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"Jamais se fez, no plano teórico, para as mulheres, o que foi feito para os
operários, isto é, distinguir claramente sua exploração (lucro tirado pelos
homens do seu trabalho) e sua dominação (tudo o que constitui o poder
masculino)".
No entanto, não pode deixar de acrescentar:
"É verdade que, para o marxismo, um não anda sem o outro, o poder do
opressor sendo destinado a permitir a exploração do oprimido", embora,
mais adiante, prossiga criticando a tese de Engels sobre a origem do
patriarcado.
O que se quer, então, é uma teoria científica exclusiva para as mulheres? Desligada da
dialética do processo de desenvolvimento das leis mais gerais de toda a sociedade?
Acima da posição econômico-política ocupada pelas mulheres nas diferentes formações
econômico-sociais, independente das relações de exploração e dominação a que são
submetidas as classes oprimidas nas diversas etapas históricas? Impermeável à luta de
classes e a ela desenvolvendo-se paralelamente sem "contágio"? Isso, ou o que quer
Schulamith Firestone (foi uma feminista canadense-americana, figura central no
desenvolvimento inicial do feminismo radical e de segunda onda. Firestone foi uma das
fundadoras de três grupos feministas radicais: New York Radical Women, Redstockings e New
York Radical Feminists.) uma espécie de marxismo para as mulheres ao afirmar que
"podemos desenvolver uma visão materialista da história, baseada no próprio sexo"
pois, "para a revolução feminista, precisamos de uma análise da guerra dos sexos tão
completamente quanto para a revolução econômica foi a análise de Marx e Engels sobre
o antagonismo de classes".
As críticas à pretensa "insuficiência" do marxismo sobre a questão da mulher se faz
presente em quase todas as análises sobre sua situação de dependência e inferioridade
na sociedade, bem como sobre as origens de sua opressão.
Evidentemente, as diversas teorias feministas não param somente na crítica à
interpretação do marxismo sobre o processo de transformação da sociedade, mas,
sobretudo, investem contra o caminho revolucionário apontado pelo marxismo para a
luta de emancipação da mulher.
Não obstante, as diversas contribuições teóricas nos terrenos da história e da sociologia,
das pesquisas científicas no terreno da antropologia e até mesmo a tentativa de Juliet
Mitchell(psicanalista e feminista socialista britânica) que "empreende o grande esforço de
resgatar a psicanálise como doutrina geral libertadora" porque acredita ser "possível
aprofundar o estudo do inconsciente do ponto de vista do materialismo dialético" , a
verdade é que as teorias feministas têm provocado uma grande confusão teórica a
respeito da concepção materialista histórica sobre a condição da mulher.
Pode haver prova mais condenável do que a calma aceitação dos homens diante do fato
de as mulheres se consumirem no trabalho humilhante, monótono, da casa, gastando e
desperdiçando energia e tempo e adquirindo uma mentalidade mesquinha e estreita,
perdendo toda sensibilidade, toda vontade? Naturalmente, não me refiro às mulheres da
burguesia, que descarregam sobre as empregadas a responsabilidade de todo o trabalho
doméstico, inclusive a amamentação dos filhos.
Refiro-me à esmagadora maioria das mulheres, às mulheres dos trabalhadores e àquelas
que passam o dia numa oficina. Pouquíssimos homens — mesmo entre os proletários —
se apercebem da fadiga e da dor que poupariam à mulher se dessem uma mão 'ao
trabalho da mulher'. Mas não, isto vai de encontro aos 'direitos e à dignidade do
homem': este quer paz e comodidade. A vida doméstica de uma mulher constitui um
sacrifício diário, feito por mil ninharias.
A velha supremacia do homem sobrevive em segredo. A alegria do homem e sua
tenacidade na luta diminuem, diante do atraso da mulher, diante de sua incompreensão
dos ideais revolucionários: atraso e incompreensão que, como cupim, secretamente,
lentamente mas sem salvação, roem e corroem. Conheço a vida dos trabalhadores não
apenas através dos livros. Nosso trabalho de comunistas entre as mulheres, nosso
trabalho político, exige uma boa dose de trabalho educativo entre os homens.
Devemos varrer por completo a velha idéia do “patrão”, tanto no Partido, como entre as
massas. É uma tarefa política nossa não menos importante que a tarefa urgente e
necessária de criar um núcleo dirigente de homens e mulheres, bem preparados teórica e
praticamente para desenvolver entre as mulheres uma atividade de Partido.
CONCLUSÃO
Concluindo, ainda existe uma grande distância entre o que afirmamos no papel e nossa
pratica coletiva. A incompreensão do papel estratégico da luta das mulheres comunistas
em todas as instâncias partidárias e o débil entendimento do significado da opressão de
gênero, confusão entre igualdade de gênero e “ideologia de gênero” entre a as mulheres
que relativizam o que é “ser mulher” fazendo coro com teorias ecléticas que negam
abertamente a necessidade histórica da revolução proletária acabando por se diluir no
“movimento feminista” e em certa medida abrindo mão de bandeiras especificas para
narrativas que afastam as mulheres comuns não incorporando milhões de mulheres
oprimidas e discriminadas não assumindo assim a luta emancipacionista. Ao sermos
impelidos da necessidade de se fazer a critica a visão identitária, fragmentária, pode
levar as(os) comunistas a afirmar nossa identidade denunciando a existência de
opressões específicas, que obstaculizam a emancipação pessoal e coletiva. A correlação
classe, gênero e raça/etnia deve estar presente na construção da frente ampla para
enfrentar o avanço do fascismo e a financeirização, para defender a democracia, a
soberania, o desenvolvimento, e os direitos. A complexidade e a gravidade da crise
estrutural capitalista na fase em que se encontra , aprofunda a agenda conservadora,
justamente para impedir a contestação ao capitalismo. Na atual Conjuntura faz-se
necessário uma Ação da(o)s Comunistas no combate ao Bolsonarismo e em especial a
figura machista, misógina de Bolsonaro e seu Governo ultra-liberal conservador ,pois
lutando lado a lado com o povo brasileiro, do campo de da cidade e em especial com a
Classe Operária reeditando o Grandioso movimento Ele,Não! Que sacudiu o Brasil.
Mulheres e Homens, Revolucionários haverão de levantar bem alto a luta pela
Emancipação Feminina no seio da luta das mulheres e do povo brasileiro na
reconstrução do Estado democrático de direito fortalecendo a Nação , rumo ao
Socialismo no Brasil.