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TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE

Profª Kelly Farias


CPC 23 - POLÍTICAS CONTÁBEIS,
MUDANÇA DE ESTIMATIVA E
RETIFICAÇÃO DE ERRO, CPC 24 -
EVENTO SUBSEQUENTE

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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

É esperado que ao final da leitura do Book, o estudante tenha alcançado


os seguintes objetivos de aprendizagem:

• Conhecer e interpretar os pronunciamentos contábeis CPC


23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação
de Erro e CPC 24 Evento Subsequente.
• Distinguir e aplicar as diferentes alternativas de métodos
contábeis de reconhecimento, mensuração e divulgação dos
eventos econômicos associados a esses CPCs.
• Analisar o efeito da política contábil adotada no atendimento
das características qualitativas da informação contábil, de
acordo com a estrutura conceitual vigente.

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SUMÁRIO

1. Introdução
2. Políticas contábeis
2.1. Seleção e aplicação se políticas contábeis
2.2. Mudança nas políticas contábeis
3. Mudança nas estimativas contábeis
4. Retificação de erro
5. Evento subsequente
5.1. Reconhecimento e mensuração
5.2. Divulgação

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de eventos significativos, que podem alterar sua tomada de decisão,
refletir fidedignamente a situação patrimonial, econômica e financeira,
1. INTRODUÇÃO
conforme o caso, bem como atender à melhoria da tempestividade,

O objetivo deste material é tratar dos dois pronunciamentos contábeis uma vez que antes mesmo da publicação, o reflexo dos eventos

associados à divulgação das demonstrações contábeis, que são o subsequentes à elaboração das demonstrações contábeis já é

CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de observado.

Erro e o CPC 24 - Evento Subsequente.


O CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação

Ambos os Pronunciamentos CPC 23 e CPC 24 estão relacionados de Erro tem correlação com as Normas Internacionais de Contabilidade

com as características qualitativas fundamentais e de melhoria da – IAS 8, tendo como objetivo a definição de critérios para a seleção e

informação contábil e com o processo de apresentação e divulgação mudança de políticas contábeis, o tratamento contábil e divulgação

das informações contábeis. O tratamento contábil atribuído pelo de mudança nas políticas contábeis, a mudança nas estimativas

CPC 23 à seleção e alteração de políticas contábeis, à mudança de contábeis e a retificação de erro. O Pronunciamento tem como objetivo

estimativa e à retificação de erro está relacionado com a relevância, melhorar a relevância e a confiabilidade das demonstrações contábeis

com a representação fidedigna dos eventos e com a necessidade dos da entidade, bem como permitir sua comparabilidade ao longo do

usuários realizarem comparações entre demonstrações contábeis de tempo com as demonstrações contábeis de outras entidades.

uma mesma empresa ou entre entidades diferentes ao longo do tempo,


por meio do entendimento dos critérios aplicados. Para questões mais gerais, os requisitos de divulgação relativos às
políticas contábeis, exceto aqueles que dizem respeito à mudança

No que tange ao CPC 24 - Evento subsequente, o tratamento contábil nessas políticas, são estabelecidos no Pronunciamento Técnico CPC

permite que seja atendida a característica qualitativa fundamental 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis. Os efeitos tributários

de relevância, uma vez que o usuário terá a informação a respeito de retificação de erros de períodos anteriores e de ajustes retrospectivos

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feitos para a aplicação de alterações nas políticas contábeis são
contabilizados e divulgados de acordo com o Pronunciamento Técnico
CPC 32 - Tributos sobre o Lucro.

O CPC 24 de Eventos subsequentes tem correspondência à norma


internacional de contabilidade IAS 10. O objetivo do pronunciamento
é determinar em que momento a entidade deve ajustar suas
demonstrações contábeis decorrentes de eventos subsequentes e
qual a divulgação necessária para evidenciar as consequências do
reporte desses efeitos.

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NATURA COSMÉTICOS S.A.
2. POLÍTICAS CONTÁBEIS
NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES
Lemes e Carvalho (2010, p. 43) afirmam que as políticas contábeis FINANCEIRAS INDIVIDUAIS
são fundamentais para o adequado entendimento da informação, E CONSOLIDADAS PARA O EXERCÍCIO FINDO EM
disponibilizada no conjunto de demonstrações contábeis. Assim, 31 DE DEZEMBRO DE 2018
a seleção, definição e mudança da política contábil deve ser uma
informação a ser destacada e divulgada pelos preparadores da Valores expressos em milhares de reais (R$), exceto se de
informação contábil, para permitir que o usuário possa realizar outra forma indicado.
suas avaliações, comparações e tomar decisões subsidiadas por
informações que consiga compreender e nas quais possa confiar. a) Demonstrações financeiras individuais e consolidadas
A Administração da Sociedade é responsável pela elaboração
2.1. Seleção e aplicação de políticas contábeis
e adequada apresentação das demonstrações financeiras
individuais e consolidadas de acordo com as normas
Segundo o CPC 23 (2009), “políticas contábeis são os princípios, as
internacionais de relatório financeiro (IFRS), emitidas pelo
bases, as convenções, as regras e as práticas específicas aplicados
International Accounting Standard Board (IASB) e interpretações
pela entidade na elaboração e na apresentação de demonstrações
emitidas pelo International Financial Reporting Interpretations
contábeis” (p. 02).
Committee (IFRIC), implantados no Brasil através do Comitê
de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e suas interpretações
Vejamos, por exemplo, um trecho que trata das políticas contábeis da
técnicas (ICPC) e orientações (OCPC) aprovados pela
Natura Cosméticos S/A, no reporte de 31/12/2018, evidenciado em
suas Notas Explicativas abaixo, nas quais a empresa define qual é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

base para preparação das suas demonstrações contábeis do período.

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Como um primeiro critério, a seleção e aplicação da política contábil
As demonstrações financeiras individuais e consolidadas segue o determinado pelo pronunciamento específico. Esse foi o caso
foram elaboradas com base no custo histórico, exceto por do CPC 47 Receita de Contrato com Clientes, que entrou em vigor no
determinados instrumentos financeiros mensurados pelos dia 1º de Janeiro de 2018, cujo trecho sobre transição segue abaixo.
seus valores justos, conforme descrito nas práticas contábeis
a seguir. Transição

As principais práticas contábeis aplicadas na preparação C2. Para as finalidades dos requisitos de transição dos itens C3 a C8A:

das demonstrações financeiras individuais e consolidadas (a) data da aplicação inicial é o início do período das demonstrações
contábeis em que a entidade aplica este pronunciamento pela primeira vez;
estão definidas a seguir. Essas práticas foram aplicadas de
e
modo consistente no exercício anterior, exceto para os itens (b) contrato concluído é um contrato pelo qual a entidade transferiu todos
mencionados no item b) desta nota e para as aplicações do CPC os bens ou serviços identificados de acordo com o CPC 17 – Contratos de
Construção, com o CPC 30 – Receitas e com as respectivas interpretações
47 - Receita de Contrato com Clientes, correspondente ao IFRS
técnicas.
15 - Revenue from Contracts with Customers e Instrumentos
Financeiros, correspondente ao IFRS 9 - Financial Instruments C3. A entidade deve aplicar este pronunciamento utilizando um dos
seguintes métodos:
nota explicativa n° 2.29.
(a) retrospectivamente, a cada período anterior, apresentado de acordo
com o CPC 23, sujeito aos expedientes práticos descritos no item C5; ou
Para selecionar e aplicar as políticas contábeis a uma transação, (b) retrospectivamente, com efeito cumulativo da aplicação inicial deste
pronunciamento, reconhecido na data da aplicação inicial de acordo com
evento ou circunstância, dois critérios podem ser utilizados:
os itens C7 e C8.

C4. Não obstante os requisitos do item 28 do CPC 23, quando este


1º) Tratamento dado por Pronunciamento, Interpretação ou
pronunciamento for aplicado pela primeira vez, a entidade precisa somente
Orientação específica; apresentar as informações quantitativas exigidas pelo item 28(f) do CPC 23
2º) Tratamento determinado pelos critérios do CPC 23. para o período anual imediatamente precedente ao primeiro período anual

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Segundo o CPC 23 (2009, p. 4), a administração deve basear seu
ao qual deve ser aplicado este pronunciamento (“período imediatamente
precedente”) e somente se a entidade aplicar este pronunciamento julgamento, considerando prioritariamente:
retrospectivamente de acordo com o item C3(a). A entidade pode também
apresentar essas informações em relação ao período atual ou a períodos
1º) Os requisitos e a orientação dos Pronunciamentos, Interpretações e
corporativos anteriores, mas não está obrigada a fazê-lo.
Orientações que tratem de assuntos semelhantes e relacionados; e

2º) As definições, os critérios de reconhecimento e os conceitos de


No caso do CPC 47, o tratamento dado a mudança de política contábil
mensuração para ativos, passivos, receitas e despesas contidos na
foi o de informar retrospectivamente os efeitos da adoção do CPC 47 a
Estrutura Conceitual.
partir 01/08/2019. O tratamento determinado pelo CPC 23 estabelece
(CPC, 2009, p. 04).
que a administração, exercendo seu poder de julgamento, selecione e
aplique a política contábil, desde de que a informação gerada atenda
Além disso, o CPC 23 indica que a administração pode considerar
às seguintes características:
também, quando não conflitantes com as fontes prioritárias:

a) Seja relevante para a tomada de decisão econômica por


a) Posições técnicas assumidas por outros órgãos
parte dos usuários;
normatizadores contábeis, desde que a estrutura conceitual
b) Seja confiável.
seja semelhante a do CPC;
b) Literatura contábil;
É esperado que o atendimento a esses critérios permita que as
c) Práticas aceitas pelo setor.
demonstrações contábeis possam: representar adequadamente a posição
patrimonial e financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa
da entidade; refletir a essência econômica de transações, outros eventos
e condições (não meramente a forma legal); ser neutras, ou, isentas de
viés; ser prudentes e completas em todos os aspectos materiais.

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Avaliação da materialidade da política contábil Uniformidade da política contábil

Segundo o CPC 23, a materialidade “depende da dimensão e da Uma vez que a entidade fez a seleção da política contábil, deve aplicar
natureza da omissão ou da informação incorreta julgada à luz das tal política de maneira uniforme para transações e outros eventos e
circunstâncias às quais está sujeita” (p. 02). Sendo assim, o julgamento condições semelhantes. Isso é importante para que os usuários das
sobre a materialidade ou imaterialidade do efeito da seleção e aplicação demonstrações contábeis possam ter a possibilidade de comparar as
da política contábil é um outro critério importante para a sua definição. demonstrações contábeis da entidade ao longo do tempo e identificar
tendências na sua posição patrimonial e financeira, no seu desempenho
Quando da aplicação de uma política contábil, deve-se avaliar se e nos seus fluxos de caixa. Por essa razão, devem ser aplicadas as
sua omissão ou incorreção é capaz de, individual ou coletivamente, mesmas políticas contábeis em cada período e de um período para o
influenciar as decisões econômicas tomadas pelos usuários das outro.
demonstrações contábeis.
Pode haver situações em que um Pronunciamento, Interpretação ou
Caso o efeito seja imaterial, a política contábil não precisará ser Orientação determine especificamente ou permita a classificação de
aplicada. itens, para os quais possam ser aplicadas diferentes políticas contábeis.
É o caso, por exemplo, de ativos financeiros que podem ser avaliados a
Contudo, o CPC 23 destaca que não é adequado deixar de corrigir valor justo e a custo amortizado, dependendo se a empresa considera
incorreções mesmo imateriais no reporte da posição patrimonial e como equivalente de caixa ou como a ser resgatado dentro do prazo
financeira (balanço patrimonial), do desempenho (demonstração dos contratual. Para esses casos, a política contábil apropriada deve ser
resultados do exercício e abrangente), assim como dos fluxos de caixa selecionada e aplicada uniformemente para cada categoria.
da entidade.

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2.2. Mudança nas políticas contábeis Situação Tratamento Contábil
1º) Quando o Pronunciamento, De acordo com as disposições
Interpretação ou Orientação possui transitórias específicas, que podem ser
O CPC 23 determina que mudanças nas políticas contábeis devem ser disposições transitórias específicas. retrospectivas ou não.
2º) Quando o Pronunciamento,
feitas pela entidade apenas nos casos em que tal mudança: Interpretação ou Orientação não possui Aplicar a mudança retrospectivamente.
a) Seja exigida por Pronunciamento, Interpretação ou disposições transitórias específicas.
3º) Quando a entidade muda uma
Aplicar a mudança retrospectivamente.
Orientação; ou política contábil voluntariamente.

b) Que resulte em informação confiável e mais relevante nas


demonstrações contábeis sobre os efeitos das transações, Exemplo
outros eventos ou condições acerca da posição patrimonial e No primeiro caso, tem-se o exemplo do CPC
financeira, do desempenho ou dos fluxos de caixa da entidade. 18 Investimentos em Coligadas, Controladas e
Empreendimento Controlado em Conjunto, que
Tratamento contábil da mudança de políticas contábeis em suas disposições transitórias estabeleceu o
tratamento retrospectivo para a opção da empresa,
Para determinar o tratamento contábil adequado para a contabilização ao atender ao determinado pelo Pronunciamento, em
da mudança de política contábil, deve-se descrever a situação em avaliar um investimento em Coligada, Controlada e
função da qual tal política está sendo alterada. Se a mudança da Empreendimento Controlado em Conjunto, mantido
política contábil está em função da adoção inicial de Pronunciamento, por uma empresa de capital de risco em avaliar os
Interpretação ou Orientação, ou se está sendo alterada voluntariamente investimentos utilizando o Método da Equivalência
pela entidade. Patrimonial (MEP) ou a Mensuração a Valor Justo,
como se fosse um ativo financeiro.
a) Mudança de Política Contábil na adoção inicial de
Pronunciamento, Interpretação ou Orientação

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semelhante no desenvolvimento de pronunciamentos contábeis. Tal
Exemplo
mudança deve ser contabilizada e divulgada como mudança voluntária
No segundo caso, tem-se o exemplo do CPC 16
na política contábil.
Estoques, que não apresenta disposições transitórias.
Contudo, caso a entidade decida modificar o critério
Aplicação retrospectiva
de avaliação dos estoques de Média Ponderada para
o Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai (PEPS), tal
Na aplicação retrospectiva, a nova política contábil é aplicada a
decisão é tida como mudança de política contábil, o que
transações, a outros eventos e a condições como se essa política
ensejará no tratamento retrospectivo dos efeitos de tal
tivesse sido sempre aplicada. Nesse caso, são feitos ajustes no saldo
mudança.
de abertura de cada componente do patrimônio líquido afetado para
o período anterior mais antigo apresentado e os demais montantes
Segundo o CPC 23, a adoção antecipada de Pronunciamento,
comparativos divulgados para cada período anterior apresentado.
Interpretação ou Orientação não deve ser considerada como mudança
voluntária na política contábil.
O ajuste é realizado, geralmente, por meio da conta de Lucros ou
Prejuízos Acumulados ou em outro componente do Patrimônio Líquido,
b) Mudança de Política Contábil na ausência de Pronunciamento,
determinado por algum Pronunciamento, Interpretação ou Orientação
Interpretação ou Orientação
específicos. O entendimento é que o ajuste retrospectivo deve ser feito
para períodos contábeis anteriores tão antigos quanto for praticável.
Quando a entidade decide mudar a política contábil na ausência
de Pronunciamento, Interpretação ou Orientação, ela pode aplicar
Como no caso da Cia. Wave, por exemplo, que alterou sua política
uma política contábil derivada de pronunciamento recente emanado
contábil em 2018, quanto à avaliação de seu estoque. Assim, até 2017,
de outros órgãos técnicos, que se utilizem de estrutura conceitual
os estoques eram avaliados usando o método PEPS e, em 2018, foi

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reavaliado que o método da Média Ponderada reflete de forma mais Caso não seja possível identificar essas informações, considera-
adequada as variações nos benefícios econômicos do estoque, se impraticável aplicar a nova política contábil. Isso ocorre também,
durante o seu ciclo econômico. O efeito acumulado nos estoques em segundo o CPC 23 (2009) quando é necessário fazer estimativas

2016, 2017 e 2018 corresponde a uma redução, respectivamente, de $ significativas e que dependem dessas informações.

10.000, $ 15.000 e $ 25.000, que serão ajustados retrospectivamente


no conjunto das demonstrações contábeis. Impraticabilidade da aplicação retrospectiva

Existe a possibilidade de ser impraticável a aplicação da política


A mudança na política contábil deve ocorrer mesmo que não seja
contábil retrospectiva, mesmo que a entidade tenha realizado todos os
praticável aplicar a nova política a qualquer período anterior. Contudo,
esforços razoáveis para aplicá-la. Isso é possível, conforme o CPC 23
o CPC 23 determina que não se deve utilizar uma percepção posterior
(2009, p. 3), quando:
à aplicação da nova política contábil.

a) os efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva


Dessa forma, estabelece ainda que para aplicar retrospectivamente
não puderem ser determinados;
uma nova política contábil é necessário identificar a informação que:
b) a aplicação retrospectiva ou a reapresentação retrospectiva exigir

premissas baseadas no que teria sido a intenção da Administração naquele


a) fornece evidência das circunstâncias que existiam à época em que a
momento passado; ou
transação, outro evento ou condição ocorreu, e que estavam presentes e
c) a aplicação retrospectiva ou a reapresentação retrospectiva exigir
disponíveis quando as demonstrações contábeis relativas àquele período
estimativas significativas de valores e se for impossível identificar
anterior foram elaboradas;
objetivamente a informação sobre essas estimativas que:
b) teria estado disponível quando as demonstrações contábeis desse
i. proporciona evidências das circunstâncias que existiam à data
período anterior foram autorizadas para divulgação.
em que esses valores deviam ser reconhecidos, mensurados ou
(CPC 23, 2009, p. 12).
divulgados; e

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ii. estaria disponível quando as demonstrações contábeis desse b) A adoção de nova política contábil para transações, outros
período anterior tiveram autorização para divulgação. eventos ou condições que não ocorriam anteriormente ou eram
(CPC 23 2009, p. 03). imateriais.

Tratamento contábil em situações de impraticabilidade Divulgação


retrospectiva de política contábil Na adoção inicial da política contábil determinada por Pronunciamento,
Interpretação ou Orientação:
TRATAMENTO CONTÁBIL (CPC 23) PELA
QUANDO FOR IMPRATICÁVEL
ENTIDADE
1) Aplicar a nova política contábil aos saldos Quando da adoção inicial da política contábil, decorrente de
contábeis de ativos e passivos de abertura do
período mais antigo para o qual seja praticável Pronunciamentos, Interpretação ou Orientação, a entidade deve
Quando for impraticável a aplicação retrospectiva, que pode ser o
tratamento contábil (CPC 23) período corrente; divulgar, de acordo com o CPC 23:
pela entidade 2) Proceder ao ajuste correspondente no saldo
de abertura de cada componente do patrimônio
líquido desse período.
a) O título do Pronunciamento, Interpretação ou Orientação;

Determinar o efeito cumulativo, b) Quando aplicável, que a mudança na política contábil é feita de acordo
no início do período corrente, Ajustar a informação comparativa para aplicar
da aplicação da nova política a nova política contábil prospectivamente a com as disposições da aplicação inicial do Pronunciamento, Interpretação
contábil a todos os períodos partir do período mais antigo que for praticável.
anteriores. ou Orientação;

c) A natureza da mudança na política contábil;

Não são consideradas mudanças de políticas contábeis: d) Quando aplicável, uma descrição das disposições transitórias na adoção

inicial;

a) A adoção de política contábil para transações, outros eventos e) Quando aplicável, as disposições transitórias que possam ter efeito em

ou condições que difiram em essência daqueles que ocorriam futuros períodos;

anteriormente; f) O montante dos ajustes para o período corrente e para cada período

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anterior apresentado, até ao ponto em que seja praticável:

i. para cada item afetado da demonstração contábil; e EXEMPLO


ii. se o Pronunciamento Técnico CPC 41- Resultado por Ação se NOTAS EXPLICATIVAS DO MAGAZINE LUÍZA –
aplicar à entidade, para resultados por ação básicos e diluídos. REPORTE DE 31/12/2018
g) o montante do ajuste relacionado com períodos anteriores aos 5. Mudanças nas principais políticas contábeis
apresentados, até ao ponto em que seja praticável; e Adoção inicial do CPC 48/ IFRS 9 - Instrumentos
h) se a aplicação retrospectiva exigida for impraticável para um período Financeiros e CPC 47/ IFRS 15 - Receita de Contrato
anterior em particular, ou para períodos anteriores aos apresentados, as com Cliente A Companhia adotou inicialmente o CPC
circunstâncias que levaram à existência dessa condição e uma descrição 48/ IFRS 9 - Instrumentos Financeiros e o CPC 47/IFRS
de como e desde quando a política contábil tem sido aplicada. 15 - Receitas de Contratos com Clientes usando o
(CPC, 23, 2009, p. 7). método de efeito cumulativo (sem expedientes práticos),
com efeito de adoção inicial da norma reconhecida
As informações acima não precisam ser divulgadas nas demonstrações na data de aplicação inicial (ou seja, 1° de janeiro de
contábeis de períodos anteriores. 2018). Consequentemente, a informação apresentada
para 2017 não foi reapresentada e, dessa forma, foi
apresentada conforme reportado anteriormente de
acordo com as normas anteriormente vigentes. O
quadro abaixo demonstra os efeitos patrimoniais da
adoção inicial:

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- Estimativa da contraprestação variável relacionada às
devoluções de mercadorias.

01/01/2018
Receita líquida de vendas (3.226)
Custo das mercadorias revendidas 2.458
IR/CS 261
Efeito da adoção inicial (507)

a) CPC 47 / IFRS 15 Receita de contrato com cliente A Companhia a avaliou os impactos do programa de
O CPC 47 / IFRS 15 estabelece uma estrutura fidelização de clientes, devoluções de serviços, serviços
abrangente para determinar se, quando, e por quanto a oferecidos gratuitamente e não foram identificados
receita é reconhecida. A receita é reconhecida quando valores materiais para ajuste na adoção inicial.
um cliente obtém o controle dos bens ou serviços.
Determinar o momento da transferência de controle -
Na mudança voluntária de política contábil com efeito no período atual
em um momento específico no tempo ou ao longo do
ou qualquer outro período anterior:
tempo - requer julgamento. Substitui o CPC 30 / IAS
18 Receitas e interpretações relacionadas. O efeito da
O CPC 23 (2009) indica que caso haja uma mudança voluntária da
aplicação inicial dessa norma é atribuído principalmente:
política contábil e essa mudança tiver efeito no período atual e em
qualquer período anterior, a entidade deve divulgar:

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a) a natureza da mudança na política contábil; Segundo o CPC 23, quando a entidade não adotar um Pronunciamento,
b) as razões pelas quais a aplicação da nova política contábil proporciona Interpretação e Orientação de forma voluntária e antecipada, ela deve
informação confiável e mais relevante; divulgar:
c) o montante do ajuste para o período corrente e para cada período anterior

apresentado, até o ponto em que seja praticável: a) tal fato; e

i. para cada item afetado da demonstração contábil; e b) informação disponível ou razoavelmente estimável que seja relevante

ii. se o Pronunciamento Técnico CPC 41 – Resultado por Ação se para avaliar o possível impacto da aplicação do novo Pronunciamento,

Interpretação ou Orientação nas demonstrações contábeis da entidade no


aplicar à entidade, para resultados por ação básicos e diluídos.
período da aplicação inicial.
d) o montante do ajuste relacionado com períodos anteriores aos
(CPC 23, 2009, p. 8).
apresentados, até ao ponto em que seja praticável; e

e) as circunstâncias que levaram à existência dessa condição e uma


Além disso, deve divulgar:
descrição de como e desde quando a política contábil tem sido aplicada,

se a aplicação retrospectiva for impraticável para um período anterior em


a) O título do novo Pronunciamento, Interpretação ou Orientação;
particular, ou para períodos anteriores aos apresentados.
b) A natureza da mudança ou das mudanças iminentes na política contábil;
(CPC 23, 2009, p.08).
c) A data em que é exigida a aplicação do Pronunciamento, Interpretação

ou Orientação;
Para períodos subsequentes, as demonstrações contábeis não
d) A data em que ela planeja aplicar inicialmente o Pronunciamento,
precisam evidenciar tais informações.
Interpretação ou Orientação; e

e) A avaliação do impacto que se espera que a aplicação inicial do


Quando a entidade não adotar voluntariamente Pronunciamento,
Pronunciamento, Interpretação ou Orientação tenha nas demonstrações
Interpretação e Orientação
contábeis da entidade ou, se esse impacto não for conhecido ou

razoavelmente estimável, da explicação acerca dessa impossibilidade.

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será aplicada a transações, eventos e circunstâncias a partir da data
da mudança da estimativa.
3. MUDANÇA NAS ESTIMATIVAS CONTÁBEIS

As estimativas contábeis são partes essenciais da elaboração das Assim, o CPC 23 (2009, p. 02) define mudança na estimativa contábil
como:
demonstrações contábeis, dado o nível de incerteza relacionado com
os eventos econômicos, que afetam as atividades empresariais. Isso
um ajuste nos saldos contábeis de ativo ou de passivo, ou nos montantes
faz com que ativos, passivos e patrimônio líquido não possam ser
relativos ao consumo periódico de ativo, que decorre da avaliação da
mensurados acuradamente, sendo apenas estimados (CPC 23, 2009).
situação atual e das obrigações e dos benefícios futuros esperados

associados aos ativos e passivos. (CPC 23, 2009, p. 02).


De acordo com o CPC 23 (2009), a estimativa considera as últimas
informações disponibilizadas e fidedignas para realizar o julgamento a Os efeitos das mudanças de estimativa contábil serão incluídos no
respeito dos seguintes eventos: a) estimativa de créditos de liquidação resultado do período da mudança, se esta afetar apenas esse período;
duvidosa; b) obsolescência de estoque; c) valor justo de ativos financeiros ou período da mudança e futuros períodos, se afetar todos eles.

ou passivos financeiros; d) vida útil de ativos depreciáveis ou o padrão


Assim, estimativas relacionadas a perdas em ativos, como nos créditos
esperado de consumo dos futuros benefícios econômicos incorporados
de liquidação duvidosa e/ou na redução ao valor realizável líquido do
nesses ativos; e) obrigações decorrentes de garantias, entre outros.
estoque afetam apenas o exercício no qual foram identificadas. Já
mudanças relacionadas com a reestimação da vida útil econômica de
Entretanto, caso as informações disponíveis forem alteradas em
ativos imobilizados e/ou intangíveis apresentam efeitos no exercício
função das mudanças em fatos e circunstâncias ou mesmo do acesso atual e também nos futuros. Para ambos os exemplos, o reconhecimento
pela empresa a novas informações, a entidade pode necessitar rever a dos efeitos no período dessa mudança de estimativa é feito por meio
estimativa feita anteriormente, sendo o efeito da mudança de estimativa de contas de resultado de receitas e despesas, sendo no momento
reconhecido prospectivamente. Isso significa que a nova estimativa atual ou no futuro.

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Para aquelas mudanças de estimativas contábeis que provoquem
mudanças em ativos e passivos e tenha implicações em componentes
do patrimônio líquido, o CPC 23 (2009) determina que seja realizado o
respectivo ajuste no ativo, passivo e patrimônio líquido no período em
que ocorrer a mudança.

Divulgação

Para evidenciar a mudança de estimativas contábeis e seus efeitos, a


entidade deve divulgar as seguintes informações, segundo o CPC 23
(2009, p. 10):

a) a natureza e o montante de mudança na estimativa contábil, que tenha

efeito no período corrente;

b) a natureza e o montante de mudança na estimativa contábil, que se

espera que tenha efeito em períodos subsequentes;

c) quando a estimativa for impraticável e o montante do efeito de períodos

subsequentes não puder ser divulgado em função disso, a entidade deve

divulgar tal fato.

(CPC 23, 2009, p. 10).

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apresentação da posição patrimonial e financeira, do desempenho e
do fluxo de caixa da entidade.
4. RETIFICAÇÃO DE ERRO

Os erros de períodos anteriores correspondem, segundo o CPC 23 Quando os erros do período corrente são identificados antes da

(2009) a “omissões e incorreções nas demonstrações contábeis da publicação das demonstrações contábeis, eles devem ser ajustados

entidade de um ou mais períodos anteriores decorrentes da falta de uso, antes da autorização para a publicação. Contudo, quando os erros

ou uso incorreto, de informação confiável” (p. 02). Essa informação: forem identificados após a publicação das demonstrações contábeis

a) estava disponível quando da autorização para divulgação das em períodos subsequentes, os erros de períodos anteriores devem ser

demonstrações contábeis desses períodos; e b) poderia ter sido ajustados no próximo reporte, ajustando a informação comparativa, ou

razoavelmente obtida e levada em consideração na elaboração e na seja, a do ano anterior ao período reportado.

apresentação dessas demonstrações contábeis.


Assim, conforme determinação do CPC 23, os erros materiais

Outros erros possíveis, exemplificados pelo CPC 23 (2009) são “erros identificados de períodos anteriores devem ser ajustados

matemáticos, na aplicação de políticas contábeis, descuidos ou retrospectivamente no primeiro conjunto de demonstrações contábeis

interpretações incorretas de fatos e fraudes”. (p. 03). após sua descoberta, da seguinte forma:

Além disso, os erros podem ocorrer em todas as fases do processo a) por reapresentação dos valores comparativos para o período anterior

de geração de informações contábeis, como: no reconhecimento, apresentado em que tenha ocorrido o erro; ou

na mensuração e na divulgação. Quando tais erros ocorrem nas b) se o erro ocorreu antes do período anterior mais antigo apresentado,

demonstrações contábeis, isso implica que tais demonstrações da reapresentação dos saldos de abertura dos ativos, dos passivos e do

não estão de acordo com os Pronunciamentos, Interpretações e patrimônio líquido para o período anterior mais antigo apresentado.

Orientações, tal como declarado pela entidade, o que interfere na (CPC 23, 2009, p. 10).

20
O ajuste retrospectivo faz a correção dos erros nas fases de Tratamento contábil em situações de impraticabilidade da
reconhecimento, mensuração e divulgação dos valores dos elementos reapresentação retrospectiva em função de identificação de erro.
patrimoniais e de resultado das demonstrações contábeis, evidenciando
a informação para um estágio anterior como se o erro não tivesse TRATAMENTO CONTÁBIL
QUANDO FOR IMPRATICÁVEL
(CPC 23) PELA ENTIDADE
ocorrido.
Retificar os saldos de abertura
Determinar os efeitos de erro de ativos, passivos e patrimônio
A retificação de erro de períodos anteriores deve ser excluída do em um período específico na líquido para o período mais
informação comparativa para antigo para o qual seja praticável
resultado em que o erro for identificado. Ao mesmo tempo, os erros um ou mais períodos anteriores a reapresentação retrospectiva
que afetam mais de um exercício devem ser retificados para períodos apresentados. (que pode ser o período
corrente).
tão antigos quando praticáveis. Determinar o efeito cumulativo, Retificar a informação
no início do período corrente, comparativa para corrigir o erro
de erro em todos os períodos prospectivamente a partir da
Impraticabilidade da reapresentação retrospectiva anteriores. data mais antiga praticável.
Determinar o montante do erro Retifica a informação
(por exemplo, erro na aplicação comparativa prospectivamente
Existe a possibilidade de que a correção do erro de períodos anteriores de política contábil) para todos a partir da data mais antiga
seja impraticável por meio da reapresentação retrospectiva, quando os períodos anteriores. praticável.

não for possível determinar os efeitos específicos do período ou o


efeito cumulativo do erro (CPC 23, 2009). Divulgação de erro de período anterior

Quando da correção de erros materiais de períodos anteriores


retrospectivamente no primeiro conjunto de demonstrações contábeis,
a empresa deve divulgar, segundo o CPC 23:

21
a) a natureza do erro de período anterior;

b) o montante da retificação para cada período anterior apresentado, na

medida em que seja praticável:

i. para cada item afetado da demonstração contábil; e

ii. se o Pronunciamento Técnico CPC 41 – Resultado por Ação se

aplicar à entidade, para resultados por ação básicos e diluídos;

c) o montante da retificação no início do período anterior mais antigo

apresentado;

d) as circunstâncias que levaram à existência dessa condição e uma

descrição de como e desde quando o erro foi corrigido, se a reapresentação

retrospectiva for impraticável para um período anterior em particular.

(CPC 23, 2009, p. 11).

Além disso, as demonstrações contábeis de períodos subsequentes à


retificação do erro não precisam repetir essas divulgações.

22
2º) Eventos que são indicadores de condições que surgiram
subsequentemente ao período contábil a que se referem as
5. EVENTO SUBSEQUENTE
demonstrações contábeis, que é o evento subsequente, que

De acordo com o CPC 24, não originam ajustes.

Evento subsequente ao período a que se referem as demonstrações 5.1. Reconhecimento e Mensuração


contábeis é o evento, favorável ou desfavorável, que ocorre entre a data

final do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data na Serão reconhecidos e mensurados nas demonstrações contábeis
qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. (CPC 24, 2009, p. 02). emitidas eventos subsequentes que evidenciem situações em que já
havia a possibilidade e/ou condições de ocorrência até a data final
A data de autorização deve ser aquela em que a autoridade de emissão das demonstrações contábeis. Assim, eventos cujo fato
competente decide emitir o conjunto das demonstrações contábeis, gerador ou que as condições de ocorrência aconteçam após a data da
independentemente de aprovação em conselhos e/ou comitês, bem
emissão não serão reconhecidos e mensurados nas demonstrações
como de fatos e circunstâncias que ocorram após o anúncio de lucros
contábeis existentes e sim naquelas que se referem.
e/ou outras informações financeiras, relacionadas às demonstrações
contábeis emitidas.
São exemplos de eventos subsequentes que devem ser ajustados:

Há a possibilidade de serem identificados dois tipos de eventos:


a) Decisão ou pagamento final de processos judiciais, que
ensejou o reconhecimento e mensuração de acordo com CPC
1º) Eventos que evidenciam condições que já existiam na data
25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes;
final do período a que se referem as demonstrações contábeis,
b) Desvalorização de ativos ao final do período contábil a que
que correspondem ao evento subsequente que originam
ajustes; se refere a demonstração contábil emitida. Como por exemplo,

23
referentes a estimativa de perda para créditos de liquidação existiam até a data da emissão e atualizar a divulgação que se
duvidosa e/ou estimativa de perda no estoque ao ajuste ao seu relaciona a essas condições, à luz das novas informações;
valor realizável líquido; 4) Eventos subsequentes significativos, mas que não originam
c) Definição do valor de custos de ativos adquiridos e/ou ajustes por natureza do evento e a estimativa de seu efeito
recebidos em troca de ativos vendidos; financeiro ou uma declaração de que tal estimativa não pode
d) Definição de pagamento de participação nos resultados em ser feita. Como por exemplo, decorrente de combinação de
função de benefícios a empregados; negócios, descontinuidade de operações, compra de ativos
e) Descoberta de fraudes e erros, que devem ser retificados. relevantes, perdas decorrentes de sinistros, reestruturações,
f) Dividendos declarados até a data da emissão das alterações de alíquotas tributárias, concessão de garantias
demonstrações contábeis. significativas, consequências de litígios, entre outros com
características significativas e cujo período não se refere a
5.2. Divulgação demonstração contábil emitida.

Para evidenciar o tratamento dado aos eventos subsequentes, que


ensejarão em ajuste nas demonstrações contábeis emitidas ou não, a
entidade deve divulgar:

1) A data em que foi concedida a autorização para emissão das


demonstrações contábeis e quem forneceu tal autorização;
2) Se os sócios da entidade ou outros tem o poder de alterar as
demonstrações contábeis após sua emissão;
3) Informações sobre condições recebidas pela entidade, que

24
devem ser reconhecidos e mensurados nas demonstrações contábeis
e divulgados seus efeitos. Eventos subsequentes que ocorreram após
CONSIDERAÇÕES FINAIS
esse período, se considerados significativos, devem ser evidenciados

Nesse material foram apresentados o tratamento contábil para seleção em notas explicativas.

e aplicação de políticas contábeis, mudança de políticas e estimativas


contábeis e retificação de erro, conforme determinado pelo CPC 23. A ESTUDO DE CASO

figura a seguir apresenta um resumo do tratamento dessas mudanças,


quando for praticável. 1. Caso de Estudo da Cia. Wave
Continuemos o caso da Cia. Wave, que alterou sua

Tratamentos para mudanças de política e estimativa contábil política contábil em 2018, quanto à avaliação de seu
estoque. Até 2017, os estoques eram avaliados usando
e retificação de erro
o método PEPS e em 2018 isso reavaliado, pois o método
da Média Ponderada reflete de forma mais adequada
as variações nos benefícios econômicos do estoque,
durante o seu ciclo econômico. O efeito acumulado nos
estoques em 2016, 2017 e 2018 corresponde a uma
redução, respectivamente, de $ 10.000, $ 15.000 e $
25.000, que serão ajustados retrospectivamente no
conjunto das demonstrações contábeis.
Quanto aos eventos subsequentes, determinados pelo CPC 24, a
entidade deve determinar se o evento ocorreu entre a data final do período As Demonstrações do Resultado do Exercício dos anos
de emissão das demonstrações contábeis e a data de autorização afetados, desconsiderando os efeitos dos impostos,
de emissão. Para eventos que ocorreram entre esses períodos, eles antes dos ajustem eram:

25
2018 ($) 2017 ($) 2016 ($)
2. Pesquisa
Receita 450.000 380.000 320.000
(-) CMV (150.000) (120.000) (90.000) Escolha um CPC publicado recentemente e pesquise
Lucro Bruto 300.000 260.000 230.000 o tratamento que deve ser dado para as disposições
(-) Despesas Operacionais (120.000) (100.000) (90.000)
Lucro Líquido do Exercício 180.000 160.000 140.000 transitórias, comparando com o tratamento estudado
no CPC 23. Essa atividade será discutida em nosso

Após o ajuste associado ao tratamento retrospectivo Fórum. Participe!

da mudança da política contábil, a nova Demonstração


do Resultado a ser reportada em 2018 será:

2018 ($) 2017 ($) 2016 ($)


Receita 450.000 380.000 320.000
(-) CMV (175.000) (135.000) (100.000)
Lucro Bruto 275.000 245.000 220.000
(-) Despesas Operacionais (120.000) (100.000) (90.000)
Lucro Líquido do Exercício 155.000 145.000 130.000

A contrapartida dos anos de 2017 e 2016 corresponde


a um ajuste de exercícios anteriores, diretamente no
patrimônio líquido. No ano atual, o ajuste foi realizado
diretamente no controle de estoques.

26
INDICAÇÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS -


MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: CPC 23 Políticas contábeis, mudança de estimativa
aplicável a todas as sociedades de acordo com as e retificação de erro, de 23 de junho de 2009.
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
• Capítulo 28: Políticas contábeis, mudança
de estimativa e retificação de erro e evento __________. CPC 24 - Evento Subsequente, de 16
subsequente. de outubro de 2009.

27
© FIPECAFI - Todos os direitos reservados.

REFERÊNCIAS
A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse
GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais,
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: marcas registradas e patentes. Todos os textos, imagens, sons,
aplicável a todas as sociedades de acordo com as vídeos e/ou aplicativos exibidos nesse volume são protegidos pelos
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
direitos autorais, não sendo permitidas modificações, reproduções,
Atlas, 2018.
transmissões, cópias, distribuições ou quaisquer outras formas de
utilização para fins comerciais ou educacionais sem o consentimento
OLIVEIRA, A. B. S.; SANTOS, D. S. IFRS e CPC: guia
de aplicação contábil para contexto brasileiro. 1ª prévio e formal da FIPECAFI.
ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
CRÉDITOS
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS Autoria: Kelly Farias
- CPC 23 - Políticas contábeis, mudança de Coordenação de Operações: Juliana Nascimento
estimativa e retificação de erro, de 23 de junho Design Instrucional: Patricia Brasil
de 2009. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/
Design Gráfico e Diagramação: Dejailson Markes
Documentos/296_CPC_23_rev%2012.pdf.
Captação e Produção de Mídias: Erika Alves, Gabriel Rodrigues,
Gabriel dos Santos e Maurício Leme
__________. CPC 24 - Evento subsequente, de 16
de outubro de 2009. Disponível em: http://www.cpc. Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista
org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamen to?Id=55

28
TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE
Profª Kelly Farias
CPC 29 - ATIVO BIOLÓGICO E
PRODUTO AGRÍCOLA

2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

É esperado que ao final da leitura deste material, o estudante tenha


alcançado os seguintes objetivos de aprendizagem:

• Conhecer e interpretar o pronunciamento contábil CPC 29 -


Ativo Biológico e Produto Agrícola;

• Distinguir e aplicar as diferentes alternativas de métodos


contábeis de reconhecimento, mensuração e divulgação dos
eventos econômicos associados a esse CPC;

• Analisar o efeito da política contábil adotada no atendimento


das características qualitativas da informação contábil, de
acordo com a estrutura conceitual vigente.

3
SUMÁRIO

1. Introdução
2. Atividades agrícolas
3. Reconhecimento de ativos biológicos e produtos agrícolas
3.1. Aplicação do CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola
3.2. Reconhecimento de ativo biológico e produto agrícola
4. Mensuração de ativo biológico e produto agrícola
4.1. Mensuração a valor justo
4.1.1. Reconhecimento do ganho ou da perda no valor
justo
4.2. Mensuração a custo
5. Subvenção governamental associada a ativo biológico
6. Apresentação e divulgação
7. Considerações finais
8. Aplicação

4
1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste material é subsidiar os estudos sobre o tratamento


contábil de ativos biológicos e produtos agrícolas, conforme as
normas determinadas no Pronunciamento Contábil do CPC 29 - Ativo
Biológico e Produto Agrícola, correspondente à IAS 41 pelas Normas
Internacionais de Contabilidade.

5
• Gerenciamento de vírus e células de sangue para pesquisas,
que não são considerados animais.
2. ATIVIDADES AGRÍCOLAS
• Organismos vivos para clonagem, que não são utilizados

O tratamento contábil de ativos biológicos e produtos agrícolas se para transformação biológica.

contextualiza nas atividades agrícolas e, conforme o CPC 29 (2009,


p. 4), corresponde ao “gerenciamento da transformação biológica e De acordo com o CPC 29 (2009, p. 4), há determinadas características

da colheita de ativos biológicos para venda ou para conversão em comuns entre as atividades agrícolas. Tais características interferem

produtos agrícolas ou em ativos biológicos adicionais, pela entidade.” na posição e na variação patrimonial, econômica e financeira de
entidades, que desenvolvem tais atividades:

Como exemplos de atividades agrícolas estão a pecuária, a silvicultura,


a agricultura, plantações de árvores frutíferas, a floricultura e a a) Capacidade de mudança, uma vez que animais e plantas

aquicultura, entre outras. E o ponto central para aplicação do CPC vivos passam por transformação biológica, que compreende o

29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola a essas atividades é que elas processo de crescimento (aumento em quantidade ou melhoria

são passíveis de transformação biológica e gerenciamento como na qualidade do animal ou planta), degeneração (redução na

recurso econômico por parte da entidade. Assim, Almeida (2013, p. 21) quantidade ou deterioração na qualidade de animal ou planta),

exemplifica as atividades que não são consideradas agrícolas, para produção (de produtos agrícolas derivados de animais e

efeito do CPC 29, que são: plantas vivos) e procriação (geração adicional de animais ou
plantas), que são eventos que provocam mudanças qualitativa

• Participação em uma floresta não gerenciada pela entidade, e quantitativa no ativo biológico (CPC 29, 2009);

para fins de negociação de crédito de carbono. b) Gerenciamento de mudança. O gerenciamento permite

• Uso de animais para corridas, como cavalos. a transformação biológica, na medida em que promove as

• Animais para exibição. condições necessárias, para que tal transformação ocorra,

6
provendo os recursos de que necessita, tais como: nível
de nutrientes, umidade, temperatura, fertilidade, luz. Essa
característica é que torna as atividades agrícolas distintas das
atividades de simples coleta ou extrativas, como coleta de frutos,
pesca no oceano ou desflorestamento (CPC 29, 2009); e
c) Mensuração da mudança. A mudança na qualidade ou
quantidade decorrentes de transformação biológica ou colheita
é mensurada e monitorada por meio do gerenciamento dessa
mudança. São exemplos, conforme o CPC 29, de mudanças
qualitativas: o mérito genético, a densidade, o amadurecimento,
o nível de gordura, o conteúdo proteico e a resistência da fibra,
entre outros. São exemplos, ainda conforme o CPC 29, de
mudanças quantitativas: a descendência, o peso, os metros
cúbicos, o comprimento e/ou diâmetro da fibra e a quantidade
de brotos, entre outros.

7
mais de um período; e aquelas que têm uma probabilidade remota de
ser vendida como produto agrícola, exceto para eventual venda como
3. RECONHECIMENTO DE ATIVOS BIOLÓGICOS E
PRODUTOS AGRÍCOLAS sucata.

O CPC 29 deve ser utilizado no tratamento contábil de ativos biológicos Além disso, os ativos biológicos podem ser classificados em
(exceto plantas portadoras), de produtos agrícolas no ponto da colheita consumíveis ou para produção, assim como em maduros e imaturos.
e de subvenções governamentais associadas a ativos biológicos,
relacionados com as atividades agrícolas. De acordo com o CPC 29 (2009, p. 10), os ativos biológicos consumíveis
“são aqueles passíveis de serem colhidos como produto agrícola ou
3.1. Aplicação do CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola vendidos como ativos biológicos”. Como por exemplo: rebanhos de
animais mantidos para a produção de carne, rebanhos mantidos para
Para fins de aplicação do CPC 29 (2009): a venda, produção de peixe, plantações de milho e trigo, produto de
planta portadora e árvores para produção de madeira.
Ativo biológico corresponde a um animal e/ou uma planta, vivos.
Como, por exemplo, gado para leite e para corte, carneiros, porcos, São considerados ativos biológicos para produção os que não se
peixes, plantas cultivadas para serem colhidas como produto enquadram como consumíveis, como por exemplo: rebanhos de
agrícola; árvores cultivadas para o uso como madeira; culturas anuais animais para produção de leite, árvores frutíferas, das quais é colhido
temporárias em formação como milho, cana-de-açúcar e trigo e produto o fruto, assim como as plantas portadoras, que não são produtos
em desenvolvimento de planta portadora. agrícolas, mas são mantidos para produzir produtos.

Não é tratada como ativo biológico, para efeito do CPC 29 (2009), a O CPC 29 (2009, p. 11) ainda classifica os ativos biológicos em
planta portadora, que é uma planta viva utilizada na produção ou no maduros ou imaturos, sendo os maduros os que atingiram a condição
fornecimento de produtos agrícolas; cultivada para produzir frutos por

8
para serem colhidos (ativos biológicos consumíveis) ou que estão O CPC 29 deve ser utilizado apenas no tratamento contábil das
aptos a manter colheitas regulares (ativos biológicos de produção) e subvenções governamentais associadas a ativos biológicos,
os imaturos, os que não apresentam tais condições. mensurados ao valor justo líquido das despesas com vendas,
condicionais e incondicionais.
O CPC 29 (2009) define ainda que o produto agrícola no ponto de
colheita é aquele colhido de ativo biológico da entidade ou derivado da O CPC 29 (2009) não deve ser aplicado a:
cessação da vida desse ativo biológico, como, por exemplo: algodão,
cana-de-açúcar, uva, folha de fumo ou de chá, frutas, látex, colhidos, a) terras relacionadas com atividades agrícolas, que possuem
assim como árvore cortada, leite, lã, carne e carcaça de porcos, bovinos características de ativo imobilizado, conforme CPC 27 e/ou
e aves. Podemos assim ilustrar a associação entre o ativo biológico e propriedade para investimento, de acordo com o CPC 28;
o produto agrícola: b) plantas portadoras relacionadas com a atividade agrícola,
como arbustos de chá, videiras, palmeira de dendê e seringueira,
O gado de leite são um grupo de ativos biológicos (um que devem ser tratadas como ativo imobilizado, conforme CPC
conjunto de animais vivos semelhantes) que têm o leite 27;
como produção agrícola. Além do leite, podem produzir c) subvenção e assistência governamentais associadas às
bezerros que se enquadrem como produtos agrícolas ou plantas portadoras, que devem receber tratamento contábil de
como ativos biológicos adicionais. acordo com o CPC 07;
Os bezerros machos que nascem destinados à venda são d) ativos intangíveis relacionados com atividades agrícolas,
considerados produtos agrícolas, enquanto as bezerras que estão sob o tratamento contábil do CPC 04;
fêmeas que se destinam à futura produção de leite são e) ativos de direito de uso decorrentes de arrendamento de
ativos biológicos adicionais. terrenos relacionados à atividade agrícola, cujo tratamento é
Salotti et al. (2015, p. 58) dado pelo CPC 06 - Operações de Arrendamento Mercantil.

9
f) Produtos agrícolas após o ponto de colheita, advindo de ativos
O ativo biológico e o produto agrícola serão tratados
biológicos da entidade devem ser tratados contabilmente por
contabilmente pelo CPC 29, enquanto que os produtos
meio do CPC 16 - Estoques, ou outro Pronunciamento Técnico
processados após a colheita estão sob o alcance do CPC 16 -
mais adequado, deve ser aplicado. Como por exemplo: a
Estoques ou de outros CPCs específicos, como por exemplo,
transformação em vinho por vinícola após ter sido cultivada e
o CPC 27 - Ativo Imobilizado ou CPC 28 - Propriedade para
colhida a uva; ou ainda o queijo produzido do leite extraído do
Investimento.
gado de leite criado pela entidade.

3.2. Reconhecimento de ativo biológico e produto agrícola


O quadro a seguir classifica dentro de uma mesma cadeia o ativo
biológico, o produto agrícola a ser colhido e os produtos resultantes do
A entidade deve reconhecer um ativo biológico ou produto agrícola
processamento após a colheita:
quando, e somente quando, se enquadrarem na definição de ativo,
Produtos resultantes seguindo a Estrutura Conceitual Básica de Elaboração dos Relatórios
Ativo Biológico Produto Agrícola do processamento
após a colheita Econômico-financeiros atual.
Carneiros Lã Fio, tapete
Plantação de árvores para madeira Árvore cortada Tora, madeira serrada
Gado de leite Leite Queijo
Para tanto, a entidade deve controlar o ativo biológico ou o produto
Porcos Carcaça Salsicha, presunto agrícola, decorrentes de eventos passados, assim como deve ser capaz
Plantação de Algodão Algodão colhido Fio de algodão, roupa
de absorver os prováveis benefícios econômicos futuros associados a
Cana-de-açúcar Cana colhida Açúcar
Plantação de fumo Folha colhida Fumo curado esses ativos e deve ser capaz de mensurar o valor justo ou o custo de
Videira Uva colhida Vinho
forma confiável.
Árvore frutífera Fruta colhida Fruta processada
Palmeira de dendê Fruta colhida Óleo de palma
Seringueira Látex colhido Produto da borracha A entidade evidencia que controla o ativo quando possui a sua
Fonte: CPC 29 (2009, p. 3) propriedade legal e o correspondente controle físico, como no caso

10
do gado, que é realizado por meio de sua marcação no momento da
aquisição, nascimento ou por época de crescimento.

No caso de ativos biológicos ou produtos agrícolas, uma forma


de determinar os benefícios econômicos futuros ocorre com o
desenvolvimento e/ou crescimento físicos e significativos, que auxiliam
na mensuração do seu valor justo ou na impossibilidade de mensurá-lo
confiavelmente o custo do ativo.

