Você está na página 1de 9

Vivenciando a Seleção de Medicamentos em

Hospital de Ensino
Experiencing Drug Selection in a Teaching
Hospital
Rachel Magarinos-TorresI
Dante PagnoncelliII
Almiro Domiciano da Cruz FilhoII
Claudia Garcia Serpa Osorio-de-CastroIII

RESUMO
PALAVRAS-CHAVE A seleção de medicamentos essenciais orienta a utilização eficaz, segura e racional de medicamentos.
– Medicamentos Essenciais. O texto descreve e discute o processo e os resultados alcançados pelo trabalho da Comissão de Far-
mácia e Terapêutica do Instituto Fernandes Figueira no momento de revisão de sua lista de medica-
– Uso de Medicamentos.
mentos, ressaltando as implicações para a gestão, para a clínica e para a formação médica e da equipe
– Comitê de Farmácia e multidisciplinar. Os dados trabalhados foram resgatados de documentos produzidos pelo grupo entre
Terapêutica.
abril de 2005 e março de 2008. Foram trabalhados três grupos de medicamentos. Os achados apontam
– Hospital.
diminuição mínima de 44% no quantitativo de itens. O processo envolveu grande número de profis-
sionais de diferentes categorias e setores do hospital. Embora demorada e complexa, estima-se que a
revisão da lista de medicamentos tenha despertado todos para a necessidade de repensar a utilização
do arsenal terapêutico, contribuindo para uma formação mais centrada no paradigma da evidência
científica e favorecendo a adesão aos produtos finais.

ABSTRACT
KEYWORDS Essential drug selection guides the efficacious, safe, and rational use of medicines. This article des-
– Essential Medicines. cribes and discusses the process and results achieved in the work of the Pharmacy and Therapeutics
Committee of the Fernandes Figueira Institute in Rio de Janeiro, Brazil, in the revision of its drug list,
– Drug Utilization.
highlighting the implications for management, clinical practice, and medical and multidisciplinary
– Pharmacy and Therapeutics team training. The data were retrieved from documents produced by the group from April 2005 to
Committee.
March 2008. Three drug groups were analyzed. The findings point to a decrease of at least 44% in
– Hospital.
the amount of items. The process involved a large number of staff members from different professions
and departments in the hospital. Although long and complex, it is estimated that the revision of the
drug list awakened the entire staff to the need for rethinking the use of the therapeutic armamenta-
rium, contributing to training based on the scientific evidence paradigm and favoring adherence to
the drugs on the final list.

Recebido em: 11/06/2010

Reencaminhado em: 16/08/2010

Aprovado em: 26/08/2010

I
Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil; Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
II
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
77 35 (1) : 77-85; 2011 III
Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

INTRODUÇÃO res do Sistema Único de Saúde (SUS). Um de seus eixos estra-


A implantação de metodologias de avaliação de fármacos, tégicos é a adoção do conceito de medicamentos essenciais. A
aliada ao desenvolvimento da indústria farmacêutica a partir lista de medicamentos essenciais é composta por medicamen-
da década de 1950, trouxe a possibilidade de oferta de diferen- tos escolhidos mediante aplicação de critérios definidos. A
tes alternativas farmacoterapêuticas para enfrentamento das este processo denomina-se seleção de medicamentos. É ativi-
várias situações clínicas. Existem hoje, no mercado brasileiro, dade central da assistência farmacêutica e deve orientar todas
2.034 medicamentos de referência sendo comercializados1. O as demais atividades relacionadas com medicamentos, tanto
número de fármacos para emprego no glaucoma, por exem- em espaços assistenciais como em sistemas de saúde3.
plo, aumentou de 14 para 32 nos últimos 30 anos, ainda que O processo de seleção envolve uma fase de preparação,
substâncias utilizadas desde 1972 continuem mostrando re- com a constituição de um grupo multidisciplinar denomina-
sultados clínicos positivos2. do genericamente Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT),
Esta situação decorre mais da busca de aumento de com- uma etapa de escolha propriamente dita dos itens que irão
petitividade por parte da indústria farmacêutica do que por compor a lista e um momento de divulgação e monitoramen-
demanda da clínica. Muitos dos novos produtos lançados to dos resultados alcançados. A qualidade do processo está
são inovações incrementais, pequenas alterações na estrutu- atrelada à composição da comissão. Dada a diversidade de
ra química de uma molécula já comercializada, que permitem competências exigidas, o grupo deve ser composto por dife-
ao fabricante, à custa de menor espaço de tempo e esforços rentes categorias profissionais, como médicos, farmacêuticos
em pesquisa e desenvolvimento, se manter ativo no mercado3. e enfermeiros. Em hospitais de ensino, a CFT pode incluir re-
De 1998 a 2002, apenas 58 dos 415 medicamentos aprovados sidentes14.
para comercialização nos Estados Unidos foram classificados A escolha dos itens que irão compor o subconjunto de me-
como prováveis de representar aperfeiçoamento significativo dicamentos essenciais do hospital deve ser realizada com base
em comparação com os produtos disponíveis4. Uma revisão em critérios de eficácia e segurança, seguidos de comodidade
de evidências conclui que, embora existam algumas diferen- de utilização e custo. A qualidade da evidência clínica é refle-
ças farmacocinéticas, todos os inibidores da bomba de prótons tida pela qualidade metodológica das pesquisas utilizadas na
possuem eficácia clínica similar5. escolha comparativa dos medicamentos e, conjugada à vivên-
A propaganda direcionada a estudantes de Medicina, a cia clínica, deve ser capaz de estimular a adesão dos médicos.
prescritores e a consumidores finais fortalece a marca e garan- A adoção deste paradigma desloca a prescrição da experiência
te o consumo mesmo quando da entrada de um concorrente individual, favorecendo decisões mais cientificas, eficazes e
ou de um genérico no mercado. Como consequência, existe custo-efetivas14,15.
uma inversão, e a oferta passa a induzir a demanda6. Por isto, O texto a seguir descreve e discute processo e resultados
o conceito de medicamentos essenciais, aqueles que satisfa- alcançados pelo trabalho da Comissão de Farmácia e Terapêu-
zem as necessidades prioritárias de saúde de determinada tica do Instituto Fernandes Figueira (CFT/IFF). Traz também
população, aparece nas estratégias traçadas tanto pela OMS suas implicações para a gestão de medicamentos, para a clí-
como pelo Brasil7,8. A presença e a utilização de listas de me- nica e para a formação médica e da equipe multidisciplinar.
dicamentos essenciais em diferentes níveis de atenção favore- A experiência merece destaque por acontecer em um hospi-
cem a promoção do uso racional de medicamentos9,10. tal polo de capacitação em Saúde da Criança, da Mulher e do
A formação médica não parece suficientemente voltada Adolescente16. Além disto, embora o País conte com uma lista
à apreciação do conceito de medicamentos essenciais, o que é nacional de medicamentos essenciais, são poucos os hospitais
paradoxal, tendo em vista a importância que os medicamentos que trabalham a seleção atendendo a critérios de qualidade,
assumem na terapêutica e na atenção ao paciente11,12. Em face incluindo a existência de comissão multidisciplinar, capaz de
deste problema, diversas ações educativas pautadas no conceito contribuir na capacitação de médicos e residentes17,18.
de medicamentos essenciais têm sido promovidas no Brasil. Em
2001, foi traduzido e adaptado para o português o Guia do Instru- MÉTODO
tor em Práticas da Boa Prescrição Médica, utilizado em cursos na- Desenvolveu-se um estudo de caso descritivo retrospectivo du-
cionais, regionais e estaduais sobre Ensino para o Uso Racional rante o primeiro semestre de 2008 com base na análise de do-
de Medicamentos, com vistas à capacitação de multiplicadores13. cumentos da Comissão de Farmácia e Terapêutica do Instituto
A assistência farmacêutica é considerada parte integrante Fernandes Figueira (CFT/IFF). O acesso a estes documentos foi
da política de saúde, visando garantir os princípios orientado- formalmente autorizado por esta Comissão e pela Direção Ge-

