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Escola Bíblica Dominical

Classe Visão Panorâmica


da Bíblia

Aula 02 (14/08) – Atos 1 e 2


Ato 1 – Deus estabelece o seu reino: Criação
Ato 2 – Rebelião no reino: Queda
Ato 3 – O Rei escolhe Israel: a redenção é iniciada
Interlúdio – Um relato do reino aguardando um desfecho: o
período intertestamentário
Ato 4 – A vinda do Rei: redenção realizada
Ato 5 – Propagando a notícia do Rei: a missão da igreja
Ato 6 – A volta do Rei: redenção concluída

Introdução
O Ato 1 do nosso estudo se encontra descrito nos capítulos 1 e 2 do Livro de Gênesis.
Este Livro é estruturado por dez toledoths, ou narrativas: cinco antes de Abraão e cinco
depois dele. Toledoth é uma palavra hebraica que pode ser traduzida por: "Este é o relato
de..." ou "Esta é a história de...". Gênesis 2.4 é a primeira dessas fórmulas toledoth, a
narração da história começa por ele.
1. "Esta é a história dos céus e da terra" (2.4 –25).
2. "Esta é a história da descendência de Adão" (5.1-6.8);
3. "Esta é a história de Noé" (6.9-9.29);
4. "Esta é a história de Sem, Cam e Jafé" (10.1 11.9);
5. "Esta é a história de Sem" (11.10-26);
6. "Esta é a história de Terá" (11.27 25.11), o pai de Abraão;
7. "Esta é a história do filho de Abraão: Ismael" (25.12-18);
8. "Esta é a história do filho de Abraão: Isaque" (25.19-35.29);
9. "Esta é a história de Esaú" (36.1-37.1); e,
10. "Esta é a história de Jacó" (37.2 50.26),
O livro de Gênesis registra o começo da história1. Ele foi escrito por Moisés no contexto
retratado no livro do Êxodo. Naquela época os descendentes de Jacó, chamados de
israelitas viviam escravizado no Egito há cerca de 400 anos.

1
Um cientista cristão disse que Genesis 1.1 marca o começo da matéria, energia e do tempo.
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Neste contexto, o povo israelita estava exposto à influência dos muitos mitos da criação
difundidos no oriente próximo e ao culto das divindades dos egípcios.
Com certeza eles haviam preservado através da tradição oral, a noção da existência de um
mais um deus, o deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Decorrido todo esse tempo da chegada da família de Jacó ao Egito, o deus de Abraão, de
Isaque e Jacó era vagamente conhecido, sendo plausível acreditar a maioria dos israelitas
adorassem os deuses do Egito.
A obra responde as seguintes questões:
No ato 1 (Gn. 1 e 2) vamos obter a resposta para as questões:
1-Quem é o Senhor Deus?
2-Como Ele trouxe à existência todas as coisas?
3-Por que o homem é retratado como imagem de Deus?
4-Qual a posição do homem diante da ordem criada?

Ato 1: Deus estabelece seu reino: Criação (pág. 35 a 48) – Gênesis 1.1 – 2.25;
Temas principais
• A revelação de um Deus pessoal e Criador de todo o Universo
• A Cronologia da criação
• A habitação especial preparada para o homem – o jardim do Éden.
• A dignidade do homem
• A instituição do casamento
A Cronologia da criação

Período Ambiente Habitantes Período


1º (Gn. 1.3-5) Céus, terra, Luz e Luzeiros para o dia e p/ a noite 4º (Gn. 1.14-19)
Trevas
2º (Gn. 1.7-8) Águas e firmamento Seres marinhos, peixes e aves 5º (Gn. 1.20-23)
3º (Gn. 1.9-13) Terra seca, Mar e Seres terrestres e o homem 6º (Gn. 1.24-31)
vegetação
7º (Gn. 2.1-3) Descanso e santificação do Sábado
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No princípio, criou Deus os céus e a terra (Gn. 1.1), após esta declaração inicial, o autor
passa a detalhar as várias etapas da criação.

PRIMEIRO DIA => Criação dos céus, da terra, luz, dia e noite

2 A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do
abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.
3 Disse Deus: Haja luz; e houve luz. 4 E viu Deus que a luz era boa; e fez
separação entre a luz e as trevas. 5 Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite.
Houve tarde e manhã, o primeiro dia.

SEGUNDO DIA => Criação das águas e do firmamento


6 E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre
águas e águas2.

TERCEIRO DIA => Criação da terra seca, dos mares e da vegetação

9 Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só


lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez. 10 À porção seca chamou
Deus Terra e ao ajuntamento das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom.

