Saudação: Bom dia a todos presentes, desde de já agradeço aos meus
professores da faculdade, ao meu orientador, professor doutor João Cortese,
por me guiar ao longo do trabalho.
O objetivo geral do trabalho consiste em analisar o niilismo
nietzschiano e suas consequência na contemporaneidade, buscando-se compreender o que Nietzsche observou como niilismo e como isso influência na contemporaneidade, além de buscar as possíveis ramificações que o próprio autor classificaria, buscando resolver a problematização do niilismo através das ideias concebidas pelo próprio autor, se baseando no problema chave sobre: de qual foi o impacto do niilismo e as consequências que ressoaram na hoje em dia? Objetivo especifico do trabalho, consistindo, primeiramente em expor e compreender o niilismo de Nietzsche, que posteriormente foi classificado por Gilles Deleuze, já que o próprio Nietzsche não sistematiza a sua filosofia, somente depois com Deleuze que temos a classificação do niilismo nietzschiano; Nietzsche concebe dois aspectos do niilismo, o negativo e o reativo. Deleuze, ainda encontra na obra de Nietzsche mais dois aspectos, o niilismo passivo e por fim o ativo. Significado do niilismo: Antes de falar sobre o niilismo, primeiro é importante entender o significado do mesmo; O niilismo apresenta dois significados possíveis, primeiro e talvez o mais comum, é a negação de valor, ou seja, o niilismo assume aqui o valor de nada, ou nada de valor, este é bastante presente nos romances de Dostoievski. Segundo trada- se de uma reação contra a vida em nome de ideias suprassensíveis, ou longe da mesma, este é o que devemos ter em mente, e qual Nietzsche tinha em sua filosofia. Niilismo negativo: o primeiro estágio do niilismo é o negativo, pois nega o mundo da imanência, em nome de outro suprassensível. Nietzsche diz: “Se se põe o centro de gravidade da vida, não na vida, mas no ‘além’ – no nada -, tirou-se da vida toda gravidade […] Viver de tal modo, que não tem mais nenhum sentido viver”, (Nietzsche, 2016, AC/AC, § 43, p. 44). Platão é o primeiro a fazer isso, pois concebe um mundo perfeito, imutável, superior, onde a ideia de sumo bem se encontra por si mesmo (o mundo das ideias), e outro mundo, imperfeito, mutável, inferior, este é apenas um reflexo do outro, incompleto. Ao passo que para Nietzsche, o cristianismo não é nada mais, nas palavras de Nietzsche, um cristianismo para massas. Ainda assim, jogo o valor da vida no paraíso com Deus.
Morte de Deus: mas isso muda, pois o evento fundamental da
modernidade é a Morte de Deus. Em Nietzsche, a Morte de Deus não tem significação de um enunciado metafísico sobre a existência ou não de um ser superior. O anúncio do homem louco, “Deus está morto”, significa um abalo metafisico, uma perda total de sentido, de toda finalidade, ocasionados pelo afastamento da fonte divina dos valores que são forneciam por um sentido fora do mundo sensível. A morte de
Deus anula o dualismo entre mundo sensível e mundo suprassensível.
O século 18 é considerado uma virada importante, pois na medida em que os valores metafísicos são postos em xeque, surge uma novo estágio do niilismo.
Niilismo reativo: o niilismo reativo, é a reação da morte de Deus, ou
seja, é a reação da derrocada dos valores metafísicos, aqui a valor que deve estar na vida, passa a estar em novos ideias, como o cientificismo, as ideologias políticas, ou no imperativo kantiano. Vemos que o ciência não acredita mais nos ideias metafísicos, mas ainda acredita em uma verdade absoluta, o cientista ainda é dogmático, pois ainda acredita que a ciência possa explicar tudo, e encontrar uma verdade absoluta, vale ressaltar que não é um problema o avanço cientifico, mas sim, tratar como se fosse único e absoluto, Nietzsche antes de tudo, é um filosofo antidogmático, Marton mesmo diz que Nietzsche é um filosofo da suspeita. Aqui vai ressaltar o que Nietzsche diz: "matando a aranha, mas continuamos bebendo o veneno", no sentido de, deixamos de acreditar na possibilidade de fazer metafísica, mas ainda necessitamos dos ideias metafísicos. Kant é bem claro em relação a isso, em seus dois livros, critica da razão pura e critica da razão pratica. Sobre as ideologias políticas, Nietzsche destaca que o novo idealismo é o ideal de progresso, passamos agora a viver no futuro. Niilismo passivo: o terceiro estagio do niilismo é o niilismo passivo, cuja qual Schopenhauer é um dos representantes. Esse deslocamento de perspectiva de Nietzsche em relação a Schopenhauer, se dá, pois o filosofo faz à vontade como conceito de tudo, usa como essência. Assim, o que Schopenhauer faz, não é criar valores a partir da vontade, mas sim, usa-a para torná-la a essência geral das coisas. Portanto, ao colocar a vontade como conceito de tudo, ele continua a viver em um mundo ilusório, feito de aparência e representação. Nietzsche percebe que o problema do niilismo é a falta de sentido na existência do indivíduo, pois se tirarmos da vida o mundo das ideias ou tudo o que está no além, não restará nada. O niilismo passivo é a vontade do homem em querer o nada, encontra-se em um estado de inanição, incapaz de ir além disso mesmo. Niilismo cientifico religioso: Todos os niilismo adiante, estarão de acordo com a morte de Deus proclamada pelo homem louco. No século XXI temos uma nova religião surgindo, Harari explora bem isso no livro Homo Deus. Como os antigos ideias deixam de fazer sentido, o homem no século XXI começa a dar um novo significado para as coisas, a vida agora passa a ser fluxos de algoritmos bioquímicos e tecnológicos, agora “o universo consiste num fluxo de dados e o valor de qualquer fenômeno ou entidade é determinado por sua contribuição ao processamento de dados”. A ideia é que está surgindo uma nova religião, o dataísmo, começa com uma teoria científica neutra, mas hoje está em mutação para se tornar religião que se arvora a determinar o que é certo e o que é errado. O supremo valor desta nova religião é o ‘fluxo de informações’. Se a vida é informação em movimento, e se achamos que a vida é boa, deveríamos estender, aprofundar e disseminar o fluxo de informações no universo. (HARARI, 2016, p. 383).