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


78 35 (1) : 77 – 85 ; 2011
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

ral da unidade, mediante compromisso de sigilo e confidencia- consultados e a literatura apontam algumas possibilidades:
lidade quanto à identificação e dados pessoais dos envolvidos. ampliar o número de medicamentos disponíveis, racionalizar
O Instituto Fernandes Figueira (IFF) é a Unidade da Fun- a oferta dos medicamentos ou garantir, estrategicamente, in-
dação Oswaldo Cruz (Fiocruz) direcionada à atenção mater- sumos para seu trabalho.
no-infantil de alta complexidade. É referência nacional em A clínica pode, efetivamente, demandar mais ou melhores
genética médica, perinatologia, cirurgia infantil, doenças pe- opções terapêuticas, tendo em vista a complexidade do cui-
diátricas, endometriose e gestação de alto risco. Em 2007, esta dado oferecido e o perfil da população atendida. Este é um
unidade, situada no Rio de Janeiro, atendeu cerca de 90 mil axioma dentro do conceito de medicamentos essenciais, uma
pacientes em consultas ambulatoriais e hospitalizações. Além vez que a essencialidade é relativa3. Ampliar o número de me-
da assistência direta, o IFF assume a missão de contribuir com dicamentos oferecidos pode, portanto, contar com justificativa
pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico e extensão no não apenas quanto à adequação, mas quanto à necessidade.
âmbito da saúde da mulher, da criança e do adolescente16. Por outro lado, os prescritores são suscetíveis a estratégias
Este estudo considerou documentos relacionados à CFT/ da indústria para forçar uma ampliação da demanda. A rela-
IFF produzidos entre abril de 2005 e março de 2008, a saber: ção destes com a indústria farmacêutica tem início ainda na
as atas de reuniões, as mensagens eletrônicas, as listas e suple- graduação. O assédio da indústria se dá no sentido de oferecer,
mentos do formulário terapêutico construídos ao longo desse por meio de representantes, informação supostamente acu-
período19-21. rada sobre os medicamentos e as alternativas existentes. Este
O conteúdo resgatado foi alocado em três categorias de vínculo é fortalecido durante a residência e a vida profissional
análise, enunciadas a priori, com base no referencial teórico da com as demais estratégias promocionais, como a distribuição
seleção de medicamentos: (a) organização, composição e fluxo de material publicitário e prêmios22. O residente tende a assu-
de trabalho da comissão responsável pelo processo; (b) seleção mir postura semelhante à do preceptor médico, em espaço de
e revisão per se; (c) produtos da seleção. Os resultados foram treinamento e formação, com aprendizado centrado no modo
confrontados com a literatura. vigente de fazer, na rotina do serviço. Neste sentido, chamam
atenção os achados de Fagundes et al.23, citando que 98% dos
RESULTADOS E DISCUSSÃO médicos são visitados com frequência por propagandistas, 22%
Em 1996, foi implantada a primeira Comissão de Farmácia e confiam plenamente nas peças publicitárias distribuídas pelos
Terapêutica do Instituto Fernandes Figueira (CFT/IFF). O pro- laboratórios e 14% afirmam prescrever em função do recebi-
cesso deu origem a uma lista de medicamentos que foi publi- mento de prêmios. Esta situação é negativa para os pacientes; a
cada em 1997. De 1997 a 2001, a CFT/IFF manteve atividade, maioria das peças publicitárias omite dados importantes, como
mas a revisão completa da lista não ocorreu. Os registros per- contraindicações, efeitos adversos e interações24.
tinentes a esse período foram perdidos em sinistro ocorrido no Maior conhecimento sobre riscos relacionados à terapêu-
dia 8 de abril de 2008, inviabilizando a consulta. tica poderia ajudar a reforçar a preocupação dos prescritores
Entre 2001 e 2005, a CFT/IFF esteve desativada, perma- com as consequências da presença de itens desnecessários à
necendo a lista de 1997 teoricamente vigente, ainda que com segurança dos pacientes e dos processos de trabalho. O fato
inúmeras adições e alterações incorporadas sem processo téc- de não haver divulgação da incidência e gravidade de eventos
nico específico. Em abril de 2005, a CFT/IFF foi reativada e adversos relacionados com medicamentos na unidade fragili-
teve início o processo de revisão da seleção de medicamentos za o processo de assistência. Embora a divulgação seja um in-
no hospital. dicativo da qualidade hospitalar17 e o IFF seja classificado pelo
Ministério da Saúde como hospital sentinela25, o acompanha-
Questões organizacionais, composição e fluxo de trabalho mento da segurança dos medicamentos mediante atividades
A revitalização da CFT/IFF, em junho de 2005, aconteceu em rotineiras de farmacovigilância parece não ocorrer. O IFF não
decorrência da articulação de dois médicos e um farmacêu- difere em nada do padrão nacional, já que ocorre farmacovigi-
tico da instituição. Este grupo, em contato direto com repre- lância em apenas 0,4% dos hospitais brasileiros17.
sentantes dos principais setores do hospital, formou a CFT/ A favor da segunda possibilidade, pesa a presença do far-
IFF. O nome dos interessados foi encaminhado à Direção, que macêutico no grupo inicial. Este profissional recebeu conte-
nomeou os membros por portaria interna. údo teórico relacionado à seleção de medicamentos durante
Embora não tenham sido identificados os motivos exatos a graduação26, possui posição privilegiada para dimensionar
que levaram à mobilização dos profissionais, os documentos o quantitativo de itens disponíveis no hospital e exerce ativi-

