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Introdução
O Ato 1 do nosso estudo se encontra descrito nos capítulos 1 e 2 do Livro de Gênesis.
Este Livro é estruturado por dez toledoths, ou narrativas: cinco antes de Abraão e cinco
depois dele. Toledoth é uma palavra hebraica que pode ser traduzida por: "Este é o relato
de..." ou "Esta é a história de...". Gênesis 2.4 é a primeira dessas fórmulas toledoth, a
narração da história começa por ele.
1. "Esta é a história dos céus e da terra" (2.4 –25).
2. "Esta é a história da descendência de Adão" (5.1-6.8);
3. "Esta é a história de Noé" (6.9-9.29);
4. "Esta é a história de Sem, Cam e Jafé" (10.1 11.9);
5. "Esta é a história de Sem" (11.10-26);
6. "Esta é a história de Terá" (11.27 25.11), o pai de Abraão;
7. "Esta é a história do filho de Abraão: Ismael" (25.12-18);
8. "Esta é a história do filho de Abraão: Isaque" (25.19-35.29);
9. "Esta é a história de Esaú" (36.1-37.1); e,
10. "Esta é a história de Jacó" (37.2 50.26),
O livro de Gênesis registra o começo da história1. Ele foi escrito por Moisés no contexto
retratado no livro do Êxodo. Naquela época os descendentes de Jacó, chamados de
israelitas viviam escravizado no Egito há cerca de 400 anos.
1
Um cientista cristão disse que Genesis 1.1 marca o começo da matéria, energia e do tempo.
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Neste contexto, o povo israelita estava exposto à influência dos muitos mitos da criação
difundidos no oriente próximo e ao culto das divindades dos egípcios.
Com certeza eles haviam preservado através da tradição oral, a noção da existência de um
mais um deus, o deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Decorrido todo esse tempo da chegada da família de Jacó ao Egito, o deus de Abraão, de
Isaque e Jacó era vagamente conhecido, sendo plausível acreditar a maioria dos israelitas
adorassem os deuses do Egito.
A obra responde as seguintes questões:
No ato 1 (Gn. 1 e 2) vamos obter a resposta para as questões:
1-Quem é o Senhor Deus?
2-Como Ele trouxe à existência todas as coisas?
3-Por que o homem é retratado como imagem de Deus?
4-Qual a posição do homem diante da ordem criada?
Ato 1: Deus estabelece seu reino: Criação (pág. 35 a 48) – Gênesis 1.1 – 2.25;
Temas principais
• A revelação de um Deus pessoal e Criador de todo o Universo
• A Cronologia da criação
• A habitação especial preparada para o homem – o jardim do Éden.
• A dignidade do homem
• A instituição do casamento
A Cronologia da criação
No princípio, criou Deus os céus e a terra (Gn. 1.1), após esta declaração inicial, o autor
passa a detalhar as várias etapas da criação.
PRIMEIRO DIA => Criação dos céus, da terra, luz, dia e noite
2 A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do
abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.
3 Disse Deus: Haja luz; e houve luz. 4 E viu Deus que a luz era boa; e fez
separação entre a luz e as trevas. 5 Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite.
Houve tarde e manhã, o primeiro dia.
QUARTO DIA => Criação dos luminares, dia, noite e das estações (Gn 1.14)
Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem
separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para
dias e anos.
QUINTO DIA => Criação dos seres aquáticos e das aves (Gn 1.20)
Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e
voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus.
SEXTO DIA => Criação dos seres terrestres, do homem e da mulher. Mandato cultural:
encham e subjuguem a terra. (Gn 1.24-28)
24 Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua
espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua
espécie. E assim se fez.
2
águas e águas – uma referência às águas que cobriam a superfície da terra e as águas sob a forma de nuvens.
