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Apresentação...................................................................................................................

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01 - Inteligência Emocional...........................................................................................4
02 - Qual é a melhor inteligência?................................................................................ 8
03 - Você se considera emocionalmente inteligente?............................................... 14
04 - Parábola Indiana: A árvore dos desejos............................................................. 20
05 - Compreendendo as emoções................................................................................ 22
Referências....................................................................................................................29

Inteligência emocional e trabalho em equipe


Apresentação

Durante as próximas horas, eu, Kamila Nascimento¹, lhe conduzirei em uma


jornada de autoconhecimento que lhe permitirá conhecer a si mesmo e aos demais por
meio de uma nova perspectiva. Há mais de uma década, venho estudando os seres
humanos e seus relacionamentos na sociedade. Essa interação entre o “eu” e o “outro”
tem sido o coração dos estudos das ciências sociais e da psicologia desde seus
primórdios. A partir de inúmeros experimentos e observações, os pesquisadores
buscaram analisar, do ponto de vista individual e coletivo, como essa interação ocorre
e de que modo ela pode ser aperfeiçoada a fim de contribuir com a nossa felicidade.

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¹ Kamila Nascimento é professora universitária, atuando em diversas disciplinas de
Sociologia e Gestão de Pessoas. Formada em Ciência Sociais, Mestre e Doutora em Ciência
Política.

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01 - Inteligência Emocional

Antes de iniciarmos a jornada que leva à felicidade


pessoal, preciso esclarecer o que estou chamando
aqui de Inteligência Emocional. De modo
simplificado, a Inteligência Emocional pode ser
definida como a habilidade de lidar adequadamente
com as próprias emoções e de compreender as
emoções das outras pessoas, de modo a alcançar
relações intrapessoais e interpessoais satisfatórias.
Desse modo, pode ser compreendida como uma
habilidade que é mobilizada tanto para o
autoconhecimento como para que possamos nos relacionar com as outras pessoas.

De acordo com a Teoria das Inteligências Múltiplas, desenvolvida pelo psicólogo


Howard Gardner¹, na década de 80, os seres humanos possuem nove tipos de
inteligência, as quais podem ser utilizadas em diferentes situações e desafios humanos
(HOWARD, 1999). São elas:

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Todos os tipos de inteligência são muito desejáveis e é bem provável que logo
após ter lido sobre elas, você tenha se identificado com uma ou mais delas. É normal
percebermos que existe em nós uma predominância de algumas dessas inteligências,
enquanto outras nos parece um tanto difícil de praticar.

Quanto a isso, é importante destacar que mesmo que tenhamos nos identificado
mais com uma delas, todos os seres humanos, a princípio, possuem estas nove
inteligências ou a capacidade de desenvolvê-las. Obviamente, nem todos os indivíduos
possuem todas na mesma proporção, afinal, elas se apresentam de forma bastante
singular em cada pessoa (HOWARD, 1999).

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¹ Professor de psicologia na Universidade Harvard, em Cambridge, nos Estados Unidos,
Howard Gardner é também diretor sênior do Projeto Harvard Zero e Do The Good Project,
projetos que serão abordados em sua fala no Congresso Socioemocional LIV 2018.

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02 - Qual é a melhor inteligência?

A resposta para esta pergunta é que o tipo


de inteligência que você deseja possuir está
relacionada ao tipo de atividade que pratica ou deseja praticar. Um indivíduo pode
correr tão rápido quanto Usain Bolt, embora não seja capaz de influenciar milhares de
pessoas como uma Oprah Winfrey. Outro pode desenvolver teorias utilizando física e
matemática como Albert Einstein, mas esse mesmo indivíduo dificilmente conseguirá
tocar ou compor como Amadeus Mozart. Ainda, alguém poderia construir
monumentos e edifícios como Oscar Niemeyer, e ainda assim não ser capaz de copiar
um único salto ornamental da Daiane dos Santos. Em resumo, não importa o quão
genial uma pessoa possa ser em algo específico, ela jamais será capaz de se destacar
em tudo.

