Você está na página 1de 12

Análise Psicológica (2000), 1 (XVIII): 3-14

Aconselhamento psicológico em contextos de


saúde e doença – Intervenção privilegiada
em psicologia da saúde

ISABEL TRINDADE (*)


JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA (**)

1. INTRODUÇÃO broader community» (European Association for


Counselling, 1996).
A Associação Europeia para o Aconselha- A nosso ver, nesta definição merecem desta-
mento define aconselhamento da seguinte forma: que os seguintes aspectos: a resolução de proble-
«Counselling is an interactive learning process mas, o processo de tomada de decisões, o con-
contracted between counsellor(s) and client(s), fronto com crises pessoais, a melhoria das rela-
be they individuals, families, groups or institu- ções interpessoais, a promoção do autoconheci-
tions, which approachs in a holistic way, social, mento e da autonomia pessoal, o carácter psico-
cultural, economic and/or emotional issues… lógico da intervenção centrada em sentimentos,
Counselling may be concerned with adressing pensamentos, percepções e conflitos e a facilita-
and resolving specific problems, making deci- ção da mudança de comportamentos.
sions, coping with crisis, improving relationships, Em geral, o aconselhamento psicológico
developmental issues, promoting and developing (counselling) é uma relação de ajuda que visa fa-
personal awareness, working with feelings, cilitar uma adaptação mais satisfatória do sujeito
toughts, perceptions and internal and external à situação em que se encontra e optimizar os
conflict. The overall aim is to provide clients seus recursos pessoais em termos de autoconhe-
with opportunities to work in self defined ways, cimento, auto-ajuda e autonomia. A finalidade
towards living in more satisfying and resourceful principal é promover o bem-estar psicológico e a
ways as individuals amd as members of the autonomia pessoal no confronto com as dificul-
dades e os problemas.
Aconselhar não é dar conselhos, fazer exorta-
ções nem encorajar disciplina ou prescrever con-
dutas que deveriam ser seguidas. Pelo contrário,
(*) Psicóloga clínica. Consulta de Psicologia do
Centro de Saúde da Parede.
trata-se de ajudar o sujeito a compreender-se a si
(**) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lis- próprio e à situação em que se encontra e ajudá-
boa. lo a melhorar a sua capacidade de tomar decisões

3
que lhe sejam benéficas (Rowland, 1992). O formação e treino específicos. Contudo, é neces-
aconselhamento é um processo no qual um técni- sário que outros técnicos de saúde desenvolvam
co utiliza competências específicas para ajudar o algumas competências de aconselhamento sem
utente a lidar mais eficazmente com a sua vida. que, com isto, substituam os psicólogos.
O aconselhamento psicológico é diferente de Um aspecto que merece atenção particular é a
psicoterapia. As diferenças referem-se a aspectos adaptação ao contexto do serviço de saúde. Nes-
específicos, tais como (Bond, 1995): carácter si- te aspecto é importante que o psicólogo (Trow-
tuacional; centrado na resolução de problemas bridge, 1999): auto-avalie se, do ponto de vista
do sujeito; focalização no presente; duração pessoal e profissional, é a pessoa indicada para
mais curta; mais orientado para a acção do que trabalhar naquele contexto de saúde específico;
para a reflexão; predominantemente mais centra- identifique quais as necessidades de intervenção
do na prevenção do que no tratamento; a tarefa psicológica e delimite áreas proritárias de tra-
essencial do técnico é facilitar a mudança de balho; conheça a cultura organizacional do ser-
comportamento e ajudar a mantê-la. viço de saúde em causa e as características dos
No caso da saúde a finalidade principal do outros grupos profissionais; considere todas as
aconselhamento é a redução de riscos para a questões práticas que se colocam ao desenvolvi-
saúde, obtida através de mudanças concretas do mento da consulta psicológica e do aconselha-
comportamento do sujeito. mento. O desenvolvimento do papel profissional
inclui a intervenção com sujeitos e famílias, o
trabalho cooperado em equipas multidisciplina-
2. CONCEITO E OBJECTIVOS DO res de saúde, a investigação e a formação de ou-
ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO tros técnicos de saúde (Altmaier, Johnson &
EM SAÚDE Paulsen, 1998).
A grande finalidade é ajudar o sujeito a mudar
O aconselhamento psicológico em saúde é comportamentos relacionados com a saúde e/ou
uma intervenção que consiste em ajudar o sujeito a lidar com as ameaças à sua saúde, o que quer
a manter ou a melhorar a sua saúde, nomeada- dizer que a utilidade do aconselhamento está as-
mente na adopção dum estilo de vida saudável e sociado a duas grandes áreas da intervenção do
comportamentos de saúde (ao nível da alimenta- psicólogo na saúde: a área da prevenção e a área
ção, exercício físico, uso de substâncias, gestão da adaptação à doença. Os objectivos principais
do stress, etc.) e na adaptação psicológica a alte- do aconselhamento psicológico em saúde são:
rações do estado de saúde (confronto com a do-
ença e a incapacidade), em tudo o que isto possa - Disponibilizar ajuda para dar resposta às ne-
envolver de mudança pessoal, ajustamento a cessidades psicológicas dos sujeitos saudá-
uma nova situação, interacção com técnicos de veis e doentes
saúde, adesão a tratamentos e medidas de reabi- - Facilitar a mudança de comportamentos re-
litação. lacionados com a saúde
O aconselhamento psicológico pode desenvol- - Escutar e acolher as preocupações e o sofri-
ver-se em diferentes locais: no sistema de saúde mento, e promover o bem-estar psicológico
(Centros de Saúde, hospitais, maternidades), em - Identificar as preocupações fundamentais
empresas (serviços de saúde ocupacional), ser- que o sujeito tem em relação à saúde e aju-
viços e centros de reabilitação e em organiza- dá-lo a lidar eficazmente com elas
ções comunitárias. Actualmente, reconhece-se - Detectar dificuldades comunicacionais e/ou
cada vez mais que o local de trabalho também é relacionais com a família ou com os técni-
apropriado para o desenvolvimento de projectos cos de saúde e ajudar o sujeito a desenvol-
de promoção da saúde e prevenção. Disso é tes- ver estratégias que permitam superar essas
temunho o desenvolvimento recente da psicolo- dificuldades
gia da saúde ocupacional. - Ajudar a tomar decisões informadas, no
Como intervenção psicológica que é, a reali- quadro das circunstâncias concretas de saú-
zação de aconselhamento psicológico em saúde de/doença em que se encontra
está reservada a psicólogos, desejavelmente com - Transmitir informação personalizada

