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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de Antropologia e Etnologia
Estrada de São Lázaro, 197 – Federação
40.210-730 Salvador, Bahia, Brasil

FCH 296 – Técnicas de Investigação e Análise em Antropologia


Docente: Prof. Carlos Caroso, PhD
E-mail: caroso@ufba.br
Semestre: 2022.2
Horário: Sexta-feira, das 8:50 às 12:30

EMENTA
Instrumental teórico metodológico para pesquisa em Antropologia; procedimentos para elaboração de
um projeto de pesquisa, plano de produção e coleta de dados; constituição de uma problemática de
pesquisa.

DISCIPLINA, REQUISITOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO


A carga horária da disciplina é de 68 horas, com encontros semanais dedicados a aulas expositivas,
discussão de textos previamente indicados e atividades práticas de laboratório realizadas em sala e nos
respectivos campos de cada estudo proposto. Inicialmente os/as participantes apresentarão e discutirão
seus anteprojetos de pesquisa, que serão aprofundados naqueles aspectos considerados importantes. As
atividades seguintes serão constituídas de discussão e definição dos métodos, técnicas e instrumentos de
coleta/produção de dados e sua elaboração dos instrumentos para discussão e posterior teste em campo.
No terceiro momento todos trabalharão na elaboração de seus planos de organização dos dados e de sua
análise, incluído identificação de categorias teórico-metodológicas de referência, categorias etnográficas
e teórico-etnográficas que farão parte da lista/caderno/livro de códigos a serem utilizados na análise dos
dados. A avaliação considerará regularidade da presença, da participação ativa, do cumprimento de
tarefas programadas nos prazos estabelecidos, seguindo os critérios abaixo enunciados:
1. Presença e participação ativa nas apresentações e discussões de textos, anteprojetos e
instrumentos de pesquisa (50%);
2. Apresentações, discussão inicial e contínua reelaboração do anteprojeto de pesquisa individual
(50%):
2.1. Revisão crítica do tema do estudo, identificação da problemática de pesquisa, delimitação do objeto
de estudo e formulação da questão da pesquisa, i.e., que questão o estudo propõe responder;
2.2. Revisão e reelaboração dos objetivos do estudo: objetivo principal e objetivos secundários;
2.3. Identificação, seleção e adequação dos métodos, técnicas e estratégias de pesquisa para o estudo
proposto;
2.4. Elaboração dos instrumentos de produção de dados para o estudo proposto;
2.4.1. Teste dos instrumentos de investigação, com vistas identificar sua adequação e possíveis
dificuldades e realizar os ajustes que se fizerem necessários;
2.5. Elaboração do plano de organização e análise dos dados, incluindo identificação de categorias
teórico-metodológicas, categorias etnográficas e teórico-etnográficas para construção de
lista/caderno/livro de códigos.
2.5.1. Elaboração e teste do livro de lista/caderno/livro de códigos destinado à interpretação e análise
dos dados.
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PROGRAMA

1. Projeto de Pesquisa: apresentação e re-discussão de anteprojetos de pesquisa individuais


1.1. Avaliação e análise da consistência do tema, problema, objeto e questão do estudo proposto;
1.2. Identificação e caracterização do campo empírico, das unidades de investigação e análise, conceitos
e referencial teórico-metodológico;
1.3. Pressupostos da pesquisa: formulação e estratégias de validação/teste;
Exercício prático: Apresentação dos referenciais teórico metodológicos das pesquisas: “Estado da Arte”
da questão a ser investigada.
Textos para Leitura e Apresentação
GONSALVES, E.P. “Cap 2: Selecionando o tema da pesquisa”. In ______. Iniciação à pesquisa
científica. Campinas, SP: E. Alínea, 2001. p. 25-46. - Ana Lívia
CASTRO, C. M. “Memórias de um Orientador de Tese”. In NUNES, E. de O. (org.), A Aventura
Sociológica, Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 307-326. - Hyndra
BAUER. M., GASKELL, G e ALLUM, C. “Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento.” In
BAUER. M. e GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático.
Petrópolis: Vozes, 2002, p. 17-36. v - Mariana

2. O trabalho de campo na construção da etnografia: características e tipos de dados


2.1. “Dados empíricos” e “teoria” antropológica;
2.2. Fontes primárias e secundárias de investigação;
2.3. Dados quantitativos e qualitativos.
Textos para Leitura e Apresentação
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo (2002), O nativo relativo. Mana, 8 (1): 113-148. - Hyndra
LATOUR, Bruno. “Como prosseguir a tarefa de delinear associações?” Configurações, n. 2, 2006, p.
11-27. - Mariana
BRANDÃO, Carlos Rodrigues et al. Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1981, 1 – 17. - Ana
Lívia

