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INTELIGÊNCIA

EMOCIONAL
Unidade 1
Desenvolvimento da
inteligência emocional
CEO

DAVID LIRA STEPHEN BARROS

DIRETORA EDITORIAL
ALESSANDRA FERREIRA

GERENTE EDITORIAL

LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS

PROJETO GRÁFICO

TIAGO DA ROCHA

AUTORIA

MARINA VARGAS REIS DE PAULA GONÇALVES


Marina Vargas Reis de Paula Gonçalves
AUTORIA

Olá! Sou formada em Matemática, com especialização


em Educação Matemática. Meu mestrado e doutorado são
na área de Métodos Numéricos em Engenharia. A escolha por
trabalhar com pesquisa nessa área se deu pela minha paixão
pela Matemática Aplicada. Com esse foco desenvolvi pesquisas
na área de movimentação pedonal usando inteligência artificial.
Ao longo desses quase 20 anos de carreira, tive a oportunidade
de lecionar em cursos presenciais e à distância. Trabalhei e
trabalho com estudantes do ensino médio, graduação e pós-
graduação, e tenho verdadeira paixão por lecionar. Nos últimos
anos, tive o prazer de trabalhar com instituições e empresas
que produzem conteúdo para a educação à distância e ensino
Unidade 1

híbrido. Nessa trajetória, experimentei e experimento a cada dia


uma nova motivação para continuar lecionando, pois produzir
conteúdo envolve se colocar mais e mais no lugar do estudante
e se perguntar continuamente se o que você está escrevendo ou
falando será realmente compreendido. Por isso, fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores.

4 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
ÍCONES
Unidade 1

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 5
Técnicas e estratégias para desenvolver a inteligência
emocional.................................................................................. 10
SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................ 11
Prática da autoconsciência............................................................................... 15
Autogestão emocional....................................................................................... 16
Empatia................................................................................................................. 17
Habilidades sociais............................................................................................. 19
Praticando a gratidão......................................................................................... 21
Praticando o perdão.......................................................................................... 22
Processo de desenvolvimento da inteligência emocional... 31
Identificação dos desafios na jornada de desenvolvimento da inteligência
emocional............................................................................................................. 31
Unidade 1

Estratégias eficazes para superar obstáculos no desenvolvimento da


inteligência emocional....................................................................................... 39
Consolidando a inteligência emocional: manutenção e crescimento
contínuo............................................................................................................... 43
Educação emocional e indivíduos emocionalmente
inteligentes............................................................................... 48
A importância da educação emocional.......................................................... 49
Educação emocional e inteligência emocional: uma relação direta......... 51
Estratégias e práticas para implementar a educação emocional.............. 53
Desenvolvendo indivíduos emocionalmente inteligentes: o papel da
educação emocional.......................................................................................... 60
Inteligência emocional no cotidiano...................................... 64
Introdução............................................................................................................ 64
Compreendendo as emoções no cotidiano.................................................. 66
Gestão das emoções e autorregulação.......................................................... 69
Inteligência emocional e relações interpessoais.......................................... 71
Inteligência emocional e bem-estar................................................................ 73

6 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Você já parou para pensar na importância da inteligência
emocional em nossas vidas e como ela pode impactar diretamente

APRESENTAÇÃO
nosso bem-estar, sucesso pessoal e profissional? A inteligência
emocional é uma habilidade fundamental para lidar com as
emoções e estabelecer relacionamentos saudáveis e produtivos,
sendo considerada um dos principais fatores para o sucesso em
diversas áreas da vida.

Ao longo desta Unidade 1, você explorará o fascinante


mundo da inteligência emocional e aprenderá técnicas e
estratégias para desenvolver essa habilidade essencial. Vamos
aprofundar a compreensão sobre a origem e a evolução do
conceito de inteligência emocional, desde as primeiras pesquisas
em psicologia até a popularização do termo por Daniel Goleman

Unidade 1
e outros autores renomados.

Além disso, você descobrirá como o desenvolvimento


da inteligência emocional pode contribuir para uma vida mais
equilibrada e feliz, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.
Examinaremos as principais competências emocionais, como
autoconsciência, autogestão emocional, empatia e habilidades
sociais, e como elas se inter-relacionam para melhorar nossa
capacidade de lidar com as emoções e interagir com os outros
de forma saudável e eficaz.

Também abordaremos os desafios e benefícios do


desenvolvimento da inteligência emocional em diferentes
contextos, como no ambiente de trabalho, na resolução de
conflitos e na vida pessoal. Você aprenderá como aplicar técnicas
e estratégias para aprimorar suas habilidades emocionais e
enfrentar situações adversas com resiliência e assertividade.

A Unidade 1 também explorará a relação entre a inteligência


emocional e a educação, discutindo como a educação emocional
pode ser incorporada ao processo de ensino-aprendizagem para

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 7
formar indivíduos emocionalmente inteligentes e preparados para
enfrentar os desafios do século XXI.

Por fim, analisaremos o embasamento científico das


técnicas e estratégias apresentadas, examinando estudos e
pesquisas que comprovam a eficácia do desenvolvimento da
inteligência emocional na melhoria da qualidade de vida e
no alcance de resultados positivos em diversas áreas. Você
entenderá como a neurociência e a psicologia têm contribuído
para aprimorar nosso conhecimento sobre a inteligência
emocional e a criação de novas abordagens e métodos para seu
desenvolvimento.

Ao final desta unidade, você terá adquirido conhecimentos


fundamentais em inteligência emocional, que o ajudarão a
Unidade 1

compreender melhor suas emoções, gerenciá-las de forma eficaz


e estabelecer relacionamentos mais saudáveis e bem-sucedidos
em sua vida pessoal e profissional. Então, está pronto para
embarcar nesta jornada emocionante e transformadora? Vamos
começar!

8 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências

OBJETIVOS
profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Aplicar as técnicas e estratégias para desenvolver a


inteligência emocional.

2. Identificar e superar os principais desafios e dificuldades


no processo de desenvolvimento da inteligência
emocional.

3. Discernir sobre o papel da educação emocional na


formação de indivíduos emocionalmente inteligentes.

4. Exercer a inteligência emocional no cotidiano


para gerenciar as emoções e melhorar as relações

Unidade 1
interpessoais, contribuindo para uma vida mais
saudável e equilibrada.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 9
Técnicas e estratégias para
desenvolver a inteligência
emocional
Ao término deste capítulo, você será capaz de
compreender e aplicar as principais técnicas e
estratégias para o desenvolvimento da inteligência
OBJETIVO emocional, tornando-se mais apto a gerenciar
suas emoções e melhorar seus relacionamentos
interpessoais. Essa competência é fundamental
para o exercício eficaz de sua vida pessoal e
profissional, em qualquer área que exija habilidades
emocionais eficientes e bem desenvolvidas.
Muitas pessoas que enfrentaram situações
Unidade 1

desafiadoras ou conflitos sem uma compreensão


adequada da inteligência emocional encontraram
dificuldades para gerenciar suas emoções e
estabelecer conexões saudáveis com os outros.
Portanto, o desenvolvimento desta competência
permitirá que você aborde adversidades de
maneira mais equilibrada e resiliente, contribuindo
para uma vida mais harmoniosa e um sucesso
maior em seu campo de atuação.
Está pronto para aprimorar suas habilidades
emocionais e transformar a maneira como lida
com suas emoções e relacionamentos? Vamos
embarcar juntos nesta jornada emocionalmente
enriquecedora. Avante!

10 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Introdução
O desenvolvimento da inteligência emocional é um
elemento crucial para alcançar equilíbrio emocional, aprimorar
relações interpessoais e conquistar sucesso tanto pessoal quanto
profissionalmente. Existem inúmeras técnicas e estratégias
que podem ser utilizadas para aprimorar essa habilidade vital,
permitindo que você se torne uma pessoa emocionalmente
inteligente, capaz de gerenciar suas emoções de forma eficaz.

Várias obras são referências consagradas no campo


da inteligência emocional. O livro ““Inteligência emocional: a
teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente”“ de
Daniel Goleman, por exemplo, é uma exploração profunda que

Unidade 1
apresenta pesquisa abrangente sobre o tema, além de elucidar
os benefícios associados ao desenvolvimento da inteligência
emocional. Goleman desvenda as bases neurobiológicas das
emoções e destaca a importância das habilidades emocionais
para o sucesso e o bem-estar.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 11
Daniel Goleman, nascido em 7 de março de 1946, é
um influente jornalista científico e autor americano,
conhecido por seu trabalho pioneiro na popularização
SAIBA MAIS do conceito de inteligência emocional. Durante doze
anos, Goleman escreveu para o The New York Times,
focando principalmente em descobertas nas ciências
do cérebro e do comportamento.
Goleman nasceu e foi criado em Stockton, Califórnia,
filho de pais que eram professores universitários.
Seu pai ensinava literatura mundial no San Joaquin
Delta College, enquanto sua mãe lecionava na área
social na University of the Pacific. Goleman concluiu
seu doutorado em Harvard, onde também lecionou.
A contribuição mais notável de Goleman ao campo
da psicologia foi seu trabalho sobre inteligência
Unidade 1

emocional. Em seu livro de 1995, “Inteligência


Emocional”, Goleman argumentou que as
habilidades não cognitivas, como autoconsciência,
autodisciplina e empatia, podem ser tão
importantes para o sucesso na vida quanto a
inteligência cognitiva tradicional.
Desde então, ele se tornou um consultor de
destaque e palestrante sobre o assunto, trabalhando
com empresas e organizações em todo o mundo
para ajudá-las a implementar práticas de inteligência
emocional. Além disso, ele continua a escrever e
publicar livros e artigos sobre o assunto, mantendo-
se um nome de destaque no campo.

12 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Figura 1 - Goleman

Unidade 1
Fonte: Wikimedia Commons

A obra ““Educação emocional e bem-estar” de Rafael


Bisquerra, por sua vez, explora o papel vital da educação
emocional na formação de indivíduos emocionalmente
inteligentes e sua inter-relação com a qualidade de vida e o
bem-estar. Bisquerra detalha a aplicação prática de técnicas e
estratégias em contextos educacionais, apresentando exemplos
de programas de educação emocional que demonstraram
resultados positivos.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 13
Rafael Bisquerra Alzina é um professor e
pesquisador espanhol especializado em
psicopedagogia e orientação educacional. Ele é
SAIBA MAIS particularmente conhecido por seu trabalho na
área de educação emocional.
Bisquerra é professor de Orientação
Psicopedagógica na Universidade de Barcelona.
Ele também serviu como o primeiro diretor
do Departamento de Métodos de Pesquisa e
Diagnóstico em Educação na mesma universidade.
Entre suas contribuições notáveis, Bisquerra definiu
a educação emocional como um processo educativo
contínuo e permanente que tem como objetivo o
desenvolvimento da competência emocional como
uma parte essencial do desenvolvimento integral
Unidade 1

do indivíduo. Isso deve ser abordado a partir de


diferentes áreas de intervenção, incluindo família,
escola e comunidade.
Ele é autor de vários livros e artigos científicos sobre
educação emocional e orientação psicopedagógica,
e sua obra tem influenciado significativamente a
maneira como a educação emocional é entendida
e aplicada em muitos contextos educacionais.

No contexto profissional, o livro “Inteligência emocional


e liderança: Desenvolvendo habilidades para a gestão eficaz” de
Tânia Carraro é de grande relevância. A autora explora como
a inteligência emocional pode ser aplicada na liderança e na
gestão de equipes. Carraro oferece uma visão valiosa ao ilustrar
a importância da inteligência emocional na resolução de conflitos
e seu impacto significativo no desempenho organizacional.

Ao longo deste capítulo, vamos explorar algumas


das técnicas e estratégias mais eficazes para auxiliar no
desenvolvimento da inteligência emocional.

14 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Prática da autoconsciência
Segundo Goleman (2012), a autoconsciência é o alicerce
da inteligência emocional, sendo a capacidade de reconhecer
e entender nossas próprias emoções, pensamentos e
comportamentos. Para desenvolver a autoconsciência, a reflexão
introspectiva é uma prática fundamental. Como enfatizado por
Pereira (2018), é essencial reservar um tempo para ponderar
sobre as emoções e identificar padrões comportamentais.