4
- Promover o desenvolvimento de competên- a saúde são necessárias para que os sujeitos es-
cias sociais tejam informados e tenham conhecimento de
- Aumentar o autoconhecimento e a autono- quais os riscos para a saúde que decorrem deste
mia, contribuindo para o desenvolvimento ou daquele comportamento, não é menos verda-
pessoal de que outros factores psicológicos podem in-
- Orientar para outros apoios especializados. fluenciar decisivamente o seu comportamento.
De tal maneira que um sujeito bem informado
A relação clínica no aconselhamento envolve
sobre o que pode fazer bem ou mal à saúde se
3 componentes diferentes, cujo peso específico
envolve, apesar disto, em comportamentos de
pode variar em cada intervenção ou em cada en-
risco para a saúde. Ou seja, existem variáveis in-
trevista em função das necessidades específicas
dividuais, relacionais e sociais que determinam
do sujeito: (1) ajuda, para lidar com as dificulda-
comportamentos relacionados com a saúde e
des, identificar as soluções, tomar decisões e
que são relativamente independentes do grau de
mudar comportamentos; (2) pedagógica, relacio-
informação/conhecimento que o sujeito tem so-
nada com a transmissão de informação e (3) de
bre saúde, doença, comportamentos saudáveis e
apoio, relacionado com a transmissão de segu-
comportamentos de risco para a saúde. Se assim
rança emocional, facilitação do controlo interno
não fosse, não existiriam médicos fumadores,
e promoção da autonomia pessoal.
com excesso de peso ou consumidores excessivos
de álcool… O aconselhamento é uma interven-
ção clínica que permite influenciar algumas des-
3. NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DO
sas variáveis, facilitando a mudança comporta-
ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO
mental necessária para a prevenção, o que vem
EM SAÚDE
ao encontro da importância que esta assume
actualmente em saúde. Por outro lado, o aumen-
O aconselhamento psicológico em saúde é ne-
to da prevalência das doenças crónicas cujo
cessário por 3 motivos principais:
controlo está muito dependente do comporta-
- Existem relações significativas entre o com- mento do sujeito, é mais um aspecto que torna o
portamento, a saúde e a doença aconselhamento necessário.
- A mudança de comportamentos relaciona- A mudança de comportamentos relacionados
dos com a saúde é difícil e complexa, não com a saúde é geralmente um processo difícil e
sendo em geral obtida por intervenções ori- complexo, que implica que o sujeito tome a
entadas pelo modelo biomédico decisão de mudar, opere uma mudança efectiva
- É importante dar resposta às necessidades de comportamento e mantenha o novo comporta-
psicológicas dos utentes dos serviços de mento a longo prazo. Estes objectivos não são
saúde. geralmente obtidos pelas intervenções médicas.
Aquelas etapas do processo de mudança de
Como se sabe, a saúde e a doença dependem
comportamentos relacionados com a saúde exi-
significativamente dos comportamentos indivi-
gem uma estratégia global que envolve diferen-
duais. No âmbito da psicologia da saúde têm-se
tes tipos e diferentes focos de intervenção:
desenvolvido vários modelos teóricos para expli-
car os comportamentos relacionados com a saú- - Tomar a decisão de mudar implica focalizar
de que mostram que a relação do sujeito com a na comunidade, sendo a intervenção consti-
sua saúde é complexa e mediada por variáveis tuída por projectos de prevenção ou de edu-
muito diversas, entre as quais se referem vários cação para a saúde. Destas intervenções
atributos psicológicos (como a percepção de pode resultar que o(s) sujeito(s), ao confron-
controlo, o hardiness, o optimismo, a auto-efi- tar-se com os riscos, se percepcione em ris-
cácia), estilos de confronto com o stress, crenças co. No entanto, se não houver mais ne-
de saúde, estados emocionais, crenças e atitudes, nhum tipo de intervenção mais nada aconte-
normas subjectivas, apenas para referir algumas cerá a não ser a existência de sujeitos preo-
das mais estudadas. cupados, preocupação que poderá ter dura-
Se é certo que a informação e a educação para ção variável