No entanto, a Inteligência Emocional, que abrange as inteligências intrapessoal


e interpessoal, é fundamental em quaisquer tipos de trabalhos ou atividades e, por
esse motivo, precisam ser desenvolvidas por todos. De fato, a Inteligência Emocional é
considerada pelo Fórum Econômico Mundial como uma das dez habilidades mais
importantes para a carreira, bem como um fator decisivo para explicar a alta
performance e o sucesso da maioria dos profissionais (RATCHEVA, LEOPOLD e SAA
ZAHIDI, 2020).

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Nossa sociedade, por muitas décadas, e mesmo nos dias atuais, tratou de
destacar especialmente as inteligências ligadas à lógica matemática e linguística, as
quais costumam ser muito importantes para as habilidades profissionais e técnicas
(OSHO¹, 2016).

Não por acaso, os pesquisadores acabaram formulando teorias que


demonstravam que apenas uma pequena parcela da população era “muito inteligente”,
sendo que a grande maioria estava na média ou mesmo abaixo dela. Ora, se nossas
inteligências estão distribuídas de modo aleatório, obviamente apenas um pequeno
grupo de pessoas será extremamente eficiente em uma ou mais delas.

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A partir desses resultados, percebeu-se que estes tipos de testes eram
extremamente limitados e preconceituosos, visto que destacavam apenas um pequeno
número de habilidades humanas que não reflete a diversidade dos seres. Conforme
destacado acima, cada tipo de atividade que um ser humano queira exercer estará
relacionado a um tipo de inteligência distinta. Bill Gates, por exemplo, talvez não
fizesse bom uso das habilidades de um grande corredor, enquanto um esportista
provavelmente não precisa das habilidades de um empreendedor.

Entretanto, isso de modo algum nos autoriza a pensar que as habilidades de um


milionário são mais importantes que as de um atleta. No entanto, socialmente, fomos
condicionados a valorizar mais alguns tipos de habilidades - como as
lógico-matemáticas - em prejuízo de outras - como as motoras e musicais.

No caso específico da Inteligência Emocional, é preciso considerar que,


independente da capacidade que um indivíduo tenha para correr, dançar, escrever,
cantar ou resolver fórmulas matemáticas, todos os seres humanos, para se
construírem como indivíduos e se relacionarem com os demais, necessitam mobilizar

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as inteligências intrapessoal e interpessoal, sendo elas indispensáveis à convivência
social.

Como resultado disso, os indivíduos que não possuem nenhuma dessas


inteligências como preponderantes necessitam aprender como desenvolvê-las. Talvez,
por esta razão, os livros e treinamentos sobre o tema da inteligência emocional vêm
sendo cada dia mais disseminados. Inclusive, você que se matriculou neste curso
provavelmente está em busca de aprender novas técnicas que lhe possibilite dominar
habilidades de desenvolvimento pessoal.

Isto ocorre porque pessoas com alta Inteligência Emocional costumam ser muito
eficazes em processos adaptativos, conseguindo facilmente perceber mudanças e se
ajustar a elas. Além disso, é bastante provável que elas consigam facilmente
conectar-se em novos relacionamentos interpessoais, o que explica o fato dela ser um
fator preponderante para quem trabalha com vendas e negociações.

Por outro lado, uma baixa Inteligência Emocional pode nos levar a problemas de
comunicação, de interação com as novidades, e pode inclusive nos induzir a tomar
decisões precipitadas que geram conflitos ou danos contra a própria pessoa e os outros
(CURY, 2007).

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A baixa capacidade em compreender e lidar com as emoções também está
associada a uma maior propensão para doenças mentais e físicas. Isto ocorre porque as
emoções que não são bem processadas pelo indivíduo tendem a se acumular e causar
problemas como ansiedade, estresse e depressão. Estes, por sua vez, podem
prejudicar o sistema imunológico e causar outros tipos de doenças.

