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Soldados da Borracha

(PARA QUE NÃO SEJAM ESQUECIDOS)


Muito já foi escrito sobre esse assunto, verdadeiro atestado de
incompetência e irresponsabilidade que foi perpetrado pelas autoridades
brasileiras por ocasião da Segunda Guerra Mundial, quando mandaram
para a Amazônia, entre 1942 e 1945, cerca de 60000 trabalhadores, a
pedido do governo americano, em razão da carência de borracha, material
estratégico e vital para os exércitos aliados, cuja linha de suprimento fora
cortada aos americanos pelos japoneses quando dominaram as plantações
da Malásia e da Indonésia.

Eram os famosos “soldados da borracha” atraídos pela propaganda oficial


que prometia fartura e glória a quem fosse para a Amazônia.

Ao serem recrutados os “soldados” recebiam um enxoval improvisado –


uma calça de mescla azul, uma blusa de morim branco, um chapéu de
palha, um par de alparcatas de rabicho, uma caneca de flandres, um prato
fundo, um talher, uma rede, uma carteira de cigarros Colomy e um saco de
estopa à guisa de mala.

Na época, a produção de borracha nos seringais da Amazônia era de cerca


de 17000 toneladas (safra de 1940 – 1941). Para alcançar a meta contratada
pelos americanos, 70 mil toneladas por ano, seria necessário enviar para os
seringais mais 100000 trabalhadores.
Esses homens, muitos acompanhados de suas famílias, a maioria flagelados
fugidos da seca 1941/1942, embarcavam nos navios do Lloyd Brasileiro no
porto de Fortaleza para os seringais da Amazônia.

Em Fortaleza, os navios, após as operações de descarga e carregamento,


arriavam os paus de carga no convés e armavam toldos de vergueiro por
sobre eles, para acomodar os “soldados” que eram trazidos em chatas (na
época Fortaleza não tinha cais) e embarcavam com dificuldade pela escada
de portaló.

Essas pessoas já embarcavam debilitadas. À primeira refeição, geralmente


feijão, arroz, carne ou peixe e farinha de mandioca, uma vez em alto mar,
ficavam prostradas em suas redes, armadas às vezes em duas e até três
camadas, e vomitavam uns nos outros, obrigando o contra-mestre a
baldear o convés duas a três vezes por dia.
Apesar de toda a dedicação do médico e do enfermeiro de bordo, muitos
morriam, principalmente crianças. O doutor invariavelmente escrevia no
atestado de óbito, como causa mortis, disenteria. Os mortos eram
costurados em pedaços de lona com restos de grelha de fornalha e tijolos
refratários das caldeiras. Parava-se o navio, o Comandante lia um salmo de
David e ordenava lançá-los ao mar.

Davam-se três apitos longos e o navio prosseguia viagem. Isso no princípio,


porque depois os corpos eram lançados com o navio em movimento. Nas
viagens de Fortaleza para Belém ia-se a escoteiro, por isso, não era
aconselhável ficar parado por causa dos submarinos.

Em Belém, essas famílias eram encaminhadas para alojamentos em um


lugar que, se não me falha a memória, chamava-se Tapanã, onde os
seringalistas ou seus prepostos escolhiam aqueles que lhes convinham. Em
seguida eram embarcados em barcos tradicionais da Amazônia, conhecidos
como “gaiolas”, que os levavam para os seringais.

Cabe aqui uma observação: aquela gente era tirada do sertão árido do
nordeste e enviada para a floresta amazônica, dois biomas completamente
diferentes, caatinga e floresta tropical pluvial (floresta amazônica), com as
previsíveis conseqüências de adaptação.
Muitos morreram de moléstias por absoluta falta de assistência médica,
outros assassinados pelos jagunços dos donos do seringal quando
tentavam fugir, alguns comidos por feras ou ainda mortos pelos índios.

O sistema de trabalho (escravo) era aquele conhecido em que o


seringalista, dono do armazém, e somente ele, fornecia tudo que o
seringueiro precisava em troca da produção da borracha. Claro que o
seringueiro estava sempre devendo.

Poder-se-ia escrever muito mais sobre o Exército da Borracha, seus


soldados e suas desventuras, sobre o acordo Brasil – Estados Unidos para o
incremento daquele material estratégico e sobre muitos outros fatos e
acontecimentos, não fosse a exigüidade do nosso espaço.

Somente mais uns números marcantes: dos 60000 soldados da


borracha cerca da metade desapareceu na selva amazônica ou a caminho
de lá, número infinitamente maior aos mortos das forças armadas na
Segunda Guerra Mundial.
Durante muitos anos esses pobres coitados foram esquecidos. Somente
por ocasião da promulgação da Constituição de 1988, o relator, ex-senador
Bernardo Cabral, bom amazonense, conseguiu introduzir o artigo 54 do
ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), que conferiu aos
seringueiros recrutados nos termos do Decreto Lei 5.813 de 14/09/1943,
amparados pelo Decreto Lei 9.882 de 16/09/1946, uma pensão vitalícia de
dois salários mínimos.

ERNANI A. M. Ribeiro
Fonte: www.centrodoscapitaes.org.br

Produção de Borracha

A borracha é uma substância em partículas contida no látex de muitas


plantas, sendo que 90% da produção mundial vem das plantações da
árvore brasileira Hevea brasiliensis no sudeste da Ásia, principalmente na
Malásia, a borracha é obtida pelo aquecimento até a coagulação do látex
parecido com o leite e com a cor predominante branca produzido pela
seringueira.
A borracha natural não tinha muita utilidade até que o norte americano
Charles Goodyear inventou o processo de vulcanização, o qual era feito
adicionando enxofre à borracha e aquecendo a mistura. Esse processo
evitava que a borracha se tornasse pegajosa quando aquecida e dura
quando resfriada, ou seja, era obtida uma goma elástica que não se
esfarelava e nem colava. Foi esse o ponto de partida para as aplicações
práticas da borracha.
A borracha sintética produzida por processos químicos industriais, não
substitui inteiramente as aplicações da borracha orgânica, superior por sua
elasticidade e densidade.

Borracha Natural: É o elastômero natural obtido do látex. Pode também


ser obtida a partir de várias outras plantas.
A borracha natural, a qual provém da coagulação do látex, contém ao lado
de outras substâncias secundárias, um hidrocarboneto responsável pelas
propriedades características do produto. Esse hidrocarboneto é a molécula
do polipreno e pode ser considerada como uma cadeia formada pela
junção de um grande número de elos do monômero isopreno , C5H8.
É por isso que a borracha crua não vulcanizada, se torna plástica pela ação
do calor. A borracha crua esticada e esfriada a temperatura muito baixa é
quebradiça e, quando martelada, fragmenta-se em filamentos. Suas
propriedades são semelhantes aos dos plásticos termoplásticos. A borracha
deteriora-se na presença de luz solar direta por causa da sua reação com o
oxigênio.
Para evitar que isso aconteça, é introduzido um pigmento negro carbôneo
que desacelera este processo. Isso não impede que a borracha se deteriore,
ela continua a se deteriorar, mas lentamente, especialmente na presença
de óleo ou graxa. Como a borracha é um termofixo (torna-se flexível ao ser
aquecida), pode adquirir forma por extrusão e moldagem.

É utilizada em grande escala na produção de pneus e também na


fabricação de tecidos impermeáveis utilizados na confecção de capas de
chuva,forros de superfícies. Não podemos esquecer também de sua
importância como componente principal na fabricação de mangueiras
(setor automotivo). O látex é o leite colhido e preservado. Sob o ponto de
vista físico-químico, é um sistema coloidal. Sua estabilidade é conservada
com a adição de amoníaco. A sua preservação é auxiliada com fenóis.

O paranitrofenol é o de maior emprego. Os agentes biológicos costumam


manchar a borracha muitas vezes. O oxigênio é o principal causador da
deterioração da borracha. A luz ultravioleta, em tempo muito curto, torna a
borracha “melada”, principalmente quando não defumada. Portanto, deve-
se proteger a borracha crua da ação da luz, principalmente.

Borracha Sintética: É o conjunto de compostos produzidos com a


finalidade de reproduzir as propriedades da borracha natural.
A primeira borracha sintética foi um polímero de dimetil butadieno
(C4H6), fabricado na Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial. Mas
esta borracha era de qualidade muito inferior à borracha natural.
Muitos tipos diferentes de borrachas sintéticas estão agora em uso, sendo
a mais difundida a borracha produzida pela polimerização do butadieno
com o estireno.

Em muitos casos esta borracha pode substituir a borracha natural já que


resiste melhor ao envelhecimento, às rachaduras e à abrasão do que o
produto natural.
Entretanto, sua resistência e flexibilidade são pobres e em algumas
aplicações, principalmente bandas de rodagem de pneus, é misturada
à borracha natural.
Uma outra borracha sintética é aquela obtida a partir do butilo. É
impermeável aos gases e é utilizada nas câmaras de ar e no revestimento
interno dos pneus sem câmara. Outros exemplos de borrachas sintéticas
incluem o policloropreno (neoprene), utilizado na indústria de fios e cabos,
e borrachas derivadas de nitrilos resistentes ao óleo, utilizadas em juntas
de vedação e nos cilindros que espalham a tinta das máquinas impressoras.
Algumas formas de silicone, poliuretano e PTFE (politetrafluoretano) são
utilizadas como borrachas sintéticas. As borrachas sintéticas, assim como
as borrachas naturais, são compostas por pigmento negro, carbono e
outros aditivos, tais como agentes corantes, plasticizadores, amaciantes e
agentes vulcanizadores, para alterar ou melhorar as suas qualidades.

