Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
diagnóstico e
tratamento em
PEDIATRIA
Luciana Sabatini Doto Tannous Elias
Suéllen Strada Ferreira Nasorri
GUIA PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO EM PEDIATRIA
GUIA PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO
E TRATAMENTO EM PEDIATRIA
Bruna Basaglia
Médica graduada pela União das Faculdades dos Grandes Lagos
(UNILAGO), 2019.
Discente do 3° ano da especialidade de Pediatria do Centro
Universitário Padre Albino - Faculdade de Medicina de Catanduva
(FAMECA/UNIFIPA), 2023.
Laura Comarella
Discente da 50ª Turma do curso de Medicina do Centro Universitário
Padre Albino - Faculdade de Medicina de Catanduva
(FAMECA/UNIFIPA).
Natalia Tognon
Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul (UFMS-CPTL), 2020.
Discente do 3° ano da especialidade de Pediatria do Centro
Universitário Padre Albino - Faculdade de Medicina de Catanduva
(FAMECA/UNIFIPA), 2023.
Com carinho,
AGENTE ETIOLÓGICO
- Phoneutria (armadeira).
- Loxosceles (aranha-marrom).
- Latrodectus (viúva-negra).
QUADRO CLÍNICO
15
Latrodectus: Dor local intensa, irradiando-se para os gânglios
regionais, contraturas musculares, fasciculação, opistótomo, rigidez
da parede abdominal, trisma, sudorese, hipertensão arterial,
taquicardia que evolui para bradicardia, priapismo.
Casos graves: choque.
DIAGNÓSTICO
CLASSIFICAÇÃO
Phoneutria
Leve: Apenas manifestações locais – dor local ou irradiada, edema,
eritema, sudorese, parestesias.
Moderada: Quadro associado a manifestações sistêmicas discretas –
vômitos, sudorese, hipertensão arterial, taquicardia ou bradicardia e
agitação.
Grave: Além das manifestações acima, ocorrem: vários episódios de
vômitos, sudorese profusa, taquicardia ou bradicardia, hipertensão
ou hipotensão, taquipneia, priapismo, agitação alternada com
sonolência. Pode evoluir para choque e edema pulmonar, e mais
raramente, para convulsões e contraturas.
16
Loxosceles
Leve: lesão “não característica”. Sem comprometimento do estado
geral e sem sinal de hemólise.
Moderado: lesão provável ou “característica” (placa marmórea < 3
cm), com ou sem comprometimento do estado geral. Sem sinal de
hemólise.
Grave: lesão “característica” (placa marmórea > 3 cm), com ou sem
comprometimento do estado geral. Sem sinal de hemólise.
Forma cutâneo-hemolítica (grave): presença ou não de lesão local
significativa e dor. Hemólise confirmada por exames
complementares.
Lactrodectus
Leve: dor local, edema local discreto, sudorese, dor em membros
inferiores, parestesia em membros, tremores e contraturas.
Moderado: além dos acima referidos: dor abdominal, sudorese,
ansiedade, agitação, mialgia, cefaleia, tontura, hipertermia e
dificuldade de deambulação.
Grave: todos os acima referidos e taquicardia ou bradicardia,
hipertensão arterial, taquipneia ou dispneia, vômitos, priapismo,
retenção urinária e fáceis latrodectísmica.
TRATAMENTO
Phoneutria
Leve: observação clínica por 4-6 horas. Anestesia local e ou
analgesia via oral ou parenteral.
17
Moderado: Em crianças <10 anos: soro antiaracnídico 3 ampolas EV,
em 15-20 minutos. Em crianças > 10 anos e adultos: tratar primeiro
a dor; não havendo melhora em até 30 minutos, está indicada
soroterapia. Internação hospitalar por 24 horas. Anestesia local e/ou
analgesia via oral ou parenteral.
Grave: soro antiaracnídico 6 ampolas EV, em 15-20 minutos.
Medidas de suporte vital e cuidados intensivos. Anestesia local e/ou
analgesia via oral ou parenteral.
Loxosceles
Leve: sintomáticos. Observação por 48-72 horas após a picada.
Retorno diário a cada 12 horas.
Moderado: prednisona por 5 dias (0,5 a 1 mg/kg/dia – máximo 40
mg/dia).
Grave: soro antiaracnídico 5 ampolas EV. Prednisona por 7 dias
(mesma dose descrita acima). Sintomáticos (analgésico, anti-
histamínico, corticoide tópico).
Cutâneo-hemolítica (grave): soro antiaracnídico 10 ampolas EV.
Prednisona por 7 dias (mesmas doses descritas acima).
Sintomáticos. Hidratação adequada, visando manter boa perfusão
renal.
Lactrodectus
Leve: sintomáticos (analgésicos, gluconato de cálcio) e observação.
Moderado: sintomáticos (analgésicos, sedativos).
Soro antilatrodectus 1 ampola EV.
Grave: sintomáticos (analgésicos, sedativos).
Soro antilatrodectus 1 a 2 ampolas EV.
18
ACIDENTES POR
ANIMAIS
PEÇONHENTOS
- ESCORPIÃO -
Laura Comarella
Beatriz Gouveia Tripodi
Acidentes por animais
peçonhentos – escorpião
DEFINIÇÃO
AGENTE ETIOLÓGICO
- T. bahiensis.
- T. stigmurus.
QUADRO CLÍNICO
20
coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e
choque.
EXAMES LABORATORIAIS
21
Sódio e Potássio: reduzidos.
DIAGNÓSTICO
CLASSIFICAÇÃO
TRATAMENTO
Casos Leves:
22
- Analgésico via oral ou parenteral, a depender da intensidade da
dor.
- Infiltração local ou bloqueio anestésico sem vasoconstritor
(cloridrato de bupivacaína 0,5% ou lidocaína 2%), podendo ser
repetido por até 3 vezes com intervalo de 1 horas.
23
ACIDENTES POR
ANIMAIS
PEÇONHENTOS
- SERPENTES -
QUADRO CLÍNICO
25
manifestações sistêmicas como hipotensão, tontura, bradicardia,
cólica, visão escurecida e diarreia (síndrome vagal).
EXAMES LABORATORIAIS
Botrópico:
Crotálico:
26
Aumento de creatiniquinase (CPK), desidrogenade lática (DHL),
aspartase-amino-transferase (AST), aspartase-alanino-transferase
(ALT) e aldolase; Se insuficiência renal observa-se aumento de ureia,
creatinina, ácido úrico, fósforo, potássio e queda de cálcio sérico;
Laquético:
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Botrópico:
27
- Soro Antibotrópico (SAB) EV o mais rápido possível (ou soro
antibotrópico-crotálico (SABC) se SAB ausente) – de 2 a 12 ampolas
a depender da gravidade: Leve: 2 a 4 ampolas / Moderada: 4 a 8
ampolas / Grave: 12 ampolas - (classificação de gravidade vide
tabela abaixo)
Crotálico:
28
- Soro Anticrotálico (SAC) EV o mais rápido possível (ou soro
antibotrópico-crotálico (SABC) se SAC ausente): – de 5 a 20ampolas,
a depender da gravidade: Leve: 5 ampolas / Moderado: 10ampolas /
Grave: 20 ampolas; - (classificação de gravidade vide tabela abaixo)
Laquético:
29
- Soro Antilaquético EV o mais rápido possível – de 10 a 20 ampolas,
a depender da gravidade (moderados e graves);
- Analgésico simples
Elapídico:
30
ACIDENTES NA
INFÂNCIA
- ACIDENTES DE
TRÂNSITO -
DEFINIÇÃO
Os acidentes de trânsito representam a principal causa de morte no
mundo todo entre 10 e 19 anos.
Além dos altos índices de mortalidade, os acidentes de trânsito
estão entre as principais causas de deficiência permanente na
infância, como traumatismos na cabeça e fraturas de membros e
lesões múltiplas.
FATORES DE RISCO
O trauma na infância apresenta maior frequência de lesões
multissistêmicas, em relação aos adultos. Isso acontece porque a
massa corporal da criança é menor, ocorrendo maior absorção de
energia por unidade de área, além de possuir menos tecido
adiposo, tecido conjuntivo ser menos elástico e os órgãos serem
mais próximos.
O crânio não oferece a proteção adequada, fazendo com que os
traumatismos cranioencefálicos possam produzir lesões cerebrais
graves.
O tamanho da cabeça em relação ao tamanho do corpo torna a
criança mais suscetível à lesão cervical.
Os tecidos moles são relativamente maiores, o que facilita a
obstrução completa da via aérea pela queda posterior da língua.
32
vezes o do adulto); menor reserva funcional (que torna a criança
mais susceptível à hipóxia); menor complacência pulmonar; maior
complacência da parede torácica (que resulta em taquipnéia em
resposta à hipóxia).
QUADRO CLÍNICO
Primeiro pico: mortes imediatas (lacerações do cérebro, tronco
cerebral, medula espinal, coração e grandes vasos).
Segundo pico: mortes precoces (hemorragia intensa resultante das
lesões no sistema respiratório, órgãos abdominais e sistema
nervoso central).
Terceiro pico: mortes tardias (Em quase 80% dos casos, a morte e
causada por infecção ou falência de múltiplos órgãos).
DIAGNÓSTICO
Avaliação das funções cardiopulmonares
Rápido exame físico toraco-abdominal
Avaliação neurológica
Avaliação radiológica (básica; coluna cervical, tórax, pelve).
Avaliação da temperatura corpórea
Cuidadoso exame da cabeça aos pés
Perfusão sanguínea das extremidades (Avaliada pela coloração e
pulso)
Tomografia computadorizada de crânio
Tomografia computadorizada do abdome (realizada quando a
indícios de significante lesão intra-abdominal)
Dosagens de transaminases séricas e amilase (indícios de contusão
de fígado e baço)
Urina macroscopicamente hematúrica ou mais de 20 hemácias por
campo (pode indicar lesão renal)
Mecanismo do trauma e possíveis lesões (colisão
automóvel):
33
• Parabrisa quebrado: lesão fechada do crânio, fraturas de
face, crânio e coluna vertebral/ lesões do tórax por
desacelerações, inclusive contusão miocárdica, ruptura de
aorta, contusão pulmonar, fratura de esterno, tórax instável,
hemopneumotorax/ lesão do andar superior do abdome,
lesão hepática, esplênica, ruptura diafragmática, lesão
pancreático-duodenal.
• Joelhos contra o painel: deslocamento de bacia, fraturas de
bacia ou fêmur, fratura de acetábulo
• Cinto de segurança improprio: fraturas de coluna lombar,
perfuração de vísceras
• Restrição do cinto de três pontas: fraturas de costelas,
clavícula, esterno, contusão pulmonar
• Capotagem com parte do corpo presa sob o veículo: lesão
por esmagamento, fraturas severas em pelve e
extremidades inferiores, síndrome por compartimento
• Colisão na traseira do veículo: lesão por hiperextensão da
coluna cervical, inclusive fraturas e síndrome do cordão
central.
ABORDAGEM/TRATAMENTO
A atenção inicial deve ser dirigida para a manutenção da
permeabilidade das vias aéreas, ventilação e circulação, incluindo o
controle do sangramento, tratamento do choque circulatório e das
lesões torácicas com risco iminente de vida.
Exame primário: deve ser realizado seguindo a sequência de
identificação de controle de situações que ameaçam a vida com
maior rapidez, obedecendo a sequência "ABCDE", segundo rotina
do curso Suporte Avançado de Vida em Pediatria, da American
Heart Association.
A = "airway" = vias aéreas e estabilização da coluna
cervical
- Manter posicionamento adequado da cabeça (coxim sob o tronco)
- Identificar possível obstrução de via aérea por secreções, corpos
estranhos ou outros.
34
- A canula orofaríngea (cânula de Guedel) deve ser inserida apenas
se a criança estiver inconsciente.
