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O Simbolismo Maçónico das Duas Colunas do Pórtico

do Templo de Salomão
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Mestre Affonso Domingues 4 de dezembro de 2009

Grande ousadia a minha, confesso, a de pretender falar sobre as Duas Colunas do


Pórtico do Templo de Salomão.

Cônscio da minha insuficiência, ainda assim ousei escrever algumas palavras de


explanação, que não de explicação, pedindo, e esperando da vossa benevolência e
fraternal amizade, a indispensável desculpa.

AS COLUNAS GÉMEAS

AS COLUNAS NO PÓRTICO DE SALOMÃO

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Arquitectónica e Maçónicamente falando, a particularidade mais importante do Templo do
Rei Salomão era, sem dúvida, o par de Colunas no Pórtico. O grande espaço
consagrado à sua descrição na Bíblia, bem como os muitos estudos realizados, são uma
boa indicação da sua importância.

Dos estudiosos, alguns, poucos, acreditam que as Colunas eram membros estruturais
quer como entablamento que directamente sustentava o tecto, quer como sustento de
um par transversal de anteparos que o sustentariam 1. A maioria dos comentadores
(maçónicos ou profanos, e estes leigos ou eclesiásticos), porém entende tratar se de
colunas livres e puramente ornamentais ou emblemáticas, exactamente como aparecem
em nossos “Quadros de Loja”. Há razões suficientes e satisfatórias para a crença geral
de que se tratava efectivamente de colunas livres e de carácter simbólico, sendo de facto
“símbolos de divindade”. “Um conjunto quase irresistível de opiniões favorece a hipótese
das colunas livres”2.

As Colunas de Salomão terão sido erigidas mais especificamente para imitar os


Obeliscos das entradas dos Templos Egípcios (o par de Obeliscos da entrada do Templo
de Carnaque é impressionante 3), ou talvez tenham sido copiadas de Tiro, terra de
origem do seu obreiro, onde Heródoto afirmou ter visto duas colunas semelhantes
defronte do templo de Hércules.

Fossem copiadas dos Templos Egípcios ou do Templo de Hércules, de qualquer modo,


na arquitectura “eclesiástica” do tempo, no Médio Oriente onde nos situamos, há urna
extensa preponderância de Colunas Gémeas que tem sido comentada por um sem
número de estudiosos.

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Há a menção particular de duas colunas semelhantes à entrada do templo de Biblo (mais
tarde conhecida pelo nome de Gebel, a pátria dos gibilitas, os “cortadores de pedra” do
Templo do Rei Salomão) 4.

Na Síria, escavações levadas a cabo pelo Instituto Oriental da Universidade de Chicago,


em Tell Tainat, desvendaram uma pequena “capela” do século VIII a.C., anexa ao palácio
dos príncipes de Hatina, onde, com clareza surgem no pórtico duas colunas livres, e
segundo tudo indica, mais puramente simbólicas ou ornamentais do que
arquitectonicamente funcionais. “Existem agora provas suficientes de que esse tipo de
construção era muito comum na Fenícia” 5.

Quanto aos Obeliscos egípcios, os mais conhecidos são o par que Tutmósis III fez
erguer em Heliopolis no século V a.C., e que Augusto César posteriormente transferiu
para o Caesareum de Alexandria, um dos quais adorna hoje o Cais do Tamisa em
Londres e outro um recanto do Central Park de Nova York 6.

A descrição Bíblica das Colunas Salomónicas é a seguinte:

“Assim terminou ele [Hirão] de fazer a obra para o Rei Salomão, para a casa de Deus:

As duas colunas, e os globos, os dois capiteis sobre as cabeças das colunas; as duas
redes para cobrir os globos dos capiteis que estavam sobre a cabeça das colunas:

As quatrocentas romãs para as duas redes: duas carreiras de romãs para cada rede,
para cobrirem os dois globos dos capiteis que estavam em cima das colunas.

Na planície do Jordão, o rei os fez fundir em terra barrenta, entre Sucoth e Zeredata” 7.

