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ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

Aula 14 – Ato 4 – A Vinda do Rei: Redenção realizada


ROTEIRO
Abordamos essa visão panorâmica da Bíblia como um drama dividido em seis Atos
Ato 1: Deus estabelece o seu reino: Criação
Ato 2: Rebelião no reino: Queda
Ato 3: O Rei escolhe Israel: A redenção é iniciada
Ato 4: A vinda do Rei: Redenção realizada
Ato 5: Propagando a notícia do Rei: A missão da Igreja
Ato 6: A volta do Rei: Redenção concluída.

No penúltimo episódio do Ato 4, vamos estudar três movimentos realizados por Jesus no final do seu
ministério. São eles, a viajem com os discípulos para as regiões gentílicas ao norte da Galiléia, a última
viajem para Jerusalém e a conclusão em Jerusalém da missão do Reino.
1º MOVIMENTO – JESUS VIAJA PARA TERRITÓRIO GENTÍLICO
A primeira fase do seu ministério público durou cerca de dois anos e ocorreu ao redor da cidade de
Cafarnaum. Neste período, Ele ensinou sobre a chegada do reino de Deus por meio de parábolas, os
Evangelhos registram quarenta delas, e a realização de muitos milagres e da expulsão de demônios.
Então, um grande número de seguidores é atraído por seu ministério. Entretanto, ao final desta fase, surgem
os seguintes problemas:
1. Os líderes judaicos se opõem à Jesus, uma vez que o movimento do reino não atende à suas expectativas.
2. Uma parte dos seguidores desenvolve uma compreensão equivocada de sua missão e deseja que Ele os
lidere como um messias político e militar, ao passo que outra parte dos seguidores fica desiludida com seu
ensino e se une à oposição a Jesus.
3. O rei Herodes também passa a enxergae m Jesus uma ameaça ao seu trono.
Esta combinação de entendimento equivocado da sua missão, acrescida a oposição conjunta dos líderes
judaicos e do rei Herodes, levam Jesus a buscar refúgio nas regiões gentílicas circunvizinhas.
Os fariseus davam muita importância aos rituais de purificação, em especial, a aqueles os relacionados ao
alimentos “puros” e “impuros”. Separação era o lema dos fariseus, eles utilizavam esta noção para decidir
quem era judeus piedoso ou não. A aplicação da Torá aos gentios era ainda mais implacável, até mesmo a
terra em que ocupavam era impura. Por isso, um judeu justo que passasse por este território devia se submeter
a um ritual específico de purificação (João 11.55; Lucas 9.5).
Marcos registra uma discussão entre Jesus e os fariseus acerca da pureza e da impureza (Marcos 7.1-23), em
que Jesus mostra a perversão introduzida pela tradição dos anciãos na aplicação das leis cerimoniais da torá,
sintetizada no versículo 15.
“Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é
o que o contamina” (Marcos 7.15)
A discussão serve de prefácio a narrativa da viajem para as regiões gentílicas:
“Levantando-se, partiu dali para as terras de Tiro e Sidom ...” (Marcos 7.24)
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Figura 1- Palestina no século I


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Ele prossegue com sua missão, nas regiões gentílicas expelindo demônios (Marcos 7.24-30), realizando curas
(Marcos 7.32-35) e alimentando quatro mil pessoas, na segunda multiplicação dos pães (Mateus 15.32-39;
Marcos 8.1-10).
Porém, Jesus cada vez mais se concentra na instrução ao grupo de discípulos mais próximos para que possam
continuar sua obra, após a sua partida.
Quem é Jesus? Filho de Davi, o Messias (o Cristo), Filho do homem
Durante o ministério de Jesus surge uma questão crucial para aqueles que testemunharam ou que ouviram
acerca dos seus feitos: quem é este?
O próprio Jesus se identificava como o Filho do homem. A expressão aparece 80 vezes nos Evangelhos
(Mateus=29; Marcos=13; Lucas=26; e João=12. E, 4 vezes nos demais livros do Novo Testamento (Atos=1;
Hebreus=1; e Apocalipse=2).
Ao assim se identificar Jesus se conectava diretamente com o texto do profeta Daniel (7.13-14), que mostra
o Filho do homem como um ser celestial que recebe do Deus Pai o direito de reinar sobre todas as nações.
“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um
como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.
Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as
línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais
será destruído.”
Por outro lado, Jesus ao aplicar esta expressão a si mesmo mostra que o Filho de Deus era então totalmente
humano, tendo-se “tornado carne” (2 Samuel 7.12-16; João 1:14), tendo “procedido duma mulher” por ter
sido concebido pela virgem judia Maria e ter nascido dela (Gênesis 3.15).