- A via aérea definitiva preferencial da criança na sala de
emergência é a intubação orotraqueal (IOT). Indicações: obstrução
de via aérea não resolvida com manobras clínicas, apneia, lesão
por inalação, trauma de face, alteração do nível de consciência,
lesão cerebral grave, perda volêmica significativa com sensório
deprimido, insuficiência respiratória ou necessidade e intervenção
cirúrgica.
- Seguir um protocolo medicamentoso de seqüência rápida de
intubação: 1) pré-oxigenar e receber sulfato de atropina (0,02
mg/kg – dose mínima de 0,1 e máxima de 0,5 mg); 2) sedação:
tiopental (4 a 5 mg/Kg), se normovolemia OU midazolam (0,1
mg/Kg, com máximo de 5 mg), se hipovolemia; 3) bloqueadores
neuromusculares: succinilcolina (2 mg/Kg para menores de 10 Kg e
1 mg/Kg para maiores de 10 Kg).
B = "breathing" = respiração
- Garantir ventilação e oxigenação adequada, observando-se
expansibilidade simétrica e ausência de cianose.
- Ofertar oxigenio suplementar na maior concentração possível por
meio de máscara. Se a respiração não for eficaz, instituir ventilação
assistida com bolsa-máscara com reservatório para oferecer
oxigênio a 100%, seguida por intubação endotraqueal.
- Pneumotórax hipertensivo/aberto, hemotórax maciço exigem
terapêuticas imediatas: realizar drenagem pleural no 5o espaço
intercostal (na linha do mamilo) entre as linhas axilares média e
anterior.
- Realizar passagem de sonda nasogástrica para diminuir a
distensão gástrica.
Circulação e choque:
- Controlar sangramente aparentes com curativos compressivos e
alinhamento de fraturas.
- Observar sinais de choque: aumento da FC, diminuição da
perfusão tecidual periférica, pulsos fracos, extremidades frias,
35
rebaixamento do nível de consciência. (não pautar a avaliação pela
pressão arterial). A presença de hipotensão na criança é tardia e
indica choque descompensado e perda volêmica de ao menos 45%.
- Obter 2 acessos periféricos com cateteres curtos e calibrosos, se
possível. Se acesso periférico dificil, recorrer ao acesso intraósseo
tibial.
- Reposição volêmica: Solução cristaloide ou SF 0,9% 20 ml/kg, em
bolus. Se o paciente não apresentar resposta pode ser necessário
até três “bolus” de 20 ml/Kg. Se presença de sangramento
persistente, repor concentrado de hemácias 10 ml/kg. Após
estabilização hemodinâmica, a fluidoterapia de manutenção deve
obedecer à formula de Holliday.
36
PREVENÇÃO
Orientação aos responsáveis e leis rígidas
Menores de 10 anos jamais devem encarar qualquer tipo de
situação de trânsito sem a supervisão direta de um adulto.
Reforçar aos responsáveis a importância de garantir que as
crianças usem capacetes, assentos adequados nos carros e cintos
de segurança, além de respeitar os protocolos estabelecidos para
zonas de segurança da escola.
Evitar excesso de velocidade, não dirigir sob o efeito de álcool, usar
adequadamente os cintos de segurança, capacetes de motociclistas
e assentos de segurança infantis.
37
ACIDENTES NA
INFÂNCIA
- INTOXICAÇÃO -
DEFINIÇÃO
FATORES DE RISCO
39
Embalagens pouco seguras ou inadequadas.
QUADRO CLÍNICO
Dificuldade de respirar.
40
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
41
-Se ainda não foi feito pré-hospitalar, retirar roupa impregnada.
- Lavagem gástrica deve ser feita em tempo útil de 1-2 horas após
a intoxicação, respeitando as contraindicações, ou seja, não realizar
em pacientes com coma, convulsão e os que ingeriram derivados de
petróleo e cáusticos (soda cáustica, querosene, ácidos, alvejantes,
desinfetantes, removedores, gasolina). O uso rotineiro é
contraindicado pela alta chance de aspiração de conteúdo gástrico
para via respiratória
42
3) Antídotos: verificar tabela dos principais antígenos e seus
antagonistas.
43
PREVENÇÃO
44
ACIDENTES NA
INFÂNCIA
- QUEDAS -
FATORES DE RISCO
46
Situações que influenciam na rotina da criança, tais como: doenças
crônicas; perda de entes queridos; convívio em ambientes tensos e
estressantes;
QUADRO CLÍNICO
TCE LEVE:
- Confusão ou desorientação;
- Amnésia pós-traumática por <24 horas;
- Perda de consciência por ≤30 minutos;
- Anormalidades neurológicas transitórias, como convulsões e sinais
ou sintomas neurológicos focais; alterações visuais;
- ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 13 a 15.
TCE MODERADO:
- Os sintomas podem variar de leves a graves;
- ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 9 a 12.
TCE GRAVE:
- Perda prolongada de consciência e/ou estado mental anormal;
- Vômito persistente;
47
- Dor de cabeça severa;
- Progressão dos sintomas
- ECG (Escala de Coma de Glasgow) <9
DIAGNÓSTICO
TCE Leve não baixo risco: crianças que não apresentam baixo
risco de acordo com a regra PECARN.
48
49
CONDUTA
Critérios de alta:
- Nenhuma suspeita de lesão infligida;
50
- Facilmente despertado com toque leve com exame neurológico
normal;
- Tolerar a ingestão oral de líquidos;
- Sem lesões aparentes extracranianas que justifiquem internação;
- Cuidadores capacitados que possam observar a criança de forma
confiável e que possam retornar para receber cuidados, se indicado.
- Orientar a família observação durante o período de 24 horas após
o trauma e se necessário, procurar atendimento médico de imediato
se a criança apresentar sinais de alarme;
PREVENÇÃO
1.1 Gerais:
- Supervisão constante e atenta; estar cientes dos perigos e riscos;
conhecer as fases do desenvolvimento da criança;
- As janelas devem ser protegidas por grades ou telas. Se forem do
tipo basculante, a abertura deve estar limitada a 10 cm comcorrente;
- Nenhum móvel deve estar embaixo das janelas para desestimular
tentativas de escalada e evitar quedas;
- O andador não deve ser usado, nunca, em nenhuma idade.
51
- Se estiver carregando o bebê no colo, nas escadas e degraus,
apoie-se sempre no corrimão. Evite pisos lisos, molhados ou
escorregadios.
52
1.5 Crianças de 5 a 11 anos:
- A exploração de lugares além da casa pode se tornar intensa e as
quedas de muros, lajes, árvores e brinquedos em parques é comum.
A orientação e supervisão dos responsáveis é fundamental;
- Os brinquedos de locomoção e os equipamentos de segurança
devem ser condição de uso do brinquedo, independentemente do
local, trecho ou tempo de uso;
- O uso do celular ou outras telas do mundo virtual não pode ser
permitido quando em vias públicas, ou quando a criança está em
movimento, pelo desvio de atenção que desencadeia.
53
ACIDENTES POR
SUBMERSÃO
DEFINIÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
FATORES DE RISCO
Sexo masculino
55
Idade menor de 14 anos
Falta de supervisão
Comportamento de risco
Baixa renda
Baixa educação
QUADRO CLÍNICO
56
DIAGNÓSTICO
57
BLS.
Se houver pulso, mas a vítima não apresentar respiração
espontânea, deve-se continuar com as respirações de resgate até a
recuperação da respiração espontânea ou o paciente evoluir com
PCR.
CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO
58
Garantir que a via aérea da vítima está segura e com oferta de
oxigênio adequada e, se houver necessidade, deve-se realizar a
intubação orotraqueal (IOT).
Paciente pode apresentar instabilidade hemodinâmica com
necessidade de volume e droga vasoativa, devendo ser avaliado
constantemente.
TRATAMENTO INTRA-HOSPITALAR
Suporte hemodinâmico:
A ressuscitação hemodinâmica deve ser realizada com cristaloides.
Sugere-se o uso de monitorização multimodal, atentando para os
mais frequentes achados hemodinâmicos: baixo débito, altas
pressões de oclusão da artéria pulmonar, altas pressões venosas
centrais que são pouco responsivas a diuréticos.
Suporte neurológico:
Hipotermia terapêutica 32 a 34°C por cerca 12 a 72 horas, e com
reaquecimento lento, de 0,5 °C/h (sendo controversa e de alta
complexidade)
59
Sedação profunda com barbitúricos e lidocaína quando da aspiração
de vias aéreas (ambas sem grande força de recomendação)
60
PREVENÇÃO DE ACIDENTE
61
ARTRITE SÉPTICA
DEFINIÇÃO
FATORES DE RISCO
Imunossuprimidos
Osteomielite
QUADRO CLÍNICO
Bloqueio Articular
63
Proteção do membro durante a marcha
DIAGNÓSTICO
Leucocitose
TRATAMENTO
64
Desbridamento cirúrgico de urgência (+ coleta de culturas)
Antibioticoterapia empírica
DOSES
65
creatinina e ajustar
dose se necessário.
66
doses; máximo de
6g/dia
ETIOLOGIA
67
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Sinovite transitória
Artrite viral
Febre Reumática
Doença de Perthes
Epifisiólise
Trauma
68
BRONQUIOLITE
DEFINIÇÃO
A bronquiolite é definida como uma síndrome clínica de desconforto
respiratório que ocorre em crianças menores que 2 anos e é
caracterizada por sintomas respiratórios superiores, como rinorreia,
seguidos por infecção respiratória inferior com inflamação, que
resulta em sibilos e/ou estertores.
Geralmente ocorre com infecção primária ou reinfecção por um
patógeno viral. Em crianças pequenas, o diagnóstico clínico de
bronquiolite pode se sobrepor a sibilância recorrente induzida por
vírus e à asma aguda desencadeada por vírus.
Para pesquisas clínicas, a bronquiolite é normalmente definida como
o primeiro episódio de sibilância em uma criança com menos de 12
a 24 meses que apresenta achados físicos de uma infecção viral do
trato respiratório inferior e nenhuma outra explicação para a
sibilância.
ETIOLOGIA
É predominantemente uma infecção viral, sendo o vírus sincicial
respiratório (VSR) o agente etiológico mais frequente, seguido do
rinovírus. Outros agentes etiológicos menos frequentes incluem:
vírus parainfluenza, adenovírus, metapneumovírus humano, vírus
influenza, coronavírus e bocavírus. A taxa de coinfecção (presença
de mais do que um vírus) varia entre 10 e 30%, sendo controverso
se a coinfecção aumenta a gravidade.
70
FATORES DE RISCO PARA GRAVIDADE
Prematuridade (idade gestacional <36 semanas)
Baixo peso ao nascer
Idade inferior a 12 semanas
Doença pulmonar crônica
Defeitos anatômicos das vias aéreas
Doença cardíaca congênita hemodinamicamente significativa
Imunodeficiência
Doenças neurológicas
QUADRO CLÍNICO
Sintomas de infecção de vias respiratórias superiores (IVAS) com
coriza, tosse e febre baixa ou ausente.
Os sintomas e sinais respiratórios inferiores desenvolvem-se nos dias
2 a 3, atingem o pico nos dias 3 a 5 e depois desaparecem
gradualmente ao longo de 2 a 3 semanas;
Bebês menores (< 2 meses de idade) e pré-termos podem
apresentar episódios recorrentes de apnéia, seguidos de sinais e
sintomas mais típicos de bronquiolite em 24 a 48h.
Exame físico: incluem taquipneia, retrações intercostais e
subcostais, sibilos expiratórios e tosse.
- Ausculta pumonar: fase expiratória prolongada e estertores
grosseiros ou finos
- Tórax: pode parecer hiperexpandido com diâmetro anteroposterior
aumentado e pode ser hiperressonante à percussão
- Hipoxemia: saturação de oxigênio <95% é comumente detectada
- Outros achados: conjuntivite, faringite e otite média aguda
- Pacientes gravemente afetados podem evoluir para insuficiência
respiratória
Geralmente é uma doença autolimitada. A maioria das crianças que
não necessitam de hospitalização se recupera em 28 dias. O estado
71
respiratório normalmente melhora ao longo de dois a cinco dias. No
entanto, a sibilância persiste em alguns bebês por uma semana ou
mais.