Uma das maneiras de fomentar essa prática é pela


manutenção de um diário emocional. Escrever sobre as emoções
cotidianas proporciona uma oportunidade para identificar
padrões e gatilhos específicos (LEME, 2015). Esse processo pode

Unidade 1
ser instrumental no entendimento de como reagimos a certas
situações e na identificação de emoções específicas que podem
ser difíceis de discernir.

Outra prática importante é a meditação e a atenção


plena, ou mindfulness. A atenção plena ajuda a focar no momento
presente, permitindo uma observação mais objetiva dos próprios
pensamentos e emoções, sem julgamentos precipitados (LUCAS,
2013). Ao nos tornarmos observadores mais atentos de nossas
experiências internas, desenvolvemos a autoconsciência.

Estudos têm demonstrado a eficácia dessas práticas. A


prática de mindfulness e meditação pode levar a melhorias na
capacidade de gerenciar emoções e reduzir o estresse. Além disso,
a prática da gratidão, que envolve a reflexão e o reconhecimento
das coisas boas em nossas vidas, tem sido associada a um
aumento do bem-estar emocional e a uma redução nos sintomas
de depressão e ansiedade.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 15
A prática da autoconsciência é, portanto, um exercício
contínuo de introspecção e reflexão, auxiliado por estratégias
concretas como a manutenção de um diário emocional e a prática
de mindfulness. É um caminho para o autoconhecimento e a
capacidade de gerenciar melhor as emoções, que contribui para um
maior bem-estar emocional e menos estresse (BISQUERRA, 2009).

Autogestão emocional
A autogestão emocional, também conhecida como
regulação emocional, refere-se à nossa habilidade de manejar
e controlar nossas emoções, particularmente em situações
estressantes ou conflituosas (GOLEMAN, 2012). Essa competência
é fundamental para a saúde mental, o bem-estar e a eficácia na
Unidade 1

interação social e profissional.

Uma forma eficaz de aprimorar a autogestão emocional é


pela prática de técnicas de relaxamento. Exercícios de respiração
profunda, meditação e relaxamento muscular progressivo
são ferramentas valiosas para acalmar a mente e o corpo em
momentos de estresse (LEME, 2015). Tais práticas ajudam a
reduzir a tensão física e mental, permitindo um maior controle
emocional.

Adicionalmente, desenvolver habilidades de


enfrentamento é crucial. Tais habilidades podem envolver
a resolução de problemas, a comunicação assertiva e o
estabelecimento de limites (CARRARO, 2011). Por exemplo, a
habilidade de comunicar-se assertivamente permite expressar
sentimentos e necessidades de forma clara e direta, sem infringir
os direitos dos outros, contribuindo assim para a autogestão
emocional (PENTEADO, 2013).

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Estabelecer metas realistas é outro aspecto importante
da autogestão emocional. Definir objetivos alcançáveis e ajustar
as expectativas podem prevenir a frustração e os sentimentos
de fracasso (BARBOSA, 2010). Ao definir metas que estejam ao
nosso alcance, aumentamos a probabilidade de sucesso, o que
por sua vez promove a autoconfiança e a autogestão emocional.

Em suma, a autogestão emocional é uma habilidade


vital que pode ser aprimorada por técnicas de relaxamento,
desenvolvimento de habilidades de enfrentamento e
estabelecimento de metas realistas. As estratégias mencionadas
contribuem para a construção de uma base sólida para a
autogestão emocional, permitindo-nos responder de forma mais
eficaz e saudável às situações estressantes e conflituosas da vida.

Unidade 1
Empatia
Após aprofundarmos nosso entendimento sobre a
autogestão emocional, chegamos ao conceito de empatia. A
empatia, segundo Goleman (2012), é a habilidade de compreender
e compartilhar os sentimentos dos outros, colocando-se em
seu lugar. Esta é uma competência emocional que permite o
estabelecimento de conexões mais profundas e significativas
com as pessoas ao nosso redor.

Praticar a escuta ativa é uma estratégia essencial


para aprimorar a empatia. A escuta ativa envolve ouvir
atentamente o que os outros estão dizendo, sem interrupções
ou julgamentos, demonstrando interesse genuíno pelo que está
sendo compartilhado (LUCAS, 2013). Essa postura ativa e atenta
na comunicação favorece a compreensão dos sentimentos e
perspectivas do outro, fortalecendo a empatia.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 17
Figura 2 - Empatia
Unidade 1

Fonte: Pexels

A habilidade de interpretar a comunicação não verbal


também é crucial para o desenvolvimento da empatia. A
linguagem corporal, o tom de voz e as expressões faciais podem
oferecer informações valiosas sobre os sentimentos e emoções do
interlocutor (BISQUERRA, 2009). Assim, a atenção à comunicação
não verbal é um componente-chave para aprimorar a empatia.

Por fim, esforçar-se para entender perspectivas diferentes


é outra ação que promove a empatia. Mesmo quando não
concordamos com os outros, é importante tentar compreender
o seu ponto de vista. Esse exercício de perspectiva permite uma
maior compreensão e conexão com as pessoas, favorecendo a
empatia (PEREIRA, 2018).

18 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Portanto, a empatia, como um componente essencial
da inteligência emocional, é uma habilidade que pode ser
desenvolvida e aprimorada. Por meio da escuta ativa, da atenção à
comunicação não verbal e do esforço para entender perspectivas
diferentes, podemos melhorar nossa capacidade de conectar-nos
de maneira mais profunda e significativa com os outros.

Habilidades sociais
Após termos abordado a empatia, chegamos ao
desenvolvimento das habilidades sociais, um componente
fundamental da inteligência emocional. Segundo Goleman
(2012), as habilidades sociais são fundamentais para a construção
e manutenção de relacionamentos saudáveis e produtivos,

Unidade 1
sendo imprescindíveis para o sucesso em nossa vida pessoal e
profissional.

Uma estratégia importante para o desenvolvimento


dessas habilidades é aprender a dar e receber feedback. Goleman
(2012) aponta que aprimorar a capacidade de fornecer feedback
construtivo e aceitar críticas de forma positiva é essencial para a
comunicação eficiente e o crescimento pessoal e profissional. Este
é um exercício contínuo de autogestão emocional e empatia, pois
requer equilíbrio para expressar críticas de maneira construtiva
e resiliência para receber feedback sem defensividade.

Desenvolver habilidades de liderança também é uma


maneira de aprimorar as habilidades sociais. Uma liderança
emocionalmente inteligente, conforme descreve Carraro (2011),
envolve inspirar, motivar e guiar os outros, além de saber quando
delegar tarefas e confiar na equipe. Líderes emocionalmente
inteligentes são capazes de gerenciar suas emoções e as dos
outros, criando um ambiente de trabalho saudável e produtivo.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 19
Outro aspecto importante para aprimorar as habilidades
sociais é aprender a negociar e resolver conflitos. Dominar a arte
da negociação e adotar uma abordagem colaborativa na resolução
de conflitos, como ressalta Barbosa (2010), permite encontrar
soluções que beneficiem todas as partes envolvidas. Essa é uma
competência que requer prática e, acima de tudo, a capacidade de
compreender e respeitar as perspectivas dos outros.
Figura 3 - Conflitos
Unidade 1

Fonte: Pixabay

Portanto, o desenvolvimento das habilidades sociais é


um processo contínuo e multifacetado, que envolve a capacidade
de dar e receber feedback, liderar com inteligência emocional e
negociar eficazmente. Com o aprimoramento dessas habilidades,
podemos melhorar nossos relacionamentos e interações sociais.

20 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Praticando a gratidão
Na sequência de nosso estudo, chegamos à prática da
gratidão. Pesquisas recentes destacam a importância da gratidão
para o bem-estar emocional (BISQUERRA, 2009). Cultivar esse
sentimento pode ter um impacto significativo na inteligência
emocional e na maneira como nos relacionamos com o mundo.

Uma maneira eficaz de praticar a gratidão, sugerida


por Bisquerra (2009), é manter um diário de gratidão. Anotar
diariamente tudo pelo qual nos sentimos gratos nos ajuda a
manter o foco no que realmente importa e a desenvolver uma
atitude mais positiva em relação à vida.
Figura 4 - Gratidão

Unidade 1

Fonte: Pixabay

Expressar gratidão aos outros também é uma prática


valiosa. Como Leme (2015) enfatiza, agradecer às pessoas pelo
apoio, ajuda e compreensão demonstra apreço e fortalece os
relacionamentos interpessoais.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 21
Adotar uma mentalidade de abundância, concentrando-
se no que se tem em vez do que naquilo que se deseja, como
sugere Pereira (2018), ajuda a cultivar uma perspectiva mais
positiva e grata. Essa prática pode contribuir para a autogestão
emocional, pois nos permite apreciar nosso presente em vez de
ansiar pelo que ainda não temos.

Praticando o perdão
O perdão, segundo Goleman (2012), é uma habilidade
essencial para a inteligência emocional, pois permite a liberação
de sentimentos negativos e a superação de ressentimentos.

Reconhecer e validar os próprios sentimentos é um


passo crucial para a prática do perdão. Goleman (2012) sugere
Unidade 1

que aceitar e compreender as emoções relacionadas à situação


permite um caminho mais claro para o perdão.

Adotar uma perspectiva empática também pode facilitar


o processo de perdão. Tentar entender o ponto de vista da outra
pessoa e as circunstâncias que levaram ao comportamento
ofensivo, como propõe Lucas (2013), pode facilitar o processo
de perdão.

Por fim, estabelecer limites saudáveis é outra estratégia


importante. Penteado (2013) enfatiza que perdoar não significa
permitir que o comportamento prejudicial continue; estabelecer
limites protege a si mesmo e apoia o processo de cura.

Portanto, a prática da gratidão e do perdão são


ferramentas valiosas para o desenvolvimento da inteligência
emocional. Ao aplicar essas técnicas e estratégias, é possível
melhorar significativamente a qualidade de vida pessoal e
profissional.

22 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Essas técnicas e estratégias, embasadas em pesquisas
nas áreas de psicologia e neurociência, são cientificamente
validadas, destacando a importância da prática consciente de
gratidão e perdão no desenvolvimento da inteligência emocional.
Como Goleman (2012) ressalta, a prática contínua e consciente
é fundamental para que tais técnicas resultem em mudanças
significativas.

A inteligência emocional não é uma habilidade inata,


mas algo que pode ser aprendido e aprimorado ao
longo do tempo. Dedicar-se à prática de estratégias
IMPORTANTE como a gratidão e o perdão pode ter um impacto
substancial na forma como experienciamos nossas
emoções e como nos relacionamos com os outros.

Unidade 1
É importante observar que as técnicas e estratégias
apresentadas para o desenvolvimento da inteligência emocional,
respaldadas por pesquisas científicas e literatura especializada
nas áreas da psicologia, neurociência e educação emocional,
têm demonstrado resultados positivos e eficazes na melhoria da
autoconsciência, autogestão emocional, empatia e habilidades
sociais, tanto em contextos pessoais quanto em profissionais.

Ao se aprofundar nessas obras de referência e aplicar as


técnicas e estratégias sugeridas, pode-se fortalecer a inteligência
emocional e desfrutar dos benefícios que ela proporciona
para o sucesso, bem-estar e qualidade de vida. Além disso, a
contínua pesquisa e inovação na área da inteligência emocional
enriquecem nosso entendimento sobre a importância dessa
habilidade e fornecem novas abordagens e métodos para o seu
desenvolvimento.

Além das técnicas e estratégias já mencionadas, existem


outras abordagens que podem ser aplicadas no desenvolvimento
da inteligência emocional. Algumas delas incluem:

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 23
1. Autocuidado: o autocuidado é uma abordagem que
abrange cuidados físicos, emocionais e mentais. No
contexto do desenvolvimento da inteligência emocional,
algumas práticas específicas de autocuidado podem
ser particularmente úteis:

• Exercício físico: uma rotina regular de exercícios


físicos pode ajudar a liberar hormônios do bem-estar,
como endorfinas, reduzir o estresse e melhorar o
humor (DINAS; KOUTEDAKIS; FLOURIS, 2011). Além
disso, a disciplina necessária para manter uma rotina
de exercícios pode contribuir para a autogestão
emocional. Segundo Gomez-Pinilla e Hillman (2013), o
exercício também pode influenciar positivamente as
habilidades cognitivas, como a atenção e a memória,
Unidade 1

que são fundamentais para a gestão emocional.

