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CURSO 1: DIREITO E ANTROPOLOGIA: TRABALHO, SAÚDE E RELIGIÃO

NO BRASIL1

Profa. Dra. Carolina Pereira Lins Mesquita

1 EMENTA: A proposta do curso é refletir, analisar e discutir temas morais situados nas
interfaces entre direito, antropologia, saúde e religião, relacionados aos fatos naturais da
existência humana (e.g., nascimento, morte, sexualidade e trabalho) e o modo como são
tratados nos debates legislativos, na legislação e em decisões judiciais no Brasil.

2 OBJETIVOS DO CURSO
 Aproximar os domínios epistemológicos da Ciências Sociais (Antropologia) e do
Direito a partir de casos paradigmáticos brasileiros e da literatura socioantropológica;
 Identificar, a partir dos textos, nos discursos dos sujeitos e das instituições
brasileiras, as tensões entre espaço público e privado; liberdade individual e
regulação; religião e ciência; religião, saúde, trabalho, política e direitos;
 Promover o intercâmbio de produção acadêmica no campo das Ciências Jurídicas e
Sociais e difundir pesquisas e reflexões brasileiras.

3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO, REFERÊNCIAS E CRONOGRAMA


Aula 1 – Apresentação do Curso
Aula 2 - Metodologia e Interdisciplinaridade no Brasil: algumas notas
LIMA, R. K.; BAPTISTA, B. G. L. Como a antropologia pode contribuir para a
pesquisa jurídica? Um desafio metodológico. Anuário Antropológico, p. 9-37, jun.
2014.
OLIVEIRA, L. Não fale do código de Hamurábi! A pesquisa sociojurídica na pós-
graduação em Direito. In: OLIVEIRA, L. Sua Excelência o Comissário e outros
ensaios de Sociologia jurídica. Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004, p. 137-167.
GIUMBELLI, E. “A presença do religioso no Espaço público: modalidades no Brasil”.
Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, 28 (2): 80-101, 2008.
Aula 03 - O trabalho do antropólogo: reflexões brasileiras
OLIVEIRA, R. C. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever. Revista de
Antropologia, vol. 39, n 1, 1996, p. 13-37.
URIARTE, U. M. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Ponto Urbe [Online],
11, 2012, p. 1-14.
VELHO, Gilberto. Observando o familiar. In: Individualismo e cultura: notas para
uma antropologia da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1980, p.
123-132.
Aula 4 - Emoções no trabalho do pesquisador
RIBEIRO, R. J. Não há pior inimigo do conhecimento que a terra firme. Tempo Social;
Revista Social. São Paulo, USP, 189-195, maio, 1999.
COELHO, M. C. As emoções e o trabalho intelectual. Horizontes Antropológicos, p.
273-297, maio/ago 2019.
MESQUITA, C. P. L. Me too e a quebra do silêncio. CONTEMPORÂNEA (Online), v.
10, p.639-682, 2020.
Aula 5 – Aborto e religião no cenário jurídico brasileiro

