Você está na página 1de 8

• Ato 1.

Deus estabelece seu reino: Criação


• Ato 2. Rebelião no reino: Queda
• Ato 3. O Rei escolhe Israel: redenção iniciada
• Interlúdio. O período intertestamentário: um relato do reino à espera
de um desfecho
• Ato 4. A vinda do Rei: redenção realizada
• Ato 5. Propagando a notícia do Rei: a missão da igreja
• Ato 6. A volta do Rei: redenção concluída
A vinda do Rei – Redenção realizada (p. 153-165)
INTRODUÇÃO
O Advento de Jesus Cristo é o ponto culminante da grande história bíblica, a narrativa da ação
de Deus na história humana. Logo após a criação ter sido corrompida pela rebelião do homem
contra o governo de Deus, Ele deu início a missão de redenção, com o objetivo de restaurar a
criação ao seu propósito original.
O antigo testamento nos conta como Deus escolheu um povo, Israel, e com ele fez alianças e
promessas de que deste povo levantaria um redentor que realizaria a obra de redenção. Jesus
Cristo em sua encarnação revela a vinda do reino de Deus.

Em sua vida, Jesus mostra com o que a salvação se parece: o poder de Deus para curar e
renovar está visivelmente presente em suas palavras e ações. Em sua morte, Jesus realiza a
expiação dos pecados: na cruz, ele guerreia contra os poderes do mal e os derrota. Em sua
ressurreição, Jesus abre a porta à nova criação — e em seguida deixa essa porta aberta e nos
convida a nos unirmos a ele.

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 1


Evangelho significa “boas-novas ou boa notícia”, e esta é a melhor notícia que pode existir: em
Jesus, o reino de Deus chegou!
Após ter sido ressuscitado dos mortos, e após, no dia de Pentecostes, o Espírito ter descido
sobre seus discípulos, a boa notícia começou a ser espalhada de forma oral.
Histórias acerca da vida, a morte e a ressurreição de Jesus eram transmitidas à medida que
seus discípulos contavam a boa notícia aos seus vizinhos e aos que encontravam em suas
viagens.
À medida que os apóstolos iam sendo martirizados os discípulos começaram a registrar
narrativas completas sobre a vida e obra de Jesus. Quatro dos discípulos escreveram os livros
que ficaram conhecidos como os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Estes livros
receberam o nome de evangelhos porque o seu propósito principal é contar a boa notícia a
respeito de Jesus.
Os Evangelhos não são biografias contemporâneas. Uma vez que não se propõem a fornecer
um relato cronológico dos acontecimentos da vida de Jesus. Ao invés disso, cada autor
apresenta a boa notícia enfatizando uma situação histórica em particular, selecionando
acontecimentos testemunhados pessoalmente, ou colhido junto a testemunhas oculares dos
feitos e ditos de Jesus.

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 2


À medida que mais pessoas passam a ouvir a respeito desse profeta de Nazaré, o grupo de seus
seguidores aumenta mais e mais, e começa a despertar a atenção dos líderes judaicos, em sua
maioria, hostis.
Em certo ponto do seu ministério Jesus decide pregar acerca do reino na própria Jerusalém, o
centro político e religioso da nação, bem como da oposição mais violenta aos seus ditos e feitos.
Por fim, ele é preso, julgado e crucificado em Jerusalém. Apesar do juiz ter declarado sua
inocência das acusações apresentadas contra ele.
Entretanto, logo depois da crucificação ele ressuscita dos mortos.
A morte e ressurreição de Jesus constituem o clímax de seu ministério, mostrando que, embora
todos os poderes do mal tenham tentado destruí-lo e derrotar seus propósitos (Herodes o pai
e seu filho Herodes Antipas; o sumo sacerdote, além dos saduceus, fariseus e herodianos), é
ele quem os derrotou: sua vitória sobre o pecado e a morte dá início ao reino de Deus.

EM SUA VIDA, JESUS TORNA CONHECIDO O REINO DE DEUS.


