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Departamento de Engenharia Florestal

Laboratório de Conservação de Ecossistemas e Recuperação de Áreas


Degradadas

ETAPAS PARA O PLANEJAMENTO


E IMPLEMENTAÇÃO DE UM
PROJETO DE RAD

Departamento de Engenharia Florestal/DEF


Lab. de Conservação de Ecossistemas e Recuperação de Áreas Degradadas
Prof. Israel Marinho Pereira – imarinhopereira@gmail.com
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DEFINIÇÃO DA ESCALA E DOS OBJETIVOS

1º Passo: definição da escala :


Abrangência do projeto (escala pontual, média e ampla)

Pequena Propriedade Latifúndio


voçoroca rural Microbacia
Município

Quanto maior a abrangência do projeto maiores são as


chances de se obter sucesso em termos de RAD.
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DEFINIÇÃO DA ESCALA E DOS OBJETIVOS

Ex: a recuperação de uma voçoroca é facilitada qdo toda


propriedade é envolvida no projeto, definindo as melhores
técnicas de conservação.

Adequação ambiental: Propriedade rural, Microbacia ou Município Visão global

Diferentes situações de uso irregular do solo e as áreas que


necessitam de RAD
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DEFINIÇÃO
Deve-se estar atento a: DA ESCALA E DOS OBJETIVOS
Disponibilidade de recursos e tempo

Escala Média ou Ampla pontual

2º passo: Definição dos objetivos:


Definição dos efeitos que se espera com a sua implantação

 Restauração florestal – APP’s e RL


 Revegetação de taludes
 Revegetação de voçorocas
 Redefinição do uso da AD

Reequilibrar o ecossistema da maneira mais rápida e fácil


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3º Passo: Caracterização e mapeamento das áreas

•Devem ser delimitadas, quantificadas e


caracterizadas quanto aos tipos de ocupação atual e
às potencialidades de recuperação.

•São identificadas as áreas que não estiverem em


conformidade com a legislação ambiental e
elaboradas propostas para sua adequação
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 Um primeiro passo é conhecer as características


do solo, a topografia, o clima, a fauna e a flora do
local, de preferência da microbacia onde estão
localizadas as propriedades.
 Essas informações podem ser obtidas em
universidades, ONGs, institutos de pesquisa etc,
situados na região.
 Para a elaboração do planejamento das ações de
restauração, os seguintes Levantamentos são
importantes:
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A – Levantamento da vegetação

Devem ser realizados o levantamento florístico e o


fisionômico
Considerando as diferentes formas de vida (árvores,
arbustos, herbáceas, epífitas e outras)

- Caracterizar o tipo de formação vegetal


- Elaborar uma lista de espécies regionais
de cada tipo de vegetação, para serem
usadas na restauração das AD
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É preciso caracterizar o estado de conservação e a distância dos


fragmentos da vegetação local que servirão de fontes de
propágulos para a área em processo de restauração.

- número de estratos,
- as características do dossel,
- presença de epífitas,
- presença de lianas em desequilíbrio na borda
dos fragmentos
- presença de gramíneas exóticas, como
indicadores da intensidade de degradação dos
fragmentos
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O caso específico do Cerrado

Avaliações dessa natureza, para sub-formações não florestais


do Cerrado, não se aplicam a esses tipos de vegetação.

Por quê?

Por exemplo, a análise de lianas e de epífitas?


ou mesmo a classificação das espécies em grupos
sucessionais?
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Qual a solução?

Sugere-se que, ao avaliar-se a degradação do Cerrado sensu


stricto, sejam considerados: - a florística local,
- a densidade das espécies mais comuns,
- os impactos de alguma atividade antrópica,
- o grau de isolamento,
- a invasão por espécies exóticas,
- a freqüência de incêndios, entre outros

Vale lembrar que outros fatores, além dos de natureza botânica, podem ser utilizados, desde
que a partir de uma análise comparativa com áreas conservadas, como a presença ou a
ausência de alguns elementos da fauna.
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B – ZONEAMENTO AMBIENTAL

 Pode ser realizado simultaneamente ao levantamento


florístico

 Necessário quando o projeto envolve escala média ou


ampla

 Inicia-se com a elaboração de mapas ou croquis,


contendo as áreas naturais e agrícolas de cada
propriedade rural
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B – ZONEAMENTO AMBIENTAL

Importante pois identifica e delimita situações


ambientais com base em diferentes atributos:
- Estado de degradação
- Tipos de solo
- Topografia
- Umidade do solo
- Vegetação Remanescente
- Tipos de entorno da AD
- Matriz vegetacional inserida
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B – ZONEAMENTO AMBIENTAL

Imagens de satélite e fotografias aéreas coloridas


recentes com posterior checagem no campo.