Por sua vez, os rabinos judeus aplicavam corretamente estas passagens ao Messias que traria o reino de Deus,
na era vindoura.
Há nos Evangelhos registro de diversos personagens inquirindo sobre identidade de Jesus, como por
exemplo, Joao Batista (Mateus 11.2), Herodes Antipas (Marcos 6.16), o Sumo sacerdote (Mateus 26.63;
Marcos 14.61), os judeus no templo (João 8.25), os escribas e fariseus (Lucas 5.17) e certamente os discípulos
mais próximos (Mateus 8.23-27).
Estando com Ele os discípulos em Cesareia de Felipe, os inquire:
Quem diz o povo ser o Filho do homem? (Mateus 16.13-14)
“E eles responderam: Uns dizem: ser João Batista; outros Elias, e outros Jeremias ou algum dos profetas”.
Ao ouvir a resposta pergunta aos discípulos a respeito de sua identidade. Então, Pedro em nome dos apóstolos
confessa acertadamente:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.15-16; Marcos 8.29).
O título Cristo em grego é o mesmo que Messias em hebraico, que significa ungido. Na época do velho
testamento pessoa eram ungidas para investidura em um ofício especial, como o de sacerdote (Arão e os
sumo sacerdotes posteriores), de profeta (Eliseu) e de rei (Saul e Davi). Durante este período, o título de
messias/cristo (o ungido) era usado profeticamente para se referir a aquele a que seira designado para
restaurar Israel e instaurar o reino de Deus.
Como já foi dito, a compreensão do messias/cristo como o servo sofredor estava fora de cogitação do povo
judeu. O papel esperado para ele era o de líder político e militar, a exemplo de Judas Macabeu.
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Jesus aceita a confissão de Pedro, porém ordena aos discípulos que não revelem sua identidade ao povo. Pois,
apesar, de ser esperado que o Messias/Cristo deveria pertencer à linhagem real de Davi, não se cogitava que
devesse sofrer a humilhação da crucificação (Salmo 2).
Por isso, em diversas ocasiões Jesus é chamado de “Filho de Davi”, conforme registrado em passagens de
Mateus (9.27; 12.23; 15.22; 20.30; 21.9; 21.15), Marcos (10.47, 48; 12.35) e Lucas (18.39, 39; 20.41).
O próprio Pedro pouco depois da confissão repreende a Jesus quando ele anuncia tal fato (Mt.16.21-23).
A transfiguração de Jesus
Por fim, a verdadeira identidade de Jesus é revelada aos discípulos mais íntimos (Pedro, Tiago e João) que
testemunham, num alto monte, talvez o monte Hermon a nordeste de Cesareia de Felipe, a transfiguração de
Jesus. O evento é registrado nos três evangelhos sinóticos (Mateus 17.1-5; Marcos 9.2-8; e Lucas 9.28-35).
2º MOVIMENTO – JESUS VIAJA PARA JERUSALÉM
Jesus parte com os discípulos para Jerusalém onde ocorrerá o confronto final entre o reino de Deus e os
poderes das trevas, os quais estão por trás da oposição ao seu anúncio da chegada do reino.
Pedro e os outros discípulos ainda não entendem plenamente que Jesus precisa ir à cruz. Entretanto, à medida
em que eles caminham Jesus continua ensinando-os. Agora o seu ensino gira em torno de dois temas:
I) – a necessidade de o Filho do homem sofrer nas mãos dos gentios (Lucas 18.31-34); e
II) – o preço de segui-lo, de ser seu discípulo (Mateus 16.24; Marcos 8.34; e Lucas 9.23).
O caminho da Cruz
No começo da sua última viagem para Jerusalém, Jesus os instrui:
I) – sobre a necessidade de sofrer, ser rejeitado, traído e morto (Lucas 9.22,44).
II) – ser necessário passar por mais um “batismo” e da angústia até que isto se cumpra (Lucas 12.49).
III) – Afirma que um profeta deve morrer em Jerusalém (Lucas 13.33).
IV) – Responde à ameaça de morte feita por Herodes (Lucas 13.31-32).
Durante a viagem, discute com eles sobre a vinda do reino de Deus mostrando o que está posto diante deles:
“Tomando consigo os doze, disse-lhes Jesus: Eis que subimos para Jerusalém, e vai cumprir-se ali tudo
quanto está escrito por intermédio dos profetas, no tocante ao Filho do Homem; pois será ele entregue aos
gentios, escarnecido, ultrajado e cuspido; e, depois de o açoitarem, tirar-lhe-ão a vida; mas, ao terceiro dia,
ressuscitará. (Lucas 17.25; 18.31-33).
