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FICHA TÉCNICA

TÍTULO
Manual de Suporte Básico de Vida - Adulto

AUTOR
INEM – Insituto Nacional de Emergência Médica
DFEM – Departamento de Formação em Emergência Médica

DESIGN e PAGINAÇÃO
INEM – Insituto Nacional de Emergência Médica
GMC – Gabinete de Markeing e Comunicação

ILUSTRAÇÕES
João Rui Pereira

Versão 4.0 - 1ª Edição 2017


Revisão da versão 2.0 - 1ª Edição 2012

© copyright

INEM
INDICE

I.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 4

II.A DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA EM PORTUGAL ..................................... 5


Programa Nacional de DAE (PNDAE) ................................................................................ 5
Licenciamento de Programas DAE .................................................................................... 6
Requisitos Essenciais para o licenciamento de um programa de DAE ............................. 6
III.A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA .......................................................................................7

IV..S UPORTE.BÁSICO.DE.VIDA.-.ADULTO............................................................................. 9
1. Avaliar as condições de segurança: reanimador, víima e terceiros ............................. 9
2. Avaliar o estado de consciência ................................................................................... 9
3. Permeabilizar a via aérea ........................................................................................... 10
4. Avaliar Respiração ...................................................................................................... 10
5. Ligar 112 ..................................................................................................................... 11
6. Realizar Compressões Torácicas ................................................................................. 11
7. Realizar Insulações .................................................................................................... 12
8. Manter SBV................................................................................................................. 13
9. Algoritmo de SBV........................................................................................................ 13
V.SEGURANÇA E RISCOS PARA O REANIMADOR ............................................................ 14

VI.A DESFIBRILHAÇÃO E O DESFIBRILHADOR AUTOMÁTICO EXTERNO ......................15


1. DAE: O que é e para que serve ................................................................................... 15
2. Como usar um Desibrilhador Automáico Externo ................................................... 15
3. SBVDAE com dois reanimadores ................................................................................ 17
4. Uilização de DAE em crianças.................................................................................... 18
5. Algoritmo de SBVDAE ................................................................................................. 18
VII.POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA ............................................................................ 19
1. Posição Lateral de Segurança (PLS)............................................................................ 19
2. Técnica para colocar uma víima em PLS .................................................................... 19
VIII.OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA .......................................................................................21
1. Obstrução da Via aérea (OVA) .................................................................................... 21
2. Algoritmo de Desobstrução da Via aérea ................................................................... 22
IX.CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIA AÉREA E VENTILAÇÃO ............................................. 24
Adjuvantes da Via Aérea e técnicas ................................................................................ 24
X.112.-.NÚMERO.EUROPEU.DE.EMERGÊNCIA ................................................................. 27

XI.PONTOS A RETER ........................................................................................................... 28

XII.REGISTO NACIONAL DE PCR ........................................................................................29

XIII.SIGLAS ........................................................................................................................... 31

XIV.BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 31
INEM
Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

I.INTRODUÇÃO

O presente Manual SBV-DAE resulta da necessidade de incorporar as mais recentes recomendações


emanadas pelo European Resuscitaion Council (ERC) Guidelines 2015, relaivamente ao suporte
básico de vida (SBV) e desibrilhação automáica externa (DAE), representando o estado da arte
quanto aos procedimentos a adotar perante uma víima em paragem cardiorrespiratória (PCR).

A PCR é um acontecimento súbito, consituindo-se como uma das principais causas de morte
na Europa e nos Estados Unidos da América. Afeta entre 55-113 pessoas /100,000 habitantes,
esimando-se entre 350,000-700,000 indivíduos afetados por ano, só na Europa. A análise efetuada
aos equipamentos de DAE uilizados logo após uma paragem cardíaca, indica uma elevada
percentagem (76%) de víimas com um incidente arrítmico paricular: Fibrilhação Ventricular. Está
demonstrado que a desibrilhação precoce, realizada entre 3 a 5 minutos após o colapso da víima,
resulta em taxas de sobrevivência de 50 a 70%.

Consitui-se assim como fundamental a intervenção rápida de quem presencia uma PCR, com base
em procedimentos especíicos e devidamente enquadrados pela designada Cadeia de Sobrevivência.
A Cadeia de Sobrevivência interliga os diferentes elos, que se assumem como vitais, para o sucesso
da reanimação: ligar 112, Reanimar, Desibrilhar e Estabilizar.

Os procedimentos preconizados, quando devidamente executados, permitem diminuir


substancialmente os índices de morbilidade e mortalidade associados à PCR e aumentar, de forma
signiicaiva, a probabilidade de sobrevivência da víima.

Este curso apenas habilita a uilização de um desibrilhador, quando devidamente integrado num
Programa de DAE licenciado pelo INEM.

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A Desfibrilhação Automática Externa em Portugal

II. A DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA EM PORTUGAL

A desibrilhação precoce enquanto objeivo Assim, e de acordo com o Decreto-Lei


é diícil de aingir, se efetuada apenas por 188/2009 de 12 de agosto, dependem
médicos, já que a PCR ocorre, na maioria das de licença, a instalação e uilização de
vezes, em ambiente pré-hospitalar. Face a esta equipamentos de DAE em:
realidade, foi insituída e/ou regulamentada,
em muitos países, a desibrilhação por não
médicos. • Ambulâncias de Socorro ou Transporte
tripuladas por operacionais não
O Internaional Liaison Commitee On pertencentes ao INEM;
Resuscitaion (ILCOR) recomenda que, • Em Locais de Acesso ao Público.
em muitas circunstâncias, proissionais
não médicos possam ser autorizados e
incenivados a uilizar desibrilhadores Em 8 de agosto de 2012, foi publicada a
automáicos externos e o European primeira alteração ao Decreto-Lei 188/2009
Resuscitaion Council defende que cada de 12 de agosto, através do Decreto-Lei
ambulância seja dotada de capacidade 184/2012 que veio tornar obrigatória a
de desibrilhação automáica externa. O instalação de equipamentos de DAE em
desenvolvimento técnico dos denominados determinados locais de acesso público,
“desibrilhadores automáicos externos” nomeadamente nos estabelecimentos
(DAE) permite hoje a sua uilização segura, comerciais de dimensão relevante.
desde que operados por pessoal treinado
especiicamente para o efeito. A instalação de DAE passou assim a ser
obrigatória nos seguintes locais:
• Estabelecimentos de comércio a
PROGRAMA NACIONAL DE DAE retalho, isoladamente considerados ou
(PNDAE) inseridos em conjuntos comerciais, que
O Programa Nacional de Desibrilhação tenham uma área de venda igual ou
Automáica Externa (PNDAE) foi desenvolvido superior a 2000 m2;
após a publicação do Decreto-Lei 188/2009
de 12 de agosto, que veio estabelecer as • Conjuntos comerciais que tenham uma
regras a que se encontra sujeita a práica de área bruta locável igual ou superior a
DAE por pessoal leigo, em ambiente extra- 8000 m2;
hospitalar.
• Aeroportos e Portos Comerciais;
Diz o decreto-lei que “o sistema agora criado • Estações ferroviárias, de metro e de
integra a DAE em ambiente extra-hospitalar camionagem, com luxo médio diário
num contexto organizaivo estruturado e com superior a 10 000 passageiros;
rigoroso controlo médico, com o objeivo de
minimizar, tanto quanto possível, os riscos • Recintos desporivos, de lazer e de
de uilização indesejável dos equipamentos. recreio, com lotação superior a 5000
Neste sistema, o papel central na regulação
da aividade de DAE em ambiente extra- pessoas.
hospitalar cabe ao Insituto Nacional de
Emergência Médica, I.P. (INEM).”
As enidades responsáveis pela exploração dos
locais de acesso público referidos disposeram
O INEM desenvolveu o PNDAE previsto do prazo de dois anos para o cumprimento
na legislação e, paralelamente, deiniu integral do disposto no presente diploma,
os requisitos necessários quer para o contado da data da sua entrada em vigor, ou
licenciamento de programas de DAE quer seja, dia 1 de setembro de 2012.
para a acreditação de enidades ou escolas
de formação em Suporte Básico de Vida e
Desibrilhação Automáica Externa.