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


79 35 (1) : 77 – 85 ; 2011
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

dades gerenciais e clínicas que são favorecidas pela raciona- De todos os participantes, independentemente da posi-
lização da oferta3. O trabalho em equipe favorece a troca de ção na CFT/IFF ou da categoria profissional, foi exigida de-
conhecimentos e, neste caso, assume importância na dissemi- claração de ausência de conflito de interesses. O modelo de
nação do paradigma das condutas baseadas em evidências14. termo foi adaptado daquele utilizado pela Comissão Técnica
O desabastecimento é uma situação corriqueiramente vi- e Multidisciplinar de Atualização da Relação Nacional de Me-
venciada por gestores e profissionais de saúde em instituições dicamentos Essenciais29. Esta atitude encontra respaldo nos
públicas. O receio quanto à falta medicamentos pode também princípios fundamentais do Código de Ética Médica. Segundo
ter impulsionado o movimento de seleção pelos profissionais. este documento, “Quando envolvido na produção de conheci-
A diminuição do número de itens é percebida como uma es- mento científico, o médico agirá com isenção e independência,
tratégia para garantir que os prioritários não faltem. Reis e visando ao maior benefício para os pacientes e a sociedade.”30
Perini27 ressaltam o enorme potencial de contribuição de uma (capítulo I, inciso XXIII). “É vedado ao médico [...] exercer a
comissão de farmácia e terapêutica e de um processo de sele- profissão com interação ou dependência de farmácia, indús-
ção de qualidade no gerenciamento do desabastecimento de tria farmacêutica, óptica ou qualquer organização destinada
medicamentos em serviços de saúde. à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização de
A participação na CFT/IFF pode ter sido também uma es- produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natu-
tratégia para garantir na lista a prioridade de inclusão dos me- reza.”30 (capítulo VIII, artigo 68). A declaração de ausência de
dicamentos demandados pelo próprio profissional ou depar- conflito diminui o viés mercadológico no processo de seleção,
tamento. Considerando a estrutura organizacional segmenta- estimula a reflexão acerca do comportamento médico e, conse-
da, característica dos hospitais28, esta é uma postura individu- quentemente, pode atuar na utilização de evidência enviesada
alista que pouco contribui para o coletivo da instituição. por interesses comerciais.
O processo de trabalho de revisão da seleção de medica- Em 2006, teve início o trabalho a distância com auxílio de
mentos no IFF foi mediado por reuniões presenciais, seguido um ambiente virtual colaborativo gratuito, externo à institui-
de discussões virtuais. Além disto, parte da comissão atuou ção, composto de um grupo de correio eletrônico e um repo-
com dedicação exclusiva a esta finalidade por 20 horas sema- sitório de dados. Somente os membros efetivos tinham acesso
nais. Os relatos apontam a dificuldade de estabelecer um es- a este instrumento. Foram localizadas 856 mensagens, em sua
paço físico fixo para as reuniões e para o grupo. maioria apresentando as atas de reunião e troca de informa-
Durante o período observado, houve 73 reuniões, distri- ções para resolução de pendências destacadas nas reuniões.
buídas em: 20 a partir de abril de 2005, 22 em 2006, 26 em 2007 A dinâmica focada parece ter sido responsável pela boa ava-
e 5 até março de 2008. Foram recuperadas 69 atas. Os regis- liação apontada pelos profissionais, levando à continuidade
tros permitiram obter informação do tempo de duração de 58 do uso desta forma de trabalho. Bejarano et al.31, concluíram
encontros, totalizando 84,78 horas de trabalho. Em média, as que os principais problemas de comunicação com a utiliza-
reuniões duraram cerca de 1 hora e 45 minutos cada. ção desta tecnologia são decorrentes do não estabelecimento
Participaram destes encontros 29 pessoas, 13 como mem- de regras quanto ao uso e envio de material e da falta de um
bros efetivos da CFT/IFF, 13 na posição de consultores e qua- calendário ou agenda de trabalho comum. O número de reuni-
tro estudantes de graduação em Farmácia. O número médio ões presenciais é apontado como um fator decisivo para o bom
de participantes por reunião foi 5,9. Foi possível observar a andamento do trabalho virtual.
existência de um núcleo regular de cinco membros efetivos Comparando a CFT/IFF com o padrão recomendado pela
com presença em mais de 60% das reuniões e cujas faltas apa- OMS14, houve atendimento parcial aos indicadores propostos.
recem dispersas ao longo do período observado. Integraram Os resultados positivos da CFT/IFF incluem: a representati-
este grupo três médicos e dois farmacêuticos. Os demais tive- vidade dos profissionais e setores da instituição, a composi-
ram participação pontual. ção multidisciplinar, a ausência de conflito de interesses dos
Os consultores foram médicos e enfermeiros do hospital. membros, a periodicidade das reuniões e a documentação dos
Como “especialistas colaboradores”, aportaram conhecimen- processos e das decisões. Em contrapartida, mesmo tendo sido
tos teóricos pertinentes a sua área de atuação e condicionantes constituída pela Direção, a CFT/IFF não aparece no organo-
do trabalho na instituição. A cada um foi fornecida uma decla- grama do hospital, conforme indicado no guia publicado pela
ração de participação e a inclusão de seu nome no formulário OMS.
terapêutico. Não houve nenhum caso de desistência no decor- Quando observada frente a outros hospitais, a CFT/IFF
rer dos trabalhos. trabalhou com um número pequeno de membros efetivos e