11
No que tange à mensuração do produto agrícola no momento da
colheita, para todos os casos, a entidade deve mensurá-lo ao seu valor
4. MENSURAÇÃO DE ATIVO BIOLÓGICO E PRODUTO
AGRÍCOLA justo, menos a despesa de venda. O CPC 29 entende que o valor
justo do produto agrícola no momento da colheita pode ser sempre
O critério de mensuração inicial e subsequente prioritário para ativos mensurado confiavelmente.
biológicos é o valor justo, na presença de mercado ativo e/ou de
alternativas que o mensurem de forma confiável. Caso não seja possível Em síntese:
mensurá-lo confiavelmente, a entidade deve realizar a mensuração
a custo, menos qualquer depreciação e perda por irrecuperabilidade • O ativo biológico deve ser mensurado ao valor justo menos
acumuladas. No caso de se tornar possível mensurar o valor justo de a despesa de venda no momento do reconhecimento inicial
ativo biológico de forma confiável, a entidade deve mensurá-lo ao seu e no final de cada período de competência, exceto para os
valor justo menos as despesas de venda. casos em que o valor justo não pode ser mensurado de forma
confiável.
Contudo, no reconhecimento inicial, caso a entidade tenha mensurado • O produto agrícola colhido de ativos biológicos da entidade
previamente o ativo biológico ao seu valor justo, menos a despesa de deve ser mensurado ao valor justo, menos a despesa de
venda, manterá esse critério de mensuração até a sua venda. Além venda, no momento da colheita. Após isso, tal valor representa
disso, quando o ativo biológico for classificado no ativo não circulante o custo e deve seguir o que determina o CPC 16 - Estoques,
e atender aos critérios para ser classificado como mantido para venda ou outro Pronunciamento aplicável.
(de acordo com o CPC 31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e
Operação Descontinuada), o CPC 29 entende que o valor justo possa
ser mensurado de forma confiável e assim a entidade deve proceder.

12
As despesas de venda, por sua vez, são despesas incrementais
diretamente atribuíveis à venda de ativo, excluindo as despesas
financeiras e tributos sobre o lucro (CPC 29, 2009).

O CPC 29 (2009) parte da premissa que é possível mensurar com


confiabilidade o valor justo de ativos biológicos e o produto agrícola no
momento da colheita e que pode tal mensuração pode ser facilitada
se feita por grupos, agregando-os pelos atributos significativos, que
são reconhecidos no mercado em que os preços são baseados,
como por exemplo, idade, raça/espécie ou qualidade. Para tanto, o
CPC 29 estabelece que a entidade deve identificar os atributos que
4.1. Mensuração a valor justo
correspondem aos atributos usados no mercado como base para a
fixação de preço.
A mensuração inicial e subsequente de ativos biológicos, bem como de
produto agrícola no momento da colheita, é realizada por meio do valor
Além disso, pode não existir mercado separado para ativos objeto
justo líquido, ou seja, o valor justo menos as despesas com vendas.
de mensuração do valor justo, mas pode existir mercado ativo para a
combinação deles, como por exemplo na situação em que os ativos
Conforme o CPC 29 (2009, p. 5), o valor justo “é o preço que seria biológicos, terra nua e terras com melhorias, são tratados como
recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência um grupo de ativos. A entidade pode usar informações sobre ativos
de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do combinados para mensurar o valor justo dos ativos biológicos. Por
mercado na data de mensuração.” Para determinar o valor justo, devem exemplo, o valor justo da terra nua e da terra com melhorias pode ser
ser seguidos os critérios e procedimentos determinados no CPC 46 - deduzido do valor justo dos ativos combinados, visando obter o valor
Mensuração do Valor Justo. justo do ativo biológico.

13
Por outro lado, contratos realizados pelas entidades, frequentemente, Exemplo 1
para negociar seus ativos biológicos ou produtos agrícolas em data A Cia. Bicho do Mato comprou à vista 10 ovelhas pelo valor de R$
futura não devem ser utilizados para determinar o respectivo valor 150,00 cada. Na data da aquisição, o valor justo no mercado mais
justo de ativos biológicos e produtos agrícolas, uma vez que os preços vantajoso era de R$ 190,00 por unidade e as despesas com vendas
contratados não refletem as condições do mercado corrente em que eram de R$ 20,00 por unidade. O reconhecimento e mensuração
compradores e vendedores participantes do mercado realizariam a iniciais dessa aquisição, na data da aquisição, seriam:
transação, e sim são estabelecidos com base nas condições desejadas
Débito Crédito
pela entidade.
Ativo Não Circulante
Ativo Biológico R$ 1.700,00
Demonstração do Resultado
A entidade pode utilizar para realizar a mensuração do valor justo, o Ganho na mensuração inicial a valor justo líquido R$ 200,00
modelo de fluxo de caixa descontado. Porém, não deve incluir nessa Ativo Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 1.500,00
estimativa quaisquer expectativas de financiamento de ativos, tributos
ou restabelecimento do ativo biológico após a colheita, como custo de
Exemplo 2
replantio de árvores em plantação após a colheita.
Ainda no mesmo exercício, a Cia. Bicho do Mato comprou à vista 5
suínos de 160 kg em média pelo valor de R$ 3,50/kg cada. Na data
4.1.1. Reconhecimento do ganho ou da perda no valor justo
da aquisição, o valor justo no mercado mais vantajoso era de R$ 3,30/
kg por unidade e as despesas com vendas eram de R$ 0,10/kg por
Conforme o CPC 29 (2009), as variações no valor justo menos a
unidade. O reconhecimento e mensuração iniciais dessa aquisição, na
despesa de venda de ativo biológico que resultem em ganho ou perda
data da aquisição, seriam:
devem ser reconhecidos tanto na mensuração inicial, quanto ao final
de cada período, no resultado do exercício em que tiver origem.

14
Débito Crédito Débito Crédito
Ativo Não Circulante Ativo Circulante
Ativo Biológico R$ 2.560,00 Produto Agrícola - Lã
R$ 3.000,00
Demonstração do Resultado Mensuração a Valor Justo no momento da
Perda na mensuração inicial a valor justo líquido R$ 240,00 colheita
Ativo Circulante Demonstração do Resultado
Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 2.800,00 Ganho na mensuração a valor justo líquido, no R$ 500,00
momento da colheita
Ativo Circulante
Produto Agrícola - Lã R$ 2.500,00
No caso de produto agrícola, o CPC 29 (2009) determina que a Mensuração a Custo antes da colheita
variação no valor justo menos a despesa de venda de ativo biológico
que resultem em ganho ou perda devem ser reconhecidos no momento No caso de ativo biológico, a perda pode ocorrer no reconhecimento
da colheita como resultado da colheita. inicial em função da dedução das despesas de venda na determinação
do valor justo e o ganho pode ocorrer no reconhecimento inicial de
Exemplo 3 ativo biológico, como no caso de o nascimento de um bezerro.
A Cia. Bicho do Mato extraiu 30 kg de lã por animal das 10 ovelhas
adquiridas no início do período. Ao final do período, o valor justo no Exemplo 4
mercado mais vantajoso da lã colhida era de R$ 12,00/kg e as despesas Ao final do exercício, a Cia. Bicho do Mato verificou que nasceram 2
com vendas eram de R$ 2,00/kg. Os custos associados ao cuidado e filhotes de ovelhas. Ao final do período, o valor justo no mercado mais
extração da lã até o momento da colheita, considerando os 10 animais, vantajoso, considerando o estágio dos filhotes, era de R$ 70,00 por
eram de R$ 2.500,00. O reconhecimento e mensuração do produto unidade e as despesas com vendas eram de R$ 20,00 por unidade.
agrícola, no momento da colheita, seriam: O reconhecimento e mensuração pelo nascimento desses ativos
biológicos, ao final do período, seriam:

15
De acordo com o CPC 29 (2009), os custos podem, algumas vezes,
Débito Crédito
aproximar-se do valor justo, particularmente, nas seguintes situações
Ativo Não Circulante
Ativo Biológico R$ 100,00 em que:
Demonstração do Resultado
Ganho na mensuração inicial a valor justo líquido
de animais nascidos R$ 100,00
a) Ocorre uma pequena transformação biológica no momento
inicial. Como por exemplo, quando mudas são plantadas no
No caso de produto agrícola, o ganho ou a perda pode ser em período imediatamente anterior ao de encerramento das
consequência do resultado da colheita no reconhecimento inicial. demonstrações contábeis ou quando o gado é recém-adquirido;
ou
4.2. Mensuração a custo b) Não se espera que o impacto da transformação do ativo
biológico sobre o preço seja material. Como por exemplo, no
Há uma premissa de que o valor justo dos ativos biológicos pode ser crescimento inicial da plantação de pinos cujo ciclo de produção
mensurado de forma confiável. Contudo, tal premissa pode ser rejeitada é de 30 anos.
no caso de ativo biológico cujo valor deveria ser cotado pelo mercado,
porém, este não o tem disponível e as alternativas para mensurá-los
não são, claramente, confiáveis. Em tais situações, o ativo biológico
deve ser mensurado ao custo, menos qualquer depreciação e perda
por irrecuperabilidade acumuladas.

Na determinação do custo, da depreciação e da perda por


irrecuperabilidade acumuladas, a entidade deve considerar os
Pronunciamentos Técnicos CPC 16 - Estoques, CPC 27 - Ativo
Imobilizado e CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos.

16
Contudo, na subvenção governamental condicional associada com
o ativo biológico mensurado ao seu valor justo menos a despesa de
5. SUBVENÇÃO GOVERNAMENTAL ASSOCIADA A ATIVO
venda, mesmo quando a condição determinada não envolva uma
BIOLÓGICO
atividade agrícola especificada, a receita deve ser reconhecida no
resultado quando, e somente quando, a condição for atendida.
Subvenção governamental é definida no Pronunciamento Técnico
CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais, como sendo
“uma assistência governamental geralmente na forma de contribuição Caso a subvenção governamental seja com ativo biológico mensurado
de natureza pecuniária, mas não só restrita a ela, concedida a uma ao custo menos qualquer depreciação ou perda irrecuperável
entidade normalmente em troca do cumprimento passado ou futuro de acumuladas, o Pronunciamento Técnico CPC 07 - Subvenção e
certas condições relacionadas às atividades operacionais da entidade” Assistência Governamentais deve ser aplicado. Em tal pronunciamento,
(CPC 07, 2010, p.2). a receita deve ser reconhecida apenas se houver segurança de que a
entidade cumprirá as condições requeridas para obter a subvenção e
Os termos e as condições das subvenções governamentais variam e
que a mesma será recebida.
são determinadas em contratos e/ou convênios. O tratamento contábil
determinado pelo CPC 29 (2009) para o reconhecimento das receitas
O CPC 29 (2009) expõe um exemplo de reconhecimento contábil da
decorrentes de subvenções governamentais depende do atendimento
ou não das condições determinadas em tais instrumentos, separado subvenção relacionada à exigência de que a entidade agrícola cultive

entre as subvenções governamentais incondicionais e as condicionais em um determinado prazo e em determinada localidade, devendo

e se o ativo biológico é mensurado ao valor justo líquido ou ao custo. devolvê-la, integralmente, se o cultivo se der em período inferior.
Nessa situação, a subvenção não pode ser reconhecida no resultado
Na subvenção governamental incondicional associada a um ativo antes de se passarem os cinco anos. Porém, se os termos contratuais
biológico mensurado ao seu valor justo, menos a despesa de venda, permitirem a retenção do valor proporcional à passagem do tempo,
a receita deve ser reconhecida no resultado do período quando, e seu reconhecimento contábil também deve ser proporcional.
somente quando, se tornar recebível.

17
produção por grupos; separando o total entre ativos maduros
e imaturos, bem como divulgar a base para realizar tais
6. APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
distinções.

O CPC 29 (2009) estabelece um conjunto mínimo de informação a


serem divulgadas e a forma de apresentação nas Notas Explicativas, No que tange a divulgação de informações sobre perdas ou ganhos,

assim como encoraja a entidade a realizar evidenciações adicionais, relacionados aos ativos biológicos, a entidade deve:

capazes de influenciar a estimativa de fluxos de caixa e o tempo de


realização dos ativos biológicos e produto agrícola. • Divulgar o ganho ou a perda do período corrente em relação
ao valor inicial do ativo biológico e do produto agrícola;

Assim, no que tange a divulgação de informações descritivas em • Divulgar o ganho ou a perda do período corrente, decorrentes

relação aos ativos biológicos, a entidade deve: da mudança no valor justo, menos a despesa de venda dos
ativos biológicos.

• Fornecer uma descrição de cada grupo de ativos biológicos


de forma dissertativa ou quantitativa. Quanto à apresentação nas demonstrações contábeis, a entidade
deve divulgar, se não o fez de outra maneira:

Além disso, é encorajada a apresentar:


a) a natureza das atividades envolvendo cada grupo de ativos

• Uma descrição da quantidade por cada grupo de ativos biológicos;

biológicos, separando-os em consumíveis e de produção b) mensurações ou estimativas não financeiras de quantidade

ou entre maduros e imaturos, conforme apropriado, físicas:

apresentando, por exemplo, o total de ativos biológicos i. de cada grupo de ativos biológicos no final do período;

passíveis de serem consumidos e aqueles disponíveis para ii. da produção agrícola durante o período.

18
A entidade deve apresentar a conciliação das mudanças no valor Quanto à assunção de compromissos em função de ativos biológicos,
contábil de ativos biológicos entre o início e o fim do período corrente, a entidade deve divulgar:
incluindo:
a) a existência e o total de ativos biológicos cuja titularidade
a) ganho ou perda decorrente da mudança no valor justo menos legal seja restrita, e o montante deles dado como garantia de
a despesa de venda; exigibilidades;
b) aumentos devido às compras; b) o montante de compromissos relacionados com o
c) reduções atribuíveis às vendas e aos ativos biológicos desenvolvimento ou aquisição de ativos biológicos; e
classificados como mantidos para venda ou incluídos em grupo c) as estratégias de administração de riscos financeiros
de ativos mantidos para essa finalidade, de acordo com o CPC relacionadas com a atividade agrícola.
31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação
Descontinuada; Quanto à mensuração a valor justo e o efeito das mudanças físicas:
d) reduções devidas às colheitas;
e) aumento resultante de combinação de negócios; A entidade é encorajada a divulgar, por grupo, ou de outra forma, o
f) diferenças cambiais líquidas decorrentes de conversão das total da mudança no valor justo menos a despesa de venda, incluído
demonstrações contábeis para outra moeda de apresentação no resultado, referente às mudanças físicas e de preços no mercado.
e, também, de conversão de operações em moeda estrangeira
para a moeda de apresentação das demonstrações da entidade; Os efeitos observados e mensurados nos benefícios econômicos
e têm relação direta com as transformações biológicas, provocadas
g) outras mudanças. por mudanças físicas como crescimento, degeneração, produção e
procriação. Aqui, inclui-se também como mudança física a mudança
no valor justo de ativo biológico devido à colheita.

19
Em relação a eventos climáticos, riscos de doenças e outros riscos • Se durante o período corrente a entidade mensura os ativos
naturais a que a atividade agrícola está, frequentemente, exposta, avalia- biológicos ao seu custo menos depreciação e perda no valor
se se o evento dá origem a um item material de receita ou despesa. Em recuperável acumuladas, deve divulgar qualquer ganho ou
caso afirmativo, a natureza e o total devem ser divulgados de acordo perda reconhecido sobre a venda de tais ativos biológicos, e
com o CPC 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis. a conciliação requerida pelo item 50 deve evidenciar o total
relacionado com ativos avaliados a custo, separadamente,
Quanto à divulgação adicional para ativo biológico cujo valor justo não e realizar a conciliação, que deve conter os seguintes
pode ser mensurado de forma confiável, a entidade deve divulgar um
montantes, incluídos no resultado e decorrentes daqueles
conjunto de informações dependendo da situação no final do período:
ativos biológicos:
a) perdas irrecuperáveis;
• Se mensura ativos biológicos pelo custo, menos qualquer
b) reversão de perdas no valor recuperável; e
depreciação e perda no valor recuperável acumuladas, no
c) depreciação.
final do período deve divulgar:
(a) uma descrição dos ativos biológicos;
Em relação à divulgação, se o valor justo dos ativos biológicos, antes
(b) uma explicação da razão pela qual o valor justo não
mensurados ao custo, se tornar mensurável de forma confiável durante
pode ser mensurado de forma confiável;
o período corrente, a entidade deve evidenciar:
(c) se possível, uma faixa de estimativas dentro da qual
existe alta probabilidade de se encontrar o valor justo;
(d) o método de depreciação utilizado; a) uma descrição dos ativos biológicos;

(e) a vida útil ou a taxa de depreciação utilizada; e b) uma explicação da razão pela qual a mensuração do valor

(f) o total bruto e a depreciação acumulada (adicionada justo se tornou mensurável de forma confiável; e
da perda por irrecuperabilidade acumulada) no início e c) o efeito da mudança.
no final do período.

20
Quanto à divulgação sobre subvenção governamental associada a
ativo biológico, a entidade deve evidenciar:

a) a natureza e a extensão das subvenções governamentais


reconhecidas nas demonstrações contábeis;
b) condições não atendidas e outras contingências associadas
com a subvenção governamental; e
c) reduções significativas esperadas no nível de subvenções
governamentais.

21
Além disso, o CPC 29 trata de como as subvenções governamentais
associadas a ativo biológico devem ser reconhecidas. Assim, as receitas
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
decorrentes de subvenções governamentais incondicionais devem ser

Neste material, foram apresentados o tratamento contábil para o reconhecidas no momento do recebimento e aquelas que dependem

reconhecimento, mensuração e divulgação de eventos econômicos de que sejam cumpridas determinadas condições, no momento em

relacionados a ativos biológicos e produtos agrícolas, definidos que tais condições forem atendidas.

normativamente pelo CPC 29, separando-os do tratamento contábil


dado pelos demais pronunciamentos relacionados. As formas de apresentação e divulgações requeridas pelo CPC 29
exigem que sejam feitas descrições sobre os ativos biológicos, incluindo

De uma maneira geral, o reconhecimento de um ativo biológico ou classificar em consumíveis e de produção, maduros e imaturos e por

produto agrícola ocorre quando a entidade controla os benefícios estágio de crescimento. Além disso, exigem que sejam evidenciadas

econômicos advindos desses ativos e pode mensurá-los a valor justo informações sobre a mensuração a valor justo, incluindo ganhos e

ou a custo confiavelmente. perdas ou sobre a mensuração a custo, sobre compromissos assumidos


tendo como garantias os ativos biológicos ou produto agrícolas e sobre

O critério de mensuração prioritário é a valor justo líquido das despesas a existência e suas condições de subvenção governamental associada

com vendas, cujos ganhos ou perdas devem ser reconhecidos no a tais ativos.

resultado no momento do reconhecimento inicial e nos subsequentes,


para ativo biológico e no momento da colheita, para produto agrícola.
Na ausência de meios confiáveis de estimação do valor justo, a
mensuração pode ser a custo menos a depreciação e as perdas por
irrecuperabilidade.

22
As premissas significativas na determinação do valor justo dos ativos
biológicos estão demonstradas na nota explicativa 13.
8. APLICAÇÃO

CASO DE ESTUDO SOBRE DIVULGAÇÃO DE ATIVOS A avaliação dos ativos biológicos é feita trimestralmente pela

BIOLÓGICOS Companhia, sendo o ganho ou perda na variação do valor justo

KLABIN S/A (DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ANUAIS dos ativos biológicos reconhecidos no resultado do período em

COMPLETAS – 2018) que ocorrem, em linha específica da demonstração do resultado,

Nota Explicativa – PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS denominada “Variação do Valor Justo dos Ativos Biológicos”. O
valor da exaustão dos ativos biológicos é mensurado pela quantidade

[...] de madeira cortada, avaliada por seu valor justo.

2.2 Sumário das principais práticas contábeis adotadas [...]

[...]
u) Julgamentos, estimativas e premissas contábeis significativas

K) ATIVOS BIOLÓGICOS [...]

Os ativos biológicos correspondem a florestas de eucalipto e pinus, As Demonstrações Financeiras incluem várias estimativas, tais como,

as quais são destinadas para produção de papéis para embalagem, mas não se limitando, a realização dos créditos tributários diferidos,

sacos de papel, celulose, caixas e chapas de papelão ondulado, avaliação do valor justo dos ativos biológicos, provisões para riscos

além de venda de madeira para terceiros. O processo de colheita e fiscais, previdenciários, cíveis e trabalhistas e ajuste a valor presente

replantio tem um ciclo aproximado de 7 – 14 anos, variável com base de saldos.

na cultura e material genético a que se refere. Os ativos biológicos são [...]

mensurados ao valor justo, deduzidos dos custos estimados de venda


no momento da colheita.

23
OUTRAS INFORMAÇÕES Consolidado

1 DIVULGAÇÃO DO LAJIDA (EBITDA) 31/12/2018 31/12/2017


(=) Lucro líquido do exercício 186.818 532.169
(+) Imposto de renda e contribuição social (255.399) 306.499
(+/-) Resultado financeiro líquido 3.052.186 713.384
Conforme instrução CVM 527/12, a Companhia aderiu a divulgação (+) Amortização, depreciação e exaustão no resultado 1.673.347 1.940.487
LAJIDA (EBITDA) 4.656.952 3.492.539
voluntária de informações de natureza não contábil como informação
adicional agregada em sua demonstração financeira, apresentando o Ajustes conf. Inst. CVM 527/12
(+/-) Variação do valor justo dos ativos biológicos (i) (628.367) (789.661)
LAJIDA (EBITDA) – Lucros Antes dos Juros, Impostos sobre Renda (+/-) Equivalência patrimonial (ii) (5.964) (13.624)
(+) Realização de custo atribuído imobilizado – terras (iii) 1.798 39.801
incluindo Contribuição Social sobre o Lucro (Prejuízo) Líquido, (+/-) LAJIDA (EBITDA) de controlada em conjunto (ii) - 9.124
Depreciação e Amortização, para os exercícios findos em 31 de LAJIDA (EBITDA) – ajustado 4.024.419 2.738.179

dezembro de 2018 e 2017.

Em linhas gerais, o LAJIDA (EBITDA) representa a geração operacional Ajustes para definição do LAJIDA (EBITDA) - ajustado:

de caixa da Companhia, correspondente ao quanto à empresa gera


de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em (i) Variação do valor justo dos ativos biológicos

consideração os efeitos financeiros e de impostos. Ressalva-se que A variação do valor justo dos ativos biológicos corresponde aos

este não representa o fluxo de caixa para os exercícios apresentados, ganhos ou perdas obtidas na transformação biológica dos ativos

não devendo ser considerado obrigatoriamente como base para florestais até a colocação dos mesmos em condição de uso/venda

distribuição de dividendos, alternativa para o lucro líquido, ou ainda, durante o ciclo de formação. Por tratar-se de uma expectativa do valor

como indicador de liquidez. dos ativos refletida no resultado da Companhia, calculada a partir de
premissas incluídas em fluxo de caixa descontado, sem o efeito caixa
no mesmo momento de seu reconhecimento, a variação do valor justo
é excluída do cálculo do LAJIDA (EBITDA).

24
[...] A avaliação dos ativos biológicos por seu valor justo considera
Nota Explicativa nº 13 ATIVOS BIOLÓGICOS certas estimativas, tais como: preço de madeira, taxa de desconto,
Os ativos biológicos da Companhia compreendem o cultivo e plantio de plano de colheita das florestas e volume de produtividade, as
florestas de pinus e eucalipto para abastecimento de matéria-prima na quais estão sujeitas a incertezas, podendo gerar efeitos nos resultados
produção de celulose de fibra curta, longa e fluff, bem como utilizada futuros em decorrência de suas variações.
no processo de produção de papel e vendas de toras de madeira para
terceiros. Em 31 de dezembro de 2018 a Companhia possui 239 mil Nos exercícios findos em 31 de dezembro de 2018 e 2017 não foram
hectares (229 mil hectares em 31 de dezembro de 2017) de florestas identificadas necessidades de provisão para impairment.
plantadas, desconsiderando as áreas de preservação permanente e
reserva legal que devem ser mantidas para atendimento à legislação a) Premissas para o reconhecimento do valor justo dos ativos
ambiental brasileira. biológicos

O saldo dos ativos biológicos da Companhia, ao valor justo, pode ser A Companhia reconhece seus ativos biológicos a valor justo adotando
assim demonstrado: as seguintes premissas em sua apuração:

Controladora Consolidado
i. Serão mantidas a custo histórico as florestas de eucalipto até
31/12/2018 31/12/2017 31/12/2018 31/12/2017
Custo de formação dos ativos 1.142.474 1.076.381 1.715.919 1.433.608 o terceiro ano de plantio e florestas de pinus até o quinto ano de
biológicos
Ajuste ao valor justo dos ativos 2.161.300 2.196.115 2.866.712 2.714.171 plantio, em decorrência do entendimento da Administração de
biológicos
3.303.774 3.272.496 4.582.631 4.147.779
que durante esse período, o custo histórico dos ativos biológicos
se aproxima de seu valor justo, além de ser possível de realizar
os inventários para avaliação de crescimento e expectativa de
produção da floresta somente após este período;

25
ii. As florestas, após o terceiro e quinto ano de plantio, de vi. Os preços dos ativos biológicos (madeira em pé),
eucalipto e pinus respectivamente, são valorizadas por seu denominados em R$/metro cúbico são obtidos por meio de
valor justo, o qual reflete o preço de venda do ativo menos os pesquisas de preço de mercado, divulgados por empresas
custos necessários para colocação do produto em condições especializadas. Os preços obtidos são ajustados deduzindo-se
de venda ou consumo; os custos de capital referente a terras, em decorrência de tratar-
iii. A metodologia utilizada na mensuração do valor justo dos se de ativos contribuintes para o plantio das florestas e demais
ativos biológicos corresponde à projeção dos fluxos de caixa custos necessários para colocação dos ativos em condição de
futuros descontados de acordo com o ciclo de produtividade
venda ou consumo;
projetado das florestas, levando-se em consideração as
vii. Os gastos com plantio referem-se aos custos de formação
variações de preço e crescimento dos ativos biológicos;
dos ativos biológicos;
iv. A taxa de desconto utilizada nos fluxos de caixa corresponde
viii. A apuração da exaustão dos ativos biológicos é realizada
ao custo médio de capital ponderado da Companhia, o qual é
com base no valor justo dos ativos biológicos colhidos no
revisado anualmente pela Administração;
exercício;
v. Os volumes de produtividade projetados das florestas são
ix. A Companhia definiu por efetuar a reavaliação do valor justo
definidos com base em uma estratificação em função de
de seus ativos biológicos trimestralmente, sob o entendimento
cada espécie, material genético, regime de manejo florestal,
de que esse intervalo é suficiente para que não haja defasagem
potencial produtivo, rotação e idade das florestas. O conjunto
dessas características compõe um índice denominado IMA significativa do saldo de valor justo dos ativos biológicos

(Incremento Médio Anual), expresso em metros cúbicos por registrado em suas demonstrações financeiras.

hectare/ano utilizado como base na projeção de produtividade.


O plano de corte das culturas mantidas pela Companhia é
variável principalmente entre 6 e 7 anos para eucalipto e entre
14 e 15 anos para pinus;

26
b) Reconciliação e movimentação das variações de valor justo Destaca-se na variação do valor justo a utilização da nova taxa de
desconto, reduzida por conta de melhora nos indicadores da economia
Controlada Consolidado
que ajudam na composição do custo médio de capital ponderado.
2.397.462 3.656.596
Saldo em 31 de dezembro de 2016 150.799 237.371
Plantio (800.860) (946.737)
Exaustão: (130.795) (145.263) c) Análise de sensibilidade
- Custo histórico (670.065) (801.474)
- Ajuste ao valor justo 649.322 789.661
Variação de valor justo por: 173.719 251.767 De acordo com a hierarquia do CPC 46 (equivalente ao IFRS 13)
- Preço 475.603 537.894
- Crescimento 410.888 410.488 – Mensurações do Valor Justo, o cálculo dos ativos biológicos se
Incorporação de ativos (i) (227.355) -
Constituição de controlada (i) 692.240 -
enquadra no Nível 3, por conta de sua complexidade e estrutura de
Dissolução de controlada 3.272.496 4.147.779 cálculo.
Saldo em 31 de dezembro de 2017 243.677 338.786
Plantio - 123.000
Aquisição de ativos florestais (i) 536.030 655.301
Exaustão: (156.611) (179.479) Dentre as premissas utilizadas no cálculo destaca-se a sensibilidade
- Custo histórico (379.419) (475.822)
aos preços utilizados na avaliação e a taxa de desconto utilizada
- Ajuste ao valor justo 466.074 628.367
Variação de valor justo por: 185.764 239.346 no fluxo de caixa descontado. Os preços referem-se aos praticados
- Preço 280.310 389.021
- Crescimento (142.443) - nas regiões onde a Companhia está alocada, já a taxa de desconto
Constituição de controlada (i) 3.303.774 4.582.631
Saldo em 30 de dezembro de 2018
corresponde ao custo médio de capital, levando em conta a taxa básica
de juros (Selic) e níveis de inflação.
(i) Vide informações na nota explicativa 1


Aumentos (reduções) significativos nos preços utilizados na avaliação
A exaustão dos ativos biológicos dos exercícios apresentados foi
resultariam em acréscimo (decréscimo) na mensuração do valor justo
substancialmente apropriada ao custo de produção, após alocação
dos ativos biológicos. O preço médio ponderado utilizado na avaliação
nos estoques mediante colheita das florestas e utilização no processo
do ativo em 31 de dezembro de 2018 foi equivalente a R$67/m3 (R$63/
produtivo ou venda para terceiros.

27
m3 em 31 de dezembro de 2017). Sobre a taxa de desconto, os efeitos dividendos e juros sobre capital próprio com saldos de “Reservas de
significativos de elevação (redução) da taxa utilizado na mensuração Lucros” mantidos no Patrimônio Líquido.
do valor justo dos ativos biológicos, acarretaria em queda (elevação)
dos valores mensurados. A Companhia atualiza seu custo médio de A distribuição do lucro do exercício de 2018 está disposta da seguinte
capital ponderado anualmente, sendo utilizada a nova taxa a partir forma:
da primeira avaliação trimestral de cada exercício, permanecendo a
Controlada
mesma utilizada no cálculo do primeiro trimestre para os demais. A
(=) Lucro líquido do exercício atribuído aos acionistas de Klabin 137.455
taxa de desconto utilizada na avaliação do ativo biológico em 31 de (-) Constituição de reserva de incentivos fiscais (59.368)
(-) Constituição de reserva legal (5% do lucro líquido – reserva incent. (3.904)
dezembro de 2018 foi de 4,74% em moeda constante (5,1% em 31 de fiscal)
(+) Realização de custo atribuído imobilizado (terras) 1.187
dezembro de 2017). (+) Realização da reserva de ativos biológicos – próprios 241.173
(-) Constituição da reserva de ativos biológicos – próprios (307.609)
(-) Constituição da reserva de ativos biológicos – controladas (i) (8.934)
Nota Explicativa nº 18 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (=) Lucro base para distribuição do dividendo obrigatório -

[...] (=) Dividendo mínimo obrigatório conforme Estatuto Social (25%) -

d) Dividendos (i) Contido no resultado de equivalência patrimonial.


[...]
A base de cálculo do dividendo obrigatório definida no Estatuto Social Relatório do auditor independente sobre as demonstrações financeiras
da Companhia é ajustada pela constituição, realização e reversão, no individuais e consolidadas
respectivo exercício, da “Reserva de Ativos Biológicos”, outorgando
aos acionistas da Companhia o direito ao recebimento a cada exercício Aos Acionistas e Administradores da Klabin S/A
de um dividendo mínimo obrigatório de 25% do lucro líquido anual [...]
ajustado. Adicionalmente, é facultado à Companhia a distribuição de

28
Principais Assuntos de Auditoria colheita e preço da madeira em pé, esse tema foi considerado como
Principais assuntos de auditoria são aqueles que, em nosso julgamento um assunto importante em nossa auditoria.
profissional, foram os mais significativos em nossa auditoria do
exercício corrente. Nossos procedimentos de auditoria incluíram, entre outros,
[...] entendimento dos controles internos relacionados à atividade
florestal da Companhia e suas controladas, envolvimento de nossos
b) Mensuração do valor justo de ativos biológicos especialistas na avaliação das premissas e metodologias utilizadas
A Companhia e suas controladas registram suas florestas de eucalipto pela Companhia, em particular relacionadas às estimativas de
e pinus (ativos biológicos) a valor justo. Em 31 de dezembro de 2018, índice de crescimento das florestas, a idade das florestas quando o
o valor justo dos ativos biológicos consolidado, conforme divulgado valor justo se diferencia do seu custo histórico, taxas de juros para
na nota explicativa 13, era de R$3.303.774 mil e R$4.582.631 mil na descontos dos fluxos de caixa, estimativas de produtividade, projeções
controladora e consolidado, respectivamente. de volume de colheita e preço da madeira em pé, bem como avaliação
da adequada divulgação pela Companhia acerca das premissas
Devido à magnitude dos montantes envolvidos e complexidade utilizadas nos cálculos de mensuração do respectivo valor justo, tanto
do processo de determinação do valor justo dos ativos biológicos, no ativo não circulante como seus reflexos no resultado do exercício,
que conforme divulgado nas notas explicativas 2.2 j) e 13 leva em nas demonstrações financeiras.
consideração diversas premissas que envolveram alto grau de
julgamento da administração da Companhia, tais como: índice de Com base no resultado dos procedimentos de auditoria efetuados
crescimento das florestas, a idade das florestas quando o valor justo sobre a mensuração do valor justo dos ativos biológicos, que está
se diferencia do seu custo histórico, taxas de juros para descontos dos consistente com a avaliação da Administração, consideramos que
fluxos de caixa, estimativas de produtividade, projeções de volume de os critérios e premissas adotadas para a mensuração do valor justo
dos ativos biológicos adotados pela Administração, assim como as

29
respectivas divulgações nas notas explicativas 2.2j e 13, são aceitáveis,
no contexto das demonstrações financeiras tomadas em conjunto. e) Entre as informações disponíveis nas Notas
Explicativas, quais você destacaria como relevantes,
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO: para avaliação de riscos presentes e futuros associados
Com base nas notas explicativas, discuta no Fórum: à atividade da empresa e que serviriam para estimar os
fluxos futuros de caixa?
a) Quais são os ativos biológicos e os produtos
agrícolas da Klabin. A empresa fez a descrição de seus
ativos biológicos, classificando-os em consumíveis e de
produção e em maduros e imaturos?
b) Qual a forma de mensuração adotada pela empresa
para seus ativos biológicos e produtos agrícolas?
Existem casos de impossibilidade de mensuração
confiável a valor justo? Quais são e os motivos alegados
pela entidade?
c) Há ativos biológicos e/ou produtos agrícolas objeto
de compromissos assumidos? Quais são e como a
entidade gerencia os riscos associados a tais ativos?
d) Existem contratos de subvenção governamental
associados a ativos biológicos? São condicionais ou
incondicionais? E de que forma a entidade tratou tais
contratos?

30
INDICAÇÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: CPC 46 - Mensuração do Valor Justo
aplicável a todas as sociedades de acordo com as
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Atlas, 2018. Capítulo 15.

31
© FIPECAFI - Todos os direitos reservados.

REFERÊNCIAS
A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse
GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais,
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: marcas registradas e patentes. Todos os textos, imagens, sons,
aplicável a todas as sociedades de acordo com as
vídeos e/ou aplicativos exibidos nesse volume são protegidos pelos
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Atlas, 2018. direitos autorais, não sendo permitidas modificações, reproduções,
transmissões, cópias, distribuições ou quaisquer outras formas de
SALOTTI, B. M.; MURCIA, F. D.; CARVALHO, N.; utilização para fins comerciais ou educacionais sem o consentimento
FLORES, E. IFRS no Brasil: temas avançados prévio e formal da FIPECAFI.
abordados por meio de casos reais. São Paulo:
Atlas, 2015.
CRÉDITOS

OLIVEIRA, A. B. S.; SANTOS, D. S. IFRS e CPC: guia Autoria: Kelly Farias


de aplicação contábil para contexto brasileiro. 1ed. Coordenação de Operações: Juliana Nascimento
São Paulo: Saraiva, 2013. Design Instrucional: Patricia Brasil
Design Gráfico e Diagramação: Dejailson Markes
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC.
Captação e Produção de Mídias: Erika Alves, Gabriel Rodrigues,
Documentos emitidos: pronunciamentos.
Gabriel dos Santos e Maurício Leme
2019. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista

KLABIN S/A. Demonstrações Financeiras Anuais


Completas (2018). Disponível em: http://ri.klabin.
com.br/ptb/4110/Demonstraes%20Financeiras%20
Anuais%20Completas%202018%20-%20Klabin.pdf.
Acesso em 17/08/2019.

32
TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE
Profª Kelly Farias
CPC 47 - RECEITA DE CONTRATO
COM CLIENTES

2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer e interpretar o pronunciamento contábil CPC 47


Receita de Contrato de Clientes;

• Aplicar os critérios de reconhecimento, mensuração e


divulgação das Receitas oriundas de Contratos com Clientes;

• Analisar o efeito da política contábil adotada no atendimento


das características qualitativas da informação contábil, de
acordo com a estrutura conceitual vigente.

3
SUMÁRIO

1. Introdução
2. Reconhecimento
2.1. Identificação do contrato
2.1.1. Características do contrato
2.1.2. Critérios de identificação do contrato
2.2. Identificação da obrigação de desempenho
2.3. Satisfação da obrigação de performance
3. Mensuração
3.1. Determinação do preço da transação
3.2. Alocação do preço da transação à obrigação de desempenho
3.3. Custos incrementais e custos incorridos
3.4. Amortização e teste de recuperabilidade
4. Apresentação e divulgação
5. Considerações finais
6. Aplicação

4
a relação contratual entre a entidade, que se compromete a entregar
os bens e serviços ao cliente e esse, por sua vez, que cumpre com
1. INTRODUÇÃO
a contrapartida financeira decorrente do cumprimento da obrigação a

Este material tem visa subsidiar os estudos sobre o tratamento qual a entidade espera.

contábil de Receitas de Contrato com Clientes, conforme as normas


determinadas no Pronunciamento Contábil do CPC 47 Receita de De acordo com o CPC 47, o reconhecimento da receita, então, está

Contrato com Clientes, correspondente às Normas Internacionais de em função dos termos contratuais acordados entre a entidade e o
Contabilidade IFRS 15. De acordo com a Estrutura Conceitual para cliente, estabelecendo os direitos e obrigações executáveis entre as
Elaboração de Relatório Contábil-Financeiro, Receita corresponde ao: partes. Além disso, deve se basear na consideração de todos os fatos
e circunstâncias relevantes em torno desse instrumento, aplicando-
aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil, originado os de forma consistente aos contratos que tenham características
no curso das atividades usuais da entidade, na forma de fluxos de entrada similares e em circunstâncias similares.
ou aumentos nos ativos ou redução nos passivos que resultam em aumento

no patrimônio líquido, e que não sejam provenientes de aportes dos Assim, a entidade deve aplicar o CPC 47 Receita de Contrato com
participantes do patrimônio.
Clientes a todos os contratos que tenham como contraparte um
cliente, que “é a parte que contratou com a entidade para obter bens
O objetivo do CPC 47 Receita de Contrato com Clientes é determinar
ou serviços, que constituem um produto das atividades normais da
princípios para o reconhecimento da natureza, valor, época e incerteza
entidade em troca de contraprestação” (CPC 47, 2016, p. 27). Contudo,
desse aumento de benefícios econômicos e o consequente efeito nos
nas situações em que haja compartilhamento de riscos e benefícios
fluxos de caixa, decorrentes de um contrato com o cliente. A lógica é
entre a entidade e o cliente e quando o objetivo no cliente não seja
reconhecer a receita quando da transferência de bens ou serviços ao
obter o produto das atividades normais da entidade, o CPC 47 não
cliente no valor que reflita a contraprestação à qual a entidade espera ter
considera a contraparte como Cliente.
direito em troca desses bens ou serviços, descrevendo economicamente

5
Entretanto, para contratos que tenham Pronunciamentos Contábeis
específicos, o tratamento contábil determinado em tais pronunciamos Consideremos o caso das Empresas Aurora e Brisa, que
deve prevalecer ao do CPC 47 Receita de Contrato com Clientes. O comercializam açúcar. Ambas as sociedades têm depósitos
quadro a seguir apresenta esses casos. nas principais cidades do Brasil. A Empresa Aurora estava
precisando entregar 500 quilos de açúcar a um cliente na
Receitas IASB Brasil cidade de Manaus. No entanto, o depósito da empresa em
De contratos de leasing IFRS 16 CPC 06 Manaus não tinha esse produto para ser entregue ao cliente.
De dividendos de investimentos avaliados pelo MEP IAS 28 CPC 18
Então, a Empresa Aurora fez um acordo com a Empresa Brisa,
Contratos de seguro IFRS 4 CPC 11
De alterações no valor justo de ativos e passivos por meio do qual o depósito desta em Manaus entregaria esse
IFRS 9 CPC 48
financeiros
produto ao depósito da Empresa Aurora nessa mesma cidade,
De alterações no valor justo de ativos biológicos
IAS 41 CPC 29
relacionados a atividade agrícola de forma que pudesse cumprir o acordo com o seu cliente.
Receita de dividendos recebidos de ações classificadas
como ativos financeiros
IFRS 9 CPC 48 Por outro lado, o depósito da Empresa Aurora em São Paulo
Receita na variação de valor justo de propriedades para
IAS 40 CPC 28 entregaria essa mesma quantidade de produto ao depósito da
investimentos.
Receita de doações recebidas. IAS 20 CPC 07 Empresa Brisa nessa mesma cidade, caracterizando uma troca
de ativos não monetários (Adaptado de Almeida, 2018).

Fazem parte desse grupo contratos que se caracterizem como permutas


Essa operação não está sob o alcance do CPC 47, uma vez
não monetárias entre entidades na mesma linha de negócios, para
que as entidades são do mesmo ramo de negócio e as trocas
facilitar vendas a clientes ou clientes potenciais, não serão tratados
de itens não monetários foram feitas com o objetivo de facilitar
pelo CPC 47 por não se caracterizarem como receita de contrato com
operações com clientes.
clientes.

6
Pode ocorrer também que um contrato com cliente esteja parcialmente
dentro do alcance do CPC 47 e parcialmente dentro do alcance de
outro pronunciamento. Isso ocorre, por exemplo, no reconhecimento
e/ou mensuração inicial, que deve atender a um pronunciamento
específico e após isso ser tratado conforme o CPC 47.

Além disso, o tratamento contábil definido pelo CPC 47 pode ser feito
considerando um contrato individual ou a uma carteira de contratos. A
carteira de contratos deve ser formada por um conjunto de contratos com
características similares e cujos efeitos nas informações apresentadas
nas demonstrações contábeis não sejam diferentes dos que seriam
provocados ao aplicar o tratamento contábil aos contratos individuais.
Do mesmo modo, a entidade deve utilizar estimativas e premissas que
reflitam o tamanho e a composição da carteira.

7
2) Podem ser escritos, verbais ou que se subsidiem nas práticas
usuais dos negócios da entidade;
2. RECONHECIMENTO
3) Existe contrato com duração fixa e aqueles que podem ser

O reconhecimento da Receita oriunda de Contrato com Clientes, de rescindidos ou modificados pelas partes a qualquer momento;

acordo com o CPC 47 Receita de Contrato de Clientes, deve ser feito 4) Podem apresentar renovação automática como umas das

atendendo às seguintes etapas: suas cláusulas;


5) Gera direito condicional, uma vez que cada parte deve

1) Identificação do contrato. cumprir o estabelecido no Contrato ou compensar a outra

2) Identificação da obrigação de performance. parte, caso o contrato seja rescindido.

3) Satisfação da obrigação de performance. 6) A rescisão ocorre quando a entidade ainda não transferiu

4) Determinação do preço de transação. nenhum bem e/ou direito que tiver sido prometido ao cliente e

5) Alocação do preço de transação à obrigação de performance. não houve recebimento ou a geração de um direito a receber
pela entidade para efeito de contraprestação dos bens e/ou

2.1. Identificação do contrato serviços, objetos do contrato.


7) Os contratos podem ser combinados e contabilizados como

2.1.1. Características do Contrato um único contrato, caso: sejam negociados com um único
objetivo comercial; o valor da contraprestação está em função

O CPC 47 Receita de Contrato com Clientes apresenta algumas do preço ou do desempenho do outro contrato e os bens e/ou

características para descrever os Contratos, que são: serviços a serem transferidos ao cliente fazem parte de uma
única obrigação de performance.

1) Correspondem a um acordo entre duas ou mais partes, que 8) Os contratos podem ter seu alcance e/ou preço modificados

cria direitos e obrigações; e aprovados pelas partes. Quando isso ocorre existem dois

8
tratamentos contábeis possíveis: contabilizá-lo como um único contraprestação prometida no contrato anterior pelo cliente
contrato ou como contratos separados. e que ainda não tinha sido reconhecida como receita e a
contraprestação a ser cumprida como parte da modificação
Para contabilizar como um contrato separado é preciso que haja do contrato.
aumento do alcance do contrato com a inclusão de bens e/ou serviços
distintos dos comprometidos no contrato anterior e o preço do contrato A entidade deve tratar a modificação do contrato e tratá-la como parte
seja aumentado, para refletir a contraprestação esperada em virtude do contrato anterior, quando os bens e/ou serviços restantes não
do aumento de bens e/ou serviços a serem transferidos aos clientes. forem distintos, sendo parte de uma única obrigação de performance,
que seja parcialmente satisfeita na data da modificação do contrato.
Quando não for possível contabilizar o contrato separado, a entidade Será necessário realizar um ajuste da receita na data da alteração do
pode optar por contabilizar a alteração do contrato como um novo contrato, em função do efeito dessa modificação no preço da transação
contrato, rescindindo o anterior ou como parte do contrato anteriormente e na mensuração do progresso em relação à satisfação da obrigação
estabelecido. de performance feito pela entidade.

A entidade deve desreconhecer o contrato anterior e reconhecer o 2.1.2. Critérios de Identificação do Contrato
novo contrato, quando:
A primeira etapa na aplicação do CPC 47 Receita de Contrato com
• Os bens e/ou serviços restantes forem distintos dos bens ou Clientes é a identificação do contrato e, para que seja possível
serviços transferidos na, ou antes da, data da modificação do contabilizar os efeitos de um contrato com clientes, de acordo com o
contrato; que determina o CPC 47, é necessário que a entidade atenda todos os
• O valor da contraprestação a ser alocado à obrigação seguintes critérios:
de performance ainda a ser cumprida for a soma da

9
1) Aprovação do contrato pela entidade e pelo cliente, ratificando 1) Identificação do Contrato no Início de sua Vigência: Se
o seu comprometimento em cumprir as obrigações descritas no o contrato com o cliente atender aos critérios de identificação
instrumento contratual. O contrato pode ser por escrito, verbal do contrato no início de sua vigência, a entidade não deve
ou de acordo com outras práticas usuais de negócios; reavaliar tais critérios, exceto quando existir indicação de
2) Identificação dos direitos da entidade e do cliente em relação alteração significativa nos fatos e circunstâncias.
aos bens ou serviços, objetos do contrato, a serem transferidos; 2) Ausência de Identificação do Contrato: Ao não atender
3) Identificação dos termos de pagamento para os para os bens aos critérios de identificação, o contrato deve ser acompanhado
ou serviços, objetos do contrato, a serem transferidos; pela entidade, que deve continuar observando-o para
4) Identificação se o contrato deve possuir substância determinar se os critérios de identificação serão atendidos
comercial, sendo resultado do desenvolvimento de transações subsequentemente.
normais comercialmente, nas quais espera-se que o resultado 3) Ausência de Identificação do Contrato, Recebimento
do contrato provoque mudanças no risco, na época ou no valor da Contraprestação e Reconhecimento de Receita: Se
dos fluxos de caixa futuros da entidade; e na ausência de identificação do contrato, a entidade receber
5) Avaliação da probabilidade que a entidade receberá a contraprestação do cliente, a receita deve ser reconhecida pelo
contraprestação à qual terá direito em troca dos bens ou valor da contraprestação recebida somente quando:
serviços, objetos do contrato, que serão transferidos ao cliente,
considerando apenas a capacidade e a intenção do cliente de Caso 1:
pagar esse valor da contraprestação quando devido. • A entidade não possui obrigações restantes de transferir bens
ou serviços ao cliente;
Algumas situações em função da identificação do contrato podem • A contraprestação prometida pelo cliente foi totalmente ou
surgir, como por exemplo: praticamente em sua totalidade recebida pela entidade; e
• A contraprestação recebida não é restituível.

10
Caso 2: 2.2. Identificação da Obrigação de Desempenho
• o contrato foi rescindido;
• a contraprestação recebida do cliente não é restituível. A segunda etapa do reconhecimento da receita, conforme determina o
CPC 47 Receita de Contrato de Clientes é a identificação da obrigação
4) Ausência de Identificação do Contrato, Recebimento de desempenho. Para isso, no início do contrato, no reconhecimento
da Contraprestação e Reconhecimento de Passivo: Se inicial, a entidade deve avaliar os bens e/ou serviços prometidos no
na ausência de identificação do contrato, a entidade receber contrato e identificar a obrigação de performance, para que tais bens
contraprestação do cliente deve reconhecer um passivo pelo e/ou serviços sejam transferidos ao Cliente.
valor da contraprestação recebida:
Para que a obrigação de desempenho seja identificada, é necessário
• Se a entidade possuir obrigações restantes de transferir bens observar se o objeto do contrato é um bem ou serviço distinto ou se
ou serviços ao cliente; trata de uma série de bens ou serviços distintos comportam-se de
• Se o contrato não foi rescindido; forma substancialmente semelhante e que mantém o mesmo padrão
• Até que seja feita a identificação do contrato. de transferência ao cliente.

O reconhecimento desse passivo considera que a entidade ainda tem Os bens e/ou serviços distintos definidos pelo contrato, segundo o
uma obrigação de transferir os bens ou serviços, objetos do contrato, CPC 47, podem incluir:
no futuro ao cliente ou, então, que deverá restituir a contraprestação
recebida. Assim, ainda não é devido fazer o reconhecimento da receita a) venda de bens produzidos pela entidade;
e sim do passivo. b) revenda de bens adquiridos pela entidade;
c) revenda de direitos sobre bens ou serviços adquiridos pela
entidade;

11
d) execução de tarefa (ou tarefas) contratualmente pactuada ou serviço pode ser usado, consumido ou vendido, para gerar
para cliente; benefícios econômicos ao cliente; e
e) prestação de serviço que consiste em estar pronta para 2) O compromisso da entidade de transferir o bem ou o
fornecer bens ou serviços ou disponibilização de bens ou serviço ao cliente é separadamente identificável dos outros
serviços ao cliente a serem usados à medida que e quando o compromissos determinados no contrato.
cliente decidir;
f) prestação de serviço de modo a providenciar para que a outra Um possível exemplo é o dos contratos de venda do modem
parte transfira bens ou serviços ao cliente; e a prestação de serviços de canais por assinatura. Nesse
g) concessão de direitos sobre bens ou serviços a serem tipo de contrato, há a venda de dois produtos distintos, cujas
fornecidos no futuro que o cliente possa revender ou fornecer obrigações de performance são diferenciadas. A receita na
a seu cliente; venda do modem ocorre no momento em que ele foi instalado e
h) construção, fabricação ou desenvolvimento de ativo em
está pronto para ser utilizado. No caso da prestação de serviço
nome do cliente;
de canais de televisão por assinatura, há a necessidade de
i) concessão de licenças; e
reconhecer a receita quando ocorrer a prestação de serviço de
j) concessão de opções para a compra de bens ou serviços
fato e o cliente usufruir do benefício esperado.
adicionais.