A expectativa judaica do reino de Deus
Os judeus da Palestina e da Diáspora do primeiro século, enxergavam a história como
constituída por dois períodos distintos: a era presente e a era vindoura. A era presente havia
sido inaugurada com a rebelião de Adão no Éden contra o governo de Deus. A partir desse
momento toda a criação foi maculada pelos efeitos do pecado e, assim, o mal continuaria
florescendo no mundo até o advento da era vindoura.
Quando a era vindoura chegasse, nos últimos dias da história, Deus agiria com poder para
restaurar a criação e toda a humanidade para viverem novamente sob seu governo gracioso.
Ele salvaria a criação dos efeitos do pecado e da ação de maligna de Satanás.
Com base nesta crença havia uma expectativa generalizada de que Deus estava prestes a agir
— em amor e ira e com grande poder — para renovar sua criação e restaurar o seu reinado
sobre o mundo todo, esta série de eventos conforme descrito nas profecias de Daniel.
Mas até que Deus haja, como se deve viver na expectativa desse dia?
De que maneira a vinda do reino pode ser apressada e os odiados romanos, expulsos?
O que Deus exige de seu povo?
Na aula anterior, examinamos quatro respostas bem conhecidas a essas perguntas:
 Os zelotes promoviam a revolução, a luta armada contra os dominadores romanos
 Os saduceus faziam concessões às autoridades romanas
 Os fariseus ensinavam uma separação cultural e religiosa radical
 Os essênios defendiam a reclusão completa
Quatro abordagens diferentes — e, ainda assim, elas estão ligadas por uma aversão comum aos
gentios, um profundo ódio ou ao menos cautela para os que estão fora da aliança.
Por sua vez, Jesus se recusa a adotar quaisquer uma dessas perspectivas. Seu caminho é
espantosamente diferente: é o caminho do amor e do sofrimento, “amor aos inimigos em vez

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 3


de sua destruição; perdão incondicional em vez de retaliação; prontidão a sofrer em vez de uso
da força; bênção para pacificadores em vez hinos de ódio e vingança”.
Jesus se prepara para a sua missão do reino: seus primeiros anos, seu batismo e
sua tentação.
Cada autor Evangélico se propõe a narrar a história da vida e ministério de Jesus conectada a
uma história mais ampla e dirigida a um público específico.
Mateus se volta ao público judaico, apresentando o ministério de Jesus conectado com a
história de Israel iniciada em Abraão, para este autor, Jesus entra na história humana a fim de
concluir a história de Israel. Mateus escreveu principalmente para um público judaico,
apresentando Jesus de Nazaré como o Messias esperado e o legítimo rei de Israel.
Marcos, começa a história de Jesus com o ministério de João Batista, para nos lembrar das
profecias do Antigo Testamento a respeito do precursor que deve preparar o caminho para o
Messias vindouro. Marcos tinha como alvo o público gentio, especialmente o romano. Marcos
é um evangelho de ação.
Lucas parte de Adão até Cristo, para mostrar que a boa notícia a respeito de Jesus tem
significado para toda a humanidade. Teve como alvo o público gentio, especialmente o de
cultura grega.
João inicia o relato numa época antes da criação: Jesus é a Palavra eterna e incriada, presente
com Deus desde o princípio.
O nascimento de Jesus é a encarnação de Deus na história humana. Seu nascimento é
miraculoso: ele é gerado pelo poder do Espírito Santo no ventre da virgem Maria (Mt 1.18-23;
Lc 1.26-35). Jose marido de Maria sendo seu pai legal, assim, Jesus nasce na linhagem de Davi
e até mesmo tem o mesmo lugar de nascimento: Belém.
O anúncio de seu nascimento é feito a pastores marginalizados: “Estou lhes trazendo boas-
novas de grande alegria! Essas são boas-novas para todo o povo! Hoje nasceu um Rei-Salvador.
Ele é o tão aguardado Messias, o Senhor!” (Lc 2.10,11, paráfrase dos autores).
Ele é circuncidado com oito dias de idade, um sinal do ingresso na comunidade da aliança.
Quando de sua circuncisão, Ana e Simeão — parte do remanescente piedoso de Israel que
aguardava esperançoso — testemunham que o bebê é o cumprimento das profecias de Isaías
que prometem a salvação a judeus e gentios (Lc 2.29-32,38).
Jesus cresce em Nazaré com seus irmãos e irmãs, adota o ofício de seu pai, carpintaria.
A missão pública de Jesus começa em conexão com a do seu primo João Batista (Mc 1.1-8),
que profetiza no deserto da Judéia, trazendo uma mensagem de Deus: o reino está próximo.
O reino será inaugurado por “Aquele que vem” e que traz salvação e juízo. Para o profeta reino
de Deus está tão próximo, que a pá que separa o trigo (piedoso) da palha (ímpia) já está nas
mãos do próprio Messias (Lc 3.9,17). A própria tarefa de João é, segundo Isaías, preparar o
caminho para o rei vindouro, preparando o povo para recebê-lo (Is 40.3-5; cf. Ml 3.1; 4.5,6).
A mensagem de João é esta: todos precisam se arrepender — abandonar o seu pecado — se
voltar para Deus, em busca da salvação prometida — e receber o batismo com água.
João batiza no rio Jordão e isto tem significado simbólico, porque foi ali que Israel entrou na
Terra Prometida para se tornar a luz de Deus para as nações.