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denominadas pelos estudiosos de as dez palavras da criação: Haja luz (1.3) – Haja um
firmamento (1.6) – Ajuntem-se num só lugar as águas (1.9) – Produza a terra os vegetais
(1.11) – Haja luminares no firmamento celeste (1.14) – Sirvam eles de luminares no
firmamento celeste, para iluminar a terra (1.15) – Produzam as águas cardumes de seres
vivos (1.20a) – voem as aves sobre a terra, abaixo do firmamento do céu (1.20b); Produza
a terra seres vivos segundo suas espécies (1.24) – Façamos o homem à nossa imagem
(1.26);
II) Deus criou todas as coisas a partir do nada, criação ex nihilo3 – ao invés de a partir
de invés de matéria pré-existente, como era o caso dos mitos da criação das nações pagãs,
na qual os deuses criavam após vencerem as águas do caos;
III) A cada etapa do processo de criação Deus declara que o ente criado é bom – “viu
que a luz era boa” (1.4); “viu que ficou bom.” (1.10; 12; 18; 21; e 25); “tudo havia ficado
muito bom” (1.31);
IV) A adoração do sol, da lua e das estrelas era corrente em todo o Oriente antigo –
por este motivo, o relado bíblico não utiliza as palavras hebraicas para o sol e a lua, com o
intuito deliberado de que eles não sejam tomados como seres divinos. Por isso, os
denomina de luminares maior e menor destinados apenas prover iluminação para a terra;
V) A dignidade do homem – Genesis retrata o homem como a coroa da criação4, o regente
da criação, criado à imagem e semelhança do Criador. Vemos nas Escrituras que Deus
criou três categorias de seres vivos:
Anjos – tem espírito, mas não têm corpo
Animais – tem corpo, mas não têm espírito
O homem – tem corpo e espírito, sendo, portanto, o ser criado mais elevado.
3
Ex nihilo, do latim, significa do nada.
4
O Homem é a coroa da criação, cf. Salmo 8.3-8:
3 Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, 4
pergunto: Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele
te preocupes?
5 Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais e o coroaste de glória e de honra.
6 Tu o fizeste dominar sobre as obras das tuas mãos; sob os seus pés tudo puseste: 7 Todos os
rebanhos e manadas, e até os animais selvagens, 8 as aves do céu, os peixes do mar e tudo o
que percorre as veredas dos mares.
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Devemos atentar para a importância da doutrina da criação. Posto que a crença que a
ordem criada (criação)5 foi um ato soberano de um Deus todo poderoso, pessoal,
transcendente e imanente é o primeiro artigo de fé do cristianismo histórico, assim expresso
no credo dos apóstolos:
“Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra”.
Com a queda deste pressuposto todo o cristianismo histórico cai por terra. Pois, não existe
pecado a redimir e muito menos a necessidade de um redentor.
TEMAS PRINCIPAIS
A rebelião do homem – o pecado e o efeito sobre a criação (3.6)
A maldição sobre a terra – (3.17)
A morte física – “da terra fostes formado: és pó, e ao pó tornarás” (3.19)
A promessa do descendente – o protoevangelho (3.15)
A rebelião do homem
1 Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor
Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: "Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não
comam de nenhum fruto das árvores do jardim?"
2 Respondeu a mulher à serpente: "Podemos comer do fruto das árvores do jardim,
3 mas Deus disse: “Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem
toquem nele; do contrário vocês morrerão".
4 Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão! 5 Deus sabe que, no dia
em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus,
conhecedores do bem e do mal".
6 Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente
aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do
seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também.
5
Cabe aqui um parêntesis, o termo natureza foi criado para ser uma alternativa a criação, pois
nas visões materialistas a criação divina jamais existiu, a qual é apenas mais um mito.
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7 Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram
folhas de figueira para cobrir-se.
O apóstolo João descreve o estado de Eva ao comer do fruto proibido.
“Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a
ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo”. 1 João 2.16
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A promessa do descendente, o protoevangelho.
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dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo.
19 Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que
dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará".
20 Adão deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria mãe de toda a humanidade.
21 O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher.
22 Então disse o Senhor Deus: "Agora o homem se tornou como um de nós,
conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele também tome do
fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre". 23 Por isso o Senhor Deus o
mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado.
24 Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e
uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.