COMPLICAÇÕES
- Desidratação
- Pneumonia por aspiração
- Apneia
- Insuficiência respiratória
- Infecção bacteriana secundária
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é clinico - pródromos respiratórios de infecção de vias
aéreas superiores seguido de aumento do esforço respiratório e
sibilos e/ou estertores em crianças menores de dois anos de idade.
Exame de imagem: radiografia de tórax – somente quando há
dúvida diagnóstica, quando a evolução clínica não segue o padrão
habitual e para pacientes admitidos na UTI. Revelar sinais de
hiperinsuflação pulmonar, atelectasias com opacidade linear ou
triangular e congestão peribrônquica.
Virologia: somente se for mudar o manejo do paciente ou dos
contatos do paciente, em pacientes imunocomprometidos e nas
formas de apresentação grave da doença.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Sibilância ou asma desencadeadas por vírus recorrentes, pneumonia
bacteriana, coqueluche, doença pulmonar crônica, aspiração de
corpo estranho, pneumonia por aspiração, doença cardíaca
congênita, insuficiência cardíaca e anel vascular.
72
TRATAMENTO
Não há terapêutica específica disponível que abrevie o curso e a
resolução dos sintomas. O tratamento, portanto, é de suporte e
geralmente os pacientes apresentam boa evolução.
Tratamento domiciliar:
• Fazer higiene das mãos com água e sabão e ou álcool a
70%.
• Evitar tabagismo passivo.
• Manter alimentação normal para a idade da criança.
• Fazer higiene da cavidade nasal com solução salina
• Uso de antitérmicos se for necessário.
• Reavaliação médica se houver dúvidas ou se sinais de alerta
presentes.
• Orientar os cuidadores sobre os sinais e sintomas de
“alerta”
Quando hospitalizar?
• Episódios de Apnéia
• Criança com piora do estado geral (hipoativa, prostrada,
acorda apenas com estímulos prolongados)
• Desconforto respiratório (gemência, retração torácica, FR
>60, cianose central, saturação <92% persistente)
• Sinais de desidratação
• Recusa alimentar, ingestão reduzida e/ou sem diurese por
12 horas
• Presença de comorbidade: displasia, cardiopatia,
imunodeficiência, doença neuromuscular
• Idade: < 3 meses
• Prematuridade, especialmente < 32 semanas
• Condição social ruim
73
• Dificuldade de acesso ao serviço de saúde se houver piora
clínica
• Incapacidade, falta de confiança para identificar sinais de
“alerta”
Tratamento hospitalar: nas bronquiolites graves. Os cuidados de
suporte incluem a manutenção de hidratação adequada, suporte
respiratório e monitoramento da progressão da doença.
Intervenção Recomendação
Solução salina Considerar.
hipertônica 3% Pode melhorar principalmente em pacientes
internados por > 3 dias.
Oxigênio Considerar.
Não recomendado se Sat > 90% sem
acidose. Sat 90-92%, presença de esforço
respiratorio e < 3 meses.
CNAF Considerar
Oximetria Considerar.
Uso intermitente na fase aguda em crianças
hospitalizadas.
74
Nutrição e Considerar.
hidratação Para crianças que não conseguem manter
hidratação via oral. Recomenda-se solução
isotônica. Nos casos mais graves, considerar
secreção inapropriada de ADH.
Broncodilatadores Não recomendado.
Estudam não demonstram efetividade em
melhora dos sintomas, taxa de
hospitalização e tempo de internação.
Adrenalina Não recomendado.
Sem evidência de melhora em pacientes
ambulatoriais ou internados.
Corticoides Não recomendado.
Sem evidência de resultados.
Fisioterapia Não recomendado.
respiratória Recomendado apenas se comorbidades.
Solução salina Não recomendado.
Se for realizar, fazer mais superficial, lavar
com salina.
Antimicrobianos Não recomendado.
Não devem ser usados de rotina
Névoa, antivirais Não recomendado.
PREVENÇÃO
Higienização das mãos: com água e sabão ou preparação alcoólica,
sempre antes e depois de assistir ao paciente
Luvas: durante o cuidado do paciente
Avental: Sempre que contato direto com pacientes ou secreções
Máscara e proteção ocular: Sempre que contato direto com pacientes
ou secreções
Quarto privativo: Privativo sempre que possível, caso contrário,
alocar os pacientes com VSR no mesmo quarto com >1metro de
distância entre os leitos.
75
Profissionais da saúde: Sempre que possível, profissionais que
assistam pacientes com VSR não assistem outros pacientes, ou pelo
menos, não assistam pacientes com risco de doença grave pelo VSR
(imunodeprimidos, prematuros, cardiopatas, pneumopatas).
Restrição de visitas: Restringir as visitas no hospital durante estação
do VSR, e proibir a visita de crianças e de indivíduos com quadro
respiratório agudo
Avaliação da saúde dos visitantes: Avaliação por pessoal treinado ou
utilizar cartilha de orientação para evitar entrada de visitantes
doentes no hospital
76
CRISE ASMÁTICA
ETIOLOGIA
Asma: A doença está associada a hiper responsividade e
inflamação das vias aéreas, mas esses elementos não são
necessários nem suficientes para diagnosticá-la.
Crise Asmática: varia entre indivíduos e pode envolver fatores
desencadeantes, como alérgenos, irritantes respiratórios, infecções,
exercícios físicos, condições meteorológicas, e fatores agravantes
como não adesão ao tratamento, exposição ocupacional, estresse,
ansiedade e predisposição genética.
QUADRO CLÍNICO
• Falta de ar
• Sibilos
• Tosse
• Aperto no peito
• Respiração rápida e superficial
• Dificuldade para fala
78
DIAGNÓSTICO
1. História Clínica:
• Relato dos sintomas, sua frequência e intensidade.
• Identificação de fatores desencadeantes.
2. Exame Físico:
• Ausculta pulmonar para detectar sibilos.
• Avaliação da frequência respiratória.
• Observação de sinais de esforço respiratório.
3. Testes de Função Pulmonar:
• Espirometria
• Testes de pico de fluxo
4. Avaliação da Resposta ao Tratamento:
• A melhora dos sintomas após o uso de
broncodilatadores é indicativa de asma.
5. Exames Complementares (Opcionais):
• Radiografias torácicas ou testes de alergia.
Diagnóstico Diferencial para Crises:
• Bronquiolite obliterante
• Fibrose cística
• Aspiração de corpos estranhos
• Discinesia ciliar primária
• Deficiência de alfa 1 antitripsina
• Doenças cardíacas congênitas,
• Tuberculose
• Obstruções de vias aéreas altas
• Síndrome de pânico
• Bronquiectasias
Manejo Clínico
Classificação da gravidade: tabela 1
Critérios de Internação
• Crise asmática grave
79
• Crise asmática moderada com resposta insuficiente ao
tratamento inicial
• Uso intenso de musculatura acessória
• Comprometimento significativo do parênquima
pulmonar (pneumonia)
• SpO2 < 93% em ar ambiente após abordagem
terapêutica inicial
• Ingestão hídrica baixa com risco de desidratação
• Pais não confiáveis ou residência de difícil acesso a
serviços de emergência médica
• Má resposta terapêutica prévia
Critérios de alta
• Sintomas leves
• Se crise moderada: tempo mínimo de observação
hospitalar de 2 h
• Se crise grave: tempo mínimo de observação hospitalar
de 12 h
TRATAMENTO
Crise Asmática Leve ou moderada
• Manter Saturação entre 94 e 58%
Tratamento:
• 2 puffs de Salbutamol a cada 20 minutos, 3 vezes. (Se não
houver melhora, fazer Salbutamol + Corticóide)
• Corticoide sistêmico via oral (introduzir precocemente)
• Considerar ipratrópio
Boa Resposta:
• Alta com salbutamol e corticoide por 3 a 5 dias
Resposta Parcial:
• Repetir dose do beta agonista
• Considerar ipratrópio
80
• Considerar internação caso não tenha resposta ou
piore após segundo ciclo de beta agonista
Crise Grave
Manter Saturação entre 94-98%
Monitorização:
• Monitorização cardíaca, pressão não invasiva e saturação
Tratamento em Sala de Emergência:
• Salbutamol + Corticóide: na primeira vez e brometo de
ipratrópio
• Corticoide sistêmico via oral, EV ou IM (introduzir
precocemente)
• Ipratrópio
• Considerar sulfato de magnésio
Boa Resposta:
• Internação em enfermaria com beta-2 de horário e
corticoide sistêmico
Resposta Parcial ou Piora:
• Internação em UTI
• Sulfato de magnésio (se ainda não realizado)
• Considerar beta-agonista sistêmico
• Considerar ventilação não invasiva
Iminência de Parada Respiratória
Pré-Oxigenação:
• Máscara não reinalante
• Considerar dispositivo bolsa-válvula-máscara caso não haja
drive respiratório
Tratamento:
• Beta agonista inalatório contínuo
• Considerar beta-agonista endovenoso
• Brometo de ipratrópio
• Corticoide endovenoso
81
• Sulfato de magnésio
Escalonar suporte ventilatório
• Ventilação não invasiva
Intubação quando houver as indicações:
• Indicação de intubação
• Hipoxemia refratária
• Piora da condição clínica
• Falência cardíaca
Doses de medicações
Beta-2-agonista
• Sulfato de salbutamol aerossol com espaçador (100
microgramas/jato): 1 puff a cada 5 minutos
Corticoides sistêmicos
• Dexametasona 0,3 a 0,6 mg/kg (máximo 12 a 16 mg/dia)
VO, IM ou IV
• Prednisona ou prednisolona 1 a 2 mg/kg (máximo 40
mg/dia) via oral: Geralmente 3 a 5 dias de uso
• Metilprednisolona 1 a 2 mg/kg (máximo 40 mg/dia), IV
• Hidrocortisona 10 mg/kg (máximo 200 mg/dia) – dose de
ataque e após, manter 5mg/kg de 6/6h
Brometo de ipratrópio
• Brometo de ipratrópio aerossol com espaçador (18
microgramas/jato): 4 a 8 jatos a cada 20 minutos, geralmente na
primeira hora de tratamento, intermitente ao salbutamol
• Brometo de ipratrópio, solução para nebulização (250
microgramas/ml)
< 20 kg – 250 mcg/dose (20 gotas)
≥ 20 kg – 500 mcg/dose (40 gotas)
A cada 20 minutos, geralmente na primeira hora de
tratamento, intermitente ao salbutamol
82
Sulfato de magnésio
• Sulfato de magnésio Dose padrão 50 mg/kg, IV, com
margem de 25 a 75 mg/kg, IV, correr em 20 a 40 minutos
Paciente monitorizado
83
DIAGNÓSTICO
PRECOCE DE SEPSE
DEFINIÇÃO
85
● Alteração de leucócitos: leucocitose/leucopenia oupresença
de formas jovens de neutrófilos no sangue periférico
(>10% de neutrófilos imaturos).
QUADRO CLÍNICO
86
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Primeira hora:
● Monitorização: oximetria de pulso contínua, monitorização
cardíaca, da glicemia e do cálcio ionizado, controle de PA,
aferição de temperatura, avaliação de débito urinário e
ecocardiograma funcional.
87
● Oxigenação: tem como objetivo manter a saturação de
oxigênio entre 92 e 97% através de máscara não reinalante,
pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP), ventilação
com pressão positiva em dois níveis (BIPAP), cânula nasal
de alto fluxo de oxigênio, intubação orotraqueal.
● Acesso venoso: dois acessos venosos periféricos calibrosos
e/ou acesso intraósseo.
● Coleta de exames: glicemia capilar, gasometria arterial ou
venosa, hemograma, lactato, eletrólitos, cálcio iônico,
bilirrubina total e frações, alanina aminotransferase,
coagulograma, fibrinogênio, D-dímero, hemocultura
(preferencialmente antes do início do antibiótico),
urocultura, proteína C-reativa, outras culturas e exames de
imagem a depender do contexto.
