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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas


Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Estrada de São Lázaro, 197 – Federação
40210730 Salvador, Bahia, Brasil
Tel / Fax: (71) 3283.4640

Nome e código do componente curricular: Departamento: Carga Horária:


FCHE95 – Metodologia Qualitativa em Ciências Antropologia Teórica: 68 h
Sociais
Modalidade: Função: Natureza:
Disciplina Básico Obrigatória
Pré-requisito: Módulos de alunos:

Ementa:
Discutir o lugar da metodologia qualitativa nas ciências sociais, a construção do objeto
e os conceitos que a orientam.

Objetivo Geral
Promover a formação do profissional em Ciências Sociais por meio de sua formação
teórico-metodológica, de forma a estimular o desenvolvimento de habilidades para
propor, elaborar e executar projetos de pesquisa e todas as suas etapas, contribuir com a
compreensão dos eventos e problemas sociais e buscar encaminhamentos de possíveis
desfechos e soluções.

Objetivos Específicos
• Estimular o desenvolvimento de visão crítica sobre as diversas propostas de
abordagem/compreensão teórico-metodológica nas Ciências Sociais;
• Compreender a lógica das propostas metodológicas, métodos e técnicas de
pesquisa nas Ciência Sociais;
• Compreender a lógica das propostas, estratégias e técnicas de organização e
análise-interpretação dos dados resultantes da pesquisa.

Conteúdo Programático
1) A história do método qualitativo nas ciências sociais;
2) Os paradigmas e controvérsias;
3) O trabalho de campo e a etnografia: observação participante, estudos de caso,
entrevista, biografias, histórias de vida e história oral;
4) A interpretação de documentos e cultura material;
5) A coleta de dados, a organização e a sua interpretação;
6) O lugar dos informantes na produção dos textos;
7) O lugar da ética na prática de pesquisa.

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PROGRAMA

1. Metodologias e abordagens qualitativas em ciências sociais (Antropologia,


Sociologia e Ciência Política)

1.1. Desafios da pesquisa qualitativa em Ciências Sociais

TODD, Zoe. Uma interpelação feminista indígena à “Virada Ontológica”: “ontologia” é


só outro nome para colonialismo. Blog GEAC, 2015.
MILLS, C. Wright. Apêndice: Do artesanato intelectual In: A Imaginação Sociológica.
Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1975, p. 211-243.
GONSALVES, E. P. Selecionando o tema da pesquisa. Conversas sobre a iniciação à
pesquisa científica. 3ª edição. Campinas-SP: Editora Alínea. 2003. Cap. II, pp. 25-36.

1.2. Pesquisa qualitativa: interpretação e descrição

PEIRANO, Marisa. “Cap 2: A Favor da Etnografia.” In A Favor da Etnografia. Rio de


Janeiro: Relume-Dumará, 1995. p. 31-58.
GOLDENBERG, M. Integração entre Análise Quantitativa e Qualitativa. In: A Arte de
Pesquisar. Rio de Janeiro e São Paulo: Editora Record. 2000. p. 61-68.

1.3. Pesquisa qualitativa: para além da interpretação

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O nativo relativo. Mana, 2002, 8.1: 113-148.


LATOUR, Bruno. “Como prosseguir a tarefa de delinear associações?” Configurações,
n. 2, 2006, p. 11-27.
ABU-LUGHOD, Lila; DO REGO, Francisco Cleiton Vieira Silva; DURAZZO,
Leandro. A escrita contra a cultura. Equatorial–Revista do Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social, v. 5, n. 8, p. 193-226, 2018.

2. Construção do campo da pesquisa e produção dos dados

2.1. Delineamento da pesquisa e construção dos “dados”

BAUER, M., AARTS, B., A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados
qualitativos. In: BAUER. M. e GASKELL, G. (orgs.) Pesquisa qualitativa com texto
imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 39-63.
GOLDENBERG, M. Pesquisa Qualitativa em Ciências Sociais. In: A Arte de Pesquisar.
Rio de Janeiro e São Paulo: Editora Record. 2000. p. 16-24.

2.2. O processo na pesquisa qualitativa: planejamento e elaboração/construção da


proposta e projeto de pesquisa

BECKER, Howard. Segredos e truques da pesquisa. Rio de Janeiro, Zahar, 2007.


Cap.1: Truques; Cap. 2: Representações. p. 17-40.

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3. Paradigmas e controvérsias: abordagens teórico-metodológicas e métodos na
pesquisa social

3.1. Abordagens e referenciais teórico-metodológicos na pesquisa qualitativa:


entre o particular e o geral

MALINOWSKI, Bronislaw. Objeto, método e alcance desta pesquisa. In: ZALUAR, A.


(org). Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, p. 39-62.
RADCLIFFE-BROWN, A. R., O método comparativo em antropologia social. In:
ZALUAR, A. (org.). Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1975, p. 195-210.
BOAS, Franz. As limitações do método comparativo. In Antropologia Cultural
(tradução Celso Castro). Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 25-40.
GEERTZ, C. Do ponto de vista dos nativos. In: O Saber Local. Novos ensaios em
antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 85-110.
INGOLD, Tim. Chega de etnografia! A educação da atenção como propósito da
antropologia. Educação, v. 39, n. 3, p. 404-411, 2016.

3.2. Descolonizando metodologias: perspectivas indígenas

WILSON, Shawn. What is indigenous research methodology? Canadian Journal of


Native Education; 2001; 25, 2: 175-179.
SMITH, Linda Tuhiwai. Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas.
Curitiba: Ed. UFPR, 2018. Introdução. p. 11-30.
LEAL, Natacha Simei et al. Das confluências, cosmologias e contra-colonizações. Uma
conversa com Nego Bispo. Revista EntreRios do Programa de Pós-Graduação em
Antropologia, v. 2, n. 1, p. 73-84, 2019.