5
- Operar a mudança efectiva no comporta- cilmente aceite como um técnico de saúde capaz
mento individual implica focalizar no indi- de dar contribuições específicas para a melhoria
víduo. A intervenção adequada é o aconse- da qualidade dos cuidados e para a obtenção de
lhamento, que tenha em consideração a sin- ganhos em saúde.
gularidade do sujeito e as variáveis psicoló- O aconselhamento psicológico em saúde pode
gicas que sustentam os seus comportamen- ser útil e estar indicado em relação pelo menos a
tos relacionados com a saúde 4 áreas relevantes na prestação de cuidados de
- Manter o novo comportamento a longo pra- saúde:
zo implica focalizar no grupo social. A in- - Promoção e manutenção da saúde – Acon-
tervenção pode passar por grupos de suporte selhamento individual ou de grupo que vise
ou por ajuda mútua. promover estilos de vida mais saudáveis em
Acresce que a mudança ocorrida na morbili- sujeitos saudáveis, para manterem e/ou me-
dade – com predomínio das doenças crónicas – lhorarem a sua saúde, nomeadamente ao ní-
conduziu ao aumento de tratamentos a longo vel da alimentação, do exercício físico, do
prazo, bem como à prioridade do controlo sobre stress, etc.
a cura, com partipação e envolvimento activo do - Prevenção da doença – Aconselhamento
sujeito doente. individual ou de grupo que vise a aquisição
Finalmente, a necessidade de dar resposta às de comportamentos saudáveis e/ou a redu-
necessidades psicológicas dos utentes dos ser- ção de comportamentos de risco
viços de saúde também chama a atenção para a - Adaptação à doença – A utilidade do acon-
importância do aconselhamento psicológico em selhamento resulta do facto do confronto
saúde porque este permitirá incluir um conjunto com a doença solicitar ao sujeito esforços
diverso de aspectos psicológicos (emoções, sen- de adaptação a uma situação nova e exigir
timentos, crenças, representações, interacções, frequentemente a mobilização de novos re-
etc.) na intervenção em processos de saúde e do- cursos pessoais ou extrapessoais para res-
ença, quer nos cuidados de saúde primários quer ponder às exigências dessa situação nova
nos cuidados diferenciados. Alguns estudos evi- em que se encontra
denciaram que os utentes percepcionam uma - Adesão a exames e tratamentos médicos –
necessidade pessoal de aconselhamento (Tho- Aconselhamento que facilita a adesão a
mas, 1993) e permitiram até uma identificação procedimentos médicos indutores de stress
de problemas psicológicos sentidos como mais (de diagnóstico ou de tratamento).
indicados para o efeito (estados emocionais ne- Repare-se que se preconiza a existência de
gativos, luto, etc.). Ao permitir dar resposta a dispositivos acessíveis de aconselhamento indi-
necessidades psicológicas dos utentes dos servi- vidual a jusante de projectos de prevenção ou de
ços de saúde, o aconselhamento constitui-se co- educação para a saúde, justamente para acolher
mo parte integrante dos processos de melhoria preocupados. Podem incluir uma variedade de
da qualidade em saúde e da humanização dos técnicas, incluindo intervenções comportamen-
serviços. tais, grupos de discussão, ajuda mútua, etc. Con-
cordamos com Papadopoulos e Bor (1998) que o
desenvolvimento de aconselhamento psicológi-
4. UTILIDADE DO ACONSELHAMENTO E co, nomeadamente nos cuidados de saúde pri-
ÁREAS DA SAÚDE mários, não deverá limitar-se a sujeitos referen-
ciados pelo médico de família. Além de dever
A promoção do aconselhamento psicológico integrar-se em projectos de saúde, deve também
na perspectiva da psicologia da saúde propor- estar disponível para a própria equipa em termos,
ciona um campo de intervenção muito mais alar- por exemplo, de prevenção e gestão do stress
gado do que o da psicologia clínica tradicional. ocupacional.
Assim, é possível dar resposta a uma gama mais Deve ter-se em conta que o aconselhamento
ampla de problemas dos utentes e, ao mesmo não está indicado quando o sujeito: não quer en-
tempo, fazer com que o psicólogo seja mais fa- volver-se em aconselhamento de saúde, depois

6
de ter sido informado em que consiste; faz siste- cácia, (4) ajudar a resolver problemas, focali-
máticas atribuições externas dos seus problemas zando no comportamento, implicando a identi-
ou atribui sistematicamente os seus problemas ao ficação de problemas, criação de soluções alter-
seu estado de saúde; não tem discernimento so- nativas possíveis, escolha da solução melhor,
bre a influência que o seu comportamento tem na planeamento da sua implementação e revisão do
sua saúde. progresso obtido e (5) facilitar um ambiente en-
corajador da mudança, focalizando no suporte
social, tendo em conta que a família é o grande
5. PERSPECTIVAS TEÓRICAS contexto onde a doença ocorre e a saúde é man-
tida. É sabido, por exemplo, como os comporta-
Várias podem ser as diversas perspectivas mentos de adesão a tratamentos médicos são in-
teóricas do aconselhamento psicológico (East, fluenciados negativamente por situações de ins-
1995): psicodinâmicas, humanistas, cognitivo- tabilidade, conflito ou isolamento familiar.
-comportamentais, fenomenológico-existenciais, Várias são as competências de aconselha-
feministas, construtivistas e sistémicas. Contudo, mento que são importantes para que aqueles
a nosso ver, a perspectiva cognitivo-comporta- objectivos sejam atingidos (Dryden & Feltham,
mental é a mais adequada aos contextos de saúde 1994): construir com o sujeito um plano de ac-
e doença porque é a que se adapta melhor ao ção com problemas-alvo e viável no tempo dis-
contexto e ritmo próprio da prestação dos cuida- ponível; transmitir informação de retorno em ca-
dos de saúde, quer nos Centros de Saúde quer da entrevista; escuta activa e empatia; compreen-
nos hospitais gerais e especializados. Além disto, são da realidade interna do sujeito e comunica-
em saúde requerem-se ntervenções de ajuda li-
ção desta compreensão ao sujeito; atitude profis-
mitadas no tempo, directivas, práticas e eficien-
sional, calorosa, genuinamente preocupada; en-
tes, que promovam a efectiva mudança de com-
corajamento do sujeito a desenvolver papel acti-
portamentos e a obtenção de ganhos de saúde in-
vo; utilizar produtivamente o tempo de entrevis-
dividuais e de grupo.
ta; facilitação da autoexploração do sujeito e aju-
Os princípios gerais deste tipo de interven-
da para que ele chegue às suas próprias conclu-
ções cognitivo-comportamentais incluem (Scott
sões; focalização nas cognições, emoções e com-
& Dryden, 1996):
portamentos que são mais relevantes para o pro-
- Elaboração de um plano de trabalho que in- blema; uso de técnicas cognitivas e comporta-
clua a compreensão do problema e a identi- mentais apropriadas; revisão dos progressos
ficação das actividades que é necessário efectuados depois da última entrevista e delimi-
desenvolver para o superar tação das tarefas a realizar antes da próxima, aju-
- A intervenção disponibiliza o treino das dando o sujeito a incorporar novas perspectivas e
competências que o utente pode usar para experimentar novos comportamentos.
aumentar a sua eficácia no dia-a-dia No sistema de saúde há uma grande diversida-
- Atribuição ao próprio da capacidade de mu- de de situações clínicas e de contextos nos quais
dança o sujeito pode ter necessidade de aconselha-
- Utilização pelo sujeito das competências mento psicológico, o que quer dizer que há
aprendidas fora do contexto clínico em que oportunidade para utilização de vários modelos
se processa a intervenção. teóricos, desde que adaptados a essas necessi-
Isto implica (1) transmitir informação perso- dades do sujeito e às características do contexto
nalizada, (2) construir a capacidade de auto-aju- do serviço de saúde. Há, portanto, diversidade na
da, focalizando nas competências sociais do su- área de trabalho, bem como na natureza do papel
jeito podendo envolver técnicas diversas (com- do psicólogo no aconselhamento, o que tem a
petências de confronto, manejo do stress, relaxa- vantagem de permitir uma maior agilização na
ção muscular, treino da assertividade), (3) acre- adaptação a problemas diversos (Launer, 1999;
ditar nas capacidades do sujeito para lidar com Corney, 1999), mas pode ter a desvantagem de
as dificuldades, focalizando na percepção de ser confuso para os outros técnicos de saúde, es-
controlo pessoal e nas expectativas de auto-efi- pecialmente quando confrontados com um leque