11 E disse: Produza a terra relva, ervas que deem semente e árvores


frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele,
sobre a terra. E assim se fez. 12 A terra, pois, produziu relva, ervas que davam
semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente
estava nele, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom. Gênesis
1.9-12

QUARTO DIA => Criação dos luminares, dia, noite e das estações (Gn 1.14)
Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem
separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para
dias e anos.

QUINTO DIA => Criação dos seres aquáticos e das aves (Gn 1.20)
Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e
voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus.

SEXTO DIA => Criação dos seres terrestres, do homem e da mulher. Mandato cultural:
encham e subjuguem a terra. (Gn 1.24-28)
24 Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua
espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua
espécie. E assim se fez.

2
águas e águas – uma referência às águas que cobriam a superfície da terra e as águas sob a forma de nuvens.
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26 Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a


nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do
céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos
animais que se movem rente ao chão.
27 Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou. 28 Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam
férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os
peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem
pela terra".
Gn. 1.26-28.

SÉTIMO DIA => Descanso da obra da criação.


1 Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército.
2 E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera,
descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. 3 E abençoou Deus
o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como
Criador, fizera.
A formação do homem, do jardim do Éden e da mulher e o mandamento e casamento
(Gn 2-24)
7 Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas
narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.
8 E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e
pôs nele o homem que havia formado. 9 Do solo fez o SENHOR Deus brotar
toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a
árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do
mal.(...)
15 Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden
para o cultivar e o guardar.
16 E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás
livremente, 17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás;
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (...)
21 Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este
adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E
a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa
mulher e lha trouxe.
23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha
carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.
24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se
os dois uma só carne. Gn. 2.21-24.
Comentários
Alguns aspectos do relato da criação são dignos de nota:
I) Deus criou o universo através do poder da sua palavra – em cada etapa da criação
Deus chama à existência cada um dos seres e coisas criados através de imperativos,
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denominadas pelos estudiosos de as dez palavras da criação: Haja luz (1.3) – Haja um
firmamento (1.6) – Ajuntem-se num só lugar as águas (1.9) – Produza a terra os vegetais
(1.11) – Haja luminares no firmamento celeste (1.14) – Sirvam eles de luminares no
firmamento celeste, para iluminar a terra (1.15) – Produzam as águas cardumes de seres
vivos (1.20a) – voem as aves sobre a terra, abaixo do firmamento do céu (1.20b); Produza
a terra seres vivos segundo suas espécies (1.24) – Façamos o homem à nossa imagem
(1.26);
II) Deus criou todas as coisas a partir do nada, criação ex nihilo3 – ao invés de a partir
de invés de matéria pré-existente, como era o caso dos mitos da criação das nações pagãs,
na qual os deuses criavam após vencerem as águas do caos;
III) A cada etapa do processo de criação Deus declara que o ente criado é bom – “viu
que a luz era boa” (1.4); “viu que ficou bom.” (1.10; 12; 18; 21; e 25); “tudo havia ficado
muito bom” (1.31);
IV) A adoração do sol, da lua e das estrelas era corrente em todo o Oriente antigo –
por este motivo, o relado bíblico não utiliza as palavras hebraicas para o sol e a lua, com o
intuito deliberado de que eles não sejam tomados como seres divinos. Por isso, os
denomina de luminares maior e menor destinados apenas prover iluminação para a terra;
V) A dignidade do homem – Genesis retrata o homem como a coroa da criação4, o regente
da criação, criado à imagem e semelhança do Criador. Vemos nas Escrituras que Deus
criou três categorias de seres vivos:
Anjos – tem espírito, mas não têm corpo
Animais – tem corpo, mas não têm espírito
O homem – tem corpo e espírito, sendo, portanto, o ser criado mais elevado.

3
Ex nihilo, do latim, significa do nada.
4
O Homem é a coroa da criação, cf. Salmo 8.3-8:
3 Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, 4
pergunto: Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele
te preocupes?
5 Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais e o coroaste de glória e de honra.
6 Tu o fizeste dominar sobre as obras das tuas mãos; sob os seus pés tudo puseste: 7 Todos os
rebanhos e manadas, e até os animais selvagens, 8 as aves do céu, os peixes do mar e tudo o
que percorre as veredas dos mares.
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VI) A tradição babilônica vê a criação do homem como um artifício para aliviar os


