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Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia


DISCIPLINA: ESTÁTICA DAS ESTRUTURAS I
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CONCEITOS UTILIZADOS EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

Campo Grande, 2022


Mecânica

Ramo das ciências físicas que trata do estado de repouso ou de movimento de


corpos submetidos à ação de forças. É dividida em três partes:
- Mecânica dos corpos rígidos;
- Mecânica dos corpos deformáveis;
- Mecânica dos fluídos.
Onde se aplica

Nas áreas tecnológicas, arquitetura e nas engenharias, envolvendo projetos de


estruturas, equipamentos, máquinas, veículos, embarcações, etc.

Mecânica dos corpos rígidos

Subdividida em:
- Estática: estuda as condições dos corpos em repouso;
- Dinâmica: avalia as ações entre força (causa) e movimento (efeito).
ETAPAS ATÉ O PROJETO ESTRUTURAL...
Concepção estrutural
Também chamada de lançamento da estrutura, a concepção estrutural consiste em
escolher um sistema estrutural que constitua a parte resistente do edifício. Nessa etapa
o engenheiro define os elementos a serem utilizados e seus posicionamentos de forma a
gerar uma estrutura eficiente, capaz de absorver os esforços oriundos das ações
atuantes e transmiti-los ao solo.
Análise estrutural
Consiste em realizar uma previsão do comportamento da estrutura. Tal comportamento
é descrito pelos esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos da estrutura.
Nesta etapa são utilizadas as teorias físicas e matemáticas resultantes da formalização
da engenharia estrutural como ciência.
Dimensionamento estrutural
Uma vez conhecidos os esforços solicitantes internos (ESI), dimensionam-se os
elementos para que a estrutura atenda aos requisitos para a qual a mesma foi projetada.
Nesta etapa são utilizadas a teorias específicas para cada tipo de material estrutural
escolhido (concreto armado, concreto protendido, aço, madeira, alvenaria estrutural,
etc.).
Projeto estrutural
Detalhamento dos elementos que compõe uma estrutura (lajes, vigas, pilares, tirantes,
etc.)
Projeto estrutural

O objetivo do projeto de uma estrutura é fazer com que a mesma atenda a


requisitos especificados em projeto (como resistir a carregamentos sem entrar em
colapso, não deformar ou vibrar excessivamente, etc.)

Dentre de limites definidos em normas técnicas, o engenheiro de estruturas busca


o melhor uso dos materiais disponíveis e o menor custo possível de construção e
manutenção da estrutura.
Sistema estrutural

É uma estrutura física qualquer, composta por uma série de elementos estruturais
devidamente associados, formando um conjunto resistente capaz de receber
solicitações externas e transmiti-las até seus apoios, onde encontrarão seu
sistema estático equilibrante.

Sistema estrutural de um Sistema estrutural do corpo


edifício humano
Sistema estrutural

Cada parte portante da construção, também denominada elemento estrutural,


deve resistir aos esforços incidentes e transmiti-los a outras peças, através dos
vínculos que as unem, com a finalidade de conduzi-los ao solo.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Vão livre – 90m


Altura (flecha) – 32m
Espessura – 3,6m
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

A casa do joão-de-barro
A casa do João de barro é construída com fibras vegetais misturadas com barro
úmido da beira de córregos. A forma final do ninho é uma cúpula, onde predomina
o esforço de compressão simples. Como o barro é um material que resiste bem a
essa modalidade de esforço, seu uso torna-se adequado.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Panteon
Exemplo de construção onde a forma é adequada ao material (mistura de
argamassa de cal e pozolana) é a cobertura em cúpula (maior vão da época) do
Panteon de Adriano, construída em Roma por volta do ano 118 d.C.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Palmeira imperial
Aumento da seção transversal quanto mais próximo da base (aumento dos esforços
normais)
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Postes da rede elétrica