3. Técnicas, protocolos e instrumentos de controle da observação I


3.1. Observação Etnográfica: participante, não-participante, “semi-participante”;
3.2. Observação sistemática e instrumentos de controle da observação: desenvolvimento de
rotinas de registros e roteiros de observação;
3.3. Etnografia mediada por tecnologias: etnografia on line.
Exercício prático: realização de etnografia restrita/focalizada (observação direta de evento e elaboração
de breve relatório).
Textos para Leitura e Apresentação
FOOTE-WHYTE, William. “Treinando a observação participante”, In ZALUAR, A. (org.).
Desvendando Máscaras Sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980. p. 77-86.
VALLADARES, Licia. Os dez mandamentos da observação participante. Revista brasileira de ciências
sociais, v. 22, n. 63, p. 153-155, 2007.
DA MATTA, R. “O Ofício do Etnólogo, ou como ter "anthropological blues”. In NUNES, E. de O. A
aventura sociológica, 1978, p. 23-35.
BECKER, Howard S. “Problemas de inferência e prova na observação participante”. In __________.
Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais, São Paulo: HUCITEC, 1993. p. 47-64
Vídeos para ver e discutir
MILLER, D. Digital Anthropology - https://www.youtube.com/watch?v=XNus-xZ7_6Y.

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MILLER, D. Como conduzir uma etnografia em isolamento. https://www.youtube.com/watch?
v=NSiTrYB-0so&feature=youtu.be.
PINK, S. Digital Ethnography - https://www.youtube.com/watch?v=0ugtGbkVRFM.
PINK, S Doing Ethnography Remotely - https://www.youtube.com/watch?v=z__t7WkQ2c4.

4. Técnicas, protocolos e instrumentos de controle da observação II


4.1. Formando um corpus etnográfico de pesquisa:
4.1.1. Enquetes e questionário: abertos, fechados e mistos;
4.1.2. Entrevistas formais e informais, individuais e grupais, estruturadas, semiestruturadas e não-
estruturadas;
4.1.3. História de vida, técnicas biográficas e história oral;
4.1.4. Grupos focais: organização, condução e usos potenciais;
4.1.5. Análise de redes de relações: parentesco, vizinhança, amizade, relações e redes de trocas.
4.1.7. Autoetnografia: método, técnica, estratégia de abordagem?
Exercício prático: definição, elaboração e teste dos instrumentos de produção/coleta dos dados.
Textos para Leitura e Apresentação
BAUER, M., AARTS, B., “A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados
qualitativos”. In BAUER. M. e GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um
manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 39-63.
VÍCTORA et al. 2000. “Cap. 6: técnicas de pesquisa”. In __________. A Pesquisa Qualitativa em
Saúde. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000. p. 61-78.
QUIVY, R. & CAMPENHOUD, L. Inquérito por questionário. Manual de Investigação em Ciências
Sociais. Lisboa: Gradiva. 1998, p. 188-190.
CAROSO, Carlos. Autoetnografia e memória: o demônio e alteridade na vida acadêmica. Salvador,
EDUFBA, 2019. (p. 7 – 17, Caps. 01 e 04,)

5. Observação e coleta de dados sensoriais: sons/paisagens sonoras, imagens, sensações


5.1. Registros cartográficos e pictóricos (mapas, etnomapas, reconhecimento de marcos naturais
significativos etc.);
5.2. Produção artística: visual e sensorial (moções corporais, adornos corporais, pinturas, tatuagens,
escarificações, máscaras, mutilações etc.);
5.3. Registros de narrativas orais: entrevistas com gravadores de som, registro de eventos, rituais,
reuniões etc.;
5.4. Registro de paisagens sonoras/sons ambientais: elementos, agentes humanos, não humanos e mais
que humanos
5.5. Registros de imagens etnográficas: fotografia, vídeo, desenho, etnodesenho etc.;
Exercício prático: Registro de imagens de situação social considerada relevante e apresentação de
metanarrativa etnográfica visual
Textos para Leitura e Apresentação
LOIZOS, P. “Vídeo, filme e fotografias como documentos de pesquisa”. In, Bauer, MWW. &
GASKEL, G. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: Um manual prático. Petrópolis: Vozes.
2002. p. 137-155. - Geraldo

06. Observação etnográfica como método e técnica de registro de dados


06.1. Registro etnográfico: diários de campo, cadernos de campo e outras anotações.
06.2. Apreensão etnográfica e o papel do etnógrafo: intencionalidade do olhar do etnógrafo.
Exercício prático: identificação e mapeamento do campo de pesquisa.
Textos para Leitura e Apresentação

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CARDOSO DE OLIVEIRA, R.C. “Olhar, ouvir e escrever”. In _____. O trabalho do antropólogo.
Revista de antropologia, p. 13-37, 1996.
NOGUEIRA, O. “O diário de pesquisa, fichas e outros registros”. In ____, Pesquisa Social. Introdução
às suas técnicas. São Paulo, Cia. Ed. Nacional: EdUSP, 1968, pp: 102-110. HUMPHREYS, L. A
Transação da Sala de Chá: Sexo Impessoal em Lugares Públicos. In RILEY M.W. & NELSON, E. A
Observação Sociológica: Uma Estratégia para um novo Conhecimento Social. RJ: Zahar, 1976, p.148-
160.
CALDEIRA, T. “A presença do autor e a pós-modernidade”. Novos Estudos CEBRAP, no. 24. 1988.
GROSSI, Miriam P. “Trabalho de campo: território de fronteiras de gênero”. In FONSECA, C. (org.),
Fronteiras da Cultura. Horizontes e Territórios da Antropologia na América Latina. Porto Alegre: Ed.
Universidade/UFRGS, 1993, pp: 224-231.