Possível definir diferentes classes de cobertura


do solo e seus limites (tipo vegetacional,
tamanho, grau de isolamento, condição e
histórico de degradação, etc.)

Pode-se diagnosticar, mapear e quantificar as áreas


legalmente regulares e as irregulares, identificando assim
as áreas mais propícias para a recuperação.
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Edição do mapa de adequação ambiental


- Nesta etapa as informações e os detalhamentos obtidos pela foto-
interpretação e pela checagem de campo são repassados ao mapa

Na checagem de campo:
- Confirmar as situações
identificadas,
-Detalhá-las com mais precisão,
- Corrigir eventuais falhas ocorridas
durante a análise das imagens.

- São delimitados e avaliados todos


os fragmentos florestais, as APP’s,
das áreas potenciais para Reserva
Legal, bem como os eventuais
corredores ecológicos
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 Avaliar potencial de auto-regeneração:


Observar capacidade de resiliência
Existência e viabilidade de banco de sementes
Existência de Regeneração natural
Capacidade de rebrota de indivíduos remanescentes

 O zoneamento facilita a definição das melhores técnicas de RAD


para diferentes situações.

 Diferentes situações requerem diferentes técnicas de RAD.


Numa pastagem abandonada qual melhor técnica?
Numa área de voçoroca qual a melhor técnica?

 Com zoneamento é possível definir áreas para formação de


corredores florestais ligando fragmentos isolados
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C - A delimitação das Áreas de Preservação Permanente


de acordo com a legislação vigente
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C - A delimitação das Áreas de Preservação Permanente de


acordo com a legislação vigente
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C - A delimitação das Áreas de Preservação Permanente de


acordo com a legislação vigente
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4º passo: Definição das áreas prioritárias para a restauração


As áreas prioritárias para a restauração são as Áreas de Preservação Permanente
Dentro dos ambientes ciliares, devem ser priorizadas as nascentes dos cursos
fluviais, visando a manter a quantidade e a qualidade da água na microbacia;
Locais com elevado potencial de erosão
Também é necessário realizar ações de restauração para perfazer o percentual
mínimo necessário para compor a Reserva Legal

A proteção de remanescentes naturais já


existentes e a restauração de áreas abandonadas,
de baixa aptidão agrícola bem como de trechos
formação de corredores estreitos localizados entre APPs que não sejam
ecológicos interessantes para o plantio
Alargar as APPs para a proteção das zonas ripárias
das microbacias
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5º passo: Reconhecimento das situações encontradas em


propriedades rurais e descrição das Ações Necessárias para a
Restauração das Áreas Naturais Degradadas

1) Isolamento e retirada dos fatores de degradação

- Onde há rebanhos, deve-se retirar o gado da área e isolá-la com a construção


de cercas, evitando-se usar muitos fios de arame farpado, para não isolar a
fauna silvestre.

-No caso do fogo deve-se implantar de cinturões de proteção contra incêndios,

- Devem também ser eliminados: a descarga de águas da chuva, a passagem de


canais no interior das formações naturais, a retirada de madeira para lenha ou
cerca, a drenagem de áreas alagadas para ocupação agrícola, entre outros
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2) Adequação do local a restaurar (Recuperação do solo)

A recuperação do solo pode envolver ações de natureza física


e/ou química.
Para isso, são necessários estudos quanto:
 à declividade,
 ao grau de erosão,
 suscetibilidade à inundação,
à pedregosidade,
 à textura,
à produtividade
 à presença de lençol freático subsuperficial,
 entre outros aspectos
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5º passo: Reconhecimento das situações encontradas em


propriedades rurais e descrição das Ações Necessárias para a
Restauração das Áreas Naturais Degradadas

2) Adequação do local a restaurar (Recuperação do solo)