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 4


A escolha desse lugar simboliza um novo começo para Israel, uma nova convocação de Deus
para cumprir uma tarefa que há muito negligenciada.
O batismo é um símbolo da purificação dos pecados. Neste ato o povo de Deus está
simbolicamente atravessando o Jordão mais uma vez, entrando na terra, purificado e pronto
para assumir novamente a sua tarefa.
Jesus aparece entre as multidões dos que vieram ser batizados por João (Mc 1.9-11). Embora
ele não necessite ser purificado dos pecados, deste modo, se identifica com a nação, assumindo
sobre si mesmo a missão de se tornar o instrumento da salvação para as nações (Mt 3.14,15).
Enquanto ele está sendo batizado na água, o Espírito desce visivelmente sobre ele para ungi-
lo para o seu ministério. O Pai declara: “Tu és o meu Filho amado” (Mc 1.11). Essas palavras do
Pai afirmam que Jesus é o rei ungido de Israel, e está presente para inaugurar o reino de Deus.
O Espírito vai capacitá-lo para realizar a obra divina de salvação.
Após o batismo, o Espírito conduz Jesus ao deserto para um confronto com Satanás (Mt 4.1-
11; Mc 1.12,13). Essa é uma história de batalha espiritual, que não tem nada a haver com a
busca por santidade pessoal. Para entendermos o significado deste confronto com satanás,
precisamos nos lembrar das diferentes perspectivas no Israel do século I, a respeito de como o
reino de Deus deveria vir, pois a tentação de Jesus trata deste assunto.
Satanás mostra a Jesus três caminhos que ele poderia tomar como o Messias:
(1) o caminho do populismo, da fama; (2) o caminho do operador de milagres; e (3) o caminho
do revolucionário violento.
Caso tomasse o primeiro caminho, transformando pedras em pão, Jesus poderia usar esse
poder para se tornar um messias populista. Que poderia satisfazer a necessidade do povo por
alimento, apresentando-se como o líder de uma revolução popular. As pessoas certamente
exigiriam que um provedor desse tipo fosse o seu rei.
Outra possibilidade é que Jesus poderia se tornar um operador de milagres messiânico,
jogando-se da parede do templo e forçando Deus a agir de modo espetacular para salvá-lo. As
pessoas ficariam perplexas e seguiriam Jesus em tudo que fizesse e dissesse, compelidas pelo
puro sentimento de estupefação.
Ou ainda, Jesus poderia se tornar um messias político no estilo dos zelotes, usando a violência
e a coerção como um atalho militarista ao trono. Nesta opção Jesus adotaria o programa de
domínio de Satanás e se prostraria diante dele.
Jesus vê que todos esses caminhos na verdade começam com Satanás, e ele se recusa a alterar
sua própria missão para se conformar às expectativas populares acerca de como o messias de
Deus deveria ser.
Em vez disso, ele escolhe o caminho difícil para o reino: a estrada do serviço humilde, do amor
doador e do sofrimento sacrificial. O caminho de Jesus é o caminho da cruz. Capacitado e
guiado pelo Espírito Santo, e resoluto em seu senso de chamado como o Messias, Jesus está
pronto para iniciar a missão que recebera do Pai.
Jesus inicia sua missão do reino na Galileia

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 5


A missão de Jesus começa de modo humilde. Ela procura João Batista para ser por ele batizado
no rio Jordão. Após este evento, ele é conduzido ao deserto pelo Espírito Santo batismo para
ser tentado.
Ele vai de lugar a lugar na província ao norte da Palestina chamada Galileia, muitas vezes perto
da cidade de Cafarnaum. Em suas palavras e ações, ele anuncia o reino de Deus e começa a
reunir um grupo de seguidores, o núcleo de uma comunidade do reino.
O ensino e as ações de Jesus despontam com tal autoridade que logo uma grande multidão
começa a se formar e a segui-lo em suas viagens. Mas nem todos os que vêm a Jesus gostam
do que ouvem: a oposição contra ele aumenta entre os líderes dos judeus; até mesmo alguns
de seus próprios seguidores o abandonam (Jo 6.66).

