Você está na página 1de 12

GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

____________________________________________
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Projeto, Espaço e Cultura

Kevin Lynch – A imagem da cidade.


O urbanista Kevin A. Lynch (1918-1984),
autor do livro “A Imagem da Cidade, 1960”.

“Olhar para a cidade pode dar um prazer especial, por mais comum que possa ser o panorama.
Como obra arquitetônica, a cidade é uma construção no espaço, mas uma construção em grande
escala; uma coisa só percebida no decorrer de longos períodos de tempo. O design de uma cidade é,
portanto, uma arte temporal, mas raramente pode usar as sequências controladas e limitadas das
outras artes temporais, como a música, por exemplo. Em ocasiões diferentes e para pessoas
diferentes, as consequências são invertidas, interrompidas, abandonadas e atravessadas. A cidade é
vista sob todas as luzes e condições atmosféricas possíveis” (LYNCH, 1960, p.1.)
O urbanista Kevin A. Lynch (1918-1984),
autor do livro “A Imagem da Cidade, 1960”.

Por que nós ainda usamos Lynch ?

Lynch escreve sobre a percepção dos ambientes urbanos e sobre como analisar e melhorar as
formas visuais de uma cidade, que ainda é amplamente utilizado em estudos de design urbano hoje
em dia. Através de conceitos formulados por uma amostragem, Lynch analisa três cidades norte-
americanas (Boston, New Jersey e Los Angeles), suas partes constituintes e como as pessoas em
situações urbanas se orientam, introduzindo a ideia de mapas mentais.
Sua base conceitual é dada pela legibilidade. Segundo Lynch isso
se traduz pela “Facilidade com que cada uma das partes da cidade
pode ser reconhecida e organizada em um padrão coerente”, ou
seja, uma cidade legível é aquela em que suas regiões, bairros,
monumentos, vias de circulação (…) são facilmente identificadas e
agrupadas pelo sistema cognitivo (mental).

A legibilidade leva em consideração apenas os aspectos visuais das cidades e, portanto, não servem
como referência esquemas não visuais como, numeração e nome das ruas.
Assim, sua tese conceitual é o da imageabilidade, que se refere a capacidade de um objeto físico
transmitir uma imagem referencial para um observador; ou seja, este conceito está diretamente ligado ao de
legibilidade uma vez que uma cidade com referenciais, facilitariam a um observador entender a cidade pois
convidaria seu olhar e consequentemente sua atenção e entendimento.
Alguns caminhos podem adquirir
especial relevância na medida em que
apresentam características espaciais
diferenciadas (ex: muito largo ou muito
estreito MAS NOTE que isso implica alto
teor de subjetividade)

• São visíveis de outras partes da


cidade, ou permitem a visão de
outras partes da cidade.
• Apresentam grande quantidade de
vegetação.
• Concentram um tipo especial de uso
(ex: ruas intensamente comerciais)

Pelo fato das pessoas perceberem


a cidade enquanto se deslocam
pelos caminhos, estes não apenas
estruturam a sua experiência, mas
também estruturam os outros
elementos da imagem da cidade.
As esquinas são pontos importantes
pois nesses pontos a atenção do
observador tende a ser redobrada, e
por isso elementos posicionados junto
a essas intersecções tendem a ser mais
facilmente notados e utilizados como
referenciais.

• Outros autores,
• Morte e vida de grandes cidades de
Jane Jacobs (1961);
• A linguagem de padrões de
Christopher Alexander (1968).
Limites: São elementos lineares entre duas
regiões distintas, configurando quebras na
continuidade do espaço e que dificultam
ou impossibilitam a
permeabilidade/circulação.

Podem ser considerados como barreiras


(estradas, viadutos, praias, margens de rio,
lagos, muros, vazios urbanos, morros, vias,
linhas de infraestrutura, etc) ou como
elementos direcionais no caso dos rios, que
permitem a noção de que direção se está
percorrendo. Podem, também, ter efeito de
segregação nas cidades
Pontos nodais (nodes). São pontos
estratégicos na cidade, onde o observador pode
entrar, e que são importantes focos para onde se
vai e de onde se vem. Variam em função da
escala em que se está analisando a imagem da
cidade: podem ser esquinas, praças, bairros, ou
mesmo uma cidade inteira, caso a análise seja
feita em nível regional.

Pontos de confluência do sistema de transporte


são nós em potencial, tais como estações de
metrô e terminais de ônibus. Outro tipo de nós
que apareceram frequentemente “quadra
aberta”, centros puramente comerciais
(shopping). Lynch também concluiu que a forma
espacial não é essencial para um nó, mas pode
dotá-lo de maior relevância
Marcos: São elementos pontuais nos quais o
observador não entra. Podem ser de diversas
escalas, tais como torres, domos, edifícios,
esculturas, etc. Sua principal característica é a
singularidade, algum aspecto que é único ou
memorável no contexto.

Mais usados pelas pessoas mais acostumadas à


cidade, especialmente aqueles marcos menos
proeminentes, menores, mais comuns. À medida
que as pessoas se tornam mais conhecedoras da
cidade, estas passam a se basear em elementos
diferenciados, ao invés de se guiar pelas
semelhanças, utilizando-se de pequenos
elementos referenciais. SUBJETIVIDADE.
Abairramento: Na concepção de Lynch, bairros
são partes razoavelmente grandes da cidade na
qual o observador “entra”, e que são percebidas
como possuindo alguma característica comum,
identificadora. (LYNCH, 1960, p. 66). Os “Bairros”
de Lynch não são limites administrativos. Nesse
ponto, é importante esclarecer que a tradução
para bairros, pode gerar confusão.

O conceito refere-se a uma área percebida como


relativamente homogênea em relação ao resto
da cidade, ao menos, como possuindo uma certa
característica em comum que permite diferenciá-
la do resto do tecido urbano. É, portanto, um
critério visual, perceptivo. texturas, espaços,
formas, detalhes, símbolos, tipos de edificação,
usos, atividades, habitantes, grau de
conservação, topografia, etc.
DÚVIDAS FREQUENTES Pra que este tipo de mapa e

análise se faz relevante?

Para confrontar dados reais e dados


Ao se tratar de uma visão
percebidos. A constância perceptiva
Posso criar outros elementos de Estes critérios se dão somente
subjetiva, o que pode ser
altera nossa noção de tempo e espaço,
referenciação e interpretação da de forma isolada?
considerado certo ou errado,
há situações que se diz: “é logo alí,
cidade? Não. É perfeitamente possível que
como avaliar? quando, na verdade, é longe”; há ruas
Sim, mas normalmente e, de alguma um elemento possa ter
Trata-se de um senso comum. Você que nunca passamos, e que
forma, eles serão correspondentes aos correspondência em outro como por
pode notar que na pesquisa do autor mentalmente nem as percebemos,
já apresentados por Lynch. exemplo o Arco do Triunfo, que é um
ele destaca um levantamento prévio logo elas não existem no campo das
Marco e um Ponto Nodal
feito com diversos grupos humanos, ideias, mas figuram no campo real.

onde os mesmos levantam Além disso, ele é a base para

argumentos semelhantes elaboração de fluxogramas em

arquitetura
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LYNCH, Kevin. The image of the city. Cambridge: The M.I.T.


Press, 1960.

BENÉVOLO, Leonardo. História da Cidade . São Paulo:


Perspectiva, 1999.

Disponível em: http://urbanidades.arq.br/2008/03/kevin-lynch-e-a-imagem-da-cidade/


(acesso em 25/09/2018)

Você também pode gostar