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ARQUITETURA E URBANISMO

AUN9

Disciplina: DIAGNÓSTICO URBANO

Kevin Lynch e Gordon Cullen


27/02/2023
Kevin Lynch

Kevin Lynch (1918 – 1984) teve uma formação singular. Matriculou-se no


Curso de Arquitetura da Universidade de Yale, Connecticut e não gostou.
Abandonou o curso e foi para Taliesin West, Arizona, trabalhar com Frank
Lloyd Wrigth. Depois fez Planejamento Urbano no MIT - Massachusetts
Institute of Technology.
Conceitos principais:

Um dos conceitos básico trabalhados é o da legibilidade, entendido


como a

Facilidade com que cada uma das partes


[da cidade] pode ser reconhecida e organizada em um
padrão coerente” (LYNCH, 1960, p.2).

se refere é
É importante ter claro que a legibilidade a que Lynch
aquela proveniente dos aspectos visuais da cidade,
ou seja, não leva em consideração esquemas não-
visuais tais como numeração de ruas ou outros sistemas que podem
contribuir para a legibilidade mas não são ligados à imagem da cidade
especificamente.
Outro conceito importante de Lynch é a imageabilidade
(imageablity, no original), entendida como a:

Qualidade de um objeto físico que lhe dá


uma alta probabilidade de evocar uma imagem forte em
qualquer observador. Refere-se à forma, cor ou arranjo
que facilitam a formação de imagens mentais do
ambiente fortemente identificadas, poderosamente
estruturadas e altamente úteis. (LYNCH, 1960, p. 9)

imageabilidade, portanto, está ligado ao


O conceito de
conceito de legibilidade, uma vez que imagens “fortes” aumentam a
probabilidade de construir uma visão clara e estruturada da cidade.

Uma cidade com imageabilidade (aparente, legível, ou visível),


nesse sentido, seria bem formada, distinta, memorável;
convidaria os olhos e ouvidos a uma maior atenção e
participação. (LYNCH, 1960, p. 10)
Lynch concluiu também que essa percepção é feita aos poucos,
já que é impossível apreender toda a cidade de uma só
vez. Portanto, o tempo é um elemento essencial. Além disso, verificou
que nada é experimentado individualmente, e sim em relação a seu
entorno. Elementos semelhantes, porém localizados em
contextos diferentes, adquirem significados também
diferentes.

Cada cidadão tem determinadas associações com partes


da cidade, e a imagem que ele faz delas está impregnada
de memórias e significados. Portanto, nem tudo pode ser
generalizado, apesar da aparente “universalidade” dos 5 elementos
identificados por Lynch.
A Imagem da Cidade (1960)

São cinco tipos de elementos que ajudam na leitura das formas físicas das cidades,
“conhecimento fundamentais para decifrar a metrópole”.

1. Vias
2. Pontos Nodais
3. Marcos
4. Limites
5. Bairros
A Imagem da Cidade (1960)

1.Vias
2.Pontos Nodais
3.Marcos
4.Limites
5.Bairros
São os canais
de circulação ao longo dos quais o observador
se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial.
Podem ser rua, alamedas, linhas de trânsito, canais, ferrovias. Para muitas pessoas, são estes
os elementos predominantes em sua imagem. Os habitantes de uma cidade observam-na na
medida que se locomovem por ela, e, ao longo dessas vias, os outros elementos ambientais se
organizam e se relacionam.
1.Vias
27/02/2023
27/02/2023
A Imagem da Cidade (1960)

1.Vias
2.Pontos Nodais
3.Marcos
4.Limites
5.Bairros

lugares estratégicos de uma cidade através


Os pontos nodais são
dos quais o observador pode entrar, são focos intensivos
para os quais, ou a partir dos quais, ele se locomove. Podem ser basicamente junções, locais
de interrupção do transporte, um cruzamento ou uma convergência de vias, momentos de
passagem de uma estrutura a outra, ou podem ser meras concentrações que adquirem
importância por serem a condensação de algum uso ou de alguma característica física, como
um ponto de encontro numa esquina ou uma praça fechada. Alguns desses pontos nodais de
concentração são o foco e a síntese de um bairro, sobre o qual a influência se irradia e do qual
são um símbolo.
2. Pontos Nodais
27/02/2023
27/02/2023
A Imagem da Cidade (1960)

