Você está na página 1de 6

MÁQUINAS ELÉCTRICAS D ELECTRICAL MACHINES

Escovas de Carvão para Máquinas Eléctricas


Coai - Brushes for Electrical Machines
Leonor Lobo Mendes
L. Moreira Lobo
C. Pereira Cabrita
Engenheiros Electrotécnicos, J. ROMA, Lda.

summary o São fabricadas em cinco qualidades ligante. Os compostos assim obti-


diferentes e, para cada qualidade, dos são prensados e as placas resul-
This paperpresents the severa! types existem vários tipos com caracterís- tantes são cozidas para homo-
of coal-brushes used ln industrial ticas diversas. No total. existem cer- geneizar e queimar o ligante.
electrical niachines, their selection ca de 45 tipos diferentes; Estas escovas são boas comu-tantcs.
criterion as well as the characteristics O O conhecimento de todas as suas geralmente polidoras, e têm urna
01 each type. características é um assunto bastan- queda de tensão de contacto média
te especializado, que obriga a co- (entre 2,3 e 3 V), e dev eID ser utili-
nhecimentos sólidos nos domínios zadas em máquinas de corrente con-
resumo do dimensionamento, da constru- tínua estacionárias, antigas. e sem
ção e do funcionamento das máqui- pólos auxiliares. Os seus limites de
o artigo apresenta várias qualida- nas eléctricas. utilização são: 6 a 8 A/cm? no que
des de escovas utilizadas em máquinas respeita à densidade de corrente, e
industriais, o seu critério de selecção e A selecção do tipo ideal de escova 25 m s para a velocidade peri férica
,
as características próprias de cada para uma determinada máquina eléctn- maxima.
qualidade. ca é, como facilmente se conclui, uma O Escovas electrografiticas EG. São
tarefa bastante complexa que deverá preparadas como as escovas
ser realizada por pessoal altamente qua- carbografíticas, no entanto sendo
1. Introdução lificado, e que é faseada nas caracterís- .. .. I • ,

sujeitas a vanos tratamentos ternu-


ticas construtivas e de funcionamento cos e em particular a um tratarnen-


Como já se salientou em artigos an-
das máquinas eléctricas, no tipo de to a alta temperatura. superior a
teriores publicados nesta revista [1, 2,
accionamento e nas condições ambi- 2500° C, com a finalidade de trans-
3], versando os aspectos da comutação
entais. A firma J. Roma, Lda., esta- formar o carvão amorfo em grafite
em motores de tracção, as escovas têm
belecida em 1919, tema adoptado esta artificial.
um papel fundamental no bom desem-
forma de actuação com sucesso e COD1
penho desses motores. No entanto, este plena satistação dos seus clientes, repre- As escovas impregnadas são especi-
tipo de contacto deslizante não existe sentando o prestigiado fabricante fran- ahnente indicadas para ambientes húmi-
apenas nas máquinas de colector em cês "Le Carbone - Lorraine" desde 1930. dos e corrosivos uma vez que depositam
corrente contínua e em corrente alter-
sobre o colector ou sobre os anéis UI11a
nada. Ele existe igualmente nos moto-
película lubrificante anti-corrosi va. Es-
res assíncronos trifásicos de rotor 2. Qualidades principais de es- tas escovas apresentam perdas reduzi-
bobinado, nos motores síncronos, nos covas das e são particularmente adaptadas a
alternadores hidráulicos e nos turbo-
\ elocidades elevadas. sendo apl icadas a
alternadores. Sendo as escovas um com- Existem cinco grupos pnncipais de
todas as maquinas modernas estacioná-
ponente extremamente importante para escov as, correspondendo cada um de-
nas ou de tracção. rápidas. de tensões
o bom funcionamento das máquinas les a um modo específico de fabricação baixas, médias e elevadas, de carga cons-
eléctricas, se se atender aos seguintes [4,5]: tante ou variável. Os seus limite de
factores:
o Escovas carbografiticas A. São pre- utilização são: Ha 12 A/cln2 em regime
o A sua fabricação obedece a requisi- paradas a partir de misturas de pó de pennanentc c 20 a 25 A/cm2 cm regime
tos tecnológicos bastante desenvol- carvão, de grafite natural e de grafi- transitório instantâneo. e 60 m/s de velo-
vides: te artificial. aglomeradas com um cidade periférica máxima.