“Fez também diante da casa duas colunas de trinta e cinco côvados de altura; e o capitel
que estava sobre cada uma era de cinco côvados.

Também fez as cadeias como no Santo dos Santos, e as pôs sobre as cabeças das
colunas: fez também cem romãs as quais pôs entre as cadeias.

E levantou as colunas diante do templo, uma à direita e outra à esquerda; e chamou o


nome da [que estava] à direita Jachin, o nome da [que estava] à esquerda, Boaz” 8.

“A altura de uma coluna era de dezoito côvados, e sobre ela [havia] um capitel de cobre,
e de altura tinha o capitel três côvados; e a rede, e as romãs em roda do capitel, tudo
[era] de bronze; e semelhante a esta, era a outra coluna, com a rede” 9.

Esta era a idade do bronze na arquitectura. Homero fala nos dela na casa de Alcino. Os
tesouros de Micenas eram recobertos internamente de chapas de bronze, e nos túmulos
etruscos dessa idade esse metal era muito mais material de decoração do que o trabalho
em pedra ou outro.

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O Altar do Templo fora feito de Bronze, e sustentavam o mar de fundição doze bois de
bronze.

Os suportes, as pias e todos os outros objectos de metal, conjuntamente com as Duas


Colunas, eram, na realidade, o que tanto celebrizava o Templo.

A LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS

Houve muita especulação entre comentadores, maçónicos e não maçónicos sobre a


designação das Colunas como “direita” e “esquerda”, uns tomam na no ponto de vista de
quem entra no Templo, e outros de quem sai. O problema porém está ligado a uma
pressuposição que está ligada à questão subsidiária da Orientação do Templo.

Sabe se que os antigos hebreus se referiam ao que denominamos os quatro pontos


cardeais, colocando se na posição de um homem que olhasse o Sol Nascente. Assim, à
palavra “direita” equipara se a posição geográfica “sul”, e à palavra “esquerda” a posição
geográfica “norte”, de modo que, quando se fala localmente, é evidente que Mão Direita
e Sul são sinónimos 10.

Esta concepção dos Pontos Cardeais é nos confirmada não só pela Enciclopédia Bíblica,
mas também pela Enciclopédia Judaica, que garantem: – “O leste era chamado ‘a
frente’; o oeste, ‘a parte de trás’; o sul, ‘a direita’; e o norte, a ‘esquerda’”.

A tentativa de solução do problema, tomando por base a concepção de que a posição


das Duas Colunas é vista pela pessoa que sai do templo, e por tal se aproxima das
colunas vinda de dentro, é, [na minha opinião] altamente artificial, pois a primeira vista
que se tem de um edifício é sempre de fora, e nunca de dentro. Por conseguinte, a
primeira descrição de um edifício, ou de suas características externas (como se presume
que o fossem as Duas Colunas) reflecte sempre o ponto de vista do observador que
desse edifício se aproxima e o avista pela primeira vez, e isso só pode ser, por força, do
lado de fora. Portanto, o ponto de vista do fiel saindo do templo não é realística, pois
como pode alguém sair de um lugar sem aí haver entrado?

Tem sido muitas vezes assinalado pelos comentadores bíblicos que o Templo de
Salomão nunca se destinou a conter numerosos fieis, mas apenas os sacerdotes
oficiantes; esperava se que esses fieis se congregassem no Pátio do Templo, de onde
lhes seria dado ver as Duas Colunas [do lado de fora].