Sistema estrutural

Analogia com a natureza

O galho da araucária
A araucária é uma árvore
de galhos quase
horizontais. Seus galhos
não apresentam variação
nas dimensões das suas
seções e nem alteração na
inércia. Para resistir à
variação de esforços, a
natureza aumentou a
resistência do material
junto ao tronco – o nó de
pinho, que tem resistência
mecânica muito maior que
o restante do galho.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Viga em balanço
Uma viga em balanço tem o aumento de sua resistência devido ao aumento da
quantidade da armação junto à coluna.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

A colmeia das abelhas


As três únicas formas
que agrupadas entre si
não deixam espaços
são: o triângulo, o
quadrado e o hexágono.
O hexágono é entre as
três formas, a que
apresenta maior área
com menor perímetro.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Edifício da IBM em Pittsburg


Projetado por Curtis e Davis,
tem paredes estruturais em
forma de losango com função
de transmitir as cargas
superiores para os pilares do
térreo. Essa transmissão só é
possível porque os nós da
malha são convenientemente
enrijecidos, constituindo o
que se denomina malha de
quadros rígidos.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

A teia de aranha
A teia da aranha
é construída
inicialmente por
fios radiais
fixados em
pontos rígidos e
tecida
posteriormente
com os anelares
até completar a
malha.
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Ópera de arame
(Curitiba – PR)
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Pata do elefante
Alargamento da base para maior suporte
Sistema estrutural

Analogia com a natureza

Tubulão de base alargada (um tipo de fundação)


Sistema estrutural

Em geral, sistemas estruturais podem


ser analisados por meio de
subestruturas, como se fossem
estruturas independentes, unidas
umas às outras por ligações.
Sistema estrutural

Em geral, sistemas estruturais podem


ser analisados por meio de Modelo estrutural
subestruturas, como se fossem idealizado para a análise
estruturas independentes, unidas de um edifício
umas às outras por ligações.
Elementos estruturais

As estruturas devem ser entendidas como disposições racionais e adequadas de


diversos elementos estruturais. Classificam-se como elementos estruturais os
corpos deformáveis com capacidade de receber e transmitir solicitações mecânicas
em geral. Em função de suas dimensões, esses elementos podem ser divididos nas
seguintes categorias:

- Tridimensionais, 3D ou Bloco;
- Bidimensionais, 2D, Chapa, Placa ou Casca;
- Unidimensionais, 1D, Barra simples, Barra geral ou Arcos.
Elementos estruturais

Para efeitos práticos dois comprimentos podem ser considerados da mesma ordem
de grandeza quando estiverem até na relação de 1:10

b
c
b

a
a
Elementos estruturais Tridimensionais

São elementos estruturais comumente utilizados em fundações de edificações


como sapatas e blocos de fundação. Eles possuem as três dimensões de sua
geometria com mesma ordem de grandeza e estados de tensão essencialmente
tridimensionais. Podem ser simplificadamente analisados utilizando as teorias de
bielas e tirantes. Na engenharia corrente, para cálculos mais precisos utilizando
esse tipo de elemento, são utilizados procedimentos de cálculo envolvendo
métodos numéricos e programação matemática. Na figura apresentam-se dois
exemplos de estruturas tridimensionais.
Elementos estruturais Tridimensionais
Elementos estruturais Tridimensionais
Elementos estruturais Bidimensionais

As estruturas bidimensionais, de superfície ou laminares, ficam definidas quando se


conhecem a sua superfície média e a lei de variação de sua espessura. Essas
estruturas possuem duas de suas dimensões muito maiores que a terceira
(espessura). Destacam-se nesse grupo de elementos estruturais as placas, as cascas
e as chapas, como mostrado na figura.
Elementos estruturais Bidimensionais

Placas: São estruturas planas sujeitas a carregamentos perpendiculares ao seu


plano médio. As placas são solicitadas por esforço cortante, momentos fletores e
momentos volventes. As lajes de edifícios são exemplos comuns de estruturas de
placas.
Elementos estruturais Bidimensionais