Apesar da ênfase do ensino, os discípulos não conseguem entender o significado claro das palavras de Jesus,
pois este lhes está oculto (Lucas 18.34).
Enquanto isto, em Jerusalém o cenário da batalha final entre o reino de Deus e os poderes do mal está armado.
Muitos em Israel, inclusive entre seus seguidores, esperam uma batalha militar decisiva entre o exército de
Deus composto de judeus piedosos e o exército dos gentios pagãos, que se opõem à vontade de Deus.
Todavia, esta não é a batalha para a qual Jesus está se preparando. Em vez disso, ele está prestes a receber
sobre si toda a força do mal cósmico e, deste modo esvaziar o poder do maligno. A batalha será vencida
permitindo ser morto na cruz, ao invés de matar o inimigo romano.
Discipulado no caminho da Cruz
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Os discípulos ainda não entendem a missão de amor e sofrimento de Jesus. Ele descreve o discipulado como
um “caminho” a ser seguido, uma jornada. Os discípulos estão – de fato – no caminho para Jerusalém, e ao
mesmo tempo o caminho do discipulado está sendo ensinado a eles. Mas cada “caminho” tem como seu
destino amor sofredor e rejeição.
Visto que a narrativa da jornada é pontuada com esses lembretes do que aguarda Jesus em Jerusalém, a
jornada em si é retratada com as cores sombrias da paixão.
Torna-se difícil, então, interpretar as exigências do discipulado ou a hostilidade com que Jesus depara sem
referência ao significado associado a elas pela sua localização na jornada para a morte. Assim, a jornada […]
tem um aspecto pedagógico, pois ela exorta os seguidores de Jesus a aceitarem a conexão entre rejeição e
missão divina.⁴
A última jornada em si ensina aos discípulos que seguir a Jesus significa andar no caminho da cruz.
“Se alguém quiser vir após mim”, Jesus diz, “precisa negar-se a si mesmo, tomar diariamente
a sua cruz e me seguir” (Lucas 9.23; 14.27).
A decisão de segui-lo acarreta consequências graves.
“Pois quem quiser salvar a sua vida, este a perderá; mas quem perder sua vida por mim, este
a salvará” (Lucas 9.24).
Os discípulos são comparados a trabalhadores da colheita, enviados para ajudar Jesus a fazer a colheita. Sua
missão, como a de Jesus, é combater os poderes das trevas por meio de suas palavras e ações.
“Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: A vós outros está próximo o reino de
Deus” (Lucas 10.9)
Os discípulos precisam amar a Deus com todo o seu ser e amar seu próximo como a si mesmos
(Deuteronômio 6.5; Levítico 19.18b; Lucas 10.25-37).
Amar o Deus de Israel significa amá-lo como criador de tudo e descobrir como próximos aqueles que estão
além das fronteiras étnicas e geográficas do povo escolhido”.
3º MOVIMENTO – JESUS CONCLUI A MISSÃO DO REINO EM JERUSALÉM
Finalmente, Jesus chega a Jerusalém, onde seus últimos dias são ocupados com a hostilidade crescente dos
líderes judeus e com o seu ensino sobre juízo.
Ali Jesus realiza três ações surpreendentes para retratar simbolicamente a natureza do reino vindouro:
I) – entrada triunfal em Jerusalém; II) – purifica o Templo; e III) – celebra com os discípulos a sua última
Páscoa institui a nova Aliança em seu sangue.
I) – entrada triunfal em Jerusalém
A entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumento fala mais alto do que quaisquer palavras: “Deus
está voltando a Jerusalém para se tornar rei sobre Israel e sobre as nações. Jesus está reivindicando o trono
de Davi”. Esse acontecimento é encontrado em todos os Evangelhos (Mateus 21.1-11; Marcos 11.1-11; Lucas
19.28-40; João 12.12-19) e interpretado à luz de Zacarias 9.9-12.
“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e
salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta. Destruirei os
carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém, e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará
paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades
da terra”. Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança, tirei os teus cativos da cova
em que não havia água. Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também, hoje, vos anuncio
que tudo vos restituirei em dobro”.
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Conforme dito antes, Judas Macabeu entrou em Jerusalém cavalgando, cerca de um século e meio antes,
após as vitórias contra os exércitos selêucidas, sob gritos alegres de exaltação dos residentes da cidade santa.