Há o caso também da venda de máquinas com manutenção


Para caracterizar um bem ou serviço como distintos, é preciso atender
futura. Assim, o reconhecimento da receita da venda da máquina
aos seguintes critérios:
ocorre no momento em que há a transferência dos riscos e
benefícios ao cliente, enquanto que a receita decorrente da
1) Se o cliente pode se beneficiar do bem ou serviço, seja
isoladamente ou em conjunto com outros recursos que estejam manutenção futura deve ocorrer no momento da prestação de

prontamente disponíveis ao cliente. Isso significa que o bem serviço.

12
Caso não seja possível identificar separadamente o bem, é necessário O bem ou serviço é considerado transferido quando (ou à medida
reconhecer a obrigação de performance considerando uma série de que) o cliente obtiver o controle desse ativo. Tal controle advém da
bens ou serviços. Para identificar cada série de bens ou serviços, de- capacidade do cliente em determinar o uso do ativo e em obter os
ve-se observar se há o mesmo padrão de transferência para o cliente, fluxos de caixa potenciais decorrentes desse ativo, direcionando sua
por meio do atendimento ambos os seguintes critérios: utilização. Entre os exemplos, conforme o CPC 47, de como o cliente
pode obter benefícios econômicos com os ativos sob seu controle estão:
1) Cada bem ou serviço distinto da série que a entidade se o uso do ativo para produzir bens ou prestar serviços; para aumentar
comprometeu a transferir ao cliente atende aos critérios de o valor de outros ativos; liquidar passivos ou reduzir despesas; assim
cumprimento da obrigação de performance ao longo tempo; e como, pela venda ou troca do ativo; pela caução do ativo em garantia
2) O mesmo método para mensurar o progresso da entidade no de empréstimo; e pela retenção do ativo.
cumprimento da obrigação de desempenho pode ser utilizado
para observar a transferência ao cliente de cada bem ou serviço Como regra geral, a entidade no início do período, deve identificar para
distinto da série. cada obrigação de performance, se a satisfaz ao longo do tempo ou
em um momento específico no tempo.
2.3. Satisfação da Obrigação de Performance
Para identificar se a obrigação de performance é cumprida ao longo do
A terceira etapa do reconhecimento da receita, é observar se a tempo, a entidade deve observar:
obrigação de performance identificada no item anterior foi cumprida
pela entidade. O reconhecimento da receita, então, somente deve 1) Se o cliente recebe e consome simultaneamente os
ocorrer quando (ou à medida que) a entidade satisfizer à obrigação de benefícios gerados pelo desempenho por parte da entidade à
performance, transferindo o bem ou o serviço, que se comprometeu medida que a entidade efetiva o desempenho;
ao cliente.

13
Para mensurar o progresso da satisfação da obrigação de performan-
Um exemplo é o serviço de segurança, no qual o cliente ce ao longo do tempo e assim reconhecer a receita ao longo do tempo,
usufrui do benefício a partir do momento em que tal serviço a entidade deve utilizar um único método de mensuração, para descre-
é prestado. ver o desempenho da entidade em transferir ao longo do tempo o con-
trole dos bens ou serviços, ou objetos do contrato, ao cliente. Como
2) Se o desempenho por parte da entidade cria ou melhora o métodos de mensuração do progresso, estão os métodos de produto
ativo e assim o cliente controla os benefícios à medida que o e os métodos de insumo.
ativo é criado ou melhorado;
Os métodos de produto (de saída) reconhecem o progresso de
Isso ocorre quando há serviços de customização de cumprimento da obrigação de performance e, consequentemente, a
veículos, quando a partir do momento em que há o processo receita por meio de mensurações diretas do valor dos bens ou serviços,
de customização e melhoria do veículo, o cliente obtém o que serão transferidos aos clientes na data da mensuração.
benefício econômico pela valorização do ativo.
Compreendem os métodos de mensuração do progresso por produto
3) Se o desempenho por parte da entidade não cria um ativo aqueles que medem o progresso por meio do desempenho concluído,
com uso alternativo para a entidade e a entidade possui direito resultados atingidos, marcos alcançados, tempo transcorrido, unidades
executável ao pagamento pelo desempenho concluído até a produzidas ou entregues, entre outros.
data presente.
Além disso, se a entidade tiver direito a faturar uma parte em função
Essa situação ocorre com contratos de consultoria em que do cumprimento de uma determinada etapa do contrato, reconhecida
são devidos os serviços no momento de sua execução, pelo cliente. Nesse momento, pode reconhecer o cumprimento da
independentemente de etapas posteriores. obrigação e consequentemente o reconhecimento da receita.

14
Os métodos de insumo (entrada) reconhecem o progresso do 1) A entidade possui um direito presente a pagamento
cumprimento da obrigação de performance e, consequentemente, a pelo ativo, o que significa que o cliente está obrigado a
receita com base nos insumos e/ou esforços da entidade, para atingir o realizar o pagamento, o que pode indicar que o cliente obteve
cumprimento da obrigação de performance. Assim, incluem medições a capacidade de direcionar o uso do ativo sujeito à troca e,
relacionadas aos recursos consumidos, horas de trabalho utilizadas, assim, obter, substancialmente, a totalidade dos benefícios
custos incorridos, tempo transcorrido ou horas máquinas utilizadas, restantes desse ativo;
entre outros. Pode-se utilizar também como critério a distribuição linear 2) O cliente possui a titularidade legal do ativo, o que pode
ao longo do tempo da receita, em função dos insumos para alcançá-la indicar contratualmente qual parte do contrato tem a capacidade
se comportarem dessa maneira. de direcionar o uso do ativo e de obter substancialmente a
totalidade dos benefícios restantes desse ativo ou de restringir
Para se fazer a alocação da receita ao longo do tempo conforme o o acesso de outras entidades a esses benefícios.
atendimento das obrigações de desempenho, a mensuração do 3) A entidade transferiu a posse física do ativo ao cliente, o
progresso da receita é feita por meio do método do percentual que pode indicar que o cliente tem a capacidade de direcionar
completado ou concluído ou Percentage of Completion (POC). Ao final o uso do ativo e de obter substancialmente a totalidade dos
deste material, há a aplicação desse no Caso 4. benefícios restantes desse ativo ou de restringir o acesso de
outras entidades a esses benefícios.
Caso não seja possível identificar a transferência ao longo do 4) O cliente possui os riscos e os benefícios significativos
tempo, deve considerar que a transferência ocorre em um momento da propriedade do ativo, uma vez que houve a transferência

específico. Para isso, deve-se identificar o momento em que o cliente dos riscos e benefícios significativos da propriedade do ativo

obtém o controle do bem ou serviço e assim o momento em que a para o cliente;

entidade satisfaz a sua obrigação de performance. São indicadores 5) O cliente aceitou o ativo e assim pode ter obtido a
capacidade de direcionar o uso do ativo e a totalidade dos
dessa transferência de controle, como determinados pelo CPC 47 os
benefícios restantes desse ativo.
seguintes:

15
também estabelecidos pelo contrato. Não são incorporados ao preço
da transação, os valores recebidos por conta de terceiros, quando a
3. MENSURAÇÃO
entidade atua com função de agente e não de principal responsável

As etapas de determinação do preço da transação e alocação do preço pela obrigação com terceiros.

da transação à obrigação de desempenho referem-se ao processo de


mensuração da receita de contrato com cliente. Assim, quando ou à Para estimar a remuneração variável, a entidade deve considerar

medida em que a obrigação de performance for cumprida, a entidade descontos, abatimentos, restituições, créditos, concessões de preços,

deve reconhecer a receita com base no preço da transação, que deve incentivos, bônus de desempenho, penalidades ou outros itens
similares. Além disso, deve-se utilizar um dos métodos a seguir para
ser alocado à obrigação de performance.
realizar a estimação:

3.1. Determinação do preço da transação


a) o valor esperado: que corresponde à soma de valores ponderados
em função da probabilidade de uma gama de possíveis valores de
O preço da transação corresponde ao valor da contraprestação ao
contraprestação e que deve ser utilizado se a entidade tiver grande
qual a entidade espera ter direito, uma vez cumprida a obrigação de
número de contratos com características similares.
performance determinada no contrato, quando da transferência dos
bens ou serviços prometidos ao cliente. Para determinar o preço
Pode-se tomar como exemplo a situação em que um contrato de
da transação, a entidade deve observar os termos contratuais e as
prestação de serviços educacionais de R$ 2.000,00 ao mês estabelece
práticas habituais dos negócios da entidade.
políticas de desconto em função da data de pagamento. Assim, para
os clientes que pagarem até o primeiro dia útil receberão 10% de
O preço da transação pode ter valores fixos, valores variáveis ou
desconto, para aqueles que pagarem até o quinto dia útil receberão 5%
ambos. Os valores fixos são especificados no contrato e os valores
de desconto e no vencimento 1% de desconto. A empresa que presta
variáveis devem ser estimados pela entidade, a partir de critérios
o serviço identificou por meio de seus controles, que a probabilidade

16
do cliente pagar no primeiro dia útil é de 40%, no quinto de 30% e Como resultado da estimação de contraprestação variável, a entidade
no vencimento, 30%. Desse modo, o valor esperado é calculado pela deve reconhecer um passivo de restituição para vendas sujeitas à
ponderação entre os valores esperados: devolução. Tal passivo deve ser mensurado pela contraprestação
recebida ou a receber do cliente e deve ser atualizado sempre a cada
Valor com
Recebimento
Desconto
Probabilidade Valor Provável final de período de reporte.
1º Dia útil 1.800,00 40% 720,00
5º Dia útil 1.900,00 30% 570,00
Em relação à restrição de estimativas de contraprestação variável,
No Vencimento 1.980,00 30% 594,00
1.884,00 a entidade deve avaliar a probabilidade de haver uma reversão
significativa quanto à devolução da receita em função de incertezas
b) o valor mais provável: que corresponde ao valor único mais associadas à estimativa da contraprestação variável e incluir a
provável de uma gama de possíveis valores de contraprestação e que contraprestação variável à medida em que tais incertezas forem
deve ser utilizado se o contrato tiver apenas dois possíveis resultados. reduzindo.

Utilizando o exemplo anterior, o valor mais provável seria o que A entidade deve ajustar o montante prometido de remuneração para
corresponde à maior probabilidade de recebimento, no caso os efeitos do valor temporal do dinheiro se o momento de pagamento
1.800,00. acordado pelas partes no contrato (explícita ou implicitamente) fornece
ao cliente ou à entidade um benefício significativo de financiamento na
A entidade deve também considerar na estimativa do preço da transação transferência de bens ou serviços para o cliente.
os efeitos decorrentes da contraprestação variável, da restrição de
estimativas de contraprestação variável, a existência de componente A remuneração não caixa (por exemplo, um ativo não monetário –
significativo de financiamento no contrato, a contraprestação não imóvel), incluída no preço da transação, deve ser avaliada pelo valor
monetária e a contraprestação a pagar ao cliente. justo. Caso não se possa mensurar, utilizar o preço de venda individual

17
de bens ou serviços prometidos ao cliente em função da obrigação de custos. Os custos para a obtenção de um contrato, que teriam sido
performance. incorridos, independentemente do contrato ser obtido, devem ser
reconhecidos como despesa quando incorridos.
3.2. Alocação do Preço da Transação à Obrigação de Desempenho
Por sua vez, os custos incorridos para cumprir um contrato devem ser
O preço total da transação do contrato deve ser alocado a cada reconhecidos apenas se atendem a todos os seguintes critérios:
obrigação de desempenho individual de bem ou serviço no início
contrato. O critério de alocação baseia-se na proporção do preço de • Os custos referem-se diretamente a um contrato ou a
venda autônomo de cada obrigação de desempenho individual de bem um contrato antecipado que a entidade pode identificar
ou serviço do contrato. especificamente;
• Os custos geram ou aumentam os recursos da entidade, que
Se um preço de venda autônomo não é diretamente observável, a serão utilizados na satisfação (ou em continuar a satisfazer)
entidade deve estimar o preço de venda autônomo. Desconto concedido do desempenho de obrigações no futuro;
ao cliente deve ser alocado à respectiva obrigação de desempenho. • Os custos que são esperados que sejam recuperados.
Caso não seja possível, deve ser alocado a todas as obrigações de
desempenho proporcional ao preço de venda autônomo. São exemplos de custos incorridos:

3.3. Custos Incrementais e Custos Incorridos • Mão de obra direta, incluindo as remunerações e os salários
dos funcionários que prestam os serviços prometidos
Os custos incrementais são aqueles que a entidade incorre, para diretamente para o cliente;
obtenção de um contrato com um cliente. Tais custos devem ser • Materiais diretos, como suprimentos utilizados no fornecimento
reconhecidos como um ativo se a entidade espera recuperar esses dos serviços prometidos para um cliente;

18
• Alocação de custos que se relacionam diretamente com o 3.4. Amortização e Teste de Recuperabilidade
contrato ou para contratar atividades, como os custos de
gestão de contratos e supervisão, seguro e amortização das Os custos ativados decorrentes do contrato com clientes serão
ferramentas e dos equipamentos utilizados na realização do amortizados em uma base sistemática consistente com a transferência
contrato; para o cliente dos bens ou serviços para o qual o ativo está relacionado.
• Os custos que são explicitamente a cargo do cliente nos
termos do contrato; Segundo a CPC47.101, uma entidade deve reconhecer uma perda
• Outros custos que são suportados apenas porque a por imparidade na demonstração do resultado, na medida em que o
entidade celebrou o contrato, como pagamentos a empresas valor contábil de um ativo reconhecido de acordo com os parágrafos
subcontratadas. anteriores excede: o montante remanescente da remuneração que a
entidade espera receber em troca de bens ou serviços para o qual
Como despesas do período quando incorridas, relacionadas ao contrato o ativo se refere; menos os custos que se relacionam diretamente
com clientes estão: as despesas gerais e administrativos, desde que ao fornecimento desses produtos ou serviços e que não foram
não sejam imputadas explicitamente ao cliente nos termos do contrato; reconhecidos como despesas.
desperdícios de materiais, de trabalho ou de outros recursos para
cumprir o contrato, que não reflitam no preço do contrato; despesas
que se relacionam com obrigações de desempenho satisfeitas (ou
parcialmente obrigações de desempenho satisfeitas) no contrato;
despesas relacionadas a gastos que não podem ser distintos se
referirem-se a obrigações de desempenho insatisfeitas ou a obrigações
de desempenho satisfeitas.

19
O CPC 47 Receita de Contrato de Clientes estabelece o detalhamento
das informações a serem divulgadas em cada um dos itens acima.
4. APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
Sugere-se a leitura do CPC para aprofundar nos requisitos.
O CPC 47 Receita de Contrato com Clientes estabelece que quando
qualquer das partes do contrato tiver concluído o desempenho, a
entidade deve apresentar o contrato no balanço patrimonial como
ativo de contrato ou passivo de contrato, dependendo da relação entre
o desempenho pela entidade e o pagamento pelo cliente. A entidade
deve apresentar separadamente como recebível, quaisquer direitos
incondicionais à contraprestação.

No que tange à divulgação, o objetivo é de que a entidade divulgue


informações suficientes para permitir aos usuários de demonstrações
contábeis compreender a natureza, o valor, a época e a incerteza de
receitas e fluxos de caixa provenientes de contratos com clientes. Para
tanto, a entidade deve divulgar informações qualitativas e quantitativas
sobre todos os itens seguintes:

• seus contratos com clientes;


• julgamentos significativos e mudanças nos julgamentos feitos
ao aplicar este pronunciamento a esses contratos; e
• quaisquer ativos reconhecidos a partir dos custos para obter
ou cumprir um contrato com cliente.

20
do bem ou direito, objeto do contrato, ao cliente e o consequente
cumprimento da obrigação de desempenho. O preço da transação
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
possui componentes fixos e/ou variáveis. A remuneração variável deve

Neste material foram apresentados o tratamento contábil para o ser estimada com base no que determina o contrato.

reconhecimento, mensuração e divulgação da receita de contratos


com clientes, conforme determina o CPC 47. De uma forma geral, O preço da transação deve ser alocado a cada obrigação de

a receita deve ser reconhecida quando a entidade satisfaz uma desempenho, uma vez que ao cumpri-la a entidade deve reconhecer a

obrigação de desempenho por meio da transferência de um bem ou de receita. Caso não consiga elementos para estimar a contraprestação

um serviço prometido (ou seja, um ativo) para um cliente. Um ativo é confiavelmente ou houver incertezas quanto à reembolsos futuros

transferido quando o cliente obtém o controle desse ativo. O controle ao cliente, a receita não deve ser reconhecida até o ponto de ainda

de um ativo refere-se à capacidade para dirigir o uso e a obtenção de, existirem tais incertezas. Os custos associados ao contrato, tanto

substancialmente, todas as restantes vantagens do ativo. incrementais quanto incorridos, devem ser ativados, na medida em
que há como estima-los e existe a possibilidade de recuperá-los por

A entidade deve determinar no início do contrato se cumpre a meio da execução do contrato.

obrigação de desempenho ao longo do tempo ou satisfaz a obrigação


de desempenho em um ponto no tempo. A entidade deve reconhecer Por fim, o CPC 47 estabelece que ocorra a apresentação no Balanço
a receita ao longo do tempo por meio da medição do progresso do Patrimonial dos efeitos do contrato, tanto no reconhecimento do ativo
cumprimento da obrigação de desempenho. Se uma entidade não contratual quanto do passivo, bem como sejam detalhados todos os
cumprir uma obrigação de desempenho ao longo do tempo, a obrigação requisitos a respeito do contrato suficientes para que o usuário possa
de desempenho é satisfeita em um ponto no tempo. compreender a natureza, o valor e a incerteza quanto à receita e aos
fluxos de caixa decorrentes de contratos com clientes.
Além disso, a entidade deve determinar o preço da transação com
base na contraprestação a ser recebida em função da transferência

21
reembolso. O custo de cada produto para a Empresa Interpower
6. APLICAÇÃO é R$ 1,5 mil. Seguindo o que determina o CPC 47 – Receita de
Contrato com Cliente, responda o que se pede:

CASOS PARA DISCUSSÃO NO FÓRUM


a) A Empresa cumpre os requisitos de Identificação do
Contrato? Exemplifique com os dados do contrato da
Caso 1: (Adaptado de Almeida, 2018). A Empresa Interpower
Interpower, se houver o atendimento dos requisitos.
atua no segmento de negócios de produção e venda de
b) Qual é o preço da transação?
computadores. Ela formaliza a venda de 1.000 computadores a
c) Em que momento a Empresa deve reconhecer a Receita?
um grande hipermercado, mediante contrato em que as partes
d) Qual o tratamento contábil adequado para o reembolso
se comprometem a executar suas cláusulas. Os computadores
total no caso de devolução?
são entregues ao cliente em condições de uso 15 dias após
a realização da venda, que passa a partir de então a utilizá-
CASO 2: (Adaptado de Almeida, 2018). A empresa Consulte
los, assumindo todos os custos de manutenção. O preço de
presta serviços de consultoria financeira e atualmente está
venda individual do computador é R$ 3 mil, e é recebido em
prestando serviços para um cliente de elaboração de orçamento
três parcelas para 30, 60 e 90 dias a partir da venda. A prática
de capital para novos investimentos, que demandará 5.000
comercial costumeira da Empresa Interpower é permitir que
horas. O contrato estabelece que o faturamento mensal será
o cliente devolva qualquer computador, de acordo com as
com base nas horas incorridas pelos profissionais da empresa
condições especificadas no contrato, dentro de 60 dias e receba
na prestação do serviço, valorizadas pela taxa de R$ 250. O
um reembolso total. Pela experiência da empresa Interpower,
contrato também estabelece que, caso o cliente desista dos
mesmo com um controle de qualidade rigoroso, é provável que
serviços, a empresa será indenizada pelos serviços prestados
haja a devolução de 1% do total da venda e o consequente

22
CASO RESOLVIDO
até a data do cancelamento do contrato. Ainda segundo o
Caso 4: Adaptado de Sousa (2015)
contrato, as horas incorridas no mês serão faturadas no mês
seguinte e a fatura será paga 30 dias após sua emissão. No
A Prefeitura Municipal de Sucesso contratou a Construtora Dedicação
mês de janeiro de 20x8, a empresa incorreu em 1.000 horas,
S.A. para a construção de uma ponte. O contrato foi assinado em
o faturamento foi emitido em fevereiro de 20x9, o recebimento
Janeiro de X5 e a construção será́ concluída em Dezembro de X7.
foi realizado em março de 20x9. A partir de fevereiro de 20x9, o
O Preço contrato inicialmente foi de R$ 5.000.000,00 reajustáveis;
cliente desistiu dos serviços, mas a empresa já tinha incorrido
Foi orçado um Custo total de R$ 3.400.000,00 para a realização da
em 500 horas de prestação de serviços. Em que momento(s)
obra. O cronograma financeiro previa como forma de pagamento uma
a empresa deve reconhecer a receita e por qual(is)
entrada de 30% em X5 e mais duas parcelas de 30% em X6 e de 40%
montante(s)?
na conclusão da construção. O Método de reconhecimento da receita
adotado foi a proporção dos custos incorridos em relação à última
CASO 3: (Adaptado de Almeida, 2018). A empresa de serviços
estimativa de custos totais. Em X6 será́ pago o percentual sobre o
de segurança Seg firmou contrato em 10 de Junho de 20X9
valor do contrato já́ reajustado, caso haja reajuste, e qualquer diferença
com um cliente para prestar serviços de instalação de câmeras
entre preço e pagamentos será́ ajustada ao término do contrato.
e monitoramento mensal. O serviço de instalação de câmeras
foi concluído em 48 horas da assinatura do contrato, sendo
No Exercício Social de X5, a Construtora Dedicação S.A. foi
faturado e pago no dia da conclusão no valor de R$ 5.000,00.
constituída em Janeiro de X5 com Capital Social de R$ 1.000.000,00
Para o serviço de monitoramento, o contrato estabelece um
totalmente integralizado em dinheiro. Na assinatura do contrato a
valor mensal de R$ 1.200,00 por um prazo de 1 ano. Em que
empresa recebeu R$ 5.000.000,00 × 30% = R$ 1.500.000,00. Os
momento(s) a empresa Seg deve reconhecer a(s) receita(s)
custos incorridos em X5 foram de R$ 700.000, e os custos orçados
relacionada(s) ao Contrato e por qual(is) montante(s)?
foram revisados para R$ 3.500.000. Diante desta nova estimativa de

23
custos, a empresa negociou com a Prefeitura o aumento do preço do D. Reconhecimento da Receita em X5
contrato, que passou a ser de R$ 5.200.000,00. Os custos incorridos
D= Adiantamento de Clientes
em X5 foram totalmente pagos.
Receita com Prestação de R$ 1.040.000,00
C=
Serviços
Reconhecimento das Receitas em X5 pelo Método da Percentagem Completada
Lançamentos Contábeis no Exercício de X5 POC = Custos Incorridos em X5 / Custos Orçados em X5
= 700.000 / 3.500.000 = 20%
Apuração da Receita = Preço do Contrato x Percentual de Execução do
A. Constituição e Integralização do Capital da Empresa Contrato
= R$ 5.200.000 x 20% = R$ 1.040.000,00

D= Caixa
R$ 1.000.000,00
C= Capital Social E. Pela apuração do resultado em X5
Integralização em Dinheiro de Capital Social

D= Receita com Prestação de Serviços


R$ 1.040.000,00
C= Apuração do Resultado do Exercício
B. Na assinatura do Contrato, pelo recebimento da Entrada
Apuração do Resultado de X5

D= Caixa
R$ 1.500.000,00 D= Apuração do Resultado do Exercício
C= Adiantamento de Clientes R$ 700.000,00
C= Custos com Prestação de Serviços
Entrada ref. Ao Contrato de Construção de uma Ponte com a
Construtora Dedicação S/A Apuração do Resultado de X5

C. Apropriação e Pagamento dos Custos Incorridos em X5 F. Pela Transferência da Apuração do Resultado do Exercício para o
Patrimônio Líquido em X5
D= Custo dos Serviços Prestados
R$ 700.000,00
C= Caixa D= Apuração do Resultado do Exercício
Reconhecimento dos Custos incorridos em X5 totalmente pagos R$ 340.000,00
C= Reservas de Lucro
Apuração do Resultado de X5

24
No Exercício Social de X6, os custos foram revisados para R$ C. Reconhecimento da Receita em X6
4.000.000 e o preço do contrato foi reajustado para R$ 5.500.000, com
D= Adiantamento de Clientes R$ 2.110.000,00
a concordância da contratante. A empresa recebeu 30%, conforme
D= Clientes R$ 700.000,00
contrato, e incorreu em R$ 2.100.000 em custos, dos quais 40% foram Receita com Prestação de
C= R$ 2.810.000,00
Serviços
pagos em X6, ficando o restante para ser pago em X7.
Reconhecimento das Receitas em X6 pelo Método da Percentagem Completada
POC = Custos Incorridos até X6 / Custos Orçados em X6
= 2.800.000 (700.000+ 2.100.000) / 4.000.000 = 70%
Lançamentos Contábeis no Exercício de X6 Apuração da Receita = (Preço do Contrato x Percentual de Execução do
Contrato)
(–) Receita Já reconhecida em X5
= R$ 5.500.000 x 70% = R$ 3.850.000,00 – R$ 1.040.000,00= R$ 2.810.000,00
A. Recebimento de Parcela referente à 30% do Contrato

D= Caixa D. Pela apuração do resultado em X6


R$ 1.650.000,00
C= Adiantamento de Clientes
Adiantamento de 30% ref. Ao Contrato de Construção de uma Ponte
D= Receita com Prestação de Serviços
com a Construtora Dedicação S/A, tendo como base o preço do contrato R$ 2.810.000,00
reajustado = R$ 5.500.000,00 x 30% C= Apuração do Resultado do Exercício
Apuração do Resultado de X6

B. Apropriação e Pagamento dos Custos Incorridos em X6 D= Apuração do Resultado do Exercício


R$ 2.100.000,00
C= Custos com Prestação de Serviços
D= Custo dos Serviços Prestados R$ 2.100.000,00 Apuração do Resultado de X6
C= Caixa R$ 840.000,00
C= Fornecedores R$ 1.260.000,00
Reconhecimento dos Custos incorridos em X6 dos quais 40% foram pagos em
X6, ficando o restante para ser pago em X7.

25
E. Pela Transferência da Apuração do Resultado do Exercício para o B. Pagamento de Fornecedores, referentes aos custos incorridos em
Patrimônio Líquido em X2 X6

D= Apuração do Resultado do Exercício D= Fornecedores


R$ 710.000,00 R$ 1.260.000,00
C= Reservas de Lucro C= Caixa
Apuração do Resultado de X2 Pagamento dos Fornecedores, referentes aos Custos incorridos em X6

No Exercício Social de X7, a empresa recebeu o restante do preço C. Apropriação e Pagamento dos Custos Incorridos em X7
contratado, pagou o valor de fornecedores que ficou em aberto em X6
D= Custo dos Serviços Prestados
e todos os custos incorridos em X7. Durante X7, a empresa cumpriu o R$ 1.200.000,00
C= Caixa
cronograma e gastou exatamente o que já estava previsto. Reconhecimento dos Custos incorridos em X7 pagos em X7.
Custos Incorridos em X7 = Custos Incorridos até X7 – Custos já reconhecidos
= R$ 4.000.000,00 – R$ 700.000,00 – R$ 2.100.000,00 = R$ 1.200.000,00
Lançamentos Contábeis no Exercício de X7

D. Reconhecimento da Receita em X7
A. Recebimento do Restante do Valor Acordado
D= Adiantamento de Clientes R$ 1.650.000,00
D= Caixa R$ 2.350.000,00 C= Receita com Prestação de Serviços
C= Clientes R$ 700.000,00 Reconhecimento das Receitas em X7 pelo Método da Percentagem Completada
POC = Custos Incorridos até X7 / Custos Orçados em X = 4.000.000 /
C= Adiantamento de Clientes R$ 1.650.000,00
4.000.000= 100%
Recebimento do restante do valor do contrato ref. Ao Contrato de Construção Apuração da Receita = (Preço do Contrato x Percentual de Execução do
de uma Ponte com a Construtora Dedicação S/A, tendo como base o preço do Contrato)
contrato reajustado (–) Receita Já reconhecida em X5 e X6
Valor recebido = Preço do Contrato – Valor Recebido em X5 – Valor Recebido em = R$ 5.500.000 x 100% = R$ 5.500.000,00 – R$ 1.040.000,00 - R$ 2.810.000,00
X6 = R$ 1.650.000,00
R$ 5.500.000,00 – R$ 1.500.000,00 – R$ 1.650.000,00 = R$ 2.350.000,00

26
E. Pela apuração do resultado em X7 Construtora Dedicação S/A
Balanços Patrimoniais do Exercício findo em 31 de dezembro de X7, X6 e X5
Em R$
D= Receita com Prestação de Serviços
R$ 1.650.000,00 X7 X6 X5
C= Apuração do Resultado do Exercício
ATIVO
Apuração do Resultado de X7
ATIVO CIRCULANTE
Caixa e Equivalentes de
D= Apuração do Resultado do Exercício R$ 2.500.000 R$ 2.610.000 R$ 1.800.000
R$ 1.200.000,00 Caixa
C= Custos com Prestação de Serviços Clientes - R$ 700.000 -
Apuração do Resultado de X7 TOTAL DO ATIVO
R$ 2.500.000 R$ 3.310.000 R$ 1.800.000
CIRCULANTE
TOTAL DO ATIVO R$ 2.500.000 R$ 3.310.000 R$ 1.800.000
F. Pela Transferência da Apuração do Resultado do Exercício para o PASSIVO E
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Patrimônio Líquido em X7
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores - R$ 1.260.000 -
D= Apuração do Resultado do Exercício Adiantamento de
R$ 450.000,00 - - R$ 460.000
C= Reservas de Lucro Clientes
Apuração do Resultado de X7 TOTAL DO PASSIVO
R$ 1.260.000 R$ 460.000
CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Construtora Dedicação S/A Capital Social R$ 1.000.000 R$ 1.000.000 R$ 1.000.000
Demonstração do Resultado do Exercício findo em 31 de dezembro de X7, Reservas de Lucro R$ 1.500.000 R$ 1.050.000 R$ 340.000
X6 e X5 Em R$ TOTAL DO
X7 X6 X5 R$ 2.500.000 R$ 2.050.000 R$ 1.340.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Receita com TOTAL DO PASSIVO E
Prestação de R$ 1.650.000,00 R$ 2.810.000,00 R$ 1.040.000,00 R$ 2.500.000 R$ 3.310.000 R$ 1.800.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Serviços
(-) Custo
dos Serviços (R$ 1.200.000,00) (R$ 2.100.000,00) (R$ 700.000,00)
Prestados
Lucro Bruto R$ 450.000,00 R$ 710.000,00 R$ 340.000,00

27
INDICAÇÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.


MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: CPC 47 - Receita de Contrato com Clientes, de 22
aplicável a todas as sociedades de acordo com as de dezembro de 2016.
normas internacionais e do CPC. Livro Texto. 3ª ed.
São Paulo: Atlas, 2018.
• Capítulo 3: Disponibilidades: caixa e
equivalentes de caixa (pp. 41-46).

28
© FIPECAFI - Todos os direitos reservados.

REFERÊNCIAS
A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse
GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais,
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária:
marcas registradas e patentes. Todos os textos, imagens, sons,
aplicável a todas as sociedades de acordo com as
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo: vídeos e/ou aplicativos exibidos nesse volume são protegidos pelos
Atlas, 2018. direitos autorais, não sendo permitidas modificações, reproduções,
transmissões, cópias, distribuições ou quaisquer outras formas de
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso de contabilidade
utilização para fins comerciais ou educacionais sem o consentimento
introdutória em IFRS e CPC: atende à programação
do 1º ano do curso de ciências contábeis. São Paulo: prévio e formal da FIPECAFI.
Atlas, 2014.
CRÉDITOS
OLIVEIRA, A. B. S.; SANTOS, D. S. IFRS e CPC: guia
Autoria: Kelly Farias
de aplicação contábil para contexto brasileiro. 1ed. São
Paulo: Saraiva, 2013. Coordenação de Operações: Juliana Nascimento
Design Instrucional: Patricia Brasil
SOUSA, Edmilson Patrocínio de. Contabilidade Design Gráfico e Diagramação: Dejailson Markes
de contratos de construção e de incorporação
Captação e Produção de Mídias: Erika Alves, Gabriel Rodrigues,
imobiliária de acordo com as IFRS. São Paulo: Atlas,
2015. Gabriel dos Santos e Maurício Leme
Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC.
Documentos emitidos: pronunciamentos.
2019. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos

29
TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE
Profª Kelly Farias
CPC 10 - PAGAMENTO BASEADO
EM AÇÕES

2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer e interpretar o pronunciamento contábil CPC 10 Pagamento


Baseado em Ações.

• Aplicar os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação às


transações envolvendo pagamentos baseados em ações.

• Analisar o efeito da política contábil adotada no atendimento das


características qualitativas da informação contábil, de acordo com a
estrutura conceitual vigente.

3
SUMÁRIO

1. Introdução
2. Aspectos gerais do reconhecimento e mensuração
3. Reconhecimento e mensuração de transação com pagamento
baseado em ação liquidada com instrumentos patrimoniais
3.1. Reconhecimento
3.2. Mensuração
3.2.1. Mensuração a valor justo de forma indireta
4. Transação com pagamento baseado em ações liquidadas em caixa
5. Transação com pagamento baseado em ações com alternativa de
liquidação em caixa
5.1. Quando os termos do acordo permitem que a contraparte
escolha a forma de liquidação
5.2. Quando os termos do acordo permitem que a entidade
escolha a forma de liquidação
6. Transação com pagamento baseado em ações entre entidades do
mesmo grupo econômico
7. Apresentação e divulgação
8. Considerações finais

4
adquire produtos (estoques, materiais de consumo, itens
do imobilizado, do intangível ou outros ativos financeiros) e
1. INTRODUÇÃO
serviços e cujos termos do acordo conferem à entidade ou ao

O objetivo desse material é subsidiar os estudos sobre o tratamento fornecedor desses produtos ou serviços a liberdade de escolha

contábil de pagamentos baseados em ações, conforme as normas da forma de liquidação da transação.

determinadas no Pronunciamento Contábil do CPC 10 - Pagamento


Baseado em Ações, correspondente às Normas Internacionais de EXEMPLO: PLANO DE OPÇÃO DE AÇÕES COM

Contabilidade IFRS 2. LIQUIDAÇÃO EM AÇÕES E EM DINHEIRO

O CPC 10 estabelece os procedimentos para o reconhecimento, A empresa Alfa fez um plano de opção de compra de ações para

a mensuração e a divulgação nas demonstrações contábeis das seus empregados em 01/01/20x3 com as seguintes condições:

transações da entidade, envolvendo pagamento baseado em ações.


Isso significa descrever os efeitos no resultado e/ou no balanço • Cada empregado tem direito a comprar 1.000 ações de

patrimonial das transações com pagamento baseado em ações. Alfa por R$ 30.000, que em 01/01/20x3 correspondem
a 70% do preço de cotação em bolsa de valores nessa

O tratamento determinado por esse CPC deve ser aplicado para data;

contabilizar as transações com pagamentos baseados em ações que • A opção de compra somente poderá ser exercida em

sejam: 01/01/20x4, após o empregado ter trabalhado esse


período em Alfa;

1) Liquidadas pela entrega de instrumentos patrimoniais; • A liquidação da opção poderá ser pela entrega de ações

2) Liquidadas em caixa; (instrumentos patrimoniais) de Alfa (o empregado paga à

3) Transações por meio das quais a entidade recebe ou Alfa R$ 30.000 e recebe em troca 1.000 ações de Alfa) ou

5
pelo pagamento em dinheiro (Alfa paga para o empregado portanto, detentor desse direito. Tal situação não se caracteriza
a diferença entre os R$ 30.000 e o valor de cotação das com uma transação de pagamento baseado em ações, mesmo
ações em bolsa de valores). envolvendo um empregado.
(ALMEIDA, 2018, p. 225).
2. Em transações em que a entidade adquire produtos em uma
Além disso, podem haver transações com pagamento baseado em combinação de negócios, tratadas conforme o CPC 15 - Combinação
ações que podem ser liquidadas por outra entidade do grupo ou mesmo de Negócios. ou para a contribuição de um negócio na formação
por acionista de qualquer entidade do grupo, no interesse daquela que de uma joint venture, de acordo com o definido pelo CPC 19 (R2) -
recebe ou adquire os produtos e/ou serviços. Negócios em Conjuntos.

A entidade não deve aplicar o CPC 10 (2010) nas seguintes situações: Exemplo) Essa situação ocorre quando são emitidos
instrumentos patrimoniais em uma combinação de negócio,
1. Em transações envolvendo empregado ou terceiros, detentores de para efetivar a aquisição de controle de outra entidade.
instrumento patrimonial da entidade e que não é caracterizado como
pagamento baseado em ação. 3. Em transações com pagamento baseado em ações por meio das
quais a entidade recebe ou adquire bens ou serviços, em função de
Exemplo) Quando a entidade outorga a todos os detentores de contratos relacionados a instrumentos financeiros, tratados conforme
instrumentos patrimoniais de uma classe específica o direito determina o CPC 39 - Instrumento Financeiro: Apresentação e o CPC
de adquirir instrumentos patrimoniais adicionais a um preço 48 - Instrumentos Financeiros.
menor do que o valor justo desses instrumentos patrimoniais e
o empregado for um dos detentores dessa classe específica e,

6
Exemplo) Quando o contrato para comprar ou vender um
item não financeiro, que pode ser liquidado pelo valor líquido
à vista, ou por outro instrumento financeiro, ou pela troca
de instrumentos financeiros, como se o contrato fosse um
instrumento financeiro, sendo designado irrevogavelmente
como mensurado ao valor justo por meio do resultado, conforme
CPC 48 - Instrumentos Financeiros.

7
c) Em contrapartida, a entidade deve reconhecer um passivo, se os
produtos ou serviços forem adquiridos em transação com pagamento
2. ASPECTOS GERAIS DO RECONHECIMENTO E
baseado em ações e liquidada em caixa (ou com outros ativos).
MENSURAÇÃO
d) A mensuração deve ser feita pelo valor justo dos produtos ou serviços

O reconhecimento e a mensuração de uma transação envolvendo recebidos.

o pagamento baseado em ações depende da forma como essa e) Caso não seja possível a mensuração pelo valor justo dos produ-

operação será liquidada. Os critérios gerais das duas operação serão tos ou serviços recebidos, a entidade deve efetuar a mensuração como

apresentados neste item. Nos itens subsequentes serão apresentados base no valor justo dos instrumentos patrimoniais outorgados.

os critérios para o reconhecimento e mensuração específicos nos (ALMEIDA, 2018, p. 228).

casos de em que uma transação de pagamento baseado em ações


for liquidada por meio da outorga de instrumentos patrimoniais, em O reconhecimento dos produtos adquiridos e dos serviços recebidos
caixa ou outro ativo, ou ainda, quando houver acordos que permitam à será como ativos, caso tenham atendam as características para tal
entidade ou à contraparte a escolha da forma de liquidação.
ou, então, como despesas do período, quando estão relacionados ao
consumo de produtos ou serviços. Em síntese:
Almeida (2018) resume os principais pontos no reconhecimento de
transações envolvendo pagamentos baseados em ações:

a) A entidade deve reconhecer os produtos ou os serviços recebidos ou


adquiridos em transação com pagamento baseado em ações, quando
ela obtiver os produtos ou à medida que receber os serviços.
b) Em contrapartida, a entidade deve reconhecer o correspondente au-
mento do patrimônio líquido se os produtos ou serviços forem recebidos
em transação com pagamento baseado em ações e liquidada em ins-
trumentos patrimoniais.

8
Conforme o CPC 10 (2010), a mensuração das transações envolvendo
aquisição de produtos e serviços por meio de pagamento baseado em
ações é realizada pela estimativa do valor justo:

1) De forma direta, pelo valor justo dos produtos ou serviços


recebidos ou de forma indireta, pelo valor justo dos instrumentos
patrimoniais outorgados, quando a operação é liquidada com
instrumentos patrimoniais;
2) De forma indireta, pelo valor justo do passivo, quando a
operação é liquidada em caixa ou com outros ativos.

A definição do valor justo a ser adotada para aplicação do CPC 10


(2010) é considerada de forma diferente em alguns aspectos daquela
determinada pelo CPC 46 Mensuração a Valor Justo. Segundo o CPC
10 (2010), valor justo é “o valor pelo qual um ativo poderia ser trocado,
um passivo liquidado, ou um instrumento patrimonial outorgado poderia
ser trocado, entre partes conhecedoras do assunto e interessadas, em
uma transação sem favorecimentos.”

9
evidência em contrário. Momento do reconhecimento: nesse caso,
a entidade deve reconhecer a totalidade dos serviços recebidos, com
3. RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DE TRANSAÇÃO
COM PAGAMENTO BASEADO EM AÇÃO LIQUIDADA COM correspondente aumento no patrimônio líquido, na data da outorga.
INSTRUMENTOS PATRIMONIAIS
Situação 2. Quando esse direito for adquirido apenas quando
3.1. Reconhecimento
a contraparte completar um período de tempo específico de
prestação de serviços. Nessa situação, a entidade deve presumir
O reconhecimento da transação baseada em pagamento por ações
que os serviços serão prestados pela contraparte, em contrapartida
ocorre quando o produto ou a prestação de serviço é recebida. No caso
aos instrumentos patrimoniais outorgados, que serão recebidos no
da prestação de serviços recebida, existem duas situações que devem
futuro, ao longo do período de aquisição de direito. Momento do
ser observadas para que se defina o momento do reconhecimento:
reconhecimento: nesse caso, a entidade deve contabilizar os serviços
1) Quando o direito aos instrumentos patrimoniais outorgados for
prestados pela contraparte à medida em que são prestados, ao longo
adquirido de imediato e 2) Quando esse direito for adquirido apenas
do período de aquisição de direito, com o correspondente aumento do
quando a contraparte completar um período de tempo específico de
patrimônio líquido.
prestação de serviços.

Exemplo a) CPC 10 Quando há uma condição de cumprimento


Situação 1. Quando o direito aos instrumentos patrimoniais
em determinado período de tempo.
outorgados for adquirido de imediato. Nesse caso, a contraparte
Quando ao empregado forem outorgadas opções de ações
adquire o direito de se tornar titular incondicional dos instrumentos
condicionadas ao cumprimento de três anos de serviços, então
patrimoniais e não há exigência de completar um período específico
a entidade deve presumir que ao longo desses três anos o
de tempo para a prestação de serviços. Assim, a entidade deve
empregado irá adquirir o direito às opções de ações e reconhecer
presumir que os serviços prestados pela contraparte são contrapartida
o recebimento dos serviços ao longo do tempo. (2010, p. 7).
pelos instrumentos financeiros outorgados, caso não haja nenhuma

10
a contraparte presta os serviços. Contudo, na impossibilidade de se
Exemplo b) CPC 10: Quando há uma condição de mensurar diretamente com confiabilidade, a entidade deve mensurar
cumprimento condicionada ao alcance de metas de de forma indireta, ou seja, pelo valor justo dos instrumentos patrimoniais
desempenho e à permanência do empregado na empresa outorgados. Em ambos os casos, a mensuração da transação terá
até que as metas sejam cumpridas. como contrapartida um aumento no patrimônio líquido.
Se forem outorgadas opções de ações a empregados
condicionadas ao alcance de metas e à sua permanência na 3.2.1. Mensuração a valor justo de forma indireta
empresa, o período em que o empregado adquire o direito
à opção de ações depende do momento em que tais metas Algumas questões devem ser consideradas para a mensuração a
sejam alcançadas, assim a entidade deve presumir que a valor justo de forma indireta, ou seja, pelo valor justo dos instrumentos
execução dos serviços ocorrerá ao longo do tempo. Na data patrimoniais outorgados.
da outorga, a entidade deve estimar a duração do período de
aquisição de direito com base no resultado mais provável da Como regra geral, a mensuração indireta da transação com pagamento
condição de desempenho e revisar sempre que informações baseado em ação deve ocorrer quando o valor justo dos produtos
subsequentes indiquem um período diferente do que foi e serviços recebidos não possa ser mensurado confiavelmente.
estimado anteriormente. (2010, p. 7). Assim, a transação será mensurada pelo valor justo dos instrumentos
patrimoniais.
3.2. Mensuração

É o que presume o CPC 10 (2010) com transações envolvendo


A mensuração da transação com pagamento baseado em ações empregados e outros prestadores de serviços similares, uma vez que
liquidadas com instrumentos patrimoniais deve ser realizada de forma o pagamento baseado em ações faz parte da política de remuneração
direta, pelo valor justo dos produtos ou serviços recebidos, e incentivo desses empregados e, normalmente, não há possibilidade
mensurados na data em que a entidade obtém os produtos ou em que

11
de se mensurar de forma direta os serviços recebidos por componente
outorgados ou do passivo incorrido, o CPC 10 entende que
considerado específico do plano de remuneração.
essa situação indica a existência de que outras contrapartidas
A data da mensuração desse valor justo dependerá de quem está
(isto é produtos ou serviços não identificáveis) tenham sido (ou
prestando o serviço.
serão) recebidas pela entidade. Nesse caso, a entidade deve
mensurar os produtos e serviços identificáveis de acordo com
1. Se os produtos ou serviços recebidos com transação de
o CPC 10 diretamente. A entidade deve mensurar os produtos
pagamento baseado em ação forem adquiridos ou prestados
e serviços não identificáveis recebidos (ou a serem recebidos)
por empregados e outros prestadores de serviços similares,
por meio da diferença entre o valor justo do pagamento baseado
o valor justo desses instrumentos patrimoniais deve ser
em ações e o valor justo de quaisquer produtos ou serviços
mensurado na data da outorga.
recebidos (ou a serem recebidos). A entidade deve mensurar
2. Se os produtos ou serviços recebidos com transação de
os produtos e serviços não identificáveis recebidos na data de
pagamento baseado em ação forem adquiridos ou prestados
sua outorga. Para transações liquidadas em caixa, o passivo
por outras partes que não empregados, o valor justo desses
deve ser remensurado ao término de cada período de cada
instrumentos patrimoniais deve ser mensurado na data em
período de reporte, até que ele seja liquidado de acordo com o
que a entidade obtém os produtos ou em que a contraparte
determinado no CPC 10.
presta os serviços.

Para a determinação do valor justo dos instrumentos patrimoniais


TRATAMENTO ESPECÍFICO - Entenda o Caso
outorgados, a entidade deve determinar o valor justo na data
da mensuração, por meio dos preços de mercado disponíveis,
No caso em que a contrapartida (produtos ou serviços)
considerando o atendimento dos termos e condições sob os quais os
identificável recebida (qualquer que seja) pela entidade
instrumentos patrimoniais são outorgados. Assim, para mensurar o
pareça ser inferior ao valor justo dos instrumentos patrimoniais
valor justo do instrumento patrimonial outorgado, a entidade deve:

12
• Observar o atendimento das condições de aquisição de As condições de aquisição de direito não devem ser utilizadas para
direito e das condições de não aquisição de direito até a data realizar a estimativa do valor justo das ações e opções de ações.
da mensuração, para estabelecer o número de instrumentos Contudo, o atendimento dessas condições deve ser considerado
patrimoniais que devem ser incluídos na mensuração da para a determinação do número de instrumentos patrimoniais a
transação; serem incluídos na mensuração do valor da transação, uma vez que
• Considerar as condições de mercado para estimar o valor se constituem em direito adquirido aos instrumentos patrimoniais
justo; envolvidos.
• Estabelecer se o preço de mercado do instrumento patrimonial
outorgado está disponível ou se será estimado usando Assim, a mensuração da transação deve ser realizada utilizando a
técnicas de avaliação; melhor estimativa disponível sobre a quantidade de instrumentos
• Determinar o valor justo do instrumento patrimonial outorgado patrimoniais dos quais se esperam que tenham sido adquiridos os
na data da mensuração. direitos. E sempre que informações subsequentes indicarem que o
número de instrumentos patrimoniais for diferente do estimado em
Atendimento das condições de aquisição de direito e das períodos anteriores, a estimativa deve ser revisada.
condições de não aquisição de direito até a data da mensuração
Além disso, na data de aquisição do direito, a entidade deverá revisar
A outorga de instrumentos patrimoniais pode estar sujeita ao a estimativa inicial para igualar o número de instrumentos patrimoniais,
atendimento de determinadas condições de aquisição de direito. Pode, os quais efetivamente proporcionaram a aquisição de direito.
por exemplo, estar vinculada à permanência do empregado na entidade
por determinado período de tempo ou ao alcance de condições de
desempenho, como crescimento nos lucros e/ou aumento no preço
das ações.

13
serviço em contrapartida do reconhecimento de um passivo. No caso
de prestação de serviços por empregados, a entidade deve reconhecer
4. TRANSAÇÃO COM PAGAMENTO BASEADO EM AÇÕES
LIQUIDADAS EM CAIXA a transação:

As transações com pagamento baseado em ações liquidadas em caixa a) De maneira imediata, quando os direitos sobre a valorização
envolvem a aquisição de bens ou serviços em função de promessa das ações forem obtidos de forma imediata, sem o atendimento
de entrega de caixa futuro em razão do cumprimento de determinada de outras condições, sendo considerado pela entidade que
condição. São exemplos de transações com pagamento baseado os serviços foram prestados à medida em que os direitos
nesse tipo de ações: sobre a valorização das ações tenham sido recebidos pelos
empregados.
a) Quando a entidade outorga direitos sobre a valorização de b) Ao longo do período especificado para a prestação do
suas ações aos seus empregados como parte do seu conjunto serviço, quando os direitos sobre a valorização das ações
de remunerações no caso em que tais direitos se referem a forem adquiridos à medida em que ou até que o empregado
futuros pagamentos de caixa com base no aumento do preço tenha completado o período especificado.
das ações da entidade, em um determinado período e a partir
de um nível específico de valorização; Para mensurar as transações com pagamento baseado em ações
b) Quando a entidade outorga o direito de receber futuros liquidadas em caixa, a entidade deve utilizar o valor justo do passivo,
pagamentos de caixa por meio da outorga do direito às ações, remensurando ao término de cada período de reporte e na data da
que sejam resgatáveis de forma compulsória ou por escolha do liquidação, até que o passivo seja liquidado. Qualquer mudança no
empregado. valor justo deve ser reconhecida no resultado do período.

O reconhecimento das transações com pagamento baseado em ações


deve ser feito quando há o recebimento do produto e a prestação de

14
O valor justo do passivo corresponde ao valor justo dos direitos de
valorização das ações, mediante a aplicação de modelo de precificação
de opções. Isso, considerados os termos e condições de aquisição
e não aquisição de direitos à valorização das ações, que forem
outorgados e na extensão em que os serviços tenham sido prestados
pelo empregado até a data da mensuração.

As condições de aquisição de direito correspondem à satisfação de


determinadas condições de desempenho como aumento dos lucros ou
do preço das ações. A entidade não deve considerar essas condições
para efeito de mensuração do valor justo do passivo, mas deve
considerar para efeito de reconhecimento da transação, no que tange
ao ajuste da quantidade de prêmios a serem incluídos na mensuração
do passivo decorrente da transação.

Por outro lado, as condições de mercado (preço da ação, por exemplo)


e as condições de não aquisição de direito devem ser consideradas
na estimativa do valor justo do pagamento baseado em ações e na
mensuração do valor justo ao final de cada período de reporte e na data
da liquidação. Como resultado, o valor acumulado final reconhecido
como bens e serviços recebidos em contrapartida do passivo, em
operações liquidadas em caixa, deve ser igual ao valor do caixa pago.