7
muito diferente de modelos, expectativas, valo- - Stress induzido por procedimentos médicos
res e práticas psicológicas (East, 1995). de diagnóstico e tratamento
Seja qual for o modelo teórico, há vantagem - Comportamentos de adesão
em integrá-lo numa abordagem holística da saú- - Crises pessoais e/ou familiares (luto, fases
de que inclua a consideração simultânea do esta- de transição do ciclo de vida, problemas
do de saúde, do bem-estar psicológico, das com- conjugais, conflitos interpessoais, proble-
petências sociais e da qualidade de vida. Isto é, o mas laborais e desemprego, isolamento so-
aconselhamento deve enquadrar-se numa abor- cial, reforma, violência doméstica, famílias
dagem biopsicossocial (Davy, 1999) que promo- monoparentais, etc.)
va a combinação da intervenção psicológica es- - Perturbações de ajustamento (ansiedade,
pecializada sobre a experiência de saúde ou de depressão)
doença com a intervenção médica, tendo em - Perturbações do desenvolvimento e compor-
conta que a experiência da doença relaciona-se tamento infantil
com a intersecção entre os processos de doença, - Dificuldades de comunicação dos utentes
o ciclo de vida e o desenvolvimento, dentro com os técnicos de saúde
dum contexto sociocultural. - Procura excessiva de consultas.
Adicionalmente, podem ainda considerar-se
as dificuldades sexuais, o planeamento familiar,
6. APLICAÇÕES a recuperação de traumatismos e acidentes, pro-
blemas de sono, automedicação, problemas asso-
ciados ao uso de substâncias, problemas psiquiá-
6.1. Nos cuidados de saúde primários tricos e doença terminal.
Nos cuidados de saúde primários não se con-
O aconselhamento nos cuidados de saúde pri- sidera a saúde mental separadamente da saúde
mários é a área mais divulgada e conhecida do física.
aconselhamento em saúde (East, 1995). Assim, uma das questões que convem clarifi-
Grande número de intervenções individuais car é a do atendimento de sujeitos com proble-
podem aqui ser de aconselhamento psicológico, mas psiquiátricos, uma vez que o papel do psi-
quer na perspectiva da promoção da saúde indi- cólogo nos cuidados de saúde primários em rela-
vidual e da prevenção, quer do confronto e ção a estes sujeitos não é o de envolver-se no seu
adaptação à doença e ao seu tratamento (Corney, tratamento (para isto existem as equipas de saú-
1996; McLeod, 1992). Este trabalho deve inte- de mental que se articulam com o Centro de Saú-
grar-se numa perspectiva de colaboração do psi- de), mas sim promover, quando indicado, o
cólogo com o médico de família, colaboração aconselhamento em relação aos problemas psi-
cujo aprofundamento permite aprendizagem mú- cossociais e de comportamento relacionados
tua e desenvolvimento de competências. Nos com a saúde que estejam associados. Ou seja:
cuidados de saúde primários há muitas áreas de promover uma abordagem de psicologia da saú-
intervenção nas quais não só é importante dar de em sujeitos com doença psiquiátrica que leve
resposta às necessidades emocionais dos utentes em consideração a influência da variável psico-
como também utilizar o aconselhamento para fa- patologia no seu envolvimento em comporta-
cilitar a mudança de comportamentos (Trindade mentos de risco para a saúde a as suas maiores
& Carvalho Teixeira, 1998; Burton, 1998; Sib- dificuldades ao nível do confronto com procedi-
bald e col., 1996; East, 1995; Bond, 1995): mentos médicos indutores de stress, do con-
fronto com a doença física e da comunicação
- Mudança de comportamentos e prevenção com os técnicos de saúde, bem como os seus
(hábitos alimentares e controlo de peso; problemas de adesão.
exercício físico; supressão do tabaco; gestão Existem alguns obstáculos a ter em conta no
do stress) desenvolvimento de aconselhamento psicológico
- Processos de confronto e adaptação à doen- nos cuidados de saúde primários, especialmente
ça e à incapacidade relacionados com algumas atitudes dos clínicos

