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DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ll

DOCENTE: MARIA IZABEL MACHADO


DISCENTES: ANA CLAÚDIA ALVES AZEVEDO, GISELY ALVES LIMA, IRTON DA SILVA SANTANA
JUNIOR

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO E SUA QUESTIONÁVEL CONCEPÇÃO DE QUALIDADE DA


EDUCAÇÃO
REFERÊNCIA
FERRETTI, Celso João. A reforma do Ensino Médio e sua questionável concepção de qualidade da educação.
Estud av [Internet]. 2018 May;32(93):25-42.

RESUMO DO CAPÍTULO
O artigo em questão retrata como tema principal as mudanças radicais visadas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
promovidas pela lei 13.415 de 16.2.2017, com enfoque em mostrar a partir da mesma seus antagonismos latentes
por meio da uma análise que parte do prescrito na lei com a base material atual das escolas brasileiras e suas várias
realidades. Com o objetivo de mostrar as contradições do mesmo, Ferreti traz as justificativas dadas pela lei para a
mudança drástica que a mesma promove como, ‘’a baixa qualidade do Ensino Médio ofertado no país e a
necessidade de torná-lo mais atrativo aos alunos, em face dos índices de abandono e de reprovação’’. Porém,
Ferreti aponta dados e pontos que negam os mesmos dados apontados pela lei como caráter das matrizes
curriculares, e sim que os mesmos são causados pela falta de infraestrutura das escolas e defasagem do aluno do
meio escolar para complementação de renda familiar, gravidez na adolescência e a violência nas escolas. O mesmo
aponta que a mesma oferta risco ao currículo dos alunos com relação ao futuro dos mesmos e suas respectivas
formações precoces e a retirada de componentes curriculares importantes para formação do cidadão crítico pela
entrada de itinerários formativos, o que visto pelo mesmo como forma de enfraquecer as bases ideológicas do
aluno consequentemente forma um cidadão menos questionador e mais adepto ao sistema capitalista de produção.
O autor aponta também sobre o perigo da alta carga horária de estudo, o que não se adequa a realidade brasileira
que é caracterizada pela presença de “várias juventudes” que o Brasil abrange, sendo a lei, não compatível com a
materialidade vivenciada pela juventude brasileira, que em muitos casos, é obrigada a deixar os estudos pela
pobreza que o jovem sobrevive em sua realidade. Em suma o artigo denota como a reforma no Ensino Médio de
2017 não se mostra eficiente para a maioria da juventude, sendo prejudicial não só para o estudante, mas também
para o profissional da educação que se torna refém de itinerários formativos e a desvalorização da sua formação no
mercado de trabalho vigente, ao passo que utiliza de investimentos do empresariado do ramo da educação para
manutenção da ideologia burguesa e formação de jovens precarizados em um mercado que traz consigo a
precarização da mão de obra do futuro proletariado, em consequência ampliando a desigualdade socioeconômica
como um todo.
O artigo aborda ainda a contradição dos jovens em idade escolar no ensino medio que em grande percentual já se
encontram inseridos no mercado de trabalho, não sendo possível sua participação em périodo integral. No texto
ainda é levantada a questão do interesse economico dos grupos dominantes nessa reforma, a fim de criar uma
população qualificada mas com menor potencial de revolta face as condições de trabalho.
Por outro lado essa reforma propoe a retirada de matérias importantes da obrigatoriedade de ensino tais como
história, artes, sociologia, e filosofia, o que levantaria questões no tocante aos professores responsáveis por essas
áreas, qual seria o destino deste?, e também questões sobre a qualidade da educação, que ao implementar o ensino
integral com grandes diferentes proporcionara o aumento da desigualdade já presente na educação, pois aqueles
que precisam trabalhar não teriam condição de frequentar as aulas em período integral, ficando então relegados ao
ensino de menor qualidade?. Como será possível manter a qualidade de forma universal do ensino médio para
todos que dele cursar, seja em qual formato?. Os custos para a implementação do novo formato de ensino integral
rompe com o imposto na lei do regime fiscal.
LISTA DE CITAÇÕES E COMENTÁRIOS

Citações Comentários
(...)Todavia, a segunda justificativa, que se Demonstra neste parágrafo que a defasagem
apresenta com uma forma de resposta à no ensino médio está além das mudanças
primeira, é equivocada por atribuir o nas matrizes curriculares, e sim nas em
abandono e a reprovação basicamente à bases e contextos sociais.
organização curricular, sem considerar os
demais aspectos envolvidos: • infraestrutura
inadequada das escolas (laboratórios,
bibliotecas, espaços para EF e atividades
culturais) carreira dos professores, incluindo
salários, formas de contratação, não
vinculação desses a uma única escola;(...)
Em estudo para a Unicef, Volpi (2014)
evidencia que os adolescentes por ele
pesquisados apontaram como causas do
abandono escolar, além das questões
curriculares, a violência familiar, a gravidez
na adolescência, a ausência de diálogo entre
docentes, discentes e gestores e a violência
na escola. (pg.26,27)

