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seja, a ideia que é formada em nossa imaginação
intermediada pelos nossos olhos) e aquilo que está no
objeto que produz a sensação em nós (ou seja, aquilo que
está na chama ou no sol que é chamado de “luz”). Ele fala
de qualidade (no caso a luz) como algo que é uma
propriedade somente do movimento, ou tendência para o
movimento, dos corpos materiais.
Ele inicia o capítulo três dizendo que existe uma
infinidade de movimentos que duram eternamente. Tudo
está mudando, ele diz. Ele não está interessado nas causas
dos movimentos, apenas acredita que eles começaram com
o início do mundo. Em seguida parte para explicar a causa
de todas as mudanças que ocorrem no mundo e de todas as
variedades que aparecem na Terra. De início, ele considera
a diferença entre corpos sólidos e líquidos. Ele diz que
todo corpo pode ser dividido em partes extremamente
pequenas (ele não se preocupa se o número de partes é
infinito ou não). A diferença entre os corpos resulta no
grau de dificuldade em que essas partes podem ser
separadas umas das outras. Nos corpos sólidos, todas as
partes tocam umas nas outras, sem espaço vazio entre elas,
e nenhuma delas está em movimento. Nos líquidos as
partes movem-se umas em relação às outras nas maneiras
mais diversas.
No capítulo quatro, ele diz que todos os movimentos
que ocorrem no mundo são de alguma forma circular. Isto
é, quando um corpo deixa seu lugar, ele sempre entra no
lugar de outro, e este no lugar de um outro, e assim
sucessivamente até um último corpo que ocupa, no mesmo
instante, o lugar deixado vago pelo primeiro. Assim não
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existe vácuo entre os corpos, quer eles estejam parados,
quer estejam em movimento.
Quando os corpos movem no ar, não notamos este
movimento circular, porque imaginamos o ar como um
espaço vazio. Ele pede ao leitor para imaginar peixes em
um tanque e diz:
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podem mudar de forma para se ajustarem aos locais que
entram e podem penetrar qualquer região do espaço.
O segundo elemento é o ar, e ao contrário do primeiro,
se faz necessário atribui um tamanho e forma às suas
partes. Descartes imagina essas partes como redondas e
ligadas como grãos de areia. Elas não se ajustam
perfeitamente umas com as outras.
O terceiro elemento é a terra. Suas partes são maiores
e movem-se mais devagar que aquelas dos outros dois
elementos. Os corpos na superfície da Terra são
compostos dos três elementos. Por exemplo, uma chama,
ou o fogo comum, não é o elemento “fogo” puro, mas uma
mistura dos três elementos. Somente os corpos grandes
têm a forma de um dos elementos. Os corpos mistos
aparecem apenas na superfície desses corpos. Descartes
diz que se olharmos de quais corpos o universo é
composto, encontraremos apenas três tipos que podem ser
considerados grandes. O Sol e as estrelas fixas constituem
o primeiro tipo, o céu o segundo, e a Terra, os planetas e
os cometas o terceiro. Assim, o Sol e as estrelas fixas
devem ser constituídos pelo primeiro elemento, o céu pelo
segundo, e a Terra com os planetas e cometas pelo
terceiro. Na superfície da Terra (que vai das nuvens até o
fundo de minas cavadas pelo homem) encontramos corpos
que são formados pela mistura dos elementos. Os dois
primeiros elementos são tão sutis que não podem ser
percebidos pelos nossos sentidos.
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No capítulo seis, Descartes diz que vai apresentar o
que acontece em um mundo imaginário que não é o
mundo verdadeiro. Nesse mundo a matéria preenche
uniformemente todo o espaço e é incompressível. Ele diz
que a extensão, ou propriedade de ocupar espaço, é a
essência da matéria.
Ele escreve que Deus divide a matéria em muitas
partes, algumas grandes e outras pequenas, com formas
diferentes. Não que Ele as separe tal que exista um vazio
entre elas, mas a distinção que Ele faz consiste na
diversidade do movimento que Ele dá às partes.
