UNIVERSIDADE FEDERAL DO
MARANHÃO
CAMPUS BACABAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM
LETRAS
DISCIPLINA: LITERATURA
BRASILEIRA I
DOCENTE: LUZIANE DE SOUSA
FEITOSA
DISCENTES: MARIA EDUARDA E
ELANE RODRIGUES.
ATIVIDADE LITERATURA
BRSILEIRA I
01 Aculturar também é sinônimo de
traduzir. Por quê? Com isso ocorreu de
início?
Ao pensar no termo “aculturar”
sabe-se que faz referência a um
sujeito ou um grupo de sujeitos que
conseguiram se adequar a uma outra
cultura. No texto, trazendo a citação
“Aculturar também é sinônimo de
traduzir”, pode-se relacionar ao
modo como o Padre José de Anchieta
iria “educar” religiosamente os
indígenas, foi utilizando palavras no
tupi e relacionando-as com figuras
cristãs que ele poderia compartilhar o
cristianismo.
02- O projeto de transpor para a fala do
índio a mensagem católica demandou
esforço? Como isso ocorreu no
princípio da colonização?
Sim, a princípio o padre, que era
responsável por difundir a religião
branca, tomou elementos simbólicos
indígenas para trazer á realidade
cristã. Então, de alguma forma ele
desmembrava a história e tradição
desses termos para adequá-los á sua
narrativa: de um Deus único que
ressuscitou e virá levar os pecadores
ao inferno. Propôs até a separação do
Bem e do Mal que era desconhecida
nas tribos.
03- Esse projeto de transposição teve
entraves, entre eles os paradoxos
cristãos. Explique o porquê.
Na tentativa de “educar” os nativos
por meios das escrituras cristãs, o
padre José de Anchieta utiliza das
palavras tupi para relacionar com as
figuras cristãs para impor sua
religião, porém ao fazer isso, ele
encontra óbices, por que ao tentar
compartilhar os textos, ele se utiliza
de homologias entre as duas línguas,
porém o resultado de valor fica
desigual. As formas de analogias não
se encaixam e acabam ficando
desiguais como aponta o texto “ a
nova representação do sagrado assim
produzida já não era nem a teologia
cristã nem a crença tupi, mas uma
terceira esfera simbólica, uma espécie
de mitologia paralela que só a
situação colonial tornara possível”.
04 O maniqueísmo, inexistente entre as
tribos, ganha força e leva-os a uma
violenta separação. O que os
catequizadores fizeram para tal?
Tiveram êxito?
Com a relação formada entre as
crenças cristãs e indígenas – e que
construíram uma nova esfera
simbólica -, percebeu-se que não
existia essa separação entre bem e
mal nas tribos tupis, algo que é
fundamental aos cristãos, tanto que
nessa relação houve incoerências,
como no fato de Tupã ser dado como
um “Deus do Bem” mas que na
cultura tupi ele adotava a figura de
deus do trovão, remetendo à
destruição. Assim, para destacar mais
o maniqueísmo, os catequizadores
instigaram medo nos indígenas,
afirmando que o batismo salvariam
suas almas da ira de Deus que
destruiria tudo e todos, e também por
meio de uma poesia encenada que
colocaria Tupi-Deus contra Anhanga-
Demônio, demonizando os ritos
indígenas. De certo modo tendo êxito
já que Anchieta chega a narrar um
acontecimento com um dos anciãos
que “escolheu” o batismo, escolheu o
Bem.
05 Os “maus hábitos” indígenas eram
combatidos ou seria possível conviver
com eles? Quais eram esses hábitos?
Como os catequistas se portavam diante
dessa questão?
Não seria possível conviver com os
maus hábitos indígenas, visto que
contrariava os dogmas cristãs.
Esses maus hábitos eram
antropofagia, a poligamia, a morte dos índios por espíritos maus,
embriaguez pelo cauim e a inspiração
do fumo queimado nos maracás. Os
colonizadores enquanto povo cristã,
desprezavam essas atividades, viam
nelas a mão de Satanás .
06 Um recurso do teatro antigo é usado
nas encenações teatrais, o deus ex-
machina. No que consiste? Quais
efeitos?