• Alimentação equilibrada: uma dieta saudável e variada


pode ajudar a manter a saúde física, que por sua vez,
pode influenciar a saúde mental e emocional. Além
disso, o ato de cuidar de si mesmo pela alimentação
pode reforçar sentimentos de autovalorização.

Estudos de neurociência têm demonstrado que uma


dieta equilibrada e nutritiva pode ter um impacto
positivo na saúde mental e emocional. Por exemplo,
SAIBA MAIS uma pesquisa descobriu que dietas ricas em
alimentos processados e açúcares podem aumentar
o risco de depressão (JACKA et al., 2010). Por outro
lado, dietas ricas em frutas, vegetais, grãos integrais
e proteínas magras podem melhorar o humor e
reduzir o risco de transtornos mentais.

• Sono adequado: a importância do sono adequado para


a saúde física e mental é inquestionável. A falta de sono

24 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
pode impactar negativamente o humor, a capacidade
de concentração e a regulação emocional.

A neurociência do sono é uma área de pesquisa


em constante expansão, e estudos têm
consistentemente demonstrado a importância
SAIBA MAIS do sono adequado para a manutenção da saúde
física e mental. O sono tem um papel crucial na
consolidação da memória e no aprendizado, além
de ser um elemento fundamental para a regulação
emocional (WALKER; VAN DER HELM, 2009). Por
outro lado, a privação do sono pode levar a uma
série de problemas de saúde, incluindo depressão,
ansiedade e dificuldades no manejo das emoções
(WALKER; VAN DER HELM, 2009; LI; SHAO; LI, 2022).

Unidade 1
Além disso, a duração ideal do sono pode variar
com a idade, e é importante para a manutenção
do bem-estar e do funcionamento ideal durante
o dia. A falta de sono adequado pode afetar
negativamente o humor, a capacidade de
concentração e a capacidade de gerenciar emoções
de maneira eficaz (CHAPUT; DUTIL; SAMPASA-
KANYINGA, 2018).
Vale ressaltar que o autocuidado não se limita à
manutenção de hábitos saudáveis, mas também
envolve a capacidade de reconhecer quando é
necessário buscar ajuda profissional. Se você está
tendo dificuldades para dormir ou lidar com o
estresse, considere a possibilidade de procurar a
orientação de um profissional de saúde.

2. Conexões sociais: a capacidade de estabelecer e manter


relacionamentos saudáveis é um aspecto importante da
inteligência emocional. Algumas maneiras de fortalecer
as conexões sociais incluem:

• Atividades em grupo: participar de atividades em grupo


pode ajudar a construir habilidades sociais, aumentar

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 25
a compreensão das emoções dos outros (empatia) e
fortalecer a rede de apoio social.

• Pedir ajuda e oferecer apoio: compartilhar experiências


e apoiar os outros pode fortalecer os laços interpessoais
e aumentar a consciência das próprias emoções e das
emoções dos outros.

• O poder das amizades: as amizades desempenham um


papel significativo no desenvolvimento da inteligência
emocional (IE). Elas proporcionam um espaço seguro
para a expressão emocional, para a prática de empatia e
para o desenvolvimento de habilidades de comunicação
efetivas, todas cruciais para a inteligência emocional.
As amizades permitem que as pessoas experimentem
Unidade 1

uma variedade de emoções e situações, fornecendo


uma plataforma para aprender a gerenciar emoções e
a reagir de maneira apropriada.
Figura 5 - Amizades

Fonte: Pexels

26 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Uma amizade saudável também proporciona o ambiente
para o desenvolvimento da empatia, uma componente chave da
IE. Além disso, as amizades podem funcionar como uma rede
de apoio emocional, ajudando indivíduos a lidar com estresse
e adversidades, aprimorando a resiliência emocional (COHEN,
2004). As amizades também podem desafiar e ajudar a expandir
nossas perspectivas, o que contribui para a autopercepção
emocional e o entendimento das emoções de outras pessoas
(SALOVEY, MAYER, GOLDMAN, TURVEY, & PALFAI, 1995).

3. Treinamento e cCoaching em inteligência emocional:


cursos, workshops e sessões de coaching podem
proporcionar uma estrutura para o desenvolvimento
da inteligência emocional, além de oferecer feedback

Unidade 1
e orientação personalizados. Abordagens baseadas na
neurociência, como a compreensão da relação entre a
amígdala (responsável por nossas reações emocionais)
e o córtex pré-frontal (responsável pelo raciocínio e
tomada de decisões) (GOLEMAN, 2012), podem ser
incorporadas ao treinamento para melhorar a eficácia
das técnicas ensinadas.

4. Aprendizado contínuo: manter-se atualizado com as


últimas pesquisas e desenvolvimentos em inteligência
emocional pode ajudar a aprimorar e refinar as técnicas
de gerenciamento de emoções. Isso pode envolver a
leitura de livros e artigos que discutem a neurociência
das emoções, como o papel da oxitocina na empatia e
na confiança, a participação em palestras e cursos que
abordam a relação entre o cérebro e as emoções, e a
discussão de ideias com outras pessoas interessadas
no assunto.

5. Terapia e aconselhamento: terapeutas e conselheiros


são profissionais treinados que podem fornecer

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 27
orientações e técnicas específicas para lidar
com questões emocionais. A terapia pode ser
particularmente útil para pessoas que estão lidando
com traumas, estresse crônico ou transtornos de
saúde mental, que podem dificultar o gerenciamento
eficaz das emoções. Abordagens terapêuticas
baseadas na neurociência, como a Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC), que visa modificar padrões de
pensamento e comportamento disfuncionais (BECK,
2013), podem ser úteis para compreender e gerenciar
melhor as emoções e suas manifestações no cérebro.
Figura 6 - Amizades
Unidade 1

Fonte: Pexels

A aplicação da neurociência no estudo da inteligência


emocional desvenda insights cruciais e técnicas eficazes
para melhorar a capacidade de gerir emoções (GOLEMAN,
2012; OLIVEIRA E SANTOS, 2021). Aliada a isso, a combinação
de treinamento, coaching, aprendizado contínuo, terapia e

28 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
aconselhamento (BECK, 2013) amplifica o desenvolvimento de
habilidades emocionais significativas, repercutindo na melhoria
da qualidade de vida.

Essa abordagem multidisciplinar permite uma


compreensão mais abrangente e eficiente das estratégias
voltadas ao desenvolvimento da inteligência emocional. A chave
para o sucesso reside na prática constante, no comprometimento
com o crescimento pessoal e emocional, e na capacidade de
adaptação frente às mudanças e desafios que a vida impõe.

Ao integrar os conhecimentos de neurociência com as


diferentes estratégias e abordagens mencionadas, podemos
aprimorar a inteligência emocional e, consequentemente,

Unidade 1
incrementar nosso bem-estar e qualidade de vida perante
adversidades e desafios emocionais. Esse caminho requer
dedicação ao aprendizado contínuo e à busca por apoio
profissional quando necessário, visando desenvolver habilidades
emocionais mais sólidas e resilientes.

Adotando-se essa postura proativa, torna-se viável


enfrentar as complexidades emocionais da vida com equilíbrio
e resiliência, proporcionando uma experiência mais prazerosa e
harmoniosa em nossas relações pessoais e profissionais.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 29
E então? Gostou do que compartilhamos? Absorveu
todas as informações? Para garantir que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos

RESUMINDO recapitular tudo o que vimos. Deve ter ficado claro para
você que a inteligência emocional é essencial tanto para
a nossa vida pessoal quanto para a profissional e que
existem diversas técnicas e estratégias para desenvolvê-la.
Discutimos a importância da autoconsciência e
autogestão emocional, e como práticas como meditação,
manutenção de um diário emocional e estabelecimento
de metas realistas podem ser benéficas. Destacamos
o papel crucial da empatia e das habilidades sociais, e
como praticar a escuta ativa, a comunicação não verbal e
a compreensão de diferentes perspectivas.
Nos aprofundamos também em como a prática da
Unidade 1

gratidão, o perdão, o autocuidado e o estabelecimento


de conexões sociais podem contribuir para o
desenvolvimento da inteligência emocional. Além disso,
frisamos a importância do aprendizado contínuo, terapia
e coaching para aprimorar ainda mais nossas habilidades
emocionais e enfrentar desafios com resiliência e
assertividade.
Relembramos as evidências científicas e referências
bibliográficas que respaldam as técnicas e estratégias
apresentadas, demonstrando como a pesquisa e o
estudo contínuo na área de inteligência emocional têm
enriquecido nosso conhecimento e fornecido novas
abordagens para o seu desenvolvimento.
Assim, ao aplicar as técnicas e estratégias discutidas neste
capítulo e buscar constantemente o aprimoramento de
suas habilidades emocionais, você estará trilhando o
caminho para uma vida mais equilibrada, bem-sucedida e
emocionalmente saudável em todas as áreas de atuação.
Agora que revisamos os principais pontos, esperamos
que você esteja motivado e preparado para aplicar esses
conhecimentos em seu dia a dia e continuar explorando o
fascinante mundo da inteligência emocional. Siga em frente!

30 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Processo de desenvolvimento
da inteligência emocional
Neste capítulo, nosso objetivo é guiar você pela
jornada de identificação e superação dos obstáculos
que se apresentam durante o desenvolvimento
OBJETIVO da inteligência emocional. Vamos explorar as
dificuldades que você pode encontrar, e fornecer
estratégias eficazes para superá-las, de forma a
promover uma gestão emocional mais eficiente.
Este capítulo é dedicado a prepará-lo para enfrentar
os desafios inerentes ao desenvolvimento de uma
competência tão fundamental quanto a inteligência
emocional. Ao entender melhor estes desafios,
você será mais capaz de manejar suas emoções,

Unidade 1
melhorar suas relações interpessoais e aprimorar
tanto sua vida pessoal quanto a profissional.
Ao dominar o conteúdo apresentado aqui, você
ganhará as ferramentas necessárias para lidar com
adversidades de maneira resiliente e equilibrada,
conduzindo sua vida de maneira mais harmoniosa
e alcançando sucesso em seu campo de atuação.
Portanto, se você está pronto para mergulhar mais
profundamente no processo de desenvolvimento
da inteligência emocional e revolucionar a maneira
como lida com suas emoções e relacionamentos,
vamos embarcar nesta jornada de crescimento
pessoal. Adiante!

Identificação dos desafios na


jornada de desenvolvimento da
inteligência emocional
O desenvolvimento da inteligência emocional requer
uma compreensão clara dos desafios e obstáculos que podem

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 31
surgir ao longo do caminho. Um desses desafios é a falta
de autoconhecimento, que pode impedir a identificação e o
entendimento das próprias emoções. Outro obstáculo comum é
a dificuldade em reconhecer e gerenciar gatilhos emocionais, que
podem desencadear reações emocionais intensas e muitas vezes
negativas. Além disso, padrões de comportamento prejudiciais e
pensamentos negativos automáticos podem dificultar a regulação
emocional eficaz. É crucial reconhecer e entender esses desafios
para poder superá-los.

Dessa forma, vamos descrever esses desafios por


meio de três questões principais: falta de autoconhecimento;
reconhecimento e gerenciamento de gatilhos emocionais e
padrões de comportamento prejudiciais.
Unidade 1

Desafio 1 - Falta de autoconhecimento

O desenvolvimento da inteligência emocional começa


com o autoconhecimento. Mas o que é autoconhecimento? Na
sua essência, o autoconhecimento é uma jornada de exploração
interna, um processo de entender quem você é – seus
pensamentos, emoções, motivações, desejos e temores. Refere-
se a compreender como você reage em diferentes situações,
quais são suas forças e fraquezas, e o que te motiva (LEME, 2015).

