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1. Díptico consular de Severino Boécio, 487.

Era bastante comum os aristocratas da fase


tardia do Império Romano encomendarem dípticos (imagens constituídas por duas metades)
comemorativos, em marfim, para ocasiões especiais – neste caso, o díptico refere-se à
nomeação de Boécio como cônsul e perfeito romano. Do lado direito, ele empunha o sinal
do início de corrida de bigas, uma vez que estes cargos implicavam o patrocínio de jogos
dispendiosos. É provável que o cônsul seja o pai do grande filósofo, também chamado
Boécio, que Teodorico, rei da Itália, mandou executar por traição, em 524.

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2. Batistério de Poitiers, século vi. Existem poucos
vestígios da arquitetura monumental merovíngia, mas
este é um bom exemplo, situado numa cidade importante
da Gália meridional. Toda a estrutura visível na imagem
é original, exceto os pilares modernos, colocados para
impedir a derrocada do edifício pelo monte abaixo.
Embora continue a discutir-se quais as componentes do
batistério construídas na fase tardia do Império Romano,
antes da conquista dos francos, em 507, é certo que o
edifício demonstra que os merovíngios construíam – ou
reconstruíam – num estilo romano clássico.

3. Coroa votiva de Recesvinto, década de 660. Em 1858,


foram encontradas em Huerta de Guarrazar, perto
de Toledo, a capital visigoda, várias coroas doadas à
Igreja, incluindo as de dois reis visigodos. A que aparece
nesta imagem é em ouro, com pedras preciosas, assim
como com as letras do nome do rei nos pendentes.
É improvável que a coroa tivesse sido usada alguma
vez, já que estas coroas constituíam um uso bizantino,
imitado pelos visigodos.

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4. Santa Sofia (Hagia Sophia), Constantinopla (atual Istambul), década de 530. A grande
igreja da capital bizantina foi construída entre 532 e 537, no tempo do imperador Justiniano.
É uma construção de grande dimensão, maior do que qualquer outro edifício coberto
do Império Romano e do que qualquer outra sucessora anterior à Catedral de Sevilha,
construída entre o século xiii e xvi. O teto abateu em 557 e foi reconstruído em 562.
Apenas os minaretes otomanos são mais recentes.

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5. Corão de Birmingham, décadas de 640-650, aproximadamente. O pergaminho destas
páginas do Corão foi encontrado na biblioteca da Universidade de Birmingham, em 2013.
De acordo com o método de carbono, há 95% de probabilidade de que o pergaminho seja
anterior a 645. Portanto, o texto terá sido escrito mais tarde, mas não muito depois.
Esta data coincide, plausivelmente, com o califado de Otomão (644-656), durante
o qual, segundo a tradição islâmica, se terá procedido à compilação do livro sagrado
dos muçulmanos na sua forma atual. No entanto, esta plausibilidade não pôs termo
aos debates sobre a datação do Corão.

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6. Reconstrução da sala de receção dos califas omíadas de Córdoba, em Medina Azara, na
década de 950. Abderramão III construiu este palácio, que foi destruído por volta de 1010.
O salão foi descoberto numa escavação do século xx e reconstruído nos séculos xx e xxi.
A sua decoração em estuque é de alta qualidade e chegaram até aos nossos dias narrativas
que atestam como a mesma impressionava os emissários estrangeiros.

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7. Interior da capela do palácio de
Carlos Magno, em Aachen, cerca
de 800. Aachen, a nova capital de
Carlos Magno, possuía uma grande
capela, consagrada pelo papa
Leão III, em 805. Foi construída com
pormenores requintados, possuindo
paredes revestidas a mármore (trazido
de Roma e Ravena, de acordo com
Eginhardo, biógrafo de Carlos
Magno), obras em bronze e frescos,
que se perderam entretanto.

8. Manual jurídico dos francos,


décadas de 850 a 870. Este livro,
preservado em Wolfenbüttel, na
Alemanha, é uma compilação da
legislação dos francos do século ix,
desde a Lex Salica, do século vi (a
sua página inicial contém iluminuras)
aos capitulários da época de Carlos
Magno, na década de 810. Existem
dúzias de coleções deste tipo
provenientes daquele período, o que
revela a importância destes manuais
jurídicos para os dirigentes políticos
carolíngios.

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9. Evangelho de Lindisfarne, inícios do século viii. Estes Evangelhos fazem parte dos
Evangelhos com iluminuras mais sumptuosas de todo o período medieval. Provavelmente,
foram escritos e ilustrados no mosteiro de Lindisfarne, na Nortúmbria, e apresentam
semelhanças com vários exemplares de Evangelhos do mesmo período da Inglaterra e da
Irlanda, regiões que se especializaram neste tipo de iluminuras. Esta página mostra o início
do Evangelho de São Lucas.