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


80 35 (1) : 77 – 85 ; 2011
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

teve quase o dobro de reuniões presenciais por ano. Os outros Além disto, foram afixados cartazes e distribuídos folhetos
parâmetros não diferiram. Mannebach et al.32, a partir de ques- sobre a importância da participação para a qualidade do pro-
tionário enviado para 267 hospitais universitários americanos, duto final e da relevância deste para a instituição. A preocu-
encontraram, com taxa de resposta de 70%, que, em média, as pação em envolver o maior número de profissionais, direta ou
CFT possuem 19,3 membros. A maior parte dos integrantes indiretamente, relaciona-se à disseminação da importância e
são médicos e farmacêuticos. O número médio de encontros dos conceitos que embasam o processo, à legitimação da lista
anuais ficou em torno de 9,7, e o tempo médio de duração da e à garantia de adesão aos produtos. Estudos internacionais
reunião foi de cerca de 1,3 horas. Apenas 5% dos grupos utili- destacam esta baixa adesão como um problema do processo
zavam correio eletrônico. de seleção em hospitais. O mesmo parece acontecer em outros
A carência de relatos de experiências brasileiras no tema níveis organizacionais, como sistemas de saúde ou níveis de
pode estar associada ao maior número de reuniões, pois o gru- gestão37,38.
po teve de “aprender a fazer”33. Soma-se a isto o pouco apoio Findo o prazo, os membros avaliaram que o retorno não
legal para o estabelecimento de CFT no Brasil. Os hospitais ocorreu de acordo com as expectativas. Estimou-se que um
brasileiros não são obrigados legalmente a ter uma CFT, como maior número de pessoas, muitas das quais importantes
acontece com outras instâncias de trabalho interdisciplinar, a membros do corpo clínico, poderia contribuir. Para contornar
exemplo da comissão de controle de infecção hospitalar. Paí- este problema, a CFT/IFF dividiu Departamentos, Setores e
ses como Alemanha e a Suécia possuem normativas com este Serviços do IFF entre seus membros, chamados nesse momen-
teor18. O apoio legal é capaz de conferir a necessária autorida- to de “supervisores”, e lhes atribuiu a tarefa de mobilizar seus
de executiva, facilitar a obtenção de colaboração dos demais pares via contato direto. O contato direto e a valorização dos
profissionais da organização e viabilizar os recursos físicos atores internos têm papel fundamental na liderança em orga-
necessários, incluindo o financiamento28. nizações reguladas pela qualificação dos profissionais, como
Oito membros efetivos se integraram ou se desligaram da são os hospitais28.
CFT/IFF em algum momento do período observado. A varia- Em seguida, foi construída uma planilha (aplicativo Ex-
bilidade de componentes pode ter relação com a dificuldade cel, Microsoft Corp.) com as variáveis: nome do medicamento
de realização de trabalho interdisciplinar em organizações de segundo Denominação Comum Brasileira (DCB), concentra-
saúde. A autonomia, fruto do alto grau de especialização dos ção, forma farmacêutica, presença na lista de 1997, uso no IFF,
profissionais envolvidos, segmenta o espaço em distintos gru- origem e justificativa da solicitação. Compuseram a planilha
pos de interesses e dificulta o trabalho conjunto28,33. A especia- 610 itens. Medicamentos com a mesma DCB, mas diferindo
lização precoce, o movimento de escolha da especialidade mé- em concentração, forma farmacêutica e/ou apresentação, fo-
dica ainda durante a graduação, tem resultado em lacunas na ram considerados separadamente. No sentido de favorecer
formação geral do médico e pouco contribuído para o reconhe- uma análise comparativa, a CFT/IFF subdividiu a relação uti-
cimento do trabalho multidisciplinar e a valorização de pro- lizando a classificação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC)
cessos que perpassam diversos setores e espaços do hospital34. da OMS39. Como resultado, 12 grupos com variação de 10 a
147 itens foram formados. A ordem de análise dos grupos foi
O Processo de Seleção de Medicamentos no IFF definida pelo maior número de itens, menor dispersão de uti-
O processo de revisão da seleção de medicamentos teve início lização no hospital e maior facilidade de comunicação entre
com consulta aberta aos profissionais do hospital. As ativida- os membros da CFT/IFF e os setores que utilizavam os me-
des subsequentes foram cíclicas e envolveram organização dicamentos. Esta diferiu de outras listas de medicamentos es-
dos dados, busca de evidências, discussão entre os membros senciais, em que, geralmente, se obedece a prioridades, com
efetivos da CFT/IFF, participação de consultores, redação fi- base na obsolescência das evidências que substanciam as esco-
nal para determinado grupo terapêutico, da lista e do formu- lhas26,35. Como a lista do IFF estava desatualizada havia muito
lário terapêutico. tempo, possivelmente partiu-se da premissa de que todos os
Com base em modelos utilizados por outros hospitais itens eram merecedores de análise.
brasileiros35,36, foram desenvolvidos instrumentos para parti- Grupo a grupo e para cada medicamento, foram pesqui-
cipação e sensibilização dos profissionais que atuam no hos- sadas as indicações clínicas, evidências de eficácia e seguran-
pital. O Formulário de Sugestões de Atualização da Lista de ça, disponibilidade no mercado nacional, uso no IFF e preço
Medicamentos Padronizados do IFF foi encaminhado a todos unitário, considerando a apresentação. A busca foi realizada
os departamentos, setores e serviços, junto com a lista de 1997. por estudantes do último período de Farmácia sob supervisão

