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Apresentação
Este trabalho reflete a pesquisa realizada na cadeira de Civilizações Amirindias, que tem
como tema os Comanches. Quando falamos desse tema é necessário ter muita cautela pois é
um tema muito sensível, porque não só fala de uma determinada tribo (Comanche) mas de um
povo que viu seus direitos serem arrancados por estrangeiros e por fim viram os seus
costumes e valores banalizados por imposição de uma determinada civilização.
Nesse trabalho, pretende-se trazer vários aspectos deste povo, desde os seus hábitos e
costumes e acima de tudo o que este povo defendia. Usou-se a consulta bibliográfica para a
materialização do presente trabalho.
Não nos limitamos somente na vertente regional (onde todo esse processo de guerras e
revoluções aconteciam), Estados unidos da América, mas olharemos esse acontecimento
como um reflexo de vários outros que ocorreram em outras regiões como por exemplo o
continente africano.
Assim sendo, desenhou-se um objeto geral e três específicos para o êxito do trabalho e
não só, também para sua maior compreensão: tem como o objectivo geral compreender
profundamente a tribo Comanche, seus hábitos e costumes e como objetivos eespecíficos,
analisar a as relações que tinham com o povo europeu, identificar as suas características,
comparar a atuação do povo do ocidente para este povo assim para com os africanos.
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Comanches
Logo percebe-se que a região da América tinha habitantes, assim como na África estes
povos estavam organizados em tribos, habitantes esses que já possuíam sua dinâmica de vida
e uma organização social e econômica. E existem vários relatos que explicam sobre a
penetração paulatina do povo europeu e sua relação com essas tribos em particular a tribo dos
Comanches.
De salientar que esse não foi um período tão apreciável para os indígenas índios, pois a
relação com o povo europeu tornou-se muito violenta, chegando a provocar mortes, e um
sentimento de defender o seu património e suas terras cresceu dentro dessas tribos o que
tornou todo esse processo mais violento. Brown sobre esse assunto esclarece que:
Brown caracteriza esse período como uma época em que a cultura e a civilização do
índio americano foram destruídas e é dessa época que vieram praticamente todos os grandes
mitos do Oeste Americano histórias de negociantes de peles, homens das montanhas, pilotos
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Existe uma semelhança muito profunda no modo de operação do povo ocidental para
com os indígenas da América do Norte tanto como para os africanos, a filosofia foi a mesma,
de domínio e apoderar-se das riquezas existentes, e foi assim também com a tribo Comanche,
que se viu obrigada e deixar suas terras.
Conforme Brown (1970), para os comanches, havia algo triste pelo fato do governo
forçá-los a deixar a caça ao búfalo pela agricultura. Os comanches haviam desenvolvido uma
economia agrícola no Texas, mas os brancos chegaram ali e tomaram suas terras, forçando-os
a caçar búfalos para sobreviver.
Mesmo sendo forçados a caçar búfalos como diz Dee Brown, chegou um período que até
isso também foi-lhes proibido, o que de alguma força aumentou o atrito que já possuíam com
o povo de pele branco, intensificando-se as dispostas por regiões e até o surgimento de
profundas guerras. E como qualquer povo que luta para defender os seus interesses não foi
diferente com a tribo comanche quando se via sendo proibida de usufruir da sua fonte de
sobrevivência, houve a necessidade de lutar pelas áreas de búfalos.
Fazendo uma análise comparativa da ideologia que os colonos tinham para com os povos
africanos e para com os índios (povos indígenas), na verdade, o ponto de vista dos mesmos
para o povo africano não difere muito sobre os indígenas americanos, por mais que variassem,
quase sempre foram negativos.