Em jeito de encerramento da questão, encontramos num Catecismo de 1724 11 as


seguintes pergunta e resposta:

P. – Em que parte do Templo se manteve a [primeira] Loja?


R. – No Pórtico de Salomão, na extremidade Ocidental do Templo, onde se
erguiam as Duas Colunas.

Sobre a altura das Duas Colunas, 18 ou 35 côvados, pode tratar se apenas de dois tipos
de medida diferentes, a saber: – o côvado de construção (36 cm) ou o côvado real (62,5
cm), como pode também ter havido erro provocado pela semelhança entre os caracteres

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hebraicos correspondentes a 18 [yod hé] e 35 [lamed hé]. Um yod mal escrito ou
desfigurado pelo tempo, poderia, num manuscrito, ser tomado por um lamed; e um
lamed parcialmente desfigurado poderia, ainda mais facilmente ser tomado por um yod.
De qualquer forma tratava se de Duas Colunas imponentes, que com a variante do
capitel incluído ou não, nos conduzem a sete vezes a estatura de um homem, alto para a
sua época, múltiplo este que se encontra em outras edificações “eclesiásticas” de então
ou hodiernas.

A tradição maçónica de que as Duas Colunas foram “feitas ocas”, pode ser suportada, do
ponto de vista do fundidor, por necessidade, apenas com uma grossura de “uma palma
de mão”, a fim de lhes reduzir o peso, e teria assim de ser o bronze vertido em torno de
um núcleo central que pudesse posteriormente ser retirado como se diz que aconteceu
com as colunas, fundidas “na planície do Jordão”, … em terra barrenta, entre Sucoth e
Zeredata 12. Igualmente, uma “tenda das Colunas Ocas”, em ligação com a “Lenda do
Xamir”, suporta que as colunas foram feitas ocas para depósito dos registos e escritos
valiosos, podendo, naturalmente estar ligada à das Colunas Antediluvianas (Uma delas
em mármore, que “nunca arderia”, e outra em tijolo, “que nunca afundaria na água”, pois
os homens sabiam, assim o dissera Adão, que seriam destruídos pelo fogo ou pela água,
e assim guardariam o trabalho de muito estudo, em ordem a salvá lo, para auxílio do
género humano).

De um ponto de vista antropológico, elas não eram senão uma sobrevivência dos antigos
pilares de pedra, os Mazzeboth 13, que foram originalmente emblemas fálicos, como nos
confirma Ward 14 na descrição da Cerimónia em Heirápolis 15: “havia dois grandes
falos, de trinta braças de altura, erguidos à porta do templo de Astarte, em que, duas
vezes por ano um homem… subia ao cimo, por dentro delas, … afim de assegurar a
prosperidade e fertilidade da terra, representando o processo de fertilização…”.

Segundo o mesmo Ward, as Duas Colunas Salomónicas são igualmente fálicas, essas
“duas colunas, com seus globos… os capiteis enfeitados com entalhes minuciosos [as
romãs], transmitem a ideia da fertilidade, não sendo mais que vestígios do prepúcio (o
restante teria sido removido pela circuncisão) artisticamente representados”. Até a “obra
de lírios”, que adorna o capitel, como emblema de pureza, pode não estar deslocada
nesse simbolismo.

O SIGNIFICADO DAS COLUNAS GÉMEAS

Sobre o possível sentido e significado das colunas, duas questões principais se nos
colocam:

1. Porque lhes foi dado um nome?


2. Quais os seus possíveis significados?

Quanto à primeira questão, parece ter sido costume entre os povos do Médio Oriente dar
nome aos objectos sagrados; assim os Babilónicos consta que, em comum com as
nações suas vizinhas, tinham o costume de atribuir nomes significativos e, de certa
forma, sagrados aos seus edifícios. Da mesma forma está escrito que, para comemorar

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a vitória dos israelitas sobre Amaleque, “Moisés edificou um altar e lhe chamou Adoni
nissi [o Senhor é minha bandeira]” 16. Dessa maneira estabelece se que, de facto as
Duas Colunas não eram somente objectos decorativos ou funcionais, mas também
objectos sagrados por causa dos nomes peculiares que lhes foram dados.

Quanto à segunda questão, o seu significado tem sido interpretado quer etimológica,
quer simbolicamente.