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


81 35 (1) : 77 – 85 ; 2011
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

de um dos membros e envolveu consulta à Relação Nacional com informações farmacoterapêuticas e com orientações ad-
de Medicamentos Essenciais (Rename)40, ao Formulário Tera- ministrativas, diminuem-se as chances de eventos adversos. A
pêutico da OMS41, ao banco de dados Micromedex Healthcare opção por analisar um subgrupo de medicamentos, elaborar a
Series42, ao Bulário Eletrônico da Agência Nacional de Vigi- lista e logo em seguida construir o respectivo formulário pa-
lância Sanitária43, ao Banco de Preços do Ministério da Saúde rece favorecer a participação dos consultores. A proximidade
(BPS)44, ao Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF)45 e à entre o momento do encaminhamento das sugestões de inclu-
Revista ABCFARMA46. As duas últimas fontes foram utilizadas são ou exclusão e a resposta, ainda que seja uma lista parcial,
para verificar a disponibilidade no mercado nacional e servir gera credibilidade ao processo. Ademais, quando publicado
como referencial de preço quando este inexistia no BPS. em suplemento, o formulário tem seu tamanho reduzido, o
A utilização do Bulário43 requer considerações. As infor- que facilita o manejo e, possivelmente, a adesão às recomen-
mações contidas nesta fonte são provenientes da indústria dações. Em contrapartida, a escolha desta forma de trabalho
farmacêutica e, portanto, devem ser utilizadas com cautela. pode levar à perda de uniformidade e a atrasos na definição
Todavia, é possível encontrar ali a indicação terapêutica para da lista completa de medicamentos essenciais48.
a qual o medicamento possui registro, o que pode ser interes-
sante do ponto de vista de inibir o uso off label, principalmente Os Produtos da Seleção
em hospital materno-infantil. Carvalho et al.47 identificaram Em 2005, 539 itens tinham registro de movimentação no Ser-
alta prevalência de medicamentos off label na UTI pediátrica viço de Farmácia. A seleção de 1997 relacionou 252 itens. Isto
de um hospital público brasileiro com atividades voltadas significa que, durante os oito anos sem revisão, foram incorpo-
para ensino e pesquisa. rados 287 itens à lista, o que, percentualmente, significa incre-
Houve dificuldade de obtenção do custo considerando o mento superior a 100%. Esse fato questiona a racionalidade da
tratamento-dia. Vários medicamentos são utilizados em mais incorporação de medicamentos sem análise técnica detalhada
de um protocolo. Ainda que possivelmente conhecidos pelas e confirma a importância da existência de uma comissão de
equipes de cuidado, os protocolos não eram divulgados e não farmácia de caráter permanente3.
estavam disponíveis para a CFT/IFF. A aplicação não transpa- Observando os grupos revisados até março de 2008,
rente de protocolos clínicos contraria a boa prática, dificulta a CFT/IFF analisou 16 itens do Grupo L — agentes antine-
a construção de demanda com impacto na continuidade de oplásicos e imunomoduladores, 36 do N01 — anestésicos, 9
abastecimento e aumenta os riscos para quem manipula47. do N02 — analgésicos e 37 do R — medicamentos com atu-
A etapa de análise comparativa priorizou a identificação ação no sistema respiratório. O grupo N foi subdividido em
de pontos críticos por grupo, como efetividade no hospital, três subgrupos e dois deles revisados. Do conjunto final de 98
existência de duplicidade de recurso farmacoterapêutico para itens analisados no período, 33% estavam presentes na lista
uma mesma situação clínica, exigências específicas da legisla- de 1997, 48% foram incorporados acriticamente entre 1997 e
ção brasileira e problemas relativos às práticas de utilização. 2005, e 19% foram solicitações de inclusão. Dos 98, 45 itens
De acordo com a necessidade, foram envolvidos os especialis- permaneceram na lista. Foram acatadas 9 das 19 solicitações
tas colaboradores. A CFT/IFF optou por debater as questões de inclusão recebidas. Houve diminuição mínima de 44% dos
enunciadas com os consultores durante reunião presencial, e o itens, tanto no somatório total como em cada um dos quatro
conteúdo foi registrado. grupos trabalhados.
Os mesmos dados que embasaram a construção da lista A diminuição no número de itens, por si só, é um ganho
foram utilizados na confecção do formulário terapêutico. Não para a assistência farmacêutica hospitalar. A logística, o for-
houve coleta de evidências específica para compor o formulá- necimento de informação e o acompanhamento do uso pela
rio. A versão inicial do texto foi encaminhada aos consultores farmácia hospitalar são favorecidos quando há um número
para revisão final. Feitas as devidas alterações, o documento menor de medicamentos disponíveis. Além disso, os gastos
foi impresso e distribuído gratuitamente aos setores do hospi- totais tendem a diminuir com o aumento do volume de com-
tal. A tiragem, diferentemente do recomendado, foi definida pra de um mesmo item, por economia de escala. O montante
pela disponibilidade financeira. O indicado é que cada profis- financeiro requerido pode comprometer o tratamento do con-
sional de saúde que atue no hospital receba um exemplar do junto de pacientes3,27.
formulário48. Os pacientes, por sua vez, ficam mais expostos a eventos
O formulário terapêutico é um importante instrumento na adversos, tanto do tipo erro de medicação, em decorrência de
promoção do uso racional. Quando a lista é divulgada junto erros de processo pela variedade de itens circulantes, como

