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Exame médico é obrigatório antes de

começar academia?
As leis sobre a exigência ou não de exame médico por academias mudam
muito, dependendo da cidade. A maioria segue a recomendação do Conselho
Federal de Educação Física: exige apenas uma avaliação com um professor
da área, onde o aluno deve responder a um questionário sobre a sua saúde.

Após mortes, médicos e professores de educação física discutem a importância da avaliação


médica antes de fazer exercícios.

Correr, fazer força, suar. Tanta gente quer entrar em forma, ficar mais saudável, mais
bonita.

Mas como saber até onde você pode ir? Você conhece o seu limite?

No mês passado, Rodolfo de Sena, de 29 anos, passou mal e morreu numa academia em São
Paulo. O laudo sobre a causa da morte ainda não saiu. A família não quis gravar entrevista,
mas disse que ele não tinha problemas de saúde.

No Rio, um caso parecido aconteceu em fevereiro. O marido de Virginia tinha 57 anos e


enfartou fazendo exercícios. “Ele sempre teve uma vida esportiva bem intensa”, afirma
Virgínia Acosta.

Desde o começo do ano, outras duas mortes aconteceram em academias do país, em Santa
Catarina e Minas Gerais – o que trouxe de volta uma discussão entre médicos e professores
de educação física: afinal, todo mundo deveria fazer exames antes de começar na
malhação?

O Fantástico fez uma pesquisa em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador – capitais de três
dos cinco estados que mais têm academias no país. Em cada cidade, ouvimos 50
frequentadores de academia. A maioria disse que procurou, sim, um médico antes de
começar a praticar.
O cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb considera que um exame médico
completo deveria ser exigido de todas as pessoas que querem se matricular em uma
academia.

As leis sobre a exigência ou não de exame médico por academias mudam muito,
dependendo da cidade. A maioria segue a recomendação do Conselho Federal de Educação
Física: exige apenas uma avaliação com um professor da área, onde o aluno deve responder
a um questionário sobre a sua saúde:

“Se ele identificar algum problema, imediatamente ele vai solicitar que essa pessoa faça um
exame com um médico especializado”, explica Jorge Steinhilber do Conselho Federal de
Educação Física.

Professores de educação física e academias são contra o exame médico obrigatório.

“Se você criar essa barreira, esse interessado ou vai ficar sedentário ou vai praticar atividade
física sem orientação nas áreas públicas”, afirma Ricardo Abreu, da Associação Brasileira
de Academias.

A recomendação, segundo a Associação Brasileira de Academias, é seguida por outros


países. Os correspondentes do Fantástico foram conferir.

No estado da Califórnia, nos Estados Unidos, chega a ser proibido uma academia pedir um
atestado médico para um aluno. É que pela lei americana, nenhuma empresa não pode
obrigar uma pessoa a dizer se tem ou não um problema de saúde, porque toda informação
médica é considerada confidencial. Na maioria dos estados a situação é parecida. Na cidade
de Nova York, normalmente as academias pedem para aluno assinar um termo onde ele se
diz apto para praticar exercícios e isenta a academia de qualquer responsabilidade caso
venha a ocorrer algum problema durante a atividade física.

No Reino Unido não existe nenhuma exigência de atestado médico para frequentar
academia. O princípio que vale é o da responsabilidade individual.
Fantástico: Se a pessoa disser que tem condições de malhar e passar mal aqui, o que
acontece?

Maria Abreu, gerente de academia: É claro que a gente vai prestar o socorro possível, mas
seria de completa responsabilidade do aluno.
Fantástico: Quer dizer, ele assinou, a responsabilidade é dele?
Maria Abreu: A responsabilidade é dele.

No levantamento feito pelo Fantástico, a maioria das 150 pessoas ouvidas disse que é favor
da exigência de um atestado médico por todas as academias.

Pra você que quer cuidar da saúde, não custa lembrar: nada substitui o bom senso. Por isso,
pelo menos uma avaliação física bem detalhada é essencial antes de começar qualquer
atividade.

“A pessoa quando estiver fazendo esse exercício, estiver sentindo dor, pare de fazer.
Desenvolva o trabalho da forma que foi prescrita para que você não corra risco”, ressalta
Jorge Steinhilber do Conselho Federal de Educação Física.

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