Assim, na tradução grega da Bíblia, a Versão dos Setenta, os dois nomes em Crónicas,
são traduzidos por palavras que significam “força” e “direito”. A Bíblia de Genebra
traduzia Jachin por “firmar” e Boaz por “em força”, mas Lionel Vibert critica a tradução e
afirma que o certo seria “Ele firmará” e “N’Ele há força” 17.

Pelo menos dois autores 18 entendem que Salomão ergueu as Duas Colunas como
monumento comemorativo das promessas feitas pelo Senhor ao seu pai David, e que lhe
foram repetidas numa visão, em que a voz do Senhor proclamou: ‘então confirmarei o
trono de teu reino sobre Israel para sempre’ 19; a mesma promessa é feita num sonho
ao profeta Natã: ‘Vai, e diz a meu servo David: Assim diz o Senhor… Porém a tua casa e
o teu reino serão firmados para sempre… 20’. Assim a palavra Jachin derivará da
palavra Jah, que significa “Jeová”, enquanto que achir significa “firmar” e quer dizer que
“Deus firmará a sua casa de Israel”; Boaz, da mesma forma se comporá de B, que
significa “em” e oaz, que significa “força”, dando se ao todo o significado de “em força ela
será firmada”.

Entretanto o hábito de dar uma interpretação moral aos nomes das Duas Colunas não é
uma invenção maçónica. Já no Século XVII um Teólogo Puritano se manifestou
escrevendo que essas colunas foram erguidas “para notar que foi Deus quem lhe deu o
poder e o domínio sobre todas aquelas nações, e cumpria a promessa feita a Moisés e
ao seu povo de Israel” 21. “Os topos das colunas eram curiosamente adornados: para
mostrar que os que persistem, constantes, até ao fim serão coroados. O trabalho de
lírios [simbolizava] o Emblema da Inocência, Romãs o da produtividade, havendo muitas
sementes num pomo: a Coroa deles lhes declarará a Glória….”.

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Em consonância com o costume, já mencionado, de os antigos hebreus darem nomes
significativos aos objectos sagrados, os estudiosos modernos da Bíblia concordam em
que os nomes das Duas Colunas devem ser enigmáticos; além do mais, que eles devem
ter um significado religioso; as colunas têm nome porque são objectos sagrados.

Procurando o possível significado desses nomes, obviamente enigmáticos, e


“examinando em seguida o Salmo que dizem haver Salomão cantado ao concluir se o
templo, notamos que duas das frases notáveis nele são… para a ‘firmação’ do sol em
sua gloriosa mansão no céu, e…para a ‘casa grande’ ou templo em que Iavé habitaria
para sempre” 22

Temos pois que estas colunas estavam nos templos semíticos porque eram uma
característica usual dos símbolos da divindade, mas, porquê duas colunas se apenas um
Deus único é representado?

Entre os Semitas, e outros povos daquela época e área geográfica, os deuses andavam
aos pares, macho e fêmea, como Baal e Astarte, Osiris e Isis, etc. É assim possível
aceitar que as Duas Colunas representassem o macho e a fêmea, os princípios activo e
passivo da natureza.

Nunca houve contestação sobre o sexo das colunas, a primeira delas “suficientemente
caracterizada pelo Iod inicial que a designa comummente. Com efeito essa letra hebraica
corresponde à masculinidade por excelência. Beth, a segunda letra do alfabeto hebraico,
por outro lado, é considerada como essencialmente feminina, porque o seu nome quer
dizer casa, habitação, de onde a ideia de receptáculo, de caverna, de útero, etc. A
Coluna J é, portanto, masculina activa, e a Coluna B feminina passiva” 23.

Assim como as duas colunas do grande templo de Tiro eram símbolos gémeos de
Melcarte, o deus de Tiro, assim também, com grande probabilidade as duas colunas
erguidas pelo mestre tirio [Hirão], defronte do Templo de Salomão, deviam ser símbolos
de Jeová, o Deus de Israel; as Duas colunas são elas mesmas designações de Jeová.

Dá nos também o nosso Catecismo, anexo ao Ritual de Aprendiz, de forma quase


directa, uma explicação para a unicidade das Duas Colunas.