3.3. Viradas ontológicas e epistemológicas: perspectivas decoloniais

BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL,


Ramón. Introdução. In: Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Autêntica, 2018.
p. 9-30.
WALSH, Catherine. ¿ Son posibles unas ciencias sociales/culturales otras? Reflexiones
en torno a las epistemologías decoloniales. Nómadas (Col), n. 26, p. 102-113, 2007.
CARVALHO, José Jorge de. Encontro de saberes e descolonização: para uma
refundação étnica, racial e epistêmica das universidades brasileiras. In: Decolonialidade
e pensamento afrodiaspórico, Autêntica, 2018. p. 89-120.

3.4. Viradas ontológicas e epistemológicas: antirracismo e intersecccionalidade

CORTÉS, María Isabel Casas. Etnografías made in USA: rastreando metodologías


disidentes. Revista Miradas, Encuentros y Críticas antropológicas. University of North
Carolina, Chapel Hill (USA), 2009.
MULLINGS, Leith. Inquirindo ao racismo: em direção a uma antropologia anti-racista.
CS, n. 12, p. 325-375, 2013.
GOZALEZ, Lelia. Por um feminismo Afro-latino-Americano. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/271077/mod_resource/content/1/Por%20um%
20feminismo%20Afro-latino-americano.pdf
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COLLINS, Patricia Hill. Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade
e política emancipatória. Parágrafo, v. 5, n. 1, p. 6-17, 2017.
KILOMBA, Grada. Quem pode falar? In Memórias da plantação: episódios de racismo
cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2020. p. 3-18.

4. Métodos, técnicas e estratégias de pesquisa: observação, comparação,


explicação-compreensão

4.1. Formas e instrumentos de controle da observação

GOLDENBERG, M. Objetividade, Representatividade e Controle de Bias na Pesquisa


Qualitativa. In: A Arte de Pesquisar. Rio de Janeiro e São Paulo: Editora Record. 2000.
p. 44-52.
BECKER, Howard. Segredos e truques da pesquisa. Rio de Janeiro, Zahar, 2007. Cap:
3 Amostragem; Cap. 4: Conceitos. p. 96-144.

4.2. Instrumentos e estratégias de coleta / produção de dados

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. “O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir,


escrever.”. São Paulo: Paz e Terra, 2000, p. 17-36.
FOOTE-WHYTE, William. Treinando a observação participante, In ZALUAR, A.
(org.). Desvendando Máscaras Sociais. Rio de Janeiro: Francisco. Alves, 1980. [1975]
p. 77-86.
FAVRET-SAADA, Jeanne, “Ser afetado”, de Jeanne Favret-Saada. (tradução de Paula
Siqueira, revisão de Tânia Stolze Lima). Cadernos de Campo, n. 13, 2005, p. 155-161.
BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta e AMADO, Janaina
(orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 2006. p. 183-192.
GASKELL, George. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER. M. e GASKELL, G.
Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes,
2002, p. 64-89.

4.3. Enfrentando novas situações de pesquisa na contemporaneidade

OLIVEIRA, Thiago; RIBEIRO, Milton; VENANCIO, Vinícius. O PROBLEMA-


Localizando a antropologia brasileira: Contribuições para pensar corpo, lugar e a
geopolítica da produção de conhecimento. Novos Debates, v. 7, n. 1, 2021.
PINHO, Osmundo. Uma experiência de etnografia crítica: raça, gênero e sexualidade na
periferia do Rio de Janeiro. Sociedade e Cultura, 2003, 6.1.
DOMINGUES, Bruno Rodrigo Carvalho. Negro na universidade, branco no trabalho de
campo. Cadernos de Campo. v. 27, n. 1, p. 295-309, 2018.

5. Ética e pesquisa etnográfica

CARDOSO DE OLIVEIRA, Luis Roberto. “Pesquisa em versus Pesquisa com seres


humanos.” In VICTORA, Ceres et al (orgs) Antropologia e ética. Niterói: ABA –
EdUFF, 2004, p. 33-44.

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LIMA, Jacob Carlos. Ética da pesquisa e ética profissional em sociologia: um começo
de conversa. Revista Brasileira de Sociologia-RBS, v. 3, n. 5, p. 215-240, 2015.

6. Normatização na elaboração de anteprojeto de pesquisa e organização da escrita


acadêmica

LUBISCO, Nídia Maria Lienert; VIEIRA, Sônia Chagas. Manual de estilo acadêmico:
trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses, 6ª Edição, Salvador: EDUFBA.
2019.
CAROSO, C. e TAVARES, F. Pesquisa qualitativa em Ciências Sociais (Antropologia,
Sociologia e Ciência Política): Questões a serem observadas na elaboração de projetos
de pesquisa. Manuscrito inédito. 2021

Normas Legais e Códigos de Ética

Resolução No. 510, de 07 de Abril de 2016.


http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA – ABA. Código de ética dos
Antropólogos e das Antropólogas. 2012. Disp em:
http://www.portal.abant.org.br/?s=c%C3%B3digo+de+%C3%A9tica, acesso em: 18 de
janeiro de 2021.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA – ABCP. Código de Ética.
Disponível em: https://cienciapolitica.org.br/, acesso em 18 de janeiro de 2021.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA. Código de Ética da SBS.
Disponível em:
http://www.sbsociologia.com.br/2017/index.php?formulario=asociedade&metodo=0
&id=4, acesso em: 18 set. 2017.

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