● Fluidoterapia: em pacientes sem sinais de congestão, dá-se
início à infusão de fluidos com bolus de 10 a 20 mL/Kg se
solução isotônica, titulados de modo a atingir a normalização
dos parâmetros hemodinâmicos. Classicamente, são
necessários 40 a 60 mL/Kg de volume na primeira hora.
● Antibioticoterapia: a administração deve ser precoce, sendo
os atrasos correlacionados com mortalidade, gravidade da
doença e disfunção orgânica. Nos casos em que há suspeita
etiológica, a escolha do antibiótico pode ser direcionada para
aquele com melhor penetração e atuação. Para etiologias
desconhecidas, um antibiótico empírico de amplo espectro
deve ser usado, sendo a cefalosporina de terceira geração
(ex: Ceftriaxona) a mais recomendada para pacientes com
sepse adquirida na comunidade.
● Controle do foco: em casos que há necessidade de
intervenções físicas, como em abscessos cutâneos ou
88
profundos, fasceíte necrotizante e infecções abdominais
cirúrgicas.
● Drogas vasoativas: indicada para pacientes que mantêm
sinais de hipoperfusão apesar de 40 a 60 mL/Kg de
ressuscitação volêmica na primeira hora. As drogas de
escolha são epinefrina e noradrenalina, que podem ser
iniciadas em acesso venoso periférico ou intraósseo até que
um acesso central seja obtido. Deve-se respeitar a diluição
da epinefrina/norepinefrina para acesso periférico, cuja
concentração máxima é de 16 mcg/mL. Na dose entre 0,05
a 0,3 mcg/kg/mim, a epinefrina é um inotrópico e
cronotrópico potente.
● Hipoglicemia: comum em pacientes críticos. Os alvos não
foram bem estabelecidos. Com o consenso de especialistas
do Sepsis Surviving Campaing, sugere que ela seja mantida
entre 140 e 180 mg/dL. Se glicemia < 60 mg/dL, administrar
glicose endovenosa na dose de 0,5 a 1 g/Kg de soro
glicosado 25% 1 a 4 mL/Kg ou soro glicosado 10% de 5 a
10mL/Kg. Se glicemia se mantiver acima de 180 mg/dL por
12h, considerar insulinoterapia.
● Hidrocortisona é recomendada em pacientes com risco de
produção insuficiente de cortisol: 1 a 2 mg/kg em bolus.
● Hipocalcemia: se cálcio ionizado <1,1 mmol/L, realizar
infusão endovenosa ou intraóssea de Gluconato de Cálcio
10% na dose de 50mg/Kg (0,5 mL/Kg), na dose máxima de
2g (20 mL) por infusão lenta em cinco minutos.
● Hemocomponentes: não há indicação de transfusão de
concentrado de hemácias quando a concentração de
hemoglobina é superior a 7g/dL. Após a primeira hora:
● Monitorização da pressão arterial invasiva através da
cateterização arterial.
89
● Ecocardiograma funcional: avaliação do débito cardíaco e
complacência da veia cava inferior.
● Monitorização da pressão de perfusão.
● Iniciar a nutrição enteral precocemente (48h da admissão),
quando não houver contraindicações.
● Se a nutrição parenteral for necessária, deve-se suspender
nos primeiros 7 dias de admissão.
● A hemodiálise deve ser instituída para evitar ou tratar a
sobrecarga de fluidos em crianças com choque séptico ou
sepse que não respondem à restrição de fluidos e terapia
diurética.
90
DIARREIA
DEFINIÇÃO
Diarreia: diminuição da consistência das fezes (líquidas ou
amolecidas), geralmente associada a um aumento da frequência das
evacuações - três ou mais evacuações nas últimas 24 horas.
Aguda: duração de até 2 semanas.
CAUSAS
Não infecciosas: são eventuais, como alergia a proteína do leite de
vaca, deficiência de lactase, apendicite aguda, uso de laxantes e
antibióticos e intoxicação por metais pesados.
Infecciosas: a etiologia viral é a principal causa de diarreia aguda,
especialmente em crianças menores de 5 anos.
92
QUADRO CLÍNICO
No mínimo três episódios de diarreia aguda no período de 24 horas,
podendo ser acompanhada de:
• Cólicas abdominais
• Dor abdominal
• Febre
• Sangue ou muco nas fezes
• Náusea
• Vômitos
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico completo, a classificação da gravidade do quadro e a
determinação do tratamento adequado dependem do exame físico
completo que incluem: avaliar a presença de sinais sugestivos de
desidratação, o estado nutricional, o estado de alerta (ativo, irritável,
letárgico), a capacidade de hidratação oral e a presença de diurese.
Atenção aos pacientes com maior risco de complicações, como:
menores de 1 ano, particularmente os menores de 6 meses de idade;
comorbidade grave; presença de vômitos persistentes (> 4 episódios
em 1 hora); crianças que pararam de aceitar o leite materno durante
a doença; perdas diarreicas volumosas e frequentes (> 8 episódios
93
diários) e cuidadores relatando possíveis sinais de desidratação
(exemplo: oligúria).
ETAPAS A B C
94
TRATAMENTO
Após o diagnóstico e a definição do estado de hidratação, há três
planos de tratamento clássicos (A, B ou C) determinados segundo a
presença (ou não) e o grau de desidratação.
95
• Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral.
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos,
tratamento da água e higienização dos alimentos).
5) ADMINISTRAR ZINCO UMA VEZ AO DIA, DURANTE 10 A 14 DIAS:
• Até seis (6) meses de idade: 10mg/dia.
• Maiores de seis (6) meses de idade: 20mg/dia.
PLANO B
PARA TRATAR A DESIDRATAÇÃO POR VIA ORAL NA UNIDADE DE SAÚDE
1) ADMINISTRAR SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL:
• A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente.
• A SRO deverá ser administrada continuamente, até que desapareçam os sinais de
desidratação.
• Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber de 50 a 100ml/kg para
ser administrado no período de 4-6 horas.
2) DURANTE A REIDRATAÇÃO, REAVALIAR O PACIENTE
• Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o PLANO A.
• Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica (gastróclise).
• Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o PLANO C.
3) DURANTE A PERMANÊNCIA DO PACIENTE OU ACOMPANHANTE NO
SERVIÇO DE SAÚDE ORIENTAR A:
• Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral.
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos,
tratamento da água e higienização dos alimentos).
OS PACIENTES DEVEM PERMANECER NA UNIDADE
DE SAÚDE ATÉ A REIDRATAÇÃO COMPLETA.
96
PLANO C
PARA TRATAR DESIDRATAÇÃO GRAVE NA UNIDADE HOSPITALAR
O PLANO C CONTEMPLA DUAS FASES PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS: A FASE
RÁPIDA (EXPANSÃO) E A FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO.
AVALIAR O PACIENTE CONTINUAMENTE DURANTE CADA FASE.
FASE RÁPIDA (FASE DE EXPANSÃO)
MENORES DE 5 ANOS
SOLUÇÃO VOLUME ADMINISTRAÇÃO
Soro fisiológico a Iniciar com 20ml/kg – repetir até Em 30 minutos
0,9% que a criança esteja hidratada,
reavaliando após cada fase.
* Para recém-nascidos e
cardiopatas graves, começar com
10ml/kg.
MAIORES DE 5 ANOS
Soro fisiológico a 30ml/kg Em 30 minutos
0,9%
Ringer Lactato ou 70ml/kg Em 2 horas e 30
Solução minutos
Polieletrolítica
FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO PARA TODAS AS IDADES
SOLUÇÃO VOLUME EM 24 HORAS
Soro glicosado a 5% + Até 10kg 100ml/kg
Soro fisiológico 0,9% na 10 a 20kg 1000ml + 50ml/kg de peso que exceder
proporção de 4:1 10kg
(manutenção) > 20kg 1500ml + 20ml/kg de peso que exceder
20kg
Soro glicosado a 5% + Iniciar com 50ml/kg/dia.
Soro fisiológico 0,9% na Reavaliar de acordo com as perdas do paciente.
97
proporção de 1:1
(reposição)
KCl a 10% 2ml para cada 100ml de solução da fase de
manutenção.
CONDUTAS COMPLEMENTARES
Em caso de Disenteria (diarreia com sangue), a antibioticoterapia
está indicada, principalmente se o paciente apresentar febre e
comprometimento do estado geral.
1. Ciprofloxacino (1° escolha): 15mg/kg, 2X/dia por 3 dias; OU
98
2. Ceftriaxona: 50-100mg/kg EV por dia por 3 a 5 dias nos casos
graves que requerem hospitalização. Outra opção é a cefotaxima,
100mg/kg dividida em quatro doses.
3. Zinco: 10 mg – crianças < de 6m e 20 mg – crianças maiores de
6m de vida, durante 10-14 dias. (diminue a duração e a gravidade
da diarréia).
4. Probióticos – fazem pouca ou nenhuma diferença no tratamento
da diarréia aguda. Dose Saccharomuces boulardii : 250-750mg/dia de
5 a 7 dias.
5. Rocecadodrila (antissecretório) – pode reduzir o risco de falha da
reidratação oral. Dose: 1,5mg/Kg, 3 vezes por dia, enquanto houver
diarréia.
Se o quadro tiver mais de 14 dias de evolução, após estabilização
inicial, encaminhar o paciente para investigação e tratamento com o
especialista. Importante considerar diagnósticos diferenciais como
diarreia persistente infecciosa, doença inflamatória intestinal, doença
celíaca e outras síndromes disabsortivas.
Sinais de alarme para internação: perda de peso; crescimento
inadequado; palidez/anemia; adinamia; sinais de desnutrição grave;
hemotoquezia/enterorragia; edema/ascite; sintomas sistêmicos
(exantema, artrite, aftas); história familiar de doença inflamatória
intestinal e doenças autoimunes.
99
DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO
DEFINIÇÃO
Caracteriza-se pela passagem retrógrada do conteúdo gástrico para
o esôfago através do esfíncter esofagiano inferior (EEI) com ou sem
regurgitação e/ou vômito. A doença do refluxo gastroesofágico é
quando a criança apresenta sintomas com complicações, diferente
do refluxo fisiológico do lactente, quando não há repercussões
clínicas.
QUADRO CLÍNICO
Variam de acordo com a faixa etária e possuem gravidade
heterogênea
A doença do refluxo gastroesofágico pode cursar com:
- Sintomas gerais: desconforto, choro excessivo, irritabilidade, sono
agitado, recusa alimentar, erosões dentais, halitose, Síndrome de
Sandifer e perda ponderal
101
- Sintomas gastrointestinais: regurgitações, azia, pirose, dor
retroesternal, epigastralgia, odinogfagia
- Sintomas respiratórios/via aérea: rouquidão, estridor, sibilos, tosse,
apneias/cianose, otites de repetição
- Condições associadas à DRGE de difícil controle: hérnia hiatal ou
diafragmática, pneumopatias (fibrose cística), doenças neurológicas,
obesidade, história familiar, prematuridade, quimioterapia
DIAGNÓSTICO
Varia de acordo com a idade:
- Lactentes: história clínica
- Crianças maiores e adolescentes: história clínica + exame físico
Avaliações complementares para diagnóstico de RGE, complicações
e outros diagnósticos diferenciais: radiografia contrastada de
esôfago, estômago e duodeno, endoscopia digestiva alta com
biópsia, pHmetria esofágica, ultrassonografia esofagofástrica,
cintilografia para pesquisa de refluxo gastroesofágico e aspiração
pulmonar, impedânciometria esofágica intraluminal, teste
terapêutico empírico com supressão ácida.