Agora, você pode estar se perguntando, por que o


autoconhecimento é tão crucial para a inteligência emocional?
Bom, Daniel Goleman (2012), um dos principais autores sobre
inteligência emocional, afirma que o autoconhecimento é a pedra
fundamental da inteligência emocional. Sem um conhecimento
sólido de nossas próprias emoções, é difícil gerenciá-las
efetivamente, ter empatia pelos outros ou navegar com sucesso
nos relacionamentos.

32 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Falta de autoconhecimento pode levar a uma série de
dificuldades. Por exemplo, se não estamos conscientes de nossas
emoções, podemos agir de maneiras prejudiciais sem perceber.
Podemos nos tornar reativos, em vez de proativos, em nossas
respostas emocionais. Além disso, sem autoconhecimento,
podemos ter dificuldade em entender os outros, o que pode
levar a mal-entendidos e conflitos (GOLEMAN, 2012).

Para desenvolver o autoconhecimento, é importante


praticar a introspecção, prestando atenção nas nossas emoções
e comportamentos. Manter um diário emocional pode ser útil,
pois permite que você registre e reflita sobre suas experiências
emocionais. Além disso, a terapia pode ser uma ferramenta
valiosa para desenvolver o autoconhecimento, oferecendo um

Unidade 1
espaço seguro para explorar pensamentos e sentimentos com a
orientação de um profissional treinado (BECK, 2021).

Desafio 2 - Reconhecimento e gerenciamento de


gatilhos emocionais

Você já se pegou reagindo de maneira excessiva a


uma situação e, posteriormente, se perguntou por que reagiu
tão fortemente? Isso pode ter sido o resultado de um “gatilho
emocional”, que é um estímulo que desencadeia uma reação
emocional intensa em nós. Esses gatilhos podem ser eventos,
pessoas, lugares, datas ou mesmo memórias que desencadeiam
uma série de emoções, geralmente intensas e, muitas vezes,
desconfortáveis (OLIVEIRA; SANTOS, 2021).

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 33
Figura 7 - Buracos emocionais
Unidade 1

Fonte: Pixabay

Os gatilhos emocionais podem ter um grande impacto em


nosso comportamento e bem-estar geral. Eles podem nos levar a
reagir de maneiras que não estão alinhadas com nossos valores
ou metas de longo prazo e podem levar ao estresse, ansiedade,
tristeza ou raiva (GOLEMAN, 2012).

A dificuldade em reconhecer e gerenciar esses gatilhos


emocionais pode ser um obstáculo significativo para o
desenvolvimento da inteligência emocional. Se não estamos
cientes de nossos gatilhos emocionais, podemos ser pegos de
surpresa por nossas reações emocionais e podemos ter dificuldade
em gerenciar essas emoções de maneira eficaz (BECK, 2021).

34 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
No entanto, a boa notícia é que existem estratégias que
podemos usar para identificar e lidar com gatilhos emocionais.
Uma dessas estratégias é a prática da atenção plena, que envolve
prestar atenção ao momento presente de maneira intencional
e sem julgamentos (LUCAS, 2013). A atenção plena pode nos
ajudar a observar nossas emoções sem sermos arrastados por
elas, permitindo que tenhamos mais espaço para escolher como
queremos reagir.
Figura 8 - Mindfullness

Unidade 1

Fonte: Freepik

Outra estratégia eficaz é a terapia cognitivo-comportamental


(TCC), uma forma de terapia que ajuda as pessoas a entenderem e
mudarem padrões de pensamento e comportamento prejudiciais
(BECK, 2021). A TCC pode ser particularmente útil para ajudar a
identificar gatilhos emocionais e desenvolver estratégias para
gerenciar as reações a esses gatilhos.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 35
Figura 9 - Terapia
Unidade 1

Fonte: Pexels

Portanto, o reconhecimento e o gerenciamento de


gatilhos emocionais são uma parte crucial do desenvolvimento
da inteligência emocional. Embora possa ser desafiador no início,
com prática e suporte é possível desenvolver a habilidade de
lidar com esses gatilhos de maneira mais saudável e produtiva
(CARRARO, 2011).

Desafio 3: Padrões de comportamento prejudiciais

Os padrões de comportamento são como mapas mentais


que usamos para navegar por nossas vidas diárias. Eles são
hábitos de pensamento, sentimento e ação que adquirimos ao
longo do tempo, muitas vezes sem perceber (GOLEMAN, 2012).
No entanto, alguns desses padrões podem ser prejudiciais,
levando a comportamentos que não nos servem bem e que
podem afetar negativamente nossa inteligência emocional.

36 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Padrões de comportamento prejudiciais podem
incluir uma variedade de comportamentos, como reagir
impulsivamente, evitar conflitos, internalizar a culpa, entre outros
(BECK, 2021). Esses padrões podem ser obstáculos significativos
para o desenvolvimento da inteligência emocional, pois
podem nos impedir de gerenciar nossas emoções de maneira
eficaz, compreender as emoções dos outros e agir de maneira
emocionalmente inteligente (SALOVEY et al., 1995).

Mas como podemos quebrar esses padrões prejudiciais?


Existem várias estratégias que podem ser úteis. A terapia, por
exemplo, pode ser uma maneira eficaz de explorar e mudar
padrões de comportamento prejudiciais. Um terapeuta pode
ajudar a identificar esses padrões, entender suas origens e

Unidade 1
desenvolver estratégias para mudá-los (BECK, 2021).

O coaching de vida também pode ser uma ferramenta


útil. Um coach de vida pode ajudar a estabelecer metas claras,
desenvolver um plano para atingir essas metas e fornecer suporte
e responsabilidade ao longo do caminho (CARRARO, 2011).

Ainda, podemos destacar recursos de autoajuda que


podem ser uma maneira eficaz e acessível de aprender novas
estratégias e técnicas para alterar padrões de comportamento
prejudiciais. Muitos desses recursos incorporam insights da
neurociência para ajudar a explicar como e por que essas técnicas
funcionam.

Temos, portanto, livros que podem fornecer uma


visão profunda e embasada cientificamente sobre inteligência
emocional e padrões de comportamento. Alguns livros de
destaque nesta área incluem “O Cérebro Emocional” de Joseph
LeDoux e “Inteligência Emocional” de Daniel Goleman (LEDUOX,
1998; para melhorar a nossa inteligência emocional.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 37
Cursos online também podem ser uma ótima maneira
de aprender sobre inteligência emocional e padrões de
comportamento. Existem muitos cursos gratuitos ou de baixo
custo disponíveis em plataformas como Coursera, Udemy e
FutureLearn que abrangem tudo, desde a neurociência da emoção
até técnicas práticas para gerenciamento de emoções.

Grupos de apoio podem fornecer um espaço seguro


para compartilhar experiências e aprender com os outros.
Muitos desses grupos usam estratégias baseadas em pesquisas
e conhecimentos da neurociência para ajudar os membros a
compreender e mudar seus padrões de comportamento.
Figura 10 - Grupos de apoio
Unidade 1

Fonte: Pexels

Finalmente, existem muitos aplicativos de saúde mental


e bem-estar que podem ajudar a desenvolver a inteligência
emocional. Alguns desses aplicativos, como Headspace e Calm,
oferecem meditações guiadas e exercícios de atenção plena.

38 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Outros, como Moodpath e Youper, podem ajudar a rastrear e
gerenciar emoções e humor ao longo do tempo.

Em relação à neurociência, ela tem fornecido percepções


valiosas sobre como os padrões de comportamento se formam
no cérebro e como podem ser alterados. A neuroplasticidade,
por exemplo, é a capacidade do cérebro de se adaptar e mudar
em resposta à experiência. Isso significa que é possível, com
prática e repetição, criar novos padrões de comportamento no
cérebro (DWECK, 2006).

Portanto, embora a mudança de padrões de


comportamento prejudiciais possa ser um desafio, existem
muitos recursos disponíveis que podem ajudar nesse processo.

Unidade 1
Com o conhecimento e as ferramentas certas é possível criar
novos padrões de comportamento mais saudáveis e produtivos.

Estratégias eficazes para superar


obstáculos no desenvolvimento
da inteligência emocional
Para superar os desafios identificados na jornada de
desenvolvimento da inteligência emocional, é importante adotar
uma série de estratégias eficazes. Identificamos no capítulo
1 muitas dessas estratégias. Vamos explorar um pouco mais
dessas dinâmicas práticas, tendo como foco a prática da atenção
plena, técnicas de gerenciamento de estresse e a importância do
apoio social.

Estratégia 1 - Prática da atenção plena

A atenção plena é uma prática que envolve prestar atenção


ao momento presente de forma intencional e sem julgamento
(LUCAS, 2013). Com a prática da atenção plena, é possível cultivar

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 39
uma maior consciência de nossos pensamentos, sentimentos e
sensações corporais. Isso pode nos ajudar a identificar nossas
emoções à medida que surgem, permitindo-nos responder de
maneira mais reflexiva, em vez de reagir impulsivamente.
Figura 11 - Atenção plena
Unidade 1

Fonte: Pexels

Há várias maneiras de incorporar a atenção plena em


nossa rotina diária. Por exemplo, podemos praticar a meditação
mindfulness, na qual nos sentamos silenciosamente e focamos em
nossa respiração ou nas sensações corporais. Também podemos
praticar a atenção plena durante atividades cotidianas, como
comer, tomar banho ou caminhar, prestando plena atenção à
experiência.

40 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Para praticar a atenção plena, reserve alguns
minutos todos os dias para meditar. Sente-se em
um lugar tranquilo, feche os olhos e concentre-se
ATIVIDADES em sua respiração. Se os pensamentos vierem à sua
mente, simplesmente observe-os sem julgamento
e retorne sua atenção para a respiração.
Ah! você não se sente pronto para a meditação?
Que tal um diário de gratidão? Para aprimorar sua
prática da atenção plena, tente manter um diário
de gratidão. Todos os dias, escreva três coisas pelas
quais você é grato. Isso pode ajudá-lo a cultivar
uma maior consciência e apreciação do presente.

Estratégia 2 - Técnicas de gerenciamento de estresse

Unidade 1
O gerenciamento eficaz do estresse é outra estratégia
crucial para o desenvolvimento da inteligência emocional.
Quando estamos estressados, é mais difícil regular nossas
emoções e reagir de maneira adequada às situações (SALOVEY et
al., 1995). Por isso, é essencial aprender técnicas que nos ajudem
a lidar com o estresse de maneira saudável.

Existem várias técnicas eficazes de gerenciamento de


estresse, incluindo exercícios físicos, técnicas de relaxamento
(como respiração profunda e relaxamento muscular progressivo)
e práticas de autocuidado (como dormir o suficiente e manter
uma dieta saudável) (LEME, 2015). Além disso, é importante
aprender a estabelecer limites e dizer não quando necessário,
para evitar o excesso de estresse.

Tente incorporar uma técnica de relaxamento em


sua rotina diária. Pode ser a respiração profunda,
ioga, ou simplesmente passar algum tempo na
ATIVIDADES natureza. Observe como você se sente antes e
depois desta atividade.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 41
Estratégia 3 - Apoio social

O apoio social desempenha um papel fundamental no


desenvolvimento da inteligência emocional. Ter um sistema
de apoio robusto pode nos ajudar a lidar com as dificuldades
e desafios que surgem ao longo de nossa jornada. Os amigos,
familiares e mentores podem fornecer conselhos, encorajamento
e perspectivas diferentes que podem ser úteis para nosso
crescimento emocional (CARRARO, 2011).

Além disso, grupos de apoio e terapia podem ser espaços


valiosos para aprender e praticar habilidades de inteligência
emocional. Eles proporcionam um ambiente seguro para
explorar nossos sentimentos, receber feedback e aprender com
as experiências dos outros.
Unidade 1

Portanto, ao enfrentar os desafios inerentes ao


desenvolvimento da inteligência emocional, não estamos
sozinhos. A prática da atenção plena, o gerenciamento de
estresse e o apoio social são estratégias eficazes que podem
nos ajudar a superar obstáculos e aprimorar nossa inteligência
emocional.