Gerenciar emoções não significa reprimir tudo aquilo que se apresenta


imediatamente como negativo a fim de viver apenas as emoções positivas. Essa atitude
nos levaria a ignorar parte da nossa existência e, na verdade, logo em seguida ela
voltaria a se apresentar (CURY, 2007).

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¹ Osho, também conhecido como Bhagwan Shree Rajneesh, foi um líder espiritual
indiano (1931–1990). Ele enfatizava a meditação, a consciência e a liberdade pessoal. Fundou a
comunidade Rajneeshpuram nos EUA na década de 1980, mas enfrentou controvérsias e
problemas legais. Sua abordagem única para espiritualidade atraiu seguidores, e seus discursos
foram compilados em numerosos livros. Osho faleceu em 1990, mas suas ideias continuam a
influenciar a espiritualidade contemporânea.

² Augusto Jorge Cury (Colina, 2 de outubro de 1958) é um psiquiatra, professor e escritor


brasileiro. Augusto é autor da Teoria da Inteligência Multifocal[1] e seus livros foram
publicados em mais de 70 países, com mais de 25 milhões de livros vendidos somente no
Brasil.

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03 - Você se considera emocionalmente
inteligente?

Poucos de nós fomos ensinados a questionar sobre


a nossa capacidade de compreender a nós
mesmos e aos outros. Seus cuidadores na infância
provavelmente lhe ensinaram a respeitar as
outras pessoas, especialmente as mais velhas e as
figuras hierárquicas, e também a amar o próximo
e a tratar os demais com gentileza.
Infelizmente, poucas pessoas foram estimuladas a
respeitarem a si mesmas e a se tratarem com a
mesma gentileza. O autorrespeito e o autocuidado
são tomados como certos, como algo natural e,
por isso, muitos pensam que eles não necessitam
ser ensinados. Porém, se isso fosse verdade, não
veríamos tantos casos de pessoas envolvidas em
relações tóxicas.

É bastante comum que os pais ensinem aos filhos a se protegerem dos perigos
externos. Ainda, mesmo que as crianças saibam como “jamais levar desaforo para
casa” ou “nunca apanhar das outras crianças”, isso pode, em alguma medida, ser
considerado como autocuidado. Também é bastante óbvio que atender às nossas
necessidades biológicas - tais como comer, beber e dormir - é um cuidado que temos
com o nosso corpo.

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Mesmo no imaginário popular existe o desestímulo a tal prática, e quem
descobrir que você está conversando consigo mesmo perguntará se está em seu pleno
juízo ou se ficou louco. Este tipo de ideia é extremamente prejudicial, pois nos torna
dependentes da gentileza das outras pessoas para verificarmos como estão as nossas
emoções e qualidade de vida. Porém, temos total capacidade de conhecermos a nós
mesmos. Além disso, terceirizar esses questionamentos nos coloca na expectativa com
relação aos gestos das outras pessoas e nos frustra quando pensamos que o outro “não
está nem aí pra nós”.

Em contrapartida, é bastante importante que consigamos compreender que


cada um é responsável por si mesmo e pelo próprio bem-estar. Ao entendermos esta
realidade, somos empoderados com a capacidade de tornarmos a nós mesmos pessoas
mais felizes ao focalizarmos a nossa atenção em nós mesmos, compreendendo nossas
emoções e necessidades. Para tanto, precisamos apenas interrogar o nosso eu,
conversando conosco, com o nosso ser. Esta é, sem dúvida, a mais saudável
conversação que você encontrará. Aqui, eu gostaria de chamar sua atenção para uma
questão muito importante:

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Você já deve ter observado que é comum que as pessoas se sintam
desconfortáveis quando em uma entrevista ou conversa inicial alguém lhes faz
perguntas que levam à reflexão interna. Separei aqui algumas perguntas que são
frequentes em ocasiões como essas e gostaria que você verificasse quantos desses
questionamentos é capaz de responder imediatamente. Pegue uma folha em branco e
escreva essas perguntas e em seguida responda. Ao final faça uma reflexão e dê
continuidade ao curso.