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Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

LICENCIAMENTO DE PROGRAMAS DAE

Várias insituições privadas e/ou públicas,


legiimamente preocupadas em melhorar
a resposta a dar a eventuais casos de
paragem cardiorrespiratória, adquiriram
ou pretendem adquirir Desibrilhadores
Automáicos Externos para os colocarem nas
suas instalações ou viaturas. Naturalmente,
e em seguida, pretendem treinar os
seus colaboradores no manuseio destes
equipamentos, para que os possam uilizar
em caso de necessidade.

REQUISITOS ESSENCIAIS PARA O


LICENCIAMENTO DE UM PROGRAMA
DE DAE

• Existência de um médico responsável


pelo programa de DAE;
• O médico responsável pelo programa
de DAE deve possuir experiência
relevante em medicina de emergência
ou de urgência e/ou especialidade em
cardiologia, cuidados intensivos ou
anestesiologia;
• Existência de disposiivos de DAE;
• Dependendo da natureza do programa,
devem exisir operacionais de DAE
em número suiciente para assegurar
o período de funcionamento do
programa de DAE;
• A formação em SBV e DAE dos
operacionais de DAE tem que ser
ministrada por enidades/escolas
acreditadas pelo INEM;
• Existência de um responsável pelo
controlo das necessidades formaivas
para manter o programa;
• Existência de registos de todas as
uilizações dos DAE e que estes
possuam caracterísicas que permitam
a posterior análise dessas uilizações;
• Existência de um permanente controlo
de qualidade de todas as etapas do
programa.

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A Cadeia de Sobrevivência

III. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA

Fig. 1 - Cadeia de Sobrevivência.

A Cadeia de Sobrevivência é composta


por quatro elos de igual importância, que
traduzem o conjunto de procedimentos
vitais para recuperar uma víima de
paragem cardiorrespiratória.

Ligar 112 - Reconhecimento Precoce


Chamar os serviços de emergência,
previamente à eventual ocorrência de Reanimar - Suporte Básico de Vida (SBV)
uma PCR, aumenta a probabilidade de precoce
sobrevivência da víima.
No intervalo de tempo que decorre entre
O rápido reconhecimento de um enfarte ou a aivação e a chegada dos serviços de
de uma PCR é um fator fundamental para a emergência ao local da ocorrência, a
aivação dos serviços de emergência e, neste execução de manobras de SBV assume uma
úlimo caso, para o rápido início de manobras importância fundamental. O reconhecimento
de Suporte Básico de Vida (SBV). da PCR refere-se a uma situação em que a
O número europeu de emergência nos países víima está não reaiva (não responde quando
da União Europeia é o 112. Em Portugal, esimulada) e não respira normalmente,
ao ligar 112, a resposta na área da saúde é pelo que devem ser iniciadas de imediato
assegurada pelos Centros de Orientação de manobras de reanimação, logo após ter sido
Doentes Urgentes (CODU), do INEM. efetuada a chamada para os serviços de
emergência.
O CODU desempenha um papel importante
no reconhecimento da PCR, bem como na O SBV consiste em duas ações principais:
instrução e acompanhamento das manobras compressões torácicas e insulações. O início
de reanimação. Sempre que possível, este imediato de manobras de SBV pode, pelo
contacto deve ser realizado junto da víima e menos, duplicar as hipóteses de sobrevivência
se o telefone iver a função de alta voz, esta da víima.
poderá ser acionada. As instruções podem ser Quem presencia um evento de PCR deve,
seguidas mantendo o diálogo com o operador quando treinado, iniciar de imediato
preparado para instruir o contactante de manobras de SBV, enquanto aguarda a
modo a que este, rapidamente, ideniique chegada dos serviços de emergência. Sem
que a víima está inconsciente e não respira treino em reanimação, o elemento que
normalmente. Uma respiração mais lenta, assiste a víima deve realizar compressões
profunda e ruidosa, não deve ser confundida torácicas conínuas, instruído pelo CODU.
com uma respiração normal e deve ser Na maior parte dos casos o SBV não irá
entendido como a víima estando em PCR. recuperar a função cardíaca, mas, se bem
O CODU deve dar indicação para iniciar realizado, prevenirá lesões de órgãos vitais
manobras de reanimação. e aumentará a probabilidade de sucesso dos
elos seguintes.

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Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

Estabilizar.-.Suporte.Avançado.de.Vida.
(SAV).precoce.e.cuidados.pós-reanimação
O Suporte Avançado de Vida (SAV) com
recurso à abordagem diferenciada da via
aérea, uilização de fármacos e correção
das causas prováveis de PCR, são ações
fundamentais após a abordagem inicial da
PCR.

Desibrilhar.-.Desibrilhação.precoce
Na maioria dos casos de PCR o coração
pára devido a uma perturbação do ritmo
designada ibrilhação ventricular (FV). O único
tratamento eicaz para a FV é a administração
de um choque elétrico (desibrilhação).
Cada minuto de atraso na desibrilhação
reduz a probabilidade de sobrevivência entre
10 a 12%, sendo que nos casos em que o SBV é
realizado, o declínio da taxa de sobrevivência
é mais gradual (3-4%).

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Suporte Básico de Vida - Adulto

IV. SUPORTE BÁSICO DE VIDA - ADULTO

Tendo por base as recomendações do 2. AVALIAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA


European Resuscitaion Council 2015, a
sequência de ações que compõem o algoritmo • Coloque-se lateralmente em relação à
de SBV tem como objeivo a simpliicação de víima, se possível.
procedimentos, focando-se nos momentos
considerados críicos. O algoritmo apresenta- • Abane os ombros com cuidado e
se assim de forma lógica e concisa, tornando- pergunte em voz alta: “Está-me a
se fácil a qualquer pessoa a sua apreensão e ouvir?”
desempenho.
Mantém-se o reforço na garania das condições
de segurança do reanimador e da víima.
Reconhece-se igualmente que a avaliação
da reaividade da víima, permeabilização da
via aérea, avaliação da venilação e contacto
para os serviços de emergência, devem ser
executados numa breve sucessão.