15
1) Para transações cuja contraparte não sejam empregados:
nesse caso, o valor justo dos produtos ou serviços deve
5. TRANSAÇÃO COM PAGAMENTO BASEADO EM AÇÕES
COM ALTERNATIVA DE LIQUIDAÇÃO EM CAIXA ser diretamente mensurado e a entidade deve mensurar o
componente do patrimônio líquido do instrumento financeiro
Existem transações com pagamento baseado em ações que permitem composto pela diferença entre esse valor justo dos produtos e
que a entidade ou a contraparte realizem a opção, se a liquidação da serviços recebidos e o valor justo do componente de dívida, na
operação será feita em caixa (ou com outros ativos) ou por meio da
data em que os produtos ou serviços forem recebidos.
emissão de instrumentos patrimoniais.
2) Para transações cuja contraparte incluem empregados:
a entidade deve mensurar primeiro o valor justo do instrumento
De modo geral, a contabilização dessa transação irá ocorrer de acordo
financeiro composto na data da mensuração, considerando os
com o que for incorrido. Se a entidade incorrer em um passivo, ela
deve contabilizar a transação como sendo liquidada em caixa. Se a termos e condições para a outorga dos direitos ao caixa ou aos

entidade não incorrer em passivo, ela deve contabilizar a transação instrumentos patrimoniais. Assim, para mensurar o instrumento
como sendo liquidada em instrumentos patrimoniais. financeiro composto, ela deve mensurar primeiro o valor justo
do componente de dívida e depois o valor justo do componente
5.1. Quando os termos do acordo permitem que a contraparte do patrimônio líquido. Feitas as mensurações e considerando
escolha a forma de liquidação que uma escolha elimina a outra, ou seja, que a contraparte
deve perder o direito a receber caixa se receber o instrumento
Quando os termos do acordo permitirem que a contraparte escolha
patrimonial, o valor do instrumento financeiro composto é a
a forma de liquidação, a entidade terá outorgado um instrumento
soma dos valores justos dos dois componentes.
financeiro composto, que possui dois componentes: um componente
de dívida (opção por liquidação em caixa) e um componente de
patrimônio líquido (opção por instrumentos patrimoniais). Para efeito Para o reconhecimento dos produtos ou serviços recebidos, a entidade

de mensuração, duas situações podem ocorrer: deve contabilizá-los separadamente em função de cada componente

16
do instrumento financeiro composto. Para o componente de dívida, ela 5.2. Quando os termos do acordo permitem que a entidade escolha
deve reconhecê-los conforme as operações de pagamento baseando- a forma de liquidação
se em ações liquidadas em caixa. Para o componente de patrimônio
líquido, ela deve reconhecer conforme as operações de pagamento Quando os termos do acordo permitirem que a entidade escolha a forma
baseando-se em ações liquidadas em instrumento patrimonial. de liquidação, esta deve avaliar se há obrigação presente de liquidar
em caixa e contabilizar a operação de acordo com essa avaliação.
No momento da liquidação, a entidade deve remensurar o passivo e Para avaliar se a entidade tem obrigação presente em liquidar em
reconhecer a liquidação de acordo com a escolha da contraparte: caixa, ela deve:

1) Se a entidade emitir instrumentos patrimoniais ao invés de a) Observar se a liquidação em instrumentos patrimoniais não
liquidar a operação com o pagamento em caixa, o passivo tenha substância comercial (por exemplo, em virtude de alguma
deve ser transferido diretamente para o patrimônio líquido em restrição legal de fazê-lo);
contrapartida da emissão de instrumentos patrimoniais; b) Ter uma prática usual ou política já estabelecida de fazer a
2) Se a entidade liquidar a operação com pagamento em caixa liquidação em caixa.
ao invés de emitir instrumentos patrimoniais, esse pagamento
deve ser utilizado para liquidar todo o passivo. Qualquer Se a entidade tiver uma obrigação presente de liquidar em caixa,
componente do patrimônio líquido que tenha sido reconhecido deve contabilizar a transação por meio das exigências aplicáveis
deve continuar no patrimônio líquido. às operações cuja liquidação seja em caixa e, caso contrário, deve
contabilizar conforme as exigências aplicáveis às operações liquidadas
com instrumentos patrimoniais. No momento da liquidação da operação,
a contabilização se dará da seguinte forma:

17
1) Se for operação liquidada em caixa, o pagamento deve ser
contabilizado como recompra da participação patrimonial por
meio de conta redutora do patrimônio líquido;
2) Se for operação liquida por instrumentos patrimoniais,
nenhum registro contábil deve ser feito a não ser a transferência
entre contas de patrimônio líquido;
3) Se a entidade optar por realizar a liquidação por meio da
alternativa com maior valor justo, observada na data da
liquidação, a entidade deve reconhecer uma despesa adicional
em relação ao valor excedente. Esse valor deve corresponder
à diferença entre o valor pago em caixa e o valor justo dos
instrumentos patrimoniais emitidos ou à diferença entre o valor
justo dos instrumentos patrimoniais emitidos e o montante de
caixa que teria sido pago, o que é aplicável.

18
6. TRANSAÇÃO COM PAGAMENTO BASEADO EM AÇÕES
ENTRE ENTIDADES DO MESMO GRUPO ECONÔMICO

O tratamento dado pelo CPC 10 (2010) para transações com pagamento


baseado em ações entre entidades do mesmo grupo econômico
envolve situações em que uma entidade se beneficia dos produtos ou
serviços recebidos, enquanto a outra é responsável pela liquidação da
operação.

A entidade beneficiária do recebimento de produtos ou serviços deve


mensurar essa operação como sendo liquidada em instrumentos
patrimoniais, quando: os prêmios outorgados forem seus próprios
instrumentos patrimoniais ou quando a entidade não tiver qualquer
obrigação de liquidar a transação com pagamento baseado em ações.
Caso contrário, deve contabilizar como operação liquidada em caixa.

A entidade responsável pela liquidação da operação quando outra


entidade do grupo for a beneficiária deve reconhecer a operação como
liquidada por instrumentos patrimoniais, quando a liquidação ocorrer
por meio de seus próprios instrumentos patrimoniais. Caso contrário,
deve contabilizar como operação liquidada em caixa.

19
o preço médio ponderado das ações durante o período, se
as opções forem exercidas em base regular durante todo o
7. APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO
período;

De acordo com o CPC 10 (2010), a entidade deve divulgar informações d) Para as opções de ações em circulação no final do período,

que permitam aos usuários das demonstrações contábeis entender a a faixa de preços de exercício e a média ponderada da vida

natureza e a extensão dos acordos com pagamento baseado em ações contratual remanescente. Se a faixa de preços de exercício for

que existiram durante o período. Para tanto, deve divulgar no mínimo: muito ampla, as opções em circulação devem ser divididas em
faixas que possuam um significado para avaliar a quantidade

a) Descrição de cada tipo de acordo com pagamento baseado e o prazo em que ações adicionais possam ser emitidas e o

em ações que vigorou em algum momento do período, montante em caixa que possa ser recebido por ocasião do

incluindo, para cada acordo, os termos e condições gerais, tais exercício dessas opções.

como os requisitos de aquisição de direito, o prazo máximo das


opções outorgadas e o método de liquidação (se em caixa ou Além disso, deve divulgar informações a respeito da estimativa de

em instrumentos patrimoniais, por exemplo). valor justo dos instrumentos patrimoniais, envolvendo no mínimo

b) A quantidade e o preço médio ponderado de exercício informações:

das opções de ações para cada um dos seguintes grupos de


opções: em circulação no início do período; outorgadas durante a) Para opções de ações outorgadas durante o período, o valor

o período; com direito prescrito durante o período; exercidas justo médio ponderado dessas opções na data da mensuração e

durante o período; expiradas durante o período; em circulação informações de como esse valor justo foi mensurado, incluindo:

no final do período; e exercíveis no final do período; o modelo de precificação de opções utilizado e os dados de

c) Para as opções de ações exercidas durante o período, o entrada do modelo; como foi determinada a volatilidade

preço médio ponderado das ações na data do exercício ou esperada, incluindo uma explicação da extensão na qual a

20
volatilidade esperada foi baseada na volatilidade histórica; e se
e como quaisquer outras características da opção outorgada
foram incorporadas na mensuração de seu valor justo;
b) Para outros instrumentos patrimoniais outorgados durante
o período, a quantidade e o valor justo médio ponderado
desses instrumentos patrimoniais na data da mensuração,
e informações acerca de como o valor justo foi mensurado,
incluindo: se o valor justo não foi mensurado com base no preço
de mercado observável, como ele foi determinado; se e como
os dividendos esperados foram incorporados na mensuração
do valor justo; e se e como quaisquer outras características dos
instrumentos patrimoniais outorgados foram incorporadas na
mensuração de seu valor justo;
c) Para os acordos com pagamento baseado em ações que
tenham sido modificados durante o período, deve informar
uma explicação dessas modificações; o valor justo incremental
outorgado (como resultado dessas modificações); informações
acerca de como o valor justo incremental outorgado foi
mensurado, consistentemente com os requerimentos dispostos
nas alíneas (a) e (b), quando aplicável.

21
Figura 1. Opções de Liquidação de Operações

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse material foram apresentados o tratamento contábil para o


reconhecimento, mensuração e divulgação dos acordos envolvendo
pagamento baseado em ações. Como vimos, uma transação de
pagamento baseado em ação pode ser caracterizada como aquela em
que a entidade recebe produtos e serviços em troca de pagamento
em instrumentos patrimoniais. A forma de liquidação dessa operação
irá direcionar o seu reconhecimento e sua mensuração. Existem duas
formas de fazer a liquidação dessas operações, uma envolvendo
a liquidação com instrumentos patrimoniais e a outra envolvendo a
liquidação em caixa. Há, ainda, a possibilidade do acordo contratual que
prevê que a entidade ou a contraparte possam optar, posteriormente,
pela forma de liquidação. A figura abaixo mostra esse reconhecimento. Adaptado de FIPECAFI, 2018

A mensuração da transação de pagamento baseado em ações deve ser


feita pelo valor justo dos produtos e serviços recebidos. Caso não seja
possível deve-se mensurar com base no valor justo dos instrumentos
patrimoniais outorgados, em operações cuja liquidação ocorre por
meio de tais instrumentos ou pelo valor justo do passivo em operações
com liquidação em caixa.

22
Nas operações de pagamento baseado em ações, há o estabelecimento
de determinados condições, que devem ser consideradas para o INDICAÇÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA
reconhecimento e mensuração, da seguinte forma:
GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.;
Efeito Direto no Efeito Direto na MARTINS, E. Manual de contabilidade societária:
Condições
Reconhecimento Mensuração aplicável a todas as sociedades de acordo com as
Aquisição de Direitos Sim Não
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Não Aquisição de Direitos Não Sim
Atlas, 2018.
de Mercado Não Sim
• Capítulo 34. Pagamento baseado em ações (pp.
Concedidas automaticamente Sim Não
Após a data de aquisição Não Não 601-617).

ALMEIDA1, M. C. Contabilidade intermediária. 2ª


ed. São Paulo: Atlas, 2018.
• Casos do Capítulo 13. Pagamento baseado em
ações do livro (pp. 225-242).

1 Este item da leitura obrigatória apresenta aplicações


da matéria estudada.

23
INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR REFERÊNCIAS

COMITÊ DE PRENUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.;


MARTINS, E. Manual de contabilidade societária:
CPC 10 (R1) - Pagamento baseado em ações. 16
aplicável a todas as sociedades de acordo com as
de dezembro de 2016. normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR

ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 2ª ed.


ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 2ª São Paulo: Atlas, 2018.
ed. São Paulo: Atlas, 2018.
OLIVEIRA, A. B. S.; SANTOS, D. S. IFRS e CPC: guia
• Casos do Capítulo 13. Pagamento baseado em
de aplicação contábil para contexto brasileiro. 1ª ed.
ações do livro (pp. 225-242).
São Paulo: Saraiva, 2013.

COMITÊ DE PRENUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.


CPC 10 (R1) - Pagamento baseado em ações. 16
de dezembro de 2016. Disponível em: http://www.cpc.
org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=41.

24
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A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse


material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais,
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Captação e Produção de Mídias: Erika Alves, Gabriel Rodrigues.
Gabriel dos Santos e Maurício Leme
Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista

25
TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE
Profª Kelly Farias
CPC 33 - BENEFÍCIOS A
EMPREGADOS

2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer e interpretar o pronunciamento contábil CPC 33 Benefícios


a Empregados.

• Aplicar os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação às


transações envolvendo benefícios a empregados.

• Analisar o efeito da política contábil adotada no atendimento das


características qualitativas da informação contábil, de acordo com a
estrutura conceitual vigente.

3
benefício definido
4.3.1 Reconhecimento e mensuração: valor presente
SUMÁRIO
de obrigação por benefício definido e custo do serviço
corrente
1. Introdução
4.3.2. Método de avaliação atuarial
2. Benefícios a empregados
4.3.3. Atribuição de benefício a períodos de serviço
2.1. Planos de benefícios pós-emprego a empregados
4.3.4. Adoção de premissas atuariais
3. Reconhecimento, mensuração e divulgação de benefícios de curto
4.3.5. Custo do serviço passado e ganhos e perdas na
prazo aos empregados
liquidação (settlement)
3.1. Reconhecimento e mensuração
4.3.6. Custo do serviço passado
3.2. Divulgação
4.3.7. Ganhos e perdas na liquidação
4. Reconhecimento, mensuração e divulgação de benefícios pós-
4.3.8. Reconhecimento e mensuração: ativos do plano
emprego
5. Reconhecimento, mensuração e divulgação de outros benefícios de
4.1. Planos de contribuição definida e planos de benefício
longo prazo a empregados
definido
6. Benefícios rescisórios
4.1.1. Planos multiempregadores
7. Considerações finais
4.1.2. Planos de benefício definido que compartilham
riscos entre várias entidades sob controle comum
4.1.3. Planos de previdência social (planos públicos)
4.1.4. Seguro de benefícios
4.2. Reconhecimento, mensuração e divulgação de plano de
contribuição definida
4.3. Reconhecimento, mensuração e divulgação de plano de

4
1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste material é subsidiar os estudos sobre o tratamento


contábil dos efeitos nas entidades patrocinadoras de planos de benefícios
concedidos à empregados, conforme as normas determinadas no
Pronunciamento Contábil do CPC 33 - Benefícios a Empregados,
correspondente às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 19.

De forma geral, o CPC 33 estabelece que a entidade que seja


patrocinadora de planos de benefícios a empregados reconheça um
passivo quando o empregado prestou o serviço em troca de benefícios
a serem pagos no futuro. Estabelece também que ela reconheça uma
despesa quando se utiliza do benefício econômico proveniente do
serviço recebido do empregado em troca de benefícios ao mesmo.

5
Tabela 1. Tipos de benefícios aos empregados

2. BENEFÍCIOS A EMPREGADOS
Tipo de Benefício Exemplos
• Ordenados, salários e contribuições para a seguridade
De acordo com o CPC 33, são considerados benefícios a empregados social;
• Licença anual remunerada e licença médica
“todas as formas de compensação proporcionadas pela entidade em 1. Benefícios de curto remunerada;
prazo • Participação nos lucros e bônus;
troca de serviços prestados pelos seus empregados ou pela rescisão • Assistência médica;
• Moradia, carros e bens;
do contrato de trabalho”. Incluem-se nesses benefícios associados • Serviços gratuitos ou subsidiados.
a planos (ou a acordos formais entre a entidade e os empregados • Benefícios de aposentadoria: pensões e pagamentos
2. Benefícios pós- integrais por ocasião da aposentadoria;
individuais) os grupos de empregados ou seus representantes. Eles emprego • Outros benefícios pós-emprego: seguro de vida e
assistência médica pós-emprego.
são determinados por disposições legais, por meio de acordos setoriais • Auxílio-mudança;
3. Benefícios
• Seguros de vida e saúde;
ou, ainda, por práticas informais, considerados como uma obrigação rescisórios
• Indenizações.
construtiva. • Ausências remuneradas de longo prazo: licenças por
4. Outros benefícios de tempo de serviço ou sabáticas;
longo prazo • Jubileu ou outros benefícios por tempo de serviço;
• Benefícios por invalidez de longo prazo.
Esses benefícios podem ser de curto ou longo prazo, pós-emprego e
Fonte: CPC 33 (2009)
rescisórios. Os benefícios de curto prazo a empregados são aqueles
que, espera-se, sejam integralmente liquidados em até doze meses após
Fazem parte desses benefícios tanto aqueles oferecidos aos
o período a que se referirem as demonstrações contábeis em que os
empregados quanto aos seus dependentes, tanto aqueles que podem
empregados prestaram o respectivo serviço. Os benefícios pós-emprego
ser liquidados por meio de pagamentos quanto pelo fornecimento de
são os que serão pagos após o período de emprego. Os benefícios
bens e serviços diretamente aos empregados ou aos seus cônjuges,
rescisórios são aqueles fornecidos aos empregados pela rescisão do
filhos ou outros dependentes e também os oferecidos por terceiros
contrato de trabalho. Os benefícios de longo prazo são todos os demais
como entidades de seguro e previdência.
que não se enquadrem nas categorias de benefícios anteriores.

6
2.1. Planos de benefícios pós-emprego a empregados Planos multiempregadores podem ser planos de contribuição
definida, ou planos de benefício definido, que se caracterizam por
Para efeito do tratamento dado pelo CPC 33, é importante caracterizar possuírem ativos formados por contribuições de várias entidades
os planos de benefícios pós-emprego concedidos aos empregados. patrocinadoras, que não estão sob o mesmo controle acionário e que
Tais planos correspondem a acordos formais ou informais, nos quais utilizam tais ativos para fornecer benefícios a empregados a mais de
a entidade se compromete a proporcionar benefícios pós-emprego a uma entidade patrocinadora.
um ou mais empregados. Tais planos são classificados como Planos
de Contribuição Definida e Planos de Benefício Definido. Essa Planos entre várias entidades sob controle comum são planos cujo
classificação definirá a forma como devem ser contabilizados passivos, risco é compartilhado por entidades sob controle comum, como uma
despesas e ativos associados. Além disso, podem ser decorrentes de controladora e suas subsidiárias.
Planos Multiempregadores, entre várias entidades sob controle comum
e planos públicos de previdência social. Planos de Previdência Social são aqueles estabelecidos por
legislação, acessíveis a todas as entidades e operacionalizados pelo
Planos de contribuição definida são planos de benefícios pós- governo ou por outro órgão, que não estão sob o controle ou influência
emprego nos quais a entidade patrocinadora paga contribuições fixas da entidade que reporta.
a uma entidade separada (fundo), não tendo nenhuma obrigação legal
ou construtiva de pagar contribuições adicionais se o fundo não possuir
ativos suficientes para pagar todos os benefícios aos empregados
relativamente aos seus serviços do período corrente e anterior.

Planos de benefício definido são planos de benefícios pós-emprego


que não se enquadram como planos de contribuição definida.

7
• Como ativo (despesa paga antecipadamente), se a quantia
já paga exceder o valor não descontado dos benefícios.
3. RECONHECIMENTO, MENSURAÇÃO E DIVULGAÇÃO
Exemplo: adiantamentos não descontados, vale transporte;
DE BENEFÍCIOS DE CURTO PRAZO AOS EMPREGADOS
• Como despesa ou custo de ativo (no caso de Estoques e/
3.1. Reconhecimento e mensuração ou Ativo Investimento, Imobilizado ou Intangível). Exemplo:
salários, participações nos resultados, férias, 13º salário.
Os benefícios de curto prazo a empregados são aqueles que, espera-
se, sejam liquidados completamente em até doze meses após o período Outra forma de benefício são as licenças remuneradas de curto prazo.
de reporte das demonstrações contábeis em que os empregados Essas licenças incluem férias, feriados, doença e invalidez por cur-
tiverem prestado o serviço. Assim, o tratamento contábil desse tipo de to prazo, maternidade ou paternidade, serviços de tribunais e serviço
benefício não requer que sejam adotadas premissas atuariais quando militar. O direito às licenças remuneradas classificam tais licenças em
houver a mensuração da respectiva obrigação. Portanto, nesse caso duas categorias cumulativa; e não cumulativa.
não haverá o reconhecimento de ganhos ou perdas atuariais.
As licenças remuneradas cumulativas são aquelas que podem ser
O reconhecimento do benefício de curto prazo a empregados deve estendidas e utilizadas futuramente, se o direito adquirido no período
ocorrer no período contábil em que o empregado tiver prestado corrente não foi totalmente utilizado. Já as licenças remuneradas não
serviços à entidade. O valor a ser reconhecido deve ser o montante cumulativas não são estendidas para o próximo exercício, pois expiram
não descontado dos benefícios de curto prazo aos empregados, que se o direito não for totalmente usufruído no período corrente. Elas não
se espera sejam pagos, em troca desse serviço. Tal reconhecimento dão aos empregados o direito ao pagamento em dinheiro por direitos
ocorre:
não usufruídos no momento em que se desliguem da entidade.

• Como passivo (despesa acumulada), após a dedução de


A entidade deve reconhecer o custo esperado de benefícios de curto
qualquer quantia já paga. Exemplo: salários não pagos,
prazo aos empregados na forma de licenças remuneradas da seguinte
contribuições previdenciárias e sociais;
forma:

8
• No caso de licenças remuneradas cumulativas, quando o
serviço prestado pelos empregados aumentar o seu direito cinco dias de licença médica remunerada em 20X2 e que os

a ausências remuneradas futuras; A entidade deve mensurar oito empregados restantes tirarão a média de seis dias e meio

o custo esperado de licenças remuneradas cumulativas cada um. A entidade espera pagar um adicional de 12 dias de

como a quantia adicional que a entidade espera pagar, auxílio-doença em consequência do direito não utilizado que

em consequência do direito não utilizado que se acumulou tenha acumulado em 31 de dezembro de 20X1 (um dia e meio

na data a que se referem as demonstrações contábeis. cada, para oito empregados). Portanto, a entidade reconhece

Exemplos: férias dobradas e licença prêmio. um passivo igual a 12 dias de auxílio-doença.

• No caso de licenças remuneradas não cumulativas, quando (CPC 33, 2012, p. 09).

as ausências ocorrerem. Exemplo: licença maternidade ou


paternidade. Outra forma de benefício a curto prazo a empregados é a participação
nos lucros e bônus de desempenho. O reconhecimento do custo

EXEMPLO 1 esperado desse benefício como despesa do período deve ocorrer

A entidade tem 100 empregados, cada um deles com direito a quando e somente quando:

cinco dias de trabalho de licença médica remunerada em cada


ano. A licença médica não utilizada pode ser estendida por • A entidade tiver a obrigação legal ou construtiva de fazer tais

um ano-calendário. A licença médica é excluída, em primeiro pagamentos em consequência de eventos passados;

lugar, do direito do ano corrente e, em seguida, do saldo do • A obrigação puder ser estimada de maneira confiável, o que

ano anterior (base UEPS). Em 31 de dezembro de 20X1, o ocorre quando: há uma fórmula para determinar o valor do

direito médio não utilizado é de dois dias por empregado. A benefício prevista nos termos formais do plano; a entidade

entidade espera, baseada na experiência passada, que essa determinar os montantes a serem pagos antes da aprovação

expectativa continue, que 92 empregados não tirarão mais de de emissão das demonstrações contábeis; ou

9
• A prática passada fornecer evidências claras do montante da estabelece as diretrizes de divulgação de despesas com benefícios a
obrigação construtiva da entidade. empregados.

EXEMPLO 2
Um plano de participação nos lucros requer que a entidade pague
uma parcela específica do lucro líquido do ano aos empregados
que trabalharam todo o ano. Se nenhum dos empregados se
desligar durante o ano, o total dos pagamentos de participação
nos lucros será de 3% do lucro líquido. A entidade estima que
a taxa de rotatividade de pessoal reduza os pagamentos para
2,5% do lucro líquido. A entidade deve reconhecer um passivo
e uma despesa de 2,5% do lucro líquido.
(CPC 33, 2012, p. 10).

3.2. Divulgação

Não há exigência específica do CPC 33 a respeito de benefícios de


curto prazo concedidos a empregados. Contudo, podem existir em
outros pronunciamentos, tal como no Pronunciamento Técnico CPC
05 - Divulgação sobre Partes Relacionadas, quando os benefícios em
questão são concedidos aos administradores da entidade ou mesmo
no CPC 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis, que

10
pelo empregado corresponde à soma do montante de contribuições
pagas pela entidade patrocinadora (e, em alguns casos, também
4. RECONHECIMENTO, MENSURAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE BENEFÍCIOS PÓS-EMPREGO pelo empregado) com o retorno dos investimentos provenientes das
aplicações das contribuições. Assim, o risco atuarial (risco de que os
4.1. Planos de contribuição definida e planos de benefício defini- benefícios sejam inferiores ao esperado) e o risco de investimento
do (risco de que os ativos investidos venham a ser insuficientes para
cobrir os benefícios esperados) recaem sobre o empregado.
Os benefícios pós-emprego incluem benefícios de aposentadoria,
como pensões e pagamentos únicos por ocasião da aposentadoria Os planos de benefício definido, caracterizam-se pela responsabilidade
e outros benefícios como seguro de vida e assistência médica pós- da entidade patrocinadora em comum acordo com o empregado. Tais
emprego. Eles são estabelecidos em planos de benefícios pós- casos ocorrem quando a obrigação da entidade não está limitada
emprego, que são classificados como plano de contribuição definida à quantia que ela concorda em contribuir para o fundo de pensão e
ou como plano de benefício definido, a depender dos seus principais exigem dela: assumir a obrigação legal ou construtiva por meio de
termos e condições. Esses planos são administrados por outra necessidade de entidade; fornecer contribuições adicionais se os
entidade separada da previdência (aberta ou fechada), que recebe as ativos forem insuficientes para cobrir os benefícios de plano; conceder
contribuições e paga os benefícios aos empregados (MARTINS et. al, garantia de retorno especificado sobre contribuições, direta ou
2018). indiretamente vinculada ao plano; atender às práticas informais que
dão origem a uma obrigação construtiva. Dessa forma, o risco atuarial
Os planos de contribuição definida caracterizam-se pela existência (de que os benefícios venham a custar mais do que o esperado) e o
de obrigação legal ou construtiva da entidade, que está limitada à risco de investimento recaem, substancialmente, sobre a entidade.
quantia que ela aceita contribuir para o fundo, o que leva à assunção
do risco pelo empregado pela gestão dos recursos ou eventos futuros
que os afetem. O valor do benefício pós-emprego a ser recebido

11
Os valores atribuídos aos planos de benefício definido dependem de • Contabilizar proporcionalmente sua parcela da obrigação de
cálculos atuariais, baseados em estimativas de valores de benefícios benefício definido, dos ativos do plano e do custo associado
a pagar, de tempo de contribuição, vida remanescente do empregado ao plano, da mesma forma como qualquer outro plano de
após a aposentadoria, de expectativa de vida de seus dependentes, benefício definido;
custos futuros dos benefícios do plano e também das estimativas • Divulgar as informações exigidas para os planos de benefício
das taxas de retorno ao longo do tempo. São variáveis que envolvem definido.
riscos e que devem ser determinadas em cálculos atuariais, sob a
responsabilidade de profissionais habilitados, que são os atuários. O Quando não houver informação suficiente disponível para se adotar
CPC 33 não exige, mas recomenda que tais cálculos sejam realizados a contabilização de benefício definido para plano multiempregador de
por tais profissionais. (MARTINS et. al, 2018, p. 609). benefício definido, a entidade deve:

O tratamento contábil dos planos de contribuição definida ou benefício • Contabilizar o plano como se fosse um plano de contribuição
definido é dado no contexto de planos multiempregadores, planos definida;
de benefício definido que compartilham riscos entre entidades sob • Divulgar as informações exigidas especificamente para os
controle comum, planos de previdência social e benefícios segurados. planos multiempregador (Item 148 do CPC 33).

4.1.1. Planos multiempregadores Planos multiempregadores são distintos dos planos administrados em
grupo. O plano administrado em grupo é meramente a agregação de
A entidade deve classificar um plano multiempregador como plano de planos patrocinados individualmente combinados para permitir que
contribuição definida ou como de benefício definido, de acordo com os empregadores reúnam os seus ativos para fins de investimento,
seus termos, incluindo qualquer obrigação construtiva. Quando a de maneira a reduzir os custos de gestão e de administração, mas
entidade participar de plano multiempregador de benefício definido, a as pretensões dos diferentes empregadores são segregadas para o
entidade deve: benefício exclusivo dos seus próprios empregados.

12
4.1.2. Planos de benefício definido que compartilham riscos entre
EXEMPLO 3
várias entidades sob controle comum

A empresa S/A é participante de um plano multipatrocinado em


Os planos de benefício definido que compartilham riscos entre
conjunto com suas controladas, sendo a Matriz responsável
entidades sob controle comum, ou seja, entre uma controladora e suas
pelo plano. Não existe política ou acordo expresso de
subsidiárias, não são planos multiempregadores. Tais planos devem
reconhecimento da variação líquida da obrigação. O valor total
ser tratados como um todo. Se houver acordo contratual ou política
dos benefícios vencidos no período são: $ 150.000, sendo $
expressa para atribuir a despesa líquida dos benefícios definidos
80.000 de benefícios referentes à Matriz, $ 30.000 referentes à
do plano, cada entidade deve, nas suas demonstrações separadas
controlada A e $ 40.000 referentes à controlada B. A variação
ou individuais, reconhecer a despesa líquida correspondente aos
líquida da obrigação, conforme plano de benefício definido é
benefícios definidos individualmente ou proporcionalmente a cada
de $ 5.000. Nesse caso, cada entidade fará o reconhecimento
uma delas. Se não houver tal acordo ou política, a despesa líquida do
individual do valor a ser pago como benefício a empregados e a
benefício definido deve ser reconhecida nas demonstrações separadas
variação líquida calculada será de responsabilidade da Matriz,
ou individuais da entidade que é legalmente a patrocinadora do plano.
que é a responsável pelo plano.
As outras entidades pertencentes ao grupo devem reconhecer, em
(MARTINS et al. (2018, p. 610-11).
suas demonstrações separadas ou individuais, uma despesa igual às
contribuições devidas no período.
4.1.3. Planos de previdência social (planos públicos)

A entidade deve contabilizar sua participação em plano de previdência


social (planos públicos) da mesma maneira que contabiliza sua
participação em plano multiempregador, sendo classificados como
planos de benefício definido ou de contribuição definida dependendo

13
da obrigação da entidade em relação ao plano. O mais comum é que passivo, tratando tais pagamentos como contribuições para plano de
tais planos sejam de contribuição definida, uma vez que a entidade contribuição definida.
não é a responsável por assumir riscos inerentes à administração e à
capitalização dos recursos, que na maioria das vezes é assumido pelo Todavia, a entidade deve contabilizar como plano de benefício definido
governo, tendo a entidade apenas a responsabilidade de repassar os se tiver, direta ou indiretamente por meio do plano, a obrigação legal
valores das contribuições, como é o caso do Brasil. ou construtiva de pagar os benefícios dos empregados diretamente
quando vencerem. Deve, ainda, pagar contribuições adicionais se
4.1.4. Seguro de benefícios a seguradora não cobrir todos os benefícios futuros do empregado
relativos aos serviços prestados no período corrente e em períodos
A entidade pode pagar prêmios de seguro para custear um plano de anteriores.
benefícios pós-emprego. A entidade deve tratar o plano como plano de
contribuição definida. Isso ocorre quando a entidade custeia uma obrigação de benefícios
pós-emprego ao contribuir para uma apólice de seguro pela qual a
É o caso quando a apólice de seguro estiver no nome de participante entidade mantém a obrigação legal ou construtiva. Isso direta ou
específico do plano ou de grupo de participantes e a entidade não indiretamente por meio do plano, utilizando mecanismo de fixação de
tiver nenhuma obrigação legal ou construtiva de cobrir qualquer prêmios futuros ou por meio de relacionamento com a seguradora.
perda na apólice, a entidade não tem obrigação de pagar benefícios Nesse caso, o pagamento dos prêmios não corresponde a um acordo
aos empregados, e a seguradora tem a responsabilidade exclusiva de contribuição definida. A entidade deve, então:
de pagar esses benefícios. O pagamento de prêmios fixos, segundo
tais contratos, é, na verdade, a liquidação da obrigação de benefícios • Contabilizar a apólice de seguro elegível como ativo de plano,
ao empregado, não um investimento para cobrir a obrigação. ou seja, como despesa antecipada;
Consequentemente, a entidade não reconhece um ativo ou um • Reconhecer outras apólices de seguro como direitos de

14
reembolso como ativos separados, mensurando-os por seu paga exceder o valor não descontado dos benefícios;
valor justo e reconhecer quaisquer variações nesse valor • Como despesa ou custo de ativo (no caso de Estoques e/ou
como se fossem variações no valor justo de ativos. Ativo Investimento, Imobilizado ou Intangível).

4.2. Reconhecimento, mensuração e divulgação de plano de Quando as contribuições para plano de contribuição definida não forem
contribuição definida completamente liquidados em até doze meses após o final do período
da prestação de serviço pelo empregado, elas devem ser descontadas.
De acordo com o CPC 33, a contabilização dos planos de contribuição Deve-se utilizar para isso taxa de desconto, determinada com base
definida é direta porque a obrigação da entidade patrocinadora relativa nos rendimentos de mercado, apurados na data a que se referem as
a cada exercício é determinada pelos montantes a serem contribuídos demonstrações contábeis, para títulos ou obrigações corporativas de
no período. Não há, assim, a necessidade de premissas atuariais alta qualidade.
para mensurar a obrigação ou a despesa, e não há possibilidade de
qualquer ganho ou perda atuarial. EXEMPLO 4

Quando o empregado tiver prestado serviços à entidade durante um A empresa S/A é participante de um plano de contribuição
período, a entidade deve reconhecer a contribuição devida para plano definida, sendo que, em negociação com o sindicato de seus
de contribuição definida em troca desses serviços de acordo com o empregados, alterou o percentual de contribuição ao plano de
critério geral de reconhecimento: 2% para 2,5% dos salários retroagindo por um ano. A empresa
efetuou o pagamento de $ 28.000 em contribuições para o
• Como passivo (despesa acumulada), após a dedução de plano.
qualquer quantia já paga;
• Como ativo (despesa paga antecipadamente), se a quantia já

15
Informações adicionais: Utilizando esses mesmos dados, caso a entidade tivesse
Valor total dos salários do ano anterior: $ 1.000.000,00 decidido fazer uma contribuição de $ 38.000, os lançamentos
Valor total dos salários do ano do atual período contábil: $ contábeis seriam os seguintes:
1.200.000,00
D= Custo/Despesa do serviço corrente $ 30.000
D= Custo/Despesa do serviço passado $ 5.000
Com a decisão de retroagir por um ano a variação do aumento
D= Custo/Despesa antecipada $ 3.000
percentual de contribuição da empresa S/A, além do custo do C= Caixa e Equivalentes de Caixa $ 38.000
serviço corrente (2,5% x $ 1.200.000 = $ 30.000), a empresa
se responsabilizou como mais $ 5.000 (0,5% x $ 1.000.000 (MARTINS et. al, 2018, p. 613)
= $ 5.000) referente a variação percentual do ano anterior,
devendo reconhece-los imediatamente no resultado. Com isso, A entidade deve divulgar o montante reconhecido como despesa
a empresa tem uma obrigação de pagar $ 35.000 ($ 30.000 + para os planos de contribuição definida. Se essa despesa estiver
$5.000) no período atual, dos quais contribuiu com $ 28.000, relacionada com administradores da entidade, deve atender também
restando uma obrigação de $ 7.000 ($ 35.000 - $ 28.000). ao que determina o CPC 05 – Divulgação sobre Partes Relacionadas.

Os lançamentos contábeis relacionados a transação são os 4.3. Reconhecimento, mensuração e divulgação de plano de
seguintes: benefício definido

D= Custo/Despesa do serviço corrente $ 30.000


Conforme o CPC 33, a contabilização dos planos de benefício definido
D= Custo/Despesa do serviço passado $ 5.000
C= Caixa e Equivalentes de Caixa $ 28.000 é complexa porque são necessárias premissas atuariais para mensurar
C= Contribuição à Plano de Benefício a pagar $ 7.000 a obrigação e a despesa do plano, bem como existe a possibilidade de
ganhos e perdas atuariais. Além disso, as obrigações são mensuradas

16
ao seu valor presente, porque podem ser liquidadas muitos anos após para a entidade do benefício obtido pelos empregados
a prestação dos serviços pelos empregados. em troca dos serviços prestados nos períodos corrente
e anteriores;
Planos de benefício definido podem não ter fundo constituído ou b) Desconto do benefício para determinar o valor
podem ser total ou parcialmente cobertos por contribuições da entidade presente da obrigação de benefício definido e o custo
e, algumas vezes, dos seus empregados, para a entidade ou fundo do serviço corrente;
legalmente separado da entidade patrocinadora, e a partir do qual c) Deduzir o valor justo de quaisquer ativos do plano
são pagos os benefícios a empregados. O pagamento dos benefícios do valor presente da obrigação de benefício definido.
concedidos depende não somente da situação financeira e do
desempenho dos investimentos do fundo, mas também da capacidade 2. Determinar o valor líquido de passivo (ativo) de benefício
e do interesse da entidade de suprir qualquer insuficiência nos ativos do definido como o valor do déficit ou superávit determinado em
fundo. Portanto, a entidade assume, na essência, os riscos atuariais e (a), ajustado por qualquer efeito de limitação de ativo líquido de
de investimento associados ao plano. Consequentemente, a despesa benefício definido ao teto de ativo.
reconhecida de plano de benefício definido não é necessariamente o 3. Determinar: os valores a serem reconhecidos em resultado,
montante da contribuição devida relativa ao período. definido pelo custo do serviço corrente; qualquer custo do
serviço passado e ganho ou perda na liquidação; e juros
Para contabilizar cada plano de benefício definido, a entidade deve líquidos sobre o valor líquido de passivo (ativo) de benefício
seguir os seguintes passos: definido.
4. Determinar: as remensurações do valor líquido de passivo
1. Determinar o déficit ou superávit, por meio de: (ativo) de benefício definido, a serem reconhecidas em outros
a) Técnica atuarial, o método de crédito unitário resultados abrangentes, compreendendo os ganhos e perdas
projetado, para estimar de maneira confiável o custo final atuariais; o retorno sobre os ativos do plano, excluindo valores

17
considerados nos juros líquidos sobre o valor líquido de passivo 4.3.2. Método de avaliação atuarial
(ativo) de benefício definido; e qualquer mudança no efeito
do teto de ativo, excluindo os valores considerados nos juros A entidade deve utilizar o Método de Crédito Unitário Projetado para
líquidos sobre o valor líquido de passivo (ativo) de benefício determinar o valor presente das obrigações de benefício definido, o
definido. respectivo custo do serviço corrente e, quando aplicável, o custo do
serviço passado. Esse método considera cada período de serviço como

4.3.1. Reconhecimento e mensuração: valor presente de obrigação dando origem a uma unidade adicional de direito ao benefício e mensura

por benefício definido e custo do serviço corrente cada unidade separadamente para construir a obrigação final.

EXEMPLO 5
O custo final de plano de benefício definido pode ser influenciado por
Método de Crédito Unitário Projetado
muitas variáveis, tais como salários na data da concessão do benefício,
rotatividade e mortalidade, contribuições de empregados e tendências
Um benefício de pagamento único a ser liquidado ao final do
de custos médicos. O custo final do plano é incerto e é provável que
período trabalhado corresponde a 1% do salário final para cada
essa incerteza venha a permanecer por longo período de tempo. Com
ano de serviço. O salário no ano 1 é $ 10.000 e assume-se
o objetivo de mensurar o valor presente das obrigações de benefício
um crescimento anual de 7% (composto) para cada ano. A
pós-emprego e o respectivo custo do serviço corrente, é necessário:
taxa de desconto utilizada é de 10% ao ano. A tabela a seguir
demonstra como a obrigação é calculada para um empregado
• Aplicar método de avaliação atuarial; cuja expectativa de desligamento é ao final do ano 5, assumindo
• Atribuir benefício aos períodos de serviço; que não haverá mudanças nas premissas atuariais. Para fins
• Adotar premissas atuariais. de simplificação, este exemplo não considera o ajuste adicional
necessário para refletir a probabilidade de o empregado deixar
a entidade em data anterior ou posterior.

18
Ano 1 2 3 4 5
Benefício atribuído a:
– anos anteriores $0 $ 131 $ 262 $ 393 $ 524
– ano corrente (1% do $ 131 $ 131 $ 131 $ 131 $ 131
salário final)
– ano corrente e anteriores $ 131 $ 262 $ 393 $ 524 $ 655
Obrigação Inicial - $ 89 $ 196 $ 324 $ 476
Jurosde10% - $9 $ 20 $ 33 $ 48
Custo do serviço corrente $ 89 $ 98 $ 108 $ 119 $ 131
Obrigação final $ 89 $ 196 $ 324 $ 476 $ 655

Observações:

• A obrigação inicial é o valor presente do benefício atribuído


a anos anteriores.
• O custo do serviço corrente é o valor presente do benefício
atribuído ao ano corrente.
• A obrigação final é o valor presente do benefício atribuído
aos anos corrente e anteriores.
• A entidade deve descontar a valor presente o total da
obrigação de benefícios pós-emprego, mesmo se parte
da obrigação vencer em até doze meses após a data das
demonstrações contábeis.
Adaptado de CPC 33.

19
4.3.3. Atribuição de benefício a períodos de serviço EXEMPLO 7

Na determinação do valor presente das obrigações de benefício ATRIBUIÇÃO DO BENEFÍCIO NO MÉTODO


definido, do respectivo custo do serviço corrente e, quando aplicável, DE CRÉDITO UNITÁRIO PROJETADO
do custo do serviço passado, a entidade deve atribuir benefício a
períodos de serviço de acordo com a fórmula de benefício do plano. 7.1. Um plano de benefício definido proporciona o benefício de
Entretanto, se o serviço do empregado nos últimos anos conduzir a pagamento único de $ 100 devido por ocasião da aposentadoria,
um benefício significativamente mais elevado do que em períodos para cada ano de serviço prestado. Atribui-se a cada ano o
anteriores, a entidade deve atribuir benefícios em bases lineares. benefício de $ 100. O custo do serviço corrente é o valor presente
de $ 100. O valor presente da obrigação de benefício definido é
O Método de Crédito Unitário Projetado exige que a entidade atribua o valor presente de $ 100, multiplicado pelo número de anos de
benefício ao período corrente (a fim de determinar o custo do serviço serviço na data a que se referem as demonstrações contábeis.
corrente) e aos períodos corrente e anteriores (a fim de determinar Se o benefício for devido imediatamente quando o empregado
o valor presente das obrigações de benefício definido). A entidade se desliga da entidade, o custo do serviço corrente e o valor
deve atribuir benefício aos períodos em que surge a obrigação de presente da obrigação de benefício definido refletem a data em
proporcionar benefícios pós-emprego. Essa obrigação surge à medida que se espera que o empregado se desligue. Assim, devido
que os empregados prestam serviços em troca de benefícios pós- ao efeito do desconto a valor presente, eles são inferiores às
emprego e que a entidade espera pagar em períodos futuros. As quantias que seriam determinadas se o empregado saísse no
técnicas atuariais permitem que a entidade mensure essa obrigação final do período a que se referem as demonstrações contábeis.
com confiabilidade suficiente para justificar o reconhecimento do
passivo.

20
• Premissas demográficas: dizem respeito às características
7.2. Um plano proporciona uma pensão mensal de 0,2% do futuras dos atuais e ex-empregados (e seus dependentes)
salário final para cada ano de serviço. A pensão é devida a que sejam elegíveis aos benefícios como: mortalidade; taxas
partir da idade de 65 anos. Atribuído a cada ano de serviço de rotatividade de empregados, invalidez e aposentadoria
um benefício igual ao valor presente, à data esperada de antecipada; proporção de participantes do plano com
aposentadoria da pensão mensal de 0,2% do salário final dependentes que serão elegíveis aos benefícios; proporção
estimado, devido a partir da data esperada de aposentadoria até de participantes do plano que escolherá cada opção de forma
a data estimada do falecimento. O custo do serviço corrente é o de pagamento disponível conforme os termos do plano; e
valor presente desse benefício. O valor presente da obrigação taxas de sinistralidade dos planos médicos;
de benefício definido é o valor presente dos pagamentos • Premissas financeiras: taxa de desconto; níveis de
mensais de pensão de 0,2% do salário final, multiplicado benefícios, excluindo qualquer custo dos benefícios que deva
pelo número de anos de serviço até o final do período a que correr por conta de empregados e salário futuro; no caso
se referem as demonstrações contábeis. O custo do serviço de benefícios médicos, custos médicos futuros, incluindo
corrente e o valor presente da obrigação de benefício definido. custos de administração de sinistros (que serão incorridos no
processamento e solução de sinistros, incluindo honorários
(CPC 33, 2012, p. 20). legais e taxas de reguladores); impostos devidos pelo plano
sobre contribuições relativas a serviços anteriores à data das
demonstrações contábeis ou sobre benefícios decorrentes
4.3.4. Adoção de premissas atuariais desses serviços.

As premissas atuariais devem ser imparciais (não enviesadas) e devem As premissas atuariais devem refletir alterações em benefícios futuros
ser mutuamente compatíveis, sendo elas: que estejam estabelecidos nos termos formais de plano (ou obrigação

21
construtiva que vá além desses termos) no final do período a que se 4.3.6. Custo do serviço passado
referem as demonstrações contábeis.
Custo do serviço passado é a mudança no valor presente da obrigação
4.3.5. Custo do serviço passado e ganhos e perdas na liquidação de benefício definido, resultante de alteração ou redução (encurtamento/
(settlement) curtailment) do plano. A entidade deve reconhecer esse custo do
serviço passado como despesa na data em que ocorrer primeiro
Quando determinar o custo do serviço passado ou o ganho ou a perda entre as seguintes opções: a alteração ou a redução (encurtamento/
na liquidação, a entidade deve remensurar o valor líquido de passivo curtailment) do plano; e quando a entidade reconhecer os custos de
(ativo) de benefício definido, utilizando o valor justo dos ativos do plano reestruturação correspondentes ou os benefícios rescisórios.
e as premissas atuariais correntes (incluindo taxas de juros de mercado
e outros preços de mercado correntes) que reflitam: 4.3.7. Ganhos e perdas na liquidação

• Os benefícios oferecidos em conformidade com o plano e os O ganho ou a perda na liquidação é a diferença entre:
ativos do plano antes da alteração, redução (encurtamento/
curtailment) ou liquidação do plano; • O valor presente da obrigação de benefício definido que
• Os benefícios oferecidos em conformidade com o plano e os estiver sendo liquidada, conforme determinado na data de
ativos do plano após a alteração, redução ou liquidação do liquidação;
plano. • O preço de liquidação, incluindo quaisquer ativos do plano
transferidos e quaisquer pagamentos feitos diretamente pela
entidade referente à liquidação.

22
A entidade deve reconhecer o ganho ou a perda na liquidação de plano da totalidade dos benefícios devidos do plano, o valor justo dessas
de benefício definido quando ocorrer a liquidação, que ocorre quando apólices de seguro deve ser considerado como o valor presente
a entidade celebra a transação que elimina todas as obrigações, das respectivas obrigações. Ela estará sujeita a qualquer redução
legais ou construtivas, restantes em relação à totalidade ou parte dos necessária se os montantes a receber, segundo as apólices de seguro,
benefícios oferecidos pelo plano de benefício definido. não forem integralmente recuperáveis.

4.3.8. Reconhecimento e mensuração: ativos do plano Reembolsos

Valor justo dos ativos do plano Apenas quando for praticamente certo que a outra parte reembolsará
total ou parcialmente os gastos necessários para liquidar obrigação de
O valor justo de quaisquer ativos do plano deve ser deduzido do valor benefício definido, a entidade deve:
presente da obrigação de benefício definido na determinação do déficit
ou superávit. Os ativos do plano devem excluir contribuições não pagas, • Reconhecer seu direito ao reembolso como ativo separado,
devidas pela entidade patrocinadora ao fundo de pensão, assim como mensurando o ativo pelo valor justo;
quaisquer instrumentos financeiros não transferíveis emitidos pela • Separar e reconhecer as variações no valor justo de seu
entidade e detidos pelo fundo. Os ativos do plano devem ser reduzidos direito ao reembolso da mesma forma que para mudanças
por quaisquer passivos do fundo que não estejam relacionados com no valor justo de ativos do plano.
benefícios aos empregados, como contas a pagar e outros exigíveis e
passivos resultantes dos instrumentos financeiros derivativos.

Quando os ativos do plano incluem apólices de seguro elegíveis,


que correspondem exatamente ao montante e ao prazo de partes ou

23
Componentes de custo de benefício definido Remensurações do valor líquido de passivo (ativo) de benefício
definido líquido
A entidade deve reconhecer os componentes de custo de benefício
definido, exceto na medida em que outro pronunciamento exigir ou As remensurações do valor líquido de passivo (ativo) de benefício
permitir a sua inclusão no custo do ativo, da seguinte maneira: definido compreendem:

• Custo do serviço no resultado; • Ganhos e perdas atuariais;


• Os juros líquidos sobre o valor líquido de passivo (ativo) de
• O retorno sobre os ativos do plano;
benefício definido no resultado; e
• Qualquer mudança no efeito do teto de ativo (asset ceiling).
• Remensurações do valor líquido de passivo (ativo) de
benefício definido em outros resultados abrangentes.
Ganhos e perdas atuariais resultam de aumentos ou reduções no valor
presente da obrigação de benefício definido em razão de mudanças
Juros líquidos sobre o valor líquido de passivo (ativo) de benefício
em premissas atuariais e os ajustes pela experiência. Os ganhos e
definido
as perdas atuariais não devem incluir as alterações no valor presente
da obrigação de benefício definido ocorrido em razão da introdução,
A entidade deve determinar os juros líquidos sobre o valor líquido de
alteração, redução (encurtamento/curtailment), liquidação do plano de
passivo (ativo) de benefício definido, multiplicando o valor líquido de
passivo (ativo) de benefício definido pela taxa de desconto, definida benefício definido ou alterações nos benefícios devidos de acordo com

como a que reflete as operações de mercado. Os juros líquidos sobre o plano de benefício definido. Essas alterações resultam em custo do

o valor líquido de passivo (ativo) de benefício definido podem ser vistos serviço passado ou em ganhos ou perdas na liquidação.

como compreendendo receita de juros sobre ativos do plano, custo de


juros sobre a obrigação de benefício definido e juros sobre o efeito do Na determinação do retorno sobre os ativos do plano, a entidade deve
teto de ativo (asset ceiling). deduzir os custos de gestão dos ativos do plano e quaisquer impostos

24
devidos pelo próprio plano, exceto impostos incluídos nas premissas seguintes características, como: diferentes localizações geográficas;
atuariais utilizadas para mensurar a obrigação de benefício definido. diferentes características, tais como planos de previdência de salário
Outros custos de administração não devem ser deduzidos do retorno fixo, planos de previdência de salário final ou planos de assistência
sobre os ativos do plano. médica pós-emprego; diferentes ambientes regulatórios; diferentes
segmentos; diferentes modalidades de financiamento (por exemplo,
Divulgação totalmente não custeado, total ou parcialmente custeado).

