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4
Sequência e
FUNÇÕES
unidade

4
Aplicações de Funções
Prezado estudante,

Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram
organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo
completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e
tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos
propostos para essa disciplina.

OBJETIVO GERAL
Identificar as aplicações das funções racionais, exponencial e logarítmica.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Definir as funções racional, exponencial e logarítmica..
• Identificar domínio, imagem, raízes e sinal de uma função.

• Analisar o gráfico de uma função.


unidade

4
Parte 1

Função Racional

O conteúdo deste livro é


disponibilizado por SAGAH.
190 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

Função racional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Definir função racional e encontrar seu domínio e sua imagem.


„ Identificar raízes, sinal e gráfico de uma função racional.
„ Analisar as aplicações da função racional.

Introdução
Neste capítulo, você estudará a função racional, que é qualquer fun-
p(x)
ção que pode ser especificada por uma regra escrita como f(x) = q(x) ,
ou seja, como a razão de polinômios. Alguns cuidados importantes são
necessários para a definição do domínio desse tipo de função, e você
os compreenderá aqui.
Além disso, busca-se, neste capítulo, elucidar como se define a ima-
gem, as raízes e o gráfico desse tipo de função. Outro aspecto relevante
para sua formação é analisar a aplicação prática das funções racionais,
sendo esse um dos objetivos aqui propostos.

Definição, domínio e imagem


p(x)
Uma função racional é dada por f(x) = , onde p e q são funções polino-
q(x)
miais, com q(x) ≠ 0.
Aplicações de Funções UNIDADE 4
Função Racional PARTE 1 191
2 Função racional

Veja, a seguir, alguns exemplos de funções racionais.

x2 + 4
f(x) =
x2 – 16

g(x) = 3x2
x – 4x + 3
2

x3
h(x) =
x+1
x
i(x) =
x2 + 1

Fonte: Adami, Dornelles Filho e Lorandi (2015, p. 101).

Adami, Dornelles Filho e Lorandi (2015) evidenciam que o domínio de


uma função racional consiste em todos os valores de x para os quais q(x) ≠ 0.
x2 + 4
Por exemplo, o domínio da função f(x) = x2 –16 consiste em todos os valores
reais de x, exceto x = 4 e x = –4, pois esses valores tornariam o denominador
igual a zero, o que não satisfaz a definição de função racional. Os zeros de
uma função racional consistem em todos os valores de x no seu domínio para
os quais p(x) = 0.
Cabe relembrar que uma função é uma lei que associa uma única saída
a cada entrada. Se a entrada for denotada por x, então a saída é denotada
por f(x), ou y. Chamamos de domínio o conjunto de entrada e, de imagem, o
conjunto de saída, denotado por f(x). Além disso, para ser uma função, não
pode produzir duas saídas distintas com a mesma entrada. Então, para cada
entrada, teremos uma saída, mas podemos ter duas entradas chegando em
uma mesma saída. Assim, temos que o domínio é o conjunto de entrada, ou
seja, são os possíveis valores de x (variável independente).
Vejamos um exemplo detalhado para compreender como identificar o
domínio e a imagem de uma função racional.
192 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função racional 3

Encontre o domínio e a imagem da função:


1
f(x) =
(x – 1)(x – 3)

Importante verificar se existe alguma restrição para o valor de x assumido nessa


função. Sabemos que não existe divisão por zero, então o denominador merece
atenção. Isso será destacado no domínio da função.
Nesse exemplo, o domínio serão todos os reais exceto o número 1 e o número 3,
pois eles zeram o denominador. Esses valores de x são chamados de assíntotas verticais
— tema que estudaremos na próxima seção —, que são pontos do domínio que x
não pode assumir. Perto desses valores, o comportamento da função será bastante
assintótico, ou seja, terá um crescimento ou decrescimento muito rápido.
O domínio da nossa função é D: {x є R|x ≠ 1 e x ≠ 3}
Para identificar a imagem, faremos um gráfico, pois ele facilita o entendimento.
Analisaremos o comportamento gráfico.
1
Analisando a função f(x) = , nota-se que:
(x – 1)(x – 3)
„ se aproxima de zero em y quando x tende a mais infinito;
„ se aproxima de zero em y quando x tende a menos infinito.
Observa-se que, à medida que x se aproxima de 1 pela esquerda, y cresce muito
rápido e começa a tender a mais infinito.

x→0 y→0

x → –∞ y→0

1
x=0 f(0) =
3

x → 1– por exemplo, x = 0,99 quando x tende a zero pela esquerda y → ∞

f(0,99) ≅ 50

Agora, imaginamos x tendendo a 1 pela direita:


x = 1,01

f(1,01) ≅ –50

Quando x se aproxima de 1 pela direita, y tende a menos infinito.


Aplicações de Funções UNIDADE 4
Função Racional PARTE 1 193
4 Função racional

Também precisamos verificar se existe raiz, ou seja, fazendo y = 0, encontra-se alguma


raiz real? Conseguimos encontrar algum valor para x? Vejamos:
1
=0
(x – 1)(x – 3)

1 = 0 ∙ (x – 1)(x – 3)

1=0

Ou seja, não encontramos raiz real, então a função não corta o eixo x.
Analisando em x próximo de 3:

x → 3– y → –∞

x → 3+ y→∞

Para definir a imagem da função, olhamos para o eixo y. Note que tende a zero, mas
não toca no zero.
Portanto, a imagem da nossa função é Im: (–∞,-1]∪(0,+∞).
Graficamente, representamos a função conforme a Figura 1.
y

0,6

0,4

0,2

x
–4 –2 2 4 6 8
–0,2

–0,4
1
Figura 1. Representação gráfica da função racional f(x) = .
(x – 1)(x – 3)

Algumas notações importantes nessas análises são as seguintes.


„ x → ∞: x tende a mais infinito.
„ x → -∞: x tende a menos infinito.
„ x → a-: x tende a a pela esquerda.
„ x → a+: x tende a a pela direita.
194 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função racional 5

Raízes, sinal e gráfico


O gráfico de uma função racional é analisado em termos de simetria, inter-
ceptos, assíntotas e comportamento do sinal da função. Se q(x) não tem zeros
p(x)
reais, o gráfico de q(x) é uma curva suave para todo real x. Se q(x) tem zeros
reais, o gráfico de p(x)
q(x)
consiste de curvas suaves em cada intervalo aberto
que não inclui um zero. O gráfico tem assíntotas verticais em cada zero de
q(x) (SAFIER, 2003). Vejamos exemplos de assíntotas verticais, horizontais
e oblíquas para compreendê-las adequadamente.