COMPLICAÇÕES:
- Esôfago de Barret, estenose de esôfago, esofagite, hematêmese,
melena, laringite crônica, exacerbações frequentes de asma,
pneumonias aspirativas
TRATAMENTO
Objetivos do tratamento da DRGE são a promoção do crescimento e
do ganho de peso adequados, alívio dos sintomas, cicatrização das
lesões teciduais, prevenção da recorrência destas e das complicações
associadas à DRGE.
1ª linha:
102
- Medidas não farmacológicas para lactentes: aumentar a frequência
das mamadas com menor volume de leite, manter a criança ereta no
período pós prandial, uso de fórmulas anti-refluxo, posição supina
para dormir, evitar roupas apertadas, troca da fralda antes das
mamadas, evitar fármacos que exacerbam sintomas de RGE assim
com tabagismo passivo
- Orientações dietéticas para crianças maiores e adolescentes: evitar
refeições volumosas e muito calóricas, ingestão de alimentos antes
de deitar, chocolates, refrigerantes, chá e café; dormir em decúbito
lateral esquerdo e com cabeceira elevada além de redução de peso
nos obesos.
Terapia medicamentosa não há um consenso, tem como opções:
- Sucralfato: lactentes a menores 6 anos: 2,5mL, 4x/d / crianças
maiores 6 anos: comprimidos mastigáveis 1g, 4x/d
- Antiácido com magnésio ou alumínio: < 5 kg: 2,5 mL, 3x ao dia /
> 5 Kg: 5,0 mL, 3x ao dia
- Alginato: Crianças > 12 anos Líquido: sachês de 10 mL até 4x/d
após as principais refeições.
- Omeprazol: 0,7 a 3,5 mg/kg/dia – dose máxima = 80 mg
Casos refratários com história de alergia alimentar positiva:
modificação da dieta materna (se em aleitamento materno) ou da
criança, com restrição dos alimentos que essa criança,
comprovadamente apresente alergia.
Casos graves e refratários: cirurgia antirrefluxo e/ou correção de
causas anatômicas
103
DOENÇAS
EXANTEMÁTICAS
DEFINIÇÃO
Doenças exantemáticas são desordens, de causa infecciosa (viral,
bacteriana, fúngica ou por protozoários), medicamentosa, auto-
imune ou neoplásica, caracterizadas pelo surgimento agudo de
erupções cutâneas disseminadas pelo corpo. O exantema é uma
erupção cutânea ao longo da superfície do corpo composta por
máculas ou pápulas que podem apresentar aspecto irregular e
edemaciado, estando ou não em associação com prurido,
descamação, lesões bolhosas e crostas, acometendo uma região
específica ou espalhando-se por todo o corpo. O exantema pode ser
do tipo morbiliforme - entremeado por pela sã; escarlatiniforme -
difuso, puntiforme e áspero; rubeoliforne – róseo, com pápulas
pequenas; urticariforme - com pápula eritematosa e contornos –
irregulares; papulovesicular – com pápulas e lesões contendo
líquidos (vesículas); petequial ou purpúrico – quando há associação
de alterações vasculares (não desaparecem a dígito-pressão).
QUADRO CLÍNICO
Sarampo: causada por vírus da família Paramyxoviridae, do gênero
Morbillivirus. A via de transmissão é por aerossol ao contato com
mucosas respiratórias e conjuntival. O período de incubação é de 7-
12 dias, com 3-5 dias de sintomas prodrômicos, que são: febre,
coriza, tosse e conjuntivite. O exantema é do tipo morbiliforme de
distribuição cefalocaudal e centrífugo, tornando-se generalizado no
3º dia de doença. No período prodrômico pode ser encontrado o
enantema patognomônico – manchas de Koplik – máculas brancas
com halo eritematoso difuso, que aparecem na mucosa oral, próximo
105
aos molares, antecedendo o exantema. Na fase de convalescença há
descamação furfúracea.
Rubéola: causada por vírus da família Togaviridae, do gênero
Rubivírus. É transmitida através do contato direto ou de gotículas de
secreções nasofaríngeas. O período de incubação é de 14 a 21 dias
de período de incubação e os sintomas pródromos são inespecíficos.
O exantema geralmente se inicia no rosto, é róseo, entremeado por
pele sã de distribuição craniocaudal e centrífugo que dura em média
3 dias e desaparece sem descamar. Associado ao exantema tem
linfonodomegalia suboccipital, cervical posterior e retroauricular.
Pode aparecer as manchas de Forchheimer que são petéquias no
palato mole, além de conjuntivite.
Eritema infeccioso: causada pelo Parvovírus B19 da família
Parvoviridae, do gênero Erythrovirus, que é transmitido por gotículas
da orofaringe. O período de incubação é de 7 a 14 dias e tem como
a fase exantemática 15 dias após o contato, caracterizada por rash
malar (“bochecha esbofeteada”), exantema reticular simétrico em
tronco e extremidades, frequentemente pruriginoso. O exantema
pode recidivar em 1 a 3 semanas após exposição ao calor, exercício
estresse.
Exantema súbito: causada pelo herpers-virus humano 6 ou 7 (HHV-
6 e HHV-7), da família Herpesviridae e transmitido por gotículas
contendo partículas virais em contato com mucosa respiratória ou
conjuntival. Tem como período de incubação em média 10 dias e
fase prodrômica de 3 a 4 dias com irritação faríngea e conjuntival. A
febre geralmente é alta (39,5°C) e persistente por,
aproximadamente, 3 dias. O aparecimento do exantema
rubeoliforme coincide com a resolução da febre, tem evolução
centrípeta, fugaz e duração de 72h.
Síndrome de mão-pé-boca: causada por enterovírus e vírus
Coxsackie A, transmitida por via respiratória ou fecal-oral. Apresenta
tempo de incubação de 4 a 6 dias, fase prodrômica com anorexia e
106
odinofagia, fase exantemática com febre baixa, surgimento de
vesículas em toda a orofaringe, rash maculopapular, vesicular ou
pústula em mãos, pés e nádegas.
Varicela: causada pelo vírus Varicela-Zoster da família Herpesviridae,
transmitida por aerossóis ou contato direto com o conteúdo das
vesículas. A infecção ocorre dois dias antes do surgimento do rash
até a última lesão em vesícula e, geralmente, não apresenta
pródromos. É uma síndrome febril associada a um exantema máculo-
vésico-pústulo-crostoso com característica marcante de
pleomorfismo regional e distribuição centrípeta.
Mononucleose: é causada pelo vírus Epstein-Barr, da família
Herpesviridae, transmitida por saliva e intercurso sexual (beijo é um
facilidador). Tem incubação prolongada de 30 a 50 dias e a fase
clínica de 2 a 4 semanas, se apresentando com sintomas
constitucionais, linfonodomegalia generalizada, faringoamigdalite,
hepatoesplenomegalia e edema palpebral. O rash máculo-papular
comumente está associada ao uso de antibióticos – penicilinas,
cefalosporinas e seus derivados.
Escarlatina: causada por bactérias Streptococcus pyogenes ou
Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (SGA) de Lancefield.
Transmitida através de gotículas de secreção respiratória. Apresenta
período de incubação de 2 a 5 dias e tem como pródromos febre e
infecção orofaringe por 24-48h. A clínica apresenta-se com hiperemia
faringotonsilar, adenopatia, rash de progressão centrífuga, pápulas
eritematosas puntiformes com aspecto de lixa. Tem como sinais
patognomônicos o Sinal de Filatov – rubor facial com palidez perioral,
Sinal de Pastia – exantema intensificado nas superfícies flexoras dos
membros e língua em framboesa – enantemacom proeminência das
papilas da língua. A convalescência
caracteriza-se pela descamação lamelar das mãos e pés.
Doença de Kawasaki: tem etiologia desconhecida, com 80% dos
casos em menores de 5 anos. A fase aguda dura em média 2
107
semanas com febre alta, hiperemia conjuntival bilateral, alteração de
mucosa oral com hiperemia, edema e ressecamento dos lábios com
fissura, edema duro de dedos das mãos e dos pés, com hiperemia
palmoplantar. O exantema é polimórfico, escarlatiniforme ou
purpúrico, com início no tronco e descamações lamelares. Pode ainda
aparecer linfadenite cervical, descamação perineal e miocardite. Fase
subaguda dura em média 4 semanas e a febre e demais sintomas
diminuem. Pode apresentar trombocitose e aneurismas
coronarianos. A fase de convalescença dura em média 4
a 8 semanas com desaparecimento dos sinais da doença.
Dengue: causada por vírus da família Flaviviridae, do gênero
Flavivirus. São conhecidos 4 sorotipos do vírus da dengue: DENV-1,
2, 3 e 4. A transmissão se dá pela picada do mosquito Aedes aegypti.
O tempo de incubação é de 4 a 7 dias. As manifestações clínicas são
variadas, desde assintomáticas até graves, sendo as mais comuns:
febre alta de início abrupto, cefaléia, odinofagia, mialgia, artralgia,
dor retro-orbital anorexia, hiperemia conjuntival, rash
maculopapular, hemorragia de mucosas e petéquias.
Chikungunya: causada por vírus da família Togaviridae, do gênero
Alphavirus. A transmissão ocorre através da picada do mosquito
fêmea Aedes aegypti e Aedes Albopictus. Durante a fase aguda o
paciente apresenta febre alta, artralgia intensa (predominante nas
grandes articulações e extremidades), cefaléia e mialgia. Metade dos
pacientes pode apresentar o exantema do tipo maculopapular entre
o 2º e o 5º dia. O quadro pode durar 15 dias e cessar
espontaneamente.
Zika: causada por vírus do gênero Flavivírus. A transmissão ocorre
via vetor, sendo, o principal, a fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Menos comumente pode ocorrer transmissão via sexual e vertical. O
paciente apresenta febre baixa ou ausência dela. O exantema é do
tipo maculopapular pruriginoso (“vermelhão”), surgindo no 10º dia,
hiperemia conjuntival causado pelo aumento da vascularização (não
108
há prurido e nem pus). Podem apresentar também artralgia, mialgia
e cefaléia. Apesar desses sintomas, estudos dizem que mais de 80%
das pessoas infectadas não apresentam sintomatologia.
Complicações:
Sarampo: broncopneumonia, laringotraqueobronquite (crupe), otite
média aguda, encefalite aguda e pan-encefalite esclerosante
subaguda (SSPE).
Rubéola: raras, mas são trombocitopenia, artrite e encefalite.
Eritema infeccioso: artrite, artralgia e crise aplásica transitória em
portadores de doença hemolítica crônica.
Exantema súbito: doença autolimitada e de curso benigno.
Síndrome de mão-pé-boca: acometimento do SNC, onicomadese.
Varicela: infecções cutâneas, ataxia cerebelar, pneumonia,
meningite viral, trombocitopenia e Síndrome de Reye.
Mononucleose: sintomas neurológicos, obstrução de via aérea
superior, anemia hemolítica e ruptura de baço.
Escarlatina: relacionadas à infecção por SGA como febre reumática
e GNDA, infecção local de tecidos moles (miosite, celulite), pioartrose
e endocardite.
Doença de Kawasaki: alterações cardiovasculares, principalmente
aneurisma de artéria coronariana.
Dengue: infecção bacteriana, como pneumonia ou sepse,
desconforto respiratório grave, sangramento grave, derrame pleural,
ascite, disfunção orgânica.
Chikungunya: dores articulares crônicas (por meses), pode evoluir
para a Síndrome de Guillain-Barré, encefalite e outras complicações
neurológicas.
Zika: em geral não evolui com complicações graves, porém, a
artralgia pode permanecer por um mês.
109
DIAGNÓSTICO
Sarampo: febre + exantema maculopapular + 1 sintoma: tosse,
coriza e conjuntivite. Para confirmação faz-se a sorologia (IgM) e
PCR, associado ao vínculo epidemiológico. Doença de notificação
compulsória imediata.
Rubéola: febre + exantema maculopapular + linfonodopatia típica.
Sorologia IgM reagente (fase aguda) e aumento seriado dos títulos
de IgG, associado ao vínculo epidemiológico.
Eritema infeccioso: febre + exantema característico. Sorologia IgM
no 3° dia do exantema.