deuses do trabalho e lhes conseguir alimento – Em Gênesis, a criação do homem é o
objetivo da criação e, ao contrário Deus é quem fornece o alimento ao homem.
VII) Deus abençoa o homem e a mulher – para conferir dádivas a eles, dentre as quais a
principal é a comunhão com o próprio Deus e, investi-los no ofício que consiste em: cuidar
e desenvolver a criação; viver em harmonia como uma só carne para povoar a terra; guardar
o sábado para honrar ao criador;
VIII) O mandado para obedecer – para que usufruíssem do jardim e da comunhão pessoal
com Deus, Ele estabeleceu uma condição única condição, para lembrar ao homem acerca
da sua condição de criatura dependente das bençãos do seu Criador: “não comer do fruto
da árvore do bem e do mal”.
Resumindo, o Senhor Deus atribuiu aos nossos pais, Adão e Eva, os seguintes encargos:
• O trabalho – cuidar e desenvolver a criação;
• O casamento – auxílio mútuo e para a procriação;
• A guarda do sábado – descansar no sábado para cultuar e honrar o criador
• Não comer do fruto da árvore – um teste de obediência, não um determinado fruto.
Em suma, um mandato cultural, um mandato social, um mandato espiritual e um mandato
cerimonial. Vale ressaltar que o descumprimento deste último mandato traria como
consequência a perda da benção, então, substituída pela maldição da morte do casal e dos
seus descendentes.
IX) Por último, o Senhor Deus é um ser pessoal, infinito, todo poderoso e apartado da
criação.
APLICAÇÃO
No início do século passado, cientistas e políticos importantes previram irrefletidamente que
a ciência – especialmente a biologia darwiniana – forneceria soluções para todos os
problemas da sociedade americana, do crime à pobreza e ao desajuste sexual. Contudo, a
política e a cultura foram desumanizadas na medida em que os especialistas das diversas
ciências começaram a tratar os seres humanos como um pouco mais do que animais ou
máquinas. Na justiça criminal, eles negaram a existência do livre arbítrio e propuseram a
substituição da punição por “curas” invasivas, como a lobotomia. Na saúde, eles
propuseram eliminar os pobres esterilizando aqueles que são considerados biologicamente
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impróprios. Nos negócios, eles impulsionaram a seleção de trabalhadores com base em


teorias racistas da evolução humana e o desenvolvimento de métodos publicitários capazes
de manipular mais efetivamente o comportamento do consumidor. Na educação sexual,
eles defenderam a criação de uma nova moralidade sexual baseada no “comportamento
normal dos mamíferos” sem levar em conta os imperativos éticos e religiosos de longa data.
Com algumas modificações, e em maior ou menor grau, este tipo de engenharia social foi
testada em outros partes do mundo, sempre perseguindo a meta de gerar o novo homem
e, assim, inaugurar o paraíso na terra.
Ao longo do século 20 e início do 21, a empreitada prossegue com o surgimento de
cosmovisões fundadas no naturalismo, no ateísmo, no existencialismo etc.
Apesar das suas diferenças todas estas cosmovisões são unânimes em uma coisa sua
rivalidade com o cristianismo.
O ponto principal de todo o livro de Gênesis é a declaração que um Deus pessoal e todo
poderoso (onipotente) que criou a partir do nada (ex nihilo) todas as coisas.
Ele criou o ser humano à sua imagem e semelhança, portanto um ser consciente e
responsável por seus atos e escolhas.
Devemos perceber que este pressuposto é o principal ponto de ataque das cosmovisões
humanistas rivais, para a maioria delas:
• o universo sempre existiu e sempre existirá;
• a vida surgiu por acaso;
• o homem descende do macaco;
• Deus não existe, ou se Deus, criou o mundo e o deixou à própria sorte;
• não existe verdade absoluta;
• a moralidade é uma construção social, que decorre da necessidade do homem viver
em sociedade;
• o homem nasce naturalmente neutro; sendo então um produto do meio em que vive;
• o criminoso é uma vítima da sociedade;
• a causa do problema da violência e da corrupção é a falta de educação;
• a causa de todos os problemas reside na desigualdade econômica.
Ou seja, o mal não está dentro do coração do homem, nas sim fora dele, na sociedade.
Então, basta consertar a sociedade que tudo o mais irá bem.
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Devemos atentar para a importância da doutrina da criação. Posto que a crença que a
ordem criada (criação)5 foi um ato soberano de um Deus todo poderoso, pessoal,
transcendente e imanente é o primeiro artigo de fé do cristianismo histórico, assim expresso
no credo dos apóstolos:
“Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra”.
Com a queda deste pressuposto todo o cristianismo histórico cai por terra. Pois, não existe
pecado a redimir e muito menos a necessidade de um redentor.

Ato 2 – Rebelião no reino: Queda (pág. 49 a 53) – Gênesis 3.1-24.