ELECTRICIDADE N.o 3~O. ~tARCO 1\)95 63


MÁQUINAS ELÉCTRICAS D ELECTRICAL MACHINES
o Escovas grafiticas macias LFC. O xa ou de muito baixa tensão, rente variam de tipo para tipo, e a
seu constituinte de base é a grafite lentas mas com cargas elevadas, velocidade periférica admissível si-
natural purificada ou a grafite artifi- e ainda em motores síncronos de tua-se em 40 m/s.
cial, pulverizada e aglomerada com baixas e médias velocidades. Os No Quadro I apresentam-se as ca-
ligantes apropriados, sendo as mis- seus limites de utilização são: 12 a racterísticas de alguns tipos de es-
turas cozidas para qunnar o ligante. 30 Alcm2 em regime permanente e covas pertencentes a estes cinco
Estas escovas são macias, plásticas, 100 A/cm2 em regime transitório grupos [4, 5]. Saliente-se que existe
amortecendo eficazmente choques instantâneo no que respeita às den- uma gama de escovas carbo-
e vibrações mecânicas, e são sidades de corrente, e 35 m/s como grafiticas, cuprografiticas e meta-
utilizadas exclusivamente nos velocidade periférica máxima lografíticas, bem como resina-
anéis em aço de máquinas síncronas admissí velo grafíticas, para motores de potência
e assíncronas rápidas. Os seus hrni- O Escovas resina-grafiticas BG. São fraccionária de uso geral e para má-
tes de utilização são: 10 A/cm2 obtidas a partir de grafite natural ou quinas funcionando em ambientes
e 75 m/s. artificial, aglomerada com uma re- especiais - aeronáutica (baixa tem-
O Escovas metálicas CG-MC. São sina fenólica termo-endurecedora. peratura e ar rarefeito), e a baixas
obtidas misturando em proporçõe sendo essa mistura prensada e temperaturas e elevadas taxas de
conx enientes pós de grafite natural polimerizada a uma temperatura humidade, que não são objecto des-
purificada e de cobre, e por vezes conveniente. Estas escovas, devido te artigo. Os valores da queda de
também de chumbo e de estanho. a conterem resina fenólica na sua tensão são E(> 3 V), M(2J a 3 V).
Essas misturas são prensadas e pos- composição, apresentam elev ada B(1,4 a 2.3 V) e MB«L4 V), e os
teriormente cozidas a temperaturas resistência eléctrica sendo, por do coeficiente de atrito, E(>0,20).
seleccionadas, para lhe conferir a conseguinte, muito boas comutantes M(0,12 a 0.20) e B( <0.1 2). Aten-
solidez e a coesão necessárias. Per- mas, em contrapartida, têm perdas dendo aos valores expostos, é possí-
tencem igualmente a este grupo as eléctricas elevadas. A sua robustez vel expor algumas conclusões inte-
escovas impregnadas, sob pressão, mecânica é elevada e admitem ressan tes (Quadro I).
de cobre fundido ou de cobre-chum- um funcionamento com densidades
bo fundido. São escov as bastante de corrente muito reduzidas São O A escova carbografitica A 176. pelo
pesadas, de baixo atrito e de queda Indicadas para as poucas maqui- facto de admitir uma \ elocidade
de tensão. consequentemente com nas de corrente alternada COIn co- periférica bastante mais reduzida
perdas reduzidas. lector, estacronanas ou de tracção. que as restantes escovas, a sua
Devem ser utilizadas em máquinas de \ elocidades médias e COIncargas reststiv idade ser extremamente ele-
de corrente contínua lentas, de bai- moderadas. A~ densidades de cor- \ ada e o seu atrito ser elev ado, é a
escov a indicada para motores de
CC estacionários. antigos. de baixa
QUADRO I
velocidade e sem pólos auxiliares,
Características principais das escovas
ou seja, de dificil comutação.
O A::, escov as electrografíticas EG