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Estas perguntas estão entre as mais comuns quando alguém tem a intenção de
nos conhecer. Ora, a única forma que aquele ser humano desconhecido tem de saber
sobre você é lhe interrogando. E você, como conhece a si mesmo? Certamente não é
pela simples convivência que tem consigo pois, se fosse assim, seria muito fácil
responder a estas perguntas.

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É fundamental que você conheça a si mesmo, e que faça com que seus olhos
que olham para fora sejam direcionados para dentro. Quando abrimos os olhos, vemos
o mundo, mas quando os fechamos, vemos a nós mesmos. Para alguns, fechar os olhos
é ver apenas escuridão ou nada ver; porém qualquer um que, algum dia, tenha feito
uma meditação, por exemplo, entende que, ao fecharmos os olhos, nos voltamos para
o nosso universo e ele é tão ilimitado que podemos imaginá-lo sendo escuro ou sendo o
lugar mais iluminado que existe.

O mundo exterior não atende às nossas vontades, pois não podemos modificá-lo
ao nosso prazer. Contudo, de certo modo, podemos sim mudar a realidade - pelo
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menos aquela que olhamos com a nossa perspectiva - estando sempre conscientes de
que esta será sempre a nossa visão particular da realidade e não a realidade em si.
Trata-se de adaptar a nossa perspectiva sobre a realidade, sem tentar impor esta
mesma visão aos demais ou cair na ilusão de que nossa visão é a correta e verdadeira,
desmerecendo todas as outras perspectivas.

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04 - Parábola Indiana: A árvore dos desejos

Uma vez um homem estava viajando e, acidentalmente, entrou no Paraíso. No


conceito indiano de Paraíso, existe a árvore dos desejos. Você simplesmente senta
debaixo dela, deseja qualquer coisa e imediatamente seu desejo é realizado - não há
intervalo entre o desejo e sua realização.

O homem estava cansado, e pegou no sono sob a árvore dos desejos. Quando
despertou, estava com muita fome, então disse: "Estou com tanta fome, desejaria
poder conseguir alguma comida de qualquer lugar."

Imediatamente apareceu comida vinda do nada - simplesmente uma deliciosa


comida flutuando no ar. Ele estava tão faminto que não prestou atenção de onde a
comida viera. Começou a comer imediatamente e a comida era tão deliciosa... Depois, a
fome tendo desaparecido, olhou à sua volta. Agora estava satisfeito. Outro pensamento
surgiu em sua mente: "Se ao menos eu conseguisse algo para beber..."

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Como não há proibições no Paraíso, imediatamente apareceu um excelente vinho.
Bebendo vinho relaxadamente na brisa fresca do lugar, sob a sombra da árvore,
começou a pensar: "O que está acontecendo? O que está havendo? Estou sonhando ou
existem espíritos ao meu redor zombando comigo?"

E os espíritos apareceram, e eram ferozes, horríveis, nauseantes. Ele começou a


tremer e um pensamento surgiu em sua mente: "Agora vou ser assassinado, com
certeza!!!!"

Conforme seu desejo, foi o que aconteceu.

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05 - Compreendendo as emoções

Se é tão simples criar a própria


realidade, como foi mostrado na parábola
indiana, porque poucos de nós
conseguem acessar essa ferramenta?
A educação encontra-se entre o nosso
nascimento e a nossa capacidade de criar
nossa realidade conscientemente. Fomos
ensinados a pensarmos de determinadas
formas e, pelo menos no mundo
ocidental, essas formas pouco se relacionam com o nosso eu interior e estão quase que
inteiramente focalizadas no exterior.

Nossas sociedades foram desenvolvidas através do trabalho e das disputas


bélicas; por isso, nosso aprendizado está voltado às habilidades mais valorizadas para a
produção de mercadorias, enquanto nosso emocional foi preparado para reagir a
ambientes inóspitos. Cabe chamar atenção para o fato de que, para os homens - que
foram bem antes das mulheres preparados para este mundo de competição e aspereza
-, o ensinamento foi o de sufocar as emoções, pois “homens não choram”. Mais tarde,
a entrada das mulheres no mundo do trabalho encaminhou também a um maior
endurecimento do ser frente às adversidades e ao sufocamento das emoções (OSHO,
2016).