Vulcanização
A vulcanização da borracha é a sua combinação química com certos
corpos que chamamos de agentes vulcanizantes, em virtude da qual a
borracha adquire a propriedade de poder sofrer deformações, e cessadas
as causas determinantes, retomar suas dimensões iniciais. Dos agentes
vulcanizantes, o mais importante é o enxofre.
É através da vulcanização que conseguimos transformar as propriedades
plásticas da borracha, eliminar a sua sensibilidade ao calor, e obter um
corpo elástico capaz de retomar as suas dimensões iniciais depois de uma
deformação, mesmo em condições extremas de temperatura.

O mecanismo pelo qual se dá a vulcanização da borracha pode ser


imaginado como sendo a interligação das moléculas do hidrocarboneto
através de átomos ou moléculas do agente vulcanizante, ligados a átomos
de carbono que inicialmente apresentavam dupla ligação.

A espuma de borracha produzida com espuma de látex e vulcanização, é


utilizada como estofamento na fabricação de móveis e em outras
aplicações. A vulcanização é o resultado de uma reação química. A
combinação do enxofre é irreversível, atingindo o teor máximo de 32% que
é o valor teórico para saturar todas as duplas ligações. Não existe ainda
nenhum processo que permita a desvulcanização da borracha. A
vulcanização pode ser processada a frio e a quente.

Fonte: meusite.mackenzie.com.br

Produção de Borracha

Seringueira: opções de cultivo e geração de renda na Amazônia

A seringueira, planta nativa da Região Amazônica da qual se extrai o látex


para fabricação de borracha natural, a partir da saída de seu habitat
passou a ser cultivada em grandes monocultivos, principalmente nos países
asiáticos. No Brasil, seu cultivo obteve grande sucesso nas Regiões Sudeste,
Centro-Oeste, na Bahia e mais recentemente no oeste do Paraná.
A produção brasileira atual é de aproximadamente 105 mil toneladas, para
um consumo em torno de 250 mil, tonando-se necessário importar 145 mil
toneladas de borracha natural de outros países, o que contribui muito
para o desequilíbrio da balança comercial do agronegócio brasileiro.
Na Amazônia, a situação do setor da borracha natural é bastante crítica.
No Acre, por exemplo, antes de 1999, os preços estiveram em seus
patamares mais baixos chegando-se a receber menos de R$ 0,50/kg e uma
produção estadual em torno de 1,5 mil toneladas, que culminou com o
fechamento de usinas, abandono de seringais e êxodo rural, promovendo
inchaço na periferia de Rio Branco e empobrecimento dos povos da
floresta.
A adoção da política de subsídios pelo governo estadual, por meio da Lei
Chico Mendes, somada à política de preços do governo federal, gera
atualmente um preço de R$ 1,67 por quilo de borracha tipo CVP (cernambi
virgem prensado), constituindo o valor mais alto pago pelo produto no País.

No entanto, sabe-se que apenas esse tipo de incentivo não é suficiente para
aumentar a produção e garantir sustentabilidade ao setor, entretanto,
reconhece-se que o estímulo elevou a produção para algo em torno de 5
mil toneladas/ano, reativando usinas e seringais em todas as regiões do
Estado do Acre, envolvendo aproximadamente 7 mil famílias de
seringueiros no processo produtivo.

Percebe-se, portanto, que a situação do setor é bastante complexa e exige


medidas urgentes no sentido de que o governo federal crie programas de
financiamento para implantação e cultivo da seringueira em todo o Brasil.
Na Amazônia o principal problema é o mal-das-folhas, doença causada pelo
fungo Microcyclus ulei. A Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM) e
Embrapa Acre desenvolveram uma técnica de combinação de enxertias de
copa/painel que solucionou o problema, faltando agora programas de
financiamento para plantios em grande escala. No Acre, essa produção é
predominantemente de seringais nativos, apenas uma pequena parcela
provém de seringais de cultivo remanescentes do extinto Probor
coordenado pela também extinta Sudhevea.

A partir da ratificação definitiva do protocolo de Kyoto, que reduz a emissão


de gases poluentes na atmosfera, principalmente o CO2 o qual promove o
aquecimento da terra, abre-se a perspectiva de obtenção de uma renda
extra da seringueira por meio da venda de créditos de carbono, podendo-
se portanto utilizar a árvore para reflorestamento, recuperação de áreas
abandonadas ou degradadas e em sistemas agroflorestais, este último
viável do ponto de vista da amortização dos custos de implantação e
diversificação de renda e de produtos.
Enfim, diante do quadro local mostrado e de um panorama nacional
bastante desfavorável, em que o País importa cerca de 60% de toda
a borracha natural que consome, urge que o governo federal tome
medidas que permitam ao Brasil atingir a auto-suficiência em produção de
borracha natural.
Apresentamos como sugestões principais o estabelecimento de políticas de
crédito e assistência técnica específica para a cultura, criação de um
programa nacional de pesquisa e desenvolvimento que contemple toda a
cadeia produtiva da seringueira e da borracha natural, estímulo à
implantação de novas áreas de plantio e, por último, utilização pelo setor
madeireiro de árvores oriundas de cultivos ao final do ciclo de produção de
látex.
Essas medidas em médio e longo prazo proporcionariam ao Brasil
condições de voltar a ser pelo menos auto-suficiente em borracha natural,
o que contribuiria para um maior equilíbrio da balança comercial brasileira
e o tornaria menos dependente dos países que dominam o mercado
internacional de borracha, por meio da regularização de estoques e dos
preços. Por fim, o nosso principal objetivo é mostrar para a sociedade que
muito tem que ser feito por um produto brasileiro, do qual fomos o maior
produtor mundial e hoje somos um grande importador, tudo isso, devido à
falta de políticas corretas de pesquisa, crédito rural, incentivos fiscais e de
assistência técnica à cultura no País.
José Tadeu de Souza Marinho
Fonte: www.cpafac.embrapa.br

Produção de Borracha

Substância elástica e impermeável obtida pela coagulação do látex de


diversas plantas da América, da Ásia e da Oceania ou mediante processos
químico-industriais.

Esse material retém o ar, impede a entrada de umidade e não conduz


eletricidade (é isolante).

A borracha é uma das matérias-primas mais utilizadas pela indústria,


sendo empregada na impermeabilização de tecidos, na fabricação de
pneus, roupas, calçados e de centenas de outros objetos.
Trabalhador faz cortes nas seringueiras para a extração do látex, uma
seiva branca e leitosa
Primeiros Usos
A borracha natural era conhecida dos nativos das Américas do Sul e
Central desde antes da chegada dos europeus.
Relatos de exploradores que estiveram na região nos séc. XVI e XVII
mostram que os índios brincavam com bolas que tocavam o chão e
pulavam ou faziam sapatos à prova de água com látex, espalhando o suco
leitoso da seringueira nos pés e deixando-o secar.

Em 1735, o explorador francês Charles Marie de la Condamine (1701-1774)


recolheu no Peru amostras de borracha endurecida e levou-as para a
França.

Em 1770, o químico inglês Joseph Priestley descobriu que o material podia


ser usado para apagar riscos feitos a lápis.

No início do séc. XVIII, os cientistas inventaram novos usos para a borracha.

Em 1839, o norte-americano Charles Goodyear descobriu o processo de


vulcanização, tornando a borracha mais forte e resistente ao calor e ao frio,
a partir do aquecimento dessa substância misturada com enxofre. A partir
daí, a borracha passou a ser usada como matéria-prima para diversos
produtos industrializados.
Pneus utilizam borracha natural e sintética em sua composição. Este
material pode ser reciclado
Expansão da Cultura
Os seringais nativos da Amazônia forneceram látex para a indústria durante
o final do séc. XIX e início do séc. XX. O monopólio dessa matéria-prima,
também denominada ouro branco, proporcionou grande desenvolvimento
para a Região Norte do Brasil. As divisas geradas com a exportação da
borracha fizeram de Manaus uma das capitais mais ricas do mundo. Na
década de 1910, porém, países asiáticos entraram no mercado, derrubando
os preços da borracha e dando início à decadência da produção brasileira,
concluída com o desenvolvimento da borracha sintética.
Em 1876, o inglês Henry A. Wickham (1846-1928) havia levado sementes da
Hevea brasiliensis (seringueira) do Brasil para a Inglaterra, de onde mudas
foram enviadas para as colônias britânicas na Ásia, como o Ceilão (atual Sri
Lanka), a Malásia e Bornéu. Em 1914, a produção anual de borracha das
fazendas já excedia a de origem nativa.

Os países do Extremo Oriente, como Malásia, Indonésia, Birmânia, Índia,


Vietnã, Sri Lanka e Tailândia, tornaram-se os principais produtores dessa
matéria-prima, respondendo por cerca de 90% da produção de
borracha natural do mundo.
Seringueiro seca a seiva do látex na fumaça de uma fogueira para
extrair a borracha
A Transformação do Látex
Para extrair o látex da seringueira, faz-se um corte cuidadoso no tronco
dessa árvore, por onde a seiva branca e leitosa flui. Cerca de 30% a 35% do
látex é borracha pura. O restante é formado por água e outras substâncias.
Depois de recolhida, a seiva é transformada em borracha crua pelo
processo de coagulação.

O látex recebe substâncias químicas que fazem com que as partículas de


borracha se separem dos outros materiais. Essa borracha é macia, sem
elasticidade e inodora, mas pode deteriorar-se rapidamente em contato
com o ar. Por meio da vulcanização, o material ganha elasticidade e
resistência. Esse processo é obtido com a mistura de enxofre à borracha.
De acordo com o grau e o tempo de aquecimento do composto, a borracha
adquire flexibilidade ou enrijecimento, tornando-se, então, invariável às
mudanças de temperatura.