Estratégia 4 - Terapia e aconselhamento

A terapia e o aconselhamento são outras ferramentas


poderosas para o desenvolvimento da inteligência emocional.
Trabalhar com um terapeuta ou conselheiro pode proporcionar
um espaço seguro e de apoio para explorar as emoções,
identificar padrões de pensamento e comportamento inúteis e
desenvolver estratégias para lidar com os desafios emocionais
(SALOVEY et al., 1995).

42 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Estratégia 5 - Educação e treinamento

O desenvolvimento da inteligência emocional também


pode ser auxiliado por meio da educação formal e do treinamento
em habilidades emocionais. Isso pode envolver a participação
em workshops, cursos online ou leitura de livros sobre o assunto.
Com o conhecimento adequado, é possível identificar as áreas
que precisam de melhorias e desenvolver estratégias para lidar
com as emoções de forma mais eficaz (LUCAS, 2013).

Estratégia 6 - Prática e experiência

Por fim, a prática e a experiência são fundamentais para


o desenvolvimento da inteligência emocional. Como qualquer
outra habilidade, a inteligência emocional pode ser aprimorada

Unidade 1
com a prática contínua. Isso envolve a aplicação consciente das
estratégias e técnicas aprendidas no dia a dia, além de aprender
com as experiências passadas (CABRAL; NICKERSON, 2014).

Vemos que o desenvolvimento da inteligência emocional


é um processo contínuo que envolve superar diversos desafios.
No entanto, com a adoção de estratégias eficazes como a prática
da atenção plena, técnicas de gerenciamento de estresse, apoio
social, terapia e aconselhamento, educação e treinamento, bem
como prática e experiência, é possível superar esses obstáculos
e aprimorar a inteligência emocional.

Consolidando a inteligência
emocional: manutenção e
crescimento contínuo
Uma vez que superamos os obstáculos iniciais no
desenvolvimento da inteligência emocional, o desafio não
termina ali. A inteligência emocional é uma habilidade dinâmica

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 43
que requer manutenção e crescimento contínuo para ser eficaz
a longo prazo. É como uma planta que precisa ser regularmente
regada e exposta à luz do sol para continuar crescendo e
florescendo. Da mesma forma, a inteligência emocional precisa
de prática constante, aprendizado contínuo e adaptação às
mudanças da vida para permanecer robusta e eficaz.

Prática constante

Como qualquer habilidade, a prática constante é


fundamental para consolidar e aprimorar nossa inteligência
emocional. Essa é uma jornada semelhante à de aprender a tocar
um instrumento musical. Nos estágios iniciais, pode haver uma
sensação de desconforto, incerteza e até mesmo de frustração.
Com prática constante, porém, começamos a tocar as notas com
Unidade 1

mais facilidade e confiança, a melodia torna-se clara e a música


flui naturalmente. Da mesma forma, habilidades de inteligência
emocional, como a autopercepção, a empatia e a regulação
emocional, podem parecer estranhas ou desconfortáveis
inicialmente. No entanto, com o tempo, o engajamento constante
e a prática consciente, essas habilidades se tornam mais naturais,
intuitivas e incorporadas em nosso comportamento diário. Assim
como um músico deve praticar regularmente para manter suas
habilidades, nós também devemos nos engajar em uma prática
constante de inteligência emocional para mantê-la afiada e eficaz
(CABRAL; NICKERSON, 2014)

Aprendizado contínuo

A inteligência emocional não é um estado estático, mas


um processo dinâmico de aprendizado contínuo. Assim como
uma árvore que cresce e muda com o passar das estações, nossas
emoções e como lidamos com elas também evoluem à medida
que crescemos e mudamos. É vital mantermos uma postura de
aprendizado contínuo, estar abertos a novas ideias e estratégias,

44 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
e estar dispostos a ajustar nossa abordagem conforme nossa
compreensão e experiência emocional evoluem. O aprendizado
contínuo pode ser adquirido com da leitura de livros, participação
em workshops ou cursos, ou simplesmente estando atentos e
reflexivos sobre nossas experiências emocionais diárias. Da
mesma forma que um estudioso nunca para de aprender,
também devemos nos comprometer com o aprendizado contínuo
em nossa jornada de inteligência emocional (DWECK, 2006).

Adaptação às mudanças da vida

A vida é um rio de mudanças e desafios, muitos dos


quais podem impactar profundamente nossas emoções e como
lidamos com elas. Mudanças na carreira, relacionamentos, saúde

Unidade 1
e outras circunstâncias da vida podem exigir que adaptemos e
ajustemos nossas estratégias de inteligência emocional. À medida
que navegamos pelas correntes da vida, nossa inteligência
emocional precisa ser como um barco robusto que pode se
ajustar às ondas e correntes. Assim, a capacidade de se adaptar
a essas mudanças e ajustar nossas estratégias emocionais de
acordo é uma parte crucial da manutenção e do crescimento
contínuo da inteligência emocional. Da mesma maneira que
um navegador precisa ajustar suas velas ao vento, nós também
precisamos adaptar nossa inteligência emocional às mudanças
da vida (GOLEMAN, 2012).

Portanto, consolidar a inteligência emocional é um


processo contínuo, semelhante ao trabalho meticuloso de
um jardineiro cuidando de uma planta. Assim como a planta
precisa ser regularmente regada, fertilizada e exposta à luz do
sol para continuar crescendo e florescendo, nossas habilidades
emocionais também precisam ser nutridas e cultivadas. Elas
necessitam da prática constante, que é como a água que mantém
a planta viva e a ajuda a crescer; do aprendizado contínuo, que é

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 45
como o sol que fornece energia e possibilita a fotossíntese; e da
adaptação, que é como a capacidade da planta de ajustar-se às
estações e às mudanças climáticas.

É importante enfatizar que, embora possa haver


obstáculos e desafios ao longo do caminho, cada passo que
damos na jornada de desenvolver nossa inteligência emocional
é um passo em direção a uma vida mais plena, mais rica e
mais consciente. Continuamente nutrindo e cultivando nossa
inteligência emocional, podemos nos tornar mais resilientes,
mais compassivos e mais sintonizados com nossos próprios
sentimentos e os dos outros, o que, por sua vez, pode nos ajudar
a criar vidas mais significativas e satisfatórias.

Chegamos ao fim deste capítulo. Será que


Unidade 1

conseguimos mergulhar juntos na fascinante


jornada de desenvolvimento da inteligência
RESUMINDO emocional? Acreditamos que sim, mas vamos
recapitular tudo o que vimos para garantir que os
principais pontos foram absorvidos.
Neste capítulo, abordamos o processo de
desenvolvimento da inteligência emocional, um
aspecto fundamental tanto para a nossa vida
pessoal quanto para a profissional. Iniciamos
identificando os desafios que podem surgir nessa
jornada, e esperamos que agora você esteja mais
consciente deles e preparado para enfrentá-los.
Em seguida, discutimos estratégias eficazes
para superar esses obstáculos. Falamos sobre a
importância da autopercepção, da empatia e da
regulação emocional, assim como da prática da
gratidão e a importância de manter um diário de
gratidão. Discutimos a relevância de práticas como
meditação, estabelecimento de metas realistas, e o
papel crucial das habilidades sociais.

46 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Finalmente, na última seção, conversamos sobre
como consolidar a inteligência emocional por
meio da manutenção e crescimento contínuo. Em
RESUMINDO uma analogia, comparou-se a consolidação da
inteligência emocional ao cuidado de um jardineiro
com sua planta, em que a prática constante, o
aprendizado contínuo e a adaptação à mudança
são essenciais para o crescimento e florescimento.
Com todos esses tópicos, enfatizamos a
importância do aprendizado contínuo, da terapia
e do coaching para o aprimoramento de nossas
habilidades emocionais. Citamos evidências
científicas e referências bibliográficas que
respaldam as técnicas e estratégias apresentadas,
demonstrando a riqueza de conhecimento na área

Unidade 1
de inteligência emocional.
Esperamos que, com este capítulo, você esteja
agora mais equipado para identificar e superar
os principais desafios e dificuldades no processo
de desenvolvimento da inteligência emocional,
a competência central que destacamos. Ao
aplicar as técnicas e estratégias discutidas e
buscar constantemente o aprimoramento de
suas habilidades emocionais, você pavimentará
o caminho para uma vida mais equilibrada, bem-
sucedida e emocionalmente saudável.
Agora que revisamos os principais pontos,
acreditamos que você esteja motivado e preparado
para aplicar esses conhecimentos em seu dia a
dia e continuar explorando o fascinante mundo
da inteligência emocional. Continue assim, sua
jornada está apenas começando!

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 47
Educação emocional e
indivíduos emocionalmente
inteligentes
Neste capítulo, nosso objetivo é iluminar o papel vital
da educação emocional na formação de indivíduos
emocionalmente inteligentes. Planejamos
OBJETIVO desvendar como a educação emocional, quando
implementada efetivamente desde a infância até a
idade adulta, molda a capacidade de um indivíduo
de gerenciar, compreender e utilizar suas emoções
de maneira produtiva e saudável.
Vamos explorar a conexão inextricável entre a
educação emocional e a inteligência emocional,
demonstrando como a primeira facilita o
Unidade 1

desenvolvimento da segunda. Além disso,


discutiremos estratégias e práticas concretas para a
implementação da educação emocional, destacando
a importância do papel de educadores, pais,
cuidadores e do próprio indivíduo neste processo.
Este capítulo é destinado a fornecer a você
um entendimento mais profundo de como a
educação emocional eficaz resulta em indivíduos
emocionalmente inteligentes, equipados com
as habilidades necessárias para navegar pelas
complexidades emocionais da vida de maneira
saudável e eficaz.
Ao dominar o conteúdo apresentado aqui, você
ganhará uma compreensão mais rica do processo
de se tornar emocionalmente inteligente e da
importância da educação emocional neste processo.
Isso o capacitará a promover o desenvolvimento
emocional tanto em si mesmo quanto nos outros.
Portanto, se você está pronto para descobrir
a importância da educação emocional e como
ela contribui para a formação de indivíduos
emocionalmente inteligentes, vamos começar esta
jornada de descoberta e crescimento. Vamos adiante!

48 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
A importância da educação
emocional
Educação emocional é um termo que abrange um
conjunto de habilidades necessárias para reconhecer, entender
e gerenciar nossas próprias emoções e as emoções dos outros.
Como Goleman (2012) afirmou, a inteligência emocional é uma
habilidade crucial que todos deveriam aprender desde a infância.
Mas o que significa exatamente ter uma educação emocional
efetiva e como ela se relaciona com a inteligência emocional?

A educação emocional começa desde os primeiros anos


de vida. As crianças pequenas aprendem a identificar e nomear

Unidade 1
suas emoções pelas interações com os pais e cuidadores (LEME,
2015; PEREIRA, 2018). À medida que envelhecem, as crianças
continuam a aprender sobre emoções pelas experiências do dia
a dia, da educação formal e das relações sociais (BISQUERRA,
2009; LUCAS, 2013).

Oliveira e Santos (2021) apontam que a capacidade


de reconhecer e expressar emoções é fundamental para a
saúde mental e o bem-estar. A educação emocional efetiva
ajuda as crianças a desenvolverem a empatia, a habilidade de
compreender e compartilhar os sentimentos dos outros, o que
melhora a comunicação e as habilidades interpessoais. Além
disso, a capacidade de lidar com o estresse e a adversidade é
aprimorada, permitindo que as crianças se tornem adultos
emocionalmente resilientes (CARRARO, 2011).

A educação emocional tem um papel fundamental na


formação de indivíduos emocionalmente inteligentes. Salovey,
Mayer, Goldman, Turvey e Palfai (1995) postularam que a
inteligência emocional envolve quatro habilidades principais:
perceber emoções, usar emoções para facilitar o pensamento,

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 49
entender emoções e gerenciar emoções. Essas habilidades
podem ser ensinadas e aprendidas, o que destaca a importância
de uma educação emocional efetiva (BARBOSA, 2010).
Figura 12 - Desatando o emaranhado
Unidade 1

Fonte: Freepik / pch.vector

Historicamente, a importância das emoções no


desenvolvimento humano e no processo educacional foi
frequentemente subestimada. No entanto, as pesquisas nas
últimas décadas confirmaram que as emoções têm um impacto
significativo no aprendizado, na tomada de decisões e no bem-
estar geral (DWECK, 2006; LEDOUX, 1998; BECK, 2021).