Esse recurso teatral consiste na figura
de um salvador, que chega
inesperadamente para solucionar
uma complicação. Trazendo esse
conceito para o contexto de batismo
dos indígenas, ao demonizar os ritos,
o indígena era colocado como um ser
possuído que viria a ser salvo pelo
padre, acompanhado dos
ensinamentos cristãos.
07 Os tupis prestavam culto organizado
a deuses e heróis? Isso é, não temiam a
nenhuma entidade? Justifique.
Diz-se que não, porém ao pensarmos
no contexto sabe-se que os
missionários ligavam esse não culto a
não adoção de uma crença, dando
liberdades a eles para pegar as
narrativas tupis e adequá-las às
figuras cristãs. Referente ao medo
quanto à alguma entidade, Anchieta
cita que eles temiam algo e que por
isso deixavam objetos como oferta a
essa “coisa maligna”.
08 As observações tanto dos
missionários como dos cronistas é, em
geral, a mesma. O que é consenso entre
eles em relação aos “nativos”?
A ordem das observações tanto dos
missionários como dos cronistas é, em
geral, a mesma eles negam
redondamente a existência de religião
entre os tupis, referem o medo aos
trovões que seriam tomados como
uma manifestação de uma divindade,
Tupã, narram casos de perseguição e
Anhanga ejuripari, identificados com
demônios, enfim, reportam-se a
influência dos pajés e dos caraíbas.
09 O culto dos mortos era recorrente
entre os indígenas? Justifique.
Sim. Ao contrário da igreja católica
que tinha seus dogmas ligados ao
nascimento e surgimento dos seres e
coisas, as religiosidade simbólica
indígena estava no culto aos mortos, o
que explica os rituais e danças que
foram tão demonizados pelos jesuítas,
que objetivavam o aumento das
forças emitidas pelo corpo dos
inimigos, mas que serviam como
identidade ao grupo.
10 E a antropofagia? No que consistia
de fato?
Consistia em um ritual de devoração
do inimigo, onde esse ato significava
um bem substancial para a vida da
comunidade, sendo um ato de teor
eminentemente sacral que dava a
quantos o celebravam nova
identidade e novo nome.
11 O medo seria importante arma nesse
cenário, por quê?
Por que os colonizadores
demonizavam esses rituais, e afim de
evitá-los, impunham medo nos
indígenas, lhes dizendo que era
cerimônias do demônio e que suas
almas iriam queimar.
12 No texto há relato de resistência dos
indígenas, ou seja, de ataques aos lusos?
Como procederam, os colonos?
Não, pois os portugueses detinham de
uma tecnologia superior, abastecidos
não de argumentos baseados na
teodiceia, mas de soldados e canhões.
13 Como se dava a relação com o
transcendente na liturgia cristã
europeia? Era possível agir nesses
termos aqui?
A liturgia cristã europeia seguia o
monoteísmo, e a transcendente
consistia na leitura direta da Bíblia,
sem interrupções. Ao chocar esse
estilo de pregação com a cultura
africana e americana foi impossível
continuar agindo da forma europeia,
por essa razão os jesuítas tiveram que
adequar o cristianismo à religiosidade
indígena e africana, fazendo uso dos
objetos sacramentais como terço,
água benta, santinhos e outra
infinidade de materialidade simbólica
valorizando essas práticas nada
comuns a liturgia europeia cristã.
14 O texto afirma que “as flechas do
sagrado cruzaram-se”, inclusive esse é o
título do texto. O que isso quer dizer?
O embate entre o cristianismo e a
religiosidade tupi, houve um choque
entre a realidade intelectual europeia
com as práticas animistas - aquelas
ligadas aos elementos da natureza -,
desenvolvidas pelos indígenas. Pode-
se fazer uma relação entre flechas
com guerra, já que o objetivo dos
jesuítas era acabar com os ditos “ritos
satânicos” utilizando-se de sua força,
obviamente desproporcional aos
nativos, para ganhar e assim
extinguir a religiosidade tupi.
15 Apesar disso, é possível afirmar que
na colônia “Brasil” houve um processo
mais sensível, mais dúctil e mais
terrenal? Por quê?