De forma geral, o CPC 33 estabelece que a entidade deve divulgar A entidade deve fornecer uma conciliação entre o saldo de abertura e
informações que: o saldo de fechamento para cada um dos itens a seguir, se aplicáveis:

• Expliquem as características de seus planos de benefício • O valor líquido de passivo (ativo) de benefício definido,
definido e os riscos a eles associados; apresentando conciliações separadas para: ativos do plano;
• Identifiquem e expliquem os montantes em suas o valor presente da obrigação de benefício definido; o efeito
demonstrações contábeis decorrentes de seus planos de do teto de ativo (asset ceiling);
benefício definido; e • Quaisquer direitos a reembolso. A entidade deve também
• Descrevam como seus planos de benefício definido podem apresentar a relação entre qualquer direito a reembolso e a
afetar o valor, o prazo e a incerteza dos fluxos de caixa futuros obrigação correspondente.
da entidade.
Deve apresentar para cada conciliação: custo do serviço corrente;
A entidade deve avaliar se a totalidade ou parte das divulgações deve receita ou despesa de juros; remensurações do valor líquido de passivo
ser desagregada para distinguir planos ou grupos de planos com (ativo) de benefício definido líquido, apresentando separadamente: o
riscos significativamente diferentes, considerando uma ou mais das retorno sobre os ativos do plano; ganhos e perdas atuariais decorrentes

25
de mudanças nas premissas demográficas; ganhos e perdas atuariais A entidade deve divulgar as premissas atuariais significativas utilizadas
decorrentes de mudanças nas premissas financeiras; mudanças para determinar o valor presente da obrigação de benefício definido
no efeito limitador de ativo de benefício definido líquido ao teto de em termos absolutos (por exemplo, como porcentagem absoluta, e
ativo (asset ceiling); custo do serviço passado e ganhos e perdas não apenas como margem entre diferentes porcentagens ou outras
resultantes de liquidações; o efeito de mudanças nas taxas de câmbio; variáveis). Quanto ao montante, prazo e incerteza de fluxos de caixa
contribuições feitas para o plano, apresentando separadamente futuros, a entidade deve ainda divulgar:
aquelas efetuadas pelo empregador e pelos participantes do plano;
pagamentos provenientes do plano, apresentando separadamente • Análise de sensibilidade para cada premissa atuarial
o montante pago referente a quaisquer liquidações; os efeitos de significativa no final do período a que se referem as
combinações e alienações de negócios. demonstrações contábeis, demonstrando como a obrigação
de benefício definido teria sido afetada por mudanças
A entidade deve alocar o valor justo dos ativos do plano em classes em premissa atuarial relevante que eram razoavelmente
que distingam a natureza e o risco desses ativos, subdividindo cada possíveis naquela data;
classe de ativos do plano entre aquelas que possuem valor de mercado • Métodos e premissas utilizados na elaboração das análises
cotado em mercado ativo (tal como definido no CPC 46 – Mensuração de sensibilidade exigidas e as limitações desses métodos;
do Valor Justo) e aquelas que não têm. • Mudanças, em relação ao período anterior, nos métodos
e premissas utilizados na elaboração das análises de
A entidade deve divulgar o valor justo dos instrumentos financeiros de sensibilidade e as razões dessas mudanças.
sua própria emissão mantidos como ativos do plano e o valor justo de
ativos do plano que sejam imóveis ocupados pela entidade ou outros A entidade deve divulgar uma descrição de quaisquer estratégias de
ativos por ela utilizados. confrontação de ativos/passivos utilizadas pelo plano ou pela entidade
patrocinadora, incluindo o uso de anuidades e outras técnicas, tais

26
como swaps de longevidade, para gerenciamento do risco. Além de
outras divulgações requeridas pelo CPC 33, que descrevam aspectos
específicos de planos multiempregadores e Planos de benefício
definido que compartilham riscos entre várias entidades sob controle
comum, entre outros. Para maiores detalhes, consultar o CPC 33.

27
Não há exigência específica do CPC 33 para evidenciação sobre
outros benefícios de longo prazo aos empregados, mas outros
5. RECONHECIMENTO, MENSURAÇÃO E DIVULGAÇÃO
DE OUTROS BENEFÍCIOS DE LONGO PRAZO A EMPRE- Pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis podem
GADOS requerer tais divulgações, como o CPC 05 – Divulgação sobre Partes
Relacionadas sobre benefícios a empregados para os administradores
Outros benefícios de longo prazo a empregados incluem itens que
da entidade e o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis
a entidade não espera e que sejam integralmente liquidados em até
requer a divulgação das despesas de benefícios a empregados.
doze meses após o período a que se referem as demonstrações
contábeis em que os empregados prestarem os respectivos serviços.
São exemplos os casos de:

• Ausências remuneradas de longo prazo, como, por exemplo,


licença por tempo de serviço ou licença sabática;
• Jubileu ou outros benefícios por tempo de serviço;
• Benefícios de invalidez de longo prazo;
• Participação nos lucros e bônus;
• Remuneração diferida.

O reconhecimento e a mensuração do superávit ou déficit em outro


plano de benefícios de longo prazo a empregados segue os mesmos
procedimentos para a determinação do plano de benefício definido,
exceto pelo fato de que as variações líquidas devem ser reconhecidas
no resultado e não como outros resultados abrangentes.

28
A entidade deve mensurar benefícios rescisórios no reconhecimento
inicial, mensurando e reconhecendo mudanças subsequentes, de
6. BENEFÍCIOS RESCISÓRIOS
acordo com a natureza do benefício a empregados, ficando evidente

O CPC 33 trata de benefícios rescisórios separadamente de outros que os benefícios rescisórios são uma melhoria de benefícios pós-

benefícios a empregados, porque o evento gerador da obrigação é emprego, a entidade deve aplicar os requisitos para benefícios pós-

a rescisão do contrato de trabalho, não a prestação do serviço pelo emprego.

empregado. Assim, benefícios rescisórios resultam da decisão


da entidade de rescindir o contrato de trabalho ou da decisão do EXEMPLO 8

empregado de aceitar uma oferta de benefícios por parte da entidade Contexto

em troca da rescisão do contrato de trabalho.


Em virtude de aquisição recente, a entidade planeja fechar

A entidade deve reconhecer um passivo e uma despesa com benefícios uma fábrica dentro de dez meses e, naquela ocasião, rescindir

rescisórios no momento que ocorrer primeiro dentre as seguintes datas: os contratos de trabalho de todos os empregados restantes da
fábrica. Como necessita do conhecimento dos empregados

• Quando a entidade não mais puder cancelar a oferta desses da fábrica para cumprir alguns contratos, a entidade anuncia

benefícios; um plano de rescisão, nos seguintes termos. Cada empregado

• Quando a entidade reconhecer os custos de reestruturação que permanecer e prestar serviços até o fechamento da fábrica

que estiver no alcance do CPC 25 – Provisões, Passivos receberá, na data do desligamento, o pagamento em dinheiro

Contingentes e Ativos Contingentes e envolver o pagamento de $ 30.000. Empregados que saírem antes do fechamento da

de benefícios rescisórios. fábrica receberão $ 10.000.

29
A fábrica possui 120 empregados. No momento do anúncio Portanto, a entidade reconhece um passivo de $ 1.200.000 (ou
do plano, a entidade espera que 20 deles saiam antes do seja, 120 * $ 10.000) pelos benefícios rescisórios fornecidos
fechamento. Portanto, as saídas de caixas totais esperadas em de acordo com o plano de benefícios aos empregados quando
virtude do plano são de $ 3.200.000 (ou seja, 20 * $ 10.000 + o plano de rescisão for anunciado ou quando a entidade
100 * $ 30.000). Conforme exige o item 160, a entidade deve reconhecer os custos de reestruturação associados ao
contabilizar benefícios fornecidos em troca da rescisão do fechamento da fábrica, na data que ocorrer primeiro.
contrato de trabalho como benefícios rescisórios, e contabilizar
benefícios fornecidos em troca de serviços como benefícios de Benefícios fornecidos em troca de serviços
curto prazo aos empregados.
Os benefícios adicionais que os empregados receberão se
Benefícios rescisórios prestarem serviços durante todo o período de dez meses são
obtidos em troca de serviços prestados ao longo desse período.
O benefício fornecido em troca da rescisão dos contratos de Estes benefícios devem ser contabilizados pela entidade como
trabalho é de $ 10.000. Este é o valor que a entidade teria de benefícios de curto prazo aos empregados porque se espera
pagar ao rescindir os contratos de trabalho, independentemente liquidá-los em até doze meses após o período a que se referem
de os empregados permanecerem e prestarem serviços até o as demonstrações contábeis. Neste exemplo, o desconto
fechamento da fábrica ou saírem antes do seu fechamento. a valor presente não é necessário, de modo que a despesa
Embora os empregados possam sair antes do fechamento de $ 200.000 (ou seja, $ 2.000.000 ÷ 10) é reconhecida a
da fábrica, a rescisão do contrato de trabalho de todos os cada mês durante o período de serviço de dez meses, com o
empregados é resultado da decisão da entidade de fechar correspondente aumento no valor contábil do passivo.
a fábrica e dispensar seus empregados (ou seja, todos os
empregados deixarão o emprego quando a fábrica for fechada). (CPC 33, 2012, p. 44).

30
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste material foram apresentados o tratamento contábil para o


reconhecimento, mensuração e divulgação de benefícios concedidos
a empregados, conforme determina o CPC 33. Tais benefícios incluem
todas as formas de compensação proporcionadas pela entidade em
troca de serviços prestados pelos seus empregados ou pela rescisão do
contrato de trabalho, determinados em planos ou em acordos formais
entre a entidade e os empregados individuais, grupos de empregados
ou seus representantes; determinados por disposições legais, ou por
meio de acordos setoriais; ou por práticas informais, considerados
como uma obrigação construtiva.

31
Débito Crédito
Despesa com plano de aposentadoria – Custo do serviço
APLICAÇÃO corrente (demonstração do resultado).
31.000

Contabilização de plano de benefício definido Despesa com plano de aposentadoria – Custo do serviço
4.500
passado (demonstração do resultado).
Despesa com plano de aposentadoria – Juros
líquidos sobre o passivo(ativo) de benefício definido 27.500
A empresa Z concede plano de aposentadoria de benefício (demonstração do resultado).
Obrigação com plano de aposentadoria (passivo). 63.000
definido para todos os seus funcionários que se qualificam.
Registro do reconhecimento no resultado do plano de
O plano é administrado por um fundo de pensão privado e aposentadoria em 20x3.

sem fins lucrativos, que é dirigido por executivos indicados


Outros resultados abrangentes – Perdas atuariais
7.200
pela empresa Z e pelos funcionários. A avaliação atuarial (patrimônio líquido).
Outros resultados abrangentes – Retorno sobre os ativos
é efetuada por atuário especializado, usando a técnica do 3.800
do plano (patrimônio líquido).

método de crédito unitário projetado. A empresa X assume os Obrigação com plano de aposentadoria (passivo). 11.000
Registro do reconhecimento das remensurações do valor
riscos atuariais e de investimentos associados com o plano. líquido do passivo/ativo do plano de aposentadoria de
benefício definido em 20x3.
As principais informações sobre o plano para o ano findo em
31/12/20x3 são as seguintes:
Comentários com relação ao exemplo:

Custo do serviço corrente (CPC 33(R1)70 a 74). 31.000


Custo do serviço passado (CPC 33(R1)99 a 112). 4.500 • A empresa Z tem um passivo do plano de aposentadoria.
Juros líquidos sobre o passivo(ativo) de benefício definido
27.500 Em outras palavras, a obrigação atuarial descontada a
(CPC 33(R1)123 a 126).
Perdas atuariais (CPC 33(R1)128 a 129). 7.200
valor presente é maior do que os ativos do plano a valor
Retorno “negativo” sobre os ativos do plano (CPC
3.800
33(R1)130). justo (CPC 33(R1)57a).
• O retorno sobre os ativos do plano foi negativo, ou seja, o
Registro contábil: rendimento real foi menor do que o rendimento esperado
(CPC 33(R1).125).

32
• Outros Pronunciamentos do CPC exigem a inclusão de INDICAÇÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA
alguns custos de benefício a empregados como custo de
ativos, tais como estoques e imobilizado (vide CPC 16 e GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.;
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária:
CPC 27).
aplicável a todas as sociedades de acordo com as
• Remensurações do valor líquido de passivo (ativo) de
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
benefício definido reconhecidas em Outros Resultados Atlas, 2018.
Abrangentes não devem ser reclassificadas para a • Capítulo 33: Benefícios a empregados (pp. 587-
demonstração do resultado no período subsequente 600).

(CPC 33(R1)122).

Fonte: ALMEIDA (2018).

33
INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR REFERÊNCIAS

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 2ª ed.


São Paulo: Atlas, 2018.
CPC 33 (R1) - Benefícios a empregados. 13 de
dezembro de 2012.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS
– CPC. Documentos emitidos: pronunciamentos.
2019. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos.
ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 2ª ed.
São Paulo: Atlas, 2018. GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.;
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária:
• Capítulo 11: Benefício a empregados do livro
aplicável a todas as sociedades de acordo com as
(pp. 211-218).
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Atlas, 2018.

OLIVEIRA, A. B. S.; SANTOS, D. S. IFRS e CPC: guia


de aplicação contábil para contexto brasileiro. 1ªed.
São Paulo: Saraiva, 2013.

34
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CRÉDITOS
Autoria: Kelly Farias
Coordenação de Operações: Juliana Nascimento
Design Instrucional: Patricia Brasil
Design Gráfico e Diagramação: Dejailson Markes
Captação e Produção de Mídias: Erika Alves, Gabriel Rodrigues,
Gabriel dos Santos e Maurício Leme
Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista

35
TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE
Profª Kelly Farias
CPC 25 - PROVISÕES,
PASSIVOS CONTINGENTES
E ATIVOS CONTINGENTES

2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer e interpretar o pronunciamento contábil CPC 25 Provisões,


Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.

• Aplicar os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação


sobre Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.

• Analisar o efeito da política contábil adotada no atendimento das


características qualitativas da informação contábil, de acordo com a
estrutura conceitual vigente.

3
3.2.3. Divulgação
3.2.4. Não é exigida informação comparativa
SUMÁRIO
4. Passivo contingente
4.1. Definição
1. Introdução
4.2. Reconhecimento
2. Provisões
4.3. Divulgação
2.1. Definições
5. Ativo contingente
2.2. Provisão x Ativos
5.1. Definição
2.3. Provisão e outros passivos
5.2. Reconhecimento
2.4. Reconhecimento
5.3. Divulgação
3. Mensuração
6. Considerações finais
3.1. Melhor estimativa
3.1.1. Valor presente
3.1.2. Evento futuro
3.1.3. Alienação esperada de ativo
3.1.4. Reembolso
3.1.5. Mudança na provisão
3.1.6. Uso de provisão
3.2. Aplicações de regra de reconhecimento e de mensuração,
perda operacional futura e provisões para perdas operacionais
futuras não devem ser reconhecidas
3.2.1. Contrato oneroso
3.2.2. Reestruturação

4
• Tributos sobre o lucro, no âmbito do CPC 32 – Tributos sobre
o Lucro;
1. INTRODUÇÃO
• Arrendamento mercantil, CPC 06 – Operações de

O objetivo deste material é subsidiar os estudos sobre o tratamento Arrendamento Mercantil

contábil de provisões, passivos contingentes e ativos contingentes, • Benefícios a empregados, CPC 33 – Benefícios a Empregados;

conforme as normas determinadas no Pronunciamento Contábil do • Contratos de seguro, CPC 11 – Contratos de Seguro

CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, • Contraprestação contingente de adquirente em combinação

correspondente às Normas Internacionais de Contabilidade IAS de negócios, CPC 15 – Combinação de Negócios;receita

37. Tal tratamento compreende os critérios de reconhecimento e proveniente de contratos com clientes, CPC 47 – Receita de

bases de mensuração apropriados a provisões e a passivos e ativos Contrato com Cliente).

contingentes, bem como a informação necessária a ser divulgada em


notas explicativas, para atender aos usuários, quanto a sua natureza,
oportunidade e valor.

O CPC 25 deve ser aplicado por todas as entidades na contabilização


de provisões, e de passivos e ativos contingentes, exceto os que
resultem de:

• Contratos a executar, a menos que o contrato seja oneroso;


• Os cobertos por outro pronunciamento, tais como:
• A instrumentos financeiros (incluindo garantias), tratados
pelo CPC 48 – Instrumentos Financeiros;

5
Essa obrigação pode ser uma obrigação legal ou uma obrigação não
formalizada, denominada construtiva. Como tal, a entidade não tem
2. PROVISÕES
nenhuma alternativa realista senão liquidar essa obrigação.

2.1. Definições
Uma obrigação legal é uma obrigação decorrente de:

O CPC 25 define provisão como passivo de prazo ou valor incertos,


sendo exemplos de provisão desse tipo: • Contrato (por meio de termos explícitos ou implícitos);
• Legislação; ou

• Provisão para garantias de produtos e mercadorias e serviços; • Outra ação da lei.

• Provisão para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis;


• Provisão para reestruturação; Uma obrigação não formalizada ou construtiva é uma obrigação que a

• Provisão para danos ambientais causados pela entidade; entidade se impõe em função das ações da entidade em que:

• Provisão para compensação ou penalidades por quebra de


contratos (contratos onerosos); • Por via de padrão estabelecido de práticas passadas, de

• Provisão para retirada de serviço de ativos de longo prazo. políticas publicadas ou de declaração atual suficientemente
específica, a entidade tenha indicado a outras partes que

Como passivo uma provisão é uma obrigação presente da entidade, aceitará certas responsabilidades;

derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que • Em consequência, a entidade cria uma expectativa

resulte em saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios válida nessas outras partes de que cumprirá com essas

econômicos, conforme determina a Estrutura Conceitual para responsabilidades.

Elaboração de Relatórios Econômico-Financeiros (CPC 00). O evento


ocorrido para ser passivo deve criar uma obrigação de saída de recursos.

6
2.2. Provisão x Ativos 2.4. Reconhecimento

O termo Provisão é usado muitas vezes como sinônimo de Uma provisão deve ser reconhecida apenas quando:
reconhecimento de ajustes no Ativo, tal como perdas em crédito de
liquidação duvidosa, depreciação ou mesmo perda/redução ao valor • A entidade tem uma obrigação presente (legal ou não
recuperável de ativos. Contudo, o uso de tal termo é considerado formalizada) como resultado de evento passado;
indevido por se tratar de passivo e não de um ajuste em Ativos, como • Seja provável que será necessária uma saída de recursos que
tratado pelo CPC 25. Assim, Martins et al (2018) indica que o uso incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação;
adequado para esses ajustes é considera-los como perdas estimadas, • Possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.
o que não é objeto do CPC 25.

2.3. Provisão e outros passivos

Outros passivos ou passivos derivados de apropriações por competência


(accruals) que não possuem incertezas quanto ao prazo ou valor da
saída de caixa não são considerados como Provisão. Embora algumas
vezes seja necessário estimar o valor ou prazo desses passivos, a
incerteza é geralmente muito menor do que nas provisões. É o caso
de Salários a Pagar, Férias, 13º Salário, Encargos Sociais, Dividendos
Mínimos Obrigatórios, Participações nos Lucros, Impostos sobre o
Lucro, entre outros.

7
EXEMPLO 1
3. MENSURAÇÃO

A entidade vende bens com uma garantia segundo a qual os


3.1. Melhor estimativa
clientes estão cobertos pelo custo da reparação de qualquer
defeito de fabricação que se tornar evidente dentro dos
O valor reconhecido como provisão deve ser a melhor estimativa
primeiros seis meses após a compra. Se forem detectados
do desembolso exigido para liquidar a obrigação presente na data
defeitos menores em todos os produtos vendidos, a entidade
do balanço. A melhor estimativa significa que o valor que a entidade
irá incorrer em custos de reparação de 1 milhão. Se forem
racionalmente pagaria para liquidar a obrigação na data do balanço ou
detectados defeitos maiores em todos os produtos vendidos,
para transferi-la para terceiros nesse momento.
a entidade irá incorrer em custos de reparação de 4 milhões.
A experiência passada da entidade e as expectativas futuras
As estimativas da provisão são determinadas pelo julgamento da
indicam que, para o próximo ano, 75 por cento dos bens
administração da entidade, complementados pela experiência de
vendidos não terão defeito, 20 por cento dos bens vendidos
transações semelhantes e, em alguns casos, por relatórios de peritos
terão defeitos menores e 5 por cento dos bens vendidos terão
independentes. As evidências consideradas devem incluir qualquer
defeitos maiores. De acordo com o item 24, a entidade avalia
evidência adicional fornecida por eventos subsequentes à data do
a probabilidade de uma saída para as obrigações de garantias
balanço (CPC 25).
como um todo. O valor esperado do custo das reparações é:
(75% x 0) + (20% x $ 1 milhão) + (5% de $ 4 milhões) = $
Para mensurar a provisão, a estimativa pode ser realizada ponderando-
400.000.
se todos as possíveis probabilidades associadas. Tal modo corresponde
ao método estatístico de estimativa de valor esperado. Abaixo, segue
um exemplo desse método.

8
3.1.1. Valor presente 3.1.3. Alienação esperada de ativo

Quando o efeito do valor do dinheiro no tempo é material, o valor da Ganhos da alienação esperada de ativos não devem ser levados em
provisão deve ser o valor presente dos desembolsos que se espera que consideração ao mensurar a provisão, mesmo que tal alienação esteja
sejam exigidos para liquidar a obrigação. A taxa de desconto utilizada intimamente ligada ao evento que originou à provisão.
deve ser a taxa antes dos impostos, que reflita as atuais avaliações de
mercado quanto ao valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos 3.1.4. Reembolso
para o passivo.
De acordo com o CPC 25, quando se espera que algum ou todos
3.1.2. Evento futuro os desembolsos necessários para liquidar uma provisão sejam
reembolsados por outra parte, o reembolso deve ser reconhecido
Os eventos futuros que possam afetar o valor necessário para liquidar apenas quando for praticamente certo que o reembolso será recebido
a obrigação devem ser refletidos no valor da provisão quando houver se a entidade liquidar a obrigação. Esse reembolso deve ser tratado
evidência objetiva suficiente de que eles ocorrerão. Exemplos de evento como ativo separado e não deve ultrapassar o valor da provisão. Na
futuro são os custos de reparação de uma área degradada derivado demonstração do resultado, a despesa relativa a uma provisão pode
de uma mudança de legislação ou tecnológica ou mesmo econômica. ser apresentada líquida do valor reconhecido de reembolso.
A estimativa deve refletir uma expectativa razoável de observadores
tecnicamente qualificados e objetivos, tendo em vista toda a evidência 3.1.5. Mudança na provisão
disponível quanto às legislações, tecnologias ou variáveis econômicas,
que estarão prese As provisões devem ser reavaliadas em cada data de balanço e
ajustadas para refletir a melhor estimativa corrente. Se já não for mais
provável que seja necessária uma saída de recursos, a provisão deve

9
ser revertida. Quando for utilizado o desconto a valor presente, o valor
EXEMPLO 2
contábil da provisão aumenta a cada período para refletir a passagem do
tempo. Esse aumento deve ser reconhecido como despesa financeira.
A empresa X firmou um contrato para o fornecimento de bens
com um custo estimado de vendas de R$ 200. Por causa do
3.1.6. Uso de provisão
aumento de gastos, os custos da Empresa X para cumprir as
suas obrigações contratuais deverão ser de R$ 240, o que
Uma provisão deve ser usada somente para os desembolsos, para os
supera os benefícios econômicos associados ao contrato.
quais a provisão foi originalmente reconhecida.

CONTAS / HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO


3.2. Aplicações de regra de reconhecimento e de mensuração, Perdas com contrato oneroso
R$ 40,00
(Resultado do Período)
perda operacional futura e provisões para perdas operacionais
Provisão para contrato oneroso
R$ 40,00
futuras não devem ser reconhecidas (Passivo Não Circulante)
Registro da perda esperada com contrato oneroso

(Martins et. al, 2018).


3.2.1. Contrato oneroso

3.2.2. Reestruturação
Obrigações presentes decorrentes de contrato oneroso da entidade
devem ser reconhecidas e mensuradas como provisão. São contratos
Uma provisão para custos de reestruturação deve ser reconhecida
onerosos aqueles em que os custos inevitáveis de satisfazer as
somente quando são cumpridos os critérios gerais de reconhecimento
obrigações do contrato excedem os benefícios econômicos que se
de provisões. São exemplos de eventos que podem se enquadrar na
espera sejam recebidos ao longo do mesmo contrato.
definição de reestruturação:

10
• Venda ou extinção de linha de negócios; A provisão para reestruturação deve incluir somente os desembolsos
• Fechamento de locais de negócios de um país ou região ou a diretos decorrentes da reestruturação, que simultaneamente sejam:
realocação das atividades de negócios de um país ou região
para outro; • Necessariamente ocasionados pela reestruturação;
• Mudanças na estrutura da administração, por exemplo, • Não associados às atividades em andamento da entidade.
eliminação de um nível de gerência;
• Reorganizações fundamentais que tenham efeito material na Assim, a provisão para reestruturação não inclui custos como:
natureza e no foco das operações da entidade.
• Novo treinamento ou remanejamento da equipe permanente;
Além disso, pode surgir provisão de obrigação não formalizada para • Marketing; ou
reestruturação, tais como quando a entidade: • Investimento em novos sistemas e redes de distribuição.

• Tiver um plano formal detalhado para a reestruturação, 3.2.3. Divulgação


identificando pelo menos: o negócio ou parte do negócio em
questão, os principais locais afetados, o local, as funções e o Para cada classe de provisão, a entidade deve divulgar:
número aproximado de empregados que serão incentivados
financeiramente a se demitir, os desembolsos que serão • O valor contábil no início e no fim do período;
efetuados; e quando o plano será implantado; • Provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos
• Tiver criado expectativa válida naqueles que serão afetados nas provisões existentes;
pela reestruturação, seja ao começar a implantação desse • Valores utilizados (ou seja, incorridos e baixados contra a
plano ou ao anunciar as suas principais características para provisão) durante o período;
aqueles afetados pela reestruturação. • Valores não utilizados revertidos durante o período; e

11
• O aumento durante o período no valor descontado a valor
presente proveniente da passagem do tempo e o efeito de
qualquer mudança na taxa de desconto.

3.2.4. Não é exigida informação comparativa

Além disso, entidade deve divulgar, para cada classe de provisão:

• Uma breve descrição da natureza da obrigação e o


cronograma esperado de quaisquer saídas de benefícios
econômicos resultantes;
• Uma indicação das incertezas sobre o valor ou o cronograma
dessas saídas. Sempre que necessário para fornecer
informações adequadas, a entidade deve divulgar as
principais premissas adotadas em relação a eventos futuros;
e
• O valor de qualquer reembolso esperado, declarando o valor
de qualquer ativo que tenha sido reconhecido por conta desse
reembolso esperado.

12
haja saída de recursos ou não pode ser feita uma estimativa
suficientemente confiável do valor da obrigação.
4. PASSIVO CONTINGENTE

4.1. Definição 4.2. Reconhecimento

De acordo com o CPC 25, em termos gerais, todas as provisões A entidade não deve reconhecer um passivo contingente. O passivo

são contingentes porque são incertas quanto ao seu prazo ou valor. contingente é divulgado em Notas Explicativas, a menos que seja

Contudo, o CPC usa o termo “contingente” tanto para passivos quanto remota a possibilidade de uma saída de recursos que incorporam
benefícios econômicos. Os passivos contingentes devem ser avaliados
para ativos, que não são reconhecidos porque a sua existência somente
periodicamente, para determinar se uma saída de recursos se tornou
será confirmada pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros
provável. Caso tenha se tornado provável, deve ser reconhecido como
incertos não totalmente sob o controle da entidade.
provisão nas demonstrações contábeis no período no qual ocorre a
mudança na estimativa da probabilidade.
Além disso, o termo “passivo contingente” também é usado para
passivos que não satisfaçam os critérios de reconhecimento. Assim,
4.3. Divulgação
passivos contingentes se enquadram em uma das classificações a
seguir:
A menos que seja remota a possibilidade de ocorrer qualquer
desembolso na liquidação, a entidade deve divulgar, para cada classe
• Obrigações possíveis: uma vez que ainda precisam ser de passivo contingente na data do balanço, uma breve descrição da
confirmados se a entidade tem ou não uma obrigação natureza do passivo contingente e, quando praticável:
presente, para que possa haver uma saída de recursos, ou
• Obrigações presentes: que não satisfazem os critérios de • A estimativa do seu efeito financeiro, mensurada conforme o
reconhecimento do CPC 25, uma vez que não é provável que CPC 25;

13
• A indicação das incertezas relacionadas ao valor ou momento
de ocorrência de qualquer saída; e
• A possibilidade de qualquer reembolso.

Quando a provisão e o passivo contingente surgirem do mesmo conjunto


de circunstâncias, a entidade deve fazer as divulgações requeridas,
que evidenciem a ligação entre a provisão e o passivo contingente,
conforme determinada pelo CPC 25.

14
contábeis. Se for praticamente certo que ocorrerá uma entrada
de benefícios econômicos, o ativo e o correspondente ganho são
5. ATIVO CONTINGENTE
reconhecidos nas demonstrações contábeis do período em que ocorrer

5.1. Definição a mudança de estimativa.

De acordo com o CPC 25, ativo contingente é um ativo possível que Quadro 1. Tratamento contábil de ativos contingentes

resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas


Probabilidade de ocorrência da
pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não Tratamento Contábil
entrada de recursos
totalmente sob controle da entidade. Um exemplo é uma reivindicação O ativo não é contingente e deve ser
Praticamente certa
reconhecido.
que a entidade esteja reclamando por meio de processos legais, em Nenhum ativo é reconhecido, mas
Provável, mas não praticamente certa
existe divulgação em notas explicativas.
que o desfecho seja incerto.
Nenhum ativo é reconhecido, não existe
Não é provável
divulgação em notas explicativas.

5.2. Reconhecimento Fonte: Martins et al. (2018)

A entidade não deve reconhecer um ativo contingente. Os ativos 5.3. Divulgação


contingentes não são reconhecidos nas demonstrações contábeis, por
se tratar de resultado que nunca venha a ser realizado. Porém, quando Se a entrada de benefícios econômicos se tornar provável, a entidade
a realização do ganho é praticamente certa, então o ativo relacionado
deve divulgar o ativo contingente. Essa divulgação inclui breve
não é um ativo contingente e sim um ativo, e assim o reconhecimento
descrição da natureza dos ativos contingentes na data do balanço
é adequado.
e, quando praticável, uma estimativa dos seus efeitos financeiros,
mensurada usando os princípios estabelecidos para as provisões.
Os ativos contingentes devem ser avaliados periodicamente, para que
É importante que as divulgações de ativos contingentes evitem dar
os reflexos sejam reconhecidos adequadamente nas demonstrações
indicações indevidas da probabilidade de surgirem ganhos.

15
Quadro 2. Ativo contingente

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos
passados, há um ativo possível cuja existência será confirmada apenas pela
ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob
Em síntese, neste material foram apresentados o tratamento contábil controle da entidade.
para o reconhecimento, mensuração e divulgação de provisões, A entrada de benefícios
A entrada de benefícios
econômicos é provável,
econômicos é A entrada não é provável.
passivos contingentes e ativos contingentes. A seguir são apresentados mas não praticamente
praticamente certa.
certa.
quadros resumos, contidos no CPC 25, mostrando tais tratamentos. Nenhum ativo é Nenhum ativo é
O ativo não é contingente.
reconhecido. reconhecido
Nenhuma divulgação é
Divulgação é exigida.
Quadro 1. Provisão e passivo contingente exigida.

Fonte: CPC 25
São caracterizados em situações nas quais, como resultado de eventos
passados, pode haver uma saída de recursos envolvendo benefícios econômicos
futuros na liquidação de: (a) obrigação presente; ou (b) obrigação possível cuja
existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos
futuros incertos não totalmente sob controle da entidade.
Há obrigação possível
Há obrigação possível
Há obrigação presente ou obrigação presente
ou obrigação presente
que provavelmente que pode requerer, mas
cuja probabilidade de
requer uma saída de provavelmente não irá
uma saída de recursos é
recursos. requerer, uma saída de
remota.
recursos.
Nenhuma provisão é Nenhuma provisão é
A provisão é reconhecida.
reconhecida. reconhecida.
Divulgação é exigida para Divulgação é exigida para Nenhuma divulgação é
a provisão. o passivo contingente. exigida.

Fonte: CPC 25

16
Quadro 3. Reembolso APLICAÇÃO: ÁRVORE DE DECISÃO

São caracterizados em situações nas quais se espera que parte ou todo o


desembolso necessário para liquidar a provisão seja reembolsado por outra parte.
Para decidir o tratamento adequado de Passivos em termos gerais,
O passivo relativo ao O passivo relativo ao provisões ou passivos contingentes, o CPC 25 sugere o uso da seguinte
valor que se espera ser valor que se espera ser
A entidade não tem árvore de decisão e apresenta os exemplos que seguem.
reembolsado permanece reembolsado permanece
obrigação em relação à
com a entidade e é com a entidade e não é
parcela do desembolso
praticamente certo que o praticamente certo que o
a ser reembolsado pela
reembolso será recebido reembolso será recebido
outra parte.
se a entidade liquidar a se a entidade liquidar a
provisão. provisão.
O reembolso é
reconhecido como
ativo separado no
balanço patrimonial e
A entidade não tem pode ser compensado O reembolso esperado
passivo em relação ao contra a despesa na não é reconhecido como
valor a ser reembolsado demonstração de ativo
resultados. O valor
reconhecido para o
reembolso esperado não
ultrapassa o passivo.
O reembolso é divulgado
Nenhuma divulgação é juntamente com o valor O reembolso esperado é
exigida. reconhecido para o divulgado
desembolso

Fonte: CPC 25

Fonte: CPC 25, 2009, p. 20.

17
EXEMPLO 1: GARANTIA Em 31 de dezembro de 20X0 é praticamente certo que um projeto
de lei requerendo a limpeza do terreno já contaminado será aprovado
Um fabricante dá garantias no momento da venda para os compradores rapidamente após o final do ano. Nesse caso, o evento que gera a
do seu produto. De acordo com os termos do contrato de venda, o obrigação é a contaminação do terreno, pois é praticamente certo que
fabricante compromete a consertar, por reparo ou substituição, a legislação requeira a limpeza. É provável que ocorra e assim uma
defeitos de produtos, que se tornarem aparentes dentro de três anos provisão é reconhecida pela melhor estimativa dos custos de limpeza.
desde a data da venda. De acordo com a experiência passada, é
provável (ou seja, mais provável que sim do que não) que haverá EXEMPLO 3: TERRENO CONTAMINADO /
algumas reclamações dentro das garantias. Assim, o evento que gera CASOS COM OBRIGAÇÃO NÃO FORMALIZADA
a obrigação é a venda do produto com a garantia, o que dá origem a
uma obrigação legal e a provisão é reconhecida pela melhor estimativa Uma entidade do setor de petróleo causa contaminação e opera em
dos custos para consertos de produtos com garantia vendidos antes um país onde não há legislação ambiental. Entretanto, a entidade
da data do balanço. possui uma política ambiental amplamente divulgada, na qual ela
assume a limpeza de toda a contaminação que causa. A entidade
EXEMPLO 2: TERRENO CONTAMINADO / tem um histórico de honrar essa política publicada. Nesse caso, o
CASOS EM QUE A LEGISLAÇÃO SERÁ APROVADA evento que gera a obrigação é a contaminação do terreno, que dá
origem a uma obrigação não formalizada, pois a conduta da entidade
Uma entidade do setor de petróleo causa contaminação, mas criou uma expectativa válida na parte afetada pela contaminação de
efetua a limpeza apenas quando é requerida a fazê-la nos termos que a entidade irá limpar a contaminação. Uma provisão, então, é
da legislação de um país em particular no qual ela opera. O país reconhecida pela melhor estimativa dos custos de limpeza.
no qual ela opera não possui legislação requerendo a limpeza, e a
entidade vem contaminando o terreno nesse país há diversos anos.

18
EXEMPLO 4: ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO EXEMPLO 5: POLÍTICA DE REEMBOLSO

Uma entidade opera em uma atividade de extração de petróleo na qual Uma loja de varejo tem a política de reembolsar compras de clientes
seu contrato de licença prevê a remoção da perfuratriz petrolífera ao insatisfeitos, mesmo que não haja obrigação legal para isso. Sua
final da produção e a restauração do solo oceânico. Noventa por cento política de efetuar reembolso é amplamente conhecida. Nessa
dos custos eventuais são relativos à remoção da perfuratriz petrolífera situação, o evento que gera a obrigação é a venda do produto, que
e a restauração dos danos causados pela sua construção, e dez por dá origem à obrigação não formalizada porque a conduta da loja criou
cento advêm da extração do petróleo. Na data do balanço, a perfuratriz uma expectativa válida nos seus clientes de que a loja irá reembolsar
foi construída, mas o petróleo não está sendo extraído. Assim, a as compras. Uma provisão é reconhecida pela melhor estimativa dos
construção da perfuratriz petrolífera cria uma obrigação legal nos custos de reembolso.
termos da licença para remoção da perfuratriz e restauração do solo
oceânico e, portanto, esse é o evento que gera a obrigação. Na data EXEMPLO 6: FECHAMENTO DE DIVISÃO /
do balanço, entretanto, não há obrigação de corrigir o dano que será NENHUMA IMPLEMENTAÇÃO ANTES DO FECHAMENTO DO
causado pela extração do petróleo. Então, uma provisão é reconhecida BALANÇO
pela melhor estimativa de noventa por cento dos custos eventuais
que se relacionam com a perfuratriz petrolífera e a restauração dos Em 12 de dezembro de 20X0, o conselho da entidade decidiu encerrar
danos causados pela sua construção, que são incluídos como parte as atividades de uma divisão. Antes do fechamento do balanço (31 de
dos custos da perfuratriz petrolífera. Os dez por cento de custos que dezembro de 20X0), a decisão não havia sido comunicada a qualquer
são originados a partir da extração do petróleo são reconhecidos como um dos afetados por ela, e nenhuma outra providência havia sido
passivo quando o petróleo é extraído. tomada para implementar a decisão. Nesse caso, como não há evento
que gera obrigação e, portanto, não há obrigação, nenhuma provisão
é reconhecida.

19
EXEMPLO 7: FECHAMENTO DE DIVISÃO / fez a instalação dos filtros de fumaça. Nesse caso, em 31 de dezembro
COMUNICAÇÃO OU IMPLEMENTAÇÃO ANTES DO de 20X0, na data do balanço, não há obrigação porque não há o evento
FECHAMENTO DO BALANÇO que gera a obrigação mesmo para os custos de instalação dos filtros
de fumaça ou para as multas de acordo com a nova legislação. Assim,
Em 12 de dezembro de 20X0, o conselho da entidade decidiu encerrar nenhuma provisão é reconhecida para os custos de instalação dos
as atividades de uma divisão que produz um produto específico. Em filtros de fumaça. Em 31 de dezembro de 20X1, na data do balanço,
20 de dezembro de 20X0, um plano detalhado para o fechamento da novamente não há obrigação para os custos de instalação dos filtros
divisão foi aprovado pelo conselho; cartas foram enviadas aos clientes
de fumaça porque nenhum evento que gera a obrigação ocorreu (a
alertando-os para procurar uma fonte alternativa de fornecimento,
instalação dos filtros). Entretanto, uma obrigação pode surgir do
e comunicações diversas sobre demissões foram enviadas para o
pagamento de multas ou penalidades de acordo com a nova legislação,
pessoal da divisão. Já nesse caso, o evento que gera a obrigação é a
pois o evento que gera a obrigação ocorreu (a operação da fábrica
comunicação da decisão aos clientes e empregados, o que dá origem
em não- conformidade com a legislação). A avaliação da probabilidade
a uma obrigação não formalizada a partir dessa data, porque cria uma
de incorrência de multas e penalidades pela não-conformidade da
expectativa válida de que a divisão será fechada. Considerando que é
operação depende dos detalhes da legislação e da severidade do
provável que ocorra a saída de recursos, uma provisão é reconhecida
regime de execução da lei. Então, nenhuma provisão é reconhecida
em 31 de dezembro de 20X0 pela melhor estimativa dos custos de
para os custos de instalação dos filtros de fumaça. Entretanto, uma
fechamento da divisão.
provisão é reconhecida pela melhor estimativa de quaisquer multas ou
penalidades que sejam mais prováveis de serem impostas.
EXEMPLO 8: REQUERIMENTO LEGAL
PARA A INSTALAÇÃO DE FILTRO DE FUMAÇA

De acordo com a nova legislação, a entidade é requerida a instalar filtros


de fumaça nas suas fábricas até 30 de junho de 20X1. A entidade não

20
EXEMPLO 9: TREINAMENTO PARA ATUALIZAÇÃO DE PESSOAL do momento em que o arrendamento se torna oneroso, uma saída
COMO RESULTADO DE MUDANÇA NA TRIBUTAÇÃO DO de recursos envolvendo benefícios econômicos é provável e assim
IMPOSTO DE RENDA uma provisão é reconhecida pela melhor estimativa dos pagamentos
inevitáveis do arrendamento mercantil.
O governo introduz certo número de mudanças na tributação do imposto
de renda. Como resultado dessas mudanças, a entidade do setor EXEMPLO 11: GARANTIA INDIVIDUAL
financeiro irá necessitar de treinamento para atualização de grande
número de seus empregados da área administrativa e de vendas para Em 31 de dezembro de 20X0, a Entidade A dá garantia a certos
garantir a conformidade contínua com a regulação bancária. Na data empréstimos da Entidade B, cuja condição financeira naquele momento
do balanço, nenhum treinamento do pessoal havia sido feito. Como é sólida. Durante 20X1, a condição financeira da Entidade B se
não há obrigação porque o evento que gera a obrigação (treinamento deteriora, e em 30 de junho de 20X1 a Entidade B entra em processo de
para atualização) não foi realizado, nenhuma provisão é reconhecida. recuperação judicial. Esse contrato atende à definição de contrato de
seguro de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 11 – Contratos
EXEMPLO 10: CONTRATO ONEROSO de Seguro, mas está dentro do alcance do Pronunciamento Técnico
CPC 48 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração,
Uma entidade opera de maneira lucrativa em uma fábrica arrendada porque também atende à definição de contrato de garantia financeira do
conforme arrendamento operacional. Durante dezembro de 20X0, a Pronunciamento Técnico CPC 48. Se o emissor previamente declarou
entidade transfere suas operações para nova fábrica. O arrendamento explicitamente que trata tais contratos como contratos de seguro e tem
da antiga fábrica ainda terá que ser pago por mais quatro anos, não utilizado a contabilidade aplicável a contratos de seguro, o emissor
pode ser cancelado e a fábrica não pode ser subarrendada para outro pode eleger aplicar tanto o CPC 48 quanto o CPC 11 em tais contratos
usuário. O evento que gera a obrigação é a assinatura do contrato de de garantia. O Pronunciamento Técnico CPC 11 permite ao emissor
arrendamento mercantil, que dá origem a uma obrigação legal. A partir continuar com as suas políticas contábeis existentes para contratos

21
de seguro se determinados requisitos mínimos são atendidos. O EXEMPLO 12: CASO JUDICIAL
Pronunciamento Técnico CPC 11 também permite mudanças em
políticas contábeis que atendam a critérios específicos. O exemplo Após um casamento em 20X0, dez pessoas morreram, possivelmente
a seguir ilustra uma política contábil que o Pronunciamento Técnico por resultado de alimentos envenenados oriundos de produtos vendidos
CPC 11 permite e também está em conformidade com os requisitos pela entidade. Procedimentos legais são instaurados para solicitar
do Pronunciamento Técnico CPC 48 com relação aos contratos de indenização da entidade, mas esta disputa o caso judicialmente. Até a
garantia financeira dentro do alcance do CPC 48. Em 31 de dezembro data da autorização para a publicação das demonstrações contábeis
de 20X0, o evento que gera a obrigação é a concessão da garantia, do exercício findo em 31 de dezembro de 20X0, os advogados
que dá origem a uma obrigação legal. Como não é provável que da entidade aconselham que é provável que a entidade não será
haja saída de benefícios em 31 de dezembro de 20X0, a garantia é responsabilizada. Entretanto, quando a entidade elabora as suas
reconhecida pelo valor justo. Em 31 de dezembro de 20X1, o evento demonstrações contábeis para o exercício findo em 31 de dezembro de
que gera a obrigação é a concessão da garantia, que dá origem a uma 20X1, os seus advogados aconselham que, dado o desenvolvimento
obrigação legal. Nessa data, é provável que uma saída de recursos do caso, é provável que a entidade será responsabilizada. Em 31 de
envolvendo benefícios econômicos futuros será requerida para liquidar dezembro de 20X0, as evidências disponíveis até o momento em que
a obrigação. Então, a garantia é posteriormente mensurada pelo as demonstrações contábeis foram aprovadas, não indicam que há
maior dos seguintes valores: (a) a melhor estimativa da obrigação obrigação como resultado de eventos passados. Assim, nenhuma
e (b) o valor inicialmente reconhecido menos, quando apropriado, a provisão é reconhecida. A questão é divulgada como passivo
amortização acumulada de acordo com o Pronunciamento Técnico contingente, a menos que a probabilidade de qualquer saída seja
CPC 47 – Receitas de Contratos com Clientes. considerada remota.

Em 31 de dezembro de 20X1, a evidência disponível indica que há


uma obrigação presente, considerando provável a saída de recursos.

22
Dessa forma, uma provisão é reconhecida pela melhor estimativa do ações futuras da companhia – mesmo que a intenção de incorrer no
valor necessário para liquidar a obrigação. desembolso dependa da decisão da companhia de continuar operando
o forno ou de substituir o revestimento. Ao invés de uma provisão ser
EXEMPLO 13: REPARO E MANUTENÇÃO reconhecida, a depreciação do revestimento leva em consideração o
seu consumo, ou seja, é depreciado em cinco anos. Os custos do novo
Alguns ativos necessitam, além de manutenção de rotina, de gastos revestimento, quando incorridos, são capitalizados e o consumo de
substanciais a cada período de alguns anos, para reparos ou reformas cada novo revestimento é capturado pela depreciação ao longo dos
principais e a substituição de componentes principais. O Pronunciamento cinco anos subsequentes.
Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado fornece orientação para a alocação
de desembolsos com um ativo aos seus componentes quando esses EXEMPLO 15: CUSTO DE REFORMA /
componentes possuem vidas úteis diferentes ou fornecem benefícios HÁ REQUISITO LEGAL
em um padrão diferente.
Uma companhia aérea é requerida por lei a vistoriar as suas aeronaves
EXEMPLO 14: CUSTO DE REFORMA / NÃO HÁ REQUISITO a cada três anos. Como não há obrigação presente, nenhuma provisão
LEGAL é reconhecida. Os custos de vistoria da aeronave não são reconhecidos
como provisão pelas mesmas razões de não-reconhecimento de
Um forno possui um revestimento que precisa ser substituído a cada provisão para os custos de substituição do revestimento de exemplo
cinco anos por razões técnicas. Na data do balanço, o revestimento foi anterior. Mesmo o requisito legal para realizar a vistoria não torna
utilizado por três anos. Não há obrigação presente e assim nenhuma os custos de vistoria um passivo, porque nenhuma obrigação existe
provisão é reconhecida. O custo de substituição do revestimento para vistoriar a aeronave, independentemente das ações futuras da
não é reconhecido porque, na data do balanço, não há obrigação entidade – a entidade poderia evitar os desembolsos futuros pelas
de substituir o revestimento existente independentemente das suas ações futuras, por exemplo, mediante a venda da aeronave. Ao

23
invés da provisão ser reconhecida, a depreciação da aeronave leva
em consideração a incidência futura de custos de manutenção, ou INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR
seja, um valor equivalente aos custos de manutenção esperados é
depreciado em três anos. CPC 25 (R1). Provisões, Passivos Contingentes e
Ativos Contingentes.

INDICAÇÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA


ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Contabilidade
GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; Intermediária. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: • Capítulo 14: Provisões, passivos contingentes e
aplicável a todas as sociedades de acordo com as ativos contingentes do livro.
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
• Capítulo 21: Provisões, passivos contingentes e
ativos contingentes (pp. 367-378).

24
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REFERÊNCIAS
A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse
GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais,
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária:
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aplicável a todas as sociedades de acordo com as
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo: vídeos e/ou aplicativos exibidos nesse volume são protegidos pelos
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ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Contabilidade
utilização para fins comerciais ou educacionais sem o consentimento
intermediária. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.
prévio e formal da FIPECAFI.
OLIVEIRA, A. B. S.; SANTOS, D. S. IFRS e CPC: guia
de aplicação contábil para contexto brasileiro. 1ª ed. CRÉDITOS
São Paulo: Saraiva, 2013.
Autoria: Kelly Farias

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS Coordenação de Operações: Juliana Nascimento


(CPC). Documentos emitidos: pronunciamentos. Design Instrucional: Patricia Brasil
2019. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/ Design Gráfico e Diagramação: Dejailson Markes
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos
Captação e Produção de Mídias: Erika Alves, Gabriel Rodrigues,
Gabriel Santos e Maurício Leme
Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista

25
TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE
Profª Kelly Farias
CPC 32 – TRIBUTOS SOBRE
O LUCRO

2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer e interpretar o Pronunciamento Contábil CPC 32, que trata


de tributos sobre o lucro;

• Aplicar os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação em


tributos sobre o lucro;

• Analisar o efeito da política contábil adotada no atendimento das


características qualitativas da informação contábil, de acordo com a
estrutura conceitual vigente.

3
SUMÁRIO

1. Introdução
1.1. Aplicação
1.2. Base fiscal
2. Reconhecimento
2.1. Reconhecimento de passivos e ativos fiscais correntes
2.2. Reconhecimento de passivos e ativos fiscais diferidos
2.2.1. Diferença temporária tributável
2.2.2. Diferença temporária dedutível
2.2.3. Prejuízos e créditos fiscais não utilizados
3. Considerações finais

4
b) operações e outros eventos do período atual que são reconhecidos nas

demonstrações contábeis da entidade. Assim:


1. INTRODUÇÃO
i. para transações e outros eventos reconhecidos no resultado,

O objetivo desse material é subsidiar os estudos sobre o tratamento quaisquer efeitos fiscais relacionados também são reconhecidos no

contábil de tributos sobre o lucro, conforme as normas determinadas resultado;

no Pronunciamento Contábil do CPC 33 Tributos sobre o Lucro, ii. para transações e outros eventos reconhecidos como outros

correspondente às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 12. resultados abrangentes dentro do patrimônio líquido também devem

De acordo com o CPC 33, a principal questão na contabilização dos ser reconhecidos em outros resultados abrangentes ou diretamente no

tributos sobre o lucro é como contabilizar os efeitos fiscais atuais e patrimônio líquido, respectivamente;

futuros de: iii. Similarmente, o reconhecimento de ativos e passivos fiscais

diferidos em combinação de negócios afeta o valor do ágio derivado

a) futura recuperação (liquidação) do valor contábil dos ativos (passivos) da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) advindo daquela

que são reconhecidos no balanço patrimonial da entidade, reconhecidos: combinação de negócios ou o valor do ganho de compra vantajosa

i. se for provável que haja recuperação desse valor contábil e que (barganha) reconhecida.

tornará futuros pagamentos de tributos maiores do que eles seriam se

tal recuperação não tivessem efeitos fiscais, reconhecidos como um Além disso, o CPC 32 também trata do reconhecimento de ativos

passivo fiscal diferido; ou fiscais diferidos advindos de prejuízos fiscais não utilizados ou

ii. se for provável que haja liquidação desse valor contábil e que tornará créditos fiscais não utilizados, da apresentação dos tributos sobre o

futuros pagamentos de tributos menores do que eles seriam se tal lucro nas demonstrações contábeis e da divulgação das informações

recuperação ou liquidação não tivessem efeitos fiscais, reconhecidos relacionadas aos tributos sobre o lucro.

como ativo fiscal diferido.