Portanto, a educação emocional é uma pedra angular


no desenvolvimento da inteligência emocional. Ao fornecer às
crianças e aos adultos as ferramentas para entender e gerenciar
suas emoções, podemos cultivar indivíduos emocionalmente
inteligentes que são capazes de lidar com desafios, comunicar-
se efetivamente e ter empatia pelos outros. Para alcançar

50 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
este objetivo, é necessária a colaboração de educadores, pais,
cuidadores e do próprio indivíduo.

Educação emocional e
inteligência emocional: uma
relação direta
A educação emocional e a inteligência emocional
estão profundamente interligadas, desempenhando papéis
fundamentais no desenvolvimento humano. A relação direta
entre essas duas áreas reside na forma como a educação
emocional prepara o terreno para o desenvolvimento da
inteligência emocional.

Unidade 1
Goleman (2012) e Salovey et al. (1995) concordam que
a inteligência emocional envolve a capacidade de perceber,
usar, compreender e gerenciar emoções. Essas habilidades são
essenciais para o funcionamento efetivo em diversos contextos
da vida, incluindo relacionamentos interpessoais, trabalho e
educação. A educação emocional, por sua vez, é o processo pelo
qual aprendemos essas habilidades cruciais.

Desde a infância, a educação emocional começa a moldar


nossa capacidade de reconhecer e nomear nossas emoções,
entender como elas influenciam nosso comportamento e
aprender a gerenciá-las de maneira produtiva (LEME, 2015;
PEREIRA, 2018). As habilidades que a educação emocional
visa desenvolver são as mesmas que compõem a inteligência
emocional.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 51
Figura 13 - Educação emocional na infância
Unidade 1

Fonte: Freepik

Por exemplo, a educação emocional pode ensinar as crianças


a identificar suas emoções, uma habilidade necessária para a
percepção emocional, que é um componente-chave da inteligência
emocional (BARBOSA, 2010). Da mesma forma, a educação emocional
pode ensinar estratégias de gerenciamento emocional, que são
fundamentais para a regulação emocional, outro componente
essencial da inteligência emocional (CARRARO, 2011).

No entanto, a ausência de educação emocional pode


prejudicar o desenvolvimento da inteligência emocional. Sem a
orientação adequada para reconhecer e lidar com emoções, os
indivíduos podem ter dificuldade para entender suas próprias
emoções e as dos outros. Isso pode resultar em problemas
de relacionamento, baixa autoestima e dificuldades de saúde
mental (OLIVEIRA & SANTOS, 2021).

52 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Dessa forma, a educação emocional e a inteligência
emocional estão intrinsecamente ligadas. A educação emocional
fornece as ferramentas e estratégias necessárias para
desenvolver as competências emocionais que constituem a
base da inteligência emocional. A falta de educação emocional,
por outro lado, pode prejudicar o desenvolvimento dessas
competências.

Estratégias e práticas para


implementar a educação
emocional
A implementação eficaz da educação emocional envolve

Unidade 1
uma série de estratégias e práticas que podem ser aplicadas
em diversos contextos, sejam eles escolares, familiares ou
individuais. Nesta seção, discutiremos quatro dessas práticas e
como elas contribuem para o desenvolvimento da inteligência
emocional.

Consciência emocional

A consciência emocional é a capacidade de reconhecer


e nomear as próprias emoções, sendo uma das primeiras
etapas da educação emocional. Ao desenvolver a consciência
emocional, os indivíduos aprendem a identificar suas próprias
emoções, bem como as dos outros, uma habilidade essencial
para o desenvolvimento da empatia e da regulação emocional. O
trabalho de Leme (2015) sugere que essa consciência emocional
é fundamental para a percepção emocional na inteligência
emocional. Atividades práticas para desenvolver a consciência
emocional podem incluir a reflexão diária sobre sentimentos, o
uso de diários de emoção ou o uso de livros e filmes para discutir
diferentes emoções.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 53
1. Histórias emocionais: para este exercício,
você vai precisar de algumas histórias
curtas ou cenários que envolvam emoções
ATIVIDADES complexas. Pode ser uma história de um
livro, um filme, um conto de fadas ou mesmo
uma situação da vida real. Leia a história e
tente identificar todas as emoções diferentes
que os personagens podem estar sentindo.
Lembre-se, uma pessoa pode sentir mais de
uma emoção ao mesmo tempo. Anote todas
as emoções que você consegue identificar.
Discuta suas respostas com um colega ou com
um mentor e veja se vocês concordam.

2. Jornada emocional: comece pensando em um


evento recente em sua vida. Pode ser algo
Unidade 1

grande, como uma mudança de escola, ou algo


pequeno, como uma conversa com um amigo.
Tente recordar o evento em detalhes e anote
todas as emoções que você sentiu durante
esse evento. Você pode ter sentido emoções
diferentes em momentos diferentes ou até
mesmo ao mesmo tempo. Esse exercício
pode ajudá-lo a entender como suas emoções
mudam e se misturam em situações reais.

3. Emoções ambíguas: para este exercício,


escolha uma emoção que você acha difícil de
entender ou expressar. Pode ser algo como
ciúme, culpa ou orgulho. Tente pensar em
uma situação em que você sentiu essa emoção
e descreva-a em detalhes. Em seguida, tente
nomear todas as outras emoções que vieram
com essa emoção principal. Por exemplo, o
ciúme pode vir com raiva, tristeza e até mesmo
amor. Ao fazer isso, você pode começar a
entender melhor as emoções complexas e
como elas se relacionam entre si.

54 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Lembre-se, a consciência emocional é uma
habilidade que requer prática. Quanto mais
você praticar esses exercícios, melhor se tornará
ATIVIDADES em reconhecer e nomear suas emoções. Isso é
uma parte crucial da educação emocional e irá
beneficiá-lo em todas as áreas da sua vida.

Regulação emocional

A regulação emocional envolve o aprendizado de


estratégias eficazes para gerenciar emoções. Essas podem
incluir técnicas de relaxamento, como respiração profunda e
meditação, bem como habilidades de resolução de problemas e
pensamento positivo (PEREIRA, 2018). Na inteligência emocional,
a regulação emocional permite que os indivíduos adaptem suas

Unidade 1
respostas emocionais a diferentes situações (GOLEMAN, 2012).
Além disso, programas de educação emocional podem ensinar
técnicas de enfrentamento, como a reestruturação cognitiva,
que envolve mudar padrões de pensamento negativo.
Figura 14 - Regulação emocional

Fonte: Freepik

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 55
1. Respiração profunda: para este exercício,
pense em uma situação que normalmente
o deixa zangado, ansioso ou triste. Agora,
pratique a técnica de respiração profunda.
ATIVIDADES
Sente-se em uma posição confortável, feche
os olhos e inspire lentamente contando até 4,
segure a respiração contando até 4, e então
expire contando até 4. Repita este processo
várias vezes até começar a sentir-se mais
calmo. Anote suas emoções e sensações após
a respiração profunda e reflita sobre como
essa técnica pode ser útil em situações reais.
2. Reestruturação cognitiva: o objetivo deste
exercício é ajudá-lo a mudar a forma como você
pensa sobre situações que causam emoções
negativas. Escreva um cenário que normalmente o
Unidade 1

deixa zangado, ansioso ou triste. Em seguida, tente


reescrever a situação de uma forma que minimize
a negatividade. Por exemplo, se a situação é “Eu
fico ansioso antes de uma apresentação”, você
pode reescrever como “Eu sinto um pouco de
ansiedade antes de uma apresentação, o que
é normal e mostra que me importo com o meu
desempenho”. Compare as duas situações e
reflita sobre como a reestruturação cognitiva
pode mudar suas emoções.
3. Busca de apoio social: este exercício refere-se a
aprender a buscar apoio quando estiver lidando
com emoções difíceis. Pense em uma situação
recente em que você se sentiu zangado, ansioso
ou triste. Anote as emoções que você sentiu e
porque a situação foi difícil para você. Agora,
pense em alguém em sua vida que poderia
ter fornecido apoio durante essa situação.
Pode ser um amigo, um membro da família,
um professor ou um conselheiro. Escreva uma
conversa imaginária com essa pessoa, onde
você expressa suas emoções e pede apoio.
Reflita sobre como buscar apoio pode ajudá-lo
a lidar com emoções difíceis no futuro.

56 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Empatia

A empatia, ou a capacidade de compreender e


compartilhar os sentimentos dos outros, é outro componente-
chave da educação emocional. A empatia pode ser desenvolvida
em atividades de role-playing, discussões sobre sentimentos
e o encorajamento de atitudes de compaixão e bondade
(BISQUERRA, 2009). Na inteligência emocional, a empatia permite
que os indivíduos se conectem com os outros de maneira mais
profunda e significativa (BARBOSA, 2010).

1. Role-playing: este exercício envolve imaginar-


se na posição de outra pessoa. Primeiro,
escolha uma situação que envolva uma
ATIVIDADES interação entre duas pessoas. Pode ser algo

Unidade 1
que você testemunhou pessoalmente, uma
situação hipotética ou um cenário extraído de
um livro ou filme. Em seguida, tente se colocar
no lugar de cada pessoa na situação. Quais
emoções você acha que cada pessoa estava
sentindo? Como você se sentiria se estivesse
na posição delas? Escreva suas respostas e
discuta-as com seus colegas ou professor.

2. Discussões em grupo: escolha um livro,


filme ou evento atual que envolva conflitos
emocionais ou situações desafiadoras. Em
grupo, discuta as diferentes perspectivas
e emoções envolvidas. Tente entender por
que cada personagem ou indivíduo pode ter
se sentido da maneira que se sentiu, mesmo
que suas emoções ou ações sejam muito
diferentes das suas.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 57
3. Projetos de serviço comunitário: participe de
um projeto de serviço comunitário que envolva
trabalhar com pessoas que tenham experiências
ATIVIDADES de vida diferentes das suas. Isso pode ser
qualquer coisa, desde ajudar em um abrigo
local até se envolver com uma organização
que trabalhe com refugiados ou pessoas sem-
abrigo. Tente se colocar no lugar das pessoas
que você está ajudando e refletir sobre como
pode ser a vida delas. Como isso afeta suas
emoções e perspectivas? Escreva um relatório
ou diário reflexivo sobre suas experiências.

Esses exercícios têm o objetivo de desenvolver


sua capacidade de entender e compartilhar os
sentimentos dos outros. A prática regular de
Unidade 1

empatia pode ajudá-lo a se conectar melhor com


as pessoas ao seu redor e a apreciar uma gama
mais ampla de experiências e emoções humanas.

Aplicação das emoções no pensamento e na tomada


de decisões

A educação emocional também envolve o ensino de


como as emoções podem influenciar o pensamento e a tomada
de decisões. Pode-se ensinar, por exemplo, que a raiva pode
levar a decisões precipitadas e que o medo pode levar à evitação
(CARRARO, 2011). Na inteligência emocional, essa compreensão
das emoções permite que os indivíduos as utilizem de forma
eficaz na tomada de decisões (SALOVEY et al., 1995).

58 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
1. Reflexão sobre decisões passadas: este exercício
envolve pensar em um momento do passado em
que você tomou uma decisão importante e suas
ATIVIDADES emoções tiveram um papel significativo. Escreva
um breve relato dessa situação, destacando a
decisão que você teve que tomar, as emoções
que estava sentindo naquele momento, e como
essas emoções influenciaram sua decisão. Em
seguida, reflita sobre como você poderia ter
gerenciado suas emoções de maneira diferente
para tomar uma decisão mais eficaz. Discuta
suas reflexões com colegas ou professores.