Exantema súbito: febre + exantema rubeoliforme após cessar febre.
Síndrome de mão-pé-boca: febre + lesões maculovesiculares +
epidemiologia
Varicela: pleomorfismo regional. Para confirmação há possibilidade
de: sorologias e citologia de Tzanck.
Mononucleose: febre + faringoamigdalite + rash cutâneo após uso
de antibiótico. O hemograma geralmente apresenta-se com
leucocitose, com atipias linfocitárias e plaquetopenia leve. Para
confirmação há possibilidade de sorologias – IgM anti-cápside viral
(anti-VCA) e IgG anti-antígeno nuclear (anti-EBNA).
Escarlatina: febre + faringoamigdalite + exantema eritematoso
papular puntiformes com aspecto de lixa. Se dúvida diagnóstica:
cultura de swab de orofaringe. Aumento dos anticorpos ASLO e anti-
DNAse B.
Doença de Kawasaki: no mínimo 5 dias de febre alta + 4 dos
seguintes critérios: alteração de extremidades, exantema polimorfo,
conjuntivite bilateral, alteração de cavidade oral, linfadenopatia
cervical. Laboratorial: anemia normo/normo, leucocitose discreta e
plaquetose; aumento de PCR e VHS (PCR maior ou igual a 3mg/dl e
VHS maior ou igual a 40 mm/h); enzimas hepáticas levemente
elevadas. Ecocardiograma para detecção dos aneurismas
coronarianos de 2 a 3 semanas após a fase aguda.
110
Dengue: febre por 2 a 7 dias + pelo menos 2 das seguintes
manifestações: náusea, vômitos, exantema, mialgia, artralgia,
cefaleia, dor retro-orbital, petéquias, prova do laço positiva ou
leucopenia + epidemiologia. Para confirmação: durante a fase febril
(até 3 dias dos sintomas) pode ser feita a detecção do anticorpo (NS-
1) e sorologia IgM do início da fase febril até 7-10 dias do início da
doença.
Chikungunya: febre alta + artralgia intensa (predominante nas
grandes articulações e extremidades) + cefaléia + mialgia +
exantema do tipo maculopapular entre o 2º e o 5º dia. O quadro
pode durar 15 dias e cessar espontaneamente. A detecção de
antígenos virais IgM ocorre até o 5º dia de doença. O IgG começa
aumentar a partir do 6° dia, com aumento gradativo para, até 4
vezes mais.
Zika: febre baixa ou ausência dela + exantema maculopapular
pruriginoso + hiperemia conjuntival, sem prurido ou pus. Pode
apresentar também artralgia, mialgia e cefaléia. O diagnóstico
laboratorial pode ser feito pelo teste rápido para triagem do IgM e
IgG, a partir do 5° dia da doença, ou pelo PCR.
TRATAMENTO
Sarampo: suporte com hidratação e antipiréticos. Vitamina A reduz a
morbimortalidade.
Rubéola: suporte com hidratação e antipiréticos.
Eritema infeccioso: suporte com hidratação e antipiréticos.
Exantema súbito: suporte com hidratação e antipiréticos.
Síndrome de mão-pé-boca: suporte com hidratação e antipiréticos.
Varicela: iniciar em até 72h após o início do rash. Aciclovir via oral
(VO): adolescentes >12 anos, > 1 ano com pneumopatia ou
dermopatia, AAS de uso crônico, corticoide sem imunossupressão,
111
segundo caso do domicílio. Aciclovir endovenoso (EV): varicela
grave, gestante, imunossuprimidos e neonatais.
Mononucleose: suporte com hidratação, repouso e antipiréticos.
Escarlatina: Penicilina Benzatina IM 600.000 – 1.200.000UI. Se
alérgico a penicilinas: eritromicina por 10 dias
Doença de Kawasaki: Fase aguda: imunoglobulina (2g/kg, EV, em
12h, podendo repetir dose se refratariedade), AAS em dose anti-
inflamatória (30-80mg/kg/dia por 14 dias). Fase convalescença: AAS
em dose antiagregante plaquetário (3-5mg/kg/dia por 6 a 8
semanas). Trombose coronariana aguda: terapia fibrinolítica.
Dengue: grupo A – suporte com soro de reidratação oral (menores
de 2 anos oferecer 50-100ml, maiores de 2 anos oferecer 100-200ml
e adolescentes oferecer 60-80ml/kg/dia) e sintomáticos domiciliares
(exceto AAS e AINEs como o ibuprofeno). Grupo B – suporte com
hidratação oral supervisionada em unidade de saúde e sintomáticos
domiciliares, se alterações hematimétricas, hidratação IV. Grupo C e
D: expansão volêmica (20ml/kg em duas horas, podendo ser repetida
três vezes) e manutenção da hidratação IV e reposição de perdas
(podendo utilizar a fórmula de Holliday-Segar). Encaminhar para
atenção terciária da saúde.
Chikungunya: uso de sintomáticos como suporte. Recomenda-se
ingestão de líquido abundante e repouso absoluto. Não utilizar
AINEs, corticosteróides e AAS.
Zika: o tratamento é de suporte com sintomáticos – uso de
analgésicos e antitérmicos como paracetamol e dipirona, além de
anti-histamínicos em caso de prurido.
112
PARACETAMOL: 10-15MG/KG/DOSE, no máximo 75MG/KG/DIA. A
cada 6 horas.
IBUPROFENO: 5-10MG/KG/DOSE. Efeito anti-inflamatória: 15-
20MG/KG/DOSE, a cada 6 horas.
113
EMERGÊNCIAS
CONVULSIVAS
Natalia Tognon
Emergências Convulsivas
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES
Crises febris;
115
Epilepsia;
Infecções do sistema nervoso central;
Asfixia perinatal e encefalopatia hipóxico-isquêmica não
progressiva;
Hipoglicemia;
Distúrbios eletrolíticos
(principalmente hipocalcemia, hipomagnesemia, hipernatremia);
Deficiência de piridoxina;
Erros inatos do metabolismo;
Traumatismo cranioencefálico;
Hemorragia intracraniana;
Acidente vascular cerebral;
Intoxicações exógenas ou abstinência a álcool ou
drogasantiepilépticas;
Tumores do sistema nervoso central;
Hiperviscosidade sanguínea.
116
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
117
EXAMES COMPLEMENTARES
118
Indicações de exame de neuroimagem:
119
TEMPO MEDICAÇÃ
O
OU
Midazolam - 0,1 a 0,4 mg/kg/dose EV, IM ou IN
- Diazepam ou Midazolam
- Tiopental EV 1 a 3 mg/kg/hora
750mg, infundir em 20 min (1mg/kg/min)
121
ICTERÍCIA
NEONATAL
DEFINIÇÃO
123
Diabetes Materno;
Prematuridade;
Descendência Asiática;
Sexo Masculino
Cefalohematomas ou equimoses
QUADRO CLÍNICO
Progressão céfalo-caudal;
124
Classificada nas Zonas de Kramer:
TRIAGEM INICIAL
125
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: EXAMES DE TRIAGEM
TRATAMENTO
≥ 35 semanas: Fototerapia
- Considera dosagem periódica da BT, a idade gestacional, as horas de
vida e presença de sintomas neurológicos;
- Diminuir em 2 mg/dl o nível de indicação de fototerapia se: doença
hemolítica (Rh, ABO ou outros antígenos), deficiência G6PD, asfixia,
letargia, instabilidade na temperatura, sepse, hipoglicemia, acidose ou
albuminemia < 3g/dl.
126
Qualquer ictericia 24-36h de vida:
- Se BT > percentil 95 (zona alto
risco): Iniciar fototerapia
127
24 horas 8 10
48 horas 11 13
72 horas 13 15
96 horas 14 16
5 a 7 dias 15 17
≥ 35 semanas: Exsanguinotransfusão
- Redução rápida dos níveis sanguíneos de bilirrubina; retirada de
hemácias que sofrerão hemólise e repõe as hemácias removidas por
outras livres. Pouco utilizada na prática;
- Se houver indicação de EST, iniciar imediatamente a fototerapia de
alta intensidade, repetir a dosagem de BT em 2-3 horas e reavaliar a
indicação de EST.
- A EST deve ser realizada imediatamente se houver sinais de
encefalopatia bilirrubínica ou se BT 5 mg/dL acima dos níveis referidos;
128
Idade Bilirrubina total (mg/dl)
24 horas 15 18
36 horas 16 20
48 horas 17 21
72 horas 18 22
96 horas 20 23
5 a 7 dias 21 24
129
- Aplicar os valores inferiores referidos para RN pré-termos nas
seguintes condições: doença hemolítica (Rh, ABO, outros antígenos);
deficiência de G-6-PD; albumina sérica <2,5 g/dL; rápido aumento da
BT; instabilidade clínica com ≥ 1 critério: pH <7,15; ventilação
mecânica; sepse/meningite ou apneia/bradicardia com necessidade de
ventilação ou drogas vasoativas nas últimas 24h antes do início da
fototerapia ou EST.
- RN ≤1000g ou IG ≤26 semanas: indicar fototerapia profilática até 12
horas após o nascimento com irradiância espectral padrão de 8-10
mW/cm2/nm
Fototerapia Exsanguineotransfusão
< 28 5-6 11 – 14
30 0/7 – 31 6/7 8 – 10 13 – 16
32 0/7 – 33 6/7 10 – 12 15 – 18
130
34 0/7 – 34 6/7 10 – 12 17 – 19
Fototerapia Exsanguineotransfusão
1000 – 1250g 8 – 10 15 – 18
1250 – 1500g 10 – 12 17 – 20
131
INFECÇÃO DE VIAS
AÉREAS
SUPERIORES
- IVAS -
DEFINIÇÃO
As Infecções de Vias Aéreas Superiores (IVAS) são uma das
causas mais comuns de
atendimento médico pediátrico, tendo uma morbidade
elevada quando em comparação àsIVAS em adultos
devido a fatores como: baixa imunidade e devido ao
tamanho das vias
aéreas, que pode levar ao desconforto ou insuficiência
respiratória com maior frequência.
Doenças mais comuns: Otite Média Aguda (OMA);
Faringite e Tonsilite Agudas;
Rinossinusites Bacterianas; Crupe Viral; Supraglotite;
Traqueíte Bacteriana.
FATORES DE RISCO
OMA: frequentar creche, predisposição familiar, tabagismo
passivo, desmame precoce, baixo
nível socioeconômico, < 2 anos, sexo masculino, alterações
anatômicas e uso de chupeta.
FARINGITE E TONSILITE AGUDAS: contato direto com
doente por secreção respiratória,
5-11 anos de idade.
RINOSSINUSITES BACTERIANAS: frequentar creche,
tabagismo passivo, antecedente
pessoal de rinite alérgica, e infeção viral de vias aéreas
superiores prévia.
CUPRE VIRAL: lactentes e pré-escolares.
133
SUPRAGLOTITE: crianças imunocomprometidas e maiores que
7 anos.
TRAQUEÍTE BACTERIANA: traqueostomia, sexo masculino.
QUADRO CLÍNICO
OMA: otalgia, irritabilidade, manipulação excessiva da orelha
em lactentes, choro excessivo,diminuição do apetite, vômito,
diarreia e febre em ¼ dos casos. Na otoscopia -> opacidade
de membrana timpânica, abaulamento, hiperemia e aumento da
vascularização.
FARINGITE E TONSILITE AGUDAS: odinofagia, disfagia,
febre, cefaleia, dor abdominal, náusea e vômito, eritema e
exsudato amigdaliano, hiperemia e edema de faringe e úvula,
além de petéquias em palato e linfadenite cervical anterior em
alguns casos.
RINOSSINUSITES BACTERIANAS: sintomas persistentes de
febre, cefaleia, mialgia,
tosse, coriza e congestão nasal.
CUPRE VIRAL: início súbito de tosse ladrante, estridor
inspiratório, rouquidão e desconforto
respiratório, com início no período noturno. Duração de 3-7 dias.