Niilismo como entorpecimento da vida: mais para frente do trabalho,
destaco o niilismo como forma de entorpecimento da vida, utilizo como base a frase de Freud para isso, ele diz: “é impossível enfrentar a realidade o tempo todo sem nenhum mecanismo de fuga”, tal mecanismo esse que impossibilita a vida de ser como ela deve ser, aqui nos refugiamos, reagimos a falta de sentido causado pela morte de Deus, com os amores líquidos, que só servem como passa tempo, com os jogos que nos deixa imerso em outra realidade, com a pornografia e o idealismo dos corpos, a mera satisfação da vontade controladora, ou as drogas como jeito direto de subjugar a vida por outro realidade. Niilismo existencial: Por fim, o niilismo existencial tão presente na vida de muitas pessoas hoje em dia, a OMS estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem com tal problema. O niilismo existencial é bastante simples, pois postula a impossibilidade de se criar valores, aqui a vida assume valor de nada, não se trata mais de uma reação com a vida, mas a impossibilidade da mesma.
Eterno retorno do mesmo: Nietzsche vê todo edifício filosófico europeu
pautado na metafísica, que está ruindo rapidamente, então Nietzsche, desenvolve uma ferramenta para enfrentar o niilismo que se espalha como uma sombra pelo corpo da humanidade, pois depois da Morte de Deus, seria necessário combater o cansaço e a desvalorização de todos os valores. Nietzsche trabalha o Eterno Retorno do mesmo como uma arma contra o niilismo, para revertê-lo e dar um outro centro de gravidade para os valores agora: esta realidade, esta vida. A força do Eterno Retorno está na possibilidade de fundar uma filosofia pautada na imanência pura.
Amor-fati: O eterno retorno ético ou do mesmo, consiste no
questionamento: se queres viver sua vida infinitamente sem nenhuma mudança, isso porque será como um peso para vida, pois recolocar o valor da mesma, a intenção é saber se quer ou não viver a própria vida novamente, e dependendo da resposta dará um valor para a própria, seja positivo (dizer sim) ou negativo (dizer não). Entretanto, o eterno retorno só é possível devido ao amor-fati, a ideia de Nietzsche é que devemos amar tudo o que nos acontece, e através disso podemos dizer sim à pergunta. Além do homem (ubermensch): A vontade de potência busca ir além, entretanto ainda vivemos rodeados dos valores antigos, e para nascer os novos, é preciso que os antigos deixem de existir, assim Nietzsche cria o conceito de além do homem ou ubermensch que é o responsável por instaurar os valores, os valores fundamentados na vida e inteiramente na vida. O ubermensch aparece como homem forte, que sabe o que quer e tem à vontade para alcançar o que busca, é o representante da tarefa de transvalorar. Transvaloração dos valores, ou niilismo ativo: Por fim, o último estágio do niilismo, os que conseguem ir além do niilismo passivo, alcançam o conceito de transvaloração, pois se colocam avessos aos valores metafísicos. O valor está na vida e só nela, Nietzsche simboliza o último estágio do niilismo nas três metamorfoses, pois o espirito de leão vira criança, a criança é indiferente ao niilismo, ela é quem atinge a transvaloração dos valores, pois gira por si mesma, caminha com a vida indiferente à falta de significado, é um eterno dizer sim para à própria vida. Consideração: Nietzsche não é claro em dizer quais serão os novos valores, deixa isso na mão do além do homem, então é um pouco obscuro a ideia de niilismo ativo, pois não se sabe quais seriam esses novos valores.
Aqui finalizo minha apresentação, e me coloco a disposição da banca,
muito obrigado a todos que me escutam e aos leitores do meu TCC.