É por isso que Karnal et al, citando um dos mais antigos relatos sobre eles, de 1628, de
autoria de Jonas Michaëlius, diz que:
Quanto aos nativos deste país, encontro-os totalmente selvagens e primitivos, alheiosa toda decência;
mais ainda, incivilizados e estúpidos, como estacas de jardim, espertosem todas as perversidades e
ímpios, homens endemoniados que não servem a ninguém senão o diabo [...]. É difícil dizer como se
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pode guiar a esta gente overdadeiro conhecimento de Deus e de seu mediador Jesus Cristo. (Karnal et
al, 2007, p. 59)
Como sempre, a ideologia europeia tem caráter egocêntrico, pois sempre exalta sua
cultura e civilização, e é exatamente esse pensamento que Jonas Michaëlius carregava, porque
como índios não tinham ums cultura semelhante a da Europa ele os considerava incivilizados.
Jonas entendia apenas que haviam dois grupos, os civilizados, aqueles que apresentavam
ou adoptassem a civilização europeia como a sua e o outro grupo dos incivilizados que não
tinham marcas da civilização ocidental, e claramente que esses últimos eram caracterizados
como um povo desprezível.
E outra questão muito importante e similar da ideologia que foi usada para explorar e
ocupar os territórios africanos foi a mesma para os povos indios, pelo que Karnal argumenta:
Karnal et al, (2007, p.59) argumenta que a ocupação das terras indígenas por parte dos
colonos baseava-se em argumentos de ordem teológica. Os peregrinos haviam se identificado
com o povo eleito que Deus conduzia a uma terra prometida.
Karnal (2007) refere que John Cotton, pastor puritano, fez vários sermões nos quais
destacou a semelhança entre a nação inglesa e a luta pela terra prometida descrita no Antigo
Testamento, dizendo que tal como Deus dera força a Josué (na Bíblia) para expulsar os
habitantes da terra prometida, eles acreditavam no seu direito de expulsar os que habitavam a
sua Canaã.
Isso mostra claramente que a religião, em particular a cristã, sempre foi usada pelo
ocidente como escudo para as suas pretensões maliciosas, pois partindo do pressuposto que as
pessoas são escravas das suas crenças, claramente que a fé sempre guiará quem nela acredita,
usando essa ideologia com facilidade seria fácil manipular e recrutar muita gente para
engajar-se nesse tipo de conflitos mesmo não sabendo as reais intenções políticas de quem
defende o tal conflito.
Entende Karnal et al (2007, p. 62), que a idéia de predestinação, o ideal de empresa, tudo
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Como diz Gomes, (2013, p. 6), nem todas astribos aceitaram essas medidas impostas,o
que deu origem a conflitos e iniciaram-se as “guerras indígenas”, como é caso da tribo
comanche.
Os comanches lutaram até ao fim para defender a sua liberdade e evitar que suas terras
planícies que eram o sustento de suas famílias lhes fossem retiradasem detrimento do
progresso económico.
O povo Comanche era pacífico assim como o povo africano, é claro que batalhas entre
tribos não faltavam pois era uma das formas de fazer crescer o seu nome e honra no meio do
seu povo, mas mesmo assim vivia em harmonia e não submetiam so seu semelhante a torturas
ou deixá-lo morrer a fome por levar toda sua terra, e por ser povo pacífico figiram para o
interior e com a intensificação da perseguição teve que se posicionar para defender-se.
Para De Oliveira (2007) diz vez estando os índios Comanches equipados com arco e
flechas, armas bem adaptadas ao uso sobre o cavalo, somente com a introdução do Colt e da
Winchester é que os “Rangers”69 puderam fazer frente aos povos nativos das Planícies.
Conforme De Oliveira, (2007, p. 31), essa tribo possuia habilidades na construção e uso
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de canoas de casca de árvore como veículo de guerra. E nao só, esses indígenas dominavam o
arco e flechas,e eram conhecidos como povos nativos das Planícies.
Como já dissemos anteriormente, esse povo praticava a agricultura, isso pode explicar a
sua localização geográfica ou preferência em habitar em zonas um pouco mais baixas que são
as planícies, zonas essaa que foi-lhes proibida de habitar.