A maldição sobre a terra – (3.17)
A morte física – “da terra fostes formado: és pó, e ao pó tornarás” (3.19)
A promessa do descendente – o protoevangelho (3.15)
O Pacto da Criação
Pacto ou Aliança, na perspectiva bíblica – Consiste em um vínculo de sangue
soberanamente administrado. Quando Deus entra em relação de aliança com os homens,
de maneira soberana ele institui um vínculo de vida e morte. Assim, aliança é um vínculo
de sangue, ou um vínculo de vida e morte, soberanamente administrado 7.
Principais aspectos de uma Aliança: um pacto que une pessoas e modo inviolável; e um
pacto de sangue; pacto soberanamente administrado.
ESTRUTURA DE UM PACTO
Estipulação ou obrigações para as partes
Benção pelo cumprimento
Maldição, juízo e punição para a parte que quebrar o pacto/aliança
Selos e Sinais.
O Pacto da Criação
A Aliança da Criação ocorreu antes da queda do homem no jardim do Éden. Gênesis
1.26-30; 2.3;15-24
Mediador – Adão
7
O Cristo dos Pactos. O. Palmer Robertson. São Paulo: Cultura Cristã, 2 ed. 2011, p. 14.
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APLICAÇÃO
As nascentes da tradição de cosmovisão entre os protestantes evangélicos podem ser
traçadas a duas fontes primárias, ambas fluindo dos mananciais teológicos do reformador
de Genebra João Calvino (1509-1564). A primeira delas é o teólogo, apologista, ministro
e educador presbiteriano escocês James Orr (1844-1913). A segunda é o estadista e
teólogo neocalvinista holandês Abraham Kuyper (1837-1920). Apropriando-se do conceito
do meio intelectual mais amplo do continente europeu de meados até o final do século 19,
esses dois pensadores seminais introduziram o vocabulário de cosmovisão no pensamento
cristão reformado atual. (Fides Reformata XXVII, Nº 1 (2022): 91-101, trecho da página 92)
COSMOVISÃO
Todo ser humano possui uma cosmovisão. Talvez você já tenha lido esta palavra em algum
lugar ou mesmo ouvido algo sobre o assunto, mas não tem a menor ideia do significado
deste termo. Mas saiba que mesmo assim, mesmo sem saber o que é isso, você possui
uma cosmovisão.
Aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que
permeia sua vida. Em nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã
(um desdobramento da Cosmovisão Teísta).
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Como a humanidade é diversificada, nos mais distintos aspectos, existe uma variedade de
cosmovisões. Para o cristão ser mais eficiente no cumprimento da Grande Comissão (Mt
28:19-20), é importante conhecer as premissas que caracterizam e diferenciam as variadas
cosmovisões existentes.
Especialmente, para aquele que enxerga na apologética uma ferramenta útil para a
propagação do Evangelho, o discernimento das cosmovisões é essencial.
O teólogo e apologista Norman Geisler, assim, define o termo cosmovisão:
“Modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade. A palavra alemã é
Weltanschauung, que significa ‘um mundo e uma visão da vida’, ou ‘um paradigma’.
É a estrutura por meio da qual a pessoa entende os dados da vida. Uma cosmovisão
influencia, de modo decisivo, a maneira como a pessoa vê Deus, as origens, o mal,
a natureza humana, os valores e o destino.” [1]
Na medida que nos aprofundarmos neste tema, vamos compreender duas coisas básicas:
1) Cosmovisões distintas coexistem, mas não é possível concordar coerentemente com
as premissas centrais de duas ou mais cosmovisões;
2) Cosmovisão é como óculos, para que a realidade faça sentido é preciso visualizá-la
de acordo com uma cosmovisão coerente e verdadeira, ou seja, com as “lentes corretas”.
Existem sete cosmovisões básicas; são sete matrizes das quais as demais formas de
enxergar o todo derivam: Teísmo, Deísmo, Ateísmo, Panteísmo, Panenteísmo, Teísmo
Finito e Politeísmo. Examine o quadro resumo com suas premissas centrais: