seringa rotulada.

Segurança em Anestesia Regional 19


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O desenvolvimento de uma cultura de Outro estudo observou o efeito da limpeza


segurança institucional é fundamental, como do terço superior da ampola com álcool na re-
também o estímulo à descrição dos eventos dução da contaminação das ampolas usadas para
adversos, tais como erros na administração de anestesia no neuroeixo, observou-se também
medicação. o uso de dispositivo do tipo filtros acoplado à
agulha na redução de aspiração de partículas.
11. A utilização de soluções em ampolas Cem ampolas de fentanil e morfina, normal-
ou frascos, em embalagem estéril, para mente utilizadas em anestesia regional, foram
realização da anestesia regional se abertas por um profissional de saúde, sem uso
mostra mais segura? de luvas. Não houve crescimento bacteriano de
swabs advindos de ampolas limpas com álcool,
Para evidenciar possível contaminação de enquanto houve crescimento de colônias em
solução de anestésico local em ampolas, foi 18% das ampolas que não foram limpas. Os
passado um swabb com Staphilococcus epider- autores sugerem que a limpeza das ampolas com
álcool antes de sua abertura deve fazer parte
midis no gargalo de 16 ampolas de lidocaína a
da rotina da anestesia do neuroeixo, embora a
1%; os gargalos da metade dessas ampolas (8)
efetividade do uso de filtros específicos, conec-
foram, subsequentemente, limpos com algodão
tados entre a seringa e a agulha, em prevenir
com álcool pré-embalado, sendo que todas as
contaminação bacteriana, é menos certa, já que
ampolas foram abertas na posição supina com
estes previnem a aspiração de partículas grandes
gaze estéril. Como resultado, observou-se que
não contaminadas127(D).
nenhuma das ampolas tratadas com álcool mos-
trou crescimento bacteriano, 3 de 8 ampolas de
Foi estudada a contaminação bacteriana em
lidocaína não limpas com álcool evidenciaram
soluções aspiradas de 30 ampolas de fentanil
forte crescimento bacteriano. Observou-se armazenadas em embalagens não estéreis. O
ainda nesse estudo, que a limpeza de ampolas estudo foi feito em ambiente de centro cirúrgico,
de lidocaína não reduziu significativamente o com apropriada lavagem das mãos e paramen-
risco de contaminação. Argumenta-se que o tação adequada do anestesiologista. As ampolas
risco de contaminação de soluções armazenadas foram retiradas da embalagem de papelão e
em ampolas no ato da manipulação e abertura é abertas por um profissional de saúde, com as
pequeno, porém não deve ser desprezado. Possí- mãos desnudas ou usando luvas não estéreis.
veis soluções para o problema de contaminação O conteúdo das ampolas foi aspirado de três
de soluções no ato da abertura da ampola devem formas: por meio de um filtro de agulha de 5
incluir: mudança da embalagem dos fármacos mcm somente; aspirada com um filtro de agulha
para uma forma diferente, tais como ampolas de 5 mcm após limpeza do gargalo da ampola
de uso único selada com septo de borracha; com álcool; e, no terceiro grupo, o conteúdo
limpeza do gargalo das ampolas com álcool foi aspirado através de um filtro antibacteriano
antes da abertura; ou esterilização da superfície mais um filtro de agulha de 5 mcm. Não foi
externa das ampolas de vidro com subsequente observada nenhuma contaminação da solução de
embalagem estéril, como já é feito com algumas fentanil, independentemente dos três métodos
ampolas para anestesia espinhal e epidural126(D). de aspiração utilizados128(D). Sugere-se que os