8
gerais/médicos de família (McLeod, 1992): dú- - Stress induzido por procedimentos médicos
vidas sobre a eficácia do aconselhamento psico- de diagnóstico e tratamento, incluindo a ci-
lógico, sobre se o aconselhamento psicológico é rurgia
ou não uma função dos cuidados de saúde pri- - Confronto e adaptação à doença crónica e à
mários e, inclusivamente, a ideia de que o acon- incapacidade
selhamento poderia ser realizado pelos próprios - Redução de comportamentos de risco a ní-
médicos. Estes obstáculos, identificados na Grã- vel alimentar, uso de substâncias, gestão do
Bretanha, não são obrigatoriamente comuns a stress e comportamentos sexuais
outros países e há estudos com resultados contra- - Controlo de sintomas
ditórios (Sibbald, 1996). Em Portugal, por exem- - Confronto com a doença terminal e a morte
plo, os resultados de um trabalho de Vilhena e - Comportamentos de adesão a exames de
Teixeira (1999) sobre atitude dos clínicos gerais/ controlo, tratamentos médicos, actividades
/médico de família em relação à integração de de autocuidados e medidas de reabilitação
psicólogos em Centros de Saúde permitem infe- - Qualidade de vida
rir que provavelmente não existirão esses obstá- - Stress ocupacional dos técnicos.
culos. Especificamente, o aconselhamento psicológi-
Para além das intervenções de aconselhamen- co de sujeitos com doença crónica, consoante os
to que desenvolve no quadro da consulta, o psi- casos, pode focalizar-se em aspectos tão diferen-
cólogo poderá intervir também na dinamização tes como: ajuda em processos de tomada de deci-
da elaboração de guidelines para identificar e li- são; estados emocionais e necessidades de secu-
dar com certo tipo de problemas em grupos espe- rização; facilitação dos processos de confronto
cíficos (Corney, 1999): sujeitos que vivem um com a doença e o seu tratamento; gestão do
luto, mulheres em período de puerpério, sujeitos stress associado à doença; aumento do envolvi-
a quem foi recentemente diagnosticada uma do- mento do sujeito no seu tratamento; crises pes-
ença crónica, transmissão de informação sobre a soais e/ou familiares associadas à doença; me-
doença e tratamentos, etc. lhoria da comunicação com os técnicos de saúde;
problemas de adesão; identificação de necessida-
6.2. Nos cuidados diferenciados des de referência para apoios especializados ou
recursos comunitários.
O aconselhamento pode ter papel relevante Em relação a várias especialidades identifi-
nos cuidados diferenciados, nomeadamente em cam-se situações médicas nas quais os sujeitos
relação aos sujeitos doentes, às famílias e aos podem ter necessidades diversas de aconselha-
próprios técnicos de saúde. Contudo, são mais mento psicológico (Daines, Gask & Usherwood,
difíceis de categorizar as diferentes áreas de 1997; Sanders, 1996; Sweet e col., 1991):
aplicação do aconselhamento, uma vez que os Cardiologia – Realização de cateterismo car-
cuidados de saúde diferenciados repartem-se díaco, doença isquémica do coração e enfarte do
por um número grande e variado de serviços miocárdio, hipertensão arterial, transplante car-
hospitalares e outros, nos quais trabalham múlti- díaco
plos especialistas e, além disto, dispõem fre- Pneumologia – Asma brônquica, sindroma
quentemente de apoio de organizações de volun- de hiperventilação, doença pulmonar obstrutiva
tários. Isto faz com que nalguns países a inter- crónica
venção de psicólogos nos cuidados diferenciados Reumatologia – Lombalgias, artrite reuma-
tenha sido mais tardia em relação à intervenção tóide, espondilite anquilosante, fibromialgia
nos cuidados primários. Em Portugal, no en- Gastroenterologia – Endoscopias digestivas,
tanto, a intervenção psicológica no sistema de cólon irritável
saúde começou nos cuidados diferenciados e, só Endocrinologia – Diabetes mellitus, obesidade
mais recentemente, começou a desenvolver-se Nefrologia – Insuficiência renal crónica, he-
nos cuidados primários. modiálise, transplante renal
As áreas principais de intervenção nos cuida- Dermatologia – Acne, dermatite atópica, ecze-
dos diferenciados podem sistematizar-se em: mas, psoríase