5
1.1. Aplicação
Exemplo do CPC 32
Uma máquina custa $ 100. Para fins fiscais a depreciação de
O CPC 32 aplica-se à contabilização de tributos sobre o lucro, expres-
$ 30 já foi deduzida nos períodos corrente e anterior, e o custo
são que inclui todos os impostos e contribuições nacionais e estran-
remanescente será dedutível nos períodos futuros, tanto como
geiros incidentes sobre lucros tributáveis, bem como inclui impostos
depreciação ou por meio de dedução na alienação. O lucro
retidos na fonte, que são devidos por controlada, coligada ou empre-
gerado pelo uso da máquina é tributável, qualquer ganho sobre
endimento sob controle conjunto nas distribuições à entidade.
a alienação da máquina é tributável e qualquer perda na venda
é dedutível para fins fiscais.
O CPC 32 não se aplica à contabilidade para concessões
A base fiscal da máquina é $ 70, uma vez que seu valor de
governamentais, que atendem ao determinado pelo CPC 07 –
custo é de $ 100 menos depreciação de $ 30.
Subvenção e Assistência Governamentais ou a créditos fiscais
(CPC 32, p. 04).
de investimentos. Trata apenas da contabilização das diferenças
temporárias que podem surgir de créditos fiscais de tais subvenções
A base fiscal de um passivo é o seu valor contábil, menos qualquer
ou investimentos.
valor que será dedutível para fins fiscais relacionado àquele passivo em
períodos futuros. No caso da receita que é recebida antecipadamente,
1.2. Base fiscal
a base fiscal do passivo resultante é o seu valor contábil, menos
qualquer valor da receita que não será tributável em períodos futuros.
A base fiscal de um ativo é o valor que será dedutível para fins fiscais
contra quaisquer benefícios econômicos tributáveis que fluirão para a
entidade quando ela recuperar o valor contábil desse ativo. Se aqueles
benefícios econômicos não serão tributáveis, a base fiscal do ativo é
igual ao seu valor contábil.

6
Exemplo do CPC 32
O passivo circulante inclui despesas provisionadas com o valor
contábil de $ 100. A despesa correspondente é deduzida para
fins fiscais pelo regime de caixa.
A base fiscal das despesas provisionadas é zero, uma vez
que já houve a dedução com base no regime de caixa.
(CPC 32, p. 05)

7
2.2. Reconhecimento de passivos e ativos fiscais diferidos

2. RECONHECIMENTO
2.2.1. Diferença temporária tributável: é a diferença tributária,

2.1. Reconhecimento de passivos e ativos fiscais correntes que resulta em valores tributários, para determinar o lucro tributário
(prejuízo fiscal) de períodos futuros quando o valor contábil de ativo ou

Os tributos correntes relativos a períodos correntes e anteriores passivo é recuperado ou liquidado.

devem, na medida em que não estejam pagos, ser reconhecidos como


passivos. Um passivo fiscal diferido deve ser reconhecido para todas as
diferenças temporárias tributáveis. Um passivo fiscal diferido é o
D= Despesa com Tributos sobre o Lucro $ valor do tributo sobre o lucro devido em período futuro, relacionado às
C= Tributos sobre o Lucro a Pagar
diferenças temporárias tributáveis.

Se o valor já pago relacionado aos períodos atual e anteriores exceder


Exemplo do CPC 32
o valor devido para aqueles períodos, o excesso deve ser reconhecido
como ativo.
Considere que um ativo tenha custado $ 150 e está com o valor contábil
de $ 100, por ter sido depreciado contabilmente em $ 50. A depreciação
D= Tributos sobre o Lucro a Compensar
$ acumulada para fins fiscais é de $ 90 e a alíquota do tributo sobre o
C= Caixa
lucro é de 25%. Assim, tem-se o seguinte cálculo:

8
Contabilidade Para fins Fiscais
Depreciação
Depreciação Lucro antes Despesa com Adicional
Custo do Lucro Tributo sobre Passivo
Contábil - dos Tributos Tributos sobre o Fiscal
Ativo Tributável Lucro a Pagar Diferido
Acumulada sobre o Lucro Lucro (Diferença
(A) (F) = (C) – (E) (G) = (F) x 25% (H) = (D) – (G)
(B) (C) (D) = (C) x 25% dedutível)
(E)
150 50 100 25 40 60 15 10

A contabilização no período é feita da seguinte forma:


(CPC 32, p. 07)
Despesa com Tributos sobre o Lucro
D= $ 25
(Resultado)
Tributos sobre o Lucro a Pagar Exemplo Martins et. al. (2011, p. 360) – Depreciação Acelerada
C= $ 15
(Passivo Circulante)
Tributos sobre o Lucro Diferido
C= $ 10 Suponhamos que uma empresa tenha bens no valor total de $ 1.000,
(Passivo Não Circulante)
cuja depreciação normal seja de $ 100 por ano. Como está amparada

No próximo período, em que a entidade recuperar o valor do ativo, há legalmente, a depreciação, que pode ser deduzida fiscalmente, seria

a transferência do Tributo diferido para o Tributo a Pagar: de, digamos, três vezes a normal, ou seja, no total de 300 por ano,
representando uma aceleração de $ 200.
Tributos sobre o Lucro Diferido
D=
(Passivo Não Circulante)
$ 10 Na contabilidade, portanto, a despesa de depreciação seria registrada
Tributos sobre o Lucro a Pagar
C= em $ 100 por ano e os $ 200 restantes seriam computados como uma
(Passivo Circulante)

9
exclusão temporária no Livro de Apuração do Lucro Real para dedução
fiscal.

Vejamos, então, nesse exemplo, como ficariam os reflexos da


depreciação incentivada no valor da obrigação com o Imposto de
Renda, durante a vida útil do bem. Veja a tabela a seguir. O total do
Imposto de Renda lançado como despesa na contabilidade, durante a
vida útil do bem, é igual ao imposto total pago fiscalmente. A diferença
é a sua distribuição durante o tempo.

10
Na Contabilidade Para Fins Fiscais
Lucro Lucro
Ano Despesas de Depreciação Lucro Real IR a Pagar
antes da Depreciação antes Diferença
IR (25%) (D) Incentivada (Tributável) (25%) (G) =
Depreciação Normal (B) do IR (H) = D – E
= C × 25% (E) (F) = C – E F × 25%
(A) (C)
1 1.000 (100) 900 225 (200) 700 175 50
2 1.000 (100) 900 225 (200) 700 175 50
3 1.000 (100) 900 225 (200) 700 175 50
4 1.000 (100) 900 225 – 900 225 –
5 1.000 (100) 900 225 100 1.000 250 (25)
6 1.000 (100) 900 225 100 1.000 250 (25)
7 1.000 (100) 900 225 100 1.000 250 (25)
8 1.000 (100) 900 225 100 1.000 250 (25)
9 1.000 (100) 900 225 100 1.000 250 (25)
10 1.000 (100) 900 225 100 1.000 250 (25)
(1.000) 2.250 –0– 2.250 –0–

11
Assim, em cada um dos três primeiros anos, a empresa faria a seguinte Não serão reconhecidos da forma acima, os passivos fiscais diferidos
contabilização: decorrentes de: reconhecimento inicial de ágio derivado da expectativa
de rentabilidade futura (goodwill); ou reconhecimento inicial de ativo
Débito Crédito
ou passivo em transação que não é combinação de negócios; e no
Despesas de Imposto de Renda Corrente e Diferida 225
Imposto de Renda a pagar (Passivo Circulante) 175 momento da transação, não afeta nem o lucro contábil nem o lucro
Imposto de Renda Diferido (200 × 25%) (Passivo Não tributável (prejuízo fiscal).
50
Circulante)

Mais exemplos de diferenças temporárias tributáveis que resultam


A despesa tributária será de $ 225, somando-se as despesas de imposto
em passivo fiscal diferido, conforme CPC 32:
de renda corrente e imposto de renda diferido, o que equivale à coluna
D, que corresponde ao valor de imposto de renda considerando-se o
1. a receita de juros está incluída no lucro contábil em base proporcional ao
resultado contábil sem efeito de diferenças tributárias temporárias.
tempo, mas em alguns países pode ser incluída no lucro tributável quando o

dinheiro é recebido. A base fiscal de qualquer conta a receber reconhecida


No final do terceiro ano, a conta do Imposto de Renda Diferido estaria
no balanço patrimonial relacionada a essa receita é zero porque as receitas
com saldo de $ 150. No quarto ano, não haveria diferença. A partir do
não afetam o lucro tributável até que o dinheiro seja recebido;
quinto ano, o processo inverte-se, pois continua a haver depreciação
2. a depreciação usada para determinar o lucro tributável (prejuízo fiscal)
contábil, embora não haja depreciação fiscal. Passa-se então a reverter
pode diferir daquela usada para determinar o lucro contábil. A diferença
o Imposto de Renda Diferido, como segue, em cada mês:
temporária é a diferença entre o valor contábil do ativo e sua base fiscal,

Débito Crédito a qual é o custo original do ativo menos todas as deduções referentes
Imposto de Renda Diferido (Passivo Não Circulante) 25
àquele ativo permitidas pelas autoridades tributárias para determinar o
a Imposto de Renda a pagar (Passivo Circulante) 25
lucro tributável dos períodos corrente e anteriores. A diferença temporária

tributável surge, e resulta em passivo fiscal diferido, quando a depreciação

12
para fins fiscais é acelerada (se a depreciação para fins fiscais é menos seu valor contábil inicial; por exemplo, quando a entidade se beneficia de

rápida do que a depreciação contábil, a diferença temporária surge e resulta subvenções governamentais não tributáveis relacionadas a ativos; ou

em ativo fiscal diferido); e e) o valor contábil de investimentos em controladas, filiais e coligadas ou

3. os custos de desenvolvimento podem ser capitalizados e amortizados em interesses em empreendimentos sob controle conjunto (joint ventures)
em períodos futuros para determinar o lucro contábil, mas às vezes torna-se diferente da base fiscal do investimento ou interesse.
podem ser deduzidos para determinar o lucro tributável no período em

que eles são incorridos. Esses custos de desenvolvimento possuem base


2.2.2. Diferença temporária dedutível: é a diferença temporária que
fiscal zero, já que eles foram deduzidos na apuração do lucro tributável.
resulta em valores que são dedutíveis para determinar o lucro tributável
A diferença temporária é a diferença entre o valor contábil dos custos de
(prejuízo fiscal) de futuros períodos quando o valor contábil do ativo ou
desenvolvimento e sua base fiscal zero.
passivo é recuperado ou liquidado.

Além disso, tais diferenças tributárias ainda surgem quando:


De acordo com Martins et. al. (2018, p. 362), são exemplos de custos
ou despesas, que geram diferenças tributárias dedutíveis, uma vez
a) os ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos em
que são adicionados ao lucro líquido para determinar o lucro tributário,
combinação de negócios, reconhecidos por seus valores justos de acordo
pois são dedutíveis no cálculo do Imposto de Renda, atendendo a
com o Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios, mas
legislação fiscal:
nenhum ajuste equivalente é feito para fins fiscais;

b) os ativos são reavaliados e nenhum ajuste equivalente é feito para fins


a) perdas estimadas sobre estoques registradas na contabilidade, mas
fiscais;
dedutíveis para fins fiscais somente quando realizadas;
c) ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) surge em
b) provisão para despesas com manutenção e reparos de equipamentos
combinação de negócios;
registrada contabilmente quando conhecida, mas dedutível, para fins fiscais,
d) a base fiscal de ativo ou passivo no reconhecimento inicial difere de
quando efetivamente realizada;

13
c) provisão para garantia de produtos; Imposto de Renda 25% (já lançado como despesa) 898
d) provisão para riscos e outros passivos contingentes; Débito Crédito
e) provisões contabilizadas acima dos limites permitidos pela legislação em Despesa com Imposto de Renda Corrente 898
Imposto de Renda a Pagar (Passivo Circulante) 898
vigor.

De acordo com o lançamento anterior, no valor da despesa com


O ativo fiscal diferido deve ser reconhecido para todas as diferenças
imposto de renda calculada há aquelas não dedutíveis nesse período,
temporárias dedutíveis na medida em que seja provável a existência
mas que o serão no futuro, quando realizadas ou comprovadas, sobre
de lucro tributável contra o qual a diferença temporária dedutível possa
as quais já caberia reconhecer o benefício fiscal futuro (diferimento do
ser utilizada, a não ser que o ativo fiscal diferido surja do reconhecimento
imposto) da seguinte forma:
inicial de ativo ou passivo na transação que: não é uma combinação
de negócios. No momento da transação não afeta nem o lucro contábil $
nem o lucro tributável (prejuízo fiscal). Despesas dedutíveis em exercícios futuros:
Provisão para garantia de produtos 100
Provisão para manutenção e reparos 150
Exemplo de Martins et. al. (2018) Provisão trabalhista 40
Total 290
Valor do Imposto de Renda Diferido (25%) 73
Suponha que a empresa tenha a seguinte apuração do Lucro Real:

No cálculo acima, não foram consideradas as multas indedutíveis, pois


$
Lucro líquido do exercício antes do Imposto de Renda 3.000 não são consideradas seguramente como dedutíveis no futuro, para
Adições: Despesas não dedutíveis
fins de apuração do lucro tributário. Após o cálculo, a contabilização do
Multas Indedutíveis 300
Provisão para garantia de produtos 100 ativo fiscal diferido ocorre da seguinte forma:
Manutenção e reparos a executar 150
Provisão trabalhista 40
Lucro Real (Tributável) 3.590

14
distorções que aparecem no lucro quando o diferimento não é adotado.
Débito Crédito
Exemplo do CPC 32
Imposto de Renda Diferido (Ativo Não Circulante –
73
Realizável a Longo Prazo)
Receita com Imposto de Renda Diferido 73
A entidade reconhece o passivo de $ 100 relativo à provisão para gastos
com garantia de produto. Para fins fiscais, os gastos de garantia de
No período seguinte, quando a totalidade das despesas tornar-se
produto não são dedutíveis até que a entidade pague as reclamações.
dedutível, faz-se, então, sua reversão, como segue:
A alíquota do tributo é de 25%.

Débito Crédito
Despesa com Imposto de Renda Diferido 73 A base fiscal do passivo é zero (valor contábil de $ 100, menos o
a Imposto de Renda Diferido (Ativo Não Circulante –
73 valor que será dedutível para fins fiscais relacionado àquele passivo
Realizável a Longo Prazo)
em períodos futuros). Ao liquidar o passivo pelo seu valor contábil,
a entidade reduz seu lucro tributável futuro no valor de $ 100 e,
A seguir a Demonstração do Resultado do Exercício nesses dois
consequentemente, reduz seus futuros pagamentos de tributos em $
períodos, supondo os demais valores constantes, seria:
25 ($ 100 a 25%). A diferença entre o valor contábil de $ 100 e a base
Não fazendo o diferimento Fazendo o diferimento fiscal de zero é a diferença temporária dedutível de $ 100. Portanto,
1º Período 2º Período 1º Período 2º Período
a entidade reconhece o ativo fiscal diferido de $ 25 ($ 100 a 25%)
Lucro antes
3.000 3.000 3.000 3.000
do IR desde que seja provável que a entidade venha a obter lucro tributável
Despesa
898 752 825 825 suficiente nos períodos futuros para se beneficiar da redução dos
tributária
Lucro Líquido 2.102 2.248 2.175 2.175 pagamentos de tributos.
(CPC 32, p. 12).
Assim, quando se adota o diferimento, a despesa fica registrada numa
base mais justa e proporcional ao lucro contabilizado, eliminando as

15
São exemplos ainda de diferenças temporárias dedutíveis que c) na combinação de negócios: com limitadas exceções, a
resultam em ativos fiscais diferidos: entidade deve reconhecer os ativos identificáveis adquiridos
a) despesas com benefícios de aposentadoria: podem ser e os passivos assumidos em combinação de negócios aos
deduzidas para determinar o lucro contábil na medida em que seus valores justos na data de aquisição. Quando o passivo
o serviço é prestado pelo empregado, mas deduzidas para assumido é reconhecido na data da aquisição, mas os custos
determinar lucro tributável somente quando as contribuições relacionados não podem ser deduzidos para determinar os
são pagas para um fundo constituído pela entidade ou os lucros tributáveis até um período posterior, surge uma diferença
benefícios de aposentadoria são pagos pela entidade. Existe temporária dedutível que resulta em ativo fiscal diferido. O
uma diferença temporária entre o valor contábil do passivo ativo fiscal diferido também surge quando o valor justo de ativo
e a sua base fiscal; em geral, a base fiscal do passivo é identificável adquirido é menor do que a sua base fiscal. Em
zero. Tal diferença temporária dedutível resulta em um ativo ambos os casos, o ativo fiscal diferido resultante afeta o ágio
fiscal diferido, já que benefícios econômicos irão fluir para a derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill); e
entidade na forma de dedução dos lucros tributáveis quando as d) na reavaliação de ativos: se permitida. Determinados
contribuições ou os benefícios de aposentadoria forem pagos; ativos podem ser registrados contabilmente ao valor justo, ou
b) os gastos com pesquisa: devem ser reconhecidos como podem ser reavaliados, quando isso é permitido legalmente,
despesa para determinar o lucro contábil no período em que sem que um ajuste equivalente seja feito para fins fiscais. A
são incorridos, mas podem não ser dedutíveis para determinar diferença temporária dedutível surge se a base fiscal do ativo
o lucro tributável (prejuízo fiscal) até um período posterior. A exceder seu valor contábil.
diferença entre a base fiscal dos gastos com pesquisa, que é
o valor que as autoridades tributárias permitem como dedução
nos períodos futuros, e o valor contábil de zero é a diferença
temporária dedutível que resulta em ativo fiscal diferido;

16
Exemplo do CPC 32 Consequentemente, a base fiscal do instrumento de dívida
Identificação de diferença temporária dedutível no final do ano 2: será o seu custo original.

A diferença entre o valor contábil do instrumento de dívida da


A entidade A compra por $ 1.000, no início do ano 1, um
entidade no balanço patrimonial de $ 918 e sua base fiscal de
instrumento de dívida com valor nominal de $ 1.000 pagável no
$ 1.000 dá origem à diferença temporária dedutível de $ 82
vencimento em 5 anos e com a taxa de juros de 2% pagável no
no final do ano 2 (ver itens 20 e 26(d)), independentemente
final de cada ano. A taxa efetiva de juros é de 2%. O instrumento
do fato de a entidade A esperar recuperar o valor contábil
de dívida é mensurado pelo valor justo. do instrumento de dívida por venda ou utilização, ou seja,
mantendo-o e recebendo os fluxos de caixa contratuais, ou a
No final do ano 2, o valor justo do instrumento de dívida diminuiu combinação de ambos.
para $ 918 como resultado do aumento nas taxas de juro de
mercado para 5%. É provável que a entidade A irá receber Isso ocorre porque as diferenças temporárias dedutíveis são as

todos os fluxos de caixa contratuais se continuar a deter o diferenças entre o valor contábil de ativo ou passivo no balanço
patrimonial e a sua base tributável que irá resultar em quantias
instrumento de dívida.
que serão dedutíveis na determinação do lucro tributável (perda
fiscal) de períodos futuros, quando o valor contábil do ativo ou
Quaisquer ganhos (perdas) com o instrumento de dívida são
passivo for recuperado ou liquidado (ver item 5)
tributáveis (dedutíveis) somente quando realizados. Os ganhos
(perdas) resultantes da venda ou vencimento do instrumento de A entidade obtém a dedução equivalente à base fiscal do ativo
dívida devem ser calculados para efeitos fiscais como a diferença de $ 1.000 na determinação do lucro tributável (perda fiscal),
entre o valor recebido e o custo original do instrumento de dívida. quer na venda ou no vencimento.
(CPC 32, p. 13).

17
2.2.3. Prejuízos e créditos fiscais não utilizados um prejuízo fiscal de $ 2.100 ($ 10.000 - $ 7.900). Contudo, no caso
brasileiro, há uma limitação de 30% do lucro tributável para efeito de
Além das despesas dedutíveis, um ativo fiscal diferido deve ser compensação de prejuízos fiscal. Assim, o cálculo da despesa com
reconhecido quando há registro de prejuízos fiscais não utilizados tributos correntes seria:
e créditos fiscais não utilizados, na medida em que seja provável
que estarão disponíveis lucros tributáveis futuros contra os quais os (=) Base de cálculo do período $ 7.900
(-) Compensação de prejuízos fiscais (30% x $ 7.900) ($ 2.370)
prejuízos fiscais não utilizados e créditos fiscais não utilizados possam
(=) Base de cálculo após a compensação $ 5.530
ser utilizados. Isso ocorre quando a entidade tem histórico de perdas (x) Alíquota dos tributos 25%
recentes e somente na medida em que as diferenças temporárias (=) Tributos correntes $ 1.383

tributáveis são suficientes ou que haja disponibilidade de lucro tributável


suficiente para haver a compensação futura dos prejuízos fiscais ou A contabilização do tributo corrente seria:

créditos fiscais não utilizados.


Débito Crédito
Despesa com Imposto de Renda Corrente 1.383
Exemplo de Salotti et. al (2019, p. 284) a Imposto de Renda a Pagar (Passivo Circulante 1.383

Supondo que a Companhia ABC tivesse apurado um prejuízo fiscal de


$ 10.000 no período anterior, bem como um lucro antes do imposto de
renda de $ 7.900 e uma alíquota de imposto de renda de 25%.

Se não houver nenhuma restrição para a compensação prevista na


legislação, então a companhia ABC não teria nada a pagar Tributos
Correntes no período atual, uma vez que no acumulado, ainda teria

18
quando a base contábil do ativo é maior que sua base fiscal ou quando
a base fiscal do passivo é menor que sua base contábil. Tais diferenças
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ocorrem quando há uma aceleração da dedução da base fiscal por meio

Neste material foram apresentados aspectos gerais para o tratamento de uma despesa dedutível, por exemplo, enquanto na base contábil, tal

contábil para o reconhecimento e mensuração de tributos sobre o lucro. despesa ainda não foi reconhecida. São contabilizadas reconhecendo

Destaca-se que cada país tem suas regras específicas, que devem ser uma despesa de imposto de renda diferido em contrapartida com o

atendidas para o cálculo desses tributos sobre o lucro. passivo fiscal diferido.

O CPC 32 trata dos princípios associados ao reconhecimento, Diferenças temporárias dedutíveis permitem o reconhecimento de ativo

mensuração e divulgação de tributos correntes e tributos diferidos. fiscal diferido. As diferenças temporárias dedutíveis ocorrem quando a

Os tributos correntes são calculados com base na legislação tributária base contábil do ativo é menor que a sua base fiscal ou quando a base

específica do país com base no lucro contábil, sendo contabilizados ao fiscal do passivo é maior que a base contábil. Tais diferenças estão

final do período como despesa no resultado em contrapartida a uma em função de despesas já deduzidas, por exemplo, da base contábil,

obrigação de pagar no passivo. mas ainda não dedutíveis da base fiscal, que serão no futuro. São
contabilizadas reconhecendo um ativo fiscal diferido em contrapartida

Os tributos diferidos são reconhecidos em função do regime de a uma receita com tributos diferidos.

competência e surgem em função de diferenças temporárias entre


o lucro contábil e o lucro tributário ou quando há prejuízos fiscais a Por fim, há a possibilidade de dedução da base de cálculo tributária em

serem compensados no futuro. função da compensação de prejuízos fiscais, que só pode ser realizada
quando há probabilidade de que haja base tributária para compensar e

Diferenças temporárias tributáveis permitem o reconhecimento de de acordo com a legislação tributária específica.

passivo fiscal tributário. As diferenças temporárias tributáveis surgem

19
INDICAÇÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR

GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.


MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: CPC 32 – Tributos sobre Lucro, 16 de setembro de
aplicável a todas as sociedades de acordo com as 2009.
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
• Capítulo 20.
Tributos sobre o Lucro do Livro SALOTTI; B. M.;
LIMA, G. A.S.F.; MURCIA, F. D.; MALACRIDA, M. J.
C.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade Financeira. São
Paulo: Atlas, 2019.
• Capítulo 13.

20
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REFERÊNCIAS
A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse
GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S.; material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais,
MARTINS, E. Manual de contabilidade societária:
marcas registradas e patentes. Todos os textos, imagens, sons,
aplicável a todas as sociedades de acordo com as
normas internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo: vídeos e/ou aplicativos exibidos nesse volume são protegidos pelos
Atlas, 2018. direitos autorais, não sendo permitidas modificações, reproduções,
transmissões, cópias, distribuições ou quaisquer outras formas de
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Contabilidade
utilização para fins comerciais ou educacionais sem o consentimento
intermediária. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2018.
prévio e formal da FIPECAFI.
SALOTTI; B. M.; LIMA, G. A.S.F.; MURCIA, F. D.;
MALACRIDA, M. J. C.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade CRÉDITOS
Financeira. São Paulo: Atlas, 2019.
Autoria: Kelly Farias

Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Coordenação de Operações: Juliana Nascimento


Documentos emitidos: pronunciamentos. Design Instrucional: Patricia Brasil
2019. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/ Design Gráfico e Diagramação: Dejailson Markes
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos
Captação e Produção de Mídias: Erika Alves, Gabriel Rodrigues,
Gabriel dos Santos e Maurício Leme
Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista

21
TÓPICOS EMERGENTES EM CONTABILIDADE
Profª Kelly Farias
INSTRUMENTOS
FINANCEIROS

2
3.4. Instrumentos financeiros compostos
3.5. Ações em tesouraria
SUMÁRIO
3.6. Juros, dividendos, perdas e ganhos
3.7. Compensação de um ativo financeiro e um passivo financeiro
Apresentação (IAS 32 - CPC 39)
4. Data de vigência de transição
1. Introdução
2. Definições
Divulgações (IFRS 7 - CPC 40 (R1))
3. Apresentação
1. Introdução
3.1. Passivo e patrimônio líquido
2. Classes de instrumentos financeiros e níveis de divulgação
3.1.1. Instrumentos com opção de venda
3. Significância de instrumentos financeiros para a posição e
3.1.2. Instrumentos, ou componentes e instrumentos, que
desempenho financeiro
impõem à entidade uma obrigação de entregar a uma
3.1. Demonstração da posição financeira
outra parte uma parcela proporcional dos ativos líquidos de
3.1.1. Categorias de ativos financeiros e passivos financeiros
entidade apenas em caso de liquidação
3.1.2. Ativos financeiros ou passivos financeiros ao valor
3.1.3. Reclassificação de instrumentos com opção de
justo por meio do resultado
venda e instrumentos que impõem à entidade a obrigação
3.1.3. Reclassificação
de entregar a terceiros uma parte da parcela proporcional
3.1.4. Garantia
referente aos ativos líquidos da entidade somente na
3.1.5. Provisão para perda com crédito
liquidação
3.1.6. Instrumentos financeiros compostos com derivativos
3.2. Inexistência de obrigação contratual para entregar caixa ou
embutidos múltiplos
outro ativo financeiro
3.1.7. Descumprimento de compromisso contratual
3.3. Liquidação em instrumentos patrimoniais da própria entidade
3.2. Demonstração do resultado abrangente
3.3.1. Cláusulas de liquidação contingente
3.2.1. Itens de receita, despesa, ganhos ou perdas
3.3.2. Opções de liquidação
3.3. Outras divulgações

3
3.3.1. Políticas contábeis Introdução (CPC 48 - IFRS 9)
3.3.2. Contabilização de hedge 1. Introdução
3.3.3. Valor justo 2. Objetivo
4. Natureza e extensão de riscos decorrentes de instrumentos 3. Alcance
financeiros 4. Definições Importantes
4.1. Divulgações qualitativas 5. Derivativos Embutidos
4.2. Divulgações quantitativas
4.2.1. Risco de crédito Reconhecimento e desreconhecimento (CPC 48 - IFRS 9)
4.2.1.1. Ativos financeiros que estão vencidos ou com 1. Reconhecimento inicial
problemas de redução ao valor recuperável 2. Desreconhecimento de ativo financeiro
4.2.1.2. Garantia e outras melhorias de crédito obtidas 3. Compra ou venda regular de ativo financeiro
4.2.2. Risco de liquidez 4. Desreconhecimento de passivo financeiro
4.2.3. Risco de mercado
4.2.3.1. Análise de sensibilidade Redução ao valor recuperável de ativos financeiros/Impairment
4.2.3.2. Outras divulgações de risco de mercado Test (CPC 48 - IFRS 9)
5. Transferência de ativos financeiros 1. Introdução
5.1. Ativos financeiros transferidos que não são baixados em sua 2. Abordagem Geral
totalidade 3. Abordagem Simplificada
5.2. Ativos financeiros transferidos que são baixados em sua
totalidade
6. Data de vigência e transição

4
APRESENTAÇÃO (IAS 32 - CPC 39)

1. INTRODUÇÃO

O objetivo da IAS 32 - CPC 39 - é de estabelecer os princípios pra


a apresentação e classificação dos instrumentos financeiros.
Adicionalmente são apresentadas definições relevantes sobre
instrumentos financeiros, especificamente, sobre ativos financeiros,
passivos financeiros e instrumentos patrimoniais.

Instrumento Financeiro é qualquer contrato que dê origem a um


ativo financeiro de uma entidade e um passivo financeiro ou
instrumento patrimonial para outra entidade.

5
d) Um contrato que será ou poderá ser liquidado com os próprios
2. DEFINIÇÕES instrumentos patrimoniais da entidade e que:
i) Não é um derivativo para o qual a entidade é ou pode ser
Instrumento Financeiro - É qualquer contrato que origina um ativo obrigada a receber um número variável dos seus próprios
financeiro em uma entidade e um passivo financeiro ou instrumento instrumentos patrimoniais;
patrimonial (equity instrument) em outra entidade. ii) É um derivativo que será ou poderá ser liquidado por
outro meio que não a troca de um valor fixo em moeda ou
Contrato e contratual referem-se a um acordo entre duas ou mais outro ativo financeiro por um número fixo dos seus próprios
partes, que tem claras consequências econômicas e que as partes têm instrumentos patrimoniais;
pouco ou nenhuma discrição para evitar, normalmente porque o acordo Passivo financeiro é qualquer passivo que é:
é baseado em termos legais. Contratos e, portanto, instrumentos
financeiros podem tomar diversas formas e não precisam ser escritos. a) Uma obrigação contratual de:
i. Entregar caixa ou outro ativo financeiro para outra
Ativo financeiro é qualquer ativo que é: entidade; ou
ii. Trocar ativos financeiros ou passivos financeiros com
a) Caixa; outra entidade sob condições que são potencialmente
b) Um instrumento patrimonial (equity instrument) de outra desfavoráveis
entidade; b) Um contrato que será ou poderá ser liquidado com os
c) Um direito contratual: próprios instrumentos patrimoniais da entidade e que:
i) De receber caixa ou outro ativo financeiro de outra i. Não é um derivativo para o qual a entidade é ou pode
entidade; ou ser obrigada a entregar um número variável dos seus
ii) De trocar ativos financeiros ou passivos financeiros com próprios instrumentos patrimoniais;
outra entidade sob condições que são potencialmente ii. É um derivativo que será ou poderá ser liquidado por
favoráveis à entidade; outro meio que não a troca de um valor fixo em moeda

6
ou outro ativo financeiro por um número fixo dos seus
próprios instrumentos patrimoniais.

Instrumento patrimonial é qualquer contrato que evidencie uma


participação nos ativos de uma entidade após a dedução de todos os
seus passivos.

Instrumento com opção de venda é um instrumento financeiro que dá


ao seu detentor o direito de retornar o instrumento ao emissor por caixa,
ou outro ativo financeiro, ou retornar automaticamente ao emissor no
caso de evento futuro incerto, morte ou aposentadoria do detentor do
instrumento.

7
ao emissor.
3. APRESENTAÇÃO b) Se o instrumento será ou poderá ser liquidado com os
próprios instrumentos patrimoniais do emitente e é:
Antes de falar especificamente sobre o Pronunciamento, vamos i) Um não derivativo que não inclui obrigação contratual
apresentar situações recentes que geraram necessidade de para o emitente de entregar número variável de seus
republicação de DFs por conta de apresentação inadequada de próprios instrumentos patrimoniais;
instrumentos financeiros. ii) Um derivativo que será liquidado somente pelo emitente
por meio da troca de um montante fixo de caixa ou outro
3.1. Passivo e patrimônio líquido ativo financeiro por número fixo de seus instrumentos
patrimoniais.
O emissor de instrumento financeiro deverá classificar o instrumento,
ou parte, no reconhecimento inicial como passivo financeiro, ativo Exemplo item ‘i’: compra de carros com pagamento em 1.000
financeiro ou instrumento patrimonial de acordo com a essência do ações da própria empresa.
acordo contratual e as definições de passivo financeiro, ativo financeiro Exemplo item ‘ii’: Uma opção de compra que dá o direito da
e instrumento patrimonial. entidade readquirir um número fixo de seus próprios títulos
patrimoniais pela entrega de um valor fixo em dinheiro ou outro
O instrumento será um instrumento patrimonial se, e somente se, ativo financeiro deve ser tratado como um item redutor de PL
estiver de acordo com ambas as condições a seguir:
Se a obrigação contratual, incluindo aquela advinda de instrumento
a) Não possuir obrigação contratual de: financeiro derivativo, não satisfizer às condições (a) e (b), ela não será
i) Entregar caixa ou outro ativo financeiro à outra entidade; classificada como um instrumento patrimonial (PL).
ou
ii) Trocar ativos ou passivos financeiros com outras
entidades sob condições potencialmente desfavoráveis

8
3.1.1 Instrumentos com opção de venda ii) Multiplicação daquele montante pelo número de unidades
mantidas pelo detentor dos instrumentos financeiros;
Normalmente, são passivos para o emissor. Incluem uma obrigação
contratual para o emitente de recomprar ou resgatar aquele instrumento Os ativos líquidos da entidade são aqueles ativos que
por caixa ou outro ativo financeiro no exercício da opção de venda. remanescem após a dedução de todas as outras contingências
e obrigações vinculadas aos seus ativos. Em outras palavras é o
PL da entidade.

b) O instrumento está na classe de instrumentos subordinados a


todas as outras classes de instrumentos. Para estar em tal classe
o instrumento:
i) Não tem prioridade sobre os demais créditos relacionados
aos ativos da entidade em liquidação; e
ii) Não precisa ser convertido em outro instrumento antes
de estar na classe de instrumentos que são subordinados a
todas as outras classes de instrumentos;
Somente é classificado como instrumento patrimonial (como uma c) Todos os instrumentos financeiros de uma classe de
exceção) se tiver todas as seguintes características: instrumentos que são subordinados a todas as outras classes de
instrumentos possuem características idênticas;
a) Concede ao titular o direito a uma parcela proporcional dos
ativos líquidos da entidade em caso de liquidação desta. A Todos eles precisam, por exemplo, ter opção de venda e a fórmula
parcela proporcional é determinada por: ou outro método utilizado para calcular os preços de recompra ou
i) Divisão dos ativos líquidos da entidade em liquidação em resgate devem ser os mesmos para todos os instrumentos dessa
unidades de valor igual; e classe.

9
d) Exceto pela obrigação contratual para o emitente de recomprar da entidade (excluindo quaisquer efeitos de tal instrumento ou
ou resgatar o instrumento por caixa ou outro ativo financeiro, o contrato); e
instrumento não inclui qualquer obrigação contratual de entregar b) O efeito de restringir substancialmente ou fixar o retorno

caixa ou outro ativo financeiro à outra entidade, ou de trocar residual aos detentores dos instrumentos com opção de venda.

ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade


3.1.2. Instrumentos, ou componentes e instrumentos, que impõem
sob condições potencialmente desfavoráveis à entidade. Não é
à entidade uma obrigação de entregar a uma outra parte uma par-
um contrato que será ou poderá ser liquidado por instrumentos
cela proporcional dos ativos líquidos da entidade apenas em caso
patrimoniais da própria entidade;
de liquidação
e) O fluxo de caixa total esperado atribuído ao instrumento ao
longo do seu prazo de existência é baseado substancialmente Instrumentos financeiros podem incluir uma obrigação contratual
no resultado, na mudança no reconhecimento dos ativos líquidos para a entidade emissora de entregar à outra entidade uma parcela
da entidade ou na mudança do valor justo dos ativos líquidos proporcional referente a ativos líquidos somente na sua liquidação. A
reconhecidos e não reconhecidos da entidade durante o prazo obrigação surge, pois ou a liquidação é certa de ocorrer e não está sob
de existência do instrumento (excluindo quaisquer efeitos do controle da entidade, ou é incerta de ocorrer, mas depende do titular do
instrumento). instrumento. Tal como uma exceção na definição de passivo financeiro,
um instrumento que inclui essa obrigação deve ser classificado como
Para um instrumento ser classificado como instrumento patrimonial, instrumento patrimonial se:
o emitente não deve ter outro instrumento financeiro ou contrato que
tenha: a) Dá ao detentor uma parte da parcela proporcional dos ativos
líquidos da entidade no evento de sua liquidação. A parcela
a) Fluxos de caixa totais baseados substancialmente no resultado, proporcional é determinada por:
na mudança nos ativos líquidos reconhecidos ou a mudança no i) Divisão do ativo líquido da entidade em liquidação em
valor justo nos ativos líquidos reconhecidos ou não reconhecidos unidades de igual montante; e

10
ii) Multiplicação daquele montante pelo número de unidades b) O efeito de restringir substancialmente ou fixar o retorno
mantidas pelo detentor dos instrumentos financeiros; residual para os titulares dos instrumentos.
b) O instrumento está na classe de instrumentos subordinados a
todas as outras classes de instrumentos. Para estar em tal classe 3.1.3. Reclassificação de instrumentos com opção de venda e
o instrumento: instrumentos que impõem à entidade a obrigação de entregar a
i) Não tem prioridade sobre os demais passivos e terceiros uma parte da parcela proporcional referente aos ativos
contingências passivas da entidade em liquidação; e líquidos da entidade somente na liquidação
ii) Não precisa ser convertido em outro instrumento antes
de estar na classe de instrumentos que são subordinados a Um instrumento financeiro deve ser classificado como instrumento
todas as outras classes de instrumentos; patrimonial quando possuir todas as características e satisfizer todas
c) Todos os instrumentos financeiros da classe de instrumentos as condições previstas anteriormente. Um instrumento financeiro deve
que está subordinada a todas as outras classes de instrumentos ser reclassificado quando ele deixar de ter todas as características ou
devem possuir obrigações contratuais idênticas para a entidade não mais satisfizer as condições anteriormente mencionadas.
emissora de entregar a parcela proporcional de seus ativos
líquidos em caso de liquidação. A reclassificação de um instrumento deve ser contabilizada da seguinte
forma:
Para o instrumento ser classificado como instrumento patrimonial,
além dele ter todas as características acima, o emitente não deve ter a) Deixando de ter as características e atender aos critérios, um
outro instrumento financeiro ou contrato que tenha: instrumento de patrimônio deve ser reclassificado como passivo
financeiro. A entidade reconhecerá no patrimônio líquido qualquer
a) Fluxos de caixa totais que se baseiam substancialmente diferença entre o valor contábil do instrumento de patrimônio e o
no resultado, mudança nos ativos líquidos reconhecidos ou a valor justo do passivo financeiro na data de reclassificação;
mudança no valor justo dos ativos líquidos reconhecidos e não b) Quando tiver todas as características e atender aos critérios,
reconhecidos da entidade; e um passivo financeiro deve ser reclassificado como patrimônio

11
líquido. Um instrumento de patrimônio será mensurado pelo valor a) Uma ação preferencial que estabeleça o resgate obrigatório
contábil do passivo financeiro na data de reclassificação. pelo emitente por um valor fixo ou determinável em uma data
futura fixa ou determinável, ou dê ao titular o direito de exigir que
3.2. Inexistência de obrigação contratual para entregar caixa ou o emitente resgate o instrumento a partir de uma data especifica
outro ativo financeiro por um valor fixo ou determinável, é um passivo financeiro;

Uma característica decisiva na diferenciação entre um passivo Note-se que nesse caso a empresa possuirá uma obrigação de
financeiro e um instrumento patrimonial é a existência de obrigação entregar caixa em data futura; por isso deverá classificar a ação
contratual de uma parte do instrumento financeiro (emissor) para resgatável obrigatoriamente (que na forma seria um instrumento
entregar caixa ou outro ativo financeiro para outra parte (titular) ou de patrimônio líquido) como dívida (instrumento passivo).
trocar ativos ou passivos financeiros sob condições potencialmente
desfavoráveis ao emissor. Mesmo com o titular podendo receber uma b) Um instrumento financeiro que concede ao titular o direito de
parcela proporcional de quaisquer dividendos ou outras distribuições revendê-lo ao emissor, em troca de caixa ou outro ativo financeiro,
de capital, o emissor não tem a obrigação contratual de realizar estas é um passivo financeiro, exceto instrumentos classificados
distribuições, pois não pode ser obrigado a entregar caixa ou outro como instrumentos de patrimônio. O instrumento financeiro é
ativo financeiro à outra parte. um passivo financeiro mesmo quando o valor de caixa ou de
outros ativos financeiros é determinado com base em um índice
A essência de um instrumento financeiro orienta sua classificação ou outro item que tenha o potencial de aumentar ou diminuir. A
no balanço patrimonial da entidade. Normalmente, essência e forma existência de uma opção para que o titular revenda o instrumento
legal são consistentes. Alguns instrumentos assumem a forma legal ao emissor em troca de caixa ou outro ativo financeiro indica
de patrimônio líquido mas, em essência, são passivos e outros podem que o instrumento com opção de venda atende à definição de
combinar características associadas a instrumentos patrimoniais e a passivo financeiro, exceto os classificados como instrumentos de
passivos financeiros. Por exemplo: patrimônio.

12
Quando a entidade não possui o direito incondicional de evitar a
outra entidade sob condições potencialmente favoráveis ou
entrega de caixa ou outro ativo financeiro para liquidar uma obrigação
recebimento de algum outro ativo financeiro.
contratual, a obrigação satisfaz a definição de passivo financeiro
quando os instrumentos financeiros não forem classificados como
a) Um instrumento financeiro pode conter uma obrigação não
instrumentos patrimoniais. Por exemplo:
financeira que deve ser liquidada se a entidade deixar de fazer
distribuições ou de resgatar o instrumento. Se a entidade puder
a) Uma restituição sobre a capacidade de uma entidade de
evitar a transferência de caixa ou outro ativo financeiro apenas
cumprir uma obrigação contratual como a falta de acesso à
pela liquidação da obrigação não financeira, o instrumento é um
moeda estrangeira, por exemplo, ou a necessidade de obter
passivo financeiro.
aprovação para pagamento de uma autoridade reguladora, não
b) Um instrumento financeiro é um passivo financeiro se ele
anula a obrigação contratual da entidade ou o direito contratual
estabelecer que na liquidação a entidade entregará:
do titular previsto no instrumento.
b) Uma obrigação contratual que for condicionada ao exercício
i) Caixa ou outro ativo financeiro; ou
da contraparte de seu direito de resgate é um passivo financeiro,
ii) Suas próprias ações, cujo valor está determinado como
pois a entidade não tem o direito incondicional de evitar a entrega
excedendo substancialmente o valor de caixa ou outro ativo
de caixa ou outro ativo financeiro.
financeiro.

Não estabelecendo explicitamente uma obrigação contratual de


entregar caixa ou outro ativo financeiro, um instrumento financeiro
pode estabelecer uma obrigação indireta por meio de seus termos e
condições. Por exemplo:

Instrumento patrimonial de outra entidade, direito contratual


para: recebimento de caixa, trocar instrumentos financeiros com

13
3.3. Liquidação em instrumentos patrimoniais da própria entidade participação residual nos ativos da entidade após deduzir a
totalidade de seus passivos.
Um contrato que resultar no recebimento ou entrega de instrumentos
patrimoniais da própria entidade pode não ser um instrumento Para ser um instrumento patrimonial, é necessário:
patrimonial. A entidade pode ter a obrigação ou direito contratual de a) Não possuir obrigação contratual de:
receber ou entregar uma quantidade de suas próprias ações ou outro i) Entregar caixa ou outro ativo financeiro a outra
instrumento patrimonial de modo que o valor justo dos instrumentos entidade; ou
patrimoniais da entidade a ser recebido ou entregue é igual ao valor ii) Trocar ativo ou passivos financeiros com outra
do direito ou obrigação contratual. Essa obrigação ou direito pode ser entidade sob condições potencialmente desfavoráveis

um montante fixo ou que flutue, em parte ou por inteiro, em resposta ao emissor.

às mudanças em uma variável diferente do preço de mercado dos b) Se o instrumento será ou poderá ser liquidado por

instrumentos patrimoniais da própria entidade. Por exemplo: instrumentos patrimoniais do próprio emitente, é:
i) Um não derivativo que não inclui obrigação contratual
para o emitente de entregar um número variável de
a) Um contrato para entregar uma quantidade de instrumentos de
seus próprios instrumentos patrimoniais; ou
patrimônio próprios da entidade que for igual em valor a $100; e
ii) Um derivativo que será liquidado somente pelo
b) Um contrato para entregar uma quantidade de instrumentos de
emitente por meio da troca de um montante fixo de
patrimônio próprios da entidade que for igual em valor a 100 onças
caixa ou outro ativo financeiro por número fixo
(oz) de ouro. Esse contrato é um passivo financeiro da entidade,
ainda que a entidade deva ou passa liquidá-lo entregando seus
Um contrato que será liquidado pela entidade por meio da entrega
próprios instrumentos de patrimônio. Ele não é um instrumento
ou recebimento de um número fixo de seus instrumentos, em
de patrimônio, pois a entidade utiliza um número variável de seus
troca de um montante fixo de caixa ou outro ativo financeiro é
próprios instrumentos de patrimônio como um meio de liquidar
um instrumento patrimonial. Mudanças no valor justo de contrato
o contrato. Consequentemente, o contrato não comprova uma
resultante de variações em taxas de juros do mercado que não afetem

14
o recebimento ou pagamento de caixa ou outro ativo financeiro, ou o acordo com o IAS 39 (ou IFRS 9, se aplicável). Em caso de expiração
número de instrumentos patrimoniais a serem entregues ou recebidos do contrato sem a entrega, o valor contábil do passivo financeiro deve
na liquidação do contrato não impedem que ele seja um instrumento ser reclassificado para o patrimônio líquido. A obrigação da entidade
patrimonial. Qualquer recebimento deve ser adicionado e qualquer de comprar seus instrumentos patrimoniais dá origem a um passivo
contraprestação paga deve ser deduzida diretamente no patrimônio financeiro pelo valor presente do montante de resgate mesmo que a
líquido. Variações no valor justo de instrumento patrimonial não obrigação de compra seja condicionada pela realização do direito de
são reconhecidas. resgate pela contraparte.

Caso os instrumentos patrimoniais sobre o patrimônio da própria Um contrato que será liquidado pela entrega ou recebimento do número
entidade a serem recebidos ou entregues pela entidade para a fixo de seus instrumentos patrimoniais em troca de uma quantia variável
liquidação de um contrato sejam instrumentos financeiros com de caixa ou outro ativo financeiro é um passivo ou ativo financeiro.
opções de venda com todas suas características, ou os que impõem
a obrigação de entregar uma divisão proporcional dos ativos líquidos 3.3.1 Cláusulas de liquidação contingente
da entidade somente na liquidação com todas suas características e
condições, o contrato é um ativo financeiro ou um passivo financeiro. Instrumentos financeiros podem exigir que a entidade entregue caixa
Inclui um contrato que será liquidado pela entrega ou recebimento do ou algum outro ativo financeiro, ou liquide-o de maneira que seja um
número fixo de tal instrumento em troca de um montante fixo de caixa passivo financeiro no caso de ocorrência ou não de eventos futuros
ou de outro ativo financeiro.
incertos além do controle do emitente e do detentor do instrumento,
como uma alteração no índice da bolsa de valores, taxa de juros,
Um contrato que contém a obrigação da entidade comprar seus
impostos cobrados, etc. O emitente de tal instrumento não tem o direito
instrumentos patrimoniais em caixa ou outro ativo financeiro origina
incondicional de evitar a entrega de caixa ou outro ativo financeiro.
um passivo financeiro no valor presente do resgate. Quando o passivo
Portanto, é um passivo financeiro do emitente, a não ser:
financeiro é reconhecido ele deve ser reclassificado do patrimônio
líquido. Futuramente, o passivo financeiro deve ser mensurado de

15
a) Se a parte da cláusula de liquidação contingente que poderia
a) O valor muda em resposta à mudança específica na
exigir a liquidação em caixa ou outro ativo financeiro (ou de outro
taxa de juros, preço de títulos e valores mobiliários, preço
modo, de tal forma que ele seria um passivo financeiro) não for
de commodities, taxa de câmbio, índice ou taxa de preços,
autêntica;
rating ou índice de crédito, ou outra variável similar (por
b) Se o emitente puder ser obrigado a liquidar a obrigação em
vezes denominado underlying);
caixa ou outro ativo financeiro (ou de outro modo, de tal forma que
b) Nenhum ou pouco investimento líquido inicial é requerido,
seria ele um passivo financeiro) apenas no caso de liquidação do
em relação a outros tipos de contratos que tenham resposta
emitente; ou
similar às mudanças nas condições do mercado; e
c) Se o instrumento tiver todas as características e atender às
c) A liquidação se dará em data futura.
condições de instrumentos com opção de venda.
Exemplos comuns de derivativos são os contratos a termo,
contratos futuros, opções e swaps. (LOPES, GALDI & LIMA,
3.3.2 Opções de liquidação
2011, p.16).

Quando o instrumento financeiro derivativo permite a uma das partes


escolher como será liquidado, é um ativo ou passivo financeiro, a menos 3.4. Instrumentos financeiros compostos

que todas as alternativas de liquidação resultem nesse instrumento


como sendo instrumento patrimonial. O emissor de um instrumento financeiro não derivativo deve
avaliar os termos desse instrumento para determinar se ele contém
Um exemplo desse tipo de instrumento que é um passivo financeiro é simultaneamente um componente de passivo e um componente de
uma opção de ação em que o emitente pode decidir liquidar em caixa patrimônio líquido. Estes componentes devem ser classificados
ou pela troca de suas ações por caixa. separadamente como ativos financeiros, passivos financeiros ou
instrumentos patrimoniais.
Derivativo é um instrumento financeiro ou outro contato com
TODAS as seguintes características:

16
A entidade deve reconhecer separadamente os componentes do passivo e os componentes do patrimônio líquido separadamente em
instrumento financeiro que: suas demonstrações.

a) Criem um passivo financeiro da entidade; e A classificação de componentes do passivo e do patrimônio líquido de


b) Concedam uma opção ao titular do instrumento de convertê-lo
um instrumento conversível não deve ser revisada como resultado de
em um instrumento de patrimônio da entidade.
alteração na possibilidade da opção conversível ser exigida, mesmo que
o exercício da opção pareça ter se tornado uma vantagem econômica
Exemplo típico destes instrumentos são as debêntures
a alguns titulares. Efeitos fiscais resultantes da conversão podem ser
conversíveis em ações.
diferentes entre os titulares e a possibilidade de conversão muda de
tempos em tempos. A obrigação contratual de realizar pagamentos
Por exemplo, um título ou instrumento similar conversível pelo
futuros permanece pendente até que não exista mais, devido a uma
titular em um número fixo de ações ordinárias da entidade é um
conversão, vencimento do instrumento ou outra operação.
instrumento financeiro composto. Sob a perspectiva da entidade, tal
instrumento compreende dois componentes: um passivo financeiro
O IFRS 09 (Pronunciamento Técnico CPC 48 – Instrumentos
(acordo contratual de entregar caixa ou outro ativo financeiro) e um
Financeiros) trata da mensuração de ativos financeiros e passivos
instrumento patrimonial (opção de compra concedendo ao titular o
financeiros. Instrumentos patrimoniais são instrumentos que
direito, por período específico de tempo, de convertê-la em número
evidenciam uma participação residual nos ativos da entidade após
fixo de ações ordinárias da entidade). O efeito econômico da emissão a dedução de todos os passivos. Portanto, quando o valor contábil
desse tipo de instrumento é essencialmente o mesmo da emissão de inicial do instrumento financeiro composto deve ser atribuído aos seus
um instrumento de dívida com cláusula de liquidação antecipada e componentes de patrimônio líquido e passivo, ao componente de
contrato com garantia (warrant) de compra de ações ordinárias, ou patrimônio líquido deve ser atribuído o valor residual após deduzir, do
da emissão de instrumento de dívida com garantia (warrant) à parte valor justo total do instrumento, o montante separadamente determinado
(detachable) de compra de ações. A entidade deve apresentar o para o componente do passivo. O valor de qualquer característica

17
de derivativos (como opção de compra) embutido no instrumento 3.5 Ações em tesouraria
financeiro composto diferente do componente do patrimônio líquido
(como opção de conversão de patrimônio líquido) deve ser incluído Quando a entidade readquire seus instrumentos patrimoniais, eles
no componente do passivo. A soma dos montantes atribuídos aos devem ser deduzidos do patrimônio líquido. Nenhum ganho ou perda
componentes do passivo e patrimônio líquido no reconhecimento inicial decorrente da compra, venda, emissões ou cancelamentos de ações
é sempre igual ao valor justo que seria atribuído ao instrumento como da própria entidade deve ser reconhecido no resultado.
um todo. Nenhum ganho ou perda deve decorrer do reconhecimento
inicial dos componentes do instrumento separadamente. O emissor de Tais ações em tesouraria podem ser adquiridas e mantidas pela
título conversível em ações ordinárias determina o valor contábil do entidade ou outro membro do grupo consolidado. Montantes pagos
componente do passivo, mensurando o valor justo de passivo similar ou recebidos devem ser contabilizados diretamente no patrimônio.
que não tenha um componente de patrimônio líquido associado. O valor O montante de ações em tesouraria mantidas deve ser divulgado
contábil do instrumento patrimonial que é representado pela opção de separadamente no balanço ou em notas explicativas.
conversão do instrumento em ações ordinárias é determinado pela
dedução do valor justo do passivo financeiro e instrumento financeiro Em determinados casos, companhias recompram suas ações
composto. no mercado para fins de entrega aos seus executivos, por
razão de stock options concedidas em decorrência de planos de
remuneração.