1. AVALIAR AS CONDIÇÕES DE
SEGURANÇA: REANIMADOR, VÍTIMA E
TERCEIROS
Antes de se aproximar de alguém que possa
eventualmente estar em perigo de vida, o
reanimador deve assegurar-se primeiro de
que não irá correr nenhum risco:
Fig. 2 - Avaliação do estado de consciência.
• Ambiental (ex. choque elétrico,
derrocadas, explosão, tráfego);
• Toxicológico (ex. exposição a gás, fumo, No.caso.de.víima.reaiva:
tóxicos);
• Garanta a inexistência de perigo para a
• Infeccioso (ex. tuberculose, hepaite). víima;
• Mantenha-a na posição encontrada;
Por vezes, o desejo de ajudar alguém que nos
parece estar em perigo de vida pode levar a • Ideniique situações causadoras da
ignorar os riscos inerentes à situação. Se não aparente alteração do estado da víima;
forem garanidas as condições de segurança
antes de se abordar uma víima, poderá, em • Solicite ajuda (ligue 112), se necessário;
casos extremos, ocorrer a morte da víima e • Reavalie com regularidade.
do reanimador.
Sendo a segurança a primeira condição na
abordagem da víima, a mesma deve ser
garanida antes de iniciar essa abordagem No.caso.de.víima.não.reaiva:
e ao longo de todo o processo: não deverá • Permeabilizar a Via Aérea (VA).
expor-se a si nem a terceiros a riscos que
possam comprometer a sua integridade ísica
enquanto reanimador.
A ipologia de riscos que aqui é apresentada
é extensível a outros momentos de interação
com as víimas.

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Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

3. PERMEABILIZAR A VIA AÉREA


Em víima inconsciente a queda da língua
pode bloquear a VA, pelo que esta deve ser
permeabilizada:
• Colocar a víima em decúbito dorsal;
• Colocar uma mão na testa e inclinar a
cabeça para trás (extensão da cabeça);
• Elevar o queixo usando os dois dedos
da outra mão colocados debaixo do
queixo.
Estas duas úlimas ações permeabilizam a VA.

Fig. 4 - Ver, Ouvir e Senir (VOS).

Se a víima respira normalmente coloque-a


em Posição Lateral de Segurança (PLS).

Fig. 3 - Permeabilização da via aérea.

A permeabilização da via aérea e o


restabelecimento da venilação são objeivos
essenciais em SBV, com o propósito de evitar
lesões por insuiciente oxigenação dos órgãos
nobres, em paricular do cérebro.
Fig. 5 - Posição Lateral de Segurança.

4. AVALIAR RESPIRAÇÃO
Mantendo a VA permeável, veriicar se a
víima respira normalmente, realizando o
Ver, Ouvir e Senir até 10 segundos:
• Ver os movimentos torácicos;
• Ouvir os sons respiratórios saídos da
boca/nariz;
• Senir o ar expirado na face do
reanimador.

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Suporte Básico de Vida - Adulto

5. LIGAR 112 início de compressões torácicas, ao invés de


iniciar insulações.
Se a víima não responde e não tem
respiração normal aive de imediato o
serviço de emergência médica, ligando 112: Para que as compressões torácicas sejam
• Quando liga 112 deve estar preparado corretamente realizadas, deverá:
para responder às questões: ONDE; O • Posicionar-se ao lado da víima;
QUÊ; QUEM; COMO; • Ceriicar-se que a víima está deitada
• Salienta-se que a presença de vários de costas, sobre uma superície irme e
elementos no local deve ser uilizada plana;
para que um deles contacte os serviços • Afastar/remover as roupas que cobrem
de emergência, enquanto outro inicia o tórax da víima;
as manobras de SBV;
• Posicionar-se vericalmente acima do
• Se esiver sozinho, o desejável é que tórax da víima;
não abandone nem atrase o auxílio à
víima, podendo uilizar o sistema de • Colocar a base de uma mão no centro
alta voz de um telemóvel para interagir do tórax (sobre a metade inferior do
com os operadores do CODU, enquanto esterno);
executa o SBV. • Colocar a outra mão sobre a primeira
entrelaçando os dedos;
• Manter os braços e cotovelos esicados,
com os ombros na direção das mãos;
6. REALIZAR COMPRESSÕES TORÁCICAS
• Aplicar pressão sobre o esterno,
Realize 30 compressões deprimindo o esterno
5-6 cm a uma frequência de pelo menos 100 deprimindo-o 5-6 cm a cada
por minuto e não mais que 120 por minuto. compressão (as compressões torácicas
supericiais podem não produzir um
luxo sanguíneo adequado);
• Aplicar 30 compressões de forma
rítmica a uma frequência de pelo
menos 100 por minuto, mas não mais
do que 120 por minuto (ajuda se contar
as compressões em voz alta);
• No inal de cada compressão garanir
a descompressão total do tórax sem
remover as mãos;
• Nunca interromper as compressões
mais do que 10 segundos (com o coração
parado, quando não se comprime o
Fig. 6 - Compressões Torácicas.
tórax, o sangue não circula).

No decurso da PCR o sangue que se encontra


reido nos pulmões e no sistema arterial
permanece oxigenado por alguns minutos.
São as compressões torácicas que mantêm o
luxo de sangue para o coração, o cérebro e
outros órgãos vitais, pelo que é prioritário o

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enquanto observa a elevação do tórax


(deve durar cerca de 1 segundo, tal
como na respiração normal);
- Mantendo a inclinação da cabeça e
o queixo elevado, afaste-se da boca
da víima e observe o tórax a baixar
quando o ar sai;
- Inspire novamente e volte a soprar na
boca da víima para conseguir um total
de duas insulações.
7. REALIZAR INSUFLAÇÕES
Após 30 compressões efetuar 2 insulações.
• A insulação quando eicaz provoca
elevação do tórax (semelhante à
respiração normal), devendo ter a
duração de apenas 1 segundo;
• Evitar insulações rápidas e forçadas;
• A posição incorreta da cabeça pode
impedir a insulação adequada por Fig. 7 - Insulações boca-a-boca.