TEMAS PRINCIPAIS
A rebelião do homem – o pecado e o efeito sobre a criação (3.6)
A maldição sobre a terra – (3.17)
A morte física – “da terra fostes formado: és pó, e ao pó tornarás” (3.19)
A promessa do descendente – o protoevangelho (3.15)
A rebelião do homem
1 Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor
Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: "Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não
comam de nenhum fruto das árvores do jardim?"
2 Respondeu a mulher à serpente: "Podemos comer do fruto das árvores do jardim,
3 mas Deus disse: “Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem
toquem nele; do contrário vocês morrerão".
4 Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão! 5 Deus sabe que, no dia
em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus,
conhecedores do bem e do mal".
6 Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente
aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do
seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também.

5
Cabe aqui um parêntesis, o termo natureza foi criado para ser uma alternativa a criação, pois
nas visões materialistas a criação divina jamais existiu, a qual é apenas mais um mito.
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7 Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram
folhas de figueira para cobrir-se.
O apóstolo João descreve o estado de Eva ao comer do fruto proibido.
“Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a
ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo”. 1 João 2.16

O juízo de Deus sobre os quebradores do pacto


8 Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim
quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre
as árvores do jardim.
9 Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: "Onde está você? "
10 E ele respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava
nu; por isso me escondi".
11 E Deus perguntou: "Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto
da árvore da qual lhe proibi comer? "
12 Disse o homem: "Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do
fruto da árvore, e eu comi".
13 O Senhor Deus perguntou então à mulher: "Que foi que você fez? " Respondeu
a mulher: "A serpente me enganou, e eu comi".
14 Então o Senhor Deus declarou à serpente: "Já que você fez isso, maldita é você
entre todos os rebanhos domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o
seu ventre você rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida.
15 Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o
descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar". 6
16 À mulher, ele declarou: "Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez;
com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a
dominará".
17 E ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do
fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua
causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. 18 Ela lhe

6
A promessa do descendente, o protoevangelho.
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dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo.
19 Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que
dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará".
20 Adão deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria mãe de toda a humanidade.
21 O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher.
22 Então disse o Senhor Deus: "Agora o homem se tornou como um de nós,
conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele também tome do
fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre". 23 Por isso o Senhor Deus o
mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado.
24 Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e
uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.
A maldição sobre a terra – (3.17)
A morte física – “da terra fostes formado: és pó, e ao pó tornarás” (3.19)
A promessa do descendente – o protoevangelho (3.15)
O Pacto da Criação
Pacto ou Aliança, na perspectiva bíblica – Consiste em um vínculo de sangue
soberanamente administrado. Quando Deus entra em relação de aliança com os homens,
de maneira soberana ele institui um vínculo de vida e morte. Assim, aliança é um vínculo
de sangue, ou um vínculo de vida e morte, soberanamente administrado 7.
Principais aspectos de uma Aliança: um pacto que une pessoas e modo inviolável; e um
pacto de sangue; pacto soberanamente administrado.
ESTRUTURA DE UM PACTO
Estipulação ou obrigações para as partes
Benção pelo cumprimento
Maldição, juízo e punição para a parte que quebrar o pacto/aliança
Selos e Sinais.
O Pacto da Criação
A Aliança da Criação ocorreu antes da queda do homem no jardim do Éden. Gênesis
1.26-30; 2.3;15-24
Mediador – Adão

7
O Cristo dos Pactos. O. Palmer Robertson. São Paulo: Cultura Cristã, 2 ed. 2011, p. 14.
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Estipulação, Ordenanças (Gn. 1.26-30; 2.3;15-17; 3.6)


1 – Mandado Espiritual => Sábado (2.3)
2 – Mandado Social => Casamento (2.22-24)
3 – Mandado Cultural => Trabalho (1.27-28; 2,15)
4 – Cerimonial => Não Comer do Fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal
(2.17a), representando um mandamento de obediência pela obediência ao seu Criador.
Segundo alguns estudiosos, esta ordenança servia unicamente para lhe mostrar ao homem
que ele não era deus.
Promessa – Vida em harmonia com a criação e em comunhão com o Criador.
Bênçãos Pactuais – Vida em comunhão com Deus, comer de todos os frutos do jardim,
exceto do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Maldições Pactuais – Morte física e espiritual e cessação da Comunhão com Deus (2.17b)
Selos e Sinais do Pacto – Árvore da Vida.

