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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CAMPUS GOIÂNIA
GERÊNCIA EDUCACIONAL DA ÁREA TECNOLÓGICA III
AULAS REMOTAS - 2020
SEMANA 2
GOIÂNIA
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2. INTRODUÇÃO.
C
omo percebemos a
cidade e as suas partes
constituintes? Foi
partindo dessa premissa que Kevin
Lynch, um dos grandes autores do
Urbanismo, escreveu uma das
obras mais famosas e mais
influentes: A Imagem da Cidade.
Nela, ele destaca a maneira como
compreendemos a urbe e as suas
partes integrantes, baseado em um Figura 1 – Cidade de Paris. Foto de Fenners, 1984
Fonte: site Urbanidades
extenso estudo em três cidades norte-
americanas, no qual pessoas eram questionadas sobre sua percepção da cidade, como
estruturavam a imagem que tinham dela e como se localizavam.
Lynch identificou, como principal conclusão, que os elementos que as pessoas utilizam
para estruturar sua imagem da cidade podem ser agrupados em cinco grande tipos:
caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos.
Concluiu também que essa percepção é feita aos poucos, já que é impossível apreender
toda a cidade de uma só vez. Portanto, o tempo é um elemento essencial. Além disso,
verificou que nada é experimentado individualmente, e sim em relação a seu entorno.
Elementos semelhantes, porém localizados em contextos diferentes, adquirem
significados também diferentes.
Cada cidadão tem determinadas associações com partes da cidade, e a imagem que ele
faz delas está impregnada de memórias e significados. Portanto, nem tudo pode ser
generalizado, apesar da aparente “universalidade” dos 5 elementos identificados por
Lynch.
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“Uma cidade com imageabilidade (aparente, legível, ou visível), nesse sentido, seria
bem formada, distinta, memorável; convidaria os olhos e ouvidos a uma maior atenção
e participação”. (LYNCH, 1960, p. 10 in SABOYA, 2008).
Quando os principais
caminhos não apresentam
identidade, a imagem global
da cidade é prejudicada. As
esquinas são pontos
importantes na estrutura da
cidade, já que representam
uma decisão, uma escolha.
Nesses pontos a atenção do
observador tende a ser
Figura 4 – Avenida Ipiranga com São João – São Paulo – SP.
Foto: Lucas Lima - Fonte: site Skyscraperscity redobrada, e por isso
elementos posicionados junto a essas intersecções tendem a ser mais facilmente notados
e utilizados como referenciais.
Limites (edges) são
elementos lineares
constituídos pelas bordas de
duas regiões distintas,
configurando quebras
lineares na continuidade. Os
limites mais fortemente
percebidos são aqueles não
Figura 5 – Rio Pinheiros – São Paulo – SP. Foto: Wanderley
Celestino - Fonte: site Planeta Sustentável apenas proeminentes
visualmente, mas também contínuos na sua forma e sem permeabilidade à circulação.
Podem ser considerados como barreiras (rios, estradas, viadutos, etc.) ou como
elementos de ligação (praças lineares, ruas de pedestres, etc.). Podem ter qualidades
direcionais, assim como os caminhos. Ao longo de um rio, por exemplo, sempre tem-se
a noção de que direção se está percorrendo, uma vez que o lado do rio fornece essa
orientação.
Outra característica dos limites é que eles podem ter um efeito de segregação nas
cidades. Limites numerosos e que atuam mais como barreiras do que como elementos de
ligação acabam separando excessivamente as partes da cidade, e prejudicando uma visão
do todo.
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Bairros (districts): Na
concepção de Lynch, bairros
são “partes razoavelmente
grandes da cidade na qual o
observador “entra”, e que
são percebidas como
possuindo alguma
característica comum,
identificadora”. (LYNCH,
Figura 6 – Boston – Beacon Hill. Foto: David Paul Ohmer;
1960, p. 66 in SABOYA, Stephan Segraves; Paul Keheler. - Fonte: site Urbanidades
2008).
Nesse ponto, é importante esclarecer que a tradução para bairros, ou mesmo para
distritos, pode gerar confusão. O conceito de Lynch refere-se a uma área percebida como
relativamente homogênea em relação ao resto da cidade ou, ao menos, como possuindo
uma certa característica em comum que permite
diferenciá-la do resto do tecido urbano. É,
portanto, um critério visual, perceptivo, ao
contrário do critério administrativo que define o
conceito tradicional de bairro no Brasil. As
considerações a seguir referem-se ao conceito
adotado por Lynch.
As características que
determinam os bairros podem
ser das mais variadas naturezas:
texturas, espaços, formas,
detalhes, símbolos, tipos de
edificação, usos, atividades,
habitantes, grau de conservação,
topografia, etc. Beacon Hill, em
Boston, por exemplo (Figura 6),
foi reconhecida pelas ruas
Figura 7 – Bairro de Campinas – Goiânia – GO. Foto: Roberto
estreitas e inclinadas; casas Barrich - Fonte: site Skyscraperscity
antigas, de tijolos, em fita e de escala intimista; portas brancas; ruas e calçadas de
paralelepípedo e tijolo; bom estado de conservação; e pedestres de classes sociais altas.
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Pontos nodais
(nodes): São
pontos estratégicos
na cidade, onde o
observador pode
entrar, e que são
importantes focos
para onde se vai e
de onde se vem.
Variam em função
da escala em que
Figura 8 – Autopistas em Los Angeles. Foto: Stock Photos.
se está analisando Fonte: site New Evolution Designs
a imagem da cidade: podem ser esquinas,
praças, bairros, ou mesmo uma cidade
inteira, caso a análise seja feita em nível
regional. Pontos de confluência do sistema
de transporte são nós em potencial, tais
como estações de metrô e terminais de
ônibus. Outro tipo de nós que apareceram
frequentemente nas entrevistas são as
“concentrações temáticas”, tais como os
Figura 8 – Los Angeles – Pershing Square. centros puramente comerciais. Tais locais
Foto: Daquella Manera. Fonte: site New
Evolution Designs in site Urbanidades atuam como nós porque atraem muitas
pessoas e são utilizadas como referenciais.
A Pershing Square, em Los Angeles, também é um exemplo de nó, percebido como um
local com características distintas, tais como a vegetação e as atividades que lá se
realizam (Figura 9).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
ALVES, Kelle Cristina Silva. PRADO, Anderson Luiz Martins, Vieira, Dinah Fernanda
Aparecida Amorim. Rosa, Luiz Carlos Laureano. Uso de imagens de satélites de
alta e baixa resolução em áreas urbanas. XI Encontro Latino Americano de
Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade
do Vale do Paraíba, 2008. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/
cd/INIC_2007/trabalhos/humanas/inic/INICG00910_01O.pdf; (Acesso em 2015).
LYNCH, Kevin. The image of the city. Cambridge: The M.I.T. Press, 1960.
SILVA, José Afonso. Direito Urbanístico Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1995.