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NORBERT ELIAS: INSPIRAÇÃO PARA UMA SOCIOLOGIA

apresentação da entrevista
RIGOROSA, HISTÓRICA E COMPARATIVA

NORBERT ELIAS: INSPIRATION FOR A RIGOROUS,


HISTORICAL AND COMPARATIVE SOCIOLOGY

Igor Gastal Grill*

Não há dúvidas de que é completamente para atestar a pertinência do documento


desnecessário justificar a presença de Nor- constar neste número. É inconteste a mag-
bert Elias em periódico de qualquer área do nitude das contribuições de Heilbron aos
conhecimento, especialmente das ciências temas abordados nos manuscritos reuni-
sociais. Todavia, gostaria de fazer alguns dos no dossiê, em especial suas reflexões
apontamentos prévios à publicação neste sobre trânsitos e tradições nacionais nas
fascículo da REPOCS, dedicado às Transa- ciências sociais, sobre os significados das
ções de bens simbólicos entre configurações traduções e seus fluxos desiguais, e sobre
nacionais, de versão em português da en- os efeitos das relações “transfronteiriças”
trevista realizada por Johan Heilbron com e da globalização da ciência social, entre
o sociólogo alemão1. outros nos quais considera as condições
Antes de mais nada, o registro de diá- de desequilíbrio nas relações de poder no
logos entabulados entre Elias e Heilbron já plano transnacional2. E, no que concerne às
seria motivo suficientemente convincente formulações de Elias – além do relato da

* Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA, Brasil. E-mail: igorgrill@terra.com.br. ORCID:
http://orcid.org/0000-0002-4581-7212.
1 A versão traduzida foi publicada na revista Actes de la Recherche en Sciences Sociales (2014, n. 205, p.
4-19). Agradecemos a autorização da equipe editorial à tradução, em especial, somos gratos a Heilbron
pelo pronto e amável assentimento a tal disponibilização. Cabe destacar a existência de versões desta
entrevista também em inglês e italiano.
2 Entre muitos outros textos, sugiro alguns que abordam essas temáticas (HEILBRON, 2017, 2015, 2014,
1997). E especificamente para o leitor brasileiro, indico as traduções para o português de dois artigos – nos
quais reflete sobre a ciência social europeia como campo transnacional de pesquisa (HEILBRON, 2012) e
traça, junto com Gisèle Sapiro, um balanço e as perspectivas da sociologia da tradução (HEILBRON; SA-
PIRO, 2009) – e de um livro sobre o nascimento da sociologia na França (2022).

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Norbert Elias: inspiração para uma sociologia rigorosa, histórica e comparativa
sua relação com outras “culturas" e das ex- reivindicação de uma perspectiva de aná-
periências de circulação por diferentes paí- lise processual de sucessões prolongadas
ses –, há, no mínimo, três questões de fun- de configurações históricas, passando pela
do enfatizadas em seus depoimentos3, que defesa de uma sociologia do conhecimento
permitem interfaces com os argumentos capaz de conduzir à emancipação da dis-
presentes nesta coletânea: 1) a busca do ri- ciplina, principalmente de modelos domi-
gor científico possibilitado por uma postura nantes de ciência (como a física) e de cate-
distanciada; 2) o exercício de reflexividade gorias aparentemente universais5 (como a
voltado ao próprio pesquisador e às suas “causalidade”)6.
vinculações com configurações nacionais, Em texto introdutório ao documento,
grupos sociais, esquemas analíticos, instru- Heilbron acentuou que, no momento em
mentos de objetivação, e assim por diante; que Elias forneceu os relatos, ele parecia
e 3) o recurso à análise de processos histó- muito mais interessado e empolgado em
ricos e/ou a abordagem comparativa como expor ao público francês “sua concepção
procedimentos indispensáveis à investiga- de pesquisa e de ciências sociais” do que
ção sociológica. De forma breve, atenho-me em divulgar “seus trabalhos sobre a França
aqui a essas diretrizes. e sobre sua relação com esse país”. Quer di-
Os/as leitores/as familiarizados/as com zer, nas respostas dadas às indagações po-
o raciocínio de Elias não terão dificuldades demos identificar parâmetros (obstáculos a
em reconhecer a proximidade entre as apre- serem superados, desafios a serem encara-
ciações desenroladas durante os encontros dos, rupturas e posturas a serem adotadas...)
e as elaborações recorrentemente expressas que convergem à preocupação do autor do
em várias passagens de diferentes livros Processo Civilizador em colocar no primei-
notabilizados – como Introdução à Sociolo- ro plano seus posicionamentos em nome de
gia (1999), Envolvimento e Distanciamento uma “sociologia bem feita”.
(1997) e Sobre o tempo (1998)4. Nesses, ob- Na narrativa erigida, vêm à tona orien-
servamos desde a desconfiança em relação tações minuciosas e aprofundadas sobre a
ao envolvimento dos cientistas sociais com importância de posicionar o cientista so-
ideologias e agrupamentos políticos, até a cial como parte de configurações sociais