Assíntotas verticais
A reta x = a é uma assíntota vertical do gráfico de uma função f se, à medida que x se
aproxima de a pelos valores que são maiores ou menores que a, o valor da função
cresce acima de quaisquer valores, positivos ou negativos. Os casos são mostrados
no Quadro 1.

Quadro 1. Representação das assíntotas verticais

Notação Significado Gráfico

lim f(x) = ∞ Enquanto x se aproxima y


x → a–
de a pela esquerda, f(x)
é positivo e cresce além
de quaisquer valores.

a x

lim f(x) = –∞ Enquanto x se aproxima y


x → a–
de a pela esquerda, f(x) é x
a
negativo e decresce além
de quaisquer valores.

(Continua)
Aplicações de Funções UNIDADE 4
Função Racional PARTE 1 195
6 Função racional

(Continuação)

Notação Significado Gráfico

lim f(x) = ∞ Enquanto x se aproxima y


x → a+
de a pela direita, f(x) é
positivo e cresce além
de quaisquer valores.
x
a

lim f(x) = –∞ Enquanto x se aproxima y


x → a+
de a pela direita, f(x) é x
a
negativo e decresce além
de quaisquer valores.

Assíntotas horizontais
A reta y = a é uma assíntota horizontal do gráfico de uma função f se, à medida que x
cresce indefinidamente para valores positivos ou negativos, f(x) se aproxima do valor
de a. Os casos são mostrados no Quadro 2.

Quadro 2. Representação das assíntotas horizontais

Notação Significado Gráfico

lim f(x) = a Enquanto x aumenta y


x→∞
indefinidamente, f(x) se
aproxima do valor de a. Na
a
figura f(x) < a, para valores
positivos grandes de x.
x

lim f(x) = a Enquanto x aumenta y


x→∞
indefinidamente, f(x) se
aproxima do valor de a. Na a
figura f(x) > a, para valores
positivos grandes de x. x

(Continua)
196 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função racional 7

(Continuação)

Notação Significado Gráfico

lim f(x) = a Enquanto x diminui y


x → –∞
indefinidamente, f(x) se
aproxima do valor de a. Na a
figura f(x) < a, para valores
negativos grandes de x.
x

lim f(x) = a Enquanto x diminui y


x → –∞
indefinidamente, f(x) se
aproxima do valor de a. Na a
figura f(x) > a, para valores
negativos grandes de x. x

Assíntotas oblíquas
p(x) anxn + ... + a1x + a0
Seja f(x) = = com an ≠ 0 e bm ≠ 0. Então, se n = m + 1, f(x) pode
q(x) bmxm + ... + b1x + b0
ser reescrito usando a divisão longa na forma:
r(x)
f(x) = ax + b +
q(x)
onde o grau de r(x) é menor que o grau de q(x). Logo, se x → ∞ ou x → –∞, f(x) → ax + b
e a reta y = ax + b é uma assíntota oblíqua do gráfico da função.
Fonte: Safier (2003).

Safier (2003) mostra um passo a passo para esboçar o gráfico de uma


p(x)
função racional f(x) = q(x) . Vejamos.

1. Calcule os interceptos x do gráfico (os zeros reais de P(x)) e marque


os pontos correspondentes. Encontre os interceptos y [ f(0), assumindo
que 0 está no domínio de f ] e marque o ponto (0, f(0)). Analise a função
para quaisquer simetrias em relação aos eixos ou à origem.
2. Calcule os zeros reais de Q(x) e marque cada assíntota vertical do
gráfico no esboço.
Aplicações de Funções UNIDADE 4
8 Função racional Função Racional PARTE 1 197

3. Encontre cada assíntota horizontal ou oblíqua do gráfico e marque no


esboço.
4. Determine se o gráfico intercepta a assíntota horizontal ou oblíqua.
Os gráficos de y = f(x) e y = ax + b se interceptarão em soluções reais
de f(x) = ax + b.
5. Determine, a partir de uma tabela de sinais, se necessário, os intervalos
nos quais a função é positiva e negativa. Verifique o comportamento
da função próximo das assíntotas.
6. Esboce o gráfico de f em cada uma das regiões encontradas no passo 5.

Esboce o gráfico da função:


–12
f(x) =
x

1. O gráfico não em interceptos x ou y. Como f(–x) = –f(x), a função é ímpar, e o gráfico


tem simetria em relação à origem.
2. Já que o zero é o único do denominador, o eixo y,x = 0 é a única assíntota vertical.
3. Como o grau do denominador é maior que o do numerador, o eixo x,y = 0 é a
assíntota horizontal.
–12
4. Uma vez que não há solução para a equação = 0, o gráfico não intercepta a
x
assíntota horizontal.
5. Se x é negativo, f(x) é positivo. Se x é positivo, f(x) é negativo. Logo, lim – f(x) = ∞
x→0
e lim + f(x) = –∞.
x→0

6. O gráfico da função será conforme a Figura 2.


y

20

10

x
–6 –4 –2 2 4 6
–10

–20

–12
Figura 2. Representação gráfica da função racional f(x) = .
x
Fonte: Safier (2003, p. 152).
198 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função racional 9

Aplicações
Nesta seção, analisaremos algumas aplicações das funções racionais. Goldstein,
Lay e Schneider (2006) destacam que as funções racionais são utilizadas em
estudos ambientais tais como modelos de custo-benefício. O custo para se
remover um poluente da atmosfera é estimado por uma função da porcentagem
de poluente removido. Quanto mais alta a porcentagem removida, maior é o
“benefício” para as pessoas que respiram o ar. Essas questões são complexas,
e a definição de “custo” é discutível. O custo para remover uma quantidade
pequena de poluente pode ser razoavelmente pequeno, mas o custo para se
remover os 5% finais de poluentes, por exemplo, pode ser terrivelmente alto.
Acompanhe alguns exemplos de aplicação das funções racionais.

Suponha que uma função custo-benefício é dada por:


40x
f(x) = , 0 ≤ x ≤ 100
110 – x
onde x é a porcentagem de algum poluente a ser removido e f(x) é o custo associado
(em milhões de dólares). Veja a representação gráfica dessa função na Figura 3. Encontre
o custo para remover 60%, 90% e 100% do poluente.