P. – Como formulas os princípios que te revela o número Dois?


R. – A Razão humana divide e confina artificialmente o que é Um e não tem limites.
Assim a unidade é repartida entre dois extremos aos quais só as palavras prestam
uma aparência de realidade.
P. – Que concluis dai?
R. – Que o ser, a realidade e a verdade têm como simbolo o número Três.
P. – Porquê?
R. – Porque é necessário devolver o binário à unidade por meio do número Três.”

Quanto ao seu significado, provavelmente a melhor explicação dos dois nomes é a da


Enciclopédia Judaica:

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“Jachin” (“Ele firmará”), e
“Boaz” (“Nele está a força”).

Explanação análoga nos é dada pela Bíblia de Genebra e por Bede, e foi este o
significado que, no dia da minha iniciação, na instrução do aprendiz, me comunicaram
teria a Palavra Sagrada: “Em Força”.

OUTRAS INTERPRETAÇÕES

Podiam os nomes Jachin e Boaz serem as palavras iniciais de duas sentenças


completas. prática para a qual, ao que tudo indica, havia precedentes tanto bíblicos
quanto extrabíblicos; na Babilónia era costume dar por nome a certas colunas uma
sentença inteira.

As colunas de Salomão podem ter tido algum significado especial para as cerimónias da
aliança e da coroação.

Quanto à primeira, lemos, em relação a Josias: “O Rei se pôs em pé junto à coluna, e fez
aliança perante o Senhor …” 24.

Quanto à segunda lemos também, sobre a coroação do Rei Joás: “[Atália] olhou, e eis
que o rei estava junto à coluna, conforme o costume…” 25 (há, de certo alguma
semelhança com o significado que tem a pedra de Scone na coroação dos soberanos
britânicos).

Nesse sentido, e com o devido respeito ao desenvolvimento original da fórmula


maçónica para interpretar esses nomes, é interessante saber que em 1765 o Dr. Dodd
imputava aos autores da História Universal a sugestão de que “Jachin” e “Boaz” eram as
palavras iniciais de duas inscrições completas no suporte das Duas Colunas, que hoje
vieram a ser conhecidas apenas pelas palavras iniciais, como os Livros de Moisés são
chamados pelas primeiras palavras usadas em cada livro da Bíblia 26.

Seguindo essas reflexões, e estabelecendo um paralelo entre “Jachin” e “Iavé”, como


equivalente emblemático da Divindade, o mesmo autor 27 é de parecer que “existe uma
evidência suficiente para justificar a opinião de que a coluna erguida no lado meridional
do pórtico do templo tirava o seu nome da palavra original de uma inscrição que nela se
fez mais ou menos com estas palavras: ‘Ele (Iavé) confirmará o trono de David, e seu
reino para sua semente por todo o sempre’.”

Igual e relativamente à outra coluna: “A coluna da esquerda era aquela junto da qual se
postava todo o sumo sacerdote no momento da sua consagração. Boaz ‘Nele sua força
era lhe um perpétuo lembrete, enquanto passava e repassava por ela, de que a sua
‘força’ residia no favor de Jeová e no cumprimento da Sua lei.”

Procurando equiparar simbologias, vamos encontrar no Egipto, uma muito forte


semelhança: “Na entrada principal dos templos havia sempre duas colunas; uma era a
coluna de Set e outra era a coluna de Horo…, uma chamada Tatt, e a outra chamada
Tattu…. Tatt que, em egípcio significava “em força”, e Tattu, que significava confirmar” 28.

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CONCLUSÕES

Podemos concluir que, tal como relativamente a outras particularidades ornamentais e


arquitectónicas do próprio templo, também a narrativa das Duas Colunas aparece
enfeitada com a lenda, exposições, comentários e críticas; notámos corroborações e
discrepâncias entre a tradição maçónica e as Escrituras, e até incompatibilidades entre
vários Livros da Bíblia; encontrámos anacronismos e improbabilidades, que procurámos
compreender, ainda que os não possamos justificar.