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Carga horária: 24h/aula (12 aulas, 2h/a cada uma). Diante dos termos êmicos e idiossincrasias locais,
particulares do contexto brasileiro, é recomendável (e solicita-se) que o curso seja ministrado em português.
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GOMES, E. C. A religião em discurso: a retórica parlamentar sobre o aborto. In:
DUARTE et al (Org.), Valores religiosos e legislação no Brasil: a tramitação de
projetos de lei sobre temas morais controversos. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p.
45-69.
LUNA, N. O julgamento no supremo do aborto anencéfalo - ADPF 54; uma etnografia
da religião no espaço público. Horizontes antropológicos, Porto Alegre, set./dez 2018.
FRAGALE, R. Audiências públicas e seu impacto no processo decisório: a ADPF 54
como estudo de caso. In: Direito e práxis, Rio de Janeiro, vol. 16, 2015, p. 504-535.
UMA HISTÓRIA SEVERINA. Diretoras: DINIZ, D.; BRUM, E. Brasil: 2005 (23 min).
Aula 6 – A infância em pesquisas sociojurídicas e antropológicas no Brasil
COHN, C. O que as crianças indígenas têm a nos ensinar? O encontro da etnografia
indígena e da antropologia da criança. Horizontes Antropológicos, n. 60, maio/ago.
2021, p. 31-60.
SOUSA, E. L.; PIRES, F. F. Entendeu ou quer que eu desenhe? Os desenhos na
pesquisa com crianças. Horizontes Antropológicos, n. 60, maio/ago. 2021, p. 61-94.
GONÇALVES, B. S. A cidade e as crianças: desenhos e caminhos a partir do Morro do
Estado (Niterói, RJ). Horizontes Antropológicos, n. 60, maio/ago. 2021, p. 285-316.
Aula 7 - O trabalho com a religião no Brasil: agendas de pesquisa e questões jurídicas
FLEISCHER, S. et. al.; Parteiras, curiosas, leigas, tradicionais, domiciliares, não
diplomadas: uma sugestão de agenda de pesquisa. Revista Feminismos, v. 7, p. 62-67,
2020.
MASCHIO, M.; ZOME, L. As memórias das benezedeiras como médicas populares
guiadas por Deus em Clevelândia (PR). História Oral, 24 (2), 2021, p. 237-254.
FRAGALE, R. et. al. O vínculo dos pastores evangélicos: notas conclusivas. In: Revista
Confluência, 2004, p. 31-42.
GROSSI, M. P. Jeito de Freira: estudo antropológico sobre a vocação religiosa
feminina.
DEUS TE PAGUE: benzedeiras e benzedores. Diretor: Marcelo do Vale. (53min).
Aula 8 - Trabalho, religião e tráfico de drogas
CUNHA, C. V. Oração de traficante: uma etnografia. Rio de Janeiro, Gramond, 2015
(p. 13-42; p. 363-417).
DANÇANDO COM O DIABO. Diretor: John Blair, 2009 (documentário).
Aula 9 - Sexualidade, trabalho e saúde
PASINI, E. Sexo com prostitutas: uma discussão sobre modelos de masculinos. In:
DÍAZ-BENÍTEZ; FÍGARI (Orgs.). Prazeres Dissidentes. Rio de Janeiro: Garamond, p.
237-262, 2009.
NOVO, A. L. C. “Mãe, Maria nunca existiu! Me chama de João?” Uma análise
etnográfica das relações de família e medicalização nas experiências de "crianças trans".
Horizontes Antropológicos, n. 60, maio/ago. 2021, p. 317-350.
LOWENKRON, L. A cruzada antipedofilia e a criminalização das fantasias sexuais. In:
Sexualidad, salud y sociedad. n. 15, 2013, p. 37-61.
BAIXIO DAS BESTAS. Diretor: Cláudio Assis. Brasil: Parabólica Brasil, 2006.
(80min)
Aula 10 - Trabalho, feminismo negro, religião e direito
BRANDÃO, E.; CABRAL, C. S. Vidas precárias: tecnologias de governo e modos de
gestão da fecundidade de mulheres "vulneráveis". Horizontes Antropológicos, n. 61,
set./dez. 2021, p. 47-84.
CONTINS, M. O caso da pomba-gira: reflexões sobre crime, possessão e imagem
feminina. In: GOMES, E. C. (Org.). Dinâmicas Contemporâneas do fenômeno
religioso na sociedade brasileira. São Paulo: Editora ideias e letras, 2009, p. 17-51.

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SILVA, G. M. Corpo, política e emoção: feminismos, estética e consumo entre
mulheres negras. Horizontes Antropológicos, 2019, maio/ago., p. 173-201.
Aula 11 - O trabalho e a morte
LOBO, A.; BÁO, L. Quando o corpo se torna indigente: sobre processos de morrer à luz
do Estado. Revista M. Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 217-239, jul./dez. 2020.
OLIVAR, J. M. N. "Señora, no espere que um día de hospital cure 40 años de mala
vida”. In: Horizontes Antropológicos, 2019, maio/ago., p. 79-110.
M8: quando a morte socorre a vida. Direção de Jerferson D. Rio de Janeiro: 2019 (84
min.).
Aula 12 - Debate e discussões finais.

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