3 Como foi sublinhado por Heilbron na apresentação da entrevista: trata-se da condensação em um só


texto de vários testemunhos oferecidos por Elias em encontros realizados no decorrer do ano de 1984 e
no início de 1985.
4 Para facilitar a procura, o acesso e a leitura do público brasileiro que eventualmente ainda não conhece
as publicações de Elias, optei por citá-las nas versões em português.
5 Embora ainda não traduzido para o português, cabe indicar fortemente a leitura de La dynamique socia-
le de la conscience: sociologie de la connaissance et des sciences (ELIAS, 2016), com prefácio de Bernard
Lahire e apresentação de Marc Joly. Essa publicação comporta um rico conjunto de textos voltados à
sociologia do conhecimento.
6 Elias contou a Heilbron sua discordância em relação à tese de Kant sobre a existência de categorias que
poderiam ser consideradas a priori como universais, quando, na verdade, são conceitos históricos, exem-
plificando-os com a ideia de causa/causalidade.Ver Elias (1997, 1999). Reflexão semelhante sobre a ideia
de tempo pode ser consultada em Elias (1998).

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(formando-as e sendo por elas formados), rianas) favoráveis a condições “modernas”
portanto, submetidos aos mecanismos de de individuação. O segundo e o terceiro
constituição de grupos com os quais estão estão no nível dos “planejamentos”: aque-
envolvidos e/ou identificados, e aos elos de les possibilitados pela gestação e gestão de
interdependências que os enredam. A ên- conhecimentos metódicos e realistas (cien-
fase no olhar distanciado – para Elias um tíficos), que podem fornecer parâmetros à
imperativo ao trabalho sociológico rigoro- ação social (inclusive dos governantes); e
so – ganha tons candentes quando perce- aqueles atribuídos (erroneamente) pelos
bemos a ativação revertida para si mesmo, analistas a indivíduos ou grupos antropo-
em esforço contínuo de auto localização de morfizados, como se a aptidão à racionali-
suas posições e tomadas de posição relati- dade fosse atávica ou natural.
vamente a seus pares e às balanças móveis Justamente em virtude do avanço (de-
de poder no âmbito dos grupos sociais com sigualmente distribuído) da racionalidade
os quais esteve envolvido. Por isso, não há científica (seus padrões profissionais de
dúvidas de que, na entrevista conduzida treinamento e especialização estabelecidos,
por Heilbron, somos brindados com lições suas salvaguardas institucionais e suas for-
ao mesmo tempo despretensiosas e esclare- mas de controle e restrições emocionais),
cedoras de reflexividade. é possível desviar dos problemas de curto
Desta maneira, temos não apenas a prazo ou das necessidades iminentes. É por
oportunidade de fortalecer ensinamentos intermédio dessa sublimação de pulsões
sobre como devemos seguir com afinco o orientadas para questões urgentes e práti-
propósito de “nos distanciar de nós mes- cas (instrumentais ou ideológicas), que os
mos”, de “nos considerar como seres hu- cientistas ganham tanto em capacidade
manos entre outros” e de atentar que somos de apreensão da realidade social como em
“membros” das configurações que exami- “utilidade”, e que neutralizam as motiva-
namos (ELIAS, 1999, p. 13), como tam- ções/inclinações que orientam as estraté-
bém de apreender como essa busca pode gias/planos/cálculos/pertencimentos/aver-
se traduzir na aquisição ou incorporação sões/simpatias imediatas, não alicerçadas
de modos de pensamento vigilante. Nesse na posse de conhecimentos congruentes
ponto, cumpre pensar como Elias combina com a “realidade”.
entusiasmo na capacidade de expansão da Por isso, uma das marcas da convicção
razão científica e seus usos práticos, com sociológica de Elias é a de insistir que os
ceticismo direcionado aos modelos expli- processos históricos não são planejados e
cativos que se apoiam na suposta razão controlados por pessoas ou grupos especí-
instrumental dos atores sociais (individuais ficos, mas sim erguidos nas incertezas dos
ou coletivos). resultados dos desdobramentos interativos
O que aparentemente é um paradoxo e tensos entre indivíduos presos a cadeias
talvez possa ser compreendido a partir da infinitas e opacas de relações. O mesmo se
distinção de três tipos/sentidos de raciona- aplica aos (des)enlaces biográficos tanto tra-
lizações. O primeiro, num plano mais am- mados quanto urdidores dessas dinâmicas.
plo, é relacionado a processos históricos de Tendo isso em vista, é possível identificar
racionalização e codificação das atividades momentos dos colóquios nos quais o racio-
sociais (análogas às demonstrações webe- cínio sociológico, longamente inculcado em