6. Análise qualitativa e análise quantitativa


6.1. Acervos de dados: informatizados e não-informatizados;
6.2. Procedimentos na análise dos dados: organização, crítica e categorização de dados;
6.2.1. Identificação de categorias e teóricas, etnográficas e teórico-etnográficas para agregação de dados;
6.2.2. Elaboração de códigos para codificação/marcação dos dados: codificadores/marcadores manuais e
informatizados.
6.2.3. Análise de conteúdo na coleta e interpretação dos dados.
Exercício prático: Apresentação das categorias identificadas e do plano de análise/interpretação dos
dados.
Textos para Leitura e Apresentação
KELLE, U. “Análise com auxílio do computador: codificação e indexação”. In, BAUER, M.W.W. &
GASKEL, G. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: Um manual prático. Petrópolis: Vozes.
2002. p. 393-415.
PEIRANO, Mariza G.S. A análise antropológica de rituais. Departamento de Antropologia,
Universidade de Brasília, 2000.
SILVA, Andressa Hennig; FOSSÁ, Maria Ivete Trevisan. Análise de conteúdo: exemplo de aplicação
da técnica para análise de dados qualitativos. Qualitas Revista Eletrônica, v. 16, n. 1, 2015.
KUROSAWA, A. Rashomon. Filme, Japão, 1950. Acesso: https://archive.org/details/rashomon-1950

7. Questões de Ética
7.1. Ética na seleção do tema do estudo, na elaboração da proposta de pesquisa e em sua realização;
7.2. Ética na relação com sujeitos da pesquisa: respeito e proteção da privacidade e direitos individuais
das pessoas;
7.3. Consentimento livre e esclarecido: aquiescência das pessoas para a presença do pesquisador, do
ingresso em suas propriedades privadas, nas instituições, uso e divulgação dos dados identificados, no
anonimato ou nomes fictícios.
Textos para Leitura e Apresentação
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA – ABA. Código de ética dos Antropólogos e
das Antropólogas. 2012. Disp em: http://www.portal.abant.org.br/?s=c%C3%B3digo+de+%C3%A9tica,
acesso em: 18 de janeiro de 2021.
HUMPHREYS, L. A Transação da Sala de Chá: Sexo Impessoal em Lugares Públicos. In RILEY M.W.
& NELSON, E. A Observação Sociológica: Uma Estratégia para um novo Conhecimento Social. RJ:
Zahar, 1976. p.148-160.
CAROSO, Carlos. A Imagem e a Ética nas Encruzilhadas da Ciência. In VICTORA, C et al. (Orgs.).
Antropologia e Ética: O debate atual no Brasil. Niterói 2004. p. 137-150.
Resolução No. 510, de 07 de abril de 2016.
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
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8. Laboratório de projetos de pesquisa.
Apresentações, relato, discussão e entrega final dos projetos individuais e instrumentos de pesquisa
elaborados ao longo do curso, seu teste e resultados obtidos.
1. Apresentação oral dos avanços nos projetos individuais;
2. Instrumentos de coleta/produção dos dados;
3. Plano de análise dos dados: identificação de categorias teóricas, etnográficas e teórico-etnográficas
relevantes para o estudo proposto, elaboração de folha/livro/caderno de códigos para leitura,
organização e interpretação dos dados.
4. Plano preliminar para elaboração do TCC (monografia, relatório antropológico, vídeo etnográfico,
exposição de imagens etnográficas, paisagens sonoras, performances etc.)

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

BAUER, Martin e GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis:
Vozes, 2002.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1989.
FOOTE-WHITE, W. Sociedade de Esquina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005[1947].
GOLDEMBERG, Mirian, A arte de pesquisar. São Paulo: Record, 2000.
LANGNESS, L. L. História de vida na ciência antropológica. São Paulo, EPU, 1973.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. São Paulo; Rio de Janeiro, Hucitec-
Abrasco, 1993.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. Petrópolis:
Vozes, 1994.
VICTORA, Ceres Gomes et al. Pesquisa qualitativa em saúde. Porto Alegre: Tomo editorial, 2000.
DA COSTA, José Carlos Pinto. Para uma autoetnografia dos estados de vulnerabilidade: ensaio num
caso de disfunção da tiróide.

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