64 hL1!l I RlllOADl N." l:!ll. MAR('O l~~5


MÁQUINAS ELÉCTRICAS D ELECTRICAL MACHINES
,
bastante e le v adas (note-se o
seu baixo valor de resi sti v i-
dade) Quanto às qualidades rnetáli-
cas impregnadas, COIno o seu teor
de metal e mais baixo que o das
qualidades aglomeradas. a sua
resistividade é mais elev ada. Am-
bos os tipos M609 e M6 73 são espe-
ciahnente fabricados para a SUJ Llti-
lização ex clusiv a e m motores
assíncronos sincronizados, C0111
anéis de bronze.
O As escovas resina-grafíncas. pelo
facto de conterem resina. apre-
sentam \ alares de resisti "idade
extremamente elevado" e, por
consequinte , quedas de tensão
superiores a 3 V. Sendo muito
boas cornutantes, são utilizadas
Fig. 1 - Escovas de carvão para máquinas eléctricas industriais Electrografinca EG 341 e Metálica CG 6535
exc Iusi vame nte nos poucos
qualidades - 140 !-ln cm para a CG motores trifásicos de colector.
(elevada resistividade), deve ser uti-
651 (49% de metal) e lO !-ln cm para dos tipos Schrage e Schorch, ainda
lizada em motores CC de velocida-
a CG 75 (77~ o de metal). O tipo CG existentes.
de variável e de carga elevada, ou
651 deve ser utilizado em
seja, de dificil comutação, como por
excitatrizes e em motores CC em Como facilmente se constata. as ga-
exemplo em trens de laminagem.
mecanismos de elevação, ou seja, mas de qualidade atrás caracterizadas.
Quanto às qualidades impregnadas,
de tensão reduzida, bem como em cobrem toda a variedade de máquinas
o tipo EG 7099 (baixa resistividade),
turbo-alternadores de 1500 r.p.m. e eléctricas industriais com contactos
pelo facto de apresentar a mesma
em motores assíncronos com anéis deslizantes. e contemplam, para cada
dureza da EG 34 D, é igualmente
de bronze, enquanto que a CG 75 é máquina, o seu regime de funciona-
indicada para excitatrizes e gerado-
especialmente indicada para moto- mento. Por outras palavras, existe o tipo
res CC marítimos, e ainda para
res de corrente contínua e ideal de escov a para maquina certa c
motores de tracção de pequena
excitatrizes de baixa velocidade e para o regime de funcionamento estipu-
potência, de corrente contínua
tensão reduzida mas com cargas lado [4. 5. 6, 7].
pura, por conseguinte com boa
comutação. A qualidade EG 9049,
de elevada resistividade, é uma
K 20 K 22 K 23 K 24
escova típica para tracção eléc- l~ li ri
~
~ ~
trica, sendo aconselhável para ~
~
~ B ~ ~
~ rI. lo.;;,
v. rI
~ ~B / ,;;
motores CC pura ou ondulada, .::::~ ...
de grande potência e de difícil
comutação.
'- ... ~
O As escovas LFC, que, além de se- ~

rem macias (muito baixa K 34 K 35 K38


abrasi vidade), admitem veloci-
dades periféricas bastante elevadas,
devem ser utilizadas exclusiva-
mente em turbo alternadores de
3000 r.p.m ..
O As escovas metálicas aglomeradas,
devido ao teor de metal que contêm,
apresentam resistividades significa-
tivamente inferiores às das restante Fig. 2 - Formas normalizadas de esc ovas,

ELECTRlClDADE N." 320, MARCO 1995 65


MÁQUINAS ELÉCTRICAS D ELECTRICAL MACHINES
contínua rectificada e tipo de recti-
ficador, alternada-síncrona ou
A B E F
assíncrona de rotor bobinado)
o - gerador ou motor
- sentido de rotação reversível ou