18
ações, que são inteiramente reconhecidos como passivos, devem ser
reconhecidos como despesa, da mesma forma que os juros em um título
(bonds). Similarmente, ganhos e perdas associados com resgates ou
refinanciamentos de passivos financeiros devem ser reconhecidos no
resultado, enquanto que resgates ou refinanciamentos de instrumentos
patrimoniais devem ser reconhecidos como mudanças no patrimônio
líquido. Alterações no valor justo de instrumento patrimonial não devem
ser reconhecidas nas demonstrações contábeis.

A entidade incorre normalmente em vários custos na emissão ou


3.6 Juros, dividendos, perdas e ganhos aquisição de seus próprios instrumentos patrimoniais. Esses custos
podem incluir registro e outras taxas regulatórias, montantes pagos
Juros, dividendos, perdas e ganhos relativos a um instrumento financeiro a consultores jurídicos, contábeis e outros profissionais, custos de
ou um componente que for passivo financeiro devem ser reconhecidos impressão e outros tributos. Os custos de transação de uma transação
como receita ou despesa no resultado. As distribuições a titulares de de patrimônio líquido são contabilizados como dedução do patrimônio
instrumento patrimonial serão debitadas pela entidade diretamente no (líquido de qualquer benefício tributário) na medida em que representam
patrimônio líquido, líquidas de qualquer benefício tributário. Custos custos incrementais atribuídos diretamente à transação de patrimônio
de uma transação de patrimônio líquido serão contabilizados como líquido que de outra forma seriam evitados. Os custos de transação de
dedução no patrimônio líquido, líquido de qualquer benefício fiscal. patrimônio líquido que é abandonada devem ser reconhecidos como
despesa.
A classificação de um instrumento financeiro como passivo financeiro
ou instrumento patrimonial determina se os juros, dividendos, perdas Custos de transação relacionados com a emissão de instrumento
e ganhos relativos àquele instrumento devem ser reconhecidos
financeiro composto são atribuídos aos componentes do patrimônio
como receita ou despesa no resultado. Assim, dividendos a pagar de
líquido e passivo do instrumento em proporção à alocação dos

19
rendimentos. Já os relacionados conjuntamente a mais de uma 3.7. Compensação de um ativo financeiro e um passivo financeiro
transação são atribuídos a essas transações através de uma base de
alocação coerente e consistente com transações similares. O montante Ativos e passivos financeiros devem ser compensados, e o montante
de custos de transação contabilizado como dedução do patrimônio líquido deve apresentado nas demonstrações quando a entidade:
líquido deve ser divulgado separadamente e o montante relacionado
a tributos sobre lucro, reconhecido no patrimônio líquido, deve ser a) Tiver um direito legalmente exequível de compensar os valores

incluído no montante total de imposto de renda. reconhecidos; e;


b) Tiver a intenção de liquidar sobre uma base líquida, ou realizar
o ativo e liquidar o passivo simultaneamente.
Dividendos que forem classificados como despesa poderão constar
na demonstração do resultado abrangente ou na demonstração do
Ativos e passivos financeiros devem ser apresentados pela base líquida
resultado em separado, em conjunto com juros sobre outros passivos
quando isso refletir uma expectativa da entidade de fluxos de caixa
ou separadamente. Devido à diferença entre juros e dividendos, em
futuros a partir da liquidação de dois ou mais instrumentos financeiros
relação a questões como a dedutibilidade fiscal, pode ser desejável a separados. Quando a entidade tiver o direito de receber ou pagar
divulgação separada deles não divulgação do resultado. um montante líquido e tem intenção de realizá-lo, ela tem somente
um único ativo ou passivo financeiro. Em outras circunstâncias,
Ganhos e perdas relacionados a alterações no valor contábil de devem ser apresentados separadamente, em consistência com suas
um passivo financeiro serão reconhecidos como receita e despesa características de recursos ou obrigações da entidade.
no resultado. Qualquer ganho ou perda decorrente de uma nova
mensuração deve ser apresentado separadamente na demonstração Compensar um ativo financeiro e um passivo financeiro reconhecidos, e

do resultado, caso for relevante para explicar o desempenho da apresentar o montante líquido difere da reversão do reconhecimento (baixa)

entidade. de ativo financeiro ou passivo financeiro. Embora compensar não enseje


o reconhecimento de ganho ou perda, a reversão do reconhecimento

20
(baixa) de instrumento financeiro não resulta somente na remoção do líquida reflete mais apropriadamente os montantes e o momento dos
item reconhecido anteriormente no balanço, mas também pode resultar fluxos de caixa futuros, bem como o risco a que cada um dos fluxos de
em reconhecimento de ganho ou perda. O direito de compensação é um caixa está exposto. A intenção por uma ou ambas as partes de liquidar

direito legal do devedor, por contrato ou de outra forma, de liquidar ou, de em base líquida sem o direito legal de fazê-lo não é suficiente para
justificar a compensação, porque os direitos e obrigações associados ao
outra maneira, eliminar a totalidade ou uma parte do montante devido ao
ativo financeiro individual e passivo financeiro individual permanecem
credor, por meio da aplicação contra esse montante de um montante devido
inalterados. Quando a entidade tem o direito de compensação, mas
pelo credor. Em circunstâncias incomuns, um devedor pode ter o direito
não pretende liquidar ou realizar o ativo e liquidar o passivo, o efeito do
legal de compensar um montante devido por terceiros ao credor desde
direito sobre a exposição ao risco de crédito deve ser divulgado.
que exista um acordo entre as três partes que claramente estabeleçam
o direito de compensação. Pelo fato de o direito de compensação ser A realização de ativo financeiro e liquidação de passivo financeiro
um direito legal, as condições para suportar o direito podem variar de devem ser tratadas como simultâneas caso as transações ocorram no
uma jurisdição para outra e as leis aplicáveis às relações entre as partes mesmo momento.
precisam ser consideradas. As condições de compensação e apresentação do valor líquido na
demonstração financeira de um ativo financeiro e um passivo financeiro
A existência do direito de liquidar um ativo financeiro e um passivo não são satisfeitas usualmente e a compensação é inadequada quando:
financeiro afeta os direitos e as obrigações associados com um ativo
financeiro e um passivo financeiro, e pode afetar a exposição da a) Vários instrumentos diferentes forem usados para emular
entidade a risco de crédito e de liquidez. No entanto, a existência do as características de um único instrumento financeiro (um
direito, por si só, não é base suficiente para compensação. Na ausência “instrumento sintético”);
de intenção de exercer o direito ou de liquidar simultaneamente, o b) Os ativos financeiros e os passivos financeiros surgirem de
montante e o momento dos fluxos futuros de caixa não devem ser instrumentos financeiros que tenham a mesma exposição ao
afetados. Quando a entidade pretende exercer o direito ou liquidar risco primário, mas envolvem contrapartes diferentes;
simultaneamente, a apresentação do ativo e do passivo em base

21
c) Ativos financeiros ou outros ativos foram dados em garantia contra perdas em casos de falência ou outras circunstâncias que
para passivos financeiros sem recurso; resultam na incapacidade da contraparte de cumprir suas obrigações.
d) Os ativos financeiros estão separados em fideicomisso por Um “acordo de liquidação master” geralmente cria o direito de
um devedor para a finalidade de liquidar uma obrigação sem que compensação que se torna exigível e afeta a realização ou a liquidação
esses ativos tenham sido aceitos pelo credor na liquidação da de ativos financeiros individuais e passivos financeiros somente após
obrigação; ou evento específico de descumprimento ou outras circunstâncias que
e) For esperado que as obrigações incorridas como resultado não são esperadas no curso normal dos negócios. Um acordo de
de eventos que dão origem a perdas sejam recuperados de um liquidação master não fornece base para compensação a não ser que
terceiro em virtude de uma reivindicação feita em um contrato de ambos os critérios exigidos para compensação (direito legalmente
seguro. exequível e intenção de compensação em base líquida) sejam
satisfeitos. Quando ativos financeiros e passivos financeiros sujeitos
Por exemplo, uma put sintética (C – Call e V- Termo). a um acordo de liquidação master não são compensados, o efeito do
acordo na exposição da entidade a risco de crédito deve ser divulgado.

Por exemplo, ativos e passivos dentro de uma carteira de


contratos a termo ou outros instrumentos derivativos.

Uma entidade que assume uma quantidade de transações de


instrumentos financeiros com uma só contraparte pode entrar em
um “acordo de liquidação master” com essa contraparte. Tal acordo
converge para uma única liquidação, de forma líquida, para todos
os instrumentos financeiros abrangidos pelo acordo no caso de
descumprimento ou término de qualquer contrato. Esses acordos são
comumente usados por instituições financeiras para fornecer proteção

22
4. DATA DE VIGÊNCIA E TRANSIÇÃO

CPC - Pronunciamento Técnico, aprovado pela Deliberação CVM 604


em 19 de novembro de 2009. Aprovado pela Resolução 1.197/09 do
CFC. Também aprovado pela SUSEP e ANS.

IFRS - Uma entidade aplicará esta Norma para períodos anuais iniciados
em ou após 1º de janeiro de 2005. A aplicação antecipada é permitida.
Uma entidade não aplicará esta Norma para períodos anuais iniciados
antes de 1º de janeiro de 2005, exceto se ela também aplicar a IAS 39
(emitida em dezembro de 2003), incluindo as alterações emitidas em
março de 2004. Se uma entidade aplicar esta Norma para um período
iniciado antes de 1º de janeiro de 2005, ela divulgará este fato.

23
DIVULGAÇÕES (IFRS 7 - CPC 40 (R1))

1. INTRODUÇÃO

O objetivo da IFRS 7 é exigir que as entidades forneçam divulgações


em suas demonstrações financeiras que permitam aos usuários
avaliar: a significância de instrumentos financeiros para a posição e
desempenho financeiro da entidade, a natureza e extensão de riscos
decorrentes de instrumentos financeiros (aos quais a entidade está
exposta durante o período e no final do período de relatório) e como a
entidade gerencia esses riscos.

Dada a alta complexidade que envolve as operações com


instrumentos financeiros, principalmente os derivativos, é de
suma importância a devida divulgação dessas informações nas
demonstrações financeiras das entidades. Conforme o objetivo da
IFRS 7, tais divulgações visam permitir que os usuários avaliam
a relevância dos instrumentos financeiros na posição patrimonial
e no desempenho da empresa.

24
2. CLASSES DE INSTRUMENTOS FINANCEIROS E
NÍVEIS DE DIVULGAÇÃO

Quando for exigida a divulgação por classe de instrumento financeiro,


os instrumentos financeiros devem ser agrupados nas classes definidas
de acordo com a natureza da informação divulgada, levando em
conta suas características. Deve ser fornecida informação suficiente
para permitir a conciliação com os itens apresentados no balanço
patrimonial.

25
item 6.7.1 do CPC 48 e (ii) aqueles obrigatoriamente mensurados
3. SIGNIFICÂNCIA DE INSTRUMENTOS FINANCEIROS ao valor justo por meio do resultado, de acordo com o CPC 48;
PARA A POSIÇÃO E DESEMPENHO FINANCEIRO c) ativos financeiros pelo valor justo por meio do resultado,
mostrando separadamente (i) aqueles designados dessa forma
Devem ser divulgadas informações que permitam os usuários avaliar no reconhecimento inicial ou subsequentemente de acordo com o
a significância dos instrumentos financeiros para suas posições item 6.7.1 do CPC 48 e (ii) aqueles obrigatoriamente mensurados
patrimonial e financeira e para a análise de desempenho. ao valor justo por meio do resultado, de acordo com o CPC 48;
d) passivos financeiros mensurados pelo custo amortizado;
3.1. Demonstração da posição financeira e) ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de
outros resultados abrangentes, apresentando separadamente (i)
3.1.1. Categorias de ativos financeiros e passivos financeiros ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros
resultados abrangentes, de acordo com o item 4.1.2A do CPC
O valor contábil de cada categoria a seguir, como especificado pelo 48; e (ii) investimentos em instrumentos patrimoniais designados
CPC 48, deve ser divulgado no balanço patrimonial ou nas notas como tal no reconhecimento inicial, de acordo com o item 5.7.5
explicativas: do CPC 48.

a) ativos financeiros pelo valor justo por meio do resultado, 3.1.2. Ativos financeiros ou passivos financeiros ao valor justo
mostrando separadamente (i) aqueles designados dessa forma por meio do resultado
no reconhecimento inicial ou subsequentemente de acordo com o
item 6.7.1 do CPC 48 e (ii) aqueles obrigatoriamente mensurados Se a entidade tiver designado um empréstimo ou um recebível (ou
ao valor justo por meio do resultado, de acordo com o CPC 48; um grupo de empréstimos ou recebíveis) pelo valor justo por meio do
b) ativos financeiros pelo valor justo por meio do resultado, resultado, ela deve divulgar:
mostrando separadamente (i) aqueles designados dessa forma
no reconhecimento inicial ou subsequentemente de acordo com o

26
a) A exposição máxima ao risco de crédito do ativo financeiro (ou ocorrido durante o período cumulativamente desde que o ativo
grupo de ativos) no final do período de relatório; financeiro foi designado.
b) O valor pelo qual quaisquer derivativos de crédito relacionados
ou instrumentos similares reduzem essa exposição máxima ao Se a entidade designou um passivo financeiro pelo valor justo por meio
risco de crédito; do resultado, ela deve divulgar:
c) O valor da mudança, durante o período e, cumulativamente,
no valor justo do ativo financeiro (ou grupo de ativos) que seja (a) O valor da variação, durante o período e cumulativamente, no
atribuível às mudanças no risco de crédito desse ativo financeiro valor justo do passivo financeiro que seja atribuível a mudanças
determinado: no risco de crédito do passivo determinado, tanto:
i) Como o valor da mudança no seu valor justo que não (i) Como a quantia da variação no seu valor justo que não é
seja atribuível a mudanças nas condições de mercado que atribuível a mudanças nas condições de mercado dá origem
originam risco de mercado; ou ao risco de mercado (ver apêndice B, item B4); ou
ii) Utilizando um método alternativo que a entidade acredita (ii) Usando um método alternativo que a entidade acredita
representar de forma mais fiel o valor da mudança sem que representa melhor a mudança em seu valor justo que é
seu valor justo que seja atribuível a mudanças no risco de atribuível a mudanças no risco de crédito do passivo.

credito do ativo.
Mudanças nas condições de mercado que dão origem ao risco

Mudanças nas condições de mercado que originam risco de crédito de mercado incluem mudanças na taxa de juros benchmark, no

incluem: mudanças na taxa de juros observável (benchmark), no preço preço do instrumento financeiro de outra entidade, no preço de
commodity, na taxa de câmbio ou no índice de preços ou taxas.
de commodity, na taxa de câmbio ou nos índices de preços e taxas.
Para contratos que incluem cláusula de ligação, mudanças nas
condições de mercado incluem mudanças no desempenho dos
d) O valor da mudança no valor justo de quaisquer derivativos
respectivos fundos de investimento interno ou externo.
de crédito relacionados ou instrumentos similares, que tenha

27
(b) A diferença entre o valor contábil do passivo financeiro e a (a) a data da reclassificação;
quantia que a entidade seria obrigada a pagar no vencimento ao (b) a explicação detalhada da alteração no modelo de negócios
detentor da obrigação. e a descrição qualitativa de seu efeito sobre as demonstrações
Também deverão ser divulgados: contábeis da entidade;
(c) o valor reclassificado dentro e fora de cada categoria.
a) Os métodos utilizados para calcular a mudança no valor justo (Incluído pela NBC TG 40 (R3))
do passivo ou ativo financeiro atribuível às mudanças no risco de
crédito destes, bem como uma explicação do motivo de escolha Para cada período de relatório após a reclassificação até o
do método; desreconhecimento, a entidade deve divulgar, para ativos reclassificados
b) Caso a entidade acredite que essa divulgação não apresenta da categoria de valor justo por meio do resultado de modo que sejam
essas mudanças de forma confiável, a razão para se chegar a mensurados ao custo amortizado ou ao valor justo por meio de outros
essa conclusão e os fatores que sejam pertinentes; resultados abrangentes de acordo com o item 4.4.1 da NBC TG 48:
c) Ativos financeiros mensurados ao valor justo através de outros
resultados abrangentes. (a) a taxa de juros efetiva determinada na data da reclassificação;
e
3.1.3. Reclassificação (b) a receita de juros reconhecida.
(Incluído pela NBC TG 40 (R3))
Se a entidade tiver reclassificado um ativo financeiro:
Se, desde a sua última data de relatório anual, a entidade tiver
A entidade deve divulgar se, nos períodos de relatórios correntes ou reclassificado ativos financeiros fora da categoria de valor justo por
anteriores, reclassificou quaisquer ativos financeiros de acordo com o meio de outros resultados abrangentes de modo que eles sejam
item 4.4.1 da NBC TG 48. Para cada um desses eventos, a entidade mensurados ao custo amortizado ou fora da categoria de valor justo
deve divulgar: por meio do resultado de modo que eles sejam mensurados ao custo

28
amortizado ou ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes, a) O valor justo da garantia detida;
ela deve divulgar: b) O valor justo de qualquer eventual garantia vendida ou renovada
e se a entidade tem uma obrigação de devolvê-la; e
(a) o valor justo dos ativos financeiros no final do período de c) Os termos e condições associados ao uso da garantia.
relatório; e
(b) o ganho ou a perda no valor justo que teria sido reconhecido
3.1.5. Provisão para perda com crédito
no resultado ou em outros resultados abrangentes durante o
período de relatório se os ativos financeiros não tivessem sido
Quando ativos financeiros sofrerem redução no valor recuperável por
reclassificados.
perdas com crédito e a entidade registrar a perda no valor recuperável
(Incluído pela NBC TG 40 (R3))
em conta separada (por exemplo, em conta de provisão usada para
registrar perdas individuais ou conta similar usada para registrar perdas
3.1.4. Garantia
de forma coletiva), em vez de reduzir diretamente o montante do valor
contábil do ativo, deve ser divulgada a conciliação das movimentações
A entidade divulgará:
dessa conta durante o período para cada classe de ativos financeiros.

a) O valor contábil dos ativos financeiros que são usados como


3.1.6. Instrumentos financeiros compostos com derivativos
garantia por passivos ou passivos contingentes, incluindo valores
embutidos múltiplos
reclassificados; e
b) Os termos e condições relacionados à sua oferta como garantia.
Se a entidade embutir um instrumento que inclua um componente
de capital próprio e um passivo e o instrumento possuir múltiplos
Se a entidade possuir garantias (de ativos financeiros ou não) e estiver
derivativos embutidos nos quais os valores são interdependentes, ela
autorizada a vender ou a reapresentar a garantia na ausência de
deve divulgar a existência dessas situações.
descumprimento por parte do detentor da garantia, ela deverá divulgar:

29
se esses descumprimentos ou violações permitirem que o credor exija
o pagamento antecipado.

3.2. Demonstração do resultado abrangente

3.2.1. Itens de receita, despesa, ganhos ou perdas

Os seguintes itens de receita, despesa, ganho e perda devem ser


divulgados na demonstração do resultado abrangente, demonstração
do resultado ou em notas explicativas:
3.1.7. Descumprimento de compromisso contratual

a) Ganhos líquidos ou perdas líquidas em:


Para empréstimos a pagar existentes na data das demonstrações,
(i) ativos financeiros ou passivos financeiros pelo valor justo
deve ser divulgado:
por meio do resultado, mostrando separadamente aqueles
(a) Detalhes de qualquer descumprimento contratual durante o
ativos financeiros ou passivos financeiros designados
período do principal, juros, amortização ou resgates;
como tais no reconhecimento inicial, ou subsequentemente
(b) O valor contábil da dívida em atraso na data das demonstrações
de acordo com o item 6.7.1 da NBC TG 48, e aqueles
contábeis; e
ativos financeiros ou passivos financeiros que sejam,
(c) No caso de renegociação dos termos contratuais antes das
obrigatoriamente, mensurados ao valor justo por meio
demonstrações contábeis serem autorizadas para emissão, os
do resultado de acordo com a NBC TG 48 (por exemplo,
termos dessa renegociação.
passivos financeiros que atendam à definição de mantidos
para negociação na NBC TG 48). Para passivos financeiros
Se houver descumprimentos ou violações dos acordos contratuais
designados como ao valor justo por meio do resultado, a
diferentes das já mencionadas, devem receber o mesmo tratamento
entidade deve apresentar, separadamente, o valor do ganho

30
ou da perda reconhecido em outros resultados abrangentes c) receitas e despesas outras, que não as incluídas na
e o valor reconhecido no resultado; determinação da taxa efetiva de juros, decorrentes de:
(ii) passivos financeiros mensurados pelo custo amortizado; (i) ativos financeiros ou passivos financeiros que não
(iii) ativos financeiros mensurados pelo custo amortizado; estejam mensurados ao valor justo por meio do resultado; e
(Incluído pela NBC TG 40 (R3)); (ii) trustes e atividades fiduciárias que resultem na
(iv) investimentos em instrumentos patrimoniais designados manutenção ou investimento de ativos em favor de
como ao valor justo por meio de outros resultados indivíduos, trustes, fundos de pensão e outras instituições.
abrangentes, de acordo com o item 5.7.5 da NBC TG 48;
(Incluído pela NBC TG 40 (R3)); 3.3. Outras divulgações
(v) ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de
outros resultados abrangentes de acordo com o item 4.1.2A 3.3.1. Políticas contábeis
da NBC TG 48, apresentando separadamente o valor do
ganho ou da perda reconhecido em outros resultados Devem ser divulgadas, em nota explicativa, as bases de mensuração
abrangentes durante o período e o valor reclassificado, usadas na elaboração das demonstrações e outras políticas contábeis
por ocasião do desreconhecimento, de outros resultados relevantes para o entendimento das demonstrações contábeis.
abrangentes acumulados para o resultado do período;
(Incluído pela NBC TG 40 (R3)); 3.3.2. Contabilização de hedge
b) receita e despesa totais de juros (calculados utilizando-se o
método da taxa efetiva de juros) para os ativos financeiros que Devem ser divulgados separadamente para hedge de valor justo, de
são mensurados ao custo amortizado ou ao valor justo por meio fluxo de caixa e de investimento realizado no exterior:
de outros resultados abrangentes, de acordo com o item 4.1.2A
da NBC TG 48 (apresentando esses valores separadamente); ou
passivos financeiros que não são mensurados ao valor justo por
meio do resultado; (Alterado pela NBC TG 40 (R3))

31
e perdas do período, demonstrando o valor incluído em cada
Exemplo: BRASKEM – DFP (p. 72 e 73 de175, itens (i), rubrica da demonstração do resultado abrangente; e
(ii) e (iii)) e) O valor que foi transferido do patrimônio líquido durante o
Veja aqui um exemplo da divulgação da contabilização de período e incluído no custo inicial ou outro valor contábil de um
cada tipo de hedge. ativo não financeiro ou passivo não financeiro, cuja aquisição
ou execução foi uma transação futura prevista protegida por um
hedge altamente provável.

a) Uma descrição de cada tipo de hedge; Deverá ser divulgado separadamente:


b) Uma descrição dos instrumentos financeiros designados como
instrumentos de hedge e seus valores justos no final do período (a) Em hedges de valor justo, ganhos ou perdas:
de relatório; e (i) sobre o instrumento de hedge; e
c) A natureza dos riscos que estão sendo protegidos. (ii) sobre o objeto de hedge atribuído ao risco coberto;
(b) A ineficácia do hedge reconhecida no resultado que decorre
Para hedge de fluxo de caixa, deverão ser divulgados: de hedges de fluxo de caixa; e
(c) A ineficácia do hedge reconhecida no resultado que decorre
a) Os períodos em que se espera que os fluxos de caixa ocorram de hedges de investimentos líquidos em operações no exterior
e quando se espera que afetem lucros e perdas;
b) Uma descrição de qualquer transação prevista em relação à 3.3.3. Valor justo
qual a contabilização de hedge tinha sido utilizada anteriormente,
mas não mais se espera ocorrer; Para cada classe de ativo e passivo financeiro, deve ser divulgado
c) O valor que foi reconhecido em outros resultados abrangentes seu valor justo de para que ele possa ser comparado com seu valor
durante o período; contábil. Na divulgação de valores justos, ativos e passivos financeiros
d) O valor que foi reclassificado do patrimônio líquido para lucros devem ser agrupados em classes, mas a compensação deve ocorrer

32
na medida em que seus valores contábeis forem compensados no
balanço patrimonial.

Os métodos devem ser divulgados para cada classe de ativos


financeiros e, em caso de uso de uma técnica de avaliação, os
pressupostos aplicados na determinação do valor justo de cada classe
de ativo ou passivo financeiro. As mensurações de valor justo devem
ser classificadas pelo uso de uma hierarquia de valor justo que reflita a
significância dos inputs usados no processo de mensuração. Os níveis
de hierarquia são:
O nível de hierarquia de valor justo dentro do qual a mensuração é
a. (Nível 1) preços negociados (sem ajustes) em mercados ativos classificada em sua totalidade deve ser determinada na base do input
para ativos idênticos ou passivos; de nível mais baixo que seja significativo para a mensuração. Para essa
b. (Nível 2) inputs diferentes dos preços negociados em mercados
finalidade, a significância de um input deve ser avaliada em relação à
ativos incluídos no Nível 1 que são observáveis para o ativo ou
mensuração do valor justo em sua totalidade. Se uma mensuração de
passivo, diretamente (como preços) ou indiretamente (derivados
valor justo usar inputs observáveis que requerem ajustes consideráveis
dos preços); e
baseados em inputs não observáveis, trata-se de uma mensuração de
c. (Nível 3) inputs para o ativo ou passivo que não são baseados
Nível 3. A avaliação de significância de um input em particular para
em variáveis observáveis de mercado (inputs não observáveis).
a mensuração do valor justo em sua totalidade requer julgamento,
considerando os fatores específicos para ativo ou passivo.

Para mensurações de valor justo reconhecidas no balanço patrimonial,


isso deve ser evidenciado para cada classe de instrumentos financeiros:

33
a) O nível de hierarquia de valor justo em que as mensurações o Nível 3 e discutidas separadamente das transferências
são classificadas em sua totalidade, separando-as de acordo que saíram do Nível 3.
com este nível; d) O valor de ganhos ou perdas totais para o período em c) i)
b) Quaisquer transferências significativas entre o Nível 1 e o Nível 2 acima incluídos no resultado do exercício que são atribuíveis a
da hierarquia de valor justo e as razões para essas transferências. ganhos ou perdas relativos aos ativos e passivos mantidos no final
As transferências para cada nível serão divulgadas e discutidas do período de relatório e uma descrição de onde esses ganhos
separadamente das transferências fora de cada nível. Para essa ou perdas são apresentados na demonstração do resultado
finalidade, a significância será julgada com relação a lucros e abrangente ou na demonstração do resultado separada;
perdas e ativos e passivos totais; e) Para mensurações de valor justo no Nível 3, se a mudança de
c) Para mensurações de valor justo no Nível 3, uma conciliação dos um ou mais dos dados para premissas alternativas razoavelmente
saldos iniciais com os saldos finais, divulgando separadamente possíveis mudar o valor justo de forma significativa, a entidade
as mudanças durante o período atribuíveis ao seguinte: indicará esse fato e divulgará o efeito dessas mudanças. A
i) Ganhos ou perdas totais para o período reconhecido no resultado entidade divulgará como o efeito de uma mudança para uma
do exercício e uma descrição de onde eles são apresentados na premissa alternativa razoavelmente possível foi calculada.
demonstração do resultado abrangente ou na demonstração do Para essa finalidade, a significância será julgada em relação ao
resultado separada (se apresentada); resultado do exercício e aos ativos ou passivos totais ou, quando
ii) Ganhos ou perdas totais reconhecidos em outros as mudanças no valor justo forem reconhecidas em outros
resultados abrangentes; resultados abrangentes, no patrimônio líquido total.
iii) Compras, vendas, emissões e liquidações (cada tipo de
movimento divulgado separadamente); e As evidenciações quantitativas requeridas por esse item devem ser
iv) Transferências para dentro ou para fora no Nível 3 apresentadas no formato tabular (a não ser que outro formato seja
e as razões dessas transferências. Para transferências mais apropriado).
significativas, serão divulgadas aquelas que passaram para

34
Se o mercado para um instrumento financeiro não for ativo, seu discricionária, se o valor justo dessa característica não puder ser
valor justo deve ser estabelecido utilizando técnica de avaliação. A mensurado de forma confiável.
melhor evidência do valor justo no reconhecimento inicial é o preço de No caso apresentado anteriormente, a entidade deve divulgar
transação (o valor justo da retribuição dada ou recebida). Poderia haver informações para ajudar os usuários das demonstrações contábeis
uma diferença entre o valor justo no reconhecimento inicial e a quantia a fazer seu próprio julgamento a respeito da extensão de possíveis
que seria determinada na data da utilização técnica de avaliação. Se diferenças entre o valor contábil desses ativos ou passivos financeiros
tal diferença existir, devem ser divulgados, por classe de instrumento e seus valores justos, incluindo:
financeiro:
a) O fato de que as informações de valor justo não foram
a) Sua política contábil para reconhecimento dessa diferença no divulgadas para esses instrumentos, pois o seu valor justo não
resultado do exercício, para refletir uma mudança nos fatores que pode ser mensurado de forma confiável;
os participantes do mercado considerariam ao estabelecer um b) Uma descrição dos instrumentos financeiros, seu valor contábil
preço; e e uma explicação do porquê o valor justo não pode ser mensurado
b) A diferença total a ser ainda reconhecida no resultado do de forma confiável;
exercício no início e no final do período e uma conciliação das c) Informações sobre o mercado para os instrumentos;
mudanças no saldo dessa diferença. d) Informações sobre se e como a entidade pretende alienar os
instrumentos financeiros; e
Não são exigidas divulgações de valor justo: e) Se os instrumentos financeiros cujo valor justo não pôde ser
anteriormente mensurado de forma confiável forem baixados,
a) Quando o valor contábil for uma aproximação razoável do esse fato, o seu valor contábil na época da baixa e o valor do
valor justo, por exemplo, para instrumentos financeiros tais como ganho ou perda reconhecido.
contas a receber de clientes e contas a pagar a fornecedores de
curto prazo; e
b) Para um contrato que contém uma característica de participação

35
em relação à natureza e a extensão dos riscos provenientes dos
4. NATUREZA E EXTENSÃO DE RISCOS DECORREN- instrumentos financeiros. A interação entre as divulgações qualitativas
TES DE INSTRUMENTOS FINANCEIROS e quantitativas contribui para uma melhor divulgação de informação,
que possibilita aos usuários avaliar a exposição de uma entidade a
Exemplo: AMBEV – DFP (p. 92 itens 29) riscos.

Veja um exemplo de divulgação acerca dos riscos 4.1. Divulgações qualitativas


decorrentes de instrumentos financeiros da Ambev
Devem ser divulgados para cada tipo de risco decorrente de
instrumentos financeiros:

Devem ser divulgadas informações que permitam aos usuários a) As exposições ao risco e como eles surgem;
das demonstrações avaliarem a natureza e a extensão dos riscos b) Seus objetivos, políticas e processos para gerenciar o risco e
decorrentes de instrumentos financeiros aos quais a entidade está os métodos utilizados para mensurá-lo; e
exposta na data das demonstrações contábeis. c) Quaisquer mudanças nos itens a) ou b) em relação ao período
anterior.
As divulgações exigidas que serão apresentadas a seguir focam-se
em riscos decorrentes de instrumentos financeiros e como eles têm 4.2. Divulgações quantitativas
sido administrados. Costumam ser inclusos aí, o risco de crédito, o
risco de liquidez e o risco de mercado. Devem ser divulgados para cada tipo de risco decorrente de
instrumentos financeiros:
Realizar divulgações qualitativas no contexto de divulgações
quantitativas permite aos usuários a realização de associações com a) Dados quantitativos resumidos sobre sua exposição a esse
as divulgações relacionadas e a formação de entendimento amplo risco no final do período de relatório. Essa divulgação será

36
baseada nas informações fornecidas internamente ao pessoal-
chave da administração da entidade; Por exemplo, acordos de compensação que não se qualifiquem

b) As divulgações em relação a risco de crédito, liquidez e de para compensação.

mercado, na medida em que não foram fornecidas de acordo


com o item anterior; e b) Uma descrição da garantia detida e de outras melhorias de

c) Concentrações de risco, se não forem aparentes pelas credito e seu efeito financeiro em relação ao valor que melhor

divulgações feitas de acordo com os itens a) e b). representa a exposição máxima ao risco de crédito;

Se esses dados não forem representativos da exposição ao risco Por exemplo, uma quantificação da extensão em que uma

da entidade durante o período, devem ser fornecidas informações garantia e outras melhorias de crédito reduzem o risco de crédito.

adicionais que sejam representativas.


c) Informações sobre a qualidade de crédito de ativos financeiros

4.2.1. Risco de crédito que não estão vencidos nem com redução ao valor recuperável.

Devem ser divulgados, por classe de instrumento financeiro:

a) O valor que melhor representa sua exposição máxima ao


risco de crédito ao final do período de relatório, sem levar em
consideração qualquer garantia detida ou outra melhoria de
crédito; essa divulgação não é requerida para instrumentos
financeiros cujo valor contábil melhor representa a exposição
máxima a risco de crédito;

37
4.2.1.1. Ativos financeiros que estão vencidos ou com problemas a) A natureza e o valor contábil dos ativos; e
de redução ao valor recuperável b) Quando os ativos não forem facilmente conversíveis em caixa,
suas políticas para alienar esses ativos ou para utilizá-los em
Deve ser divulgado, por classe de instrumento financeiro: suas operações.

a) Uma análise da idade dos ativos financeiros que estejam 4.2.2. Risco de liquidez
vencidos no final do período de relatório, mas não com redução
no valor recuperável; e Exemplo: AMBEV – DFP (p. 96 itens 29)
b) Uma análise dos ativos financeiros que forem determinados
individualmente como redução no valor recuperável no final Veja um exemplo de divulgação acerca dos riscos
do período de relatório, incluindo os fatores que a entidade decorrentes de instrumentos financeiros da Ambev
considerou ao determinar que eles estão com redução no valor
recuperável.

4.2.1.2. Garantia e outras melhorias de crédito obtidas A entidade divulgará:

Quando a entidade obtém ativos financeiros ou não financeiros – pela a) Uma análise de vencimento para passivos financeiros não

posse de garantias que mantém como títulos e valores mobiliários derivativos que mostre os vencimentos contratuais restantes;
b) Uma análise de vencimento para passivos financeiros
ou outros instrumentos que visem melhorar o nível de recuperação
derivativos, que incluirá os vencimentos contratuais restantes para
do crédito – e tais ativos satisfazem o critério de reconhecimento em
os passivos financeiros derivativos para os quais os vencimentos
outras IFRSs, a entidade deverá divulgar para esses ativos mantidos
contratuais são essenciais para um entendimento da época dos
na data de crédito:
fluxos de caixa; e
c) Uma descrição de como ela gerencia o risco de liquidez inerente
nos itens a) e b).

38
4.2.3 Risco de mercado Caso seja elaborada uma análise de sensibilidade que reflita
interdependências entre riscos variáveis utilizada para administrar
4.2.3.1 Análise de sensibilidade riscos financeiros, a entidade pode usar essa análise de sensibilidade
no lugar da anteriormente especificada. A entidade também divulgará:
Exemplo: AMBEV – DFP (p. 109 itens 29)
a) Uma explicação do método utilizado na preparação dessa
Veja um exemplo de divulgação acerca dos riscos analise de sensibilidade e dos principais parâmetros e premissas
decorrentes de instrumentos financeiros da Ambev subjacentes aos dados fornecidos; e
b) Uma explicação do objetivo do método utilizado e das limitações
que possam resultar no fato de as informações não refletirem
integralmente o valor justo dos ativos e passivos envolvidos.
A entidade divulgará:
4.2.3.2. Outras divulgações de risco de mercado
a)Uma análise de sensibilidade para cada tipo de risco de mercado
ao qual a entidade está exposta no final do período de relatório, Quando as análises de sensibilidade não forem representativas do risco
demonstrando como lucros e perdas e o patrimônio líquido teriam inerente de instrumento financeiro, esse fato e a razão para considerar
sido afetados por mudanças na variável de risco pertinente, que que essas análises não são representativas devem ser divulgados.
eram razoavelmente possíveis nessa data;
b) Os métodos e premissas usados na preparação da análise de
sensibilidade; e
c) Mudanças em relação ao período anterior nos métodos e
premissas utilizadas e os motivos para essas mudanças.

39
a) Compreender a relação entre ativos financeiros transferidos que
5. TRANSFERÊNCIA DE ATIVOS FINANCEIROS não são baixados em sua totalidade e os passivos associados; e
b) Avaliar a natureza e os riscos associados do envolvimento
Os requisitos de divulgação referentes à transferência de ativos contínuo da entidade em ativos financeiros baixados.
financeiros suplementam os outros requisitos de divulgação
mencionados. Estas divulgações devem ser apresentadas em uma A entidade deverá divulgar qualquer informação adicional que
nota explicativa. As divulgações referidas devem ser fornecidas para considere necessária para alcançar os objetivos de divulgação
todos os ativos financeiros transferidos não desreconhecidos e para deste parágrafo.
qualquer envolvimento contínuo em ativo transferido, existente na
data das demonstrações, independentemente de quando a transação
ocorreu.

Para a aplicação dos requisitos de divulgação, a entidade deve transferir


a totalidade ou parte do ativo financeiro (o ativo transferido) se:

a) Transferir os direitos contratuais de receber os fluxos de caixa


desse ativo financeiro; ou
b) Retiver os direitos contratuais de receber os fluxos de caixa
desse ativo financeiro, mas assumir uma obrigação contratual
de pagar os fluxos de caixa a um ou mais beneficiários em um
acordo.

Devem ser divulgadas informações que permitam aos usuários das


demonstrações contábeis:

40
Para a aplicação dos requisitos de divulgação de ativos financeiros 5.1. Ativos financeiros transferidos que não são baixados em sua
baixados em sua totalidade, a entidade tem envolvimento contínuo totalidade
em ativo financeiro transferido se a entidade retiver quaisquer direitos
ou obrigações contratuais pertencentes ao ativo financeiro transferido Ativos financeiros podem ter sido transferidos de forma que a parte ou
ou obtiver novos direitos ou obrigações contratuais relativos ao ativo a totalidade deles não se qualifique para o desreconhecimento. Para
financeiro transferido. Os seguintes casos não constituem envolvimento compreender a relação entre ativos financeiros transferidos que não
contínuo: são baixados em sua totalidade e os passivos associados, devem ser
divulgados em cada data-base da demonstração contábil e para cada
a) Declarações e garantias normais relativas à transferência classe de ativos financeiros transferidos não desreconhecidos em sua
fraudulenta e conceitos de razoabilidade, boa fé e negociações totalidade:
justas que poderiam invalidar uma transferência como resultado
de uma ação judicial; a) A natureza dos ativos transferidos;
b) Contratos a termo, de opções e outros contratos para readquirir b) A natureza dos riscos de benefícios da propriedade aos quais
o ativo financeiro transferido para o qual o preço contratual (ou a entidade está exposta;
preço de exercício) é o valor justo do ativo financeiro transferido; c) Uma descrição da natureza da relação entre os ativos
ou transferidos e os passivos associados, incluindo restrições
c) Um acordo pelo qual uma entidade retém os direitos contratuais decorrentes da transferência sobre o uso dos ativos transferidos
de receber os fluxos de caixa de um ativo financeiro, mas assume pela entidade que reporta;
uma obrigação contratual de pagar os fluxos de caixa para uma d) Quando a contraparte dos passivos associados tem recurso
ou mais entidades. somente para os ativos transferidos, um cronograma que
estabelece o valor justo dos ativos transferidos, o valor justo dos
passivos associados e a posição líquida (diferença entre o valor
justo de ativos transferidos e dos passivos associados);

41
e) Quando a entidade continuar a reconhecer a totalidade dos b) O valor justo dos ativos e passivos que representa o envolvimento
ativos transferidos, os valores contábeis dos ativos e passivos contínuo da entidade nos ativos financeiros baixados;
associados; c) O valor que melhor representa a exposição máxima da
f) Quando a entidade continuar a reconhecer os ativos na medida entidade à perda a partir de seu envolvimento contínuo nos
de seu envolvimento contínuo, o valor contábil total dos ativos ativos financeiros baixados, e informações que mostram como a
originais antes da transferência, o valor contábil dos ativos que a exposição máxima à perda é determinada;
entidade continua a reconhecer, e o valor contábil dos passivos d) As saídas de caixa não descontadas que seriam ou poderiam ser
associados. requeridas para recomprar ativos financeiros baixados ou outros
valores a pagar ao cessionário em relação aos ativos transferidos.
5.2. Ativos financeiros transferidos que são baixados em sua Se a saída de caixa for variável, então o valor divulgado será
totalidade baseado nas condições existentes em cada período de relatório.
e) Uma análise de vencimento das saídas de fluxo de caixa
Para avaliar a natureza e os riscos associados do envolvimento não descontadas que seriam ou poderiam ser requeridas para
contínuo da entidade em ativos financeiros baixados, quando a entidade recomprar os ativos financeiros baixados ou outros valores
desreconhece ativos financeiros transferidos em sua totalidade, mas pagáveis ao cessionário em relação aos ativos transferidos,
tem envolvimento contínuo com eles, deve ser divulgado, para cada demonstrando os vencimentos contratuais restantes do
tipo em cada data-base: envolvimento contínuo da entidade;
f) Informações qualitativas que explicam e suportam as
a) O valor contábil dos ativos e passivos que são reconhecidos divulgações quantitativas.
na demonstração da posição financeira da entidade e que
representam o envolvimento contínuo da entidade nos ativos Essas informações em relação a ativo específico podem ser agregadas
financeiros baixados, e as rubricas em que são reconhecidos os se a entidade tiver mais que um tipo de envolvimento contínuo
valores contábeis desses ativos e passivos; nesse ativo financeiro desreconhecido e reportá-lo sob um tipo de
envolvimento contínuo.

42
Deverá ser divulgado para cada tipo de envolvimento contínuo:
a) O ganho ou perda reconhecida na data de transferência dos
ativos;
b) Receitas e despesas reconhecidas, tanto no período de relatório
quanto cumulativamente, a partir do envolvimento contínuo da
entidade nos ativos financeiros baixados;
c) Se o valor total dos recursos da atividade de transferência em
um período de relatório não é distribuído uniformemente ao longo
de todo o período de relatório:
i) Quando a principal atividade de transferência ocorre
dentro desse período de relatório;
ii) O valor reconhecido a partir da atividade de transferência
nessa parte do período de relatório; e
iii) O valor total dos proventos da atividade de transferência
para parte do período de relatório.

Essas informações deverão ser fornecidas para cada período para o


qual uma demonstração do resultado abrangente é apresentada.

43
6. DATA DE VIGÊNCIA E TRANSIÇÃO

CPC - Este Pronunciamento Técnico, emitido em 30/08/2012, substitui


o CPC 40 – Instrumentos Financeiros: Evidenciação, aprovado em 2
de outubro de 2009.

IFRS - Esta Norma deve ser aplicada para períodos anuais iniciados
em ou após 1º de janeiro de 2007. A aplicação antecipada é encorajada.
Se uma entidade aplicar esta Norma para um período anterior, ela
divulgará esse fato.

44
INTRODUÇÃO (CPC 48 – IFRS 9)

1. INTRODUÇÃO

CPC
IASB
(Brasil)
Clissificação e mensuração de
IAS 39 CPC 38
instrumentos financeiros
Apresentação de instrumentos financeiros IAS 32 CPC 39
Divulgação de instrumentos financeiros IFRS 7 CPC 40
Mensuração a valor justo IFRS 13 CPC 46
Classificação e mensuração de
IFRS 9 CPC 48
instrumentos financeiros

45
• 12 de novembro de 2009 – As partes relativas à mensuração e
2. OBJETIVO classificação do IAS 39 são substituídas pela primeira vez pelo
IFRS 9
O objetivo do CPC 48 (equivalente à versão final do IFRS 9) é estabelecer • Outubro/2010 – Nova emissão do IFRS 9 com a inclusão de
princípios para os relatórios financeiros de ativos financeiros e passivos itens sobre passivos financeiros e desreconhecimento
financeiros que devem apresentar informações pertinentes e úteis • Novembro/2013 – Nova versão com a incorporação de
aos usuários de demonstrações contábeis para a sua avaliação dos requerimentos sobre hedge accounting
valores, época e incerteza dos fluxos de caixa futuros da entidade. • Versão final: julho/2014 – Novos requerimentos de impairment e
adendos aos requerimentos de reconhecimento e mensuração
Principais datas do desenvolvimento/evolução da Norma
Internacional (IFRS 9) No Brasil, até 31/12/2017, é foi obrigatória a adoção do CPC 38,
que é a versão do IAS 39 vigente até 31/12/2009. O CPC 38 foi
• Dezembro de 1998 – Emissão do IAS 39 aprovado em 02/10/2009.
• 1º de janeiro de 2001 – Data em que o IAS 39 se torna obrigatório
• Dezembro de 2003 – Versão revisada do IAS 39 é emitida pelo Em 4 de novembro de 2016, o CPC informa ao mercado que
IASB (Macro Hedge) o PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 48 – INSTRUMENTOS
• Dezembro de 2004 – Nova revisão do IAS 39 (ganhos e perdas FINANCEIROS foi aprovado no âmbito do CPC. O Pronunciamento
no 1º dia) foi elaborado a partir do IFRS 9 – Financial Instruments e sua
• Durante o ano de 2005, novas revisões foram feitas (inclusão aplicação, no julgamento do Comitê, produz reflexos contábeis
de FVO e contratos de garantia) que estão em conformidade com o documento editado pelo
• 13 de outubro de 2008 – Por conta da crise internacional, o IASB IASB. A partir de 01/01/2018, o Brasil passa a adotar o CPC 48,
revisa em velocidade excepcional e sem audiência pública a referendado pelo CFC e pela CVM.
questão relativa à reclassificação dos Instrumentos Financeiros
• Março de 2009 – Mudanças relativas a derivativos embutidos

46
(ii) as contas a pagar de arrendamento financeiro
3. ALCANCE reconhecidas por arrendatário estão sujeitas aos requisitos de
desreconhecimento deste pronunciamento; e
Este Pronunciamento Técnico deve ser aplicado por todas as entidades (iii) derivativos que estão embutidos em arrendamentos
a todos os tipos de instrumentos financeiros, exceto: estão sujeitos aos requisitos de derivativos embutidos deste
pronunciamento;
(a) participações em controladas, coligadas ou empreendimentos
controlados em conjunto. Entretanto, em alguns casos, o CPC 36, o (c) direitos e obrigações de empregadores em planos de benefícios a
CPC 35 ou o CPC 18 exigem ou permitem que a entidade contabilize empregados, aos quais deve ser aplicado o CPC 33;
sua participação em controlada, coligada ou empreendimento
controlado em conjunto de acordo com alguns, ou todos, requisitos (d) instrumentos financeiros emitidos pela entidade que atenderem
deste pronunciamento. As entidades devem também aplicar este à definição de instrumento patrimonial do CPC 39 (incluindo opções
pronunciamento a derivativos em participação em controlada, coligada e bônus de subscrição) ou que tiverem de ser classificados como
ou empreendimento controlado em conjunto, exceto se o derivativo instrumento patrimonial. Entretanto, normalmente o titular desses
atender à definição de instrumento patrimonial da entidade no CPC 39 instrumentos patrimoniais deve aplicar este pronunciamento a esses
– Instrumentos Financeiros: Apresentação; instrumentos, exceto se atenderem à exceção da alínea (a);

(b) direitos e obrigações previstos em arrendamentos aos quais deve (e) direitos e obrigações decorrentes de (i) contrato de seguro,
ser aplicado o CPC 06 – Operações de Arrendamento Mercantil. conforme definido no CPC 11, que não sejam direitos e obrigações da
Entretanto: emitente decorrentes de contrato de seguro que atenda à definição
de contrato de garantia financeira, ou (ii) contrato que esteja dentro
(i) os recebíveis de arrendamento reconhecidos por arrendador do alcance do CPC 11, porque contém característica de participação
estão sujeitos aos requisitos de desreconhecimento e de discricionária. Contudo, este pronunciamento deve ser aplicado a um
redução ao valor recuperável deste pronunciamento; derivativo que esteja embutido em contrato dentro do alcance do CPC

47
11 se o derivativo não for, ele próprio, um contrato dentro do alcance do compromissos de empréstimo deve aplicar os requisitos de redução
CPC 11. Além disso, se a emitente de contratos de garantia financeira ao valor recuperável deste pronunciamento a compromissos de
tiver anteriormente afirmado explicitamente que considera esses empréstimo que não estejam dentro do alcance deste pronunciamento.
contratos como contratos de seguro e tiver usado a contabilização Além disso, todos os compromissos de empréstimo estão sujeitos aos
aplicável a contratos de seguro, a emitente pode decidir aplicar este requisitos de desreconhecimento deste pronunciamento;
pronunciamento ou o CPC 11 a esses contratos de garantia financeira
(ver itens B2.5 e B2.6). A emitente pode tomar essa decisão, contrato (h) instrumentos financeiros, contratos e obrigações previstos em
a contrato, mas a decisão para cada contrato é irrevogável; transações de pagamento baseadas em ações aos quais deve ser
aplicado o CPC 10;
(f) qualquer contrato a termo entre a adquirente e o acionista vendedor
para comprar ou vender uma entidade adquirida que resultará em (i) direitos a pagamentos para reembolsar a entidade por gastos
combinação de negócios dentro do alcance do CPC 15 na data de incorridos para liquidar um passivo que reconheça como provisão de
aquisição futura. O prazo do contrato a termo não deve exceder um acordo com o CPC 25, ou para os quais, em período anterior, tenha
período razoável normalmente necessário para obter quaisquer reconhecido uma provisão de acordo com o CPC 25;
aprovações exigidas e para concluir a transação;
(j) direitos e obrigações dentro do alcance do CPC 47 – Receita de
(g) compromissos de empréstimo, exceto os compromissos de Contrato com Cliente que são instrumentos financeiros, exceto aqueles
empréstimo descritos no item 2.31. Entretanto, a emitente de que o CPC 47 especifica que devem ser contabilizados de acordo com

1
este pronunciamento.
2.3. Os seguintes compromissos de empréstimo estão dentro do alcance do CPC 48:
(a) compromissos de empréstimo que a entidade designe como passivos financeiros ao valor justo
por meio do resultado. A entidade que tenha a prática passada de vender os ativos resultantes de
seus compromissos de empréstimo logo após a concessão deve aplicar este pronunciamento a
todos os seus compromissos de empréstimo na mesma classe;
(b) compromissos de empréstimo que possam ser liquidados pelo valor líquido à vista ou pela
entrega ou emissão de outro instrumento financeiro. Esses compromissos de empréstimo são
derivativos. O compromisso de empréstimo não é considerado como liquidado pelo valor líquido
meramente pelo fato de o empréstimo ter sido pago em prestações (por exemplo, empréstimo
hipotecário para construção que seja pago em parcelas, de acordo com o progresso da construção);
(c) compromissos para fornecer empréstimo à taxa de juros abaixo do mercado.