O seu primeiro ato foi a purificação do templo profanado pelo rei grego Antíoco IV Epifânio. No entanto, o
reino mundial que Israel esperava não se materializou com Judas Macabeu.
E, os judeus passaram a esperar que um outro rei estabelecesse o reino universal prometido a Davi e aos
profetas, um rei que seguiria os passos de Judas Macabeu e verdadeiramente cumpriria as profecias de
Zacarias. Outros “reis” haviam vindo e seguindo Judas Macabeu nessa prática, reivindicando o trono de
Israel. Mas nenhum deles havia trazido consigo o reino de Deus.
Nesse cenário, a reivindicação de Jesus ao reinado de Davi não pode ser mais clara. Ele encena a mesma
entrada em Jerusalém, vindo como Messias para reivindicar o trono de Israel, para trazer o reino que Judas
Macabeu não conseguiu trazer. As multidões em Jerusalém entendem essa ação e saúdam a chegada de Jesus
com gritos, boas-vindas e exaltação (de Salmo 118.26)
“Bendito seja o rei que vem em nome do SENHOR”. “Bendito é o reino que vem, o reino de
nosso pai Davi!” (Marcos 11.10; Lucas 19.38).
No entanto, a multidão e nem tampouco os discípulos (João 12.16) entendem que tipo de rei Jesus é.
II) – purificação do Templo
Em sua segunda ação messiânica em Jerusalém, Jesus inflige juízo sobre o templo (Marcos 11.12-17). Visto
que sempre havia uma forte conexão entre religião e política no antigo Oriente Próximo, a entrada de um rei
vitorioso muitas vezes era seguida de algum tipo de ação no templo.
Na história dos Evangelhos, o templo de Jerusalém é o mais importante símbolo do judaísmo, o lugar em
que Deus habita entre o seu povo. Ali o sistema sacrificial permite que um Israel infiel conserte a ruptura
criada no relacionamento pactual pelo pecado.
Além disso, o templo está repleto de significado religioso, político, econômico e social; acima de tudo, ele é
o centro da esperança judaica do reino vindouro.
Do mesmo modo que Judas Macabeu uma vez purificou o templo, Israel acredita que Deus um dia voltará aí
para estabelecer o seu trono, e a partir desse lugar governará seu reino mundial (Malaquias 3.1). Quando
Deus retornar ao seu templo, ele virá em juízo inflamado (Malaquias 3.3,5). De acordo com a expectativa
judaica, esse juízo será dirigido contra os gentios pagãos e contra os judeus que fizeram concessões a práticas
pagãs. Deus irá “destruir os governadores iníquos” e “purgar Jerusalém de gentios que a pisoteiam para
destruí-la. […] Para despedaçar toda a sua substância com um cetro de ferro; para destruir as nações iníquas
com a palavra de sua boca” (Salmos de Salomão 17.21,24).
As multidões de Jerusalém estão esperando Jesus cumprir essas expectativas.
Em todo o seu ministério, Jesus ameaçou a nação infiel de Deus com o juízo deste; agora, durante o período
que passa em Jerusalém, seu ensino se concentra cada vez mais sobre esse tema (Mateus 21.28 – 25.46;
Marcos 12–13).
Quando vem em juízo contra o templo, Jesus representa simbolicamente tudo o que ele tem ameaçado.
A ação no templo é estruturada pela maldição que Jesus lança sobre a figueira infrutífera (Marcos 11.12-14,
20, 21), uma ação messiânica e profética que simboliza o juízo sobre uma nação infrutífera. Precisamente no
lugar que é o centro simbólico da nação, Jesus expulsa aqueles que estão vendendo animais para os sacrifícios
e derruba as mesas dos cambistas.
Assim, Jesus interrompe temporariamente as operações no templo, possivelmente pressagiando o fim
derradeiro do templo.
“Mas Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não
seja derribada” (Marcos 12.2)

As palavras de Jesus interpretam o seu ato. O templo deveria ser uma casa de oração para todas as nações
(Marcos 11.17), o lugar ao qual todas as pessoas virão para reconhecer o Deus de Israel (Isaías 56.7,8). Deus
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escolheu o povo de Israel para habitar entre as nações a fim de que todas as nações possam participar da
aliança com Deus. Mas o templo em que Jesus adentra agora funciona de uma maneira bem diferente,
apoiando uma causa separatista, isolando os israelitas dos outros povos. Além disso, a atitude incentivada no
templo é de violência e destruição: ele se tornou um “covil de salteadores” (Marcos 11.17).