N o p Q
c::
não

o - características nominais (potên-


cia, velocidade, tensão, corrente)
O Tipo de serviço e ciclo de carga
O Ambiente de trabalho
O Corrente nos anéis
Fig. 3 - Formas normalizadas de terminais
O Número de porta-escovas
O Número de escovas por porta-esco-
3. Aspectos Tecnológicos delos monobloco destinam-se a máqui-
. " vas
nas estacionarias, enquanto que os mo-
O Temperatura ambiente
Como se deve compreender. os mo- delos "sandwich" se destinam exclusi-
O Humidade relativa
delos de escovas utilizadas em máqui- vamente à tracção eléctrica [I, 2, 6, 7].
O Diâmetro do colector
nas eléctricas são muito numerosos, Por sua vez, na figura 3 ilustram-se
O Diâmetro dos anéis
sendo impossível mencioná-los todos. formas normalizadas de terminais [5,6,
O Escovas
Uma escova é constituída por três ele- 7]. Independentemente do modelo da
- desenho pormenorizado e cotado
mentos fundamentais (fig. I): escova, ela é caracterizada pelas suas
- comprimento do fiador
dimensões,
- tipo e dimensões do terminal
O A escova de carvão propriamente I x a x r
dita, que. ao estar em contacto me- como se esquematiza na figura 4. To- Existem igualmente recomen-
cânico directo com o colector ou mando o eixo de rotação da máquina dações muito importantes [4,6,7],
com o anel, assegura o contacto como referência tem-se que devem ser escrupulosamente
deslizante estator-rotor. O l-dimensão tangencial (ou circun- seguidas pelos utilizadores sob pena
O O condutor de ligação. designado ferencial) de mau funcionamento e mesmo de
por fiador, que é um cabo multifilar O a - dimensão axial danos irreparáveis nas máquinas
solidário ao corpo da escova nas O r - dimensão radial (altura da escova) eléctricas:
qualidades A, EG, CG, M e BG, e
fixo por rebites nas qualidades LFC Por outro lado, para que a qualidade O Nunca misturar tipos diferentes de
.,
devido a sua fragilidade mecânica. de uma escova possa ser correctamente escovas na mesma maquma.
O O terminal de contacto, que assegu- definida há que fornecer os seguintes O Verificar se as escovas têm uma
ra a ligação eléctnca ao porta-esco- dados da parte do utilizador [4,6,7]: folga muito ligeira em relação às
vas. O Máquina eléctrica caixas dos porta-escovas,
- construtor O Verificar se os porta-escovas estão
Na figura 2 mostram-se algumas for- - número de .:;érie/tipo correctamente posicionados em re-
mas normalizadas de escovas - os mo- - sistema de corrente (contínua pura, lação às linhas neutras.
O Regular a distância dos porta-esco-
vas aos colectores e aos anéis entre
2 e 3 cm,
O Verificar o bom estado dos colecto- ,
res (evitar ovalizações, lâminas le-
/
•• vantadas, micas por rebaixar, e
"
chanfrar as arestas das lâminas a 45°
em 0,2 a 0,5 mm) e dos anéis (evitar
ovalização ).
• • O Verificar, através de dinamómetro.
b) se as pressões das molas dos porta-
a)
escovas são as correctas (ver quadro
Fig. 4 - Dimensões nonnahzadas das escovas.
Il), e se são todas iguais para a
a) Para colectores. , .
b) Para anéis. mesma maquina.

66 ELECI RIC1DADb N," 320, MAR<; o 1995



MÁQUINAS ELÉCTRICAS D ELECTRICAL MACHINES

QUADRO II pressões elevadas melhoram o con-


Pressões recomendadas para escovas (kPa). tacto eléctrico reduzindo as perdas
eléctricas, mas, no entanto, aumen-
tam o atrito e, consequentemente, as
perdas por atrito e o desgaste da
escova.
A 17 - 20 e As molas que equipam os porta-
escovas devem assegurar sempre a
EG normais 17 - 20 17 - 20 25 - 45 mesma pressão de contacto, desde o
início de funções da escova até ao
EG impregnadas 17 - 25 25 - 55
seu desgaste máximo admissível.
LFC 13 - 20 e A queda de tensão no contacto é
uma característica importante dos
Velo normal 17 - 70 contactos deslizantes e não depende
CGeM ~-------+---------------+---------------+--------------~ propriamente da escova ou da má-
Vel. < 1 mls 25 - 27 I