SUPRAGLOTITE: início abrupto dos sintomas com duração <
24h e toxemia precoce. Desconforto respiratório progressivo
com fadiga, estridor inspiratório, voz abafada, além desensação
de engasgo, salivação profusa, irritabilidade, agitação e
ansiedade. Pode ocorrer
temperaturas até 40°C e sepse.
TRAQUEÍTE BACTERIANA: pródromo viral seguido de tosse
ladrante, rouquidão, estridor
inspiratório, insuficiência respiratória, associado a febre alta e
toxemia.
134
DIAGNÓSTICO
OMA: Um dos critérios - abaulamento moderado ou grave de
membrana timpânica (MT);
otorreia recente não atribuível a otite externa; abaulamento
leve de MT com otalgia recente(<48h) ou hiperemia
importante de MT.
Antibiótico OU Observação Se 6
48-72h se piora de febre ou meses-2
se anos com
otalgia, e nova otoscopia otalgia
para considerar antibiótico leve <48h
e febre
<39°C.
Unilateral.
OU
136
Se > 2
anos com
otalgia
leve <48h
e febre
<39°C.
Uni ou
Bilateral.
137
Cefalexina VO
20 mg/Kg de
12/12h por 10
dias
Penicilina VO 250 mg 8/8h OU
por 10 dias OU Cefadroxila VO
Amoxicilina 50 mg/Kg 30 mg/Kg
1x/dia por 10 dias OU 1x/dia por 10
Penicilina G benzatina dias
IM 600.000 U se <27 OU
Kg, 1.200.000 U se >27 Clindamicina VO
Kg 7 mg/Kg de
8/8h por 10 dias
OU
Azitromicina VO
12 mg/Kg
1x/dia por 5 dias
OU
Claritromicina
VO 7,5 mg/Kg
de 12/12h por
10 dias
RINOSSINUSITES BACTERIANAS:
*Amoxicilina 50 mg/Kg/dia VO 12/12h
*Amoxicilina + Clavulanato 50-80mg/kg/dia, divididos
de 12/12h se paciente frequentacreche ou uso de
amoxicilina nos últimos 30 dias ou <2 anos
*Ceftriaxone 50 mg/Kg IM ou IV se não aceitação de
medicação VO
*Cefuroxima 30 mg/Kg/dia VO 12/12h se alergia à amoxicilina
*Claritromicina 15 mg/Kg/dia VO 12/12h ou
azitromicina VO 10 mg/Kg/dia no 1° dia e 5 mg/Kg/dia
nos 4 dias subsequentes se reação de
hipersensibilidade tipo I à amoxicilina
138
CUPRE VIRAL:
Cuidados gerais - nebulização com SF 0,9% apenas se não
causar mais agitação na criança.Corticosteroides -
dexametasona IM dose única de 0,15-0,6 mg/Kg para
todas as crianças com sintomas de leves a graves.
Epinefrina inalatória - Em caso de sintomas moderados
ou graves. 3-5 ml da formulação1:1.000 independente
de idade e peso, podendo repetir dose se necessário a
cada 4h.
Intubação - Em ambiente bem controlado em caso de
paciente com obstrução de via aérea
iminente.
SUPRAGLOTITE:
Intubação - em ambiente controlado com cânula
traqueal 0,5-1 mm menor que a preditapara a idade.
*Cefuroxime, ceftriaxona ou cefotaxime para cobertura do
Hib
*Penicilina para cobertura de S. pyogenes.
*Oxacilina ou cefalotina para cobertura de S. aureus.
TRAQUEÍTE BACTERIANA:
Intubação - em ambiente controlado quando necessário.
Antibioticoterapia - Oxacilina e cefalosporina de
terceira geração IV em casos graves. Vancomicina se
suspeita de bactéria resistente.
139
INFECÇÃO DO
TRATO URINÁRIO
- ITU -
FATORES DE RISCO
Idade inferior a 1 ano (principalmente menores de 3m)
Raça branca
Sexo feminino
Obstrução urinária
Disfunção vesico-intestinal
Constipação
Refluxo vesicoureteral
Presença de prepúcio não retrátil (fimose)
ETIOLOGIA
Enterobactérias (principal é a Escherichia coli)
Klebsiella pneumoniae
Streptococcus faecalis
Proteus mirabilis: cálculo de estruvita
Pseudomonas: imunossuprimidos e manipulação do trato urinário
Staphylococcus saprophyticus : adolescentes do sexo feminino
CLÍNICA CISTITE
Recém-nascidos e lactentes (CISTITE E PIELONEFRITE): sintomas
inespecíficos: deficiencia do ganho ponderal, irritabilidade ou letergia,
anorexia, diarréia, distensão abdominal, vômitos, febre elevada
(superiro a 39°C)
Pré-escolares e escolares (CISTITE): disúria, polaciúria, urgência
141
miccional, incontinência urinária, desconforto supra-púbico e febre
baixa (menor ou igual a 38°C)
Pré-escolares e escolares (PIELONEFRITE): comprometimento do
estado geral, prostração, inapetência, dor lombar referida ou notada
pelo sinal de Giordano (leve percussão no ângulo costovertebral com
o punho fechado), calafrios, vômitos e febre alta (maior que 38,5°C).
DIAGNÓSTICO
Urina 1 / EAS / Sumário de urina: sinais de inflamação e marcador da
presença de bactéria
Cultura quantitativa da urina: exame obrigatório para dar o
diagnóstico de ITU - *Crescimento de 100.000 UFC/ml ou mais indica
infecção de urina
Exames complementares: hemograma, proteína C reativa (para
avaliação de pielonefrite)
TRATAMENTO
Sempre colher urocultura antes
Cistite: 7-10 dias.
➢ Ambulatorial:
- Sulfametoxazol-trimetoprim (200 mg+ 40 mg/5 ml): 8-12 mg/kg/dia
de TRIMETOPRIMA, VO, dividido de 12/12 horas
- Nitrofurantoina (100 mg/cp): 5-7 mg/kg/dia, VO, dividido de 6/6
horas
- Cefalexina (250 mg/5 ml): 50-100 mg/kg/dia, VO, dividido de 6/6
horas
- Amoxicilina (250 ou 400mg/5ml): 50-100mg/kg/dia, em 2-3 doses;
- Amoxicilina-clavulanato (250 ou 400 mg/5ml): 40-50mg/kg/dia, em
3 doses
- Cefuroxima (250mg/5ml): 30mg/kg/dia em 2 doses
142
Pielonefrite: 7-14 dias.
➢ Ambulatorial (não realizar nitrofurantoina):
-
143
OBSTRUÇÃO DAS
VIAS AÉREAS POR
CORPO ESTRANHO
- OVACE -
DEFINIÇÃO
CAUSAS
145
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
146
EXAMES COMPLEMENTARES
TRATAMENTO
147
● Virar o bebê e realizar 5 compressões torácicas logo abaixo
da linha intermamilar, até que o objeto seja expelido ou a
vítima se torne não responsiva (Fig. 1).
● A cada ciclo de golpes nas costas e compressões torácicas,
deve-se inspecionar visualmente as vias aéreas quanto à
presença de corpo estranho e retirá-lo somente se estiver ao
alcance dos dedos. Não se deve tentar retirar objetos às
cegas.
● Não se recomenda a realização de impulsos abdominais em
bebês por risco de danos ao fígado.
148
● Se o objeto for expelido ou ocorra passagem do ar
(expansão torácica) e respiração espontânea, oferecer
oxigênio por máscara.
● Em caso de piora, a vítima pode precisar ser intubada ou, se
sem sucesso, passar por traqueostomia de emergência.
149
150
QUEIMADURAS EM
CRIANÇAS
EPIDEMIOLOGIA
As queimaduras são a segunda causa mais frequente de acidentes
na infância, além de serem as maiores causas de morbimortalidade
nos acidentes por trauma, com a maioria dos casos ocorrendo na
faixa etária de 0 a 4 anos. A elevada incidência de queimaduras em
menores de idade está relacionada à própria fase de
desenvolvimento neuropsicomotor da criança, fatores
socioeconômicos e à vigilância incongruente dos pais ou
responsáveis, em que uma pequena desatenção dos adultos acaba
por torná-las expostas aos riscos das queimaduras.
Estima-se que no Brasil ocorrem um milhão de casos de queimaduras
a cada ano, sendo 30% em crianças. Aproximadamente 100 mil
vítimas necessitam de atendimento hospitalar e 2,5 mil vão a óbito,
e por isso figuram entre as principais causas externas de morte.
CAUSAS
● Escaldadura (queimadura por líquidos quentes) – é a principal
causa em menores de 5 anos.
● Contato com fogo e objetos quentes – as queimaduras por
chamas são mais graves, atingem maior extensão e
152
profundidade da pele. O álcool é um importante agente
causador.
● Queimadura provocada por substâncias químicas – a ingestão
de soda cáustica continua sendo a maior fonte de queimaduras
químicas em crianças. As pequenas pilhas, as baterias de
relógios e de aparelhos eletrônicos representam perigo por
possuir conteúdo corrosivo.
● Queimadura por exposição à eletricidade – os acidentes por fios
e aparelhos elétricos acometem mais as crianças menores de 5
anos. Também são vítimas os adolescentes que ao empinar ou
retirar pipas da rede elétrica têm contato com fios de alta
tensão.
● Exposição excessiva ao sol.
QUADRO CLÍNICO
CLASSIFICAÇÃO
As queimaduras são classificadas de acordo com a área total do
corpo afetada e a profundidade. O tratamento, prognóstico e
encaminhamento são determinados pelo tamanho e localização das
mesmas.
153
1. Segundo a extensão:
◆ O diagrama de Lund-Browder (Figura 1) é o mais utilizado para
avaliar a extensão da queimadura em crianças, porque leva em
consideração as mudanças nas proporções corporais com a
idade.
◆ Regra da mão espalmada A superfície da mão da criança pode
ser utilizada para calcular a extensão de queimaduras
irregulares ou não confluentes, considerando-se que a área da
mão (incluindo os dedos) equivale a 1% da superfície corporal.
◆ Independentemente do método usado para calcular a extensão,
só áreas com queimaduras parciais e profundas devem ser
envolvidas nos cálculos.
IDADE
Parte do corpo 0 ano / 1 ano / 5 anos / 10 anos / 15 anos
a = ½ cabeça 9½ 8½ 6½ 5½ 4½
b = ½ coxa 2¾ 3¼ 4 4¼ 4½
c = 1/2 perna inferior 2 ½ 2½ 2¾ 3 3 ¼
(Figura 1 - Site: Manual MSD (Diagrama de Lund-Browder (para niños) para estimar
el alcance de las quemaduras); Visualizada em 08/10/2023)
154
2. Segundo a profundidade:
155
TRATAMENTO
Quando o processo de queimadura é interrompido, inicia-se o
tratamento dentro da sala de emergência. Para isso, inicia-se os
passos do trauma com o ABCDE, de acordo com as etapas abaixo:
A) Avaliação das vias aéreas e da coluna cervical:
- Proteção da coluna cervical com o colar cervical e uma prancha
rígida;
- Voz alterada, estridor, roncos e esforço respiratório são sinais de
obstrução de vias aéreas, verifique e retire qualquer tipo de bloqueio;
- Quando não efetiva a desobstrução das vias, as alternativas são a
intubação endotraqueal, a cricotireoidostomia ou a traqueostomia.
B) Respiração:
- Administrar oxigênio a 100% e, na suspeita de intoxicação por
monóxido de carbono, manter a oxigenação por três horas;
- Analisar frequência respiratória, inspeção dos movimentos
torácicos, cianose, desvio de traquéia e observação da musculatura
acessória;
- Se acidente em ambiente fechado, apresentando acometimento da
face, presença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia,
queimadura das vibrissas e insuficiência respiratória: suspeitar de
lesão inalatória.
- Independente do caso, manter a cabeceira elevada (30°).