Alguns seringueiros ainda utilizam um método primitivo de extrair a


borracha crua do látex, secando a seiva na fumaça de uma fogueira.

A Química da Borracha
Na borracha natural, milhares de minúsculas moléculas de isopreno
ligam-se para formar uma molécula gigante em forma de cadeia. Os
químicos chamam essas moléculas em cadeia de polímeros, o que quer
dizer muitas partes. As moléculas simples, como a de isopreno, são
chamadas de monômeros.
A estrutura particular do polímero da borracha em forma de cadeia explica
por que esta substância é elástica. As moléculas do polímero de uma
borracha não esticada permanecem dobradas sobre si mesmas, como
molas irregulares. Ao esticar-se a borracha, as moléculas distendem-se. Ao
soltar-se a borracha, a cadeia de moléculas volta à posição anterior.

O enxofre estabelece ligações cruzadas entre as cadeias da borracha,


dando-lhe elasticidade. Na borracha não-vulcanizada, as cadeias podem
mover-se. Por essa razão, essa borracha não tem elasticidade. Durante a
vulcanização, obtida com a introdução de átomos de enxofre na cadeia do
polímero natural, as linhas cruzadas ligam as cadeias entre si, de forma que
elas não podem mais passar de um lugar para outro. Isso dá elasticidade e
resistência ao produto vulcanizado. O número de ligações aumenta de
acordo com a quantidade de enxofre adicionada ao composto. Com
grandes quantidades, a borracha torna-se mais rija e menos elástica, até
transformar-se em borracha dura.

Borracha Sintética
Os materiais semelhantes à borracha obtidos a partir de produtos químicos
são denominados borracha sintética. As pesquisas para criar um
substituto para a borracha natural tiveram início nas primeiras décadas
do séc. XX, em virtude dos altos preços e do temor de desabastecimento
desse produto.
A primeira borracha sintética surgiu na Alemanha durante a Primeira
Guerra Mundial. Era um polímero de dimetil butadieno (C4H6), muito
inferior à borracha natural. Entre 1930 e 1935, os alemães produziram
várias borrachas sintéticas de boa qualidade.
Quando estourou a Segunda Guerra Mundial, em 1939, a Alemanha já
fabricava dois tipos principais de borracha sintética: buna S, feita de
butadieno (um gás) e estireno (um líquido feito de alcatrão de hulha e
petróleo); e buna N, feita de butadieno e acrilonitrila (um líquido obtido a
partir do acetileno e do ácido cianídrico).
Antes de 1939, os norte-americanos produziam pequenas quantidades de
vários tipos de borracha sintética.
Quando os japoneses ocuparam as regiões produtoras de borracha natural
do Extremo Oriente, em 1942, e cortaram o fornecimento dessa matéria-
prima, os EUA desenvolveram uma grande indústria de borracha
sintética praticamente da noite para o dia.
Após a Segunda Guerra Mundial, a produção de borracha
sintética expandiu-se para outros países, substituindo a borracha natural.
O tipo mais utilizado é o obtido a partir de butadieno e estireno

Fonte: www.klickeducacao.com.br

Produção de Borracha
Batalha da Borracha: Uma guerra sem vencedores

Soldados de uma guerra sem fim – a esquecida batalha da borracha


Os insuspeitos perigos da guerra
A segunda grande guerra mundial, em fins de 1941, estava tomando rumos
muito perigosos. Além de não conseguir conter a ofensiva alemã, os paises
aliados viam o esforço de guerra consumir rapidamente seus estoques de
matérias primas estratégicas. E nenhuma situação era mais preocupante do
que a da borracha, cujas reservas estavam tão baixas que o governo
americano se viu obrigado a tomar uma série de duras medidas internas.
Toda a borracha disponível deveria ser utilizada somente pela maquina de
guerra.

A entrada do Japão no conflito, a partir do ataque de Pearl Harbour, impôs


o bloqueio definitivo dos produtores de borracha. Já no principio de 1942 o
Japão controlava mais de 97% das regiões produtoras asiáticas, tornando
critica a disponibilidade da borracha para a indústria bélica dos aliados.

Por estranho que possa parecer foi essa seqüência de acontecimentos,


ocorridos em sua maioria no hemisfério norte ou do outro lado do Oceano
Pacífico, que deu origem no Brasil à quase desconhecida Batalha da
Borracha. Uma história de imensos sacrifícios para milhares de brasileiros
mandados para os seringais amazônicos em nome da grande guerra que
conflagrava o mundo civilizado. Um capítulo obscuro e sem glórias de
nossa história que só permanece vivo na memória e no abandono dos
últimos soldados da borracha.

Os Acordos de Washington

Quando a extensão da guerra ao Pacífico e ao Indico, interrompeu o


fornecimento da borracha asiática as autoridades norte-americanas
entraram em pânico.

O Presidente Roosevelt nomeou uma comissão para estudar a situação dos


estoques de matérias-primas essenciais para a guerra.

E os resultados obtidos por essa comissão foram alarmantes: “De todos


os materiais críticos e estratégicos, a borracha é aquele que apresenta a
maior ameaça à segurança de nossa nação e ao êxito da causa aliada (…)
Consideramos a situação presente tão perigosa que, se não se tomarem
medidas corretivas imediatas, este país entrará em colapso civil e militar. A
crueza dos fatos é advertência que não pode ser ignorada” (Comissão
Baruch).
As atenções do governo americano se voltaram então para a Amazônia,
grande reservatório natural de borracha, com cerca de 300.000.000 de
seringueiras prontas para a produção de 800.000 toneladas de borracha
anuais, mais que o dobro das necessidades americanas. Entretanto, nessa
época, só havia na região cerca de 35.000 seringueiros em atividade com
uma produção de 16.000-17.000 toneladas na safra de 1940-41. Seriam
necessários, pelo menos, mais 100.000 trabalhadores para reativar a
produção amazônica e eleva-la ao nível de 70.000 toneladas anuais no
menor espaço de tempo possível.

Para alcançar esse objetivo ocorreram intensas negociações entre


autoridades brasileiras e norte-americanas que culminaram com a
assinatura dos Acordos de Washinton.

Ficou acertado então que o governo americano passaria a investir


fortemente no financiamento da produção de borracha amazônica,
enquanto ao governo brasileiro caberia o encaminhamento de milhares de
trabalhadores para os seringais, no que passou a ser tratado como um
heróico esforço de guerra. Tudo ótimo enquanto as coisas estavam no
papel, mas muito complicadas quando chegou a hora de pô-las em prática.

A Batalha da Borracha

Para o governo brasileiro era juntar a fome com a vontade de comer,


literalmente. Somente em Fortaleza cerca de 30.000 flagelados da seca de
41-42 estavam disponíveis para serem enviados imediatamente para os
seringais. Mesmo que de forma pouco organizada o DNI (Departamento
Nacional de Imigração) ainda conseguiu enviar para a Amazônia, durante o
ano de 1942, quase 15.000 pessoas, sendo a metade de homens aptos ao
trabalho.

Eram os primeiros soldados da borracha. Simples retirantes que se


amontoavam com suas famílias por todo o nordeste fugindo de uma seca
que teimava em não se acabar. O que era, evidentemente, muito pouco
diante das pretensões norte-americanas.

O problema era a baixa capacidade de transporte das empresas de


navegação dos rios amazônicos e a pouca disponibilidade de alojamento
para os trabalhadores em transito. Mesmo com o fornecimento de
passagens do Loyd, com a abertura de créditos especiais pelo governo
brasileiro e com a promessa do governo americano de pagar U$ 100 por
cada novo trabalhador instalado no seringal as dificuldades eram imensas e
pareciam intransponíveis. Isso só começou a ser solucionado em 1943
através do investimento maciço que os americanos fizeram na SNAPP
(Serviço de Navegação e Administração dos Portos do Pará) e da construção
de alojamentos espalhados ao longo do trajeto a ser percorrido pelos
soldados da borracha.

Para acelerar ainda mais a transferência de trabalhadores para a Amazônia


e aumentar significativamente sua produção de borracha os governos
norte-americano e brasileiro encarregaram diversos órgãos da realização
da “Batalha da Borracha”. Pelo lado americano estavam envolvidas a RDC
(Rubber Development Corporation), a Board of Economic Warfare, a RRC
(Rubber Reserve Company), a Reconstruccion Finance Corporation e a
Defense Supllies Corporation. Enquanto que pelo lado brasileiro foram
criados o SEMTA (Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a
Amazônia), depois substituída pela CAETA (Comissão Administrativa de
Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia), a SAVA
(Superintendência do Abastecimento do Vale Amazônico) e o BCB (Banco de
Crédito da Borracha), entre outros.
Esses novos órgãos, em muitos casos, se sobrepunham a outros já
existentes como o DNI e não precisamos de muito esforço para imaginar o
tamanho da confusão oficial que se tornou essa tal Batalha da Borracha.

A ilusão do paraíso

Em todas as regiões do Brasil aliciadores tratavam de convencer


trabalhadores a se alistar como soldados da borracha para auxiliar na
vitória aliada.
Alistamento, recrutamento, voluntários, soldados, esforço de guerra, se
tornaram termos comuns no cotidiano popular. A mobilização de
trabalhadores para a Amazônia realizada pelo Estado Novo foi revestida
por toda a força simbólica e coercitiva que os tempos de guerra
possibilitavam.