Chapas: São estruturas planas que suportam carregamentos orientados apenas ao


longo das direções paralelas de seu plano médio. As chapas são muito utilizadas na
representação de problemas enquadrados como estado plano de tensão e estado
plano de deformação. As paredes e muros de contenção são exemplos clássicos de
estruturas de chapa.
Elementos estruturais Bidimensionais

Cascas: Placas onde atuam também esforços de tração ou de compressão paralelos


ao seu plano médio são denominadas cascas. As cascas podem apresentar
geometrias curvas e irregulares como em coberturas de quiosques e domos de
igrejas. Essas duas estruturas são modeladas matematicamente e estudadas na
teoria de placas e cascas, a qual resulta de uma particularização adequada da teoria
da elasticidade.
Elementos estruturais Unidimensionais

Os elementos estruturais unidimensionais, correntemente denominados barras, são


caracterizados por possuírem duas de suas dimensões muito menores que a
terceira. Nesses elementos estruturais, as dimensões de sua seção transversal ( e
) são muito menores se comparadas a seu comprimento ( ). As estruturas
formadas por uma ou mais barras são denominadas estruturas lineares. Tais
elementos estruturais possuem grande importância no estudo de corpos
deformáveis, apresentando larga aplicação na análise de estruturas de edifícios,
manufaturas, pontes, máquinas e equipamentos, entre outros. Essas estruturas são
analisadas segundo hipóteses estabelecidas na mecânica dos corpos deformáveis e
na estática das estruturas, observando-se, naturalmente, os aspectos peculiares de
cada uma.
Elementos estruturais Unidimensionais

Eixo de uma barra: É a trajetória formada pelo ponto representativo do centro de


gravidade da figura geradora da seção transversal de uma barra ao longo de seu
comprimento.
Elementos estruturais Unidimensionais

Seção transversal de uma barra: É o resultado da intersecção entre o eixo da barra


e um plano passando por este.
Elementos estruturais Unidimensionais

Barra reta e barra curva: São barras cujos eixos são retilíneo e curvilíneo,
respectivamente.
Elementos estruturais Unidimensionais

Barra prismática: Barra reta de seção transversal constante.

Barra não
prismática

Barras
prismáticas
Elementos estruturais Unidimensionais

Exemplos de elementos de barra não prismáticos


Elementos estruturais Unidimensionais

Exemplo de elemento de barra curvilíneo não prismático


Elementos estruturais Unidimensionais

As barras podem ser classificadas segundo os esforços que as solicitam e os


deslocamentos assumidos ao longo de seu domínio (comprimento). Assim, pode-se
efetuar a seguinte classificação dos elementos de barra:

- Vigas
- Treliças
- Pilares
- Pórticos
- Arcos
- Grelhas
Elementos estruturais Unidimensionais

Vigas: São elementos de geometria linear que


possuem dois graus de liberdade: deslocamento
perpendicular ao seu eixo e rotação da seção
transversal. As vigas diferem-se segundo suas
condições de vinculação podendo ser: viga em balanço,
viga simplesmente apoiada, viga bi engastada, viga
Gerber (viga articulada e isostática sobre mais de dois
apoios), viga contínua (viga hiperestática sobre mais de
dois apoios), entre outros. São solicitadas por esforço
cortante e momento fletor.
Elementos estruturais Unidimensionais

Treliças: As treliças são estruturas lineares constituídas por barras retas, dispostas,
em geral, formando painéis triangulares. As treliças são solicitadas
predominantemente por esforços de tração e compressão. Isso se deve ao fato das
barras que formam a treliça serem conectadas por articulações assumidas como
perfeitas. As barras que compõem este tipo de estrutura podem ser divididas em
banzos inferior e superior, montante e diagonal. Nesse tipo de estrutura, apenas os
deslocamentos dos pontos que conectam as barras são determinados. A rotação
relativa entre as barras é, normalmente, desprezada. As treliças podem ser planas,
quando suas barras estão contidas em um único plano, ou espaciais no caso
contrário.
Elementos estruturais Unidimensionais