Solução:
O custo para remover 60% é:
40 (60)
f(60) = = 48 milhões de dólares
110 – 60

450,0
Custo de remoção (milhões de dólares)

400,0
350,0

300,0
250,0
200,0

150,0

100,0
50,0
0,0
0 20 40 60 80 100 120
Porcentagem de poluente removido

Figura 3. Modelo custo-benefício.


Aplicações de Funções UNIDADE 4
Função Racional PARTE 1 199
10 Função racional

Cálculos similares mostram que:


f(90) = 180 e f(100) = 400
Observe que o custo para remover os últimos 10% de poluentes é de f(100) – f(90)
= 400 – 180 = 220 milhões de dólares. Isso é mais do que quatro vezes o custo para
se remover os primeiros 60% de poluentes.

Um estudante obteve notas 7,0 e 5,0 nas duas primeiras avaliações de uma disciplina
de matemática. Sabe-se que a nota final H será calculada por:
3
H=
1 1 1
+ +
P1 P2 P3

a) Substitua os valores na expressão acima e reescreva H como uma função racional de P3.
b) Determine a nota mínima necessária em P3 para obter nota final H ≥ 6,0.

Solução:
a) 3 b) 3
H= H=
1
+
1
+
P1 P2 P3
1
(1235 + P1 ( 3

3 3
H= 6=
1 1 1
7
+ +
5 P3 (1235 + P1 ( 3

3
H=
(1235 + P1 (
3
6∙ (1235 + P1 ( = 3
3

72 6
+ =3
35 P3

72 6
–3=–
35 P3

–33
P =–6
35 3

210
P3 = ≈ 6,4
33
210
Então, P3 ≥ ≈ 6,4.
33
Fonte: Adami, Dornelles Filho e Lorandi (2015, p. 110).
200 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função racional 11

ADAMI, A. M.; DORNELLES FILHO, A. A.; LORANDI, M. M. Pré-cálculo. Porto Alegre:


Bookman, 2015.
GOLDSTEIN, L. J.; LAY, D. C.; SCHNEIDER, D. I. Matemática aplicada: economia, adminis-
tração e contabilidade. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
SAFIER, F. Teorias e problemas de pré-cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2003.

PREZADO ESTUDANTE

ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO


PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.
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4
Parte 2

Função Exponencial

O conteúdo deste livro é


disponibilizado por SAGAH.
202 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

Função exponencial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Definir uma função exponencial.


„ Construir gráficos das funções exponenciais.
„ Aplicar modelos usando funções exponenciais.

Introdução
Neste capítulo você vai aprender sobre as funções exponenciais, estu-
dando suas características, propriedades e representação gráfica. Também
vai conhecer a ampla aplicação de funções exponenciais em algumas
das diversas áreas de concentração das ciências.

Função exponencial
Funções exponenciais são aquelas que trazem a variável independente, por
exemplo x, como um expoente. Tendo como domínio o conjunto dos números
reais, uma função exponencial genérica pode ser descrita por:

f(x) = ax

em que a > 0, a ≠ 1 e a ∈R.


Foi excluído o caso em que a = 1 uma vez que, nessa hipótese, seja qual
for o expoente, a função será sempre constante, com f(x) = 1, ∀x.
Você pode conferir alguns exemplos numéricos de funções exponenciais
a seguir:

()
x
1
f(x) = 5 ; f(x) =
x
; f(x) = 7–x
2
Aplicações de Funções UNIDADE 4
2 Função exponencial Função Exponencial PARTE 2 203

Em uma função exponencial,

f(x) = 8x

a variável independente x indica quantas vezes o número 8 irá se repetir


em uma multiplicação. Por exemplo, supondo x = 3 para esta mesma função,
teremos:

f(3) = 83 = 8 × 8 × 8
f(3) = 512

De maneira mais genérica, a expressão anna indica que o número a será


multiplicado por ele mesmo n vezes:

an = a × a × ... × a com n fatores

Para obter o valor da função em um valor de x específico, basta colocar o


referido valor no lugar da variável independente. Por exemplo, seja a função:

f(x) = 8x

Se x = 1 → f(x) = f(1) = 81; logo, para x = 1 → f(1) = 8 ou y = 8.


Se x = 5 → f(x)= f(5) = 85; logo, para x = 5 → f(5) = 32.768 ou y = 32.768.
E assim por diante.

Além disso, vamos ver, a seguir, algumas propriedades das funções


exponenciais.

Propriedades de uma função exponencial


Considerando os números a e b positivos e x e n ∈ R:
axan = a(x+n) – multiplicação de potências de mesma base:

Exemplo:

2325 = 2(3 + 5) = 28

bn
= b(n – x) – divisão de potências de mesma base:
bx
204 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função exponencial 3

Exemplo:

54
= 5(4 – 2) = 52
52

(ab)x = axbx – multiplicação elevada a um expoente:

Exemplo:

(2 × 3)5 = 25 × 35

()
a n an – divisão elevada a um expoente:
b
= n
b

Exemplo:

()
6
8 86
= 6
3 3

(ax)n = axn – potência de potência:

Exemplo:

(73)4 = 73×4 = 712

( ) = b1 – expoentes negativos:
n
1
b = b
–n
n

Exemplo:

()
3
1 1
2–3 = 2 =
23

x n
a /n = √bx – raízes:

Exemplo:
4
57/4 = √57
Aplicações de Funções UNIDADE 4
4 Função exponencial Função Exponencial PARTE 2 205

Inúmeros processos ou acontecimentos do nosso dia a dia podem obedecer a padrões


com características exponenciais. É muito importante conhecer e aplicar esse tipo de
função para resolver problemas aplicando esses modelos. Você verá isto com mais
detalhes em uma das seções a seguir.

Gráficos de funções exponenciais


Para traçar o gráfico de funções exponenciais, como ocorre em qualquer outro
tipo de função, basta atribuir valores para a variável independente. Ao substituir
o valor pretendido na função, você poderá calcular o valor correspondente da
função, naquele ponto.
Outra característica importante das funções exponenciais é o crescimento,
ou decrescimento de seu gráfico.
Para a função genérica

f(n) = bn

Se b > 1 esta função é dita crescente. Se 0 < b < 1, a função é decrescente.