Nos casos das estradas: reavaliados os traçados, adequando-as a curvas de


nível e à cota mais próxima ao limite dos divisores de água
Nas áreas com ravina, onde não foi possível a regularização do solo, deverá
ser criada uma faixa de proteção, com o plantio de espécies nativas sobre
terraços, com largura mínima de 30m, a partir da borda da ravina (nível
regular do solo no entorno)
Deve-se sempre realizar a análise química do solo, de forma que as
deficiências nutricionais dele possam ser corrigidas, por meio da adubação
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3) Eliminação seletiva ou desbaste de competidores

Exemplo: Gramíneas como as braquiárias (B. decumbens e B. brizantha)


Um controle inicial dessas gramíneas pode ser feito com o uso de
herbicidas de baixa toxicidade, como o glifosato

em APP a aplicação de herbicida e a sulcagem mecanizada,


são proibidas na legislação e requerem autorizações prévias
do órgão ambiental competente para serem realizadas.
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3) Eliminação seletiva ou desbaste de competidores


Roçadas periódicas, diminuem a possibilidade de incêndio e
auxiliam na recuperação desses trechos
No caso das lianas (cipós): Retirar ou Deixar

Não se pode restringir a visão apenas Comprometer a fauna de


ao estrato arbustivo-arbóreo; polinizadores e a própria reprodução
A eliminação das lianas pode do componente arbustivo-arbóreo
representar a eliminação de grande
parte da diversidade vegetal

Deve-se propor o manejo apenas para


O que fazer????? essas espécies em desequilíbrio, com a
máxima cautela e em pequena escala,
apenas no trecho onde o desequilíbrio é
mais acentuado
5º passo: Reconhecimento das situações encontradas em propriedades rurais e
descrição das Ações Necessárias para a Restauração das Áreas Naturais Degradadas

3) Eliminação seletiva ou desbaste de competidores

No caso de espécies exóticas arbóreas: (Exemplo: eucaliptos e os Pinus sp.)


- Recomenda-se, nesse caso, a eliminação gradual desses indivíduos e sua
substituição por espécies nativas
Em áreas (APP) ocupadas com eucaliptais, o manejo mais adequado,
é o anelamento gradual dos eucaliptos presentes na área

O anelamento deverá ser realizado apenas em


situações com sub-bosque de espécies nativas
bem constituído

4) Indução do banco de sementes do local (autóctone)


Revolvimento e a exposição à luz da camada superficial do solo (0 – 5 cm)
Cuidados:
- Na existência espécies competidoras como as braquiárias
- Nas áreas de solo mais arenoso ou de declividade mais acentuada
- Nas com incerteza da constituição de bancos de sementes
5º passo: Reconhecimento das situações encontradas em propriedades rurais e
descrição das Ações Necessárias para a Restauração das Áreas Naturais Degradadas

5) Indução e condução da regeneração natural

- Na prática, conduz-se a regeneração natural por meio do controle periódico


de competidores, como plantas invasoras e/ou trepadeiras, em desequilíbrio

- Uma ação que tem melhorado o desenvolvimento da regeneração natural é a


adubação

6) Adensamento e enriquecimento de espécies


Adensamento: Introdução, na área de novos indivíduos das espécies já existentes no
local e cuja densidade se encontra abaixo do esperado, em função de poucos
indivíduos remanescentes ou da germinação espacialmente irregular do banco.

Enriquecimento: é usado nas áreas ocupadas com vegetação nativa, mas que
apresentam baixa diversidade florística em virtude a degradação da vegetação natural
pelo extrativismo seletivo, por incêndios, pela presença de gado, e por
reflorestamentos com espécies nativas, mas em que se utilizou uma baixa diversidade
de espécies no plantio, entre outros fatores.

Pode ser feita por meio de mudas ou por semeadura direta


5º passo: Reconhecimento das situações encontradas em propriedades rurais e
descrição das Ações Necessárias para a Restauração das Áreas Naturais Degradadas

7) Implantação de plantio total em áreas não-regeneradas ou sem potencial de


regeneração

usado nas regiões muito degradadas, com poucos fragmentos naturais remanescentes
na paisagem, e nas áreas cujo ecossistema original foi substituído, há muito tempo.

Nessa situação:
Elimina-se o potencial banco de sementes e/ou de plântulas de espécies nativas,
Reduz-se também a possível chegada de propágulos das formações vegetacionais

8) Transferência de serrapilheira e banco de sementes alóctone

9) Transplante de plântulas e/ou indivíduos jovens alóctones

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