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Elias, desenvolve-se quase em estado prá- 126). Ao reivindicar e justificar a sua pró-
tico, não refletido, possivelmente fruto da pria postura nas fases iniciais da carreira
repetição e do continuado exercício do ofí- acadêmica, as recomendações e repreensões
cio. Tem-se a impressão que ele opera com de Elias relacionadas à exigência de distan-
dimensões incorporadas do seu programa ciamento direcionam-se, mormente, às pe-
de investigação, “espontaneamente” acio- tições de adesões políticas. Se essas solici-
nadas a serviço de explicações das grandes tações de afiliação são variáveis conforme
transformações e estruturações da vida so- os distintos estágios ou contextos históri-
cial. Aqui e ali, nota-se sua alta autoestima cos, elas são singularmente vigorosas nas
como cientista. E são nítidos os momentos circunstâncias em que os instrumentos ob-
em que (não necessariamente de forma ra- jetivos e níveis cognitivos (“civilizatórios”)
cionalizada) parece disposto (em duplo sen- propiciam a interpelação de explicações do
tido) a não racionalizar, a posteriori, seus mundo (baseadas em fantasias/ideologias) e
encaminhamentos individuais como se fos- de causas aprazíveis às autoestimas grupais.
sem projetos pessoais antecipadamente es- Sobre esse ponto, Cristophe Charle
tabelecidos. Ao contrário, Elias, sempre que (2022) se propôs, ao mesmo tempo, proble-
julga pertinente, acautela seu interlocutor matizar o discurso apolítico ou antipolítico
sobre os limites da interpretação das fases de Elias, e situar o contexto político-acadê-
da vida e escolhas pretéritas, nos quais as mico que teria condicionado o autor quan-
condições, oportunidades e categorizações do atuara nas universidades de Breslau,
eram outras. Isto é, não é por acaso que, em Heildelberg e Frankfurt (suas três primeiras
várias respostas relativas às apostas feitas instituições de filiação). Resumidamente, o
ao longo de sua biografia (opções por dis- expoente bourdieusiano da sociologia his-
ciplinas, instituições universitárias, temas tórica dos intelectuais tentou demonstrar
de pesquisa, investimento profissional...) ele que, a despeito de Elias ter voluntariamen-
faz questão de alertar que aquela explicação te colocado entre parêntese ou silenciado
só pôde ser construída “retrospectivamente”. sobre suas tomadas de posição política e
Acrescento a essas reflexões o quanto sobre os impactos das conjunturas sobre
era cara ao autor de Envolvimento e Distan- sua carreira, é possível verificar seu enga-
ciamento a ideia de que o êxito da produção jamento em movimentos políticos, princi-
de conhecimento sociológico é indissociado palmente na luta contra o antissemitismo.
da capacidade dos cientistas sociais em con- O material que ora apresento é, de fato,
seguirem administrar “seus dois papeis, de permeado de referências à vivência como
participantes [de grupos sociais e políticos] judeu na Alemanha (demonstrando a cen-
e de pesquisadores, clara e consistentemen- tralidade que essa condição ocupa na sua
te separados e, enquanto grupo profissional, autoimagem), assim como de situações em
estabelecer em seu trabalho a incontestável que experimentou o sentimento de inferio-
predominância do último” (ELIAS, 1997, p. ridade auto-definindo-se como um outsi-

7 Tema presente não somente no livro Os Estabelecidos e os Outsiders (2000), com Scotson, mas que atraves-
sa toda a “obra” de Elias. Ele aplica a si mesmo essa ideia, comumente acionada nas tentativas de autocom-
preensão ou explicação das posições “marginais” que teria ocupado no decorrer do seu trajeto profissional.