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


82 35 (1) : 77 – 85 ; 2011
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

do tipo efeito adverso, em virtude da exposição a mais medi- seleção de 98 (16%) medicamentos dos 610 a analisar. O tem-
camentos com limitadas informações sobre sua segurança. O po gasto pela atividade pode ter refletido o cuidado com o
tempo de uso de um medicamento é diretamente proporcio- processo, mas, por outro lado, trouxe desgaste. A falta de ex-
nal ao conhecimento sobre ele. Os ensaios clínicos e estudos periência, a carência de relatos de experiência na literatura e
epidemiológicos apresentados no momento de solicitação de a opção pelo formato participativo do processo podem ser im-
registro do produto não esgotam as possibilidades de detec- putadas como grandes responsáveis pela duração da revisão.
ção desses efeitos49. Caso o processo tivesse caminhado mais rapidamente, pode-
Em alguns momentos, o critério decisivo na escolha dos riam ter sido examinados resultados adicionais, como o nível
medicamentos foi o processo de trabalho existente no IFF. A de adesão aos produtos da lista.
lista de medicamentos, como produto final da seleção, deve Este trabalho expôs a revisão da lista de medicamentos
ter relação direta com o perfil de atendimento e estar de acor- essenciais em um hospital brasileiro, no caso, o IFF. O recorte
do com as possibilidades estruturais da organização14. A não metodológico permitiu investigar o objetivo desenhado, uma
inclusão de antineoplásicos no grupo L01 ocorreu, por exem- vez que, teoricamente, o processo de revisão da lista inclui
plo, em decorrência de ausência de condições físicas no hospi- todas as etapas da seleção de medicamentos, ponderando
tal para manipulação segundo as recomendações da Agência aspectos gerenciais e clínicos. No entanto, entrevistas indivi-
Nacional de Vigilância Sanitária50. A CFT/IFF apontou que duais e confidenciais com os participantes e com os residentes
não teria sentido estruturar o Serviço de Farmácia para mani- poderiam ter permitido um aprofundamento maior quanto às
pulá-los, frente à pequena demanda. questões relativas ao processo e aos ganhos para a formação
Outro aspecto que cabe exemplificar é a influência da médica. Em contrapartida, a inclusão de um grande número
fonte financiadora no processo de seleção. Tanto a goserelina de profissionais do hospital integrou setores e estima-se que o
como a leuprolida possuem a mesma indicação clínica e am- processo os tenha despertado para a necessidade de repensar
bas integram o Componente de Medicamentos de Dispensa- a utilização do arsenal terapêutico, favorecendo a adesão aos
ção Excepcional, sendo fornecidas pela instância estadual sem produtos finais por prescritores e residentes.
custos diretos para o hospital. Isto poderia desestimular a es-
colha baseada em evidências, fato que não ocorreu. A decisão REFERÊNCIAS
pela leuprolida se apoiou na necessidade de atenção especial 1. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Lista de medi-
na administração da goserelina, no melhor perfil de segurança camentos de referência [online]. [acesso em 23 jan. 2009].
da leuprolida em crianças e no seu custo/dose51. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/medicamen-
Foram produzidos, no período observado, três suplemen- tos/referencia/index.htm.
tos do formulário terapêutico. O formulário de um dos grupos 2. Souza Filho JP, Dias ABT, Lima FAAS, Sartori MF, Martins
analisado estava na etapa de revisão final em março de 2008. MC. A evolução do mercado farmacêutico brasileiro no
A proximidade com os consultores possibilitou definir indi- tratamento do glaucoma nos últimos 30 anos. Arq Bras Of-
cações de uso no IFF e pactuar normas de procedimento. Em talmol. 2003;66(6):811-7.
todos os três, os medicamentos estão vinculados à indicação. 3. Oliveira MA, Bermudez JAZ, Osorio-De-Castro, CGS. As-
Um dos suplementos traz protocolo simplificado de todos os sistência Farmacêutica e Acesso a Medicamentos. Coleção
medicamentos, relacionando diagnóstico, medicamentos, po- Temas em Saúde. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; 2007.
sologia, tempo de uso e manejos específicos. 4. Angel M. A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos.
Rio de Janeiro: Record; 2007.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 5. Wannmacher L. Inibidores da bomba de prótons: indica-
A seleção é um processo complexo. A simples exclusão ou ções racionais. Uso Racional de Medicamentos: Temas se-
inclusão de medicamentos sem análise crítica não possibilita lecionados OPAS. 2004;2(1):1-5.
construir uma lista de medicamentos essenciais. A avaliação 6. Gadelha CAG, Quental C, Fialho BC. Saúde e inovação:
comparativa com base em evidências científicas de qualidade, uma abordagem sistêmica das indústrias da saúde. Cad
acrescida do perfil de utilização e de ponderação quanto aos Saúde Pública. 2003;19(1):47-59.
gastos envolvidos, é inerente ao conceito de seleção de medi- 7. World Health Organization. WHO Medicines Strategy
camentos. 2008-2013. Draft, version 6, 2008. [acesso em 26 fev. 2009].
Além de complexa, a seleção deve ser legitimada em um Disponível em http://www.who.int/medicines/areas/
processo participativo. Em 36 meses, a CFT/IFF concluiu a policy/medstrategy_consultation/en/index.html.