Os comanches obtiveram cavalos dos espanhóis no século XVII e tornaram-se hábeis criadores de
equinos. Usavam os animais para caçar bisões, sua principal fonte de alimentação, da qual ainda
retiravam o couro para fazer roupas e coberturas para suas tendas. Os Comanches lutaram bravamente
contra o Domínio dos Brancos, mas as inovações tecnológicas e as caçadas de búfalo afetaram os
índios, pois essa era a principal fonte de comida e vestimenta para eles. (DE OLIVEIRA, 2007, p. 31).
Porém, quakers, menonitas, católicos e puritanos ocupavam de igual modo as terras que
foram, originalmente, dos índios. A longa “trilha de lágrimas” indígena continuaria durante
todo o período colonial e seria até intensificada com a expansão para o Oeste no século XIX.
Flores, (2013, p.40) apud Mello os (2010, p. 67) diz que os comanches não são apenas a
soma de pessoas, de indivíduos delimitados, mas das conexões que estabelecem, ou seja, “o
que elas têm a oferecer” à tribo, e dos “encontros que podem aumentar ou diminuir a potência
de ambos
Acrescentando Flores (2013, p.40), diz que os indios comancheiros são aqueles que se
associam ao grupo, impulsionando seu desenvolvimento e perpetuação seja desfilando, ou
com ajuda financeira, ou na confecção de fantasias, alegorias, dança e música.
Essa associação também tem implicações para o sujeito que se associa: torna-se índio
comancheiro e, com isso, rival da tribo inimiga. Os Comanches se tornaram os cavaleiros
mais experientes de toda a planície ao demonstrar uma enorme habilidade com Arco e Lanças.
Sua População cresceu graças as Grandes reservas de Búfalos, que caçavam com seus
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cavalos.
Segundo De oliveira, (2007, p. 3), durante este período sua população aumentou
dramaticamente, devido à abundância de Búfalos, ao influxo de migrantes Shoshones, e da
adoção de números significativos de mulheres e crianças capturadas de grupos rivais.
Ainda assim, os Comanches nunca formaram uma unidade tribal única e coesa; sempre
estiveram divididos em cerca de doze grupos autônomos. Estes grupos partilhavam a mesma
língua e cultura, porém lutavam entre si com quase a mesma frequência com que colaboravam
uns com os outros.
Os Comanches podem ter sido o primeiro grupo de nativos das Grandes Planícies a
incorporaram por completo o cavalo à sua cultura, e a introduzir o animal aos outros povos da
região. Ainda que estabelecessem vários tratados com a República do Texas, os Estados
Unidos e os Estados Confederados, os Comanches não conseguiram evitar que os Colonos
ocupassem seus territórios, o que gerou novos conflitos.
Durante a Guerra Civil, quando os Rangers saíram para lutar pelos Estados
Confederados, os Comanches recuaram a Fronteira Americana e os assentamentos dos
brancos em mais de 150 km.
No entender de Gomes (2013, p.5), o genocídio dos índios foi um processo controlado e
impulsionado pelo governo dos Estados Unidos, recusando-se a assimilar qualquer conceito
diverso de seus paradigmas e cultura e a acatar outros saberes.
Considerações
Essa ideologia da imposição de uma cultura dita “superior” a compreender que uma
cultura majoritária, no exercício do poder político, ao impingir às minorias sua forma de vida,
nega aos cidadãos de origem cultural diversa uma efetiva igualdade de direitos, e o direito,
por intervir em questões éticopolíticas, toca a integridade das formas de vida dentro das quais
está enfronhada a configuração pessoal de cada vida, pois os cidadãos não são indivíduos
abstratos, amputados de suas relações de origem.
Referências bibliográficas
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GOMES, Maria José De Sousa: O Genocídio dos Índios Nativos Norte Americanos, Rio
de Janeironeiro, 2013
KARNAL, Leandro, et al: História dos Estados Unidos das Origens ao século XXI , São
Paulo, 2007.