Observe a Figura 1 e entenda um pouco mais este conceito.

y y
4 y = 2x 4

x
1 y = ( 12 )
1
x x
–2 –1 1 2 –2 –1 1 2
x
y = 2x é crescente y = ( 12 ) é decrescente
Figura 1. Gráficos de funções exponenciais, crescente e decrescente.
Fonte: Adaptada de Rogawski e Adams (2018, p. 41).
206 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Função exponencial 5

Vamos, agora, construir o gráfico de uma função exponencial. Supondo


a função f(x) = 2x vamos, inicialmente, construir a tabela de valores que
relacionará x e sua correspondente f (x), conforme proposto no Quadro 1.

Quadro 1. Tabela de valores para desenhar gráfico de uma função exponencial

x -2 -1 0 1 2 3

y = f(x) 1/4 1/2 1 2 4 8

Colocando estes pares no plano cartesiano, você pode verificar na Figura 2.

y
8

x
–2 –1 1 2 3
Figura 2. Gráfico da função (x) = 2x.
Fonte: Safier (2011, p. 157).

Caso você se depare com funções do tipo f(x) = (3x + 2)x, o método de resolução deverá
seguir as regras básicas da matemática: substituir os valores de x, resolver a expressões
dentro dos parênteses e depois resolver a exponenciação. Assim, f(3) = (3 × 3 + 2)3 = 113.
Aplicações de Funções UNIDADE 4
6 Função exponencial Função Exponencial PARTE 2 207

Modelos com funções exponenciais


Criar modelos matemáticos de situações e sistemas diversos pode ser muito útil
para prever o crescimento ou decrescimento de determinado evento. Funções
exponenciais têm muitas aplicações nestes modelos matemáticos.
Segundo Safier (2011) alguns destes modelos já estudados são:

Juros compostos:

Se temos um investimento de P Reais, a uma taxa anual de juros r, sendo


estes juros creditados na conta do investidor n vezes ao ano; o valor resultante
(A), gerado em um período t de tempo, é modelo pela função:

( r
)
nt
A(t) = P 1 +
n

Juros compostos contínuos:

Se temos um investimento de P Reais, a uma taxa anual de juros r, sendo


estes juros creditados na conta do investidor continuamente; o valor resultante
(A), gerado em um período t de tempo, é modelado pela função:

A(t) = P e r t

Crescimento populacional ilimitado:

Uma população N, com número N0 de indivíduos iniciais, sendo conside-


rada como crescente e sem limites, em qualquer instante t posterior, pode ser
calculada por (sendo a taxa de crescimento k uma constante a determinar):
N(t) = N0ekt

Crescimento populacional logístico:

Uma população N, com número N0 de indivíduos iniciais, sendo considerada


como crescente e com limite de P indivíduos, devido a recursos limitados,
em qualquer instante t posterior, pode ser calculada por (sendo a taxa de
crescimento k uma constante a determinar):
N0P
N(t) =
N0 + (P – N0)e–k t
208 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Função exponencial 7

Como exemplo, vamos observar as situações descritas a seguir:

Considere um capital de R$ 9.000,00 aplicado a uma taxa de 15% ao ano, ca-


pitalizados mensalmente, durante seis anos. Ao final do período, considerando
a aplicação com juros compostos, o valor resultante gerado no período seria:
r
( )
nt
A(t) = P 1 +
n

( )
12 × 6
0,15
A(6) = 9.000 1 + = 22.013,28
12

Portanto, ao final de seis anos, o valor resultante será de R$ 22.013,28.


Um pequeno país, em 1970, possuía 200.000 habitantes. Após novo levan-
tamento, 40 anos depois, sua população era de 235.000. Qual será a população
estimada em 2030?
Como não há qualquer restrição ao crescimento populacional deste país,
vamos utilizar a relação N(t) = N0 e kt .Para tanto, precisamos determinar as
constantes N0 e k.
Assim,
N(0) = N0ek · 0

200000 = N0

Para definir a constante k:

N(40) = 200.000 ek · 40

235.000 = 200.000 ek · 40

235.000
ek · 40 =
200.000

e40k = 1,175

40k = ln 1,175

40k = 0,1613

k = 0,0040325
Aplicações de Funções UNIDADE 4
8 Função exponencial Função Exponencial PARTE 2 209

Logo, no ano de 2030, 60 anos depois da nossa referência, a população será:

N(60) = 200.000e0,0040325×600

N(60) = 254.746,10

A matemática possui uma área de concentração específica de observação e modela-


gem de situação e sistemas. Esta área possui aplicações em diversas ciências, como a
engenharia, medicina, biologia, educação física. A modelagem matemática é uma área
sempre muito importante. Outros exemplos do que ela pode estudar são a absorção
de determinada substância ou medicamento pelo corpo humano, a eficiência no
trabalho, o crescimento bacteriano, entre outras.

ROGAWSKI, J.; ADAMS, C. Cálculo. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. v. 1.


SAFIER, F. Pré-cálculo. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

Leituras recomendadas
ADAMI, A. M.; DORNELLES FILHO, A. A.; LORANDI, M. M. Pré-cálculo. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
AYRES, F.; MENDELSON, E. Cálculo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
210 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

PREZADO ESTUDANTE

ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO


PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.
unidade

4
Parte 3

Função Logarítmica

O conteúdo deste livro é


disponibilizado por SAGAH.
decaimento exponencial? Explique como você 1992 18 2000 5,4
sabe.
Fonte: Quality Education Data, Inc., Denver, Colorado
(c) Quantos estudantes por computador nas esco-
las públicas este modelo prevê para 2010?
212 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

