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POR QUE NÃO DIACONISAS?

PERGUNTA: Por que a Igreja Presbiteriana do Brasil não ordena diaconisas?Febe não era uma
diaconisa, conforme Romanos 16.1?

RESPOSTA: É preciso esclarecer que no momento está sendo feita uma consulta aos
presbitérios da IPB sobre este assunto. Caso dois terços dos presbitérios se pronunciem a favor
da ordenação de diaconisas, será estabelecida uma Assembléia Geral Constituinte da IPB para
mudar a Constituição da Igreja, que determina atualmente que somente homens cristãos
qualificados ocupem este ofício.
Os argumentos que são usados em favor da ordenação de diaconisas são basicamente de três
tipos. Primeiro, o argumento sociológico, que é o mais comum. Este argumento diz que a Igreja
deve acompanhar as mudanças sociais e culturais, adaptando-se à sua época. Considera que a
não ordenação de diaconisas é a perpetuação de uma cosmovisão machista da época apostólica.
Os tempos mudaram e assim a Igreja deve também mudar. O problema deste argumento é que
ele submete a Igreja às mudanças sociais e fica sem parâmetros para distinguir que mudanças
são bíblicas e quais não são. Segundo, o argumento hermenêutico do senso comum. De acordo
com o pequeno grupo de defensores deste ponto, o senso comum deve prevalecer como critério
maior na interpretação bíblica. Foi o senso comum que trouxe a libertação dos escravos e a
abolição da pena de morte, e o senso comum deve trazer a libertação das mulheres,
introduzindo-as aos ofícios da Igreja. O problema com este argumento é quádruplo primeiro,
esquece que o senso comum não é consenso em lugar nenhum do mundo. Há ainda hoje quem
aceite a pena de morte, e não são poucos. Segundo, esquece que a mentalidade do homem
caído jamais será plenamente sensata. E terceiro, subjuga a Escritura à esta mentalidade. Por
último, o que farão os defensores deste ponto de vista quando o senso comum determinar que
os gays e lésbicas são opções sexuais válidas e que devem ser aceitas por todos em todo lugar?
O terceiro argumento em favor das diaconisas parece bíblico. Defende que havia diaconisas na
Igreja Primitiva. Defende que há traços delas na própria Bíblia, como Febe (Rm 16.1). O
argumento baseado em Febe é frágil, pois depende do uso da palavra diákonos que é
empregada por Paulo para esta irmã. Esta palavra tanto pode significar um diácono (ofício),
como alguém que serve (sem ser ordenado como diácono). Por exemplo, esta palavra é usada
por Paulo três vezes em Romanos 15, momentos antes de falar em Febe. Em todas as três vezes
significa simplesmente ministrar e servir: Jesus Cristo é ministro (diákonos) da circuncisão (Rm
15.8), Paulo vai a Jerusalém ministrar (diakoneo) aos santos (Rm 15.31) e espera que seu
serviço (diakonia) seja aceito por eles (Rm 15.31). Isto significa que Jesus e Paulo eram
diáconos? Portanto, não há como dizer que, ao referir-se a Febe poucos versos depois como
sendo diákonos em Cencréia, Paulo estava dizendo que ela era uma diaconisa. Mais
provavelmente, sendo coerente com o uso que vinha fazendo da palavra e do verbo, queria dizer
que ela estava servindo ou ministrando naquela igreja.
Assim, considerando a falta de melhores argumentos, entendo que a Constituição da IPB está
correta em seus termos atuais, no que concerne não diaconato feminino.
Pr. Augustus

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