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TRABALHO

1 – Explique a seguinte frase de Lacan: “O inconsciente é organizado


como uma linguagem”. (1,5)
Com essa frase, Lacan quis dizer que o inconsciente está na linguagem,
ou seja, aparece quando falamos, na importância que damos a certas palavras,
conceitos, ideias, etc. Naquela palavra que se for mencionada em uma
conversa nos deixará tristes, nervosos, com raiva, com saudade, etc.
Lacan considera que o inconsciente obedece às leis da linguagem, por
isso coloca a fala como o instrumento por onde podemos verificar as
manifestações do inconsciente, através dos atos falhos, chistes, relato dos
sonhos e sintomas. Propõe que é a lingüística - cujo modelo é o jogo
combinatório - que confere ao inconsciente um estatuto, podendo este ser
qualificável, acessível e objetivável. (Lacan, 1985 p. 28).

2 – Lacan disse que o campo psicanalítico é o campo do desejo humano.


Este campo é cindido em três registros: Real, Simbólico e Imaginário.
Descreva cada um desses três registros. (2,0)
O Real é a base pulsional do ID, sobre a qual se organiza o aparelho
psíquico, é impossível de ser definido.
O Simbólico é o registro psíquico ligado a função da linguagem, é a
ordem, a lei. É o que distingue o homem do animal, e funda o inconsciente, é o
SUPEREGO.
O Imaginário é um registro psíquico correspondente ao EGO (eu) do
indivíduo. O indivíduo busca no Outro (pessoas, amor, imagem, objeto) uma
sensação de completude, de unidade. No entanto, o Outro não existe para
desenvolver a imagem com que o EGO (eu) quer ser sustentado.

3 – O que é significante e significado? (1,5)


A noção de significado e significante utilizada por Lacan é proveniente
de Ferdinand de Saussure, um linguista que propôs uma visão estruturalista da
linguagem. Para Saussurre, a linguagem seria formada por elementos
chamados signos. Esses, por sua vez, seriam compostos de duas dimensões,
unidas arbitrariamente, ou seja, em função do acaso, a saber: o significante e
o significado. O significante seria a parcela material do signo linguístico (o som
da palavra, por exemplo). Já o significado seria o conceito, o sentido, a ideia
associada ao significante.
Lacan, guiado pela experiência com as formações do inconsciente
(sonhos, lapsos, chistes, atos-falhos, etc.) reinventa a proposta original de
Saussure, argumentando que a linguagem seria constituída essencialmente de
significantes e não de signos e que o significado não teria – ainda que
arbitrariamente produzida – uma relação fixa com o significante. Para Lacan, a
experiência psicanalítica teria demonstrado que o significado é extremamente
volátil, evanescente, como um fluido que desliza ao longo da cadeia de
significantes. Nesse sentido, a noção de signo deveria ser relativizada, já que
uma relação mais ou menos fixa entre significante e significado estaria restrita
a um dado contexto. Por outro lado, na linguagem como um todo, isto é, no
lugar do Outro, só existiriam significantes. Aliás, Lacan define o Outro
precisamente como “tesouro dos significantes”.

4 – Explique os três tempos do Complexo de Édipo segundo Lacan:


Psicose, Perversão e Neurose. (2,5)
A Psicose é uma estrutura da personalidade que prejudica a
percepção e o pensamento da pessoa, afetando sua capacidade de
julgamento. Diferentemente do neurótico, o psicótico não reconhece as
regras ou mesmo que as reconheça se sente indiferente a elas, nem respeita
as normas estabelecidas. Por ser isento de culpa ou ansiedade, é possível que
seja capaz de distinguir o certo do errado, mas por se colocar sempre em
primeiro lugar e não possuir capacidade empática, tende a seguir o que
considera bom para si, independentemente de "certo ou errado" dentro da
sociedade ou comunidade em que está inserido.
Esse tipo de estrutura de personalidade costuma estar associada a
transtornos psíquicos mais graves e crônicos. Quando ocorre um surto
psicótico, é comum que haja alucinações e medo paranóico. Seus sintomas
são mais intensos e persistentes, afetando negativamente a rotina e crítica da
pessoa, como ocorre na manifestação da esquizofrenia.
Alguns especialistas ressaltam que é uma das estruturas de
personalidade mais perigosas, porque os psicóticos são capazes de ações
extremas sem mostrar qualquer sentimento. Quando o indivíduo é muito
inteligente, todo esse potencial é utilizado para manipular, controlar e para
submeter aqueles que estão a seu redor. Na manifestação de transtornos
mentais desta estrutura pode-se mencionar: sociopata, desvio de caráter e
esquizofrenia.
A Perversão é uma estrutura de personalidade na que a busca pelo
prazer é constante. A pessoa sabe que existem normas, são capazes de
reconhecê-las, mas tendem a transgredi-las.
No lugar de sentir culpa, o perverso costuma desfrutar desses
momentos, não mostrando quaisquer sinais de ansiedade. Ao contrário, a
ansiedade somente aparece nos momentos em que deseja transgredir e não
consegue.
O perverso costuma materializar seu desejo de perturbar a ordem
natural das coisas, as normas estabelecidas, por meio de dois grandes grupos
de comportamento: a perversão sexual e a perversão social. É natural reunirem
características exibicionistas e descaradas, sendo impulsivas e manipuladoras.
A canalização de seu prazer é direcionada a algo que destoa do comum,
considerado o movimento saudável da estrutura neurótica - parceiro, família,
realização pessoal - para algo perverso e desejos fora do padrão. Podemos
mencionar: pedofilia, zoofilia, entre outros.
A Neurose é uma estrutura da personalidade que está intimamente
ligada à angústia. A pessoa consegue manter um pensamento racional e
distinguir o certo do errado. Ela tem a necessidade de seguir as normas e fazer
aquilo que é correto, sentindo-se culpada quando não consegue cumprir com
essa expectativa.
As atividades normais do dia a dia da pessoa não se vêm afetadas pela
estrutura neurótica, porém a pessoa não consegue resolver de forma
satisfatória esses conflitos internos. Quando foge à regra, precisa justificar seu
comportamento, e para isso recorre a argumentos que falem de merecimento
ou necessidade. Mesmo assim, não consegue se sentir aliviada.
Na neurose, a culpa e a ansiedade andam de mãos dadas. Segundo
especialistas, a forma como a pessoa lida com essa ansiedade é o que a
encaixa em um dos três tipos de neurose: a fóbica, a histérica e a obsessiva. A
neurose é a estrutura de personalidade mais comum e saudável. Quando
ocorre a somatória de inúmeros fatores que favorecem a manifestação de um
transtorno mental, estas manifestações possuem um bom prognóstico de
tratamento e podem incluir transtornos de humor e ansiedade.

5 – “A psicoterapia conduz ao pior”. Na sua opinião, o que Lacan quis


dizer com esta frase? (1,0)
Acredito que Lacan referia-se ao desconforto que a análise traz ao
sujeito, no momento que este decide procurar o divã do psicanalista. É a
necessidade de “mexer nas feridas”, para re-significar aquela dor, a qual foi a
queixa do sujeito.

6 – Qual é a diferença entre Sintoma e Sinthoma? (1,5)


Sintoma é aquilo de que o sujeito se queixa, e sinthoma, aquilo que
estrutura a vida psíquica, o que amarra os três registros. Ou seja, o sintoma é
curável; o sinthoma não.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LACAN, Jacques. O Seminário – livro onze – Os quatro conceitos fundamentais
da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. 1985.

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