quina eléctrica. E uma função da


I k Pa = 10 g/crrr' camada complexa depositada sobre
o colector ou sobre o anel (pista) e
Como seria de esperar, as pressões e Os colectores e os anéis não devem da camada interfacial (fig. 5). A
de contacto para os motores de tracção ser nem muito polidos nem muito pista é uma mistura de óxidos metá-
são bastante maiores, na razão de 2: 1, rugosos, devendo os valores de licos, de carvão e de água, e a cama-
em relação às que se devem praticar rugosidade indicados na Ref. [6] ser da interfacial é composta por uma
para as restantes máquinas. Para se as- respeitados. Se forem muito poli- película gasosa, ionisada, com par-
segurar uma boa passagem da corrente dos, gera-se uma película vidrada tículas de carvão em suspensão e,
e óptimas características comutantes, há sobre as pistas de contacto, que di- por vezes, de poeiras finas. Por con-
que estabelecer um bom contacto escova- ficulta a passagem da corrente e seguinte, a queda de tensão é influ-
-colector o que se consegue, em motores aumenta as perdas por atrito. No enciada por todos os factores sus-
sujeitos a regimes de carga tão variável caso de rugosidades muito eleva- ceptíveis de modificar a pista ou a
e a vibrações mecânicas violentas, au- das, aumenta o desgaste do carvão camada interfacial-ternperatura,
mentado a pressão desse contacto. correndo-se o risco de curtocircuitos pressão. humidade, impurezas, ve-
permanentes entre lâminas adj acen- locidade de rotação, densidade de
4. A escova sobre a máquina, tes do colector, devido aos depósi- corrente e qualidade da escova.
aspectos meccânicos eléc- tos anormais de pó de carvão. e
. , .
trícos e qumucos e As vibrações comprometem o con-
Se bem que as faíscas no contacto se
devam, na generalidade das situa-
tacto escova-colector, e podem ser ções, à comutação, há no entanto
As escovas asseguram uma função devidas a defeitos da própria má- outras causas que podem igualmen-
fundamental no funcionamento de uma quina, ao seu próprio funcionamen- te contribuir para o aparecimento de
máquina eléctrica, e o seu dever é con- to (tracção eléctrica) ou à própria faíscas-pressão das molas superior
ferir a cada máquina um certo conforto escova devido a uma escolha inade- à aconselhada, aumento do atrito
mecânico, eléctrico e atmosférico. Nas quada. Corre-se o risco do sistema por excesso de velocidade, carga
linhas que se seguem são examinados escova-suporte entrar em ressonân- excessiva, colector sUJOe defeitos
de uma forma resumida os principais cia, com a sua consequente destrui- de isolamento no enrolamento in-
pontos sensíveis relacionados com as ção. Isto é evitado utilizando a qua- duzido
escovas [4,6,7]. lidade correcta do carvão, escovas e A corrente não se reparte uniforme-
"sandwich" e amortecedores em bor- mente por toda a superfície de con-
eo atrito no contacto escova-colec- racha ou em silicone, como sucede tacto da escova: em condições nor-
tor não tem um valor fixo, uma vez em tracção eléctrica. mais as zonas de condução mudam
que depende da qualidade do car- e Pressões de contacto fracas dimmu- constantemente, atingindo-se um
vão, da velocidade, da carga, do em o atrito, no entanto ao dificulta- determinado equilíbrio. Se este equi-
estado do colector ou do anel, e do rem o contacto eléctrico aumentam líbrio se desfaz. as zonas de condu-
ambiente. Os valores indicados no o índice de faiscagem, e, por conse- ção reagrupam-se e diminuem em
Quadro I representam apenas uma guinte, das perdas e do desgaste de número, aparecendo estrias e picos
ordem de grandeza. origem eléctrica. Em contrapartida, sobre o colector ou os anéis. Este