2. Jogos de simulação: jogos de simulação podem


ser uma maneira eficaz de praticar a tomada de
decisões sob pressão. Um exemplo de um jogo

Unidade 1
de simulação poderia ser um jogo de tabuleiro
que requer estratégia e planejamento, como
xadrez ou damas. Enquanto você joga, tente
estar ciente de como suas emoções estão
influenciando suas decisões. Você está tomando
decisões precipitadas por causa de frustração
ou ansiedade? Você está sendo excessivamente
cauteloso por medo de perder? Reflita sobre
como você pode usar suas emoções de maneira
mais eficaz na tomada de decisões.

3. Atividades de resolução de problemas: essas


atividades podem variar desde resolver quebra-
cabeças complexos até participar de atividades
de grupo que requerem colaboração e resolução
criativa de problemas. Novamente, o foco aqui
é estar ciente de como suas emoções estão
influenciando seu processo de pensamento e
tomada de decisões. Após a atividade, reserve
um momento para refletir sobre como suas
emoções afetaram seu desempenho e como
você pode gerenciá-las de maneira mais eficaz
no futuro.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 59
Esses exercícios têm como objetivo ajudá-lo a
entender melhor como suas emoções influenciam
seu pensamento e suas decisões e a explorar
ATIVIDADES maneiras de usar suas emoções de maneira mais
eficaz na tomada de decisões.

Essas quatro práticas são apenas alguns exemplos das


estratégias que podem ser utilizadas na implementação da
educação emocional. Cada uma delas é fundamental para o
desenvolvimento de uma inteligência emocional sólida e para a
promoção de uma maior saúde emocional e bem-estar geral.

Desenvolvendo indivíduos
emocionalmente inteligentes: o
papel da educação emocional
Unidade 1

Você já parou para pensar no que torna alguém


emocionalmente inteligente? O que separa aqueles que lidam
efetivamente com as emoções, tanto as suas como as dos outros,
daqueles que lutam com elas? A resposta está na educação
emocional. É ela que desempenha um papel crucial na formação
de indivíduos emocionalmente inteligentes.

Imagine alguém emocionalmente inteligente. Essa pessoa


tem a habilidade de reconhecer e identificar as suas emoções e
as dos outros. Consegue entender o que está sentindo e o que
os outros estão sentindo. Isso faz com que ela entenda melhor
as situações, melhore a sua comunicação e consiga interagir de
forma mais eficaz com os outros. Além disso, ela sabe como gerir
as suas emoções. Não suprime o que está sentindo, mas aceita
suas emoções e lida com elas de maneira saudável, mantendo
o equilíbrio emocional mesmo em situações estressantes ou
conflituosas (SALOVEY et al., 1995).

60 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Agora, imagine que essa pessoa usa suas emoções para
facilitar seu pensamento e a tomada de decisões. Ela sabe que
as emoções podem fornecer informações valiosas que podem
orientar suas decisões e ações. Por exemplo, a alegria pode
sinalizar que algo está em sintonia com seus valores ou desejos,
enquanto a raiva pode indicar que algo está errado e precisa ser
enfrentado (CARRARO, 2011).

E, para completar, essa pessoa emocionalmente


inteligente é altamente empática. Ela é capaz de entender
e compartilhar os sentimentos dos outros, o que facilita a
formação de relacionamentos fortes e significativos. A empatia
também é fundamental para a compaixão e o altruísmo, que são
importantes para a harmonia social (BARBOSA, 2010).

Unidade 1
Figura 15 - Empatia

Fonte: Freepik

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 61
Como alguém desenvolve essas características?
A resposta está na educação emocional. Ela fornece as
ferramentas e estratégias necessárias para identificar, entender
e gerenciar emoções. Utilizando atividades práticas, discussões e
experiências de aprendizagem, você pode praticar e desenvolver
suas habilidades emocionais, o que facilita o seu crescimento
pessoal (PEREIRA, 2018; OLIVEIRA & SANTOS, 2021).

Portanto, é essencial que a educação emocional seja parte


de todos os aspectos da vida, da escola à casa, para que todos
tenham a oportunidade de se tornar emocionalmente inteligentes.
Ao fazer isso, não só melhoramos a saúde mental e o bem-estar
dos indivíduos, mas também construímos uma sociedade mais
compreensiva, compassiva e resiliente. E quem não gostaria de
Unidade 1

fazer parte de uma sociedade assim, não é mesmo?

E aí? Absorveu todas as informações que


compartilhamos no Capítulo 3? Para garantir
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos recapitular tudo o que
vimos. Deve ter ficado claro para você que a
educação emocional é essencial para desenvolver
indivíduos emocionalmente inteligentes, e que ela
desempenha um papel crucial na construção de
autoestima e autodisciplina.
Discutimos a importância da educação emocional
e como ela está diretamente relacionada à
inteligência emocional. A educação emocional
fornece as ferramentas e habilidades necessárias
para lidar com emoções, enfrentar desafios e se
relacionar com os outros de maneira saudável e
equilibrada.

62 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Exploramos estratégias e práticas para
implementar a educação emocional, incluindo a
criação de ambientes seguros e acolhedores, o
RESUMINDO desenvolvimento de habilidades de comunicação,
a promoção da empatia e a adoção de uma
abordagem centrada no aluno. Essas práticas
são fundamentais para cultivar a autoestima e a
autodisciplina, permitindo que os indivíduos se
sintam valorizados, confiantes e capazes de regular
suas próprias emoções e comportamentos.
Destacamos o papel da educação emocional no
desenvolvimento de indivíduos emocionalmente
inteligentes, enfatizando como ela contribui para
o crescimento pessoal e profissional. Ao aplicar
a educação emocional, podemos moldar uma

Unidade 1
sociedade de pessoas mais conscientes, resilientes
e capazes de lidar com as adversidades da vida.
Então, ao compreender e valorizar a importância
da educação emocional, e ao aplicar as estratégias
e práticas discutidas neste capítulo, você dará
um passo importante para cultivar a autoestima,
a autodisciplina e a inteligência emocional em
si mesmo e nos outros. Esperamos que, agora
que revisamos os principais pontos, você esteja
motivado e preparado para continuar explorando
o fascinante mundo da educação emocional e da
inteligência emocional. Vamos adiante!

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 63
Inteligência emocional no
cotidiano
Ao finalizar este capítulo, você será capaz de
entender e aplicar a inteligência emocional em
seu dia a dia, compreendendo seu papel vital na
OBJETIVO gestão das emoções e no estabelecimento de
relações interpessoais saudáveis. Além disso,
poderá reconhecer a conexão intrínseca entre a
inteligência emocional e o bem-estar geral, tanto
físico quanto mental.
A competência-chave que buscamos desenvolver
neste capítulo é a resiliência emocional.
Compreenderemos como a inteligência emocional
pode ajudar a lidar com situações adversas,
Unidade 1

fornecendo as ferramentas necessárias para


reagir e adaptar-se de forma saudável a situações
estressantes e desafiadoras.
Ao longo deste capítulo, exploraremos estratégias
práticas e eficazes para gerenciar emoções,
melhorar a comunicação e a empatia nas relações
interpessoais e promover o nosso bem-estar. Por
fim, entenderemos como essas habilidades de
inteligência emocional podem contribuir para uma
vida mais equilibrada e saudável.
Está pronto para aprender a utilizar a inteligência
emocional como uma aliada para enfrentar os
desafios do cotidiano? Vamos nessa!

Introdução
A inteligência emocional é uma habilidade que transcende
os limites do ambiente de trabalho ou acadêmico, penetrando
em todas as esferas da vida cotidiana. De acordo com Goleman
(2012), a inteligência emocional é um conjunto de competências,

64 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
incluindo a capacidade de reconhecer nossas próprias emoções
e as dos outros, de nos motivar e de gerenciar bem as emoções
dentro de nós mesmos e em nossos relacionamentos. Assim, a
inteligência emocional tem um papel essencial na forma como
lidamos com os desafios e prazeres do cotidiano.

Compreender e gerenciar nossas emoções no cotidiano


é fundamental para nosso bem-estar geral. Bear, Connors e
Paradiso (2017) descrevem como nosso sistema nervoso está
intrinsecamente envolvido na experiência e regulação das
emoções. Esses processos neurobiológicos subjacentes, por sua
vez, têm um impacto profundo em nossa saúde física e mental.

Por exemplo, a capacidade de regular efetivamente nossas

Unidade 1
emoções pode nos ajudar a lidar com situações estressantes ou
desafiadoras, evitando o esgotamento emocional e promovendo
resiliência. Como Leme (2015) sugere, a autorregulação
emocional pode ser vista como uma habilidade crucial para o
manejo saudável de emoções no cotidiano.

Nossas relações interpessoais também são


profundamente influenciadas pela nossa inteligência emocional.
A capacidade de entender e compartilhar as emoções dos outros
– uma habilidade conhecida como empatia – é fundamental
para a construção de relacionamentos fortes e satisfatórios
(CARRARO, 2011). Além disso, Barbosa (2010) destaca que a
inteligência emocional pode nos ajudar a comunicar nossas
necessidades e sentimentos de maneira mais eficaz, melhorando
assim a qualidade de nossas interações sociais.

Finalmente, a inteligência emocional contribui para um


maior bem-estar em nossa vida cotidiana. Bisquerra (2009)
defende que a educação emocional, que inclui o desenvolvimento
da inteligência emocional, tem um impacto positivo no bem-estar
emocional, social e físico dos indivíduos.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 65
Em resumo, a inteligência emocional permeia todos os
aspectos de nossa vida cotidiana, influenciando nosso
manejo das emoções, nossas relações interpessoais e
nosso bem-estar geral.

Compreendendo as emoções no
cotidiano
Compreender a presença e o papel das emoções em nossa
vida cotidiana é um passo essencial para entender a importância
da inteligência emocional. Cada emoção que experimentamos tem
um propósito e um impacto em nossas ações, decisões e interações
com os outros. Vamos dar uma olhada mais de perto nisso.

Primeiro, é importante entender que nossas emoções


Unidade 1

não são aleatórias ou sem sentido. Na verdade, elas estão


profundamente enraizadas em nossa biologia. De acordo com
Bear, Connors e Paradiso (2017), as emoções são respostas
complexas do nosso sistema nervoso a determinadas situações
ou estímulos. Cada emoção que sentimos – seja alegria,
tristeza, raiva ou medo – é o resultado de inúmeros processos
neurobiológicos que ocorrem em nosso cérebro.

Essas emoções, por sua vez, guiam nossas ações e


decisões. Por exemplo, o medo pode nos fazer evitar situações
potencialmente perigosas, enquanto a alegria pode nos encorajar
a buscar mais daquilo que nos faz felizes. Como Robert M.
Sapolsky (2021) explica, as emoções são uma maneira de nosso
cérebro nos dizer o que é importante para nossa sobrevivência
e bem-estar.

66 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Robert Sapolsky, em seu livro “Comporte-se:
a biologia humana em nosso melhor e pior”,
discute amplamente como a biologia e o ambiente
SAIBA MAIS interagem para moldar nosso comportamento,
incluindo nossas respostas emocionais.

• A importância do contexto: Sapolsky enfatiza


que a maneira como reagimos a eventos
emocionalmente carregados depende muito
do contexto em que eles ocorrem. Por
exemplo, a mesma emoção de raiva pode
ser útil e adaptativa em uma situação (por
exemplo, nos ajudar a nos defender quando
somos ameaçados), mas prejudicial em outra
(por exemplo, se expressa de forma explosiva
em uma reunião de trabalho).

Unidade 1
• Hormônios e emoções: Sapolsky também
explora como nossos hormônios influenciam
nossas emoções. Por exemplo, ele discute
como hormônios do estresse como o cortisol
podem aumentar nossa reatividade emocional
e nos tornar mais propensos a reagir de
maneira exagerada a pequenos contratempos.

• A influência do passado e do futuro nas


emoções presentes: Sapolsky aborda como
nossas experiências passadas e nossas
expectativas futuras podem colorir nossas
emoções presentes. Por exemplo, se tivermos
uma experiência passada negativa associada
a determinado estímulo (como um tipo
de comida), podemos sentir uma reação
emocional negativa quando encontramos esse
estímulo no futuro.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 67
• A neurociência da empatia: Sapolsky
discute como a empatia − a capacidade de
compartilhar e entender as emoções dos
SAIBA MAIS outros − é fundamental para a nossa vida
social e emocional. Ele explora como o cérebro
“espelha” as emoções dos outros, permitindo-
nos sentir o que eles estão sentindo.