Treliças

Cobertura da Feira Central de Campo Grande (MS)


Elementos estruturais Unidimensionais

Treliças

Ponte ferroviária formada por barras de treliça no cruzamento da R. Antônio


Maria Coelho com Av. Calógeras - Campo Grande (MS)
Elementos estruturais Unidimensionais

Treliças

Cobertura em treliça espacial: Ginásio Poliesportivo Avelino dos


Reis (Guanandizão) - Campo Grande (MS)
Elementos estruturais Unidimensionais

Pilares: São barras, geralmente retas e com eixo disposto verticalmente, em que os
esforços solicitantes são: esforço normal (compressão), esforço cortante e
momento fletor. Permite-se representar, com esse elemento estrutural, os
deslocamentos e rotações dos pontos que o compõem.
Elementos estruturais Unidimensionais

Pórticos: Os pórticos planos, são estruturas lineares planas com solicitações


coplanares à sua geometria que, sendo constituídas unicamente por barras de eixo
retilíneo, não recaem na categoria de viga, treliça ou pilar, nem na categoria de
arco. São elementos estruturais de geometria reta, solicitados por esforço normal,
esforço cortante e momento fletor. Além disso, permitem a representação, em cada
ponto da barra, dos dois deslocamentos no plano e da rotação da seção transversal.
Existem também os pórticos tridimensionais, os quais nada mais são que a
generalização do problema plano. Nesse caso, em cada ponto que compõe a
estrutura representam-se três deslocamentos e três rotações. Além disso, no caso
tridimensional, a barra é solicitada a esforços normal e cortantes e a momentos
fletores e torçor.
Elementos estruturais Unidimensionais

Pórticos

Pórtico abaixo do tabuleiro de ponte no Parque das Nações Indígenas -


Campo Grande (MS)
Elementos estruturais Unidimensionais

Arcos: Podem ser simplificadamente definidos como pórticos compostos por barras
de eixo curvilíneo.
Elementos estruturais Unidimensionais

Arcos: Podem ser simplificadamente definidos como pórticos compostos por barras
de eixo curvilíneo.

Cobertura do Mercado Municipal de Campo Grande (MS)


Elementos estruturais Unidimensionais

Grelhas: As grelhas são constituídas por elementos estruturais lineares situados em


um mesmo plano, formando uma malha (conjunto de barras contínuas limitando
uma região fechada do plano). Nesse tipo de estrutura, os carregamentos externos
são aplicados perpendicularmente ao plano de disposição das barras. Em cada
ponto da grelha são representados duas rotações (perpendiculares ao plano da
grelha) e o deslocamento perpendicular ao plano das barras. Consequentemente, a
grelha é solicitada por momentos fletor e torçor e esforço cortante.
Elementos estruturais Unidimensionais

Grelhas

Laje da Bibloteca Central da UFMS - Campo Grande (MS)


Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

A estabilidade ao equilíbrio pode ser ilustrada de forma simples considerando o


equilíbrio de uma esfera posicionada sobre três superfícies diferentes, conforme
ilustrado. Por meio desta figura, observa-se que nas três situações consideradas a
esfera encontra-se em equilíbrio, ou seja, .
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Conforme mostra a ilustração (a),


constata-se que a esfera encontra-se no
fundo de um vale na condição de
equilíbrio estático. Nessa situação, se a
esfera for ligeiramente deslocada para
qualquer um de seus lados e em seguida
for solta, percebe-se, intuitivamente, que
ela retornará ao fundo do vale e à
condição de equilíbrio estático. Embora
seja introduzida uma perturbação no
sistema, este retorna à condição de
mínima energia e ao equilíbrio. Diz-se
que, nessa situação, o equilíbrio é estável,
uma vez que após a introdução da
perturbação, a condição de equilíbrio
alcançada é igual à observada na condição
não deslocada.
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Caso a esfera esteja localizada sobre uma