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O problema é que o medo pode ser despertado em praticamente todas as
situações que fogem ao nosso controle e, de fato, são realmente poucas as situações
que estão em nossas mãos. Se nosso medo fosse despertado em todas as situações
cotidianas das quais não temos controle, viveríamos em um estado constante onde
predomina o sentimento de pânico.
Para evitar que isso ocorra, criamos situações sociais que nos trazem sensação
de segurança, evitando que o medo seja permanentemente ativado. É o caso da
segurança pública, mas também da nossa própria casa como refúgio de proteção, a
família, os contratos, etc.
Ainda assim, a vida é permeada por situações que podem vir a despertar
reações negativas em nosso sistema. Na verdade, as emoções duram apenas alguns
segundos e são uma espécie de reflexo do cérebro. Entretanto, as emoções têm a
capacidade de ativar pensamentos e sentimentos, e estes podem ser prolongados
muito tempo e provocar graves problemas aos indivíduos.

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Outro ponto essencial que devemos compreender em relação à nossa mente é
que para evitar tomar milhares de novas decisões todos os dias, nosso cérebro costuma
gravar que algumas emoções estão relacionadas a determinados pensamentos, os quais
se relacionam a certas atitudes ou comportamentos. Nosso cérebro grava nosso
histórico e sistematiza de forma que, quando passamos por uma mesma situação,
tendemos a repetir a resposta que damos a ela, ou seja, condicionamos nossas
atitudes.

Sendo assim, determinadas reações emocionais exageradas, dramáticas e


violentas podem vir a se repetir em um mesmo indivíduo, uma vez que o cérebro
recorda que aquela é a reação normal daquela pessoa e ela reage de forma automática.
Ao longo da vida, isso pode representar um indivíduo com bastante dificuldade de se
relacionar, pois responde muito mal a determinados tipos de situação e não consegue
modificar essas reações, ainda que lide com pessoas diferentes.

Além disso, nosso cérebro também costuma economizar energia e esforço diário
copiando as interações sociais. Desse modo, o cérebro observa como determinados
grupos se comportam e informam ao indivíduo como ele deve proceder. Por esta razão,
tendemos a nos tornar parecidos com as pessoas com quem convivemos por tempo
prolongado e isso significa replicar atitudes que podem ser positivas e empoderadoras,
ou negativas e estatizantes.
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Para tanto, é necessário, antes de mais nada, reconhecer que nossas emoções
não são ameaças destrutivas, mas apenas sinais do nosso cérebro que respondem aos
ambientes. Ao invés de combatê-las, podemos deixar que elas simplesmente passem
por nós por alguns instantes e, dessa forma, conscientemente ativamos pensamentos
que podem ser positivos ou simplesmente de aceitação (CURY, 2007).

É disso que trata a Inteligência Emocional, ou seja, nossa capacidade de, através
da nossa inteligência, compreendermos conscientemente que tipo de respostas
estamos emitindo para determinadas emoções e situações sociais. Dessa forma,
seremos capazes de perceber se elas estão de acordo com o que gostaríamos de
transmitir às outras pessoas. No caso do diagnóstico ser negativo, também podemos
utilizar a inteligência para modificar o nosso padrão de pensamento. Isso dependerá
da escolha consciente e também da aplicação da sua escolha de modo diário e
prolongado até que se torne um novo padrão mental para o seu cérebro em
substituição a um padrão mental anterior.

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Recepcionar as próprias emoções não significa ceder
a todos os desejos e impulsos que surgem
imediatamente em nossa mente. A Inteligência
Emocional significa o discernimento das nossas
emoções e a decisão consciente de como responder a
elas (CURY, 2007).
Para iniciar o processo de autoconhecimento das
emoções e dos seus padrões mentais, é necessário
que você comece a tomar consciência de como, no
seu dia a dia, costuma reagir a determinadas
situações recorrentes na sua rotina. Para isso, será
necessário um esforço no sentido de coletar essas
informações a partir da sua própria mente, e isso pode ser alcançado através de um
diário.