No nordeste, de onde deveria sair o maior numero de soldados, o SEMTA


convocou padres, médicos e professores para o recrutamento de todos os
homens aptos ao esforço de guerra que tinha que ser empreendido nas
florestas amazônicas. O artista suíço Chabloz foi contratado para produzir
material de divulgação acerca da “realidade” que os esperava. Nos cartazes
coloridos os seringueiros apareciam recolhendo baldes de látex que
escorria como água de grossas seringueiras. Todo o caminho que levava do
sertão nordestino, seco e amarelo, ao paraíso verde e úmido da Amazônia
estava retratado naqueles cartazes repletos de palavras fortes e otimistas.
O bordão “Borracha para a Vitória” tornou-se o emblema da mobilização
realizada por todo o nordeste.

Histórias de enriquecimento fácil circulavam de boca em boca. “Na


Amazônia se junta dinheiro com rodo”. Os velhos mitos do Eldorado
amazônico voltavam a ganhar força no imaginário popular. O paraíso
perdido, a terra da fartura e da promissão, onde a floresta era sempre
verde e a seca desconhecida. Os cartazes mostravam caminhões
carregando toneladas de borracha colhidas com fartura pelos
trabalhadores. Imagens coletadas por Chabloz nas plantações da Firestone
na Malásia, sem nenhuma conexão com a realidade que esperava os
trabalhadores nos seringais amazônicos. Mas, perder o que? Afinal de
contas – espalhadas pelas esquinas, nas paredes das casas e nos bares – a
colorida propaganda oficial garantia que todos os trabalhadores teriam
passagem grátis e seriam protegidos pelo SEMTA.

Quando nem todas as promessas e quimeras funcionavam, sempre restava


o bom e velho recrutamento forçado de jovens.

A muitas famílias do sertão nordestino foram dadas somente duas


opções: ou seus filhos partiam para os seringais como soldados da
borracha ou então deveriam seguir para o front lutar contra os italianos e
alemães. Muitos preferiram a Amazônia.

Os caminhos da guerra

Ao chegar aos alojamentos organizados pelo SEMTA o trabalhador recebia


um chapéu, um par de alparcatas, uma blusa de morim branco, uma calça
de mescla azul, uma caneca, um talher, um prato, uma rede, cigarros, um
salário de meio dólar por dia e a expectativa de logo embarcar para a
Amazônia. Os navios do Loyd saiam dos portos nordestinos abarrotados de
homens, mulheres e crianças de todas as partes do Brasil. Primeiro rumo
ao Maranhão e depois para Belém, Manaus, Rio Branco e outras cidades
menores onde as turmas de trabalhadores seriam entregues aos “patrões”
(seringalistas) que deveriam conduzi-los até os seringais onde, finalmente,
poderiam cumprir seu dever para com a Pátria.

Aparentemente tudo muito organizado. Pelo menos frente aos olhos dos
americanos que estavam nos fornecendo centenas de embarcações e
caminhões, toneladas de suprimentos e muito, muito, dinheiro. Tanto
dinheiro que dava pra desperdiçar em mais propaganda, em erros
administrativos que faziam uma pequena cidade do sertão nordestino ser
inundada por um enorme carregamento de café solicitado não se sabe por
quem, ou no sumiço de mais de 1.500 mulas entre São Paulo e o Acre.

Na verdade, o caminho até o eldorado amazônico era muito mais longo e


difícil do que poderiam imaginar tanto americanos quanto soldados da
borracha. A começar pelo medo do ataque dos submarinos alemães que se
espalhava entre as famílias amontoadas a bordo dos navios do Loyd
comboiados por caça-minas e aviões de guerra. Memórias marcadas por
aqueles momentos em que era proibido acender fósforos ou mesmo falar.
Tempos de medo que estavam só começando.

A partir do Maranhão não havia um fluxo organizado de encaminhamento


de trabalhadores para os seringais. Freqüentemente era preciso esperar
muito antes que as turmas tivessem oportunidade para seguir viagem. A
maioria dos alojamentos que recebiam os imigrantes em transito eram
verdadeiros campos de concentração onde as péssimas condições de
alimentação e higiene acabavam com a saúde dos trabalhadores antes
mesmo que fizessem o primeiro corte nas seringueiras.

Não que não houvesse comida. Havia, e muita. Mas era tão ruim, tão mal
feita, que era comum ver as lixeiras dos alojamentos cheias enquanto as
pessoas adoeciam com fome. Muitos alojamentos foram construídos em
lugares infestados pela malária, febre amarela e icterícia. Surtos epidêmicos
matavam dezenas de soldados da borracha e seus familiares nos pousos
de Belém, Manaus e outros portos amazônicos. O atendimento médico
inexistia longe das propagandas oficiais e os conflitos se espalhavam entre
os soldados já quase derrotados.
A desordem era tanta que muitos abandonaram os alojamentos e
passaram a perambular pelas ruas de Manaus e outras cidades buscando
um modo de retornar a sua terra de origem, ou de pelo menos sobreviver.
Outras tantas revoltas paralisaram os gaiolas em meio de viagem diante
das alarmantes notícias sobre a vida nos seringais. Pequenos motins
rapidamente abafados pelos funcionários da SNAPP ou da SAVA. Esse
parecia ser então um caminho sem volta.

Soldados da floresta

Os que conseguiam efetivamente chegar aos seringais depois de três ou


mais meses de viagem já sabiam que suas dificuldades estavam apenas
começando. Os recém chegados eram tratados como “brabos”. Aqueles
que ainda não sabem cortar seringa e cuja produção no primeiro ano é
sempre muito pequena. Só a partir do segundo ano de trabalho o
seringueiro era considerado “manso”. Mesmo assim, desde o momento em
que era escolhido e embarcado para o seringal, o brabo já começava a
acumular uma divida com o patrão.

Uma divida que crescia rapidamente porque tudo que recebia era cobrado.
Mantimentos, ferramentas, tigelas, roupas, armas, munição, remédios, tudo
enfim era anotado na sua conta corrente. Só no fim da safra a produção da
borracha de cada seringueiro era abatida do valor de sua dívida. Mas o
valor de sua produção era, quase sempre, inferior a quantia devida ao
patrão. E não adiantava argumentar que o valor cobrado pelas mercadorias
no barracão do seringalista era cinco ou mais vezes maior do que aquele
praticado nas cidades, os seringueiros eram proibidos de vender ou
comprar de outro lugar.

Cedo os soldados da borracha descobriam que no seringal a palavra do


patrão era a lei e a lógica daquela guerra.
Os financiadores americanos insistiam que não se deveriam repetir os
abusos do sistema de aviamento que caracterizaram o primeiro ciclo da
borracha. Na pratica, entretanto, o contrato de trabalho assinado entre
seringalista e soldado da borracha quase nunca foi respeitado. A não ser
para assegurar os direitos dos seringalistas. Como no caso da clausula que
impedia o seringueiro de abandonar o seringal enquanto não saldasse sua
divida com o patrão, o que tornava a maioria dos seringueiros verdadeiros
prisioneiros de suas colocações de seringa.

Todas as tentativas de implantação de um novo regime de trabalho, como o


fornecimento de suprimentos direto aos seringueiros, fracassaram diante
da pressão e poderio das casas aviadoras e dos seringalistas que
dominavam secularmente o processo da produção da borracha na
Amazônia.

Uma Guerra que não terminou

Mesmo com todos os problemas enfrentados (ou provocados) pelos órgãos


encarregados da Batalha da Borracha cerca de 60.000 pessoas foram
enviadas para os seringais amazônicos entre 1942 e 1945. Desse total
quase a metade acabou morrendo em razão das péssimas condições de
transporte, alojamento e alimentação durante a viagem. Como também
pela absoluta falta de assistência médica, ou mesmo em função dos
inúmeros problemas ou conflitos enfrentados nos seringais.
Ainda assim o crescimento da produção de borracha na Amazônia nesse
período foi infinitamente menor do que o esperado. O que levou o governo
norte-americano, já a partir de 1944, a transferir muitas de suas atribuições
para órgãos brasileiros.
E tão logo a Guerra Mundial chegou ao fim, no ano seguinte, os Estados
Unidos se apressaram em cancelar todos os acordos referentes
à produção de borracha amazônica. Afinal de contas, o acesso às regiões
produtoras do sudeste asiático estava novamente aberto e o mercado
internacional logo se normalizaria.
Era o fim da Batalha da Borracha, mas não da guerra travada pelos
soldados dela. Muitos, imersos na solidão de suas colocações no interior da
floresta, sequer foram avisados que a guerra tinha terminado, só vindo a
descobrir isso anos depois. Alguns voltaram para suas regiões de origem
como haviam partido, sem um tostão no bolso, ou pior, alquebrados e sem
saúde. Outros conseguiram criar raízes na floresta e ali construir suas vidas.
Poucos, muito poucos, conseguiram tirar algum proveito econômico dessa
batalha incompreensível, aparentemente sem armas, sem tiros, mas com
tantas vítimas.

Pelo menos uma coisa todos os soldados da borracha, sem exceção,


receberam. O descaso do governo brasileiro, que os abandonou a própria
sorte, apesar de todos os acordos e promessas feitos antes e durante a
Batalha da Borracha.

Só a partir da Constituição de 1988, mais de quarenta anos depois do fim


da Guerra Mundial, os soldados da borracha passaram a receber uma
pensão como reconhecimento pelo serviço prestado ao país. Uma pensão
irrisória, dez vezes menor que a pensão recebida por aqueles que foram
lutar na Itália. Por isso, ainda hoje, em diversas cidades brasileiras, no dia 1º
de maio os soldados da borracha se reúnem para continuar a luta pelo
reconhecimento de seus direitos.
Nem poderia ser diferente já que dos 20.000 brasileiros que lutaram na
Itália morreram somente 454 combatentes. Enquanto que entre os quase
60.000 soldados da borracha cerca da metade morreu durante a guerra.
Apesar disso, com a mesma intensidade com que os pracinhas foram
recebidos triunfalmente pela sociedade brasileira, após o fim da Segunda
Grande Guerra Mundial, os soldados da borracha foram
incompreensivelmente abandonados e esquecidos, afinal de contas eram
todos igualmente soldados.