Esses são apenas alguns dos muitos insights


que Sapolsky oferece sobre as emoções em
“Comporte-se”. Ele combina décadas de pesquisa
em neurociência, endocrinologia, genética e
primatologia para pintar um quadro complexo
e matizado de como nossas emoções operam e
como elas influenciam nosso comportamento
cotidiano.
Unidade 1

Além disso, nossas emoções influenciam profundamente


nossas interações com os outros. Considere como é diferente
a maneira como nos comportamos quando estamos irritados
versus quando estamos felizes. Ou como nossas emoções podem
influenciar a maneira como interpretamos as ações e palavras
dos outros. As emoções desempenham um papel fundamental
na forma como nos relacionamos e nos comunicamos com os
outros (GOLEMAN, 2012).

68 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Figura 16 - Emoções e ambiente

Unidade 1
Fonte: Pexels

Dessa forma, as emoções são uma parte inerente e vital


de nossa vida cotidiana. Elas influenciam nossas ações, decisões e
interações, e são fundamentais para nossa sobrevivência e bem-
estar. Ao desenvolver nossa inteligência emocional, podemos
aprender a entender e gerenciar nossas emoções de maneira mais
eficaz, o que pode levar a uma vida mais equilibrada e satisfatória.

Gestão das emoções e


autorregulação
A gestão das emoções e a autorregulação não são
apenas habilidades importantes, são também essenciais para
a nossa saúde mental e bem-estar geral. Gerir eficazmente as
nossas emoções pode nos ajudar a lidar melhor com o estresse,
a ansiedade e a depressão. Além disso, pode melhorar nossos

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 69
relacionamentos, nosso desempenho no trabalho e até mesmo
nossa capacidade de alcançar nossos objetivos (GOLEMAN, 2012).

A autorregulação, por outro lado, é a capacidade de gerir


nossas próprias emoções e comportamentos de forma eficaz.
Isso pode envolver a capacidade de se acalmar quando estamos
irritados, de se animar quando estamos nos sentindo para baixo,
ou de resistir a impulsos ou tentações (LEME, 2015).

Para enfatizar o quanto essas habilidades são importantes,


vamos entrar um pouco mais nas estratégias e práticas que
podemos adotar para aprimorá-las. Por exemplo, além da prática
do mindfulness e do uso de afirmações positivas, a meditação
também pode ser uma ferramenta eficaz. A meditação não só ajuda
a acalmar a mente, mas também pode nos ajudar a nos tornarmos
Unidade 1

mais conscientes de nossas emoções e a lidar melhor com elas.

Outra prática que pode ajudar na gestão das emoções e


autorregulação é a escrita expressiva. Esta técnica envolve escrever
sobre nossos pensamentos e sentimentos de maneira aberta e
honesta. A escrita expressiva pode nos ajudar a entender melhor
nossas emoções e a encontrar formas mais eficazes de lidar com elas.
Figura 17 - Escrita

Fonte: Pexels

70 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Por fim, podemos também buscar o apoio de outras
pessoas. Conversar com um amigo de confiança, um conselheiro
ou um terapeuta pode ser uma maneira eficaz de processar
emoções difíceis e encontrar soluções para os desafios
emocionais que estamos enfrentando.

Inteligência emocional e relações


interpessoais
As habilidades de inteligência emocional são ferramentas
poderosas para a melhoria das relações interpessoais. Essa
capacidade de gerir emoções, identificar sentimentos e demonstrar
empatia tem um impacto direto em como nos relacionamos com
os outros. Uma comunicação eficaz e o entendimento mútuo

Unidade 1
são essenciais para construir e manter relacionamentos fortes e
saudáveis (CARRARO, 2011; BARBOSA, 2012).

A empatia, que já exploramos anteriormente, é a


capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos de
outra pessoa. Isso não significa apenas ouvir, mas também se
esforçar para entender e validar a perspectiva da outra pessoa.
A empatia é um componente essencial da inteligência emocional
que facilita a comunicação eficaz e promove o entendimento
mútuo nas relações.

No entanto, para que a comunicação seja verdadeiramente


eficaz, é importante que ela seja também assertiva. A
comunicação assertiva é aquela em que expressamos nossos
pensamentos, sentimentos e necessidades de maneira clara,
direta e respeitosa. Isso não só melhora a compreensão mútua,
mas também promove o respeito e a confiança nas relações.

Neste ponto, é importante introduzir o conceito de


Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvido por Marshall

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 71
Rosenberg. A CNV é uma abordagem de comunicação que
enfatiza a empatia, a autenticidade e a assertividade. Ela nos
ajuda a expressar nossas necessidades de maneira clara e
respeitosa, sem culpar ou criticar os outros. A CNV também
nos encoraja a ouvir com empatia, sem julgar ou interromper
(ROSENBERG, 2006).
Figura 18 - CNV
Unidade 1

Fonte: Freepik

Uma maneira de praticar a CNV é pelo processo de


quatro etapas: observação, sentimento, necessidade e pedido.
Primeiro, observamos a situação sem julgamento. Em seguida,
identificamos nossos sentimentos em relação à situação. Depois,
expressamos nossas necessidades de maneira clara e direta. Por
fim, fazemos um pedido específico à outra pessoa.

Pense em sua própria vida. Como sua inteligência


emocional afeta seu bem-estar físico e mental?
Você está gerindo efetivamente o estresse? Você
REFLITA está mantendo relações interpessoais saudáveis?
Como você pode melhorar suas competências de
inteligência emocional para melhorar seu bem-estar?

72 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
No entanto, a inteligência emocional não está restrita ao
indivíduo e às suas relações imediatas. Ela também é fundamental
em contextos mais amplos, como no ambiente de trabalho. A
capacidade de trabalhar em equipe, de lidar com conflitos e de
estabelecer relações de confiança com colegas e superiores são
aspectos influenciados diretamente pela inteligência emocional.
Dessa forma, o desenvolvimento da inteligência emocional
pode contribuir para uma melhoria do clima organizacional e da
produtividade (GOLEMAN, 1998).

Em síntese, a inteligência emocional é uma habilidade


essencial que nos permite estabelecer relações interpessoais mais
saudáveis, produtivas e significativas. Seja por meio da empatia,
da Comunicação Não Violenta ou do simples reconhecimento das

Unidade 1
nossas emoções e das emoções alheias, a inteligência emocional
nos ajuda a conectar, compreender e colaborar de maneira mais
eficaz com aqueles que nos rodeiam.

Inteligência emocional e bem-estar


A relação entre a inteligência emocional e o bem-estar tem
sido objeto de vários estudos nas últimas décadas. Essas pesquisas
concluíram que uma maior inteligência emocional está associada a
um melhor bem-estar físico e mental (BISQUERRA, 2009).

A inteligência emocional, por meio de suas competências-


chave – autoconsciência, autorregulação, empatia, habilidades
sociais e motivação intrínseca – pode contribuir significativamente
para a melhoria da saúde mental. Por exemplo, a autorregulação
emocional, que é a capacidade de gerir e controlar as emoções,
pode ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão.
Além disso, a empatia e as habilidades sociais podem melhorar
a qualidade das relações interpessoais, trazendo sentimentos de
pertencimento e satisfação (BISQUERRA, 2009).

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 73
Do ponto de vista físico, o estresse é uma resposta natural
do nosso corpo a situações que consideramos ameaçadoras ou
desafiadoras. No entanto, quando o estresse se torna crônico, ou seja,
quando estamos constantemente em um estado de alerta e tensão,
isso pode ter um impacto negativo significativo em nossa saúde.
Figura 19 - Estresse
Unidade 1

Fonte: Freepik

O estresse crônico está associado a uma variedade de


problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas e hipertensão,
que ocorrem devido ao aumento da pressão arterial e da frequência
cardíaca, colocando uma pressão extra no coração e nos vasos
sanguíneos. Além disso, a resposta ao estresse envolve a liberação
de hormônios que, em excesso, podem suprimir o sistema
imunológico, tornando-nos mais suscetíveis a infecções e doenças.

A capacidade de gerir efetivamente o estresse, uma


competência-chave da inteligência emocional, pode levar a
uma vida mais saudável. Por meio da autorregulação, somos
capazes de identificar os gatilhos do estresse, entender como
eles nos afetam e desenvolver estratégias para lidar com eles
de uma maneira mais saudável. Isso pode envolver técnicas

74 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
como a respiração profunda, a meditação, ou a reestruturação
cognitiva, que nos ajudam a mudar a forma como pensamos
sobre situações estressantes.

Portanto, ao desenvolver e aplicar habilidades de


inteligência emocional, podemos não apenas melhorar nossa
saúde mental, mas também proteger nossa saúde física. Isso
ressalta a importância vital da inteligência emocional para o
nosso bem-estar geral (BISQUERRA, 2009).

EXEMPLO: considere o caso de Ana, uma executiva de


alto nível em uma empresa de tecnologia. Ana tinha
um trabalho estressante, com altas demandas e prazos
apertados. No entanto, ela era conhecida por manter a

Unidade 1
calma sob pressão. Como ela fazia isso? Ana era altamente
inteligente emocionalmente. Ela era capaz de reconhecer
e compreender suas emoções (autoconsciência), gerir
eficazmente suas reações emocionais (autorregulação),
e também construir relações fortes com sua equipe
(habilidades sociais). Estas competências permitiram-lhe
manter um alto nível de bem-estar, mesmo em situações
de alta pressão.

Em resumo, a inteligência emocional é um componente


vital para uma vida equilibrada e saudável. Seja na gestão
do estresse, na melhoria das relações interpessoais, ou na
promoção da saúde mental, a inteligência emocional tem um
papel fundamental na promoção do nosso bem-estar.

Portanto, ao longo deste capítulo, exploramos a presença


e a importância da inteligência emocional em diversas esferas
do nosso cotidiano. Seja na gestão das emoções, nas relações
interpessoais ou na promoção do nosso bem-estar, a inteligência

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 75
emocional se mostra como uma habilidade fundamental para
uma vida mais saudável, equilibrada e satisfatória.

E aí? Absorveu todas as informações que


compartilhamos? Para garantir que você realmente
tenha entendido o tema de estudo deste capítulo,
RESUMINDO vamos recapitular tudo o que vimos. Deve ter
ficado claro para você que a inteligência emocional
é um componente vital no nosso cotidiano, pois
influencia nossa gestão de emoções, nossas
relações interpessoais e nosso bem-estar geral.
Discutimos como compreender as emoções no
dia a dia é um elemento-chave da inteligência
emocional, e como práticas como a autorreflexão,
a autorregulação e a gestão eficaz do estresse
podem nos ajudar a navegar melhor por nossas
Unidade 1

vidas cotidianas. Aprofundamos na importância


da empatia e da comunicação eficaz e assertiva,
e como elas podem melhorar significativamente a
qualidade de nossas relações interpessoais.
Exploramos também como a inteligência emocional
está intrinsecamente ligada ao nosso bem-estar
físico e mental. Aprendemos que a gestão eficaz do
estresse, a autorregulação emocional e a construção
de relações interpessoais saudáveis podem nos
levar a uma vida mais saudável e equilibrada.
Reforçamos tudo isso com insights valiosos de
obras como as de Carraro, Barbosa e Bisquerra,
que nos forneceram evidências e apoio acadêmico
para os conceitos e estratégias que discutimos.
Então, ao aplicar os conhecimentos e estratégias
discutidos neste capítulo em seu dia a dia, você trilhará
o caminho para uma vida mais equilibrada, saudável
e emocionalmente resiliente. Esperamos que, agora
que revisamos os principais pontos, você esteja
motivado e preparado para continuar explorando o
fascinante mundo da inteligência emocional. Avante!

76 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
BARBOSA, R. C. Inteligência emocional: Aprenda a lidar com as
emoções. São Paulo: Editora Ágora, 2010.

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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 79

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