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


83 35 (1) : 77 – 85 ; 2011
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

8. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e 22. Palácios M, Rego S, Lino MH. Promoção e propaganda de
Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnolo- medicamentos em ambientes de ensino: elementos para o
gia. Agenda nacional de prioridades de pesquisa em saú- debate. Interface Comum Saúde Educ. 2008;12(27):893-905.
de. Brasília: MS; 2008. (Série B. Textos Básicos em Saúde) 23. Fagundes MJD, Soares MGA, Diniz NM, Pires JR, Garrafa
9. World Health Organization. Policy Perspectives on Medi- V. Análise bioética da propaganda e publicidade de medi-
cines: the Selection of Essential Medicines. Geneva; 2002. camentos. Ciênc Saúde Colet. 2007;12(1):221-9.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 3916 de 30 de 24. Barros JAC, Joany S. Anúncios de medicamentos em revis-
outubro de 1998. Aprova a Política Nacional de Medica- tas médicas: ajudando a promover a boa prescrição? Ciênc
mentos. Diário Oficial da União. Brasília, 10 nov 1998, se- Saúde Colet. 2002;7(4):891-8.
ção 1 p18. 25. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Mapa de Loca-
11. Santos V, Nitrini SMOO. Indicadores do uso de medica- lização dos Hospitais Sentinelas. Região Sudeste - Rio de
mentos prescritos e de assistência ao paciente de serviços Janeiro [online]. [acesso em 10 fev. 2009]. Disponível em
de saúde. Rev Saúde Pública. 2004;38(6):819-34. http://www.anvisa.gov.br/farmacovigilancia/oficinas/
12. Dal Pizzol TS, Trevisol DJ, Heineck I, Flores LM, Camar- mapa/rio.htm.
go AL, Köenig A et al. Adesão a listas de medicamentos 26. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de
essenciais em municípios de três estados brasileiros. Cad Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução
Saúde Pública. 2010;26(4):827-36. CNE/CES de 19 de fevereiro de 2002. Institui diretrizes
13. Organização Mundial da Saúde. Departamento de Medi- curriculares nacionais do curso de graduação em farmácia.
camentos Essenciais e Política de Medicamentos. Guia do Diário Oficial da União. Brasília, 4 mar. 2002; Seção 1, p. 9.
Instrutor em Práticas da Boa Prescrição Médica. Tradução 27. Reis AMM, Perini E. Desabastecimento de medicamen-
e adaptação para o português: Luiza VL e Osorio de Castro tos: determinantes, conseqüências e gerenciamento. Ciênc
CGS. [S.l.]:OMS; 2001. Saúde Colet. 2008;13(supl):603-10.
14. World Health Organization. Drug and therapeutics com- 28. Mendes EV. Os sistemas de serviços de saúde; o que os
mittees: a practical guide Department of Essential Drugs gestores deveriam saber sobre essas organizações comple-
and Medicines Policy. Geneva: WHO; 2003. xas. Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará; 2002.
15. Sacket DL, Rosenberg WC, Gray JAM, Haynes RB, Richar- 29. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e
dson WS. Evidence based medicine: what it is and what it Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Far-
isn’t. BMJ. 1996;312:71-2. macêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de
16. Fundação Oswaldo Cruz. Relatório de Atividades de 2007. Medicamentos Essenciais. Brasília: Ed MS; 2008.
Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; 2008. 30. Conselho Federal de Medicina. Código de Ética Médica.
17. Osorio-de-Castro CGS, Castilho SR, org. Diagnóstico da Resolução CFM 1931 de 17 de setembro de 2009. Diário
Farmácia Hospitalar no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; Oficial da União. Brasília 13 abr 2010, Seção 1, p. 173..
2004. 31. Bejarano VC, Pilatti LA, Scandelari L, Oliveira AC . Equi-
18. Marques DC, Zucchi P. Comissões farmacoterapêuticas no pes virtuais: um estudo de caso na indústria têxtil norte-
Brasil: aquém das diretrizes internacionais. Rev Panam Sa- -americana. Prod. 2006;16(1):161-70.
lud Publica. 2006;19(1):58-63. 32. Mannebach MA, Ascione FJ, Gaither CA, Bagozzi RP, Co-
19. Comissão de Farmácia e Terapêutica do Instituto Fernan- hen IA, Ryan ML. Activities, functions, and structure of
des Figueira. Formulário Farmacoterapêutico 2008: suple- pharmacy and therapeutics committees in large teaching
mento antineoplásicos Grupo L. Rio de Janeiro: Ed. Fio- hospitals. Am J Health Syst Pharm. 1999;56(7):622-8.
cruz; 2008. 33. Silva NEK, Oliveira LA, Figueiredo WS, Landroni MAS,
20. Comissão de Farmácia e Terapêutica do Instituto Fernan- Waldeman CCS, Ayres JR. Limites do trabalho multiprofis-
des Figueira. Formulário Farmacoterapêutico 2008: suple- sional: estudo de caso dos centros de referência para DST/
mento analgésicos Grupo N01. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; Aids. Rev Saúde Pública. 2002;36(4):108-16.
2008. 34. Ribeiro RC, Fonseca-Guedes CHF, Nunes, MPT. Médicos
21. Comissão de Farmácia e Terapêutica do Instituto Fernan- recém-formados: sólida formação geral ou sólida forma-
des Figueira. Formulário Farmacoterapêutico 2008: suple- ção especializada?. Rev Bras Educ Med. 2009;33(4):571-85.
mento anestésicos Grupo N02. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; 35. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni-
2008. versidade de São Paulo. Câmara de Fármacos e Medica-