ELECTRlCIDADl:. N." 320. MARÇO 1995 67


~scova
.....-1~ __
sar de indicada pelo construtor do
motor, sempre provocou um ligeiro
~~~~~contactos desgaste do colector. A nova quali-
camada dade é menos abrasiva e melhor
comutante.
interfacial
pista Agradecimentos

Ao terminar este trabalho, realizado


anel no âmbito das comemorações dos 75
Fig. 5 - Contacto deslizante escova-colector/anel.
anos da firma J. Roma, Lda, os autores
expressam os seus sinceros agradeci-
mentos aos Engenheiros Salvador Ponce
fenómeno é de" ido a agentes exteri- cimento profundo de todas aquelas qua-
e Xavier Canosa da Sofacel - Carbone
ores (poeiras, gases, excesso de lidades como também dos aspectos de
Espana, bem como a todos os colegas da
humidade) e à utilização de escovas projecto e de comportamento das diver-
firma J. Roma Lda com os quais se reali-
inadequadas. sas máquinas eléctricas. Ilustram-se
zaram di versas acções de formação neste
O A água, que é um constituinte essen- seguidamente três exemplos práticos,
domínio e cujo contributo foi funda-
cial da pista, é fornecida pelo ar nos quais estivemos envolvidos direc-
mental para a execução do artigo.
ambiente. Em ambientes muito se- tamente.
cos, são os óxidos metálicos que
predominam sobre a pista aumen- O Motor assíncrono trifásico com
Referências bibliográficas
tando o atrito e, consequentemente, anéis: destruição dos anéis e dos
[1] C. Pereira Cabrita, HA Comuta-
o desgaste das escovas. A situação suportes porta-escovas por utiliza-
ção 110S Motores Monofásicos de Co-
crítica é atingida quando a taxa de ção de escovas inadequadas. Repa-
lector e Causas do seu Abandono à
humidade absoluta se situa em 2 gl ração destes órgãos e utilização das
Frequência industriar', Electricidade
m", sendo o caso das aeronaves, das escovas aconselháveis, do tipo EG
149, Março de 1980,p. 122-130.
atmosferas com gases secos 34D.
[2] C. Pereira Cabrita, "A Comuta-
(hidrogéneo e azoto) e das máqui- O Substituição da qualidade EG 4'OP
ção do Motor de Corrente Ondulada" ,
nas estanques. Para estas aplicações pela qualidade EG 200, em motor
Electricidade 151. Maio de 1980, p.
particulares deverão ser aplicadas de CC de carga variável, ou seja, de
219-224.
escovas especiais, que não constam comutação dificil, e de grande po-
[3] C. Pereira Cabrita, "Análise Com-
deste artigo. tência.
parativa do Funcionamento do Motor
O As poeiras tomam-se abrasivas , dan-
de Corrente Ondulada Alimentado por
do origem a estrias nas pistas e a Analisando as características destas
Rectificadores com Comando de Am-
desgastes excessivos das escovas. duas escovas, constata-se que elas são
plitude e com Comando de Fase", Elec-
iguais, excepção da resistividade, em
á

tricidade 189, Julho de 1993. p. 306-


que o tipo EG 300 apresenta um valor
316.
5. Considerações finais 500/0superior à EG 40P, o que significa
[4] Le Carbone Lorraine, "Guide
que é uma escova melhor comutante.
Technique - Balais pour Machines
Como se constatou ao longo do arti- ,
Electriques", 1993.
go, as qualidades de escovas para má- O Substituição da qualidade EG 98B
[5] Le Carbone Lorraine, "Balais
quinas industriais, estacionárias e de pela EG 6982/T, em motor CC de
Standards pour Machines Électriques
tracção, são em grande número. Quer grande potência, de carga constante
Industrielles", 1993.
isto significar que a selecção correcta e regulação de velocidade, e sem
[6] J. Roma Lda, "Notas Técnicas
de uma escova obriga não s6 ao conhe- sobrecargas. A escovaEG 98B, ape-
sobre Escovas para Máquinas Eléctri-
cas", 1993.
[7] C. Pereira Cabrita. "Motores com
colector e anéis. Escovas de carvão
EG40P 2800 54 M 12 50
para máquinas eléctricas", Textos de
EG 300 4200 54 B/M 12 50 Fonnação.1993. []

68 1!Ll!CTRJ( IDADE N." 320. MAR('O 1~~5

Você também pode gostar