Em tudo o que fazemos há sempre qualquer coisa que falta, que não conseguimos, que
não nos satisfaz completamente; quando julgamos tudo ter previsto, apuramos que algo
ficou por prever; quando damos algo por concluído, concluímos que há ainda alguma
coisa que se não fez.

O nosso orgulho é assim forçado a reconhecer a imperfeição das nossas obras. É desse
reconhecimento que provém este desejo insaciável de caminhar para a perfectibilidade,
de atingir o “belo ideal”, que de nós se afasta quando pensamos dele nos avizinhar.
Porquê? “Porque o belo é o infinito visto através do finito” 29

Aceitando nós Maçons, importar nos mais o significado esotérico, do que a realidade
histórica, ou acepção religiosa do Templo de Salomão, interessará para além do
interesse legítimo da averiguação, sabermos qual o seu significado pelo que encerrarei
esta prancha com a transcrição do que [no meu modesto parecer] de melhor encontrei
sobre o tema:

“As Duas Colunas assinalam os limites do Mundo criado, os limites do mundo profano,
de que a vida e a morte são a antinomia extrema de um simbolismo que tende para um
equilíbrio que jamais será conseguido. As forças construtivas não devem agir senão
quando as forças destrutivas tiverem terminado a sua tarefa. Essas forças são
‘necessárias’ uma à outra. Não se pode conceber a coluna J. sem a coluna B; o calor
sem o frio, a laz sem as trevas, etc . Todo o ser vivo se encontra constantemente num
estado de equilíbrio instável, formado pela criação de células novas e a eliminação de
células mortas. As Novas gerações não podem afirmar se senão à medida que as
antigas lhes cedem o lugar.

Essas Duas Colunas são a imagem exacta do Mundo, e é conveniente que este fique
fora do Templo! O Templo é sustentado por Pilares, que se situam no mundo dos
Arquétipos, onde tudo se funde numa Luz cujo brilho é imarcescível.” 30

Prancha de A:.R:. – A:.M:. – R:.L:.M:.A:.D:. – Junho de 5997

Bibliografia:
1. James Fergusson, F.R.S., The Temples of the Jews. Londres, 1878
2. W. F. Stinespring, The Interpreter’s Dictionary of the Bible, 1962. (autor não
maçónico coincidente com a tradição maçónica)
3. Ancient Records and the Bible.

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4. R. B. Y. Scott, do United Theological College of Montreal, no Journal of Biblical
Literature.
5. G. Ernest Wright “Solomon’s Temple Resurrected”. The Biblical Archaeologist, Maio
de 1941.
6. Hoje ambos designados por “Agulha de Cleópatra”.
7. II Livro das Crónicas 4: 11-17
8. II Livro das Crónicas 3: 15-17
9. II Livro das reis 25: 17
10. Joseph Young – “The Temple of Solomon”, British Masonic Miscellany
11. The Grand Mistery of Free Masons Discovery’d
12. II Livro das Crónicas 4: -17
13. Mazzebath – “monumento de pedra erguido como marco comemorativo ou objecto
de culto”
14. J. S. M. Ward – Londres 1925; Ward escora-se na autoridade de Luciano em De
Dea Syria (Séc. II d. C.)
15. Actual Menbij
16. Êxodo 17:15
17. Lionel Vibert – Freemasonry before the existence of Grand Lodges
18. A. G. Mackey e William Hutchinson
19. I Livro dos Reis 9: 15
20. II Livro de Samuel 7: 5, 16
21. Samuel Lee, Orbis Miraculum, 1659
22. Encyclopeda Biblica
23. Jules Boucher – La Symbolique Maçonnique
24. II Livro dos Reis 23: 3
25. II Livro dos Reis 11: 14
26. Caldecott, Solomon’s Temple
27. Albert Churchward, The Arcana of Freemasonry
28. Immanuel Kant
29. Jules Boucher – La Symbolique Maçonnique

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