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der7. Porém, diversamente da expressão po- ocidental como homo clausus – entre ou-
lítica de ressentimentos sociais, evidencio a tros “etnocentrismos disciplinares” que for-
preponderância consistente de ecos da ela- jaram a definição fechada do ser humano
boração teórica que Elias acumulou sobre –, isolado em si frente ao mundo dos seres
os diferenciais de poder entre dominantes e das coisas externas, independentes uns
e dominados, e seus efeitos em termos de dos outros, produto e produtor da conheci-
classificações. Há, nitidamente, o empenho da (di)visão sociedade x indivíduo. Em se-
em operar enquadramentos mais amplos gundo lugar, adiciono que, possivelmente,
esboçados sobre dinâmicas e interações so- como efeito da comunicação estabelecida
ciais e suas hierarquizações, acompanha- (de continuidades e superações), Elias te-
dos pela descrição da composição de sua nha acumulado um repositório (ou veio de
família e de toda uma gama de socializa- incorporação) de sólidos conhecimentos de
ções e injunções, que possivelmente teriam fatores conformadores de sua própria es-
condicionado suas escolhas, disposições, trutura/economia psíquica.
competências e apetências. Nesse quesito, Bernard Lahire (2010) produziu insti-
as expectativas e aspirações intelectuais e gante balanço de “dívidas e prolongamen-
profissionais que o pai teria projetado nele tos críticos” (para aludir a outro artigo
merece destaque8. Mas também se expres- dele, no qual ponderou sobre sua própria
sa na discrição quanto a outras dimensões vinculação a Bourdieu) entre Elias e Freud.
pessoais e afetivas não confidenciadas nes- O caminho seguido indica, então, as mui-
te retrato. tas redefinições que Elias opera sobre os
Provavelmente isso guarda relação com conceitos freudianos, historicizando-os e
a influência declarada, bem conhecida e sig- desvelando-os como produtos das intera-
nificativamente retrabalhada em seus textos ções e exigências históricas e socialmente
sociológicos da psicologia e da psicanálise. instituídas10. A influência de Freud no pen-
Notadamente, a importância de Freud9, samento de Elias é declarada na entrevista
em primeiro lugar, como caso exemplar à que segue, assim como deixa igualmente
compreensão da objetivação do “indivíduo” evidente a firme admiração e certa gratidão

8 É quase impossível não voltar à sua brilhante análise sobre Mozart (1994) e colocar em paralelo aspec-
tos comuns (como dimensões explicativas) aos dois personagens como: a posição em falso das famílias
nas respectivas configurações de origem; a busca dos pais por meio dos filhos de uma ascensão que não
podiam alcançar pessoalmente; e o desajustamento (em Mozart e Elias) entre o tipo de produção (musical
e sociológica) que desejam fazer e as condições de recepção.
9 Especificamente sobre seus diálogos críticos com Freud, ver os textos reunidos em Elias (2010).
10 Vale citar, como exemplo, a aproximação da ideia de “recalcamento social” à de denegação, que a
psicanálise freudiana define, grosso modo, como recusa de reconhecer a realidade de uma percepção trau-
matizante. Em A solidão dos Moribundos, Elias propõe situar como o recalcamento da morte ocorre indis-
sociadamente no nível individual e social. O mesmo tipo de conexão pode ser verificado na relação com
Kant. Especificamente sobre os limites da ideia de tempo em Kant (ELIAS, 1999), para o qual ele é, a priori,
como um dado fixo do entendimento humano, descolando-o, portanto, da atividade e experiência humana,
das interações dos indivíduos entre si e com o mundo não humano. Reificação/substancialização da cate-
goria que obstrui a possibilidade de compreendê-la como expressão de uma realização humana sintética.