superfície plana, como apresentado na
ilustração (b), a aplicação de um
deslocamento (perturbação) conduz a
esfera à outra posição. Em sua nova
posição (posição deslocada) a esfera
estará em equilíbrio estático, assim como
em sua configuração inicial. Porém, após a
aplicação deste deslocamento
(perturbação), verifica-se que o equilíbrio
é somente possível se for considerada a
configuração deslocada do sistema. Diz-se
que nessa condição o equilíbrio é neutro
(ou indiferente), uma vez que o equilíbrio
é verificado considerando-se a
configuração deslocada do sistema.
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Finalmente, na ilustração (c), apesar da


esfera encontrar-se em equilíbrio em sua
posição inicial, qualquer deslocamento
(perturbação) aplicado ao sistema fará
com que esta se afaste cada vez mais da
posição de equilíbrio inicial. Nessa
condição, diz-se que o equilíbrio é
instável, já que qualquer perturbação no
sistema, por menor que seja, resulta na
perda de equilíbrio do sistema.
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Os conceitos de equilíbrio apresentados anteriormente podem ser estendidos para


as estruturas, de forma que é possível classificá-las em:

- Estruturas hipostáticas;
- Estruturas isostáticas;
- Estruturas hiperestáticas.
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Estruturas hipostáticas

Uma estrutura é hipostática quando os vínculos internos ou externos são


insuficientes para o equilíbrio estático da mesma ou de suas partes, na configuração
inicial, sob ações externas arbitrárias. Dessa forma, nesse tipo de estrutura,
deslocamentos de corpo rígido podem acontecer e/ou deslocamentos relativos
entre suas partes.
Assim, uma estrutura hipostática sob forças auto equilibradas fica em equilíbrio
indiferente (ou neutro) e essa mesma estrutura sob forças quaisquer é instável,
como um mecanismo.
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Estruturas isostáticas

Uma estrutura é isostática quando os referidos vínculos (internos e/ou externos)


são estritamente necessários para manter o equilíbrio estável.

As estruturas isostáticas também são chamadas de estaticamente determinadas,


porque as equações da estática são suficientes à determinação das reações de
apoio e dos esforços solicitantes internos.
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Estruturas hiperestáticas

Uma estrutura é hiperestática quando os referidos vínculos (internos e/ou


externos) são mais do que suficientes ao equilíbrio da mesma.

As estruturas hiperestáticas também são chamadas de estaticamente


indeterminadas, porque as equações da estática não são suficientes à
determinação das reações de apoio e dos esforços solicitantes internos.
Classificação das estruturas em barras quanto ao equilíbrio

Em termos matemáticos...

Uma estrutura é hipostática quando as equações de equilíbrio não permitem


solução única das reações de apoio da estrutura.

Uma estrutura é isostática quando as equações de equilíbrio conduzem a uma


solução única das reações de apoio da estrutura.

Uma estrutura é hiperestática quando as equações de equilíbrio são insuficientes


para a solução das reações de apoio da estrutura.
Modelos ou idealizações

Partícula: corpo de tamanho infinitesimal que possui massa infinitesimal também.

Corpo rígido: combinação de um grande número de partículas que permanecem


em uma distância fixa, umas das outras, tanto antes como depois da aplicação da
carga. Em muitos casos, as deformações reais que ocorrem em estruturas,
máquinas e mecanismos são relativamente pequenas e a hipótese de corpo rígido é
adequada para a análise.
Modelos ou idealizações

Força: É todo agente que altera o estado de repouso ou de movimento de um


corpo, bem como, produz mudanças nas formas e/ou dimensões desse corpo. É
uma grandeza vetorial com 5 características: módulo (ou intensidade), direção,
sentido, reta suporte (ou linha de ação) e ponto de aplicação. Está expressa na
segunda lei de Newton:

Características:
- Módulo: (quilo Newton)
- Direção: dada pela linha tracejada
azul
- Sentido: de sudoeste para nordeste
- Reta suporte:
- Ponto de aplicação: ponto
Modelos ou idealizações