obstrução da via aérea; Se não se senir capaz ou iver relutância em


fazer insulações, faça apenas compressões
• Na impossibilidade de uilizar um torácicas;
disposiivo na via aérea (máscara
Se apenas izer compressões, estas devem ser
de bolso ou insulador manual), conínuas, cerca de 100 - 120 por minuto (não
a insulação “boca a boca” é uma exisindo momentos de pausa entre cada 30
maneira rápida e eicaz de fornecer compressões).
oxigénio à víima. O ar exalado pelo
reanimador contém aproximadamente
17% de oxigénio e 4% de dióxido de Insulações.com.máscara.de.bolso:
carbono o que é suiciente para suprir Uma máscara de bolso pode ser uilizada por
as necessidades da víima. leigos, com treino mínimo na realização de
insulações, durante o SBV. Este disposiivo
Insulações.boca-a-boca: adapta-se à face da víima, sobre o nariz e
boca, e possui uma válvula unidirecional que
• Posicionar-se ao lado da víima; desvia do reanimador o ar expirado da víima.
• Permeabilizar a Via Aérea (VA);
• Aplicar 2 insulações na víima, • O reanimador deve posicionar-se ao
mantendo a VA permeável: lado da víima;
- Comprima as narinas usando o dedo • Permeabilizar a VA;
indicador e o polegar da mão que
colocou na testa; • Aplicar 2 insulações na víima,
mantendo a VA permeável:
- Permita que a boca se abra, mas
mantenha a elevação do queixo; • Colocar a máscara sobre o nariz e boca
- Inspire normalmente e coloque os da víima (a parte mais estreita da
seus lábios em torno da boca da víima, máscara de bolso deverá icar sobre o
ceriicando-se que não há fugas; dorso do nariz e a parte mais larga da
- Sopre a uma velocidade regular máscara deverá icar sobre a boca);
e controlada para a boca da víima

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Suporte Básico de Vida - Adulto

• Colocar o polegar e o indicador na parte


mais estreita da máscara;
• Colocar o polegar da outra mão na parte
mais larga da máscara e usar os outros
dedos para elevar o queixo da víima,
criando uma selagem herméica;
• Soprar suavemente pela válvula
unidirecional durante cerca de 1
segundo (por cada insulação), por
forma a que o tórax da víima se eleve;
• Reirar a boca da válvula da máscara
8. MANTER SBV
após insular.
• Mantenha as manobras de reanimação
(30 compressões alternando com 2
insulações) até:
• Chegar ajuda diferenciada;
• Ficar exausto;
• A víima retomar sinais de vida (víima
desperta e reaiva; movimento;
abertura espontânea dos olhos;
respiração normal).
Fig. 8 - Insulações boca-máscara.
É raro reanimar a víima (entenda-se presença
de sinais de vida) apenas com manobras de
SBV;
No inal das duas insulações, volte
rapidamente a colocar as suas mãos na Caso não tenha a certeza que a víima
posição correta no esterno e repita mais 30 recuperou, mantenha SBV.
compressões torácicas.
9. ALGORITMO DE SBV

Fig. 9 -Algoritmo de SBV.

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V. SEGURANÇA E RISCOS PARA O REANIMADOR

Por vezes, o desejo de ajudar alguém que nos Intoxicações


parece estar em perigo de vida pode levar a Nas situações em que a víima sofre uma
ignorar os riscos inerentes à situação. Se não intoxicação podem exisir riscos acrescidos
forem garanidas as condições de segurança para quem socorre, nomeadamente no caso
antes de se abordar uma víima poderá, em de intoxicação por fumos ou gases tóxicos.
casos extremos, ocorrer a morte da víima e Para o socorro da víima de intoxicação é
do reanimador. importante ideniicar o produto em causa e a
sua forma de apresentação (em pó, líquida ou
gasosa) e contactar o CODU ou o CIAV (Centro
de Informação Anivenenos) para uma
informação especializada, nomeadamente
quanto aos procedimentos a adotar. Em
caso de intoxicação por produtos gasosos
é fundamental não se expor aos vapores
libertados os quais não devem ser inalados.
O local onde a víima se encontra deverá ser
arejado ou, na impossibilidade de o conseguir,
a víima deverá ser reirada do local.
Nas situações em que o tóxico é corrosivo
A ipologia de riscos que aqui é apresentada (ácidos ou bases fortes) ou em que possa ser
é extensível a outros momentos de interação absorvido pela pele, como alguns pesicidas, é
com as víimas. mandatório, além de arejar o local, usar luvas
e roupa de proteção para evitar qualquer
contacto com o produto, bem como máscaras
para evitar a inalação.
Se houver necessidade de insular a víima
Acidente.de.viação com ar expirado deverá ser sempre usada
Se parar numa estrada para socorrer alguém máscara ou outro disposiivo com válvula
víima de um acidente de viação deve: unidirecional, para não expor o reanimador
ao ar expirado da víima. Nunca efetuar
• Sinalizar o local com triângulo de insulação boca-a-boca.
sinalização à distância adequada;
Transmissão.de.doenças
• Ligar as luzes de presença ou
emergência;
A possibilidade de transmissão de doenças
• Usar roupa clara para que possa mais durante as manobras de reanimação, apesar
facilmente ser ideniicado (colete de diminuta, é real. Estão descritos alguns
reletor); casos de transmissão de infeções durante
a realização de insulação boca-a-boca
• Desligar o motor para diminuir a (nomeadamente casos de tuberculose).
probabilidade de incêndio. O risco aumenta se houver contacto com
sangue infetado ou com uma superície
cutânea com soluções de coninuidade
Produtos.químicos.ou.matérias.perigosas (feridas). Durante a reanimação deve evitar
o contacto com sangue ou outros luidos
No caso de detetar a presença desses corporais como: secreções respiratórias,
produtos e/ou matérias é fundamental secreções nasais, suor, lágrimas, vómito
evitar o contacto com essas substâncias sem e outros. O disposiivo “barreira” mais
as devidas medidas de proteção universais uilizado é a máscara de bolso, devendo
(ex. luvas, máscara) e evitar a inalação de exisir o cuidado de minimizar as pausas
eventuais vapores libertados pelas mesmas. entre compressões ao mínimo indispensável,
aquando da sua uilização.

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A Desfibrilhação e o Desfibrilhador Automático Externo