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por Mannheim. No entanto, ao menos en- sobre como construiu seus objetos, clarifica
tre os cientistas sociais franceses, segundo como pesquisas foram transformadas (ou
Lahire, Elias é mais recorrentemente asso- não) em livros11 e recorda seus insights ao
ciado a Weber. observar comportamentos (como as percep-
Essa influência transparece na sal- ções sobre a forma de falar e de andar em
vaguarda da separação entre “ciência” e diversos países).
“política” tão próxima àquela predicada Uma das pesquisas de referência é sem
por Max Weber. Apesar dos parcos crédi- dúvida A Sociedade de Corte (2001a) 12,
tos diretamente conferidos a ele (ao con- cuja edição francesa conta com o céle-
trário daqueles destinados ao seu irmão e bre prefácio de Roger Chartier13. O his-
viúva), a referência que Elias faz ao or- toriador francês caracteriza muito bem
gulho sentido por participar da “atmos- a face histórica do projeto sociológico
fera de Heidelberg” – onde “a lembrança de Elias. Nos seus argumentos, Chartier
de Max Weber persistia” e tinham “a ar- afirma que Elias se distingue dos his-
rogância de acreditar que estávamos no toriadores por acreditar que eles estão
melhor lugar possível” –, parece ser um presos a crenças que os levam a: bus-
bom indicador do peso do pensamento car “um caráter único para os aconte-
weberiano sobre ele e seus círculos de cimentos que estudam”; postular que “a
contemporâneos. E, afora todas as com- liberdade do indivíduo é fundadora de
patibilidades epistemológicas, teóricas e todas as decisões e atos voluntários”; e
analíticas, sempre recuperadas pelos co- remeter “as evoluções principais de uma
mentadores do “autor" e da “obra", creio época às livres intenções e aos atos vo-
que a abordagem histórica, particular- luntários daqueles que têm força e po-
mente do processo de formação do Estado der”. Às incorreções de um entendimento
moderno ocidental em uma certa direção, da história calcado em indivíduos “livres
é um demarcador igualmente significativo e únicos”, Elias contrapõe e sustenta o
dessas aproximações. caráter crucial da investigação dos pro-
Em distintos momentos das conversas cessos de longa duração, condicionados
entre Elias e Heilbron reaparecem as pistas por “posições que existem independen-
de um programa para uma sociologia his- temente deles”, assim como por “depen-
tórica com ênfase comparativa. Especial- dências que regulam o exercício de sua
mente quando Elias explana didaticamente liberdade” (p 7).

11 Além dos livros conhecidos, menciono também a análise de Elias sobre a Sociogênese da profissão na-
val (como é marca da sua produção, segundo explicitado na entrevista, essa pesquisa não foi concluída).
Ver Elias (2006a).
12 Originalmente escrito, no início da década de 1930, como tese de habilitação orientada por Karl Man-
nheim, conforme salientado pelo próprio Elias na entrevista concedida a Heilbron.
13 Heilbron identifica o lugar central de Chartier, em meados dos anos 1980, para a apropriação na França
da obra de Elias por seu viés original, o sociológico, e não como “precursor da história das mentalidades",
como vinha sendo lido graças à importação feita por historiadores e jornalistas naquele país. Para mais
detalhes sobre a recepção de Elias na França, ver Joly (2012).