5.2 Funções Logarítmicas e Suas Propriedades

OBJETIVOS PRÉ-APLICAÇÃO
 Converter equações para fun- Se P dólares forem investidos a uma taxa de juros anual r, compostos continuamente, então
ções logarítmicas da forma o valor futuro do investimento após t anos é dado por
logarítmica para a exponen-
cial, e vice e versa. S = Pert
 Calcular alguns logaritmos Uma questão comum com investimentos como esse é: “Quanto tempo demora para o in-
especiais. vestimento duplicar?”. Isto é, quando S = 2P? Para responder a esta questão e, conseqüente-
 Traçar gráficos das funções mente, desenvolver a fórmula do “tempo de duplicação”, será preciso resolver a equação em
logarítmicas. t e para isso é necessário o uso das funções logarítmicas.
 Usar as propriedades das fun-
ções logarítmicas para simpli-
ficar expressões envolvendo
logaritmos. Funções Logarítmicas e Gráficos
 Usar a fórmula de mudança
de base. Antes do desenvolvimento e da grande disponibilidade das calculadoras e com-
putadores, certos cálculos aritméticos, tais como (1,37)13 e 16 3, 09 , eram difíceis
 Modelar com funções logarít-
micas. de fazer. Os cálculos poderiam ser feitos com relativa facilidade usando os lo-
garitmos, desenvolvidos no século XVII por John Napier, usando uma régua de
cálculo, que, por sua vez, se baseia nos logaritmos. Atualmente, o uso dos logarit-
mos como uma técnica de cálculo praticamente desapareceu, mas o estudo das
funções logarítmicas ainda é muito importante, em razão das muitas aplicações
existentes dessas funções.
Por exemplo, consideremos novamente a cultura de bactérias descritas no
início da seção anterior. Se soubermos que a cultura foi iniciada com um organis-
mo e que a cada minuto todos os microorganismos presentes se dividem em dois
novos, então poderemos encontrar o número de minutos que demora até que eles
sejam 1.024 organismos resolvendo
1.024 = 2y

A solução dessa equação pode ser escrita na forma


y = log21.024

que se lê “y é igual ao logaritmo de 1.024 na base 2”.


Aplicações de Funções UNIDADE 4
Função Logarítmica PARTE 3 213
232 Capítulo 5 Funções Exponenciais e Logarítmicas

Em geral, podemos expressar a equação x = ay (a > 0, a ≠ 1) na forma y = f(x)


definindo uma função logarítmica.

Função Logarítmica Para a > 0 e a ≠ 1, a função logarítmica


y = logax (forma logarítmica)
tem domínio x > 0, base a e é definida por
ay = x (forma exponencial)

Conforme a definição, sabemos que y = loga x significa x = ay. Isso significa que
TABELA 5.3 log3 81 = 4 porque 34 = 81. Nesse caso, o logaritmo, 4, era o expoente ao qual temos
que elevar a base 3 para obter 81. Em geral, se y = log x, então y é o expoente ao
Forma Forma qual a base a deve ser elevada para obtermos x.
Logarítmica Exponencial
O número a é chamado de base em ambos loga x = y e ay = x, e y é o logaritmo
log10100 = 2 102 = 100 em loga x = y e o expoente em ay = x. Desse modo, podemos afirmar que o logaritmo
log100,1 = –1 10–1 = 0,1 é um expoente.
log2x = y 2y = x
loga1 = 0 (a > 0) a0 = 1 A Tabela 5.3 mostra algumas equações logarítmicas e suas formas exponen-
loga a = 1 (a > 0) a1 = a ciais equivalentes.

E X E M P LO 1 Formas Logarítmicas e Exponenciais

(a) Escreva 64 = 43 na forma logarítmica.


(b) Escreva log4 ( 641 ) = − 3 na forma exponencial.
(c) Se 4 = log2 x, encontre x.

SOLU Ç Ã O
(a) 64 = 43 é equivalente a 3 = log4 64.
(b) log4 ( 641 ) = − 3 é equivalente a 4–3 = 1
64
.
(c) Se 4 = log2 x, então 24 = x e x = 16.

E X E M P LO 2 Calculando Logaritmos

Calcule:
(a) log2 8 (b) log3 9 (c) log5 ( 25
1
)

SOLU Ç Ã O
(a) Se y = log2 8, então 8 = 2y. Como 23 = 8 temos log2 8 = 3.
(b) Se y = log3 9, então 9 = 3y. Como 32 = 9 temos log3 9 = 2.
(c) Se y = log5 ( 25
1 1
), então 25 1
= 5 y. Como 5–2 = 25 , temos log ( 25
1
) = −2.
5

Gráficos E X E M P LO 3 Traçando o Gráfico de uma Função Logarítmica

Trace o gráfico de y = log2 x.

SOLU Ç Ã O
Podemos traçar o gráfico de y = log2 x estudando o gráfico de x = 2y. A tabela de
valores (encontrados substituindo valores para y e calculando x) e o gráfico são
mostrados na Figura 5.12
214 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

5.2 Funções Logarítmicas e Suas Propriedades 233

y
x = 2y y
4
1
8
–3
1
4
–2
2
1
2
–1 y = log2 x
1 0 x
2 1 -2 2 4 6 8

4 2 -2
8 3
Figura 5.12 -4

Da definição de logaritmos, vemos que todo logaritmo tem uma base. A maio-
ria das aplicações de logaritmos envolve logaritmo na base 10 (chamado de loga-
ritmo comum) ou logaritmo na base e (chamado de logaritmo natural). De fato,
os logaritmos na base 10 e na base e são os únicos que têm teclas de função nas
calculadoras científicas. Assim, é importante familiarizar-se com seus nomes e no-
tações.

Logaritmos Comuns Logaritmos comuns: log x significa log10 x.


e Naturais Logaritmos naturais: ln x significa loge x.

Os valores das funções logarítmicas comum e natural são usualmente encontra-


dos com uma calculadora. Por exemplo, uma calculadora fornece log 2 ≈ 0,301 e
ln 2 ≈ 0,693. Retornaremos agora à Pré-Aplicação.

E X E M P LO 4 Tempo de Duplicação para um Investimento

Na Pré-Aplicação observamos que o tempo de duplicação para um investimento


capitalizado continuamente pode ser encontrado resolvendo a equação S = Pert
em t, quando S = 2P. Isto é, devemos resolver 2P = Pert, ou (equivalentemente)
2 = ert.
(a) Expresse 2 = ert na forma logarítmica e então resolva esta equação, determi-
nando t, para encontrar a fórmula do tempo de duplicação.
(b) Se um investimento rende 10% de juros anuais, compostos continuamente, em
quanto tempo ele duplicará?