Por outro lado, tendo em vista a parcela da Mostra como a Lei 13.415 não reflete suas
população a que se destina o Ensino Médio, bonificações na sociedade brasileira
na idade regular, cabe considerar que, na desigual como um todo
desigual sociedade brasileira, vários dos
jovens que a constituem estarão, na época
da realização do Ensino Médio, trabalhando
no mercado formal ou, predominantemente,
no informal, tendo em vista as necessidades
pessoais e/ou familiares com que são
confrontados, conforme explicitado
anteriormente. Daí seu deslocamento, pelo
menos em parte, para o ensino noturno ou o
abandono escolar, anteriormente apontado.
Deve-se ainda considerar que, como
apontado pela Rede Brasil Atual (2017),
pesquisa realizada pelo Centro de Estudos e
Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária (Cenpec), divulgada em
8.8.2017, indica que uma de suas principais
conclusões foi a de que “em vez de
contribuir para a redução das desigualdades
educacionais, as escolas de ensino médio de
tempo integral mantidas pelos estados de
São Paulo, Goiás, Ceará e Pernambuco
contribuem para aprofundá- las”(Pag.28,29)
No entanto, é necessário atentar para o fato Revela que muitas das ações tomadas pela
de que as avaliações internacionais em larga BNCC são endossadas por entidades do
escala, como o Pisa, focam precisamente empresariado privado com o objetivo de
sobre tais componentes, além dos relativos ser lucrativo em cima da educação desigual
às ciências. Tal enfoque diz muito sobre as brasileira
intenções da reforma, pois traz para o
âmbito dessa um elemento importante da
Base Nacional Comum Curricular, ou seja,
aquele que inspirou uma das facetas de sua
constituição, o Common Core, ou Núcleo
Comum, defendido por grandes empresários
brasileiros participantes do Movimento pela
Base Nacional Comum, Núcleo esse que
orientou a reforma da educação nacional do
governo Obama. (Pag.30)
Formulada de maneira genérica, a Mostra que o Brasil vive um momento de
concepção de potencial dos jovens diversas juventudes pelo fato da sua
brasileiros não passa de uma abstração pluralidade tanto econômica quanto social
usualmente apoiada em outra abstração,
qual seja, a de juventude, pois, na verdade,
como ressaltam Sposito e outros
pesquisadores,3 dada a imensa diversidade e
desigualdade do país, o mais correto é
referir-se aos jovens que frequentam a
escola pública brasileira, assim como aos
que frequentam escolas privadas, ou estão
fora das escolas, como pertencentes a
diferentes juventudes. Tais jovens, pela sua
origem, experiências de vida, oportunidades
de escolarização e acesso a cultura e
trabalho, têm necessidades, carências,
acesso a conhecimentos, oportunidades de
trabalho e expectativas em relação a eles de
determinado tipo e não de outros. (pag.31)
“Deve-se ainda considerar que, como Tal citação reafirma o aumento da
apontado pela Rede Brasil Atual (2017), desigualdade como consequência da
pesquisa realizada pelo Centro de Estudos e reforma
Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária (Cenpec), divulgada em
8.8.2017, indica que uma de suas principais
conclusões foi a de que “em vez de
contribuir para a redução das desigualdades
educacionais, as escolas de ensino médio de
tempo integral mantidas pelos estados de
São Paulo, Goiás, Ceará e Pernambuco
contribuem para aprofundá-las”.(pg.28/29.)
De um lado as escolas das redes estaduais, que Aponta algumas situações que a reforma
não contam com infraestrutura e condições provocará, como o aumento de despesas e
para o desenvolvimento do trabalho adequadas deslocamento de professores de unidades e de
para o atendimento dos alunos que a áreas de conhecimento.
demandam, terão pouca ou nenhuma
possibilidade de superar tais entraves. De
outro, as proposições da Lei 3.415 terão
dificuldade
para materializar-se sob a forma de escola de
tempo integral, posto que essa exige a
disponibilização de mais recursos do que os
atuais, o que significará um problema para os
estados uma vez que a esses, a não ser nos dez
anos iniciais da implementação da lei, caberá o
ônus do aumento dos custos que
necessariamente ocorrerá, ainda que, como já
se sabe, nem todas as escolas das redes
públicas estaduais venham a se tornar de
tempo integral. Além disso, a liberação de
professores das redes estaduais para atuar nas
escolas de tempo integral implicará a
necessária arregimentação de outros docentes
para ocupar seus lugares nas unidades nas
quais vinham atuando.(pg.35/36)
A terceira situação remete ao caso específico Tal situação acarretará ainda mais a
do itinerário “formação técnica e profissional”. diminuição da qualidade da educação
Institui-se aqui, conforme o inciso IV
introduzido pela Lei no artigo 61 da LDB
9394/1996, a possibilidade de que postos de
trabalho possam ser ocupados, por
“profissionais detentores de notório saber”, o
que representa redução de oportunidades de
trabalho para professores concursados
e licenciados. (pg.37)

Por seu turno, como demonstrado em outro Explicita o interesse econômico dos grupos
texto (Ferretti, 2016), tal Projeto de Lei dominantes na reforma do ensino médio
resultou, por sua vez, de intensa atuação de
setores da sociedade civil identificados com o
empresariado nacional que, há tempos,
inclusive nos governos do PT, vêm exercendo
forte influência sobre o MEC, no sentido de
adequar a educação brasileira a seus
interesses, entre eles os de natureza financeira.
(pg26)
CONSIDERAÇÕES
O artigo se mostra muito relevante para o aprendizado pois o mesmo nos elucida sobre a problemática por traz da
geração de capital humano por meio da educação, sendo a mesma geradora de uma mão de obra precarizada,
formando consigo um exército de reserva.
No artigo fica claro a relação da influência das grupos dominantes nos caminhos a serem triados pela nossa
educação, que propõe a qualificação técnica de mão de obra, com menor capacidade crítica e por isso menores
potencial de revolta contra os meios de produção e condições de trabalho a eles impostos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRETTI, Celso João. A reforma do Ensino Médio e sua questionável concepção de qualidade da educação.
Estud av [Internet]. 2018 May;32(93):25-42.

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