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A dimensão histórica e voltada à ex- disputados no eixo Europa ocidental-Amé-
ploração de dinâmicas em diferentes con- rica do Norte se impõem (...) como cânones
figurações confere ao projeto de Elias um determinantes aos modos de agir e de pen-
pilar comparativo resistente, que Chartier sar nos mais diversos pontos do ‘globo’”.
(2001a) sistematizou com prolongamentos Como é possível depreender a partir da
em três escalas: 1) ao distinguir uma mes- entrevista de Elias, as guerras o impacta-
ma forma social (no caso, “a sociedade de ram fortemente e parecem tê-lo emulado a
corte”) constituída em configurações histó- tratar da questão da violência entre grupos
ricas passíveis de serem cotejadas (como a e das ameaças que representam uns aos ou-
França, a Inglaterra e a Prússia); 2) ao ca- tros. De forma arguta, ele refletiu sobre os
racterizar essa mesma forma social no in- limites implicados nas autoimagens da na-
terior de sociedades bastante afastadas no ção alemã e de sua classe dirigente, assim
tempo e no espaço (como as europeias e as como sobre o sentimento de superioridade
asiáticas); e 3) ao contrastar, por fim, essas intelectual e política que ele e os colegas
formas sociais com outras que lhe antece- de Heidelberg e Frankfurt nutriam, e que
deram ou sucederam (a exemplo da contra- provinha de suas identificações acadêmicas
posição entre as funções, comportamentos e partidárias14. O exercício reflexivo é apli-
e sentidos “nobres” ou “aristocráticos” com cado segundo a tese conhecida: os indiví-
aqueles emergentes com a progressiva afir- duos, ao partilharem de uma ideia positiva
mação dos “burgueses”). do “nós” e o sentimento de serem portado-
Ao frisarem a “observação das varia- res de um carisma distintivo, podem produ-
ções relativas aos contextos”, situados em zir espirais de violências de toda ordem. E
“cadeias de interdependências múltiplas e quando esse sentimento é alimentado pelos
opacas” que interligam Estados-nações, próprios cientistas sociais, esses perdem a
Reis e Pulici (na apresentação deste fascí- capacidade de compreender a “realidade
culo) destacam que “a maioria dos artigos social” e de contribuir para controlar seus
disponibilizados (...) aborda a configuração resultados deletérios15.
brasileira como constituída, desde a sua Na verdade, há vários elementos con-
gênese, por ingerências e acordos com ele- textuais comumente mencionados como
mentos exógenos (representantes, institui- tendo, de algum modo, contribuído à ca-
ções, ‘causas', artefatos culturais, princípios pacidade de distanciamento no tratamento
de classificação, apreciação e prescrição, das identidades nacionais – são comumen-
etc.)" (2023, p.237). E realçam que os tex- te citadas as vinculações conflituosas, di-
tos revelam “dinâmicas em que produtos e lemáticas, precárias, que Elias estabeleceu
princípios de hierarquização advindos ou nos países pelos quais circulou antes da

14 Sobre o período de atuação de Elias nesses dois grandes centros intelectuais alemães e a influência na
sua carreira e produção, ver Previatti (2018), que participa desse dossiê.
15 Como foi advertido em Os Alemães (1997), uma das principais dificuldades para se tratar de temáticas
como o nazismo e o holocausto é justamente a carga de envolvimento emocional que elas suscitam, ainda
mais para alguém que teria sido uma “testemunha ocular dos acontecimentos”.

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sua consagração intelectual16. A questão mundo “civilizado" são direcionados des-
é que essa circulação decerto contribuiu de a produção e consumo de bens cultu-
no delineamento de todo uma agenda, ao rais os mais variados, até às atividades que
mesmo tempo, sobre a sociologia da socio- permitem a atualização direta de afronta-
logia e das relações internacionais. mentos físicos como esportes, passando
Elias se esmerou em explicar, de um por embates discursivos (mais ou menos
lado, as razões do desconhecimento dos codificados ou regrados, como nos domí-
processos e das relações que tornam os se- nios científico, jurídico e político) entre
res humanos mutuamente perigosos e vio- interlocutores em posições simétricas ou
lentos e, por conseguinte, a impossibilidade assimétricas.
de manejá-los/revertê-los. De outro lado, O que Elias denominou como concep-
para entender como os aspectos emocionais ções ou imagens etnocêntricas funcionaria
e fantasiosos estão na raiz das rivalidades, como um potente obstáculo à compreensão
inimizades e agressões recíprocas, incluin- das relações entre nações. Nesse sentido,
do aquelas estabelecidas entre nações. dois trechos de produções dele, que datam
Podemos resgatar que as transforma- de 1970, já sinalizavam os desafios que as
ções do Estado Ocidental marcaram a pau- ciências sociais viriam enfrentar nesse ter-
latina “sublimação das pulsões agressivas” reno. No primeiro afirma: “Presentemente,
que eram extravasadas pelo uso direto e ainda mal começou a esboçar-se a concep-
privado da violência física. Os comporta- ção da nossa própria nação como sendo
mentos sociais e a economia psíquica dos uma entre muitas outras interdependentes
indivíduos passaram progressivamente a e a compreensão da estrutura das configu-
serem direcionadas às atividades esporti- rações que todas formam” (ELIAS, 1999, p.
vas e culturais (ELIAS, 2010; ELIAS, DUN- 31). Em outro, assevera que o plano nacio-
NING, 2019). Ou seja, outrora as questões nal não poderia ser visto como derradeiro
simbólicas (como a honra) deveriam ser movimento de integração social e que esse
resolvidas com soluções brutais (como momento de formação dos Estados-Na-
os duelos). Ao passo que, no decorrer do ções, com suas dinâmicas próprias, poderia
tempo, cada vez mais contenciosos de- “dar vez a uma nova integração, em nível
vem ser tratados com soluções simbólicas. pós-nacional, mais elevado, cujo começo
Sem abdicar totalmente dos ensinamentos podemos ver, por exemplo, na Europa oci-
de Freud, como comentei anteriormente, dental e na oriental, entre grupos de esta-
Elias pondera que as pulsões ou libidos dos árabes e com alguns estados africanos”
frustradas pela autocontenção imposta no (ELIAS, 2006b, p. 165)17.