9
Infecciologia – Realização de teste de pesqui- cupações específicas que eventualmente es-
sa de anticorpos anti-VIH, hepatites B e C, in- tejam presentes. Esta fase exige escuta acti-
fecção VIH/SIDA va, com compreensão empática, aceitação
Estomatologia – Medo e ansiedade dentária, positiva incondicional, frequentemente pa-
bruxismo rafraseando, reflectindo sentimentos, suma-
Pediatria – Hospitalização, doença crónica, rizando, focalizando e ajudando o utente a
queimaduras, cancro ser específico
Ginecologia – Sindroma premenstrual, disme- - Nova compreensão do problema – Trata-se
norreia, menopausa, cancro mamário e genital de ajudar o sujeito a ver-se a si próprio e a
Obstetrícia – Gravidez de risco, infertilidade, situação em que se encontra numa nova
reprodução medicamente assistida, depressão perspectiva e de focalizar naquilo que
pós-parto poderá ser feito para lidar mais eficazmente
Neurologia – Acidentes vasculares cerebrais, com o problema. Nesta altura, o sujeito ge-
traumatismos crânio-encefálicos, doença de Al- ralmente também tem que ser ajudado a
zheimer, epilepsias, parkinsonismo, esclerose identificar os seus recursos pessoais e extra-
múltipla, cefaleias de tensão e enxaqueca. pessoais. Esta fase exige mais especifica-
mente a utilização da compreensão empáti-
ca, transmissão de informação, ajuda para
7. PROCESSO DE ACONSELHAMENTO E que o sujeito reconheça sentimentos, temas,
MODALIDADES DE INTERVENÇÃO inconsistências e padrões de comportamen-
to e, finalmente, a delimitação de objectivos
a atingir
7.1. Processo de aconselhamento - Acção – Trata-se de facilitar ao sujeito a
consideração das possíveis formas de agir, a
O processo de aconselhamento psicológico avaliação dos seus custos e consequências, a
em saúde envolve a construção duma aliança construção dum plano de acção e a forma de
com o utente, na qual quem promove a entrevista implementá-lo. Isto implica focalizar na re-
de aconselhamento disponibiliza tempo e liber- solução de problemas, pensamento criativo
dade para que o utente explore os seus pensa- e processo de tomada de decisão.
mentos e sentimentos, numa atmosfera de confi-
ança, respeito e neutralidade. Para atingir este ob- 7.2. Modalidades de intervenção
jectivo, o psicólogo utiliza competências básicas
de aconselhamento como a escuta clínica, a em- Diferenciam-se 2 modalidades de intervenção:
patia e a reflexão, tentando compreender o utente Em primeiro lugar, uma intervenção mais
e a situação em que se encontra. O processo cen- formal com formato de 1 entrevista semanal
tra-se na compreensão que o sujeito tem da situa- (30-40 minutos) durante 6 semanas, com re-
ção em que se encontra e as escolhas a fazer e -avaliação aos 6, 12 e 18 meses. Envolve 3 eta-
decisões a tomar sustentam-se nos seus próprios pas:
insights (BAC, 1979).
- Estabelecer a relação – Com o objectivo de
Tal como noutros contextos, o aconselhamen-
envolver activamente o sujeito no processo
to em saúde envolve 3 fases sucessivas, cuja uti-
de mudança e negociar um programa de
lidade é a de sistematizar a intervenção e identi-
mudança realista e aceitável por ele. Ques-
ficar o tipo de competências de aconselhamento
tões importantes: (1) «Como é que este pro-
que é necessário usar em cada fase (Egan, 1986):
blema interfere com a sua vida?» pode re-
- Exploração do problema – No contexto da velar o grau de impacte do problema e per-
relação clínica de aconselhamento é facilita- turbação do estilo de vida e relaciona-se
da no sujeito uma atitudes de exploração do com a receptividade à mudança; (2) «O que
problema, que permita a sua identificação e é que você acredita que o faz ter este com-
caracterização a partir do seu próprio ponto portamento?» revela o sistema explicativo
de vista, bem como a focalização em preo- do sujeito e permite saber qual a informação

10
que tem e qual a informação de que necessi- va sobre ele e estabelecer um plano de inter-
ta; (3) «O que espera do tratamento e venção aceitável pelo sujeito
quando?» põe em evidência as expectativas - Intervenção inicial – Com transmissão de
de auto-eficácia e de resultados; (4) «Que informação personalizada e ajuda no desen-
outras tentativas já fez antes para resolver volvimento de estratégias para lidar com o
este problema de saúde?» permite compre- problema (por exemplo, controlo respirató-
ender motivos de adesão baixa a mudanças rio para lidar com a ansiedade, treino da as-
de comportamento. Em função disto será sertividade para problemas comunicacio-
possível negociar mais facilmente um plano nais, etc.)
de intervenção aceitável - Dar continuidade – Necessário quando a in-
- Avaliar – Com o objectivo de compreender tervenção inicial foi insuficiente ou se veri-
os problemas actuais de saúde em função de fica adesão insatisfatória à mudança.
variáveis pessoais e ambientais. São aqui re-
levantes características de personalidade,
estilo de confronto, grau de informação, 8. EFICÁCIA DO ACONSELHAMENTO
crenças de saúde e doença, experiências
anteriores, reforços (familiares, sociais, cul- É importante a avaliação dos resultados do
turais) dos comportamentos de risco e dos aconselhamento em saúde, entendendo-se que
comportamentos saudáveis, suporte social este tem uma evolução positiva quando se ope-
- Re-orientar – Envolve transmissão de infor- rou uma mudança de comportamento. A avalia-
mação personalizada, encorajamento e um ção é complexa, uma vez que é necessário saber
plano específico de reestruuturação do pro- quem são os sujeitos que mais beneficiam com o
blema e mudança comportamental, com re- aconselhamento em contextos de saúde e, tam-
curso às técnicas cognitivas e/ou comporta- bém, qual o nível de competências de quem
mentais que foram mais ajustadas ao caso realiza a intervenção é que se relaciona com os
clínico. benefícios do aconselhamento. É admissível que
alguns sujeitos possam beneficiar de interven-
Pode haver interesse numa entrevista com a
ções realizadas por outros técnicos de saúde
família, previamente negociada com o sujeito.
que apenas desenvolveram algumas competên-
As finalidades são informar sobre a saúde do
cias para o aconselhamento, enquanto que outros
sujeito, responder a perguntas, avaliar como é
sujeitos necessitem de um técnico mais especia-
que a família reage ao problema de saúde do su-
lizado como é o psicólogo. No caso específico
jeito e ao programa de mudança que é proposto
dos cuidados de saúde primários é desejável in-
e, ainda, entender qual o tipo de ajuda que o su-
vestigar o custo-benefício das intervenções de
jeito espera e deseja por parte da família.
aconselhamento e aumentar o conhecimento dos
Em segundo lugar, uma intervenção mais in-
diferentes técnicos de saúde sobre o que podem
formal, menos estruturada, para uma única entre-
esperar de intervenções de aconselhamento rea-
vista de aconselhamento ou para um número li-
lizadas por psicólogos (Sibbald, 1996).
mitado de entrevistas:
São conhecidas algumas variáveis que in-
- Estabelecer a relação e avaliar o problema – fluenciam positivamente essa evolução: qualida-
Com o objectivo de identificar o problema e de da relação clínica, tipo de contrato, partici-
implicar o sujeito no processo de mudança. pação do utente, focos da intervenção e ausência
Envolve a delimitação e definição do pro- de contra-atitudes (de hostilidade e de culpabili-
blema, seus antecedentes e consequências, zação) e ausência de lista de espera.
identificação das crenças pessoais sobre o A qualidade da relação clínica é importante.
que provoca o problema e expectativas que Apesar das diferenças teóricas que podem exis-
o sujeito tem quanto à sua resolução tir, a investigação mostra que a eficácia depende
- Reformular – Implica envolver o problema mais de certas características de quem faz a inter-
numa categoria diagnóstica compreensível venção – em termos de empatia, suporte emocio-
pelo sujeito, transmitir uma nova perspecti- nal, genuinidade, facilitação duma relação co-