APLICAÇÃO
As nascentes da tradição de cosmovisão entre os protestantes evangélicos podem ser
traçadas a duas fontes primárias, ambas fluindo dos mananciais teológicos do reformador
de Genebra João Calvino (1509-1564). A primeira delas é o teólogo, apologista, ministro
e educador presbiteriano escocês James Orr (1844-1913). A segunda é o estadista e
teólogo neocalvinista holandês Abraham Kuyper (1837-1920). Apropriando-se do conceito
do meio intelectual mais amplo do continente europeu de meados até o final do século 19,
esses dois pensadores seminais introduziram o vocabulário de cosmovisão no pensamento
cristão reformado atual. (Fides Reformata XXVII, Nº 1 (2022): 91-101, trecho da página 92)

COSMOVISÃO

Todo ser humano possui uma cosmovisão. Talvez você já tenha lido esta palavra em algum
lugar ou mesmo ouvido algo sobre o assunto, mas não tem a menor ideia do significado
deste termo. Mas saiba que mesmo assim, mesmo sem saber o que é isso, você possui
uma cosmovisão.
Aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que
permeia sua vida. Em nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã
(um desdobramento da Cosmovisão Teísta).
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Como a humanidade é diversificada, nos mais distintos aspectos, existe uma variedade de
cosmovisões. Para o cristão ser mais eficiente no cumprimento da Grande Comissão (Mt
28:19-20), é importante conhecer as premissas que caracterizam e diferenciam as variadas
cosmovisões existentes.
Especialmente, para aquele que enxerga na apologética uma ferramenta útil para a
propagação do Evangelho, o discernimento das cosmovisões é essencial.
O teólogo e apologista Norman Geisler, assim, define o termo cosmovisão:
“Modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade. A palavra alemã é
Weltanschauung, que significa ‘um mundo e uma visão da vida’, ou ‘um paradigma’.
É a estrutura por meio da qual a pessoa entende os dados da vida. Uma cosmovisão
influencia, de modo decisivo, a maneira como a pessoa vê Deus, as origens, o mal,
a natureza humana, os valores e o destino.” [1]
Na medida que nos aprofundarmos neste tema, vamos compreender duas coisas básicas:
1) Cosmovisões distintas coexistem, mas não é possível concordar coerentemente com
as premissas centrais de duas ou mais cosmovisões;
2) Cosmovisão é como óculos, para que a realidade faça sentido é preciso visualizá-la
de acordo com uma cosmovisão coerente e verdadeira, ou seja, com as “lentes corretas”.
Existem sete cosmovisões básicas; são sete matrizes das quais as demais formas de
enxergar o todo derivam: Teísmo, Deísmo, Ateísmo, Panteísmo, Panenteísmo, Teísmo
Finito e Politeísmo. Examine o quadro resumo com suas premissas centrais:

Sistema Cosmovisão Expresso no:


Um Deus infinito e pessoal existe além
do e no universo. Ele criou todas as Cristianismo, Judaísmo e
Teísmo
coisas e sustenta tudo de modo Islamismo
sobrenatural.
Deus está além do universo, mas não
Pensamento de Voltaire,
nele. Defende uma visão naturalista
Deísmo Thomas Jefferson e Thomas
de mundo, assim Deus não age
Paine
sobrenaturalmente naquilo que criou.
Não existe nenhum Deus além do ou
Pensamento de Karl Marx,
no universo. Afirma que o universo
Ateísmo Frederich Nietzsche e Richard
físico é tudo que existe. Tudo é
Dawkins
matéria autossuficiente.
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Sistema Cosmovisão Expresso no:


Deus é o todo/universo. Não há um
criador distinto; criador e criação são a
Certas formas de Hinduísmo,
Panteísmo mesma realidade. O universo é Deus,
Zen-Budismo e Ciência Cristã
a matéria é Deus, as pessoas o
são. Tudo é Deus.
Deus está no universo, como a mente
está no corpo. O universo é o ‘corpo’ Pensamento de Alfred
Panenteísmo
de Deus, seu pólo real e tangível. O Whitehead e Charles Hartshorne
outro polo está além deste plano.
Existe um Deus finito além do e no
universo. Deus é limitado em natureza
Pensamento de John Stuart Mill,
Teísmo finito e poder. Os proponentes aceitam a
William James e Peter Bertocci
criação, mas negam a intervenção
divina.
Muitos deuses existem além do
mundo e nele. Tais deuses Gregos e romanos antigos e
Politeísmo
influenciam a vida das pessoas. Nega neopagãos (wicca)
qualquer Deus infinito.
Fonte: Adaptado de GEISLER, Norman L. Enciclopédia de apologética. São Paulo, SP: Editora Vida,
2002. p. 193
Para acessar um diagrama de CONCEITUAÇÃO DE COSMOVISÃO (coggle.it)
Acesse: https://coggle.it/diagram/XdsbkjRBT7BkI3h7/t/conceitua%C3%A7%C3%A3o-de-
cosmovis%C3%A3o

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