Momento de força: É todo agente que produz ou impede rotação de um corpo,


bem como provoca mudanças de forma e/ou dimensões desse corpo. O momento
de força é uma grandeza vetorial. Para efeitos didáticos, pode ser eventualmente
abordado de forma não vetorial, desde que sejam precisamente identificadas suas
características como: intensidade (ou módulo), sentido de rotação, plano de ação
(ou de giro) e ponto de aplicação.
O momento de força é calculado em relação a um eixo (ou ponto) como o produto
do módulo dessa força pela distância da linha de ação da força até o eixo (ou ponto)
medida na perpendicular deste eixo à linha de ação (ou reta suporte) da força.
Características do momento de força gerado pela
Modelos ou idealizações força :
• Ponto onde se está calculando o momento que a
Momento de força força produz: centro do parafuso (ponto A, de
coordenadas
• Módulo: ou
• Sentido de giro: anti-horário
Ponto • Plano de ação: plano x-y (plano da estrutura)
Solicitações externas

As solicitações externas também são chamadas de ações externas, cargas externas


ou esforços externos. As principais solicitações externas em estruturas são as forças
e/ou momentos de força que outros corpos aplicam sob estas.

As solicitações externas são classificadas normalmente quanto a sua distribuição


geométrica:
- Carregamentos concentrados (ou pontuais);
- Carregamentos distribuídos (em linha, área e volume);

Existem também solicitações externas que não envolvem força ou momento de


força, como deslocamentos diferenciais (recalques no caso das fundações) e
variações de temperatura. Tais solicitações não serão estudadas neste curso.
Solicitações externas

Carregamentos concentrados

Carregamentos concretados, também chamados de cargas concentradas ou


pontuais agem em um ponto infinitesimal. Esse conceito é uma abstração mental,
uma vez que, na prática, não existe um carregamento concentrado aplicado a um
corpo, uma vez que todo carregamento externo aplicado mecanicamente a um
corpo é distribuído ao longo de uma área finita de contato, por menor que seja
esta.
Solicitações externas

Carregamentos concentrados

Força resultante (pontual ou concentrada)


Seção
que o elevador provocada nos cabos
transversal
qualquer
cabos

elevador elevador
Solicitações externas

Carregamentos concentrados

Força resultante que o pilar


aplica no bloco (pontual ou
concentrada)
pilar

bloco de
fundação

estacas
Força resultante que cada
estaca aplica no bloco
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em linha

São distribuídos ao longo de uma linha (reta, parábola, outro), sendo expressos em
unidade de força por unidade de comprimento (também expressos em unidade de
momento de força por unidade de comprimento).

muro de alvenaria

viga baldrame
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em linha

Exemplo: Determine o diagrama de carga linear que representa a ação de uma


parede de tijolo maciço de altura de 4m, comprimento de 6m e 25cm de largura
sobre uma viga baldrame. O peso específico da alvenaria de tijolo maciço é de
.

muro de alvenaria

viga baldrame
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em linha

Solução: a força resultante que a Terra aplica na parede, isto é, o peso da parede é:

Volume:
Peso da parede (carga concentrada):
,
Peso da parede (carga linearmente distribuída):
ℎ = 4𝑚

ℎ = 4𝑚
equivalente

Observar que a área do diagrama de carga linear é igual ao peso total da parede
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em área

São carregamentos considerados como sendo aplicados sobre superfícies, em geral,


planas. São expressos em unidade de força por unidade de área.
Solicitações externas

Exemplo: para a viga de concreto armado abaixo indicada, calcule e represente


graficamente o seu peso próprio:
a) Como carga concentrada (ou pontual);
b) Como carga distribuída linearmente ao longo de seu eixo longitudinal;
c) Como carga distribuída em área considerando esse carregamento agindo em
sua base (área azul claro).
Obs: peso específico do concreto armado

40cm

20cm
Solicitações externas

Solução
a) Como carga concentrada (ou pontual)

(a viga tem aproximadamente 800 quilogramas)

atua no centro
de gravidade da viga

40cm

20cm
Solicitações externas

Solução
b) Como carga distribuída linearmente ao longo de seu eixo longitudinal

(cada metro de viga tem 200 quilogramas)

atua ao longo
do eixo longitudinal da
viga

40cm

20cm
Solicitações externas

Solução
c) Como carga distribuída em área considerando esse carregamento agindo em sua
base (área azul claro).