Sim, pois em comparação com o
puritanismo aplicado ás colônias
europeias, os ibéricos faziam uso de
imagens que ligariam a pessoa á
divindade, por meio de anjos e santos,
que são almas mortas intervindo a
favor dos vivos. Essa relação com a
morte pode ser associada ao Culto
dos Mortos pelos tupis, o que explica
esse aspecto sensível, dúctil e terrenal,
além de também a utiização de
objetos sacramentais para tornar
acessível o ensino da doutrina cristã.
16 Ocorreu eventos intrigantes em
relação a figura do diabo, “A figura do
diabo é animalizada em mais de um
passo”? De que maneira?
Todos os animais que causavam medo
e nojo nos europeus era relacionado
ao diabo, isso é justificado quando
diz-se que os espíritos malignos se
escondem na selva e pântanos e saem
á noite em formato de animais, que
podem ser desde a cobra até o rato,
morcego, gavião, com o objetivo de
penetrar a alma dos homens.
17 Qual o tema central da peça "O
pelote domingueiro"?
Tem como tema central a vinda de
Cristo, reafirmando sua presença e
sua função no mundo enquanto seu
salvador. Fala sobre a encarnação e a
Crucificação de Jesus, o autor utiliza
da figura de Adão como alegoria a
Encarnação de Cristo, faz-se a
representação da figura de Adão,
como moleiro,e esse tipo de
representação busca colocar o
moleiro/ Adão no esquema da história
do mundo, proporcionando a esta
figura uma maior presença efetiva.
18 O que é alegoria? Qual o exemplo
mais coerente do processo alegórico
trabalhado por Anchieta?
Alegoria é entendida por fazer uso do
simbólico para apresentar ideias e
conceitos sem se prender ao seu
sentido literal, um método de dizer
fixando-se no abtrato. O processo
mais coerente foi o auto “Na Vila de
Vitória”, que nele fazia uso de porta-
vozes, não de personagens, para
transmitir os ensinamentos cristãos.
As vozes como o Governo, o Amor de
Deus, a Ingratidão, discursivizavam
moralmente com o objetivo de
resolver questões políticas da época.
19 A alegoria exerce um poder singular
de persuasão. Como isso se dá? Quais
seus efeitos?
Na alegoria é usado o simbólico para
explicar conceitos e ideias, em “Na
Vila de Vitória” é utilizado artefatos
morais que relacionam religião e
política para explicar o cenário o qual
estavam situados, causando um efeito
de reconhecimento nos
telespectadores. É tudo visto pelo lado
alegórico-político mas que demonstra
a relação de interesse e poder da
Igreja.
20 Duas linhas de formação poética se
combinam para dizer o sentimento de
intimidade com o divino. Quais são? No
que consistem?
A primeira linha é a prática de
símbolos tomados à vida cotidiana,
que consiste em uma tentativa de
busca da relevação do divino, através
de uma nomeação de sua áurea. A
Segunda, a proliferação da linguagem
místico-efusiva, busca atalhar o mais
rapidamente possível os percursos
que separam os meios significantes do
fim, e se lança impaciente à projeção
das pulsões afetivas.São poemas que
dispensam o uso de correlatos
simbólicos (o fogo, a comida, a
bebida) e procedem a uma operação
dialógica na qual é o ímpeto dos
afetos que identifica o eu do
enunciado.
21 “O fora dominando o dentro”, a pura
exterioridade, esse foi um dos caminhos
adotados. Como isso se dava?
Os missionários que pregavam o
cristianismo para o povo tupi,
denominavam suas praticas rituais,
como obra do demônio, e a figura do
diabo era vista como algo exterior ao
índigena, e se apossava dele a partir
da celebração dos ritos, ou seja, o
fora dominando o dentro.
22 O caso de Anchieta parece exemplar
porque se trata do nosso primeiro
intelectual militante. Isso marca uma
dicotomia entre o homem culto europeu
e o homem na colônia. Por quê?
Porquê enquanto homem culto
europeu ele viveu a serviço de sua fé
como apóstolo, e enquanto homem
na colônia utilizou-se dela como
mecanismo de controle de um povo.