VI. A DESFIBRILHAÇÃO E O DESFIBRILHADOR AUTOMÁTICO


EXTERNO

A desibrilhação precoce é fundamental para 2. COMO USAR UM DESFIBRILHADOR


víimas de PCR súbita pelas seguintes razões: AUTOMÁTICO EXTERNO
• O ritmo inicial mais comum em casos
a) Ligue o DAE
de PCR (testemunhada) é a ibrilhação
ventricular (FV). Carregando no botão de On/Of (alguns
equipamentos ligam automaicamente ao
• Quando a FV está presente, o coração abrir a tampa) e siga as instruções visuais e
passa a apresentar apenas tremulação sonoras do DAE.
ineicaz e não bombeia o sangue;
• O único tratamento eicaz para a FV é a Garanta segurança do tórax assegurando os
desibrilhação elétrica (aplicação de um cuidados necessários quando veriicar:
choque para terminar a FV e retomar • Pelos em excesso, removendo-os com
um ritmo cardíaco eicaz). a lâmina de barbear para conseguir um
adequado contacto entre os elétrodos
A probabilidade de uma desibrilhação ser adesivos e a pele da víima.
bem-sucedida diminui rapidamente com
o passar do tempo. Quanto mais precoce • Pele molhada, secando-a rapidamente.
for a desibrilhação, maior será a taxa Algumas víimas podem ter o tórax
de sobrevivência. Sem manobras de SBV húmido (ex: sudorese, pré-afogamento,
precoces, a probabilidade de sobrevivência ocorrência à chuva, ...) o que, quando
a uma PCR com FV diminui 10-12% por
cada minuto em que a desibrilhação não é aplicado o choque, faria divergir a
efetuada. corrente pela superície do tórax,
diminuindo a eicácia da desibrilhação.
Nenhuma víima molhada deve ser
1. DAE: O QUE É E PARA QUE SERVE desibrilhada. Se necessário, a víima
O Desibrilhador Automáico Externo deve ser removida para local abrigado e
(DAE) é um disposiivo computorizado que só depois de secar convenientemente o
é conectado por elétrodos adesivos ao tórax poderá ter lugar a desibrilhação.
tórax da víima (que não responde e não
respira normalmente) e que após análise • Pensos transdérmicos, removendo-
da aividade elétrica cardíaca recomenda, os de qualquer ponto do tórax e
se necessário, a aplicação de um choque limpando a pele. Algumas víimas
potencialmente capaz de reverter a situação.
Sempre que usados adequadamente, os DAE podem ter medicamentos de absorção
são extremamente seguros e iáveis transcutânea na parede torácica, que
devem ser removidos de forma a
evitar faíscas ou queimaduras durante
Junto.do.DAE.devem.exisir.os.seguintes. a desibrilhação, ou o bloqueio da
acessórios: transferência de energia para o coração.
• Pequena toalha/lenços/compressas; • Pacemaker e/ou CDI, colando
• Lâmina de barbear; os elétrodos afastados destes
equipamentos pelo menos 2,5cm.
• Máscara de reanimação; Algumas víimas são portadoras de
• Luvas de proteção. pacemaker e/ou CDI (Cardioversor
Desibrilhador Implantado).

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Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

Geralmente são facilmente visíveis ou


palpáveis debaixo da pele do tórax, logo
abaixo da clavícula. Estes disposiivos
têm uma componente metálica que
caso seja aplicado um choque, poderá
absorver parte da corrente uilizada e
reduzir a eicácia da desibrilhação.
d).Administre.o.choque.em.segurança
• Joalharia, removendo todas as peças de
metal que possam entrar em contato Uma das principais preocupações de qualquer
reanimador tem a ver com a segurança, não
com os elétrodos do DAE, pela mesma apenas com a sua própria segurança, mas
razão apresentada para os pacemaker também com a das víimas e com a dos seus
e/ou CDI. No caso das peças não colegas de equipa.
removíveis, como os piercings, segue-se Os problemas relacionados com a segurança
o princípio de colar o elétrodo afastado podem ser atribuídos à falha do equipamento,
pelo menos 2,5cm. a erro do operador ou a uma deiciente
manutenção. Relaivamente a este úlimo
aspeto, o programa de manutenção deverá
corresponder às indicações do fabricante,
b).Coloque.os.elétrodos.adesivos podendo por isso variar consoante o modelo
Cole os elétrodos sobre a pele do tórax da em causa.
víima e de acordo com as indicações do À equipa de reanimadores compete zelar
fabricante, colocando um elétrodo abaixo pelas condições de segurança no local e ao
da clavícula direita, e o outro abaixo da axila operador do equipamento em paricular
esquerda. Por im, conecte os elétrodos compete garanir o cumprimento das normas
ao equipamento (caso não estejam pré especíicas da desibrilhação.
conectados). O DAE iniciará automaicamente
o período de análise da aividade elétrica Segurança.na.Desibrilhação:
cardíaca.
• Assegurar que ninguém está em
contacto com a víima;
• Assegurar que a fonte de oxigénio está
afastada pelo menos a um metro da
área de desibrilhação (se aplicável);
• Carregar no botão de choque veriicando
que todos estão afastados (olhar em
redor para garanir que ninguém se
Fig. 9 - Cole os elétrodos no tórax da víima.
aproxima da víima no momento do
choque);

c).Garanta.uma.análise.em.segurança
Afaste-se da víima e não permita que
alguém toque na mesma, nos cabos ou no
equipamento.
A interferência no processo de análise do
DAE, pode inviabilizar a ideniicação de um
ritmo desibrilhável e conduzir a uma não
recomendação de choque, comprometendo
totalmente a recuperação da víima. Da
análise, resultará sempre uma decisão do
DAE de choque ou não choque. Fig. 10 - Garanta a segurança na desibrilhação.

16 | I N E M
A Desfibrilhação e o Desfibrilhador Automático Externo

A desibrilhação dentro de elevadores está 3. SBVDAE COM DOIS REANIMADORES


desaconselhada.
A realização de SBV com dois elementos é
e) Inicie SBV reservada a reanimadores com treino para
tal, pois exige coordenação das manobras a
• De acordo com o algoritmo e seguindo realizar de forma a rentabilizar a sua execução
as orientações do DAE: e garanir simultaneamente a mínima perda
de tempo.
• De 2 em 2 minutos de SBV (5 ciclos de
30 compressões e 2 insulações) o DAE
iniciará nova análise do ritmo cardíaco Organização.de.uma.equipa.de.SBVDAE.
e o processo deve ser repeido; com dois reanimadores:
• Caso a víima apresente sinais de vida,
efetue o VOS. Se a víima recuperou O papel que cada reanimador desempenha
pode ser deinido da seguinte forma:
respiração normal e permanece
inconsciente, coloque-a em posição Reanimador 1: transporta o DAE; avalia
condições de segurança; avalia a víima;
lateral de segurança e aguarde a chegada opera o DAE; segue os comandos do DAE;
de ajuda diferenciada vigiando-a. zela pela segurança; efetua manobras de SBV
quando indicado;
• Se a víima não recuperou sinais de
vida, as manobras de SBVDAE devem Reanimador 2: avalia condições de segurança;
pede ajuda diferenciada; efetua manobras de
ser manidas até ordem médica. SBV; zela pela segurança.

Troca.de.reanimadores.em.manobras.de.
SBV com dois reanimadores

A troca do elemento das compressões é


obrigatória e deve ser efetuada perdendo o
mínimo de tempo possível, a cada 2 minutos
de SBV (5 ciclos de 30:2).
Logo que complete a 5ª série de 30
compressões, o mesmo reanimador deve
Fig. 11 - Mantenha as manobras de SBVDAE até ordem médica. efetuar de seguida as duas insulações.
Durante esse período o outro reanimador
Transporte.da.víima.com.DAE localiza o ponto de compressão, para que,
uma vez terminada a segunda insulação,
Numa víima em PCR, com indicação para possa iniciar de imediato compressões.
transporte ao hospital, não desligue o DAE,
ignore as suas ordens e mantenha SBV. Se
durante um transporte a víima entrar em
PCR, deve parar a viatura em segurança e
iniciar o protocolo de SBVDAE.