48
instrumento financeiro, ou pela troca de instrumentos financeiros,
como se o contrato fosse um instrumento financeiro, pode ser
irrevogavelmente designado como mensurado ao valor justo
por meio do resultado, mesmo se foi celebrado para fins de
recebimento ou entrega de item não financeiro, de acordo
com os requisitos de compra, venda ou uso esperados da
entidade. Essa designação está disponível apenas no início
do contrato e apenas se eliminar ou reduzir significativamente
uma inconsistência de reconhecimento (algumas vezes referida
como descasamento contábil) que de outra forma surgiria do
O CPC 48 deve ser aplicado àqueles contratos de compra e venda de não reconhecimento desse contrato porque foi excluída do
item não financeiro que puderem ser liquidados pelo valor líquido à alcance deste pronunciamento.
vista ou por outro instrumento financeiro, ou pela troca de instrumentos
financeiros, como se os contratos fossem instrumentos financeiros,
com exceção dos contratos que foram celebrados e continuam a ser
mantidos para fins de recebimento ou entrega de item não financeiro,
de acordo com os requisitos de compra, venda ou uso esperados da
entidade. Entretanto, este pronunciamento deve ser aplicado àqueles
contratos que a entidade designa como mensurados ao valor justo por
meio do resultado de acordo com a descrição abaixo (item 2.5 do CPC
48):

O contrato para comprar ou vender um item não financeiro,


que pode ser liquidado pelo valor líquido à vista ou por outro

49
vencimento e para ativos financeiros ajustados por qualquer provisão
4. DEFINIÇÕES IMPORTANTES para perdas.

Derivativo – instrumento financeiro ou outro contrato dentro do alcance Método de juros efetivos – o método utilizado no cálculo do custo
deste pronunciamento com todas as três seguintes características: amortizado de ativo financeiro ou passivo financeiro e na alocação e
reconhecimento da receita de juros ou despesa de juros no resultado,
(a) seu valor é modificado em resposta à alteração em ao longo do período pertinente.
determinada taxa de juros, preço de instrumento financeiro,
preço de commodity, taxa de câmbio, índice de preços ou taxas, Taxa de juros efetiva – a taxa que desconta exatamente os
classificação de crédito ou índice de crédito, ou outra variável recebimentos ou pagamentos à vista futuros estimados ao longo da
(algumas vezes denominada “subjacente”), desde que, no caso vida esperada do ativo financeiro ou passivo financeiro em relação
de variável não financeira, essa variável não seja específica a ao valor contábil bruto de ativo financeiro ou ao custo amortizado
uma das partes do contrato; de passivo financeiro. Ao calcular a taxa de juros efetiva, a entidade
(b) não exige nenhum investimento líquido inicial ou investimento deve estimar os fluxos de caixa esperados, levando em consideração
líquido inicial, que seja menor do que seria necessário para todos os termos contratuais do instrumento financeiro (por exemplo,
outros tipos de contratos, que se esperaria que tivessem pagamento antecipado, extensão, opções de compra e similares),
resposta similar a alterações nos fatores de mercado; mas não deve considerar perdas de crédito esperadas. O cálculo deve
(c) seja liquidado em data futura. incluir todas as taxas e pontos, pagos ou recebidos, entre as partes do
contrato, que sejam parte integrante da taxa de juros efetiva, custos de
Custo amortizado de ativo financeiro ou passivo financeiro – o transação e todos os outros prêmios ou descontos. Há uma presunção
valor pelo qual o ativo financeiro ou passivo financeiro é mensurado de que os fluxos de caixa e a vida esperada de grupo de instrumentos
no reconhecimento inicial, menos a amortização do principal, mais financeiros similares podem ser estimados de forma confiável. Contudo,
ou menos a amortização acumulada, utilizando-se o método de juros nos casos raros em que não é possível estimar, de forma confiável, os
efetivos, de qualquer diferença entre esse valor inicial e o valor no fluxos de caixa ou a vida esperada de instrumento financeiro (ou grupo

50
de instrumentos financeiros), a entidade deve utilizar os fluxos de Custos de transação – custos incrementais diretamente atribuíveis
caixa contratuais ao longo de todo o termo contratual do instrumento à aquisição, emissão ou alienação de ativo financeiro ou passivo
financeiro (ou grupo de instrumentos financeiros). financeiro. Custo incremental é aquele que não teria sido incorrido se
a entidade não tivesse adquirido, emitido ou alienado o instrumento
Taxa de juros efetiva ajustada ao crédito – a taxa que desconta financeiro.
exatamente os recebimentos ou pagamentos à vista futuros estimados
ao longo da vida esperada do ativo financeiro, em relação ao custo Compromisso firme – contrato de venda fechado, para a troca de
amortizado do ativo financeiro, que é um ativo financeiro comprado uma quantidade determinada de recursos, a um preço determinado,
ou concedido com problemas de recuperação de crédito. Ao calcular em uma data ou datas futuras determinadas.
a taxa de juros efetiva ajustada ao crédito, a entidade deve estimar
os fluxos de caixa esperados, levando em consideração todos os Contrato de garantia financeira – contrato que exige que a emitente
termos contratuais do ativo financeiro (por exemplo, pagamento efetue determinados pagamentos para indenizar o titular por perda
antecipado, extensão, opções de compra e similares) e perdas de em que este incorrer em virtude de não pagamento, no vencimento,
crédito esperadas. O cálculo deve incluir todas as taxas e pontos, por determinado devedor, de acordo com os termos originais ou
pagos ou recebidos entre as partes do contrato, que sejam parte modificados de instrumento de dívida.
integrante da taxa de juros efetiva, custos de transação e todos os
outros prêmios ou descontos. Há uma presunção de que os fluxos de Desreconhecimento – a retirada de ativo financeiro ou passivo
caixa e a vida esperada de grupo de instrumentos financeiros similares financeiro, anteriormente reconhecido, do balanço patrimonial da
podem ser estimados de forma confiável. Contudo, nos casos raros em entidade.
que não é possível estimar, de forma confiável, os fluxos de caixa ou
a vida restante do instrumento financeiro (ou grupo de instrumentos Valor contábil bruto de ativo financeiro – custo amortizado de ativo
financeiros), a entidade deve utilizar os fluxos de caixa contratuais ao financeiro, antes do ajuste por qualquer provisão para perdas.
longo de todo o termo contratual do instrumento financeiro (ou grupo
de instrumentos financeiros).

51
Valor justo – é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou
que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação
não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração.

52
Um derivativo que é relacionado com um instrumento financeiro,
5. DERIVATIVOS EMBUTIDOS mas é contratualmente transferível de maneira independente do
instrumento, ou tem uma contraparte diferente, não é um derivativo
Um derivativo embutido é um componente de um instrumento embutido, mas um instrumento financeiro separado.
híbrido (combinado) que também inclui um contrato-mãe (principal)
não derivativo. Em resultado disso, alguns dos fluxos de caixa do Se o contrato principal é um ativo financeiro, a entidade deve
instrumento combinado variam de forma semelhante a um derivativo reconhecer e mensurar o contrato híbrido por inteiro de acordo com
isolado. os requisitos de ativos financeiros do IFRS 9.

O derivativo embutido modifica a característica dos fluxos de caixa Se o contrato principal não é um ativo financeiro (portanto, isto se
“padrão” do contrato-mãe. Essa modificação pode ser de acordo aplica a passivos financeiros), a entidade deve avaliar a existência
com uma taxa de juros especificada, preço de instrumento financeiro, de um derivativo embutido e a necessidade de sua separação de
preço de mercadoria, taxa de câmbio, índice de preços ou de taxas, acordo com as seguintes avaliações:
avaliação ou índice de crédito, ou outra variável, desde que, no caso
de variável não financeira, a variável não seja específica de uma das (a) as características econômicas e os riscos do derivativo
partes do contrato. embutido não estiverem intimamente relacionados com as
características econômicas e os riscos do contrato principal;
• Derivativos embutidos (b) o instrumento separado com as mesmas características que
Se o derivativo embutido precisar ser separado, a entidade o derivativo embutido satisfizer a definição de derivativo; e
deve: (c) o instrumento híbrido (combinado) não for medido pelo
i) classificar o derivativo de acordo com os requisitos do IFRS 9; valor justo com as alterações no valor justo reconhecidas no
ii) contabilizar o contrato principal de acordo com outros IFRSs. resultado.

53
Sim
O contrato é classificado
com VJPR?
Contratos Híbridos
Não

Não
Seria um derivativo se Não recebe tratamento
Contrato principal é Contrato principail não estiver sozinho? de derivativo embutido
ativo financeiro é ativo financeiro
Sim

As características econômicas e Sim


riscos do derivatico embutido são
Não há separação fortemente relacionadas com as do
Separa o derivativo
Trata o contrato todo contrato principal (host contract)?
embutido do
de acordo com as
contrato principal Não
categorias do CPC 48

Recebe tratamento de derivatvo embutido e deve ser


separado do contrato principal (host contract)

Fonte: Galdi et al (2017)

54
Exemplo
A entidade Zeta emitiu um título de dívida que é conversível
nas ações ordinárias da empresa Yota. O contrato híbrido é
o título conversível, o contrato-mãe é o título e o derivativo
embutido é a cláusula de conversibilidade.

55
RECONHECIMENTO E DESRECONHECIMENTO Classificação e Mensuração

1. RECONHECIMENTO INICIAL Mensuração Inicial


Uma entidade deve reconhecer um ativo ou passivo financeiro no
A entidade deve reconhecer o ativo financeiro ou o passivo financeiro reconhecimento inicial pelo seu valor justo mais ou menos os custos de
nas suas demonstrações contábeis quando, e apenas quando, a transação que sejam diretamente atribuíveis à aquisição ou emissão
entidade se tornar parte das disposições contratuais do instrumento. do ativo financeiro ou passivo financeiro, com exceção dos itens
classificados na categoria de valor justo por meio do resultado. No
Ao reconhecer, pela primeira vez, um ativo financeiro, a entidade deve caso de instrumentos financeiros ao valor justo por meio do resultado,
classificá-lo de acordo com a avaliação do modelo de negócios da o reconhecimento inicial é realizado somente pelo valor justo, e os
entidade para a gestão dos ativos financeiros e das características custos de transação são lançados diretamente no resultado.
de fluxo de caixa contratual do ativo financeiro. A depender desta
avaliação, o ativo financeiro será classificado em uma das categorias
No reconhecimento inicial, espera-se que o valor justo de um ativo ou
existentes, veja a seguir.
passivo financeiro seja o próprio valor da transação, e como veremos
mais à frente, há três categorias para a classificação dos ativos
financeiros:

• Valor justo por meio do resultado (VJPR)


• Valor justo por meio de outros resultados abrangentes (VJORA)
• Custo Amortizado (CA)

Também é importante lembrar que os recebíveis de clientes deverão


ser mensurados pelo próprio valor da transação, exceto se tiverem um

56
componente de financiamento significativo, situação em que os fluxos Nas situações em que o valor justo diferir do valor de reconhecimento
de caixa deverão ser trazidos a valor presente. inicial de um instrumento financeiro, essa diferença deve ser
contabilizada como um ganho ou perda (DRE), no caso de instrumentos
O valor justo somente será diferente do valor da transação quando financeiros mensurados sob o nível 1 da hierarquia do valor justo ou
houver favorecimento sobre alguma das partes, ou seja, quando as sob técnica que utilize somente dados observáveis. Nos demais casos,
condições negociadas diferem daquelas usuais de mercado. Isso a entidade somente reconhecerá essa diferença diferida como um

ocorre, por exemplo, em quando uma entidade, por uma razão qualquer, ganho ou perda na medida em que ela resultar de uma mudança em

concede um financiamento sem juros a um cliente ou fornecedor. um fator que os participantes do mercado levariam em consideração
ao precificar o ativo ou o passivo.

Os custos de transação são aqueles que não existiriam caso a entidade


É preciso estar atento com esta relação direta, pois existem gastos na
não tivesse contratado o instrumento financeiro, ou seja, são custos
cadeia financeira das entidades que estão relacionadas com uma ou
incrementais. Cada situação tem o potencial de produzir custos de
com várias transações. Existem gastos relacionados com a criação
transação diferentes, porém, arriscaremos mencionar alguns exemplos:
de estrutura para operar com determinados produtos. Esses gastos
estruturais podem ser entendidos como os gastos pré-operacionais
• Gastos com elaboração de prospectos, publicidade, relatórios
relacionados no pronunciamento que versa sobre ativos intangíveis
e road show em uma captação;
entre exemplos de gastos a serem reconhecidos como despesa
• Remuneração de variável de funcionários ou terceiros
quando incorridos.
diretamente relacionada com um instrumento financeiro;
• Taxas e comissões relacionadas com a transação;
• Seguros exigidos pelas instituições financeiras para garantir
um contrato;
• IOF sobre operação de crédito;
• Taxa para consultar a avaliação de crédito da contraparte em
uma transação.

57
um passivo na data da mensuração, ou seja, representa um valor de
saída. Essa definição incorpora expectativas presentes sobre fluxos de
entrada futuros, associados com o ativo e fluxos de saída associados
com o passivo, sob a perspectiva dos participantes do mercado.

De forma bem simplista, diz-se que o valor justo é um valor de mercado.


No entanto, é inadequado usar essa menção como definição, pois
nem todo ativo ou passivo possui um mercado secundário ativo. Em
algumas situações, é importante estimar o valor de realização de um
ativo ou de um passivo, e quando não há um mercado ativo, o campo
da subjetividade aumenta, pois utilizam-se estimativas de qual seria
Mensuração Subsequente
o valor de venda do ativo ou passivo na hipótese da sua venda ou
Após o reconhecimento inicial, um instrumento financeiro deve ser
transferência.
mensurado recorrentemente ao valor justo ou ao custo amortizado,
dependendo da categoria em que estiver classificado.
Na prática, o valor justo é uma representação do valor de mercado.
Basicamente, quando há mercado ativo, deve-se utilizar as cotações
As duas formas de mensuração fazem com que o instrumento financeiro
negociadas para a determinação do valor justo de um determinado
seja reportado em valores atualizados, tentando representar da forma
ativo ou passivo. Por outro lado, em situações em que as cotações
mais adequada o potencial de geração de benefícios econômicos
de mercado não estão disponíveis, deve-se utilizar modelos de
futuros do ativo financeiro ou de consumo de recursos do passivo
apreçamento consubstanciados na teoria e na literatura de precificação
financeiro.
de instrumentos financeiros.

Valor Justo
No IFRS 13/CPC 46, de maneira mais formal, o valor justo é definido
O objetivo da mensuração por valor justo é determinar o valor que
como o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou pago
seria recebido na venda de um ativo ou pago pela transferência de

58
pela transferência de um passivo, em uma transação ordenada entre evidencia os instrumentos financeiros por nível), o nível mais baixo
participantes do mercado na data da mensuração. de entrada (menos observável), desde que tenha impacto significativo
sobre a avaliação do item como um todo.
Para aumentar a consistência e a comparabilidade da mensuração a
valor justo e divulgações relacionadas, as entradas para técnicas de A disponibilidade de dados de entradas relevantes, assim como a
avaliação são divididas em três grandes níveis. confiabilidade dessas entradas, impacta diretamente na escolha de
uma técnica de avaliação adequada. No entanto, a hierarquia do valor
justo prioriza as entradas, e não as técnicas.

Nível 1
Cotações Por exemplo, uma medida de valor justo usando a técnica de valor
presente pode ser considerada como nível 2 ou nível 3, dependendo das
Nível 2 entradas relevantes que forem utilizadas para compor a mensuração.
Inputs observáveis
Para resumir o assunto, a figura que segue ilustra o processo de
determinação da classificação em níveis da hierarquia do valor justo:
Nível 3
Inputs não observáveis

A prioridade mais alta é dada para preços cotados em mercados ativos


para ativos, e passivos idênticos aos avaliados pela entidade (Nível 1)
e prioridade mais baixa às entradas não observáveis (Nível 3).

Em alguns casos, um mesmo ativo pode ser mensurado com a


utilização de entradas de diferentes níveis da hierarquia, porém, deve-
se pensar em considerar, para fins de divulgação (nota explicativa que

59
Para instrumentos financeiros de taxa flutuante, a reestimativa periódica
Preço cotado para um Sim Não
item idêntico em Preço é ajustado Nível 1 dos fluxos de caixa para refletir os movimentos nas taxas de juros de
mercado ativo
mercado altera a taxa de juros efetiva (IFRS 9/CPC 48.B5.4.5).
Sim
Não

Há inputs não
Se uma entidade revisa suas estimativas de pagamentos ou
Não
observáveis Nível 2
significativos? recebimentos, excluindo modificações nas estimativas de perdas de
crédito, ela ajustará o valor contábil bruto do instrumento financeiro
ao custo amortizado para refletir fluxos de caixa contratuais estimados
Sim
Nível 3 atuais e revisados. Esse novo valor contábil bruto será o valor presente
dos fluxos de caixa contratuais futuros estimados que são descontados

Fonte: KPMG (2011, p. 28)1 – Tradução livre. à taxa de juros efetiva original do instrumento financeiro (ou taxa de
juros efetiva ajustada ao crédito para ativos financeiros comprados
ou originados com problemas de recuperação de crédito). O ajuste é
Mensuração ao custo amortizado
reconhecido no resultado do exercício.

Método de juros efetivos


Custo amortizado de ativo ou passivo financeiro é o montante pelo qual
Uma entidade amortiza quaisquer taxas, pontos pagos ou recebidos,
o ativo ou o passivo financeiro é mensurado em seu reconhecimento
custos de transação, prêmios e descontos ao longo da vida esperada
inicial, menos as amortizações de principal, mais ou menos juros
do instrumento financeiro.
acumulados calculados com base no método da taxa de juros efetiva
menos qualquer redução (direta ou por meio de conta de provisão) por
ajuste ao valor recuperável ou impossibilidade de recebimento.

2 KPMG. First Impressions: Fair value measurement. UK: junho 2011. Disponível em: https://home.
kpmg.com/content/dam/kpmg/pdf/2011/06/First-Impressions-O-1106-Fair-value-measurement.
pdf. Acesso em: 11 dez. 2017.

60
Método da taxa efetiva de juros é o método utilizado para calcular o O custo amortizado é calculado pelo método dos juros efetivos. A
custo amortizado de ativo ou de passivo financeiro (ou grupo de ativos taxa efetiva de juros inerente a um instrumento financeiro é a taxa
ou de passivos financeiros) e de alocar a receita ou a despesa de que desconta exatamente os fluxos de caixa estimados associados
juros no período relevante. A taxa efetiva de juros (taxa interna de ao instrumento financeiro ao longo do prazo estimado do instrumento
retorno) é a taxa de desconto que, aplicada sobre os pagamentos ou financeiro ou, quando apropriado, um período mais curto. O cálculo
recebimentos futuros estimados ao longo da expectativa de vigência inclui todas as comissões e itens pagos ou recebidos que são parte

do instrumento financeiro ou, quando apropriado, por um período mais integrante da taxa efetiva de juros, custos de transação diretamente

curto, resulta no valor contábil líquido do ativo ou passivo financeiro. atribuíveis e todos os demais prêmios e descontos.

Ao calcular a taxa efetiva de juros, a entidade deve estimar os fluxos


de caixa considerando todos os termos contratuais do instrumento Classificação de Ativos Financeiros
O IFRS 9/CPC 48 prevê três classificações distintas para ativos
financeiro (por exemplo, liquidação antecipada, opções de compra e
financeiros, as quais têm por base tanto o modelo de negócios da
derivativos semelhantes), mas não deve considerar perdas de crédito
entidade para a gestão desses ativos, quanto as características de
futuras. O cálculo deve incluir todas as comissões pagas ou recebidas
fluxos de caixa contratuais do ativo (IFRS 9/CPC 48.4.1.1):
entre as partes do contrato, os custos de transação e todos os outros
prêmios ou descontos. Há a premissa de que os fluxos de caixa e a
a. Ativos financeiros mensurados subsequentemente ao custo
vida esperada de um grupo de instrumentos financeiros semelhantes
amortizado (CA);
podem ser confiavelmente estimados. Contudo, naqueles raros casos
b. Ativos financeiros ao valor justo por meio de outros resultados
em que não é possível estimar confiavelmente os fluxos de caixa ou
abrangentes (VJORA);
a vida esperada de instrumento financeiro (ou grupo de instrumentos
c. Ativos financeiros ao valor justo por meio dos resultados
financeiros), a entidade deve utilizar os fluxos de caixa do contrato ao
(VJPR).
longo de todo o prazo do contrato do instrumento financeiro (ou grupo
de instrumentos financeiros).
Teste SPPJ
O primeiro passo na classificação de ativos financeiros é a determinação

61
se ele é formado somente por pagamentos de principal e juros (SPPJ), exposição a mudanças no preço de ações ou commodities, não são
o que tem sido chamado de teste dos fluxos de caixa contratuais, SPPI considerados SPPJ.
Test ou Teste SPPJ.
A análise das características dos fluxos de caixa contratuais, para
Para ativos financeiros que são instrumentos de dívida serem saber se são SPPJ ou não, é feita na moeda na qual o ativo financeiro
mensurados ao custo amortizado ou ao valor justo por meio de outros é denominado.
resultados abrangentes, seus termos contratuais devem originar fluxos
de caixa que são somente pagamentos de principal e juros (SPPJ ou, Modelo de Negócios
em inglês, SPPI – Solely Payments of Principal and Interest). Ativos financeiros ao custo amortizado devem ser mantidos sob um
modelo de negócios cujo objetivo é manter os ativos para receber seus
Para esse propósito, consideramos que o principal é igual ao valor fluxos de caixa contratuais.
justo do ativo financeiro no reconhecimento inicial, no entanto, esse
principal pode sofrer mudanças ao longo da sua vida, por exemplo, Ativos financeiros ao valor justo por meio de outros resultados
com o recebimento de parte do principal que esteja embutida nas abrangentes devem ser mantidos sob um modelo de negócios cujo
parcelas. objetivo é atendido tanto com o recebimento de fluxos de caixa
contratuais, como com a venda dos ativos.
Os juros são considerados como uma compensação pelo valor do
dinheiro no tempo, pelo risco de crédito associado com o principal Ativos financeiros mantidos sob outros modelos de negócios devem
durante certo período e outros riscos e custos de empréstimos. Os ser mensurados ao valor justo por meio do resultado.
juros podem embutir uma margem para compensar riscos básicos de
empréstimos, como risco de crédito e risco de liquidez, por exemplo, O modelo de negócios deve refletir como os grupos ativos financeiros

ou mesmo custos administrativos. No entanto, fluxos de caixa que não são gerenciados para atingir um objetivo comercial específico. O modelo

são relacionados com esses riscos básicos de empréstimos, como de negócios da entidade não depende das intenções da administração
em relação a um instrumento individual, embora uma entidade possa

62
ter mais de um modelo de negócios. Assim, a classificação não precisa e, em particular, a forma como esses riscos são gerenciados; e
ser determinada no nível que a entidade reporta, e uma entidade pode c. Como os gestores do negócio são remunerados.
deter uma carteira de investimentos da qual ela espera receber seus
fluxos de caixa contratuais e uma outra que ela gerencia afim de
negociar para realizar mudanças positivas no valor justo.

O modelo de negócios de uma entidade determina se seus fluxos de


caixa resultarão do recebimento de fluxos de caixa contratuais, venda
de ativos financeiros ou ambos. Se uma entidade espera vender uma
carteira de ativos financeiros somente em um cenário de estresse, esse
cenário não deve afetar sua avaliação sobre o modelo de negócios,
uma vez que ela espera que esse cenário não ocorra. Se a realização
de ativos financeiros ocorre de forma diferente daquela esperada pela
entidade, isso não deve ser interpretado como erro de período anterior
e não altera a classificação dos ativos financeiros remanescentes.
Contudo, ao avaliar o modelo de negócios para novos ativos financeiros,
uma entidade deve considerar seu histórico de realização.

As evidências que sustentam um modelo de negócios incluem, entre


outras coisas:

a. Como o desempenho do modelo e os ativos financeiros são


avaliados e reportados à administração da entidade;
b. Os riscos que afetam o desempenho do modelo de negócios

63
Ativo Financeiro dentro do escopo do IFRS 9

O ativo é um Os fluxos de caixa O modelo de


investimento em contratuais do ativo negócio tem como
Instrumento representam juros e objetivo coletar os
Patrimonial? principal? fluxos de caixa?

O modelo de negócio tem


É mantido para como objetivo coletar os
negociação? fluxos de caixa e negociar
os ativos financeiros?

A empresa deseja
usar a opção do
ORA
(irrevogável)?

VJORA VJPR VJORA CA


Instr. Patrimonial Instr. de dívida

64
PADRÃO: PASSIVOS FINANCEIROS AO CUSTO AMORTIZADO

Contraprestação em uma
Derivativos
combinação de negócios

Passivos resultantes de Compromissos de fornecer


transferência de ativos VJPR Exceções empréstimos abaixo da taxa
não qualificados para baixa de mercado

Garantia financeira:
Maior entre PCLD e valor da Opção pelo VJPR
receita diferida

Fonte: Galdi et al (2017)

65
Em todos os outros casos, aplica-se ao ativo financeiro (ou a um grupo
2. DESRECONHECIMENTO DE ATIVO FINANCEIRO de ativos financeiros semelhantes) na sua totalidade.

Antes de avaliar se, e até que ponto, o desreconhecimento é A entidade deve desreconhecer um ativo financeiro quando, e apenas
apropriado, a entidade determina se esses itens devem ser aplicados quando:
a uma parte de ativo financeiro (ou a uma parte de grupo de ativos
financeiros semelhantes) ou a um ativo financeiro (ou a um grupo de (a) os direitos contratuais aos fluxos de caixa de ativo financeiro
ativos financeiros semelhantes) na sua totalidade. expiram; ou
(b) ela transfere o ativo financeiro, e a transferência se qualifica
Quando se aplica a uma parte de ativo financeiro (ou a uma parte de para desreconhecimento.
grupo de ativos financeiros semelhantes):
A entidade transfere um ativo financeiro se, apenas se:
(i) a parte compreende apenas fluxos de caixa especificamente
identificados resultantes de ativo financeiro (ou de grupo de (a) transferir os direitos contratuais de receber os fluxos de caixa

ativos financeiros semelhantes). do ativo financeiro; ou

(ii) a parte compreende apenas percentagem (pro rata) (b) retiver os direitos contratuais de receber fluxos de caixa do

totalmente proporcional dos fluxos de caixa resultantes de ativo ativo financeiro, mas assumir a obrigação contratual de pagar
os fluxos de caixa a um ou mais destinatários.
financeiro (ou de grupo de ativos financeiros semelhantes).
(iii) a parte compreende apenas uma parte totalmente
Quando a entidade retém os direitos contratuais de receber os
proporcional (pro rata) dos fluxos de caixa especificamente
fluxos de caixa de ativo financeiro (ativo original), mas assume a
identificados de ativo financeiro (ou de grupo de ativos
obrigação contratual de pagar esses fluxos de caixa a uma ou mais
financeiros semelhantes).
entidades (destinatários finais), a entidade trata a transação como uma
transferência de ativo financeiro se, e apenas se:

66
(a) a entidade não tem qualquer obrigação de pagar quantias aos (a) se a entidade transferir substancialmente todos os riscos e
destinatários finais a menos que receba quantias equivalentes benefícios da propriedade do ativo financeiro, a entidade deve
do ativo original. Os adiantamentos a curto prazo pela entidade desreconhecer o ativo financeiro e reconhecer separadamente
com o direito de total recuperação da quantia emprestada como ativos ou passivos quaisquer direitos e obrigações criados
acrescida dos juros às taxas de mercado não violam essa ou retidos com a transferência;
condição; (b) se a entidade retiver substancialmente todos os riscos e
(b) a entidade está proibida pelos termos do contrato de benefícios da propriedade do ativo financeiro, a entidade deve
transferência de vender ou penhorar o ativo original, a não ser continuar a reconhecer o ativo financeiro;
como garantia aos destinatários finais pela obrigação de lhes (c) se a entidade não transferir nem retiver substancialmente
pagar fluxos de caixa; todos os riscos e benefícios da propriedade do ativo financeiro,
(c) a entidade tem a obrigação de remeter qualquer fluxo de a entidade deve determinar se reteve o controle do ativo
caixa que receba em nome dos destinatários finais sem atrasos financeiro.
significativos. Além disso, a entidade não tem o direito de
reinvestir esses fluxos de caixa, exceto no caso de investimentos
em dinheiro ou seus equivalentes durante o curto período de
liquidação desde a data de recebimento até a data de entrega
exigida aos destinatários finais, e os juros recebidos como
resultado desses investimentos são passados aos destinatários
finais.

Quando a entidade transfere um ativo financeiro, deve avaliar até


que ponto ela retém os riscos e benefícios da propriedade do ativo
financeiro. Nesse caso:

67
Situação Tratamento Contábil são feitos usando como taxa de desconto a taxa de juros de mercado
(1) O vendedor retém substancialmente Continua-se a reconhecer o corrente apropriada. Toda a variabilidade razoavelmente possível nos
todos os riscos e os benefícios. ativo transferido. Qualquer
valor recebido é tratado fluxos de caixa líquidos é considerada, sendo atribuído maior peso aos
como empréstimo recebido. resultados que sejam mais prováveis de ocorrer.
(2) A entidade transferiu Há a baixa do ativo
substancialmente todos os riscos transferido. O vendedor
e os benefícios da propriedade do reconhece os resultados Se aquele que recebe a transferência tiver capacidade prática para
ativo transferido. de ganho/perda com a
transferência. vender o ativo na sua totalidade a um terceiro não relacionado e for
(3) A entidade não O vendedor Continua-se a reconhecer capaz de exercer essa capacidade unilateralmente e sem necessitar
transferiu ou manteve mantém o o ativo transferido na
substancialmente controle medida que o envolvimento impor restrições adicionais sobre a transferência, a entidade não reteve
todos os riscos e do vendedor com o ativo o controle. Em todos os outros casos, a entidade reteve o controle.
os benefícios da continua. O vendedor
propriedade do ativo reconhece os ganhos/
transferido. perdas para as partes
que se qualificam para o Transferências que se qualificam para desreconhecimento:
desreconhecimento.
O vendedor Há baixa do ativo
perdeu o transferido. O vendedor
Se a entidade transferir um ativo financeiro em transferência que se
controle reconhece os resultados qualifique para desreconhecimento na sua totalidade e retiver o direito
de ganho/perda com a
transferência. de prestar serviço de administração ao ativo financeiro em troca de
comissões, ela deve reconhecer um ativo de serviço ou um passivo

A transferência de riscos e benefícios é avaliada por comparação de serviço para esse contrato de serviço. Se não se espera que as

da exposição da entidade, antes e depois da transferência, com a comissões a receber compensem a entidade adequadamente pela

variabilidade das quantias e a distribuição dos fluxos de caixa líquidos realização do serviço, deve-se reconhecer um passivo de serviço

do ativo transferido. É necessário calcular e comparar a exposição da para a obrigação de serviço, pelo seu valor justo. Se espera-se que

entidade à variabilidade do valor presente dos fluxos de caixa líquidos as comissões a serem recebidas sejam mais do que a compensação

futuros, antes e depois da transferência. O cálculo e a comparação adequada pelo serviço, deve-se reconhecer um ativo de serviço para

68
o direito por serviço por quantia determinada na base da alocação da reconhecida, com base nos valores justos relativos dessas partes
quantia escriturada do ativo financeiro maior. na data da transferência. Para essa finalidade, um ativo de serviço
retido deve ser tratado como parte que continua a ser reconhecida. A
Se, como resultado de transferência, o ativo financeiro for diferença entre:
desreconhecido na sua totalidade, mas a transferência resultar na
obtenção pela entidade de novo ativo financeiro ou de novo passivo (a) a quantia escriturada alocada para parte desreconhecida; e
financeiro, ou um passivo de serviço, a entidade deve reconhecer o (b) a soma de (i) a retribuição recebida pela parte não reconhecida
novo ativo financeiro, passivo financeiro ou passivo de serviço pelo (incluindo qualquer novo ativo obtido menos qualquer novo
seu valor justo. passivo assumido) e (ii) qualquer ganho ou perda cumulativo
alocado a ela que tenha sido reconhecido diretamente em outros
No desreconhecimento de ativo financeiro na sua totalidade, a diferença resultados abrangentes deve ser reconhecida no resultado.
entre:
Quando não há cotações de preços ou transações de mercado recentes
(a) a quantia escriturada e para dar suporte ao valor justo da parte que continua a ser reconhecida,
(b) a soma de (i) a retribuição recebida (incluindo qualquer a melhor estimativa do valor justo é a diferença entre o valor justo do
novo ativo obtido menos qualquer novo passivo assumido) ativo financeiro maior como um todo e a retribuição recebida de quem
e (ii) qualquer ganho ou perda cumulativo que tenho sido recebeu a transferência pela parte que é desreconhecida.
reconhecido diretamente em outros resultados abrangentes
deve ser reconhecida no resultado. Transferências que não se qualificam para desreconhecimento:
Se a transferência não resultar em desreconhecimento porque
Se o ativo transferido fizer parte de ativo financeiro maior e a parte a entidade reteve substancialmente todos os riscos e benefícios
transferida se qualificar para desreconhecimento na sua totalidade, a da propriedade do ativo transferido, a entidade deve continuar a
quantia escriturada anterior do ativo financeiro maior deve ser alocada reconhecer o ativo transferido na sua totalidade e deve reconhecer um
entre a parte que continua a ser reconhecida e a parte que é não passivo financeiro pela retribuição recebida. Em períodos posteriores,

69
a entidade deve reconhecer qualquer rendimento do ativo transferido Se o ativo transferido for medido pelo custo amortizado, a opção deste
e qualquer gasto incorrido como passivo financeiro. Pronunciamento de designar um passivo financeiro ao valor justo por
meio do resultado não se aplica ao passivo associado.
Envolvimento continuado em ativos transferidos:
Se a entidade não transferir nem retiver substancialmente todos os
riscos e benefícios da propriedade de ativo transferido e retiver o
controle do ativo transferido, a entidade continua a reconhecer o ativo
transferido até o ponto do seu envolvimento continuado. A medida do
envolvimento continuado da entidade no ativo transferido é o ponto
até o qual ela está exposta a alterações no valor do ativo transferido.
Quando a entidade continua a reconhecer um ativo na medida do seu
envolvimento continuado, a entidade também reconhece um passivo
associado.
Exemplo – Baixa parcial de ativos financeiros
A entidade deve continuar a reconhecer qualquer rendimento resultante • O banco F vende sua carteira de crédito que tem um valor
do ativo transferido na medida do seu envolvimento continuado e deve contábil de $100.000 por $98.000.
reconhecer qualquer gasto incorrido com o passivo associado.
• O banco dá uma garantia (coobrigação) de $1.000 para
compensar o comprador de possíveis perdas de crédito
Se o envolvimento continuado da entidade for apenas na parte de
(assumindo que não existam outros riscos). O contrato
ativo financeiro, a entidade aloca a quantia escriturada anterior do
estabelece que o banco tem que aprovar a revenda dos
ativo financeiro entre a parte que continua a reconhecer segundo o
recebíveis.
envolvimento continuado e a parte que deixou de reconhecer na base
na proporção dos valores justos relativos dessas partes na data da • As perdas esperadas com base nas perdas históricas são de

transferência. $2.500.

70
D – Caixa 98.000
D – Perda na Venda 2.000
C – Operações de Crédito 99.000
C – Coobrigação sem ativo vendido 1.000

Todas as transferências:
Se o ativo transferido continua a ser reconhecido, o ativo e o passivo
associado não devem ser compensados.

Se quem transfere proporcionar garantias não monetárias (como


instrumentos de dívida ou patrimoniais) a quem recebe a transferência,
a contabilização das garantias por quem transfere e por quem recebe a
transferência depende de se quem recebe a transferência tem o direito
de vender ou voltar a penhorar a garantia e se quem transfere incorreu
em inadimplência.

71
3. COMPRA OU VENDA REGULAR DE ATIVO FINAN-
CEIRO

A compra ou venda regular de ativos financeiros deve ser reconhecida


e desreconhecida, conforme aplicável, usando a contabilização pela
data da negociação ou pela data de liquidação.

72
diferença do valor de recompra (renegociado) e o valor contábil do
4. DESRECONHECIMENTO DE PASSIVO FINANCEIRO passivo financeiro.

A entidade deve remover um passivo financeiro (ou parte de passivo O pronunciamento dispõe:
financeiro) de sua demonstração contábil quando, e apenas quando,
for extinto – isto é, quando a obrigação especificada no contrato for os termos são substancialmente diferentes se o valor presente
retirada, cancelada ou expirar. descontado dos fluxos de caixa de acordo com os novos
termos, incluindo quaisquer taxas pagas líquidas de quaisquer
A troca entre tomador e fornecedor de empréstimos existentes e tomador taxas recebidas e descontadas usando a taxa de juros efetiva
e fornecedor de instrumentos de dívida com termos substancialmente original, for pelo menos 10% diferente do valor presente
diferentes deve ser contabilizada como extinção do passivo financeiro descontado dos fluxos de caixa restantes do passivo financeiro
original e reconhecimento de novo passivo financeiro. De modo original. Se a troca de instrumentos de dívida ou modificação
similar, uma modificação substancial nos termos de passivo financeiro de termos for contabilizada como extinção, quaisquer custos
existente ou de parte dele (quer seja atribuível à dificuldade financeira ou taxas incorridos devem ser reconhecidos como parte do
do devedor, quer não) deve ser contabilizada como extinção do passivo ganho ou perda na extinção. Se a troca ou modificação não
financeiro original e reconhecimento de novo passivo financeiro. for contabilizada como extinção, quaisquer custos ou taxas
incorridos devem ajustar o valor contábil do passivo e devem ser
Nestes casos, deve-se computar os ganhos/perdas no resultado do amortizados ao longo do prazo restante do passivo modificado
exercício com a extinção dos passivos financeiros como a diferença do (grifo nosso).
valor contábil da dívida antiga para o valor justo inicial (mais custos de
transação) da dívida nova.

Se a entidade recomprar parte de seu passivo financeiro, a entidade


deve computar os ganhos/perdas no resultado do exercício pela

73
elementos que façam sentido na previsão de recebimentos da
REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS companhia.
FINANCEIROS
Em termos gerais, os ativos financeiros primariamente sujeitos a essa
IMPAIRMENT TEST abordagem são aqueles mensurados ao custo amortizado como, por
exemplo, recebíveis no escopo do CPC 47/IFRS 15. Isso porque ativos
1. INTRODUÇÃO
mensurados a custo amortizado não capturam eventuais deteriorações
no risco de crédito das contrapartes liquidantes, ou seja, dos clientes.
De acordo com o CPC 48 (IFRS 9), as entidades passarão, a partir
da vigência desse normativo, a ter de reconhecer uma provisão para
Adicionalmente, o teste de impairment também deverá contemplar
perdas de crédito esperadas. Em linhas gerais, essa abordagem
ativos financeiros que mensurados ao valor justo por meio de outros
diferencia-se da preconizada pelo CPC 38 (IAS 39) à medida que exige
resultados abrangentes, cujo modelo de negócios da entidade e o teste
das organizações que as perdas de crédito sejam contabilizadas, não
do pagamento de principal e juros indiquem, sejam mantidos com o fim
no momento em que de fato ocorre o inadimplemento, mas de maneira
de receber fluxos de caixa contratuais, mesmo que a entidade tenha
prospectiva, isto é, em função da expectativa do não recebimento.
optado por mensurá-los a valor justo com efeitos no PL. Entretanto,
a provisão para perdas deve ser reconhecida em outros resultados
De uma maneira geral, é possível destacar que esse método é mais
abrangentes e não deve reduzir o valor contábil do ativo financeiro no
conservador do que o modelo até então praticado, pois, reconhece de
balanço patrimonial.
forma antecipada perdas que ainda não ocorreram. Adicionalmente, a
aplicação de tal abordagem deverá levar em consideração elementos
passados como, por exemplo, a experiência de inadimplemento
da entidade conjugados a fatores econômicos, tais como: taxa de
desemprego, desempenho do PIB, curvas de juros, dentre outros

74
um incremento na inadimplência que leve à rentabilidade da carteira
2. ABORDAGEM GERAL para um novo patamar de 5%.

De acordo com o item 5.5.4 do CPC 48, “o objetivo da redução ao valor Com base nessas informações, Alfa projeta que o efeito do não
recuperável é reconhecer perdas de crédito esperadas para todos os recebimento nominal decorrente do inadimplemento esperado seja de:
instrumentos financeiros para os quais houve aumentos significativos ($130.000 x 9%) – ($130.000 x 6%) = 3.900 ao ano. Entretanto, esse
no risco de crédito desde o reconhecimento inicial, avaliados de forma ainda não é o valor contabilizável, pois, no momento t0, Alfa espera
individual ou coletiva, considerando todas as informações razoáveis e que, em t1, haja um default de $ 3.900, bem como um novo default
sustentáveis, incluindo informações prospectivas”. Adicionalmente, se de $ 3.900 em t2, portanto, para que se registre corretamente o valor
na data do relatório, o risco de crédito de instrumento financeiro não em t0 da perda de crédito esperada, é necessário que se traga a valor
tiver aumentado significativamente desde o reconhecimento inicial, a presente ambos os números. Para tanto, deve ser utilizada uma taxa
entidade deve mensurar a provisão para perdas para esse instrumento de juros livre de risco. Nessa ocasião, suponha que a taxa de juros
financeiro ao valor equivalente às perdas de crédito esperadas para 12 livre de risco seja de 4%. Logo:
meses.
Valor Presente de t1 em t0 = 3.900 / 1,04 = 3.750,00
A título exemplificativo, suponha que a Companhia Alfa possui Valor Presente de t2 em t0 = 3.900 / (1,042) = 3.605,77
uma carteira de dez ativos financeiros no valor de $ 130.000, mais
especificamente, títulos de dívidas, os quais são mensurados ao custo O somatório de ambos os valores perfaz uma perda esperada na ordem
amortizado. Tais títulos são remunerados por uma taxa de juros simples de $7.355,77, devendo ser debitado na linha de despesa com perdas
prefixada de 9% ao ano e possuem maturidade de dois anos. Nenhuma esperadas de crédito no resultado, em contrapartida a um crédito no
perda por ajuste ao valor recuperável foi reconhecida anteriormente e, ativo na rubrica de perdas esperadas.
no começo do ano, a Empresa verifica que o segmento em que os
tomadores de créditos atuam tem passado por problemas econômicos, A ideia geral por trás dessa metodologia é permitir que os ativos
dessa forma, Alfa a partir de suas análises de crédito espera que haja financeiros mensurados a custo amortizado possam representar

75
eventuais deteriorações na capacidade de pagamento dos devedores. econômicas do setor em que operam seus devedores tenham
Portanto, somente por meio de uma abordagem prospectiva, seria melhorado, de tal sorte que agora as perdas esperadas elevem a taxa
possível alcançar tal intuito. de retorno dos iniciais 6% para 8%. Competirá à Alfa realizar a revisão
de suas provisões pelo seguinte cálculo:
No reconhecimento inicial, a entidade deverá reconhecer uma provisão
para perda de crédito que equivalha às expectativas de default dos ($130.000 x 9%) – ($130.000 x 8%) = 1.300 ao ano
próximos 12 meses. Posteriormente, se o risco de crédito se elevar, Valor Presente de t2 em t1 = 1.300 / 1,04 = 1.250,00
deverá ser reconhecida uma perda que reflita toda a vida do ativo
financeiro. Igualmente, o CPC 48 indica que a entidade poderá realizar o teste
de impairment de forma coletiva, em vez de individualmente, como no
De acordo com o modelo proposto, existe uma presunção refutável de caso do exemplo de Alfa em que fora calculado o valor da provisão
que se deve calcular as perdas esperadas durante toda a vida do ativo para uma carteira de 10 ativos financeiros.
financeiro se este se encontrar vencido a mais de 30 dias. Se trata
de uma presunção refutável, pois outras evidências de solvência do A abordagem geral tem sido costumeiramente chamada de abordagem
instrumento podem derrubá-la, como, por exemplo, garantias dadas de três estágios, isso porque no reconhecimento inicial de um
em favor do detentor desse ativo em atraso. ativo financeiro uma entidade reconhece a perda esperada para os
próximos 12 meses no caso de ativos que não apresentem problemas
Se a qualidade do crédito posteriormente melhorar e o critério das de recuperação. O reconhecimento da receita financeira desse ativo
perdas de crédito esperadas durante toda a vida já não for cumprido, no resultado é realizado por meio da multiplicação entre a taxa de juros
a perda de crédito retorna a uma base de perda de crédito esperada efetiva e o custo amortizado do ativo.
de 12 meses.
Posteriormente, no segundo estágio, a entidade deverá avaliar se há
Ainda utilizando como referência o exemplo listado acima sobre a indicações diretas ou indiretas de deterioração na qualidade de crédito
Companhia Alfa, suponha que, ao término do ano 1, as condições desse ativo, caso haja indicações indiretas de que o ativo financeiro se

76
tornou menos solvente, então, a entidade deverá reconhecer a perda
esperada tomando como prazo toda a vida útil desse ativo financeiro.
O reconhecimento da receita de juros permanecerá sendo realizado
por meio da multiplicação entre a taxa de juros efetiva da operação e o
custo amortizado do ativo.

Entretanto, caso haja indicações diretas subsequentes de que o risco


de crédito do ativo piorou, a entidade também deverá reconhecer uma
provisão para perdas esperadas pela vida toda do ativo financeiro,
todavia, agora passará a registrar a receita financeira por meio da
multiplicação da taxa de juros efetiva pelo custo amortizado líquido, isto
é, o montante de custo amortizado do instrumento financeiro subtraído
o valor da perda esperada de crédito e liquidação duvidosa.

77
conta a receber de cliente está vencida (por exemplo, 1% se
3. ABORDAGEM SIMPLIFICADA não estiver vencida, 2% se estiver vencida há menos de 30 dias,
3% se estiver vencida há mais de 30 dias e menos de 90 dias,
De acordo com a análise do item 5.5.15 do CPC 48, a entidade deverá 20% se estiver vencida entre 90 e 180 dias, etc.). Dependendo
seguir a abordagem simplificada para calcular a PECLD do seu Contas da diversidade da carteira de clientes, a entidade deve utilizar
a Receber decorrente de transações com clientes, os quais não contêm agrupamentos apropriados se sua experiência de perda de
componente de financiamento significativo de acordo com o CPC 47. crédito histórica indicar padrões de perda significativamente
diferentes para diferentes segmentos de clientes. Exemplos de
Basicamente, isso deve ser aplicado para entidades que não possuam critérios que podem ser utilizados para agrupar ativos incluem
elemento expressivo de juros em seus recebíveis. Em extensão a esse região geográfica, tipo de produto, classificação do cliente,
racional, o item B5.5.35 indica que: seguro de crédito comercial ou garantia e tipo de cliente (como,
por exemplo, atacado ou varejo).
B5.5.35 A entidade pode utilizar expedientes práticos ao
mensurar perdas de crédito esperadas, se elas forem Seguindo uma linha lógica do estabelecimento de formalidades, é
consistentes com os princípios do item 5.5.17. Um exemplo de possível estabelecer que uma vez requerido o teste de impairment para
expediente prático é o cálculo das perdas de crédito esperadas ativos financeiros, a regra geral é o modelo de três estágios, todavia,
sobre contas a receber de clientes, utilizando uma matriz de para casos em que o Contas a Receber não possua componentes
provisões. A entidade deve usar sua experiência de perda de financeiros significativo em sua composição, então, as organizações
crédito histórica (ajustada conforme apropriado de acordo com deverão migrar para a abordagem simplificada, a qual, por sua vez,
os itens B5.5.51 e B5.5.52) para contas a receber de clientes poderá ser operacionalizada por expedientes práticos, como, por
para estimar as perdas de crédito esperadas para 12 meses ou exemplo, a matriz de provisões tal como narrado no item B5.5.35.
as perdas de crédito esperadas no ativo financeiro conforme
pertinente. A matriz de provisões pode, por exemplo, especificar O CPC 48 apresenta na Parte B de seu conteúdo, mais especificamente,
taxas de provisão fixas dependendo do número de dias que a no Exemplo 12, uma demonstração da matriz de provisões, que

78
também é conhecida no Brasil como sendo o modelo de aging list e prospectivas são analisadas. Nesse caso, há previsão de que
cuja adaptação se encontra abaixo: as condições econômicas se deteriorarão durante o próximo
ano.
A empresa M possui uma carteira de contas a receber de
clientes de $ 30 milhões em 20X1 e atua somente em uma Com base nisso, a empresa M estima a seguinte matriz de
região geográfica. A carteira de clientes consiste de um provisões:
grande número de pequenos clientes e as contas a receber de
clientes são classificadas por características de risco comuns Vencido Vencido Vencido
Vencido
há há há
que representam a capacidade dos clientes de pagar todos Em dia há 1-30
31-60 61-90 mais de 90
dias
os valores devidos, de acordo com os termos contratuais. As dias dias dias
Taxa de
contas a receber de clientes não possuem componente de 0,3% 1,6% 3,6% 6,6% 10,6%
inadimplência
financiamento significativo de acordo com o CPC 30 – Receita
de Contrato com Cliente. De acordo com o item 5.5.15 do CPC As contas a receber de clientes do grande número de pequenos
38, a provisão para perdas para essas contas a receber de clientes totalizam $ 30 milhões e são mensuradas utilizando a
clientes é sempre mensurada no valor equivalente às perdas de matriz de provisões.
crédito esperadas.

Para determinar as perdas de crédito esperadas para a carteira,


a empresa M utiliza uma matriz de provisões. A matriz de
provisões baseia-se em suas taxas de inadimplência históricas
observadas ao longo da vida esperada das contas a receber
de clientes e é ajustada para estimativas prospectivas. Em
cada data de relatório, as taxas de inadimplência históricas
observadas são atualizadas e as alterações nas estimativas

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Provisão para perdas de
crédito esperadas
Valor contábil bruto (Valor contábil bruto x
taxa das perdas de crédito
esperadas)
Atual $ 15.000.000 $ 45.000
Vencido há
$ 7.500.000 $ 120.000
1-30 dias
Vencido há
$ 4.000.000 $ 144.000
31-60 dias
Vencido há
$ 2.500.000 $ 165.000
61-90 dias
Vencido há mais
$ 1.000.000 $ 106.000
de 90 dias
$ 30.000.000 $ 580.000

A contabilização do valor de $ 580.000 deverá seguir a lógica tradicional


do reconhecimento de perdas esperadas com créditos que é um débito
em despesa com perdas esperadas em contrapartida a um crédito no
ativo, subconta do Contas a Receber.

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Revisão de Texto: Patricia Brasil e Thiago Batista

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