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Como terceira regra, ele escreve que quando um corpo
está em movimento, mesmo que o movimento aconteça ao
longo de uma linha curva, cada parte individual tende
sempre em continuar o movimento ao longo de uma linha
reta.
Ele fornece como exemplo o caso de uma pedra
girando em uma funda. Quando a pedra deixa a funda, não
só ela segue em linha reta, mas durante o tempo em que
ela esta girando ela estica a corda. Isto mostra que a pedra
tem uma tendência em seguir em linha reta e gira somente
quando ela é forçada.
Ele afirma que de todos os tipos de movimento,
somente aquele em linha reta é inteiramente simples; toda
a sua natureza pode ser entendida em um instante. Pois
precisamos pensar apenas em uma direção, enquanto em
outros tipos de movimento precisamos relacionar pelo
menos duas partes do movimento.
Ele escreve que o conhecimento dessas leis é tão
natural para nossa mente que não podemos de deixar de
considerá-las como infalíveis e que se Deus tivesse criado
outros mundos, as leis nesses mundos seriam as mesmas.
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ocorre porque a tendência do segundo elemento em
revolução de se mover para fora desloca as partes mais
lentas do terceiro elemento para dentro. Imaginando uma
pedra jogada para cima ele diz:
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vórtices para explicar o movimento de fluxo e refluxo do
mar.
Outros comentários
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Descartes considerava como uma medida da quantidade de
movimento o produto do tamanho do corpo pela
velocidade, um conceito escalar. Devido a imutabilidade
de Deus, que era a causa última do movimento, ele
concluiu que a quantidade total de movimento no
Universo deveria permanecer constante, mas não havia
necessidade de que essa quantidade em cada corpo
permanecesse constante. Em uma colisão, movimento
poderia ser transferido de um corpo para outro. A soma
dos movimentos depois do choque deveria ser igual àquela
de antes.
Na sua terceira lei de colisão ele diz:
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O estudo de colisões foi um dos poucos casos nos
quais Descartes introduziu uma mecânica quantitativa em
sua filosofia.
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tem mais força, ele move o outro corpo com ele, e perde
tanto de seu movimento como ele fornece ao outro.
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FIG.1
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FIG.2
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FIG.3
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percorre o arco igual CF como BA está para AG, isto é,
como AC está para AB.
Colisões
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movimento quanto ele fornece ao menor. Além disso, os
dois corpos se movem depois do choque. Este resultado é
inconsistente com o anterior. Huygens, aceitando a
relatividade do movimento, reviu as regras de colisão.
Ele analisou uma experiência de colisão realizada em
um barco em movimento. Comparando os resultados
observados por uma pessoa no barco com aqueles
observados por uma pessoa em terra, ele chegou às suas
leis para colisão. Mas como ele seguiu Descartes
distinguindo direção de velocidade, a quantidade de
movimento de um corpo tinha sempre um valor positivo.
Assim, nos casos nos quais somente um corpo inverte a
sua direção, a quantidade de movimento (na mecânica de
Huygens) não permanecia constante. Mas ele percebeu
que uma outra quantidade permanecia constante nas
colisões envolvendo corpos perfeitamente rígidos. Se o
tamanho de um corpo é multiplicado pelo quadrado de sua
velocidade, a soma dessas duas quantidades antes da
colisão é sempre igual à soma das duas quantidades depois
da colisão. Para ele, isto era apenas um número que servia
como substituto para a quantidade de movimento
cartesiana que mostrou ser incorreta.
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periódica, mas algo como o distúrbio viajando através da
superfície de um lago, se afastando do ponto onde uma
pedra foi jogada. Ele negou especificamente que os pulsos
luminosos pudessem ser periódicos. Ele escreveu no
“Traité de la lumière” [ Treatise on light- Great Books]
...a luz nos atinge vindo dos corpos luminosos por meio de
algum movimento que é transmitido à matéria
intermediária,....segue-se que esse movimento transmitido
à matéria deve ser gradativo e que, como o som, deve
expandir-se em superfícies esféricas ou ondas; eu as
chamo ondas por causa de sua semelhança com as que
vemos formadas na água quando nela é jogada uma pedra
e porque nos permite observar uma expansão gradativa
igual em círculos, embora sejam resultantes de uma causa
diferente e só se formem em uma superfície plana.