20 Segurança em Anestesia Regional


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fabricantes de fármacos opioides devam fornecer luções peridurais dispensadas ao paciente. Dessa
o produto em embalagens estéreis, pois a conta- forma, são reduzidos os desperdícios e gastos
minação de superfícies de ampolas é demonstra- relacionados ao preparo de soluções analgésicas
da, e isso deve agir como um estímulo para que contendo opioides e anestésicos.
as companhias farmacêuticas providenciem uma
apresentação mais adequada de produtos usados Em estudo avaliando o custo-efetividade de
extensivamente por anestesistas. soluções para administração por meio de cateter
peridural, todas as soluções foram preparadas
Recomendação no departamento de farmácia, usando técnica
Recomenda-se que a limpeza do gargalo da asséptica e fluxo de ar laminar horizontal. Havia
ampola de vidro com álcool antes da abertura soluções contendo somente opioides e outras
da mesma faça parte da rotina do anestesista. contendo anestésico local em baixa concentração
e opioides. Um total de 54 unidades de solu-
Não há evidências concretas de que o uso de ções foram preparadas em bolsas de polietileno
fármacos procedentes de embalagens estéreis seja contendo solução fisiológica a 0,9%. Algumas
decisivo na diminuição do risco de contamina- bolsas foram estocadas à temperatura ambiente,
ção bacteriana de soluções usadas em anestesia no setor de enfermagem, e outras bolsas foram
regional, embora seja sugerido o emprego desse avaliadas após serem usadas nos pacientes. A
tipo embalagem, disponibilizada pela indústria média de avaliação de todas as soluções foi
farmacêutica, como forma de aumentar a segu- de 70 dias, sendo que de 115 culturas pre-
rança em anestesia regional. paradas, houve crescimento bacteriano em 5
amostras. Nenhum crescimento foi reportado
12. Existe custo-efetividade na manipula- para múltiplas culturas subsequentes; assim,
ção e preparo estéril de soluções para as culturas positivas iniciais foram atribuídas
analgesia controlada pelo paciente? à contaminação por manipulação durante a
coleta da amostra, haja vista que a maioria dos
No tratamento da dor aguda pós-operatória, micro-organismos identificados corroboraram
a duração habitual da terapia mediante uso de essa hipótese. Com base nesses achados, reco-
cateteres é de 2 a 5 dias. As soluções analgésicas menda-se que, em misturas de soluções prepa-
são geralmente administradas em enfermaria radas com opioides, anestésico local/opioide ou
ou em ambiente de cuidados intensivos, à anestésico local somente, a troca do sistema e
temperatura ambiente. A extensão do tempo a manipulação das soluções não devem ser mais
de expiração da solução administrada à tem- frequentes do que a cada 72 horas. Com isso,
peratura ambiente pode reduzir ou eliminar pode-se promover evidente farmacoeconomia,
a manipulação do sistema, especialmente do especialmente para instituições que adotam
sistema peridural, durante o curso da terapia. como rotina essa forma de tratamento da dor
Assim, reduz-se o potencial para contaminação aguda no pós-operatório129(D).
por meio da manipulação do circuito. Soluções
com prazo mais amplo de expiração também Avaliando-se a viabilidade estéril de soluções
podem diminuir o número de unidades de so- de anestésicos locais e opioides a serem usadas

Segurança em Anestesia Regional 21


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em infusão contínua para tratamento de dor infundidos em pacientes não monitorizados, em