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


84 35 (1) : 77 – 85 ; 2011
Rachel Magarinos-Torres et al. Vivenciando a Seleção de Medicamentos

mentos da Subcomissão de Avaliação Terapêutica da Co- 46. Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico. Revista
missão de Avaliação Tecnológica em Saúde da Diretoria ABCFARMA. Disponível em: http://www.visaocomuni-
Clínica e Divisão de Farmácia. Guia Farmacoterapêutico cacao.com.br.
HC 2002-2003. São Paulo: HC; 2002. 47. Carvalho PRA, Carvalho CG, Alievi PT, Martinbiancho J,
36. Hospital Geral Dr. Waldemar de Alcântara. Formulário Trotta EA. Identificação de medicamentos “não apropria-
para solicitação de alteração na lista de padronização de dos para crianças” em prescrições de unidade de trata-
medicamentos [online]. [acesso em 10 fev. 2010]; 2004. Dis- mento intensivo pediátrica. J. Pediatr. 2003;79(5):397-402.
ponível em www.isgh.org.br/download/farmacia/regi- 48. Laing R, Tisocki K. How to develop a national formula-
mento_interno.pdf. ry based on the WHO model formulary: a practical guide.
37. Wettermark B, Haglund K, Gustafsson LL, Persson PM, Geneva: WHO; 2004.
Bergman U. A study of adherence to drug recommenda- 49. Organização Mundial da Saúde. A importância da Farma-
tions by providing feedback of outpatient prescribing pat- covigilância: monitorização da segurança dos medicamen-
terns to hospital specialists. Pharmacoepidemiol Drug Saf. tos. Brasília: OPAS; 2005.
2005;14(8):579-88. 50. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Reso-
38. Fijn R, Lenderink AW, Egberts AC, Brouwers JR, De Jong- lução RDC nº 220 de 21 de setembro de 2004. Aprova o
-Van DenBerg LT. Assessment of indicators for hospital Regulamento Técnico de funcionamento dos Serviços de
drug formulary non-adherence. Eur J Clin Pharmacol. Terapia Antineoplásica. Diário Oficial da União. Brasília,
2001;57(9):677-84. 23 set 2004; Seção 1, p. 72.
39. World Health Organization. ATC Index with DDD 2008 51. Ministério da Saúde. Secretária de Assistência a Saúde.
[online]. [acesso em 10 fev. 2009]Oslo: WHO; 2008. Dispo- Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas: medicamen-
nível em http://www.whocc.no/atcddd/. tos excepcionais. Brasília: MS; 2002.
40. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Far- CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES
macêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Rachel Magarinos-Torres foi responsável pela coleta das in-
Medicamentos Essenciais. Brasília: Ed MS; 2007. formações, análise e redação da primeira versão do artigo.
41. World Health Organization. WHO model formulary 2006 Dante Pagnoncelli aportou conhecimentos relacionados aos
[online]. [acesso em 10 fev. 2009] Geneva: WHO; 2006. antineoplásicos. Almiro Domiciano da Cruz Filho contribuiu
Available from: http://mednet3.who.int/EMLib/model- na discussão dos aspectos gerenciais e da prática clínica em
Formulary/modelFormulary.asp. Pediatria. Claudia Garcia Serpa Osorio-de-Castro colaborou
42. Thomson Micromedex. Micromedex healthcare [online]. na discussão dos achados, redação e revisão final.
[acesso em 10 fev. 2010]. Available from: http://www.pe-
riodicos.capes.gov.br CONFLITO DE INTERESSES
43. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Bulário Eletrôni- Declarou não haver.
co da ANVISA [online].[acesso em 10 fev. 2009]. Disponí-
vel em: http://www.bulario.bvs.br ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
44. Ministério da Saúde. Banco de Preços em Saúde (BPS) Rachel Magarinos-Torres
[online]. [acesso em 10 fev. 2009]. Disponível em: http:// Rua Aguiar, 21 — apto 402
www.bpreco.saude.gov.br Tijuca — Rio de Janeiro
45. Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF) CEP 20261-120 — RJ
2007/2008. Rio de Janeiro: Ed Publicações Científicas; 1996. E-mail: rmtorres@infolink.com.br

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA


85 35 (1) : 77 – 85 ; 2011

Você também pode gostar