Fig. 12 - SBVDAE com dois reanimadores.

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4. UTILIZAÇÃO DE DAE EM CRIANÇAS Em crianças pequenas, ou se esiverem


apenas disponíveis elétrodos/placas de
Os DAE standard são adequados para crianças adulto, devem ser colocados nas paredes
com mais de 8 anos (ou mais de 25 Kg). Em anterior e posterior do tórax (evitando o
crianças entre 1 e 8 anos, uilizar um DAE contacto entre os dois elétrodos).
com sistema atenuador de corrente (aplicam
menor energia) e placas autoadesivas de
tamanho pediátrico, se disponíveis.

Não dispondo das placas e/ou sistema


atenuador de corrente, o DAE deve ser usado
tal como no adulto. Os Lactentes (menos de
1 ano de vida), têm uma menor incidência
de ritmos desibrilháveis e a prioridade na
reanimação dever ser SBV de alta qualidade,
não devendo a uilização de um DAE atrasar
este SBV. Se um DAE for aplicado e aconselhar
um choque num lactente SEM SINAIS DE
VIDA, este deve ser administrado.

5. ALGORITMO DE SBVDAE

18 | I N E M
Posição Lateral de Segurança

VII.POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA

1. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA 2. TÉCNICA PARA COLOCAR UMA


(PLS) VÍTIMA EM PLS
Nas situações em que a víima se encontra
não reaiva e com respiração eicaz, ou se Ajoelhe-se.ao.lado.da.víima
iverem sido restaurados os sinais de vida • Remova objetos estranhos ao corpo da
após manobras de reanimação, a manutenção
da permeabilidade da via aérea deverá ser víima, os quais ao posicioná-la possam
obrigatoriamente garanida. eventualmente causar lesões (ex:
óculos, canetas);
A PLS garante a manutenção da • Assegure-se que as pernas da víima
permeabilidade da via aérea numa víima estão estendidas;
inconsciente que respira normalmente:
• Diminuindo o risco de aspiração de
vómito;
• Prevenindo que a queda da língua
obstrua a VA;
• Permiindo a drenagem de luidos pela
boca;
• Permiindo a visualização do tórax;
• Não estão demonstrados riscos
associados à sua uilização.

Fig. 13 - Estenda as pernas da víima.

• Coloque o braço mais perto (do seu


lado) em ângulo reto com o corpo, com
o cotovelo dobrado e a palma da mão
virada para cima;

Se ao abordar a víima ela:

Responde:
• Deixe-a como a encontrou;
• Procure quaisquer alterações;
• Solicite ajuda (ligue 112);
• Reavalie-a regularmente.

Esiver.inconsciente.e.a.respirar.
normalmente
• Coloque-a em PLS. Fig. 14 - Coloque o braço da víima em ângulo reto com o corpo.

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Role.a.víima

Segure.o.braço.mais.afastado • Enquanto uma mão apoia a cabeça


a outra puxa a perna do lado oposto
• Segure o outro braço (mais afastado) rolando a víima para o seu lado;
cruzando o tórax e ixe o dorso da mão
na face do seu lado; • Estabilize a perna de forma a que a anca
e o joelho formem ângulos retos;
• Incline a cabeça para trás assegurando
a permeabilidade da VA;
• Ajuste a mão debaixo do queixo, para
manter a extensão da cabeça;
• Reavalie regularmente a respiração (na
dúvida desfazer a PLS, permeabilizar a
VA e efetuar VOS até 10 segundos).
Fig. 15 - Coloque o dorso da mão da víima na respeciva
hemiface, mais próxima do reanimador.

Fig. 17 - Víima rodada - em PLS

Se trauma ou suspeita de trauma


Reairma-se uma vez mais a contraindicação
da PLS no trauma ou na sua suspeita;
A proteção da coluna, garanindo o mais
possível do seu alinhamento, é fundamental
nestas situações e deve acontecer antes da
víima ser mobilizada.
Levante.a.perna.do.lado.oposto
• Com a outra mão levante a perna do lado
oposto acima do joelho dobrando-a,
deixando o pé em contacto com o chão;

Fig. 16 - Levante a perna da víima, dobrando-a.

20 | I N E M
Obstrução da Via Aérea

VIII. OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA

1..OBSTRUÇÃO.DA.VIA.AÉREA.(OVA) PODEMOS CLASSIFICAR A OVA QUANTO À


GRAVIDADE:
A obstrução da via aérea por corpo
estranho é pouco frequente, mas consitui-
se como uma causa de PCR acidental
potencialmente reversível. Normalmente LIGEIRA:
associada à alimentação e comumente
presenciada, as víimas apresentam-se • Víima reaiva, capaz de falar, tossir e
inicialmente conscientes e reaivas, pelo que respirar;
as oportunidades de intervenção precoce
podem de forma mais fácil resolver a situação. • Eventual ruído respiratório na
inspiração;

O reconhecimento precoce da obstrução • Mantém relexo da tosse eicaz.


da via aérea é fundamental para o sucesso
da evolução da situação de emergência.
É importante disinguir esta situação de GRAVE:
emergência do desmaio/síncope, do “ataque
cardíaco” (enfarte agudo do miocárdio), • Víima incapaz de falar;
das convulsões, da overdose por drogas
e de outras condições que possam causar • Tosse fraca/ineicaz ou ausente;
diiculdade respiratória súbita, mas que • Respiração em “esforço” com ruído
requerem um tratamento diferente. O
reanimador treinado deve ideniicar sinais agudo alto à inspiração ou ausência
de obstrução da VA. total de ruído;
• Incapacidade de movimentar o ar;
O risco de OVA é mais elevado em víimas • Cianose (coloração azulada ou violácea
que apresentem algumas das seguintes
situações: redução do nível de consciência, da pele, especialmente da face e nas
intoxicação por álcool e/ou drogas, alterações extremidades, devida a deiciente
neurológicas com diiculdade de degluição oxigenação do sangue);
e diminuição do relexo da tosse, alterações
mentais, demência, denição inexistente e • Agarra o pescoço com as mãos (sinal
idosos. universal de asixia).