í
10𝑘𝑁/𝑚 ≅ 1,0𝑡𝑓/𝑚
≅ 1000𝑘𝑔𝑓/𝑚 (cada metro quadrado de viga, na área azul, tem 1000 quilogramas)

40cm

20cm
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em área

Exemplo: para a laje de concreto armado abaixo indicada, calcule o seu peso
próprio:
a) Como carga concentrada (ou pontual);
b) Como carga linear no eixo de uma faixa de laje de largura constante;
c) Como carga sobre a superfície da laje

Dado: peso específico do concreto armado ; espessura da laje igual


a 10 cm.
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em área

Solução:
a) Como carga concentrada (ou pontual)
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em área

Solução:
b) Como carga linear no eixo de uma faixa de laje de largura constante
O peso de uma fatia de laje de largura constante, por exemplo, 1m é:

O valor da carga por unidade de comprimento será:


Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em área

Solução:
c) Como carga sobre a superfície da laje
O peso próprio como carga de superfície será igual ao peso total da laje divido pela
área em que o mesmo atua:

Observar que o
volume do
diagrama de carga
sobre a superfície
é igual ao peso
total da laje
Solicitações externas

Carregamentos distribuídos em volume

São ações gravitacionais, inerciais ou forças de origem eletromagnéticas. São


distribuídas no espaço tridimensional. São expressos em unidade de força por
unidade de volume. Não tem maior interesse prático frente aos diagramas de carga
linear e sob superfície. Seu conceito é o mesmo que o de peso específico.
As três leis de movimento de Newton

A mecânica para a engenharia é formulada com base nas três leis de movimento de
Newton.

Primeira lei
Uma partícula originalmente em repouso ou movendo-se em linha reta, com
velocidade constante, tende a permanecer neste estado, desde que não seja
submetida a uma força em desiquilíbrio.
As três leis de movimento de Newton

A mecânica para a engenharia é formulada com base nas três leis de movimento de
Newton.

Segunda lei
Uma partícula sob ação de uma força de desiquilíbrio, “F”, sofre uma aceleração a
que possui mesma direção da força e intensidade diretamente proporcional a força.
Se “F” é aplicada a uma partícula de massa “m”, então:
As três leis de movimento de Newton

A mecânica para a engenharia é formulada com base nas três leis de movimento de
Newton.

Terceira lei
As forças mútuas de ação e reação entre duas partículas são iguais, opostas e
colineares. “Para cada ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”.
Unidades de medida

As quatro unidades básicas (comprimento, tempo, massa e força) não são todas
independentes umas das outras. Estão relacionadas pela segunda lei de Newton
.
Prefixos do Sistema Internacional de Unidades
Cálculos numéricos

Homogeneidade dimensional
Os termos de qualquer equação utilizada para descrever um processo físico devem ser
dimensionalmente compatíveis: “cada termo deve ser expresso nas mesmas unidades”.

Algarismos significativos
O número de algarismos significativos contidos em qualquer número determina a
precisão dele.
Ex: o número cinco mil ( ) pode ser escrito com três algarismos significativos (
), dois ( ) ou um ( ).

Arredondamento de números
Arredondar um número é necessário para que a precisão do resultado seja a mesma
dos dados do problema. Como regra geral, qualquer algarismo numérico maior ou igual
a cinco é arredondado para cima e um número menor ou igual a quatro para baixo.
Exemplos:
76,55 – arredondado para uma casa decimal – 76,6
3,457 – arredondando para duas casas decimais – 3,46
7,653 – arredondando para duas casas decimais – 7,65
1,1275 – arredondando para três casas decimais – 1,128

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