- A intubação orotraqueal (IOT) é indicada quando: a escala de coma
de Glasgow for menor do que 8, a PaO2 for menor do que 60, a
PaCO2 for maior do que 55 na gasometria, a dessaturação for menor
do que 90% na oximetria, houver edema importante de face e
orofaringe.
156
C) Circulação:
- Busca por hemorragia (a maioria é estancada pela compressão
direta do foco, quando essa medida não é suficiente, o torniquete é
uma opção);
- Verificar a perfusão distal e o aspecto circulatório. Mudanças na
coloração da pele, sudorese e diminuição do estado de consciência
podem sugerir perfusão comprometida;
D) Consciência:
- Analisar o nível de consciência, pela escala de coma de Glasgow
(Vítimas com escore entre 3 a 8 precisam ser intubadas);
E) Exposição:
- Exponha a área queimada em um ambiente com temperatura
adequada;
- Aferir a temperatura para prevenir a hipotermia.
Cuidados específicos após o ABCDE:
- Obtenção de um acesso venoso (preferencialmente periférico,
superficial com cateter de polietileno agulhado e calibroso).
- Instalação de uma sonda vesical de demora em crianças com mais
de 10% do corpo queimado.
Tendo feito o ABCDE, o tratamento emergencial continua de acordo
com a gravidade do paciente, uma vez calculada a profundidade e
extensão.
- Primeiro grau: abordagem médica ambulatorial, com controle da
dor e cuidados locais das áreas queimadas com compressas de agua
fria que ajudam na analgesia. Em caso de inflamação, pode usar
corticosteroide tópico.
157
- Segundo e Terceiro grau: a abordagem médica passa por outra
classificação e cabe ao médico determinar se o caso é benigno ou
grave.
Em casos benignos, quando a SCQ é inferior a 10% na criança acima
de 3 anos e ela não possui risco de insuficiência respiratória nem
doenças associadas (diabete, insuficiência cardíaca e insuficiência
renal, entre outras), o atendimento também se torna ambulatorial e
consiste em analgesia imediata, por via endovenosa. Controlada a
dor, procede-se com excisão das bolhas grandes e desbridamento
dos tecidos desvitalizados, realizando uma limpeza profunda da
ferida com clorexidina desgermante a 2% e com administração de
toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano. Em seguida faz-
se o curativo, aplicando de preferência gaze vaselinada estéril,
cobrindo com ataduras de gaze e enfaixando-se com bandagem de
crepom sem compressão excessiva.
Nos casos de queimadura grave, a criança apresenta uma ou mais
das condições listadas: mais de 10% da superfície corpórea
queimada, desenvolve um quadro de insuficiência respiratória,
sofreu uma queimadura química ou elétrica, possui politrauma e
doenças prévias associadas, ou possui menos de 3 anos. Diante
desse quadro, todas as medicações devem ser administradas por via
endovenosa, exceto o toxoide tetânico (via intramuscular), por um
acesso venoso superficial e periférico se possível. O atendimento
deve ser realizado em ambiente hospitalar na seguinte ordem:
1. controle da função respiratória (permeabilidade das vias aéreas);
2. reidratação parenteral e vigilância do estado hemodinâmico;
3. tratamento analgésico;
4. acondicionamento do queimado (colocação da sonda gástrica,
proteção da ferida com campo estéril e proteção térmica) para o
transporte à Unidade de Queimados.
Para a hidratação em estado grave, a Fórmula de Parkland é a
ideal, com ela a criança recebe 3ml x % SCQ x peso (Kg) de solução
158
cristaloide, sendo 50% do volume infundido nas primeiras 8hrs e
50% nas 16 horas seguintes (considerando a partir da hora da
queimadura). Evitar o uso de coloide, diurético e drogas vasoativas,
visto que a diurese deve ser mantida entre 0,5 e 1ml/Kg/h.
No tratamento da dor, em todos os níveis, as crianças devem receber
dipirona de 15 a 25 mg/Kg em injeção endovenosa ou 10 mg de
morfina diluída em 9 ml de SF a 0,9%, para administrar 0,5 a 1ml a
cada 10kg do paciente.
PREVENÇÃO
A prevenção das queimaduras em crianças é responsabilidade dos
adultos, sejam seus pais ou aqueles responsáveis pelo cuidado delas,
e deve ser feita principalmente em casa (evitar que a criança fique
exposta a líquidos e metal quente e longe dos materiais inflamáveis),
na via pública (não expor a criança por muito tempo ao Sol ou à
chuva quando há tempestades, que podem provocar choque
elétrico) e na escola (verificar mochilas, pastas ou sacos de crianças,
não levar fósforos ou outros meios de atear fogo).
159
PNEUMONIA EM
CRIANÇAS
ETIOLOGIA
< 1 - 2 meses: S. agalactiae (grupo B), gram negativos entéricos
A partir 1-2 meses até final de vida: S. pneumoniae e
Staphylococcus aureus (mais comum no primeiro ano de vida,
grave e mais complicações, como derrame pleural e pneumatocele)
CLÍNICA
Pródromos catarrais
Febre alta e tosse
Estertores, aumento do frêmito tóraco-vocal
Percussão macicez
Broncofonia
Pectoriloquia afônica
Taquipneia
Sinais de gravidade: tiragem subcostal, batimento de asas
nasais e gemência.
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR
Radiografia de tórax: não é obrigatória, indicar nas hospitalizações.
Pode evidenciar consolidações, broncogramaéreo, derrame pleural.
Outros exames: hemograma, hemocultura, marcadores
inflamatórios (VHS, PCR e procalcitonina).
161
INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO
Idade < 2 meses
Comprometimento respiratório: tiragem subcostal, saturação <92%
Comprometimento do estado geral: incapaz de beber líquido,
vômitos pós-prandial
Doença de base: cardiopatia
Complicações radiológicas: derrame pleural
TRATAMENTO AMBULATORIAL
Maior de 2 meses (por 7-10 dias):
➢ Amoxicilina 250 mg/5 ml – 50 mg/kg/dia, VO, de 8/8 horas
➢ Amoxicilina + Clavulanato (400 mg+ 57 mg/5 ml): 45-90
mg/kg/dia, VO, dividido de 12/12 horas;
*Para crianças que não aceitam medicamentos via oral, uma
alternativa é penicilina procaína IM (50.000 UI/kg/dia, IM, dividido de
12/12 horas ou 24/24 horas; Dose máxima: 1,2 milhões de
unidades/dia)
Reavaliação em 48 horas
Maior de 2 meses E com ALERGIA à Penicilina (por 7-10 dias):
➢ Eritromicina 50 mg/ml – 50 mg/kg/dia, VO, dividido de 6/6
horas;
➢ Claritromicina 50 mg/ml (> 6 meses) – 15 mg/kg/dia, VO,
dividido de 12/12 horas.
Na suspeita de pneumonia atípica:
➢ Azitromicina - 10mg/kg/dia, VO, dose única, por 5 dias;
➢ Claritromicina 50 mg/ml - 7,5 mg/kg/dose, de 12 em 12
horas, por 10 dias.
Nos menores de dois meses, a presença de conjuntivite pode sugerir a
etiologia de C. Trachomatis, e a eritromicina é o antibiótico de
escolha.
162
FALHA APÓS 48-72H
Radiografia para ver se tem complicação;
Se presença de derrame: diferenciar se é exsudato inflamatório ou
empiema.
Realizar toracocentese para avaliar necessidade de drenagem.
Critérios de drenagem a partir de toracocentese: aspecto
purulento; PH < 7,2; glicose < 40 mg/dl; bactérias
TRATAMENTO HOSPITALAR
Se não tiver derrame-> resistencia bacteriana= escalonar esquema
de antibiotico
Menor de 2 meses: ampicilina e gentamicina
Maior de 2 meses: penicilina cristalina IV
163
VÔMITOS:
URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS
CAUSAS
As causas do estímulo para vômito variam de acordo com a idade, e
oscilam entre relativamente benignos até potencialmente fatais.
Pode-se listar:
● Período neonatal imediato: irritação gástrica causada por
material deglutido durante o trabalho de parto, alterações
congênitas do trato digestivo e lesões intracranianas;
● Lactentes: gastrenterite viral aguda, doença de refluxo
gastroesofágico, estenose hipertrófica do piloro, obstrução
intestinal, intussuscepção. Entre as causas menos comuns estão
a sepse, a intolerância alimentar e as disfunções metabólicas;
● Pré-escolar e escolar: síndromes obstrutivas, doenças
gastrointestinais, doenças infecciosas e síndrome dos vômitos
cíclicos.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
165
Deve-se considerar os seguintes aspectos:
• Idade;
• Fatores de risco;
• História médica (dados recentes);
• Duração (horas ou dias) desde o início dos episódios. Evolução
aguda ou crônica;
• Número de episódios de diarreia ou vômitos e o valor aproximado
de fluidos perdidos;
• Capacidade para ingestão de líquidos;
• Eliminação de urina e estado de hidratação;
• Condição neurológica;
• Horário de ocorrência dos vômitos, e se existe relação com as
refeições;
• Caracterização dos vômitos quanto ao volume e conteúdo (por
exemplo, se tem ou não alimentos);
• Presença de sangue ou bílis nos vômitos;
• Sintomas persistentes ou transitórios? Avaliar tempo entre
sintomas;
• Sintomas associados (febre, perturbações do trato gastrintestinal,
dor abdominal);
• Consumo de alimentos nas últimas 24 ou 48 horas e mudanças no
hábito alimentar;
• Uso de medicamentos e alergias conhecidas;
• História de doença ou cirurgia prévia.
166
• Alimentação excessiva ou sinais de distorção da imagem corpórea
(distúrbios alimentares);
• Exantemas (eczema ou urticária nas alergias alimentares);
• Dores de ouvido e garganta (infecção focal não-gastrointestinal).
TRATAMENTO
O tratamento específico das doenças causadoras das náuseas e
vômitos é o princípio fundamental para o controle das manifestações
gastrointestinais e recuperação clínica do paciente.
167
usadas atualmente a ondansetrona, a metoclopramida, a
clorpromazina, o dimenidrato, a domperidona e a bromoprida.
Ademais, vale ressaltar que estudos recentes apontam indicação
estatisticamente significativa apenas de ondansetrona e dimenidrato
para controle de náuseas e vômitos em infantes, sendo os outros
não indicados, sobretudo em virtude de menor eficácia e maior risco
de efeitos colaterais, quando prescritos em suas doses pediátricas
respectivas.
ONDANSENTRONA:
• Via oral:
1. Crianças de 2-11 anos: 4mg 3x por dia
2. Crianças maiores que 11 anos: 8 mg/KG 3x por dia
• Via intravenosa ou intramuscular (crianças de 6m-17anos):
- 0,1 – 0,15mg/kg de 4/4h
DIMENIDRINATO:
• Via oral:
- ≥ 2 a 6 anos: 12,5-25 mg, a cada 6 a 8 horas
- ≥ 6 a 12 anos: 25-50 mg a cada 6 a 8 horas
- ≥ 12 anos: 50-100 mg a cada 4 a 6 horas
Dose máxima: 1-1.5 mg/kg/dose, a cada 6 horas.
• Via intravenosa:
- ≥ 6 a 7 anos: 15-25 mg, 2 a 3 vezes/dia
- ≥ 8 a 12 anos: 25-50 mg, 2 a 3 vezes/dia
- ≥12 anos: 50 mg, 2 a 3 vezes/dia
Dose máxima: 0,5 mg/kg/dose, a cada 6 horas.
• Via intramuscular:
- 1.25 mg/kg/dose, 4 vezes por dia; dose
máxima: 300 mg/dia.
BROMOPRIDA:
168
• Via intravenosa ou intramuscular:
- 0,5-1mg/kg/dia diluídos em 15 ml de SF 0,9% ou SG 5%
• Via oral:
- 0,5-1 mg/Kg/dia divididos 3x por dia
- Gotas: 1-2 gotas/kg 3x/dia.
169