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2. ALGORITMO DE DESOBSTRUÇÃO DA COMPRESSÕES ABDOMINAIS


VIA AÉREA As compressões abdominais devem
O algoritmo que a seguir se descreve aplica- ser aplicadas no caso de as pancadas
se tanto a adultos como a crianças com mais interescapulares não serem eicazes. Com a
de 1 ano de idade. víima de pé ou sentada:
• Fique por detrás da víima e circunde
PANCADAS INTERESCAPULARES
o abdómen da mesma com os seus
• Coloque-se ao lado e ligeiramente por braços;
detrás da víima, com uma das pernas
• Incline a víima para a frente;
encostadas de modo a ter apoio;
• Feche o punho de uma mão e
• Passe o braço por baixo da axila da
posicione-o acima da cicatriz umbilical,
víima e suporte-a a nível do tórax com
com o polegar voltado contra o
uma mão, mantendo-a inclinada para a
abdómen da víima;
frente, numa posição tal que se algum
objeto for deslocado com as pancadas • Sobreponha a 2.ª mão à já aplicada;
possa sair livremente pela boca; • Aplique uma compressão rápida para
• Aplique até 5 pancadas com a base da dentro e para cima;
outra mão na parte superior das costas, • Repita as compressões até que o objeto
ao meio, entre as omoplatas, isto é, na seja expelido da VA;
região interescapular;
• Aplique cada nova compressão (até
• Cada pancada deverá ser efetuada com 5) como um movimento separado e
a força adequada tendo como objeivo disinto;
resolver a obstrução;
• Após cada compressão abdominal
• Após cada pancada deve veriicar se a deve veriicar se a obstrução foi ou não
obstrução foi ou não resolvida; resolvida.
• Aplique até 5 pancadas no total.

Fig. 18 - Pancadas inter-escapulares Fig. 19 - Compressões abdominais (Manobra de Heimlich).

22 | I N E M
Obstrução da Via Aérea

VÍTIMA INCONSCIENTE POR OVA GRAVE


Alerta-se para o facto de, apesar do sucesso
No caso de a víima icar inconsciente das manobras, o corpo estranho responsável
as compressões torácicas devem ser pela obstrução poder icar alojado nas vias
iniciadas logo que possível. A realização de aéreas e causar complicações mais tarde.
compressões torácicas resulta no aumento da Como tal, viimas com tosse persistente,
pressão da via aérea, tal como as compressões diiculdade em engolir ou sensação de corpo
abdominais, traduzindo-se numa forma eicaz estranho ainda presente nas vias aéreas
de promover a desobstrução da via aérea. devem ser submeidas a observação médica.

Assim:
• Suporte/ampare a víima colocando-a As compressões abdominais e as compressões
no chão em decúbito dorsal sobre torácicas quando aplicadas, pese embora
superície rígida; o sucesso que resulte das mesmas, podem
causar lesões internas. Assim sendo, víimas
• Ligue de imediato 112, ou garanta que submeidas a estas manobras devem
alguém o faça; igualmente ser sujeitas a observação médica.

• Inicie compressões torácicas e


insulações (após 30 compressões,
tente 2 insulações eicazes);
• Mantenha compressões e insulações
até a víima recuperar e respirar
normalmente ou até chegarem os
meios de emergência.

Algoritmo.de.Desobstrução.da.Via.aérea

Fig. 20 - Algoritmo de Obstrução da Via Aérea.

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IX. CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIA AÉREA E VENTILAÇÃO

ADJUVANTES DA VIA AÉREA E TÉCNICAS

Existem algumas técnicas com adjuvantes que


devem ser do conhecimento dos proissionais
de saúde envolvidos na prestação de socorro,
nomeadamente:
• Os tubos orofaríngeos evitam a queda
da língua, num doente inconsciente;
• A posição da cabeça e do pescoço
deve ser manida com o objeivo de
conseguir o alinhamento da via aérea;
• Depois da colocação de um adjuvante
é necessário conirmar sempre o
resultado efetuando o VOS;
• É fundamental o conhecimento das
várias técnicas e adjuvantes para
uma correta uilização na práica: via
orofaríngea e aspiração.

Fig. 21 - Tubo de Orofaríngeo.

A.-.O.Tubo.Orofaríngeo
Técnica.para.colocação.do.tubo.
O tubo orofaríngeo, também conhecido por orofaríngeo
Guedel, é um tubo de plásico curvo, rígido
e achatado que se ajusta bem entre a língua • Selecionar o tubo indicado;
e o palato duro. Existem vários tamanhos -
desde tubos para recém-nascidos até tubos • Abrir a boca e veriicar se não existem
para adultos. corpos estranhos que possam ser
A escolha do tamanho do tubo deve ser feita empurrados para a faringe durante a
por medição prévia à sua colocação. introdução do tubo. Se forem visíveis,
reirá-los previamente à inserção do
• O tubo ideal tem o comprimento
tubo;
correspondente à distância entre
a altura dos incisivos e o ângulo da • Introduzir o tubo na cavidade oral em
mandíbula: posição inverida (com a parte côncava
virada para o palato), até passar o
• Se o tubo orofaríngeo for pequeno -
palato duro e então rodá-lo 180º, de
a parte distal do tubo não consegue
forma que a parte côncava ique virada
ultrapassar a base da língua e não
para a língua, e coninuar a empurrar
produz o efeito de desobstrução;
suavemente em direção à faringe;
• Se o tubo for demasiado grande - pode
• Se a qualquer momento senir que a
empurrar a língua para trás (a epiglote
víima reage à introdução do tubo (ex.
contra o oriício glóico) e obstruir a
tossindo) deve reirá-lo de imediato;
passagem de ar para a traqueia;

24 | I N E M
Considerações sobre a Via Aérea e Ventilação

• Após a colocação do tubo orofaríngeo • Use o polegar e o indicador de uma


deve ser conirmada de novo a mão, em redor da máscara, formando
permeabilidade da via aérea, efetuando um “C” e pressionando os bordos da
o VOS; máscara contra a face da víima;
• O tubo orofaríngeo nos lactentes e • Use os outros 3 dedos (o 3º, o 4º e o
crianças pequenas é introduzido na 5º) dessa mão, formando um “E” para
posição em que irá icar na orofaringe elevar o ângulo da mandíbula/queixo;
(devido à fragilidade da orofaringe nas • Comprima o insulador manual para
crianças, a sua introdução inverida tem realizar as insulações (1 segundo cada),
o risco de provocar lesões). enquanto observa a elevação do tórax.

B.-.Insulador.Manual Insulador.manual.com.dois.reanimadores:
Para aplicar insulações eicazes, o reanimador
deve ser capaz de realizar a manobra de • Dois reanimadores podem realizar
extensão da cabeça e, então, pressionar a insulações mais eicazes do que um
máscara contra a face da víima, enquanto reanimador;
eleva o queixo. Quando possível, use a
técnica com dois reanimadores para abrir • Quando dois reanimadores uilizam
a VA, permiir uma selagem herméica que o insulador manual, um reanimador
impeça a saída do ar entre a face e a máscara mantem a VA permeável e segura a
e aplicar insulações eicazes, observando a
elevação do tórax. máscara contra a face da víima (como
descrito acima), enquanto o outro
comprime o insulador;
• Ambos os reanimadores devem
observar a elevação do tórax;

Fig. 22 - Insulador Manual.

