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Por que é que o busca? Porque o homem se afastou d'Ele, escondendo-se como Adão entre as árvores do paraíso
terreal (cf. Gn 3, 8-10). O homem deixou-se transviar pelo inimigo de Deus (cf. Gn 3, 13). Satanás enganou-o,
persuadindo-o de que ele próprio era deus, e de que, como Deus, podia conhecer o bem e o mal, governando o mundo
a seu livre arbítrio, sem obrigação de ter em conta a vontade divina (cf. Gn 3, 5).
Ao procurar o homem por intermédio do Filho, Deus quer induzi-lo a abandonar os caminhos do mal, onde tende a
sumir-se cada vez mais. « Fazê-lo abandonar » tais caminhos, significa fazer-lhe compreender que está seguindo por
sendas erradas; significa derrotar o mal disseminado na história humana.
Derrotar o mal: eis a Redenção. Esta realiza-se no sacrifício de Cristo, pelo qual o homem resgata a dívida do
pecado e fica reconciliado com Deus. O Filho de Deus fez-Se homem, assumindo um corpo e uma alma no seio da
Virgem Maria para isto mesmo: para fazer de Si o sacrifício redentor perfeito. A religião da Encarnação é a religião da
Redenção do mundo através do sacrifício de Cristo, no qual está contida a vitória sobre o mal, sobre o pecado e sobre
a própria morte. Cristo, aceitando a morte na cruz, contemporaneamente manifesta e dá a vida, porque ressuscita e a
morte fica sem qualquer poder sobre Ele.
8. A religião, que tem origem no mistério da Encarnação redentora, é a religião caracterizada pelo « permanecer no
íntimo de Deus », pelo participar na sua própria vida. Afirma-o S. Paulo na passagem citada ao início: « Deus enviou
aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: "Abba, Pai"! » (Gal 4, 6). O homem levanta a sua voz à
semelhança de Cristo, que « com grande clamor e lágrimas » (Heb 5, 7) se dirigia a Deus, especialmente no
Getsémani e na cruz: o homem clama por Deus como clamou Cristo, testemunhando assim que participa da sua
filiação por obra do Espírito Santo.
O Espírito Santo, que o Pai enviou no nome do Filho, faz com que o homem participe na vida íntima de Deus. Faz com
que o homem seja também filho à semelhança de Cristo, e herdeiro daqueles bens que constituem a parte do Filho (cf.
Gal 4, 7). Tal é a religião do « permanecer na vida íntima de Deus », que tem início na Encarnação do Filho de Deus.
O Espírito Santo, que perscruta as profundezas de Deus (cf. 1 Cor 2, 10), introduz-nos a nós, homens, nessas
profundezas em virtude do sacrifício de Cristo.
João Paulo II
Fonte: www.vatican.va
05/04/2006 - 11h15