SOLU Ç Ã O
(a) Na forma logarítmica, 2 = ert é equivalente a loge2 = rt. Resolvendo, temos a
fórmula para o tempo de duplicação

log e 2 ln 2
t = =
r r

(b) Se a taxa de juros é r = 10%, capitalizada continuamente, o tempo necessário


para que o investimento dobre é

ln 2
t = ≈ 6, 93 anos
0,10
Aplicações de Funções UNIDADE 4
Função Logarítmica PARTE 3 215
234 Capítulo 5 Funções Exponenciais e Logarítmicas

Observe que poderíamos escrever o tempo de duplicação para este problema como
ln 2 0, 693 69, 3
t = ≈ =
0,10 0,10 10

Em geral, podemos aproximar o tempo de duplicação para um investimento a


r%, compostos continuamente, por 70r . (Em economia, isto é chamado de Regra
do 70.)

EX EM P LO 5 Participação no Mercado

Suponha que, depois que uma companhia introduziu um novo produto, o número
de meses m que leva até que sua participação no mercado seja s por cento, pode
ser modelado por
40 ⎞
m = 20 ln ⎛⎜ ⎟
⎝ 40 − s ⎠

Quando este produto terá uma participação de 35% no mercado?

SOLUÇÃO
Uma participação de 35% no mercado significa s = 35. Conseqüentemente,
40 ⎞
m = 20 ln ⎛⎜ ⎟
⎝ 40 − s⎠
40 ⎞ ⎛ 40 ⎞
= 20 ln ⎛⎜ ⎟ = 20 ln ⎜ ⎟ = 20 ln (8) ≈ 41, 6
⎝ 40 − 35 ⎠ ⎝ 5⎠

Assim, a participação no mercado será 35% após 41,6 meses, aproximadamente.

EX EM P LO 6 Logaritmo Natural

Trace o gráfico de y = In x.

SOLUÇÃO
Podemos traçar o gráfico y = ln x calculando y = ln x para x > 0 (incluindo alguns
valores no intervalo 0 < x < 1) com uma calculadora. O gráfico é mostrado na
Figura 5.13

x y = ln x
0,05 –3,000
y 0,10 –2,303
4
0,50 –0,693
y = ln x 1 0,000
2 2 0,693
3 1,099
x
-2 2 4 6 8 10
5 1,609
Figura 5.13 -2
10 2,303
216 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

PREZADO ESTUDANTE

ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO


PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.
unidade

4
Parte 4

Números Reais,
Funções e Gráficos
(Linear, Quadrática e
Trigonométrica)

O conteúdo deste livro é


disponibilizado por SAGAH.
218 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

Números reais, funções e


gráficos (linear, quadrática
e trigonométrica)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Descrever o conjunto dos números reais.


„ Definir o conceito de função.
„ Representar graficamente uma função.

Introdução
Neste capítulo, você recordará os conhecimentos adquiridos sobre o
conjunto dos números reais, suas representações por meio de exem-
plos numéricos e ilustrações, bem como receberá dicas de leitura para
aprofundar seus estudos. Ainda que algumas vezes não percebamos, os
conjuntos numéricos estão presentes em nossa vida diária: o conjunto
dos números inteiros, por exemplo, com seus valores negativos que
podem representar as temperaturas negativas que experimentamos
no inverno, ou ainda os saldos bancários negativos. O conjunto dos
números racionais, que contém as frações, costuma ter aplicação em
receitas culinárias, em estudos envolvendo proporções, etc. E o conjunto
dos números reais, que contém os naturais, os inteiros, os racionais e os
irracionais, é bastante abrangente e pode contemplar diversos exemplos,
além dos já mencionados.
Outro aspecto interessante é que as funções podem ser percebidas
em situações bem-próximas a nós, como na conta de energia elétrica
que recebemos mensalmente para pagar. O valor pago depende da
quantidade de kW/h consumida em um mês. Ou seja, nesse exemplo, há
uma relação entre duas variáveis. Podemos, ainda, pensar na cobrança que
os estacionamentos de veículos fazem: em geral, cobra-se um valor fixo e
um variável que dependerá de quanto tempo o veículo permanecerá no
Aplicações de Funções UNIDADE 4
2 Números reais, funções e gráficosNúmeros
(linear,Reais,
quadrática
Funçõeseetrigonométrica)
Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 219

estacionamento. Também se pode pensar em uma construção: o preço


que se pagará pela obra depende de várias variáveis, como do custo
de mão de obra, da quantidade de material necessário para a obra, do
tamanho da obra, entre outros.
Você encontrará também representações gráficas que elucidam dife-
rentes funções e direcionam a atenção para alguns pontos importantes,
como o que poderia descaracterizar uma função, ou seja, fazer com que
determinada expressão matemática não represente uma função.

Conjunto dos números reais


Um número real pode ser representado como um decimal (ou expansão decimal)
finito, periódico ou infinito não periódico. Para ficar mais claro, observe os
exemplos a seguir:

π = 3,141592653589793…

Nesses exemplos, é representado por um decimal finito; já é represen-


tado por um decimal periódico, também conhecido como dízima periódica.
A barra sobre 142857 destaca que essa sequência se repete indefinidamente.
No caso do π, temos uma expansão decimal infinita, mas não periódica (RO-
GAWSKI, 2008).
Denota-se o conjunto dos números reais por R, em negrito. Utiliza-se o
símbolo ∈ para indicar que “pertence a”, com em:

a ∈ R é lido como “a pertence a R”

Vejamos agora alguns conjuntos que estão contidos no conjunto dos nú-
meros reais: elemento “pertence” a um conjunto. Subconjunto “está contido”
em um conjunto.
220 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 3

O conjunto dos números inteiros, denotado pela letra Z, é composto por


números negativos e positivos. Assim, Z = {…, –2, –1, 0, 1, 2, …}. Um número
natural é um número inteiro não negativo. O conjunto dos números racionais
é composto por aqueles números que podem representar um quociente , em
que p e q são inteiros com q ≠ 0, ou seja, as frações podem representa-los.
Esse conjunto é denotado pela letra Q. Cabe destacar que os números como π
e não são racionais, e sim denominados irracionais (ROGAWSKI, 2008).

Segundo Rogawski (2008), podemos dizer que um número é ou não racional a partir
de sua expansão decimal. Ou seja, números racionais têm expansões decimais finitas
ou periódicas, e números irracionais têm expansão infinitas que não são periódicas.

A reta numérica nos permite visualizar os números reais como pontos sobre
ela. A Figura 1, a seguir, mostra o conjunto dos números reais representado
como uma reta.

Figura 1. Representação dos números reais na reta


numérica.
Fonte: Rogawski (2018, p. 1).