16 Erik Neveu (1991) lembrou de aspectos complementares da biografia do autor, como o fato de que ape-
sar de alemão de origem, ser duplamente periférico, por conta de ter nascido em Breslau e ser judeu. Refu-
giado na França, teria sido mal acolhido inicialmente, assim como aconteceu na Inglaterra. Esses e outros
elementos podem ter incidido sobre a postura não envolvida do autor a respeito das realidades nacionais.
17 É bom lembrar que Elias antecipava algo que ele desenvolveu melhor em outros momentos, notada-
mente em A condição humana (1992); livro publicado por ocasião do quadragésimo aniversário do fim
da segunda guerra mundial; e em argumentos que constam em Envolvimento e Distanciamento (1997).

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Norbert Elias: inspiração para uma sociologia rigorosa, histórica e comparativa
Em que pese a diligência original ser depoimento aqui traduzido, ele transita en-
outra, com Elias podemos pensar nesse ní- tre esses níveis para expor o seu trajeto à
vel de integração mais elevado (transnacio- luz de estruturas sociais mais amplas e seus
nal) para prescrutar as “transações de bens equilíbrios de tensões, e vice-versa.
simbólicos entre configurações nacionais”, Do mesmo modo, Elias pontuou uma sé-
tema deste dossiê. Não é aleatório o seu lu- rie de questionamentos relevantes ao uso
gar proeminente na (re)afirmação de uma controlado/crítico das técnicas estatísticas.
sociologia atenta aos processos históricos, Diante de todo o aperfeiçoamento dos pa-
às invenções e ao cotejamento de tradições cotes de cruzamentos de informações/da-
nacionais europeias. Como sublinhei, essas dos e o novo momento do alto e crescente
preocupações podem ser localizadas desde grau de envolvimento, nas últimas décadas,
a primeira versão de A sociedade de corte, em que muitos sociólogos e cientistas po-
sem deixar de mencionar o impacto da sua líticos aderem a técnicas de quantificação
passagem por Gana, onde lecionou por dois e/ou linguagens científicas importadas da
anos e fez pesquisas, sobretudo sobre arte física (que aparentam distanciamento ob-
africana. Essa foi uma experiência que Elias jetivista), vale lembrar que Elias prevenira
classificou como indispensável, entre outras sobre as limitações que esses procedimen-
razões, porque permitiu: 1) reforçar sua in- tos poderiam trazer à apreensão das confi-
tuição sobre as diferenças da formação do gurações mutáveis de pessoas. Ele afirmou:
eu e do super-eu em distintas sociedades; 2) “as exigências da estatística muitas vezes
cotejar variações entre as sociedades quan- ditam o modo como os sociólogos põem as
to aos estados de insegurança psíquica e a suas questões” e “se a sociologia tem de in-
busca de potências invisíveis; 3) comparar vestigar os processos configuracionais que
a arte africana, a arte tradicional do século se assemelham a jogos complexos, então os
XIX ou do Renascimento e a ativação das apoios estatísticos terão de ser desenvol-
emoções (ELIAS, 2001b, 76-81). vidos de acordo com esta tarefa” (ELIAS,
Outro eixo a ser valorizado neste nú- 1999, p. 144). Em outros termos, o trans-
mero da REPOCS, segundo Reis e Pulici plante dos instrumentos de objetivação en-
(2023, p. 225), são as “variadas escalas e tre as ciências não é dificultado somente
ferramentas de análise” mobilizadas pe- por conta do “número de partes, variáveis,
los colaboradores “com objetos muito bem fatores ou condições interagentes, mas
construídos e operacionalizados”, assim também pela maneira como os constituin-
como na “riqueza de alternativas de recor- tes dessas unidades estão conectados entre
tes, procedimentos metodológicos (morfo- si” e pela “extensão da interdependência de
logias, quadros sinópticos, correlações es- seus constituintes” (ELIAS, 1997, p. 135).
tatísticas, etnografia, cartografia, estudos No outro extremo, Elias foi substancial-
de trajetórias e de redes...) e materiais (en- mente inventivo quanto ao uso de materiais
trevistas, documentos institucionais, publi- diversos de cunho qualitativo no âmbito
cações, imagens...)”. Nesse quesito, revisitar da sociologia, operando de modo original
Elias parece muito profícuo, pois ele partiu e de acordo com o esquema orientador da
tanto da escala individual como das con- construção de seus objetos. Entre muitos
figurações mais amplas, sempre alertando exemplos, podemos assinalar: a utilização
para a complementaridade entre elas. No de verbetes e ilustrações da Enciclopédia