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10. Igreja de madeira em Heddal, Noruega, século xiii. A Noruega medieval especializou-se
num estilo de construção de igrejas em madeira altamente inovador. A igreja na imagem, em
Heddal, na Noruega meridional, é a maior de todas, embora a sua ampliação date da década
de 1890.

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11. Portas de bronze da Catedral de Gniezno, finais do século xii. A catedral polaca mais
antiga foi reconstruída no século xiv, mas estas portas são as originais. Apresentam cenas
da vida do missionário Adalberto de Praga, assassinado por pagãos prussianos em 997,
cujo corpo foi adquirido mais tarde pelos polacos e sepultado na catedral. A cena acima
da maçaneta direita apresenta a sua morte. O estilo das portas corresponde ao da região
fronteiriça entre a Alemanha e França, mas é possível que os trabalhadores tivessem vindo
da Polónia para as fazer.

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12. Rocca San Silvestro, Toscana, século xiii. Rocca San Silvestro, provavelmente a aldeia
medieval abandonada mais preservada, constituía uma região de minas de prata e de cobre
na costa da Toscana até o metal se esgotar. O seu ponto alto, correspondente ao período em
que foram construídos os edifícios ainda existentes, situou-se nos séculos xii e xiii. O castelo
cimeiro pertencia ao senhor, o resto era constituído por habitações de aldeões comuns,
construídas em pedra de muita qualidade. O senhor controlava de perto a exploração
mineira, mas, ao que parece, os mineiros também eram prósperos.

13. Mosaico da abside de São Clemente, Roma, aprox. 1118. Este mosaico espetacular e
dispendioso, encomendado por um cardeal próximo do papa Pascoal II, consiste numa
videira que representa a Igreja Cristã e está cheio de imagens de seres humanos, alguns dos
quais entregues a trabalhos domésticos. O mosaico mostra como a liderança papal desejava
mostrar o simbolismo do seu poder e riqueza num período em que os papas lutavam pelo
controlo da própria cidade de Roma.

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14. Catedral de Pisa, final do século xi e início do século xii. Este edifício constitui a igreja
italiana mais inovadora do seu tempo, revelando claramente a ambição dos habitantes da
cidade. A maior parte dos custos da construção foi paga com o saque resultante dos ataques
navais às cidades muçulmanas abastadas. Alguns são lembrados em inscrições na fachada
da catedral.

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15. Castelo de Gante, fim do século xii. O núcleo do castelo dos condes da Flandres em
Gante (incluindo a porta de entrada do lado direito) é o original, embora o edifício tenha
passado por uma reconstrução substancial no século xix. O castelo era um dos maiores
centros de poder dos condes. A maior cidade da Flandres nasceu no interior das suas
muralhas. O sucesso de Gante enquanto um centro de manufatura começou com o castelo,
mas a cidade transformou-se na adversária mais séria dos condes à medida que foi crescendo
e prosperando.

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16. Hotel Shakespeare, Stratford-upon-Avon, séculos xiii a xvi. O lote onde se situa o hotel
constitui uma das parcelas originais definidas no período da fundação de Stratford, por volta
de 1200, ainda visíveis na planta da cidade. O edifício propriamente dito, construído num estilo
enxaimel urbano clássico da Inglaterra, data do período Tudor e foi sendo restaurado entretanto.

17. Catedral de Notre-Dame, Paris. Esta igreja é a mais conhecida da onda de grandes e
dispendiosas igrejas góticas construídas na França setentrional nos séculos xii e xiii – neste
caso, entre as décadas de 1160 e 1260. A flecha é do século xix.

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18. Rolo do final do século xii. O Chanceler do Tesouro (departamento das finanças) iniciou uma
cópia sistemática dos atos administrativos governamentais. Existem cópias provenientes de 1130
e, numa sequência quase completa, a partir de 1156. O nome destes documentos é proveniente da
forma tubular como os pergaminhos (costurados uns aos outros) foram enrolados.

19. Estátuas de Ekkehard de Meissen e de Uta de Ballenstadt, Naumburgo, meados do


século xiii. Estas estátuas representam os fundadores da Catedral de Naumburgo, no Nordeste
da Alemanha, durante o século xi, e foram acrescentadas dois séculos mais tarde como parte
de um conjunto de doze estátuas de alta qualidade. Revelam muito claramente a ligação das
comunidades eclesiásticas a patronos leigos, uma característica de toda a Idade Média.

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20. O sonho de Inocêncio III, Assis, década de 1290. Este fresco na igreja de São Francisco,
a primeira grande igreja franciscana, atribuído, plausivelmente, a Giotto e à sua escola,
apresenta Inocêncio a sonhar que Francisco de Assis sustentava a Basílica de Latrão
(catedral de Roma) com os seus ombros. Este sonho fazia parte da mitificação inicial da
figura de Francisco e do seu notável sucesso político.