JESUS ANUNCIA A CHEGADA DO REINO


Enquanto João Batista enfatizava o juízo de Deus contra o pecado e a necessidade de
arrependimento em preparação para a vinda do reino, Jesus proclama a boa notícia: o reino
de Deus chegou (Mc 1.14,15).
A boa notícia poderia ser acerca de: um casamento, o nascimento de um filho, uma vitória
militar ou, uma entronização iniciando uma nova era de paz.
Jesus anuncia a boa notícia de que o poder de Deus para salvar sua criação chegou. Deus entrou
na história humana com amor e poder para libertar, para curar e para renovar o mundo todo
por meio de Jesus e pelo seu Espírito, para restaurar toda a criação e toda a vida humana.
Há uma imagem no livro de Isaías (52.7-12) que se tornou tão preciosa para os judeus afligidos
da Palestina do século I que eles a reconhecem instantaneamente.
7 Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir
a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!
8 Eis o grito dos teus atalaias! Eles erguem a voz, juntamente exultam; porque com seus
próprios olhos distintamente veem o retorno do SENHOR a Sião. 9 Rompei em júbilo,
exultai à uma, ó ruínas de Jerusalém; porque o SENHOR consolou o seu povo, remiu a
Jerusalém. 10 O SENHOR desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações; e todos
os confins da terra verão a salvação do nosso Deus. 11 Retirai-vos, retirai-vos, saí de lá,
não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, vós que levais os utensílios do
SENHOR. 12 Porquanto não saireis apressadamente, nem vos ireis fugindo; porque o
SENHOR irá adiante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.
E agora, centenas de anos após o fim do Exílio na Babilônia, as palavras presas em um antigo
pergaminho do profeta estão soando novamente nos ouvidos dos judeus, pois o arauto de
Isaías chegou, João Batista, a voz que clama no deserto. Embora anuncie palavras familiares
do pergaminho, ele fala com autoridade.
Seu nome é Jesus e ele anuncia em sua própria voz, com ousadia e autoridade: “Deus está
voltando para governar!”.
Essa é uma mensagem que todas as pessoas precisam ouvir e exige uma resposta. Jesus chama
aqueles que o ouvem pela primeira vez a “se arrepender e crer” e em seguida simplesmente
diz: “Sigam-me” (Mc 1.15-17).

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 6


Em seguida Jesus chama os que se arrependeram e creram a “segui-lo”. Ao escolher essas
palavras, Jesus faz um convite que é familiar aos seus ouvintes judeus: “Venham. Juntem-se a
mim. Aprendam de mim. Abandonem o seu próprio modo de vida. Façam o que eu faço.
Aprendam a viver como eu vivo”.
Pois Jesus é muito mais do que um rabino: ele é Senhor e Cristo. A vida daqueles que optam
por ouvir e seguir a Jesus não deve se concentrar na Torá, mas no próprio Jesus. Seus
discípulos devem ser leais e devotados totalmente a ele: a lealdade ao reino de Deus se expressa
na lealdade a Jesus.
Simão e André, seguidos por Tiago e João, são os primeiros a responder ao chamado
surpreendente de Jesus à sua vida. Com esses quatro discípulos, Jesus começa a se formar uma
comunidade do reino (Mc 1.16-20).

JESUS REVELA O REINO POR MEIO DE SUAS OBRAS PODEROSAS


A reivindicação que Jesus faz de ser o Messias do reino de Deus logo é autenticada por uma
série de atos extraordinários, que revelam o poder salvador de Deus operando nele.
As pessoas testemunham milagres de cura, expulsão de demônios, as forças da natureza sendo
subjugados à vontade dele, a própria morte se desfazendo e defuntos voltando à vida (Mc 1.21-
34,40-45).
Embora existissem operadores de milagres e exorcistas na época de Jesus, a abrangência e o
poder absolutos dos feitos dele anunciam que algo inédito, um novo poder, está irrompendo
na história.
Quando os discípulos de João Batista chegam diante de Jesus e perguntam se ele realmente é
o Messias, Jesus envia de volta uma resposta gentil. Ele mostra tudo o que tem feito. “Voltem
e digam a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os paralíticos andam, os leprosos
são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas-novas são pregadas aos
pobres” (Lc 7.22).
Isso é evidência de que o poder de cura do reino de Deus se fez presente na terra e confirma o
papel de Jesus como o rei ungido de Deus.
Assim, quando os fariseus mais tarde acusam Jesus de fazer essas coisas pelo poder de Satanás,
Jesus faz uma repreensão contundente: “se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios,
então o reino de Deus chegou a vocês” (Lc 11.20).
Não surpreende que o primeiro milagre relatado em Marcos seja a expulsão de um espírito
maligno (Mc 1.21-28). Jesus veio para destruir a obra do diabo (1Jo 3.8).
Todos os “feitos de poder” de Jesus (Mc 6.2,5) de fato são evidências inconfundíveis do poder
libertador de Deus operando por meio dele. Quando, Jesus cura o cego (Lc 18.35-43), o
paralítico (Mc 2.1-12), o mudo e surdo (7.31-36) e os leprosos, pessoas com alguma
enfermidade de pele (Lc 17.11-19), as pessoas veem o poder de cura e renovação divina fluindo
para dentro da história humana para acabar com o reinado de enfermidade e dor.
Quando Jesus acalma o mar (Mc 4.35-41), alimenta os famintos (8.1-10) e prepara uma pesca
maravilhosa para pescadores exaustos (Lc 5.1-11), ele demonstra o poder de Deus para renovar
e restaurar uma criação amaldiçoada.