1.Vias
2.Pontos Nodais
3.Marcos
4.Limites
5.Bairros

São outro tipo de referência, mas, nesse caso o observador não entra
nele: são externos. Em geral, são um objeto físico definido de maneira muito
simples: edifício, sinal, loja, montanha. Alguns marcos são distantes, tipicamente vistos de
muitos ângulos e distâncias, acima do ponto mais alto de elementos menores e usados como
referências radiais. Podem estar dentro de uma cidade ou a uma distância tal que, para todos
simbolizam uma direção constante, outros marcos
os fins práticos,
são basicamente locais, sendo visíveis apenas em lugares restritos e
partir de uma certa proximidade.
3. Marcos
A Imagem da Cidade (1960)

1.Vias
2.Pontos Nodais
3.Marcos
4.Limites
5.Bairros

elementos lineares não usados ou entendidos


Os limites são os
como vias pelo observador. São as fronteiras entre duas fases, quebra
de continuidade lineares: praias, margem de rios, lagos, etc., cortes de ferrovias,
espaços em construção, muros e paredes. São referências laterais, mais que eixos
coordenados. Esses limites podem ser barreiras mais ou menos penetráveis que separam uma
região da outra, como no contorno de uma cidade por água ou parede.
4. Limites
A Imagem da Cidade (1960)

1.Vias
2.Pontos Nodais
3.Marcos
4.Limites
5.Bairros

Os bairros são as regiões médias ou grandes de uma cidade,


concebidos como dotados de extensão bidimensional. O observador neles “penetra”
mentalmente, e reconhecíveis
eles são por possuírem
características comuns que os identificam. Sempre identificáveis a
partir do lado interno, são também usados para referência externa quando visíveis de fora.
5. Bairros ou setores
Nenhum dos tipos de elementos especificados existe isoladamente em situação concreta.
Os bairros são estruturados com pontos nodais, definidos por limites, atravessados
por vias e salpicados por marcos (LYNCH, 2011, p.54).
A criação da imagem ambiental é um processo entre o observador e o observado. O que
ele vê é baseado na forma exterior, mas o modo como ele interpreta e organiza isso, e
como dirige sua atenção, afeta por sua vez aquilo que vê. O organismo humano é
extremamente adaptável e flexível, e grupos diferentes podem ter imagens muitíssimo
diferentes da mesma realidade exterior (LYNCH, 2011, p.149).
27/02/2023
Problemas com a imagem de Boston
(LYNCH, 2011)
Gordon Cullen

Gordon Cullen (1914 – 1994) estudou arquitetura na Royal Polytechnic Institution atual
Universidade de Westminster, Londres e posteriormente trabalhou como desenhista em vários
escritórios de arquitetura, mas nunca se qualificou ou praticou como arquiteto. Entre 1944 e
1946, trabalhou no escritório de planejamento do Departamento de Desenvolvimento e Bem-
Estar em Barbados, Caribe, pois sua visão deficiente significava que ele não era capaz de servir
nas forças armadas britânicas. Mais tarde, ele voltou para Londres e se juntou
ao jornal Architectural Review, primeiro como desenhista e depois como escritor em políticas de
planejamento.
Paisagem Urbana (1961)

Percepção humana, teoria da arquitetura e urbanismo e os espaços urbanos


construídos, recorre a três aspectos:

1. Ótica
2. Local
3. Conteúdo
Paisagem Urbana (1961)

1. Ótica
2. Local
3. Conteúdo

a
O primeiro é a ótica, que é
visão serial propriamente
dita, e é formada por
percepções sequenciais
dos espaços urbanos,
primeiro se avista uma rua, em
seguida se entra em um pátio, que
sugere um novo ponto de vista de
um monumento e assim por
diante.
Paisagem Urbana (1961)

1. Ótica
2. Local
3. Conteúdo

O segundo fator é o local, que diz


respeito às reações do sujeito com relação a
sua posição no espaço, vulgarmente denominado sentido de
localização, “estou aqui fora”, e posteriormente, “vou entrar em um novo espaço”, e
finalmente, “estou cá, dentro”; esse aspecto refere-se às sensações provocadas
pelos espaços; abertos, fechados, altos, baixos, etc.
Paisagem Urbana (1961)

1. Ótica se relaciona com


O terceiro aspecto é o conteúdo, que
2. Local a construção da cidade, cores, texturas,
3. Conteúdo escalas, estilos que caracterizam edifícios e
setores da malha urbana.
Paisagem urbana é a arte de tornar
coerente e organizado, visualmente, o
emaranhado de edifícios, ruas e
espaços que constituem o ambiente
urbano.
Referências:

DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de


planejamento. São Paulo, Ed. Pini, 1990
LYNCH, K. A imagem da cidade. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
https://slideplayer.com.br/slide/11767008/

Material desenvolvido pelas professoras Tatiana Rodrigues e Lilian Dazzi,


alterado pela prof. Anna Karine Bellini

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