O valor absoluto de um número real, conforme representação na Figura 2,


pode ser observado quando olhamos para o módulo desse número. Ou seja:
Aplicações de Funções UNIDADE 4
Números Reais, Funções e Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 221
4 Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica)

Figura 2. Valor absoluto |a|.


Fonte: Rogawski (2018, p. 1).

Vejamos alguns exemplos numéricos do valor absoluto de um número real:

|3, 1| = 3, 1
|–10| = 10
|4| = |–4| = 4
|5 ∙ 3| = |5| ∙ |3| = 15

Observe que a distância entre dois números reais a e b é |b – a|, ou seja, é


o comprimento do segmento de reta que liga a a b, como mostra a Figura 3
(ROGAWSKI, 2008).

Figura 3. Distância entre a e b é |b – a|.


Fonte: Rogawski (2018, p. 2).

Rogawski (2008) destaca que, dados os números reais a < b, teremos quatro
intervalos com extremidades a e b. O intervalo fechado [a, b] é o conjunto de
todos os números reais x, tais que a ≤ x ≤ b. Note que a e b fazem parte e estão
contidos no intervalo. Algebricamente, podemos representar da seguinte forma:

[a, b] = {x ∈ R: a ≤ x ≤ b}
222 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 5

Os intervalos aberto e semiabertos podem ser representados pelos seguintes conjuntos


da Figura 4:

Figura 4. Quatro intervalos com extremidades a e b.


Fonte: Rogawski (2018, p. 2).

O intervalo infinito (–∞, ∞) é toda reta real R. Um intervalo semi-infinito pode ser
aberto ou fechado e contém sua extremidade finita, conforme Figura 5:

Figura 5. Intervalos semi-infinitos fechados.


Fonte: Rogawski (2018, p. 2).

Função
Em nosso cotidiano, as funções estão presentes nas mais variadas situações.
No entanto, nem sempre nos damos conta disso. De acordo com Hoffmann et
al. (2018), a palavra função é utilizada para designar a ação de exercer uma
influência, ou seja, certa grandeza ou característica depende de outra. Sendo
assim, função pode ser definida como “uma regra que associa a cada objeto
de um conjunto A e apenas um objeto de um conjunto B. O conjunto A é
chamado de domínio da função, e o conjunto B é chamado de contradomínio”
(HOFFMANN et al., 2018, p. 2).
Aplicações de Funções UNIDADE 4
6 Números reais, funções e gráficosNúmeros
(linear,Reais, Funçõeseetrigonométrica)
quadrática Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 223

Pode-se pensar em uma função como um mapeamento de números em um domínio A


para números em um contradomínio B, como mostra a Figura 6a; ou em uma máquina
que transforma um número do conjunto A em um número do conjunto B, usando um
processo especificado pela regra funcional, como mostra a Figura 6b.

B Entrada f Saída
A Máquina f(x)
x

(a) Função como um mapeamento (b) Função como uma máquina

Figura 6. Interpretações da função f.


Fonte: Hoffmann et al. (2018, p. 2).

Lembre-se de que existe um, e apenas um, número no contradomínio (conjunto de


saída) associado a cada número do domínio (conjunto de entrada).

Hoffmann et al. (2018) destacam que, às vezes, é conveniente representar


uma relação funcional como uma equação do tipo y = f(x). Nesse contexto, x
e y são chamados de variáveis. Em particular, como o valor numérico de y é
determinado pelo valor de x, y é chamado de variável dependente, e x de variável
independente. Não havendo condições adicionais, supomos que o domínio de
uma função f é o conjunto de todos os números x para os quais f(x) existe.
Além disso, para determinar o domínio de uma função, é necessário excluir,
por exemplo, os números x que resultam em uma divisão por zero ou uma
raiz quadrada de um número negativo. Vejamos, a seguir, alguns exemplos.

Exemplo 1

Vamos determinar os domínios das seguintes funções:


224 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 7

Como a divisão por qualquer número diferente de zero é possível, o domínio


de f(x) é o conjunto de todos os números x ≠ 4.

Como o denominador x2 + 3 de f(x) é um número positivo para qualquer


valor de x, não precisamos nos preocupar com a divisão por zero. Entretanto,
os números x, tais que 2 – x < 0, devem ser excluídos do domínio porque a raiz
quadrada de um número negativo não é um número real. Assim, o domínio de
f(x) é o conjunto de números x, tais que 2 – x ≥ 0, ou seja, x ≤ 2.

Exemplo 2

Se A = {1, 2, 3, 4, 5}, B = Z (o conjunto dos números inteiros) e f de A em B


for a função que associa a cada elemento de A o seu dobro, então:

„ a lei de formação de f pode ser escrita como y = 2x ou f(x) = 2x;


„ a imagem do elemento 1 é 2, isto é, f(1) = 2 ∙ (1) = 2;
„ a imagem do 2 é o 4, isto é, f(2) = 2 ∙ 2 = 4;
„ o domínio de f é o conjunto A, isto é, D( f ) = {1, 2, 3, 4, 5};
„ a imagem de f é o conjunto Im( f )={2, 4, 6, 8, 10}.

Observação: note que, apesar de o contradomínio ser o conjunto Z dos números


inteiros, nem todo elemento do contradomínio pertence ao conjunto imagem,
uma vez que, por exemplo, 3 e –2 não são o dobro de nenhum elemento de A
(BRAGA, 2012).

Exemplo 3

Ambientalistas estimam que, em certa cidade, a concentração média diária


de monóxido de carbono no ar será c(p) = 0,5p + 1 partes por milhão quando
a cidade tiver uma população de p mil habitantes. Um estudo demográfico
indica que a população da cidade dentro de t anos será p(t) = 10 + 0,1t2 mil
habitantes (HOFFMANN et al., 2018).
Aplicações de Funções UNIDADE 4
8 Números reais, funções e gráficos (linear,
Númerosquadrática e trigonométrica)
Reais, Funções e Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 225

a) Determine a concentração média de monóxido de carbono no ar


em função do tempo.
Como a concentração de monóxido de carbono está relacionada com
a variável p por meio da equação c(p) = 0,5p + 1, e a variável p está
relacionada com a variável t pela equação p(t) = 10 + 0,1t2, a função
composta

c(p(t)) = c(10 + 0,1t2) = 0,5(10 + 0,1t2) + 1 = 6 + 0,05t2

expressa a concentração de monóxido de carbono no ar em função da


variável .
b) Daqui a quanto tempo a concentração de monóxido de carbono
atingirá o valor de 6,8 partes por milhão?
Fazendo c(p(t)) igual a 6,8 e explicando t, obtemos:

6 + 0,05 t2 = 6,8

Subtraindo 6 de ambos os membros:

0,05t2 = 0,8

Dividindo ambos os membros por 0,05:

Extraindo a raiz quadrada de ambos os membros:

Desprezando a raiz negativa, pois não pertence ao domínio de nossa


função, uma vez que a variável independente t representa o tempo.
Assim, a concentração de monóxido de carbono chegará a 6,8 partes
por milhão daqui a quatro anos.
226 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 9

Gráficos de funções
Nesta seção, você estudará a representação gráfica de algumas funções. De
acordo com Braga (2012), os gráficos são uma excelente forma de visualizar-
mos funções em que as entradas e saídas são números reais. Além disso, o
autor destaca que é possível aplicar o teste da reta vertical para verificar se
um gráfico representa uma função, já que qualquer reta vertical no plano só
poderá interceptar o gráfico de uma função, no máximo, em um único ponto,
não podendo cortar o gráfico duas vezes. Se assim fosse, teríamos dois pontos
diferentes (x, y1) e (x, y2) pertencentes a f, em que y1 ≠ y2, contradizendo a
definição de função. Observe, a seguir, alguns exemplos:

Exemplo 4

Veja, na Figura 7, a construção do gráfico de (BRAGA, 2012).

Figura 7. Gráfico da função .


Fonte: Braga (2012, p. 8).
Aplicações de Funções UNIDADE 4
10 Números reais, funções e gráficosNúmeros
(linear,Reais,
quadrática
Funçõeseetrigonométrica)
Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 227

Exemplo 5

Veja, na Figura 8, a construção do gráfico de f(x) = x2 – x – 2 (BRAGA, 2012).

Figura 8. Gráfico da função f(x) = x2 – x – 2.


Fonte: Braga (2012, p. 8).

Exemplo 6

O círculo x2 + y2 = 9, de raio 3, não pode ser o gráfico de uma função, pois


existem retas verticais que contêm mais do que um ponto do círculo. Veja, na
Figura 9, que os pontos (0, 3) e (0, –3) pertencem ao círculo, e 3 ≠ –3, o que
está em desacordo com a definição de função (BRAGA, 2012).
228 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 11

Figura 9. Gráfico de x2 + y2 = 9.
Fonte: Braga (2012, p. 9).

Exemplo 7

Seja uma função f: R → R definida por (FLEMMING; GONÇALVES, 2006):

O gráfico de f pode ser visto na Figura 10.

Figura 10. Gráfico da função f(x).


Fonte: Flemming e Gonçalves (2006, p. 15).
Aplicações de Funções UNIDADE 4
12 Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica)
Números Reais, Funções e Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 229

Exemplo 8

Seja f(x) = |x|. Quando x ≥ 0, sabemos que f(x) = x. Quando x < 0, f(x) = –x. O
gráfico de |x| pode ser visto na Figura 11 (FLEMMING; GONÇALVES, 2006).

Figura 11. Gráfico da função f(x) = |x|.


Fonte: Flemming e Gonçalves (2006, p. 16).

Exemplo 9

Seja . Então, D( f ) = R – {0}, conforme gráfico da Figura 12 (FLEM-


MING; GONÇALVES, 2006).

Figura 12. Gráfico da função .


Fonte: Flemming e Gonçalves (2006, p. 16).
230 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 13

Rogawski (2008) apresenta as classes básicas de funções que são bem-


-conhecidas e importantes, como: polinômios, funções racionais, funções
algébricas, funções exponenciais e funções trigonométricas –– que são funções
construídas a partir de senx e cosx, mas não são o foco desta seção. Vejamos,
a seguir, cada uma das principais.

Polinômios
Para qualquer número real m, a função f(x) = xm é denominada função potência
de expoente m. Um polinômio é a soma de múltiplas funções potência de
expoentes naturais em que o domínio são os reais (Figura 13):

f(x) = x5 – 5x3 + 4x

Figura 13. Polinômio f(x) = x5 – 5x3 + 4x.


Fonte: Rogawski (2018, p. 20).
Aplicações de Funções UNIDADE 4
14 Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica)
Números Reais, Funções e Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 231

Racionais
Conforme Rogawski (2008), uma função racional é o quociente de dois po-
linômios (Figura 14):

Onde P(x) e Q(x) são polinômios. O domínio de uma função racional é o


conjunto de números x, tais que Q(x) ≠ 0. Por exemplo:

D( f ) = {x ∈ R:x ≠ –2 e x ≠ 1}

Figura 14. Função racional .


Fonte: Rogawski (2018, p. 20).
232 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Números reais, funções e gráficos (linear, quadrática e trigonométrica) 15

Algébricas
De acordo com Rogawski (2008), uma função algébrica envolve soma, produto
e quociente de raízes de polinômios e funções racionais (Figura 15):

Um número x pertence ao domínio de f se cada expressão da fórmula de f


estiver definida e o resultado não envolver divisão por zero.

D( f ) = {x ∈ R: –1,81753 ≤ x ≤ 1,81735}
Im( f ) = {f ∈ R: 0 ≤ f ≤ 1,80278}

Figura 15. Função algébrica .


Fonte: Rogawski (2018, p. 20).

Exponenciais
Rogawski (2008) define função exponencial como a função f(x) = bx, onde
b > 0, em que b é a base:
Aplicações de Funções UNIDADE 4
16 Números reais, funções e gráficosNúmeros
(linear, Reais,
quadrática e etrigonométrica)
Funções Gráficos (Linear, Quadrática e Trigonométrica) PARTE 4 233

A função f(x) = bx é crescente se b > 1 e decrescente se b < 1, como mostra


a Figura 16. A inversa de f(x) = bx é a função logaritmo y = logbx.

Figura 16. Funções exponenciais.


Fonte: Rogawski (2008, p. 22).

BRAGA, R. O. Cálculo I: estudo da derivada. São Leopoldo: Unisinos, 2012. 190 p.


FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração.
6. ed. São Paulo: Pearson, 2006. 464 p.
HOFFMANN, L. D. et al. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. 11. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2015. 680 p.
ROGAWSKI, J. Cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2008. 2 v. 1248 p.
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