O juízo sobre esse templo corrompido precisa ocorrer para que um novo “templo”, a vida ressurreta de Jesus
no povo renovado de Deus (cf. João 2.18-21), possa se tornar a luz para as nações. Por fim, cumprindo a
intenção divina.
Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras, para fazeres estas coisas?
Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.
Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em
três dias, o levantarás? Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo.
Quando vemos a purificação do templo feita por Jesus nesse contexto, fica claro porque os líderes judeus
começam a procurar um modo de matá-lo. Ele está não somente se opondo às suas estimadas esperanças e
aspirações e anunciando a destruição de seu símbolo mais estimado. Ele também está fazendo essas coisas
em nome do Senhor, seu Deus! Ele está agindo como se fosse o Messias escolhido de Deus.
Embora os fariseus, saduceus e herodianos (outro grupo que disputa a liderança de Israel) não consigam
concordar em nada mais, eles concordam com este fato: Jesus ameaça todo o seu modo de vida com sua
afirmação do reino vindouro. Por isso, esse homem precisa morrer!
Depois de sua entrada em Jerusalém e da purificação do templo, Jesus passa grande parte do restante da
semana em discussões acaloradas com os líderes judeus.
III) – Celebração da última Páscoa e instituição da nova Aliança em seu sangue.
Visto que é a semana da Páscoa, Jesus reúne seus discípulos para celebrarem a refeição da Páscoa juntos
(Mateus 26.17-30; Marcos 14.12-26; Lucas 22.7-23).Essa é a última e mais importante das três ações
simbólicas que Jesus realiza em Jerusalém, na refeição pascal Ele dramatiza o acontecimento culminante da
sua missão do reino.
Na noite da Páscoa, Jesus instrui que seus discípulos preparem a refeição da Páscoa, a refeição ritual que
iniciou como uma celebração da redenção de Israel do Egito na época de Moisés (Êxodo 12).
Para os judeus do primeiro século, refeição pascal também simbolizava o “novo êxodo” vindouro pelo qual
o reino de Deus virá. Relembrando a vitória passada de Deus sobre os egípcios, os judeus do primeiro século
celebravam a pascoa na esperança de que logo Deus faça algo semelhante em sua própria época.
O reino vindouro de Deus, uma nova aliança, o perdão dos pecados, seu retorno do Exílio – todas essas
expressões manifestam a esperança de Israel para o que Deus fará no auge da história de sua nação.
E essa refeição da Páscoa relatada nos Evangelhos antevê esse momento. Mas Jesus toma essa refeição e lhe
dá um novo significado. Em suas ações e palavras, ele afirma que o reino pelo qual anseiam está irrompendo
sobre eles agora. O clímax da história de Israel será a sua própria morte: “A refeição, centralizada nas ações
de Jesus com o pão e o cálice, contava a história da Páscoa e a própria história de Jesus, e teceu essas duas
histórias em uma só”.
Na tradição da Páscoa, o chefe da casa interpreta os acontecimentos do Êxodo e o seu significado para a
época presente. Jesus, assim, explica com palavras simples (mas surpreendentes) o novo significado do pão
e do vinho.
Ele toma o pão, dizendo: “isto é o meu corpo” (Marcos 14.22).
Jesus está prestes a morrer, e essa morte significará vida para o seu povo. Do mesmo modo que o pão da
Páscoa sempre foi um lembrete da redenção de Israel do Egito, assim a morte de Jesus se tornará o meio da
redenção suprema de Israel.
O cálice também adquire um novo significado: “Isto é o meu sangue da aliança” (Marcos 14.24). Em sua
morte, Jesus trará a nova aliança, o perdão de pecados, o reino de Deus pelo qual Israel anseia.
Moisés aspergiu sangue sobre o povo de Israel e confirmou a aliança do Sinai com estas palavras:
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“Este é o sangue da aliança” (Êxodo 24.8).


Decorridos 1000 anos depois de Moisés, Zacarias profetizou que por meio de uma vitória messiânica, Deus
libertaria Israel do Exílio e renovaria sua aliança com a nação.
“Quanto a você, por causa do sangue da minha aliança com você, libertarei os seus
prisioneiros de um poço sem água” (Zacarias 9.11).
Pelo “sangue da aliança”, o Exílio terminaria e o reino de Deus viria. Jesus identifica o “sangue da aliança”
com o seu próprio sangue, o qual logo será derramado na cruz. Revelando que é por meio de sua morte que
o reino de Deus virá.

Prossegue na próxima aula.

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