A Cor do Invisível
O Acre foi construído através da participação de diferentes grupos étnicos,
mas sua história, como sempre, foi construída apenas por alguns. Por isso,
desde sua organização como espaço brasileiro o Acre deu lugar a escritura
de uma história de bravos e pioneiros povoadores nordestinos. Muitos
foram os pensadores da Amazônia que, ao longo do século XX, explicaram
genericamente o Acre como obra fundamental de cearenses. Consolidava-
se assim uma versão histórica que interessava a oligarquia extrativista
amazônica contraposta aos cafeicultores do sul que, no princípio do século
passado, dominavam a republica brasileira.

Mais recentemente, a partir de experiências educacionais e de uma relativa


revisão historiográfica, cresceu o reconhecimento da história dos grupos
indígenas nativos acreanos como parte importante de uma “História do
Acre”. O que certamente representou um significativo avanço sobre a
compreensão do Acre como espaço etnicamente múltiplo.

Entre estes dois momentos extremos surgiram ainda diversos livros e


trabalhos dando conta da contribuição de povos árabes (os famosos sírio-
libaneses) na formação da sociedade acreana. Romances, contos e
memórias cuja publicação foi impulsionada pela bem sucedida estratégia
de ascensão econômica e social que esses imigrantes árabes
protagonizaram ao longo da história acreana até se tornarem parte das
elites regionais dominantes.

E quanto à presença negra no Acre? O que existe publicado sobre o


tema? O que faz com que a participação de negros na formação da
sociedade acreana seja até hoje, na pratica, invisível?
Certamente isso não se deve a história acreana, mas a uma certa forma de
compreende-la. É preciso romper com o silencio dominante, como é preciso
jogar luz sobre o que parece invisível e fazer ressaltar suas cores. Esse
artigo é apenas um principio… nos dois sentidos do termo.

O Navegador Negro

Antes de 1850 o Acre estava ainda na pré-história e não existia para a


sociedade civilizada. Ninguém sabe quantos aventureiros subiram os rios
da Amazônia Ocidental vindos do Amazonas, da Bolívia e do Peru antes
desse período. Destes possíveis aventureiros anônimos não ficaram
registros, memórias e nem mesmo lendas. As florestas do extremo oeste
amazônico ainda pertenciam ao reino do imaginário, povoadas por índios
com rabos, mapinguaris, índios de meio metro de altura, cobras grandes ou
índios brancos e de olhos claros quando começaram as primeiras
explorações da região. E coube exatamente a um caboclo negro, nascido
nas margens do Manacapuru, a missão de explorar o rio Acre até suas
cabeceiras.

Manoel Urbano da Encarnação se tornou uma verdadeira lenda no Purus e


seus afluentes na segunda metade do século XIX. Diretor de Índios
nomeado pelo governo da Província do Amazonas para o vale do Purus,
Manoel Urbano realizou o prodígio de explorar a região sem violência, ao
contrário do que fizeram os europeus por toda a América, estabelecendo
amistosas relações de cooperação com os grupos indígenas nativos destas
terras. Tanto assim que era comumente chamado pelos índios como
“Tapauna Catu” que, segundo Castelo Branco Sobrinho, significava negro
bom. Com um sentido totalmente diverso do termo “negro bom” do
período colonial que se referia a um escravo manso e/ou trabalhador
segundo a ótica de seus senhores.

Pratico insuperável na arte de navegar os perigosos rios acreanos, Manoel


Urbano percorreu essa região durante décadas. Guiou o inglês William
Chandless que se encantou com sua “grande inteligência natural”, plantou
as sementes de futuras cidades do Purus, espalhou seus filhos por esses
barrancos e estabeleceu boas relações com os diversos povos indígenas do
Aquiri, Purus e Iaco. Enfim, Manoel Urbano não só descobriu o Acre como
foi seu primeiro civilizador, criando as bases de uma sociedade multirracial
que estava reservada a um futuro ainda distante, apesar de seus mais de
cento e vinte anos de idade, segundo as ultimas lendas que se ouviram
sobre esse caboclo negro e bom nas margens do Purus.

Acre – um resumo do mundo

Tão logo começou a febre do ouro vegetal, a borracha, que brotava


abundante de arvores amazônicas, uma corrente humana foi criada e levou
milhares de homens cada vez mais longe floresta adentro. O ano de 1880
marcou a chegada dessa avassaladora onda humana às terras acreanas.

Brasileiros de todas as partes: Amazonas, Pará, Maranhão, Paraíba, Rio


Grande do Norte, Ceará, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul que se misturaram aos muitos espanhóis, portugueses, judeus, sírios,
libaneses, turcos, italianos, ingleses, barbadianos, bolivianos e peruanos,
entre outros.
Em menos de vinte anos, ao raiar do século XX, o Acre havia se
transformado de território indígena em um verdadeiro resumo do mundo,
apesar da predominância absoluta de brasileiros de diferentes origens.
Uma nova sociedade construída a partir da diversidade étnica e cultural dos
que para cá migraram em busca da fortuna da borracha e na qual podemos
identificar uma importante participação negra. Tão significativa quanto à
própria presença de negros na sociedade brasileira da época.

A única lacuna existente a esse respeito se refere ao fato de que ainda não
encontramos vestígios arqueológicos ou históricos que revelem a presença
antiga de quilombolas em terras acreanas. Apesar dessa presença ser
perfeitamente possível, o Acre ainda estava muito distante das regiões que
possuíam escravos africanos antes da navegação a vapor, na segunda
metade do século XIX. Mesmo assim podemos levantar a hipótese de
grupos de escravos fugitivos terem chegado ao Acre descendo o rio
Madeira ou subindo o Purus e o Juruá. Mas isso, por enquanto, é apenas
especulação. Ou então, teremos que ampliar nossa compreensão sobre o
que eram comunidades quilombolas e assim rever a história acreana a
partir de uma nova conceituação, como tem sido sugerido pelos
movimentos que atualmente lutam pela igualdade racial no Brasil.

Por outro lado me parece que não podemos desprezar a vinda de fugitivos
de Canudos para o Acre como sinal evidente que essa região se tornou área
de refugio para muitos dos deserdados e perseguidos da Republica
brasileira. Para essas comunidades, muitas das quais certamente negras, a
nova sociedade da borracha que se formava por aqui deveria aparecer,
pelo menos, como a possibilidade de uma vida um pouco mais digna.

Uma nova sociedade contraditória, é verdade, porque ainda que a


possibilidade de ascensão social no Acre fosse real, também era muito
concreta a possibilidade de ser aprisionado em um novo tipo de
escravidão que aqui se desenvolveu: a escravidão por dívidas.

Negros de Rio Branco – um resumo do Acre

Já no princípio do século XX um dos primeiros bairros da Vila Rio Branco se


chamava África. Uma surpreendente pequena África acreana que os
relatórios oficiais registraram apenas superficialmente, mas que a memória
dos antigos moradores do bairro Seis de Agosto manteve viva até os dias
de hoje. Assim pudemos saber que a antiga rua da África é a mesma rua 1º
de Maio, traçada ao longo da margem do rio Acre e que ainda resiste à
força de sua correnteza no segundo distrito da capital acreana. Uma rua
chamada África porque ali moravam muitas das famílias negras do
povoado nascente.
Os mesmos antigos moradores da Seis de Agosto ainda lembram e falam
de um tcerto Absolon, negro de origem incerta e fé muçulmana, que
também vivia no segundo distrito misturado ao “turcos” da rua do
Comércio (atual Eduardo Assmar). Como, em outras partes da cidade, se
fala também da família dos Caetanos que há décadas se instalaram em Rio
Branco, vinda da região de Conceição dos Caetanos, que era um importante
enclave territorial de negros nordestinos.

A memória dos moradores de Rio Branco registra ainda muitas outras


histórias de personagens ou de comunidades negras na constituição deste
ou daquele bairro ou rua. Como no caso da lendária fuga de um grupo de
negros barbadianos da construção da Ferrovia Madeira-Mamoré e que teria
vindo bater no Acre.

O curioso dessa memória é que não encontramos outras referencias sobre


esse grupo, além da história oral. Podemos especular que teriam vindo
para cá entre 1906 e 1912 (período das obras da ferrovia), mas não
conhecemos famílias ou indivíduos com o característico sobrenome inglês
em Rio Branco, como é o caso de um bairro de Porto Velho ainda habitado
por negros barbadianos com estranhos sobrenomes (Shockness, Johnson
ou Chase).

Em outros casos podemos identificar marcas muito mais nítidas, deixadas


pelos negros que “fizeram” o Acre, no próprio corpo da cidade. É o caso do
Capitão Ciríaco, um “caboclo escuro” do sertão maranhense que lutou na
Revolução Acreana obtendo a patente de capitão, que guardava com
imenso orgulho junto com as armas que utilizou durante a guerra. Como se
não bastasse sua luta em prol da causa acreana, que lhe custou traumas e
tristezas carregados até o fim da vida, Capitão Ciríaco ainda plantou um
verdadeiro seringal dentro de Rio Branco e que até hoje permanece como
uma importante área verde da cidade por ter se tornado um parque
histórico e ambiental há pouco mais de dez anos.