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Norbert Elias: inspiração para uma sociologia rigorosa, histórica e comparativa
no livro A sociedade de Corte (2001a) para dores. Contudo, as conexões estão por toda
entender princípios de hierarquização e de a parte, para que todos as vejam, desde que
distinção entre as formas de habitação; a tenhamos uma perspectiva de longo prazo e
forma como trabalhou com entrevistas e concentremos a atenção nas relações de po-
observações in loco, junto com John Scot- der mutantes entre diferentes grupos sociais.
son em Estabelecidos e Outsiders (2000) (...) A noção de que os problemas socioló-
para apreender variações individuais de gicos do nosso tempo e os do passado po-
crenças padronizadas; os procedimentos dem ser estudados, como vinham sendo, em
de análise dos quadros de Watteau como compartimentos separados, por diferentes
representação pictórica de uma utopia, e disciplinas acadêmicas, é altamente errônea.
dos condicionantes históricos que pesaram (ELIAS, 2006, p. 164-165).
sobre a avaliação do bem artístico (ELIAS,
2005); ou ainda o modo como explorou li- Processos históricos e comparações sem-
vros de etiqueta (e as variadas edições) em pre estiveram no cerne do modelo teórico
O Processo Civilizador (1990a;1990b), re- eliasiano, que pode iluminar a compreen-
latado na entrevista. Essas fontes estão es- são de configurações que transbordam as
quadrinhadas e relacionadas aos perfis dos fronteiras nacionais. Esse é o esforço das
seus produtores e aos contextos de produ- colaboradoras e colaboradoras/es do dos-
ção e de recepção. siê acolhido na REPOCS. Sempre levando
Ademais, pode-se afirmar que a ver- em conta a exigência de estarmos dispos-
satilidade e a competência no manejo de tos a cultivar o distanciamento em relação
fontes se devem muito à sua “concepção de aos nossos pertencimentos e valores mais
ciências sociais”, absolutamente refratária enraizados, o que todavia só é possível,
à divisão disciplinar. A passagem, a seguir, como lembrou Elias, se conseguirmos de-
em texto que resume o ponto de vista ado- senvolver mecanismos coletivos de contro-
tado para a investigação de processos de le de nossos envolvimentos, assim como
formação do Estado-Nação, exemplifica a de modos de treinamento cada vez mais
multidimensionalidade de seu programa especializados. É tarefa árdua, que exige o
de pesquisas, sempre atento aos níveis de crescimento contínuo e cumulativo de um
integração a serem apreendidos pelos cien- capital de conhecimento científico, da au-
tistas sociais: todisciplina de cada pesquisador/a e a di-
minuição máxima possível da margem para
[...] talvez eu tenha tornado claras algumas que fantasias egocêntricas ou etnocêntricas
das conexões entre eventos que frequente- floresçam em nossa profissão e em nossas
mente são divididos e classificados sob dife- discussões (ELIAS, 1999).
rentes rótulos acadêmicos, Partidos políticos Nesse processo de invenção de uma
e mesmo nações podem não parecer objeto nova forma de fazer sociologia, o contro-
de preocupação dos sociólogos, classes so- le/vigilância/crítica entre os pares é parte
ciais podem não ser tratadas como elemen- fundamental do processo. E as/os autores/
tos de interesse para os cientistas políticos, as que compõem esta coletânea têm tentado
enquanto a industrialização pode ser vista caminhar nessa direção.
como um domínio dos economistas e os Es-
tados dinásticos, como terrenos dos historia-

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Norbert Elias: inspiração para uma sociologia rigorosa, histórica e comparativa
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