crônica em ambiente domiciliar, as soluções cenários fora de ambiente hospitalar. Visto que
ficaram armazenadas em ambiente de geladeira a infusão contínua de vários dias é considerada
comum domiciliar, e não houve crescimento de médio risco, esses infusatos devem ser adqui-
bacteriano nessas soluções em 7 meses após ridos como produtos estéreis pré-fabricados, ou
a preparação. É recomendado em pacientes devem ser manuseados de acordo com USP-797
selecionados, tratados ambulatorialmente, que guidelines133(D).
são acompanhados em ambiente domiciliar com
cateter peridural de longa permanência, usar so- É muito importante que o anestesista fique
luções que tenham sido preparadas com técnica atento às condições de manuseio da farmácia
estéril, e estocadas em refrigerador doméstico da instituição, assegurando que, realmente,
padrão por um período de até 14 dias130(C). são seguidas as recomendações do USP-797
guidelines133(D).
Sobre compatibilidade entre diferentes
soluções, estudou-se a ropivacaína associada a Várias recomendações podem também ser
morfina, sufentanil, fentanil e clonidina, em feitas a respeito da duração da infusão do anes-
bolsa plástica de soluções comercialmente dis- tésico regional. Evidências sugerem que, quando
poníveis de ropivacaína 2 mg/ml, 214 ml, que o anestésico local ou mistura de anestésico local
foram rediluídas usando os padrões de preparo com opioides são preparados usando procedi-
asséptico131(D), com solução fisiológica 0,9%, de mentos estéreis, a estabilidade microbiológica
forma que resultasse numa solução de 1 mg/ml. é mantida por tempo maior do que 72 horas.
A nova diluição foi posteriormente associada a Há evidências que sugerem que a ruptura no
diferentes concentrações de opioides e clonidina. circuito estéril do infusato da anestesia regional,
Essas soluções foram armazenadas durante 30 incluindo manuseio de conexões da via de in-
dias, à temperatura de 300C e umidade relativa de fusão ou troca de bolsas de solução, aumenta o
40%. Observou-se que combinações de ropivaca- risco de infecção. Tempo de duração de infusão
ína, 1-2mg/ml, com sulfato de morfina 20-100 de até 72 horas sem nenhum manuseio tem
µg/ml, sufentanil 0,4-4 µg/ml, fentanil 1-10 µg/ sido indicado. Ainda são necessários estudos
ml ou clonidina 5-50 µg/ml, são quimicamente adicionais para determinar um tempo maior do
e fisicamente compatíveis, e estáveis por 30 dias que 72 horas134(D).
após a preparação, quando estocadas em bolsas
plásticas à temperatura de 300C132(D). Soluções de levobupivacaína e sulfentanil
em seringas podem ser usadas em analgesia
Embora não seja largamente reportada, de parto. As soluções de levobupivacaína asso-
a contaminação da solução de infusão pode ciadas a sufentanil e cloreto de sódio, gerando
levar a complicações infecciosas devastadoras concentração de 1 µg/ml de sufentanil, e 1 mg/
na anestesia regional. A adoção de práticas de ml de levobupivacaína, estocadas em seringa de
manipulação que minimizam a contaminação polipropileno, protegidas da luz durante 30 dias,
deve ser uma prioridade para o anestesiologista, demonstra pelos resultados de microbiologia e
especialmente quando tais componentes serão estabilidade química, que podem ser estocadas

22 Segurança em Anestesia Regional


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em temperatura de 4oC ou 21oC, e não devem ratura de 4oC e 22oC durante 184 dias, sendo
ser armazenadas a 36oC, devido ao potencial preferível o armazenamento em condições de
para crescimento bacteriano135(D). refrigeração137(D).

A estabilidade da mistura sufentanil, levobu- Recomendação


pivacaína e cloreto de sódio a 0,9%, armazenada Existe custo-efetividade no preparo estéril
em bolsa de cloreto de polivinil (PVC) permite de soluções usadas na analgesia no neuroei-
observar que, citrato de sufentanil (500 µg) com xo. Recomenda-se que as soluções sejam
hidrocloreto de levobupivacaína (625 mg) em preparadas em ambiente estéril; podem ser
solução de cloreto de sódio 0,9% - 500 ml, em armazenadas em baixas temperaturas (4oC ou
bolsas de infusão de PVC, pode ser preparado 21oC) por vários dias, mantendo a conservação
com antecedência por um serviço especializado, das características físico-químicas e ausência
em condições estéreis, e estocado durante 58 dias de contaminação bacteriana. O tempo reco-
em temperatura de 4oC, sem maiores alterações mendado de infusão da solução analgésica no
na concentração do produto136(B). paciente é de até 72 horas.

A estabilidade de soluções pré-fabricadas Conflito de interesse


contendo bupivacaína a 0,1% associada a ci-
trato de fentanil 2 µg/ml, em bolsas de infusão Simões CM: Participou do Advisory board
de PVC, com adição de epinefrina (1 mg), para sistemas de fluídos patrocinado pela Baxter
permite concluir que essa solução para infusão e foi speaker sobre revisão do bloqueio Neuro-
peridural é estável quando armazenada à tempe- muscular patrocinado pela empresa MSD.

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