Outro combatente negro da Revolução Acreana foi Pio Nazário, que de tão
ágil e rápido ganhou o apelido de “Pisa nas Asas”, graças à sua decisiva e
corajosa atuação no segundo combate da Volta da Empreza (ali perto da
Gameleira) quando conseguiu lançar bombas incendiárias sobre o
acampamento boliviano. Segundo notícias dos jornais da época, Pio Nazário
era morador do Xapuri, onde virou até nome de rua.

Essa multiplicação de memórias e histórias identificadas na formação de


Rio Branco mostra claramente a importância e a diversidade de homens e
mulheres de cor negra nas primeiras décadas da construção da sociedade
acreana. E não existem motivos pra imaginar que os outros povoados e
seringais acreanos dessa época não tenham conhecido uma presença
negra tão significativa quanto Rio Branco.

A luz multicor da floresta

Nem só de exemplos localizados se deve construir a história negra do Acre


que ainda possui conexões e entrelaçamentos pouco estudados.

Este é o caso da criação de uma religião tipicamente acreana e de


configuração genuinamente amazônica: o Santo Daime. Compreendido,
não apenas como um chá feito a partir da composição de plantas da
floresta, mas como uma religião com um corpo doutrinário próprio e a
recombinação elementos de diversas tradições étnicas.
Apesar do Santo Daime já ter sido explorado em muitas reportagens, teses,
dissertações e livros. Nada se publicou sobre a intima relação entre a
formação dessa doutrina e a participação direta e decisiva de negros
oriundos da baixada maranhense. Para avaliarmos a importância desta
relação temos que tentar reconstituir, ainda que rapidamente, a seqüência
de acontecimentos que levaram a criação de uma nova religião na
Amazônia em pleno século XX.

O uso do chá feito pela mistura do cipó (jagube) com a folha (chacrona) é
milenar entre diversos grupos indígenas amazônicos em uma extensa área
que começa nas selvas da Colômbia, passando pelo Brasil, Bolívia e Peru
até alcançar os contrafortes dos Andes. Mas a utilização da Ayahuasca, o
vinho das almas, nas civilizações andinas ainda não está de todo clara. A
princípio seu uso era um conhecimento mágico típico de povos da floresta
que lhe davam diferentes nomes e o empregavam a partir de um conjunto
comum de conhecimentos de natureza espiritual.

Durante décadas, após o inicio do povoamento das florestas acreanas pelos


seringueiros, o uso do “Cipó” permaneceu como um conhecimento restrito
aos pajés indígenas e incompreensível para os brancos que habitavam a
região. Só nos primeiros anos do século XX começaram a ocorrer no Alto
Acre experiências místicas e religiosas feitas por brasileiros.

Segundo histórias que circulam de boca em boca, sobre as quais temos


apenas referencias genéricas em algumas publicações, foram os irmãos
André e Antonio Costa os primeiros a aprender o uso do chá com xamãs
bolivianos em Brasiléia. Teria sido fundado nessa cidade um pioneiro
centro de uso do cipó por não-indígenas onde se começou a esboçar uma
serie de explicações esotéricas que permitia a compreensão dos efeitos do
chá sob uma nova ótica religiosa.

Existem, inclusive, indícios de perseguição policial dos praticantes


brasileiros do uso do cipó e de fechamento desta primeira “igreja” pelo
delegado Odilon Pratagi, que mais tarde teria permitido seu
funcionamento.

Ainda segundo a tradição oral, Irineu Serra, um negro grande e forte,


imigrante do Maranhão, conheceu em Brasiléia por volta de 1912, os
irmãos Costa, igualmente negros maranhenses, através de quem ele teria
tido contato com o chá. Porém, algum tempo depois desse encontro, Irineu
teve sua própria iniciação mágica no uso do chá, recebendo na floresta uma
missão religiosa que passaria a desenvolver desde então. Mas é possível
que a influência dos irmãos Costa na transposição do chá da sociedade
indígena para a sociedade acreana também tenha sido importante nesses
momentos iniciais.

De toda forma, foi Irineu Serra quem chamou o chá do cipó e da chacrona
de Santo Daime e passou a compor uma doutrina que, apesar de
incorporar diversos elementos indígenas e negros tinha uma base e um
calendário fundamentalmente cristão. Foi a maneira encontrada por Irineu
para traduzir para nossa própria sociedade, de base católica, o
conhecimento espiritual e transcendente proporcionado pelo Daime. Na
construção dessa nova religião foi decisiva a herança cultural, religiosa e
sincrética de Irineu que reunia elementos religiosos da tradição africana
presente nas Casas das Minas, bem como da forte influencia católica
estabelecida entre as famílias descendentes de escravos da baixada
maranhense.

Mais tarde, outro negro do Maranhão, também filho (ou neto como Irineu)
de escravos, Daniel Matos, se envolveria com o Santo Daime através de
Irineu Serra.

Este marinheiro que também havia chegado ao Acre nos primeiros anos do
século XX decidiu ficar morando e trabalhando em Rio Branco. Barbeiro,
musico, boêmio, Daniel Matos adoeceu e foi tratado por Irineu com o Santo
Daime. Depois de muitas idas e vindas, Daniel abandonou a boêmia e fez
de sua casa um centro de tratamento espiritual.

Tinha início assim uma nova linha de trabalho religioso com o Santo Daime.
Daniel Matos estabeleceu novos fundamentos doutrinários de matriz
africana em seu trabalho como curador. Diferente de Irineu, Daniel nem
sempre usava o maracá ou o bailado, que eram elementos da cultura
indígena amazônica, ao mesmo tempo em que acrescentou o trabalho com
caboclos e preto-velhos, característico da Umbanda de matriz afro-
brasileira.

Desde então estavam estabelecidos os dois troncos principais a partir dos


quais se desenvolveu o Santo Daime como uma religião popular acreana de
raiz tão afro-brasileira quanto indígena. Teve início no Acre uma longa
trajetória de dificuldades e preconceitos que teve que ser superada pelos
seguidores de Irineu e Daniel antes que o Daime fosse socialmente aceito e
se espalhasse para o mundo como uma nova e verdadeira religião,
inesperadamente nascida da floresta em pleno século XX, mas isso já é
outra história.

A cor da alma acreana

Neste ponto já está evidente que se pudéssemos percorrer em detalhes


toda a história do Acre veríamos a multiplicação de ocorrências
semelhantes àquelas descritas até aqui. Basta um olhar mais atento para
identificarmos a participação de afro-descendentes em todas as etapas da
formação da sociedade acreana.

Bem como é possível identificar a influencia negra nos usos e costumes


mais comuns e cotidianos de seu povo.

Exemplos não faltam para ilustrar esta afirmação. Basta lembrar da alegria
e calor revelados no depoimento de seu Elpídio, negro cearense que veio
para o Acre como soldado da borracha em recente vídeo-documentário,
para perceber que boa parte do exército que veio para cá na Batalha da
Borracha era negro. Ou então, podemos ressaltar a importância de Da
Costa, acreano de Rio Branco, que além de ajudar a construir o Palácio Rio
Branco, marcou uma época da vida musical acreana através de seus
sambas. Ou Santinho, um baiano-acreano de espírito carioca, que
popularizou e disseminou as Escolas de Samba no Acre.

Na verdade, o campo das artes e da cultura sempre foi terreno pródigo de


atuação dos negros acreanos. Mas, pra não dizer que não falei das flores,
não devemos esquecer de mencionar a atuação de diversas mulheres
negras nessa história. Seja na política através do exemplo de Laélia
Alcântara que foi a primeira senadora negra do Brasil representando o
Acre. Seja na produção acadêmica através da Professora Maria José Bezerra
que, além de ser um exemplo de vida por sua luta e dignidade, é umas das
historiadoras mais produtivas que a Universidade Federal do Acre já
conheceu. Ressaltando sempre que estamos apenas relacionando
exemplos que poderiam ser infinitamente multiplicados a partir de novas e
mais profundas pesquisas, apenas para demonstrar a importância da
participação dos afro-descendentes em diversas áreas e momentos da vida
e da história acreana.

Porém, devemos ressaltar também que ficaram de fora desse artigo muitas
manifestações culturais e históricas com características afro-brasileiras do
processo formativo do Acre. Como as trajetórias específicas da Capoeira, da
Umbanda e do Candomblé na região, além de muitos outros temas e
personagens fundamentais para a compreensão do Acre contemporâneo.
Assim podemos compreender a enorme importância de uma discussão
mais profunda e responsável sobre a questão racial na Amazônia Ocidental.
Uma discussão que só agora começa a se consolidar através das
Conferencias pela Igualdade Racial e das articulações entre diferentes
segmentos étnicos acreanos, como negros e índios.

O que sem duvida terá que resultar no rompimento da invisibilidade


forçada a que foram submetidos muitos indivíduos e comunidades em
uma sociedade tão múltipla e diversificada quanto a nossa e assim
poder afirmar: o Acre é, e sempre foi, também negro.
Marcos Vinicius Neves
Fonte: www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br

Produção de Borracha

Seringueira – Borracha

Material elástico e impermeável, a borracha tornou-se indispensável à


indústria moderna, presente num sem-fim de produtos com os quais o
homem convive em seu dia-a-dia.
A borracha natural é um produto resultante do processo de coagulação
do látex, substância extraída de algumas árvores tropicais e semitropicais
de várias famílias, como as euforbiáceas, sapotáceas, apocináceas,
moráceas e compostas. Após a coagulação, obtida com a adição de ácido
acético, forma-se um material elástico.
A borracha sintética é obtida pela transformação química de
hidrocarbonetos. Borracha regenerada é aquela produzida pelo
aproveitamento, também por meio químico, de pneus, câmaras-de-ar e
outros artigos desgastados pelo uso.
Dentre as espécies vegetais produtoras de látex, a mais importante
economicamente é a seringueira (Hevea brasiliensis), mas existem outras
plantas produtoras, como maniçoba, caucho e mangabeira. A seringueira é
originária do Brasil e atualmente já existem projetos para o
desenvolvimento de plantações que superem o aspecto pouco econômico
da produção natural.