Insulador.manual.com.um.reanimador:
• Posicione- se imediatamente atrás e
acima da cabeça da víima;
• Coloque a máscara sobre a face da
víima, usando o dorso do nariz como
guia para o correto posicionamento;
• Use a técnica do dois “Cs” e dois “Es”
para segurar a máscara em posição,
enquanto eleva o queixo para manter a
VA permeável:
• Realize a extensão da cabeça;

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Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

C.-.Aspiração.de.Secreções. D.-.Oxigénio
Nas situações de obstrução parcial da via aérea • Oxigénio (O2) suplementar pode ser
por um luido – vómito, sangue ou secreções,
administrado durante as manobras
é necessário proceder à aspiração da cavidade
bucal e da orofaringe, uilizando para tal um de SBV, quando se administram
aspirador de secreções e sonda adequada, insulações;
de forma a manter a permeabilidade da via
aérea: • Pode ser administrado através de
máscara de bolso ou através de
• A aspiração de secreções deve ser feita insulador manual;
de forma cuidada para não causar
traumaismos da mucosa da cavidade • Deve ser administrado O2 o mais
oral ou da faringe; precocemente possível;

• A sonda deve ser introduzida sem • O débito a administrar com insulador


estar em aspiração e ser reirada em manual deverá ser de 10-15 L/min
aspiração aiva efetuando movimentos (para tal uilizar insulador manual com
circulares suaves; saco reservatório acoplado à fonte de
oxigénio);
• Os aspiradores de secreções permitem
Muitas máscaras de bolso possuem conexões
selecionar diferentes pressões de especíicas para se administrar oxigénio.
vácuo para uilização em adultos ou em
crianças.

Fig. 23 - Aspirador de secreções. Fig. 24 - Máscara de Bolso.

26 | I N E M
112 - Número Europeu de Emergência

X. 112 - NÚMERO EUROPEU DE EMERGÊNCIA

O número europeu de emergência progressiva do distrito de Lisboa e Setúbal,


em curso);
Criado em 1991, o número de emergência c) O Centro Operacional Açores (112COAZR),
nos países da união europeia é o 112. Não com responsabilidade de atendimento das
precisa de indicaivo, é gratuito e pode ser chamadas da Região Autónoma dos Açores;
marcado a parir de disposiivos das redes d) O Centro Operacional Madeira
ixa (incluindo telefones públicos) ou móvel, (112COMDR), com responsabilidade de
tendo prioridade sobre as outras chamadas. atendimento das chamadas da Região
Deve ligar 112 quando presenciar uma das Autónoma da Madeira.
seguintes situações: doença súbita, acidente
de viação com feridos, incêndio, roubo/ Aos CO112 compete:
destruição de propriedade, agressão.
• O atendimento ao público, ideniicação
e caracterização das ocorrências;
Em Portugal, as chamadas realizadas para o
Número Europeu de Emergência - 112 são • O apoio especializado para situações
atendidas fundamentalmente em quatro especiais, ao nível de segurança pública,
centros operacionais (dois no coninente e proteção civil ou emergência médica;
dois nas Regiões Autónomas). Este modelo
concentrou o atendimento, é único para todo • O encaminhamento das ocorrências
o território nacional e assenta na existência de para as enidades competentes visando
dois centros operacionais no coninente (112
COSUL e 112 CONOR), um centro operacional o despacho dos meios de socorro.
na Região Autónoma da Madeira (112
COMDR) e um centro operacional na Região
Autónoma dos Açores (112 COAZR), estando A gestão operacional do serviço 112 compete
estes úlimos interligados com o território à Direção Nacional da Polícia de Segurança
coninental, garanindo assim capacidades Pública (PSP).
alternaivas e de redundância entre todos os
centros operacionais.
No território do coninente, nas situações
de emergência médica a chamada será
transferida para o Centro de Orientação
Os Centros Operacionais 112 (CO112): de Doentes Urgentes (CODU) do Insituto
Nacional de Emergência Médica (INEM).
• Os CO112 são distribuídos pelo
território nacional de modo a efetuar a
sua cobertura total.
• Os CO112, sem prejuízo da sua
redundância quando necessário,
compreendem:
a) O Centro Operacional Norte (112CONOR),
com responsabilidade de atendimento das
chamadas dos distritos de Aveiro, Braga,
Bragança, Coimbra, Guarda, Porto, Viana
do Castelo, Vila Real e Viseu (integração
progressiva dos vários distritos, em curso);
b) O Centro Operacional Sul (112COSUL),
com responsabilidade de atendimento
das chamadas dos distritos de Beja,
Castelo Branco, Évora, Faro, Leiria, Lisboa,
Portalegre, Santarém e Setúbal (integração

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Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

Ao.ligar.112/CODU: • Diga o que aconteceu e quando – O


• Procure manter-se calmo, de modo a quê?
facultar a informação relevante; • Quem está envolvido (número, género,
• Quando possível, deverá ser a víima a idade das víimas) – Quem?
fazer a chamada – ninguém melhor do • Diga quais as queixas principais, o que
que a própria para fornecer informação observa, situações que exijam outros
relevante; meios – Como?
• Aguarde que a chamada seja atendida • Responda às questões que lhe são
porque cada nova tentaiva implica que colocadas;
a chamada ica no inal da ila de espera; • Siga os conselhos do operador;
• Ideniique-se pelo nome; • Não desligue até indicação do operador;
• Faculte um contacto telefónico que • Se a situação se alterar antes da chegada
permaneça contactável; dos meios de socorro, ligue novamente
• Indique a localização exata onde se 112.
encontra a(s) víima(s) - sempre que
possível Freguesia, Código Postal,
pontos de referência – Onde? Só assim é possível oimizar o socorro às
víimas.

XI. PONTOS A RETER

28 | I N E M
REGISTO NACIONAL DE PCR

XII.REGISTO NACIONAL DE PCR

Fig. 24 - Ficha de Registo Nacional de PCR. Frente

I N E M | 29
Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa

Fig. 25 - Ficha de Registo Nacional de PCR. Verso.

30 | I N E M
Bibliografia

XIII. SIGLAS

CDI Cardioversor Desibrilhador Implantado


CODU Centro de Orientação de Doentes Urgentes
CO112 Centro Operacional 112
DAE Desibrilhador Automáico Externo
ERC European Resuscitaion Council
FV Fibrilhação Ventricular
ILCOR Internaional Liaison Commitee On Resuscitaion
INEM Insituto Nacional de Emergência Médica
OVA Obstrução da via aérea
PCR Paragem Cárdio Respiratória
PLS Posição Lateral de Segurança
PNDAE Programa Nacional de Desibrilhação Automáica Externa
SAV Suporte Avançado de Vida
SBV Suporte Básico de Vida
SIEM Sistema Integrado de Emergência Médica
VA Via Aérea
VOS Ver, Ouvie e Senir

XIV. BIBLIOGRAFIA

Manual de Suporte Básico de Vida, INEM, versão 2.0 – 1ª Edição 2012


Guidelines 2015 – European Resuscitaion Council

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