Tomar notas da sua rotina e dos seus pensamentos e reações por determinado
período lhe ajudará a compreender seu padrão mental e lhe dará o direcionamento de
como modificá-lo. Portanto, minha dica é: anote os seus diálogos mais importantes e
especialmente momentos em que reagiu de modo reativo às pessoas e ambientes.

Com a mente tranquila, você poderá imaginar as possíveis respostas


alternativas para aquela mesma situação, ou seja, formas mais construtivas que
poderiam ter sido utilizadas em reação a determinado diálogo ou circunstância.

Digamos que, por exemplo, você tenha se sentido ofendido por alguém em um
dia específico. Sua reação foi provavelmente responder a essa ofensa de modo
agressivo, ou talvez não respondeu, mas guardou aquela situação com mágoa e rancor.
No seu diário, fora da emoção reativa do momento, você poderá questionar a si mesmo
se, de fato, aquela pessoa teve intenção de lhe magoar e lhe ofender ou se, na

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verdade, houve um mal-entendido referente às diferentes formas que vocês têm de ver
o mundo.

O grande problema relacionado a isso é que determinadas pessoas, famílias e


culturas podem compreender de forma diferente o que seria uma ofensa. Em algumas
famílias, é ensinado às crianças que elas jamais podem questionar a figura de
autoridade do pai, por exemplo. Em outros lares, outras pessoas são estimuladas a
questionarem de forma respeitosa e a chegarem por elas mesmas suas próprias
conclusões em relação ao mundo (OSHO, 2016).

Não é difícil imaginar que o relacionamento entre pessoas dessas duas famílias
possa ser bastante desafiador. Talvez as pessoas da primeira família interpretem, em
determinadas situações, que as pessoas da segunda família são muito questionadoras e
que têm dificuldade de seguir comandos. Já as pessoas da segunda família podem
interpretar que as primeiras são dependentes e não têm atitudes próprias. Se elas
considerarem que seu próprio ponto de vista está correto, será impossível aceitar o
comportamento do outro com empatia.

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Isso significa que não existem visões certas ou erradas sobre o mundo, apenas
visões particulares que podem ou não ser condizentes com a maioria. E, na verdade, a
visão que temos sobre o mundo é muito comumente a visão que outras pessoas nos
informaram sobre ele.

Para que possamos, de fato, ter uma visão sobre o mundo, é necessário
fecharmos os olhos e conhecermos o nosso próprio ser e como este observa o mundo,
independente de qualquer coisa que nos foi ensinado. Ainda assim, esta será sempre
nossa própria visão particular do mundo.

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Referências

● CURY, Augusto. Treinando a emoção para ser feliz: nunca a auto


estima foi tão cultivada no solo da vida. São Paulo: Editora Planeta do
Brasil, 2007.
● Gardner, Howard. Inteligência um conceito reformulado. Editora
Objetiva, 1999.
● Ratcheva, Vesselina, Till Alexander Leopold, e Saa Zahidi. Jobs of
tomorrow: mapping opportunity in the new economy. World
Economic Forum, Geneva, Switzerland, 2020.
● Osho. Confiança. Editora Pensamento Cultrix. 2016
● FRANCO, Maria da Glória Salazar d'Eça Costa e SANTOS, Natalie
Nobrega. Desenvolvimento da Compreensão Emocional. Psic.: Teor. e
Pesq. [online]. 2015, vol.31, n.3 [cited 2020-09-18], pp.339-348. Available
from: ISSN 1806-3446.
● Gardner, Howard. Quem é Howard Gardner e o que é Teoria das
Inteligências Múltiplas 08/08/2018
● Osho. Autobiografia de um místico espiritualmente incorreto
03/11/2016

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