Descoberta da borracha

Seringueira
A borracha era conhecida dos nativos da Amazônia, mas somente nos
séculos XVI e XVII viajantes europeus encontraram, em alguns países da
América do Sul e da América Central, índios com o corpo coberto por um
líquido leitoso obtido do corte de certas árvores. Alguns chegaram a ver
índios brincando com bolas que “ao tocar o solo subiam a grande altura”.
Entretanto, foi o matemático e naturalista francês Charles-Marie de la
Condamine, chefe de uma expedição científica francesa enviada à América
do Sul, que se interessou, no Brasil, pelo látex e em 1740 enviou amostras
para a Academia de Ciências da França.
Durante várias décadas após a descoberta de La Condamine, a borracha
continuou sendo simples matéria-prima de artesanato rudimentar dos
nativos, que, segundo o cientista, com ela fabricavam “garrafas, botas e
bolas ocas, que se achatavam quando apertadas, mas que tornavam a sua
forma primitiva desde que livres”. A primeira utilização da borracha no
mundo civilizado foi feita pelo cientista inglês Joseph Priestley, em 1770, ao
observar que o látex coagulado servia para apagar traços de lápis. A partir
de então várias tentativas de uso foram sendo experimentadas e
descobriram-se novas plantas produtoras na Ásia e na África.
A borracha brasileira começou a ser exportada para o Reino Unido, a
França e os Estados Unidos na segunda década do século XIX. Em 1833
instalou-se em Boston uma casa de artigos de borracha, a primeira de
que se tem notícia no gênero. Entre 1839 e 1842, simultaneamente, Charles
Goodyear, nos Estados Unidos, e Thomas Hancock, no Reino Unido,
descobriram o processo de vulcanização da borracha, que consistia na
mistura com enxofre, o que, conforme o tempo e grau de aquecimento, lhe
dava flexibilidade ou endurecimento e a tornava inalterável nas variações
de temperatura. A partir de então o produto passou a ser utilizado como
matéria-prima para várias indústrias. O primeiro a aplicar a borracha em
rodas de veículos foi o irlandês John Boyd Dunlop, em 1888. O primeiro
pneu fabricado nos Estados Unidos data de 1891.
O ciclo da borracha, que desenvolveu a Amazônia, com o trabalho de índios
e nordestinos, foi o primeiro grande empreendimento levado a efeito no
Brasil sem auxílio da mão-de-obra escrava. Iniciou-se também a exploração
de seringais do Tocantins, Tapajós, Xingu e mais tarde Acre e, em menor
escala, Goiás. O monopólio brasileiro da borracha no mercado
internacional fez a riqueza de donos de seringais, mas despertou,
principalmente nos ingleses, o interesse pela busca de novos fornecedores.
O inglês Henry Wickham conseguiu,
em 1876, contrabandear para Londres sementes da Hevea brasiliensis q
ue, após germinarem, foram enviadas para
as colônias britânicas da Ásia: Ceilão (hoje, Sri Lanka), Bornéu e Malásia,
onde se adaptaram facilmente. Cultivadas em plantações organizadas,
proporcionaram grande rendimento.
A primeira safra asiática chegou ao mercado em 1910 e causou em pouco
tempo uma vertiginosa queda de preços, desorganizando a economia
amazonense. Foram vãos os esforços brasileiros para a defesa de sua
produção, e logo ficou claro que a borracha silvestre já não podia mais
concorrer com a de plantação.
Enquanto crescia a demanda mundial de borracha, diminuía a participação
do Brasil nesse mercado. Se em 1906 as florestas naturais tinham fornecido
99% da produção mundial, em 1920 esse índice baixou para 11% e em 1950
ficou com apenas 2%.
Extração do latéx
Operação muito delicada e precisa, a extração do látex se faz mediante
incisões no tronco da árvore produtora, com um instrumento especial, uma
lâmina muito afiada, acabada em gancho. O corte tem a largura de seis
milímetros aproximadamente, sobre a casca viva da planta, que apresenta
uma espessura de cerca de 13mm. É feito um corte oblíquo, que começa a
uma altura de 1,20m a 1,50m do solo e avança até a metade do tronco. O
fundo da ranhura serve de canal e o látex escorre da árvore pelos entalhes
até os vasilhames de depósito. O trabalhador vai de árvore em árvore
fazendo as incisões e, sangrada a última árvore do lote pré-escolhido, volta
à primeira para nova incisão. Todo o látex colhido é levado para ser
coagulado por defumação.
Borracha sintética
A insegurança do abastecimento da borracha natural e a política
econômica decorrente de tal situação levou pesquisadores a buscar
um substituto para o produto: a borracha sintética.
Durante a primeira guerra mundial os alemães lançaram a base dessa
indústria, partindo do carvão como matéria-prima.

Cientistas de vários países já estudavam há muito tempo a possibilidade


de se produzir uma substância semelhante à borracha natural, mas para
obtê-la seria necessário conhecer a composição química desta.
O cientista inglês Michael Faraday, em 1826 comprovou que a borracha é
um hidrocarboneto, isto é, um composto de hidrogênio e carbono, assim
como a gasolina, o querosene e o gás natural. Em 1860, Greville Williams,
aquecendo a borracha natural, obteve um líquido que continha
hidrogênio e carbono e que foi denominado isopreno. A partir daí William
Tilden obteve o mesmo isopreno, mas derivado da terebintina, que é outro
hidrocarboneto. Obteve-se então um produto que, se não foi de todo
satisfatório, era um ponto de partida.
Os técnicos continuaram estudando a borracha natural para assim chegar
a um método que os levasse a produzir borracha sintética de boa
qualidade. Um dos principais passos nesse sentido foi a descoberta do
modo como estão distribuídos os átomos nas moléculas de borracha
natural.
Descobriu-se, ainda, que várias substâncias podem ser formadas dos
mesmos elementos, mas com outras propriedades, por causa da diferença
de estrutura atômica de suas moléculas. Quando os átomos do carbono e
do hidrogênio estão reunidos de certo modo constituem a gasolina, de
outro, o querosene e de um terceiro modo, a borracha.
Mesmo com tal conhecimento, não se conseguiu produzir uma borracha
sintética exatamente igual à natural, pois ainda não foi possível encontrar
a maneira de reproduzir as gigantescas moléculas de borracha que as
árvores produzem. Isso, no entanto, segundo acreditam os cientistas, é
questão de tempo.
Entretanto, a borracha sintética ocupou grande parte do espaço
da borracha natural em todas as suas aplicações. Sua
produção hoje supera em muito a da borracha natural e os Estados
Unidos aparecem como o maior produtor mundial, seguidos de perto por
outros países, como Japão, França, Alemanha e Reino Unido.
O Brasil é o maior fabricante de borracha sintética da América Latina. Sua
produção foi iniciada em 1962, com matéria-prima fornecida pela refinaria
Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, e ficou a cargo de uma
subsidiária da Petrobrás, a Fabor (fábrica de borracha
sintética), hoje privatizada com o nome de Petroflex.
Fonte: www.biomania.com.br

Produção de Borracha

Soldados da Borracha

Soldado da Borracha é o nome dado aos seringueiros que foram


chamados pelo governo a irem para a Amazônia trabalhar na produção de
borracha para atender a grande demanda e insuficiente produção na
época da Segunda Guerra. Em plena Guerra, os japoneses cortaram o
fornecimento de borracha para os Estados Unidos. Como resultado,
milhares de brasileiros do Nordeste foram enviados para os seringais
amazônicos, em nome da luta contra o nazismo.
No final de 1941, os países aliados viam o esforço de guerra consumir
rapidamente seus estoques de matérias-primas estratégicas. E nenhum
caso era mais alarmante do que o da borracha. A entrada do Japão no
conflito determinou o bloqueio definitivo dos produtores asiáticos de
borracha. Já no princípio de 1942, o Japão controlava mais de 97% das
regiões produtoras do Pacífico, tornando crítica a disponibilidade do
produto para a indústria bélica dos aliados. A conjunção desses
acontecimentos deu origem no Brasil à quase desconhecida Batalha da
Borracha.

Uma história de imensos sacrifícios para milhares de trabalhadores que


vieram para a Amazônia e que, em função do estado de guerra, receberam
inicialmente um tratamento semelhante ao dos soldados.
Mas, ao final, o saldo foi muito diferente: dos 20 mil combatentes na
Itália, morreram apenas 454. Entre os quase 60 mil soldados da borracha,
porém, cerca da metade desapareceu na selva amazônica.
Quando a extensão da guerra ao Pacífico e ao Índico interrompeu o
fornecimento da borracha asiática, as autoridades americanas entraram em
pânico.

O presidente Roosevelt nomeou uma comissão para estudar a situação dos


estoques de matérias-primas essenciais para a guerra.

E os resultados obtidos por essa comissão foram assustadores: “De


todos os materiais críticos e estratégicos, a borracha é aquele cuja falta
representa a maior ameaça à segurança de nossa nação e ao êxito da causa
aliada (…)
Consideramos a situação presente tão perigosa que, se não se tomarem
medidas corretivas imediatas, este país entrará em colapso civil e militar. A
crueza dos fatos é advertência que não pode ser ignorada.” (Comissão
Baruch).