11
operada – do que da perspectiva teórica (Row- pas multidisciplinares de saúde: questões
land, 1992). éticas e profissionais
O contrato mostra-se relevante quando impli- - Treino de competências de aconselhamento
ca acordo mútuo quanto aos objectivos e forma- – Escuta activa, empatia, focalização, suma-
to, isto é, quando é personalizado. rização, clarificação, etc.
A participação do utente influencia positiva- - Modelo(s) teórico(s) do aconselhamento
mente quando há compromisso interno do sujeito psicológico em saúde
na redução do risco ou na mudança do comporta- - Desenvolvimento profissional e pessoal re-
mento, atribuição ao própio da capacidade de levante para o exercício clínico em contex-
mudança e crença nos seus benefícios. Neste tos de saúde – Componente de aprendiza-
particular, o resultado é influenciado positiva- gem experiencial, sustentada na prática pro-
mente pela colocação de perguntas que activem fissional supervisada.
no sujeito uma reflexão centrada na auto-avalia-
ção e autodeterminação (Poskiparta, Kettunen & Os psicólogos podem promover a formação
Liimatainen, 1998). de outros técnicos de saúde, tendo sempre em
A evolução é mais positiva quando há foca- conta que existe uma diferença grande entre
lização na percepção de controlo pessoal, nos uma intervenção formal de aconselhamento rea-
afectos e nas expectativas de auto-eficácia do su- lizada por um psicólogo e, por outro lado, o uso
jeito. de competências de comunicação que pode ser
Por outro lado, vários estudos (Corney, 1999, feito por outros técnicos de saúde, nomeadamen-
1998, 1992; Bond, 1995; Papadopoulos & Bor, te médicos e, entre estes, especialmente pelos
1998; Allen & Bor, 1997; Cummings, 1990; clínicos gerais/médicos de família (Papadopou-
Balestrieri e col., 1988) têm mostrado que o los & Bor, 1998; Corney, 1998; Cocksedge &
aconselhamento psicológico nos cuidados de Ball, 1995; McLeod, 1992; Corney, 1991).
saúde primários tem resultados ao nível da redu- - Competências de comunicação, tais como
ção da procura e utilização de serviços, do uso escuta clínica, compreensão, clarificação
de psicotropos, da referência para consultas de de problemas, uso do silêncio
psiquiatria, do recurso a exames complementares - Entrevista mais centrada no utente do que
e da própria satisfação dos utentes com a quali- no técnico
dade dos cuidados de saúde. - Identificação de problemas emocionais e
psicológicos
- Obtenção de consentimento informado
10. FORMAÇÃO
- Discussão de opções de tratamento
- Resolução de problemas
A formação de psicólogos em aconselhamen-
to de saúde pode integrar-se no âmbito duma for- - Transmissão de más notícias e outras comu-
mação especializada mais vasta em psicologia da nicações difíceis.
saúde ou, então, integrar-se numa formação es-
pecífica de aconselhamento em saúde. Seja como
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
for, identificam-se áreas temáticas fundamentais
para o desenvolvimento dum projecto de forma-
Alcorn, J. D. (1998). Training for health settings. In
ção (Pembroke, 1999; Alcorn, 1998; Bond, Sari Roth-Roemer, Sharon Robinson Kurpius, &
1995; Dryden & Feltham, 1994; Corney, 1992): Cheryl Carmin (Eds.), The emerging role of coun-
- Aconselhamento psicológico em saúde – selling psychology in health care (pp. 30-54). New
York: Norton.
Conceito. Objectivos. Modelos psicológicos
Allen, J., & Bor, R. (1997). Counselling. In Andrew
de saúde e doença. Mudança de comporta- Baum, Stanton Newman, John Weinman, Rober
mentos em saúde. Áreas de aplicação nos West, & Chris McManus (Eds.), Cambridge hand-
cuidados de saúde primários e nos cuidados book of psychology, health and medicine (pp. 206-
diferenciados. Papel do psicólogo em equi- -209). Cambridge: Cambridge University Press.