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 7


Quando Jesus ressuscita Lázaro (Jo 11), o filho da viúva (Lc 7.11-17) e a filha de Jairo (Mc 5.21-
43), as pessoas veem o poder de Deus derrotando até mesmo a morte. Jesus não somente exibe
o poder de Deus para libertar a humanidade dos estragos causados pelo mal, pelo sofrimento
e pela morte; ele também mostra Deus operando para curar toda a criação.
Esses milagres são como janelas pelas quais se pode vislumbrar um cosmo renovado, do qual
Satanás e seus demônios foram expulsos. Doença e dor não devem mais existir, a própria morte
será destruída para sempre e a criação restaurada à sua beleza e harmonia originais. Nenhum
vestígio do pecado ou dos efeitos deste afetarão a nova criação de Deus.

AS FONTES DO PODER DE JESUS SÃO O ESPÍRITO SANTO E A ORAÇÃO


Após um dia exaustivo curando pessoas e expulsando demônios, bem cedo na manhã seguinte
Jesus encontra um lugar solitário para orar (Mc 1.35). Lucas nos informa que Jesus
“frequentemente” se retira para orar e, às vezes, ora a noite toda (Lc 5.16; 6.12). Esses relatos
de oração nos levam ao âmago do ministério de Jesus e ao segredo de seu poder: um
relacionamento intensamente íntimo com Deus, como de um filho com seu pai, e a atuação do
Espírito Santo em Jesus e por meio dele.
Jesus executa sua missão em comunhão íntima com Deus, dirigindo-se a ele como Abba, “Pai”
(Mc 14.36; Jo 17.1-3). Abba é um termo aramaico, uma palavra da vida familiar usada para
expressar a intimidade especial que pode existir entre membros próximos da família. “Pai” era
somente um dos vários títulos pelos quais Israel conhecia Deus, e era extremamente incomum
que judeus se dirigissem a ele com termos tão íntimos. Sua reverência profunda, normalmente,
não permitia tal familiaridade com o SENHOR, o Criador do céu e da terra, o Senhor dos
exércitos celestiais, o Rei divino de Israel.
Assim, chama particularmente a atenção que, quando Jesus se relaciona com Deus, essa
linguagem muito íntima, como a usada entre um pai querido e seu filho amado, se torna o
termo principal para se referir a Deus.
O Pai responde ao seu Filho muito amado por meio da obra poderosa de seu Espírito. De fato,
o reino vem à medida que o Espírito opera em resposta à oração. Na missão de Jesus, a oração
é “o meio pelo qual os homens se sujeitam ao poder e influência do Espírito”. O Espírito está
operando em Jesus e por meio dele já desde os primórdios
de sua vida. Ele é concebido no ventre de Maria pelo poder do Espírito. No batismo de Jesus,
o Espírito é derramado sobre ele, e Jesus logo anuncia na sinagoga em Nazaré que o Espírito
está sobre ele para capacitá-lo para a sua missão (Lc 4.18,19). Jesus realiza a sua missão no
poder do Espírito Santo (At 10.38). Ele contraria a suspeita dos fariseus de que o poder
operando nele poderia ser demoníaco: “se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios,
então o reino de Deus chegou a vós” (Mt 12.28).
Onde o Espírito Santo está operando, ali o reino de Deus chegou. James Dunn faz a afirmação
notável de que “não é tanto o caso de onde Jesus está, ali está o reino, quanto de onde o Espírito
está, ali está o reino”. Jesus mantém uma comunhão íntima com o Pai em oração e isso libera
o poder do Espírito para curar e renovar.

Aula 12 – A Redenção realizada (parte 1) 8

Você também pode gostar