As atenções do governo americano se voltaram então para a Amazônia,


grande reservatório natural de borracha, com cerca de 300 milhões de
seringueiras prontas para a produção de 800 mil toneladas de borracha
anuais, mais que o dobro das necessidades americanas.

Entretanto, naquela época, só havia na região cerca de 35 mil seringueiros


em atividade com uma produção de 16 mil a 17 mil toneladas na safra de
1940-1941. Seriam necessários, pelo menos, mais 100 mil trabalhadores
para reativar a produção amazônica e elevá-la ao nível de 70 mil toneladas
anuais no menor espaço de tempo possível.

Para alcançar esse objetivo, iniciaram-se intensas negociações entre as


autoridades brasileiras e americanas, que culminaram com a assinatura
dos Acordos de Washington.

Como resultado, ficou estabelecido que o governo americano passaria a


investir maciçamente no financiamento da produção de
borracha amazônica. Em contrapartida, caberia ao governo brasileiro o
encaminhamento de grandes contingentes de trabalhadores para os
seringais – decisão que passou a ser tratada como um heróico esforço de
guerra.
No papel, o esquema parece simples, mas a realidade mostrou-se muito
mais complicada quando chegou o momento de colocá-lo em prática.
Aqueles eram os primeiros soldados da borracha. Simples retirantes que se
amontoavam com suas famílias por todo o Nordeste, fugindo de uma seca
que teimava em não acabar e os reduzia à miséria.

Mas aquele primeiro grupo era, evidentemente, muito pequeno diante das
pretensões americanas. Em todas as regiões do Brasil, aliciadores tratavam
de convencer trabalhadores a se alistar como soldados da borracha e,
assim, auxiliar a causa aliada. Alistamento, recrutamento, voluntários,
esforço de guerra tornaram-se termos comuns no cotidiano popular.
A mobilização de trabalhadores para a Amazônia coordenada pelo Estado
Novo foi revestida por toda a força simbólica e coercitiva que os tempos de
guerra possibilitavam. No Nordeste, de onde deveria sair o maior numero
de soldados, o Semta convocou padres, médicos e professores para o
recrutamento de todos os homens aptos ao grande projeto que precisava
ser empreendido nas florestas amazônicas.

O artista suíço Chabloz foi contratado para produzir material de divulgação


acerca da “realidade” que os esperava. Quando nenhuma das promessas
funcionavam, restava o milenar recurso do recrutamento forçado de
jovens.

A muitas famílias do sertão nordestino foram oferecidas somente duas


opções: ou seus filhos partiam para os seringais como soldados da
borracha ou então deveriam seguir para o front na Europa, para lutar
contra os fascistas italianos e alemães. É fácil entender que muitos
daqueles jovens preferiram a Amazônia.
Surtos epidêmicos matavam dezenas de soldados da borracha e seus
familiares nos pousos de Belém, Manaus e outros portos amazônicos. Ao
contrário do que afirmava a propaganda oficial, o atendimento médico
inexistia, e conflitos e toda sorte se espalhavam entre os soldados já quase
derrotados.
Mesmo com todos os problemas enfrentados (ou provocados) pelos órgãos
encarregados da Batalha da Borracha, cerca de 60 mil pessoas foram
enviadas para os seringais amazônicos entre 1942 e 1945. Desse total,
quase a metade acabou morrendo em razão das péssimas condições de
transporte, alojamento e alimentação durante a viagem.

Como também pela absoluta falta de assistência médica, ou mesmo em


função dos inúmeros problemas ou conflitos enfrentados nos seringais.
Ainda assim o crescimento da produção de borracha na Amazônia nesse
período foi infinitamente menor do que o esperado.
O que levou o governo americano, já a partir de 1944, a transferir muitas de
suas atribuições para órgãos brasileiros. E tão logo a Guerra Mundial
chegou ao fim, no ano seguinte, os EUA se apressaram em cancelar todos
os acordos referentes à produção de borracha amazônica.
O acesso às regiões produtoras do Sudeste Asiático se achava novamente
aberto e o mercado internacional logo se normalizaria. Terminava a Batalha
da Borracha, mas não a guerra travada pelos seus soldados. Imersos na
solidão de suas colocações no interior da floresta, muitos deles nem sequer
foram avisados de que a guerra tinha terminado, e só viriam a descobrir
isso anos depois.

Alguns voltaram para suas regiões de origem exatamente como haviam


partido, sem um tostão no bolso, ou pior, alquebrados e sem saúde. Outros
aproveitaram a oportunidade de criar raízes na floresta e ali construir suas
vidas. Poucos, muito poucos, conseguiram tirar algum proveito econômico
daquela batalha incompreensível, aparentemente sem armas, sem tiros e
que produziu tantas vítimas.

Só a partir da Constituição de 1988, mais de 40 anos depois do fim da


Segunda Guerra Mundial, os Soldados da Borracha ainda vivos passaram a
receber uma pensão como reconhecimento pelo serviço prestado ao país.
Uma pensão irrisória, dez vezes menor que a pensão recebida por aqueles
que foram lutar na Itália.

Fonte: Portal Amazônia

Produção de Borracha

O Cultivo da Seringueira (Hevea spp.)

A árvore

A seringueira pertence ao gênero Hevea (família das euforbiáceas), com 11


espécies, das quais, Hevea brasiliensis é a mais produtiva e plantada
comercialmente, com superior qualidade de látex.

O gênero Hevea é originário da região amazônica (latitudes 7ºN a 15ºS),


sendo que a área de plantios comerciais de H. brasiliensis compreende de
24ºN (China) até 25ºS (São Paulo, Brasil). É uma árvore de hábito ereto,
podendo atingir 30 m de altura total sob condições favoráveis, iniciando aos
4 anos a produção de sementes, e aos 6-7 anos (quando propagada por
enxertia) a produção de látex (borracha).
Esta pode se prolongar por 30-35 anos, com aproveitamento de madeira
para processamento mecânico e energia (galhos), ao final deste período. A
seringueira desenvolve-se bem em solos de textura leve, profundos e bem
drenados, ligeiramente ácidos (pH 4,5-5,5), em altitudes até 600 m.

Borracha natural

A borracha natural é uma matéria prima estratégica, formando com o aço


e o petróleo um dos alicerces industriais da humanidade. Cerca de 80% da
produção mundial é proveniente de pequenas propriedades rurais do
sudeste asiático (Tailândia, Indonésia e Malásia), e aproximadamente 70%
da produção total vai para a indústria de pneumáticos.
O Brasil, de primeiro e único exportador de borracha natural no início do
século XX, hoje importa 63% do seu consumo interno, produzindo 1% do
total mundial.

Onde plantar?

A expansão da área de florestas plantadas de seringueira no Brasil, a partir


do seu habitat amazônico, procurou ocupar as chamadas “áreas de escape”,
ou seja, áreas sem problemas com doenças foliares, em especial o “mal das
folhas”, causado pelo fungo Microcyclus ulei.

A busca pela auto-suficiência em borracha natural atingiu a região sul do


país, no noroeste do Paraná, com excelente potencial para o cultivo com o
tipo climático predominante subtropical úmido mesotérmico (Cfa, segundo
Köppen), verões quentes e baixa freqüência de geadas, temperatura média
anual de 22ºC e com precipitação anual de 1.500 mm, mais concentrada no
verão.
Com 34.990 km² aptos para plantio (incluindo-se pequenas e médias
propriedades com mão-deobra familiar), e considerando-se as projeções de
redução da oferta e elevação de preços da borracha natural, é possível
vislumbrar-se o potencial de contribuição econômica e ambiental do cultivo
desta espécie sobre os solos arenosos daquela região.

Propagação

As sementes de seringueira apresentam grande variabilidade vegetativa e


produtiva, sendo usadas somente para a formação de porta-enxertos em
viveiros, e não para plantios a campo. A propagação preferencial é,
portanto, por enxertia, utilizando-se clones vigorosos e como potencial
produtivo no Paraná, como o PB 235, RRIM 600 e GT 1.
O material para plantio consiste de tocos enxertados e parafinados (com
indução de raízes), transplantados em sacos plásticos. Ao apresentarem 1 a
2 “verticilos” foliares maduras, as mudas são levadas ao campo.

Plantio e manejo

O plantio definitivo é feito após o preparo de covas de 40 x 40 x 40 cm, em


espaçamento de 8,0 x 2,5 m (500 árvores / ha). O manejo do plantio inclui a
desbrota de ramos ladrões do portaenxerto e poda das ramificações
laterais da haste do enxerto até a altura desejada de formação de copa.
Efetuar duas adubações e até quatro capinas anuais e tratamento
fitossanitário, se necessário.

Plantio da Seringueira

Sistemas agroflorestais

Pode ser obtido um melhor uso dos recursos produtivos na área na


propriedade rural através da diversificação de cultivos. O aproveitamento
do espaço intercalar em um arranjo de linhas duplas de seringueira, no
espaçamento 16 x 4,0 x 2,5 m (400 árvores /ha), permite a composição de
sistemas agroflorestais com culturas anuais e semi-perenes (arroz, milho,
feijão, abacaxi, pupunha, café e fruteiras).
Seringueira com Café

Exploração da borracha natural

Quando 50% das árvores atingem 45 cm de circunferência de tronco a 1,5


m do solo é feita a abertura do painel de sangria, para início da produção
de borracha. A freqüência mais adequada de exploração é efetuando-se
uma sangria a cada 4 dias, permitindo explorar 1.000 árvores/homem/dia,
iniciando-se ás 6:00 h, ou seja, 8,0 ha / homem. O uso de Ethrel a 2,5%
proporciona aumento de produção, podendo atingir produtividades da
ordem de 2.000 kg de borracha seca / ha / ano.

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