Complemento
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Huygens
Publicou em 8 de março de 1669 uma versão condensada
de um artigo sobre choques de esferas. Nele ele apresenta
quatro consequências:
1. A quantidade de movimento que dois corpos rígidos
têm pode aumentar ou diminuir pela colisão, mas
quando a quantidade de movimento na direção oposta
tiver sido subtraída permanece sempre a mesma
quantidade de movimento na mesma direção.
2. A soma dos produtos obtidos pela multiplicação da
magnitude de cada corpo rígido pelo quadrado de
suas velocidades é sempre a mesma antes e depois da
colisão.
3. Um corpo rígido em repouso receberá mais
movimento de outro maior ou menor se um terceiro
corpo de tamanho intermediário é interposto do que
aconteceria se atingido diretamente e, mais
importante, se este terceiro corpo é a média
geométrica dos outros.
4. Uma lei da natureza é que o centro comum de
gravidade de dois, três, ou mais corpos sempre move
uniformemente na mesma direção e na mesma linha
reta, antes e depois da colisão.
O artigo completo em que Huygens derivou os resultados
acima a partir de princípios básicos foi publicado somente
em 1703 depois de sua morte. Ele usa principalmente o
princípio da relatividade do movimento e algumas
hipóteses simples.
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Huygens no seu Horologium oscillatorium resolveu o
problema do centro de oscilação do pêndulo composto
usando o princípio da conservação da vis viva. Aqui o
princípio que surgiu inicialmente no contexto de colisões
restritas a esferas rígidas foi usado em um contexto
inteiramente diferente para resolver um problema
recalcitrante.
Pierre Gassendi
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Para ele a luz era transmitida por átomos particulares
(atomi lucificae) que eram idênticos aos átomos de calor.
O som também era transportado por partículas.
Ele tinha uma concepção absoluta do espaço e tempo.
O tempo fluía uniformemente, independentemente de
qualquer movimento. O espaço era uniforme e
independente de objetos que pudessem estar contidos
nele. Espaço e tempo pré datavam a Criação e eram
infinitos em caráter.
Em 1621 ele observou a iluminação colorida do céu e
chamou o fenômeno de “aurora boreal”. Ele localizou a
fonte da iluminação em atitudes muito alta, acima da
região polar norte. Foi o primeiro a observar a passagem
de Mercúrio em frente do Sol em 1631.
Ele escreveu em relação ao movimento de uma pedra:
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segundo grau. Um terceiro impulso acrescentará um
terceiro grau. O movimento uma vez adquirido não é
perdido e a atração uniforme, acrescentando um novo grau
de velocidade em cada instante, produzirá uma aceleração
uniforme.
Torricelli
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sobre o líquido, forçando-o para baixo. Sem o vapor o
mercúrio encheria o tubo todo.
Blaise Pascal (1623-1662) foi a pessoa mais
importante nas demonstrações experimentais envolvendo
o barômetro. Se fosse verdade que uma bolha de ar
estivesse presente no tubo e mantivesse a coluna do
líquido pela sua tensão, então uma relação entre a altura
do líquido e o espaço acima deveria ser observada. Pascal
construiu um barômetro de mercúrio usando um tubo de
cinco metros de altura e um outro com um bulbo grande
na extremidade superior. Em ambos os casos, bem como
em vários outros, a altura da coluna de mercúrio
permanecia constante, independentemente do tamanho do
espaço acima. Se ele inclinasse a coluna do tubo, a altura
vertical da superfície permanecia constante, tal que o
espaço acima do mercúrio podia sumir, não deixando
nenhuma bolha visível quando a extremidade superior
descia abaixo de doze centímetros.
Em uma outra experiência, seu cunhado levou um
barômetro até o topo de uma montanha na França e, como
era de se e esperar, a altura da coluna de mercúrio
diminuiu. Como Torricelli, Pascal estava convencido de
que era a pressão do ar que sustentava a coluna de
mercúrio no tubo e a pressão do ar diminui com a altura.
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