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21. Porta Norte (Istambul) da cidade de Niceia, romana até ao início do século xiii. Estas
muralhas e esta porta monumentais tinham uma base romana, mas sofreram reparações
sistematicamente e foram reconstruídas no período bizantino, em particular, sob os
imperadores de Niceia (1204-1261).

22. A Ressurreição, Kariye Camii, Istambul, aprox. 1320. O mosteiro Chora (Kariye) foi
construído em 1315-1321pelo administrador sénior de Constantinopla, o intelectual Teodoro
Metoquita. Este é o seu fresco mais dramático, a descida angustiante de Cristo aos infernos,
pegando na mão de Adão e Eva, para os levar para o céu.

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23. Rumeli Hisari (Castelo da Rumélia), 1452. Este castelo foi construído no âmbito da
preparação do cerco de Constantinopla por Maomé II, para bloquear o abastecimento de
alimentos à cidade por navios venezianos, através do Bósforo.

24. Igreja da Intercessão, no rio Nerl, Oblast de Vladimir, aprox. 1160. Este é um exemplo
particularmente atrativo da forma adotada e adaptada do estilo bizantino pelos governantes
russos com o objetivo de criarem uma arquitetura completamente sua. A igreja foi construída
pelo príncipe André I, o Pio (1157-1174), fora da cidade de Vladimir.

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25. Santa Ana ensina a sua filha, a Virgem Maria, a ler. Manuscrito francês, década de 1430.
Esta cena era comum em iluminuras de manuscritos da Idade Média Tardia. Constitui um sinal
da suposição generalizada, existente naquele período, de que algumas mulheres leigas podiam
ser letradas e de que, quando tal acontecia, eram elas que ensinavam os seus filhos a ler.

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26. Ambrogio Lorenzetti, Efeitos do Bom Governo na Cidade, Siena, 1338-1339. Este fresco, situado apropriadamente na câmara municipal de Siena,
mostra uma imagem idealizada de uma cidade bem governada, com uma sapataria, escolas, muito movimento de mercadorias e (menos plausível)
mulheres a dançar na rua.

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27. Egil Skallagrimsson, manuscrito islandês, século xvii. Egil, um grande poeta islandês
do final do século x (possuímos alguns dos seus poemas), também era um agitador violento
e sarcástico, com um crânio enorme. Esta imagem do início da Era Moderna mostra como
os islandeses da época imaginavam a aparência de um herói camponês.

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28. Campanário de Bruges, década de 1480. Esta imagem fálica de orgulho cívico situa-se
no topo do mercado coberto na praça principal de Bruges. Começou a ser construída em
madeira, no século xiii. O octógono no cimo foi acrescentado no fim do século xv.

29. Ponte de Carlos, Praga, final do século xiv. Esta ponte, durante muito tempo a única que
atravessava o rio Vltava que divide a cidade de Praga, foi reconstruída em grande parte pelo
escultor e arquiteto Peter Parler, a pedido de Carlos IV. A Torre da Ponte da Cidade Velha
que se vê na imagem também é da sua autoria, constituindo um bom exemplo do gótico
secular da Boémia. Os cisnes são recentes.

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30. Pátio das Donzelas, Alcáceres, Sevilha, década de 1360. Após a conquista castelhana da
maior parte do Al-Andalus, muitas tradições artísticas da Espanha muçulmana (mais visíveis
em Alhambra – Granada) foram adotadas no resto de território. Alcáceres (o palácio real)
de Sevilha é um bom exemplo disso mesmo, já que usa profusamente os estilos muçulmanos,
misturando-os com os estilos cristãos.

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31. Enea Silvio Piccolomini, eleito pelo Concílio de Basileia, década de 1500. Estamos,
simultaneamente, perante uma paisagem marítima «renascentista» clássica e uma cena da
vida de um intelectual de Siena que viria a ser o papa Pio II (1458-1464). Os frescos da vida
de Pio, de autoria de Pinturicchio, foram encomendados por um sobrinho de Enea Silvio, que
também seria papa pouco depois, em 1503: Pio III. Enea Silvio ganhou prestígio no Concílio
de Basileia, o que explica a escolha desta cena, embora o concílio seja recordado como um
concílio de desafio ao papa.

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32. Praça principal de Pienza, Toscana, 1459-1462. Pio II nasceu em Corsignano, uma
pequena aldeia na Toscana meridional. Enquanto papa, transformou-a numa cidade e mudou
o seu nome para Pienza, decorando-a com edifícios «renascentistas» de grandes dimensões e
modernos para a época, como seria de esperar numa cidade muito maior. A imagem permite
ver o campo rural aberto, por trás da catedral.

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