12
Altmaier, E., Johnson, B. D., & Paulsen, J. S. (1998). Egan, G. (1986). The skilled helper (3rd ed). Pacific
Issues in professional identity. In Sari Roth-Roe- Grove: Brooks/Cole.
mer, Sharon Robinson Kurpius, & Cheryl Carmin Launer, J. (1999). Working with different models:
(Eds.), The emerging role of counselling psycho- Adapting to the context. In John Lees (Ed.), Clini-
logy in health care (pp. 7-29). New York: Norton. cal counselling in primary care (pp. 146-159).
Balestrieri, M., Williams, P., & Wilkinson, G. (1988). London and New York: Routledge.
Specialist mental health treatment in general prac- McLeod, J. (1992). The general practitioner´s role. In
tice: A meta-analysis. Psychological Medicine, 18, Mike Sheldon (Ed.), Counsellling in general
711-717. practice (pp. 8-14). London: Royal College of Ge-
Bond, T. (1995). The nature and outcomes of counsel- neral Practitioners, Clinical Series.
ling. In Jane Keithley, & Geoffrey Marsh (Eds.), Papadopoulos, L., & Bor, R. (1998). Psychological
Counselling in primary health care (pp. 3-26). counselling in primary health care: A review. In
Oxford: Oxford University Press. Petruska Clarkson (Ed.), Counselling psychology:
British Association for Counselling (1979). Counsel-
Integrating theory, research and supervised practi-
ling: Definition of terms in use with expansion and
ce (pp. 119-133). London and New York: Rout-
rationale. London: BAC.
ledge.
Burton, M. (1998). Psychotherapy, counselling and
primary mental health care (pp. 19-52). Chiches- Pembroke, G. (1999). Training in counselling in pri-
ter: John Wiley & Sons. mary health care. In Robert Bor, & Damian
Cocksedge, S., & Ball, V. (1995). Quality and training. McCann (Eds.), Practice of counselling in primary
In Jane Keithel, & Geoffrey Marsh (Eds.), Coun- care (pp. 201-213). London: Sage Publications.
selling in primary health care (pp. 82-97). Oxford: Poskiparta, M., Kettunen, T., & Liimatainen, L. (1998).
Oxford University Press. Reflective questions in health counselling. Qualita-
Corney, R. (1999). Evaluating clinical counselling in tive Health Research, 8 (5), 682-693.
primary care and the future. In John Lees (Ed.), Rowland, N. (1992). Counselling and counselling skills.
Clinical counselling in primary care (pp. 174- In Mike Sheldon (Ed.), Counselling in general
-193). London and New York: Routledge. practice (pp. 1-7). London: Royal College of Gene-
Corney, R. (1998). A counselor in every general ral Practitioners, Clinical Series.
practice? The Europen Journal of Psychotherapy, Sanders, D. (1996). Counselling for psychosomatic
Counselling and Health, 1 (1), 5-20. problems. London: Sage Publications.
Corney, R. (1996). Counselling psychology in the Scott, M. J., & Dryden, W. (1996). The cognitive-beha-
context of health and illness. In Ray Woolfe & vioural paradigm. In Ray Woolfe, & Windy Dry-
Windy Dryden (Eds.), Handbook of counselling den (Eds.), Handbook of counselling psychology
psychology (pp. 401-418). London: Sage Publica- (pp. 156-179). London: Sage Publications.
tions. Sibbald, B., Addington-Hall, J., Brennenman, D., &
Corney, R. (1992). Studies of the effectiveness of Freeling, P. (1996). The role of counsellors in ge-
counselling in general practice. In R. Corney, & R. neral practice. Ocasional Paper 74. London: Royal
Jenkins (Eds.), Counselling in general practice (pp. College of General Practitioners.
31-41). London: Routledge. Sweet, J., Rozensky, R. H., & Tovian, S. M. (1991).
Corney, R. (1991). O desenvolvimento de perícias de Handbook of clinical psychology in medical
comunicação e aconselhamento na medicina. Lis- settings. New York: Plenum Press.
boa: Climepsi Editores. Thomas, P. (1993). An exploration of patient’s percep-
Cummings, N. (1990). Arguments for the finantial effi-
tions of counselling with particular reference to
cacy of psychological services in health care set-
counselling within general practice. Counselling
tings. In Jerry Sweet (Ed.), Handook of clinical
Journal of The British Association for Counselling,
psychology in medical settings (pp. 113-126). New
York: Plenum. 4 (1), 24-30.
Daines, B., Gask, L., & Usherwood, T. (1997). Medical Trindade, I., & Carvalho Teixeira, J. A. (1998). Inter-
and psychiatric issues for counselors. London: venção psicológica em Centros de Saúde. O psicó-
Sage Publications. logo nos cuidados de saúde primários. Análise
Davy, J. (1999). A biopsychosocial approach to coun- Psicológica, 16 (2), 217-229.
selling in primary care. In Robert Bor & Damian Trowbribge, C. A. (1999). Setting up a counselling ser-
McCann (Eds.), The practice of counselling in vice. In Robert Bor, & Damian McCann (Eds.),
primary care (pp. 24-41). London: Sage Publica- Practice of counselling in primary care (pp. 7-23).
tions. London: Sage Publications.
Dryden, W., & Feltham, C. (1994). Developing counse- Vilhena, M. J., & Carvalho Teixeira, J. A. (1999). Atitu-
lor training. London: Sage Publications. des dos clínicos gerais/médicos de família em rela-
East, P. (1995). Counselling in medical settings. ção à intervenção de psicólogos em Centros de
Buckingham: Open University Press. Saúde. Lisboa: ISPA, Monografia de Licenciatura.

13
RESUMO ABSTRACT

Tem havido reconhecimento crescente da importân- The importance of psychological processes in the
cia dos processos psicológicos na experiência da saúde experience of health and illness has become increa-
e da doença. Actualmente, o aconselhamento psicoló-
singly recognized. Counselling psychology in the con-
gico nos contextos da saúde e da doença relaciona-se
com a mudança verificada na morbilidade: ênfase cres- text of health and illness is related to the change of
cente na promoção da saúde e na prevenção da doença, morbility: the increasing emphasis on health promo-
aumento dos tratamentos de longa duração com maior tion and illness prevention, increase in long-term
ênfase no controlo do que na cura, e participação activa treatment with emphasis on control rather than cure
do sujeito doente. Este artigo revê aspectos do aconse- and active participation of the patient. This article re-
lhamento psicológico em saúde: objectivos, algumas views counselling psychology objectives in the health
perspectivas teóricas, necessidade e utilidade do acon-
context, some theoretical perspectives, counselling
selhamento, aplicações nos cuidados de saúde primários
e secundários, eficiência e formação. problems in primary and secondary health care,
Palavras-chave: Aconselhamento psicológico, saú- effectiveness and training.
de, doença. Key words: Counselling psychology, health, illness.

14

Você também pode gostar