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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

ANA BEATRIZ LIMA

CAMILE ANDREOLI

CAROLINE FOFANO VALENÇA DE MELLO

DÉBORA JUKOSKI DOS PRAZERES

MARIA EDUARDA CHAGAS

THAYSA MEDINA

THAÍS ALINE

TERAPIA MANUAL - ENXAQUECA

CURITIBA- PR

2023
ENXAQUECA

A enxaqueca é uma síndrome com múltiplos mecanismos patológicos


que afeta quase todas as pessoas, pelo menos alguma vez na vida, sendo a
população feminina a mais comumente afetada. É representada por uma
diversidade de sintomas, onde o principal é a dor latejante na cabeça. Estima-
se que cerca de 65% dos portadores tenham um episódio de enxaqueca de
uma noite por mês (enxaqueca episódica), porém se o padrão de dor persistir,
ocorre um processo de cronificação em que a enxaqueca se torna frequente e
mais incapacitante, chamado também de “enxaqueca crônica”. É descrito pelas
classificações da International Headache Society (IHS) como “dor de cabeça
que ocorre em 15 ou mais dias por mês por mais de três meses e que, em pelo
menos 8 dias por mês, tem as características da enxaqueca”. Porém, nos dias
que não há enxaqueca, existe a presença de efeitos pré e pós-cefaleia. A dor
costuma exacerbar durante atividades estressantes (físicas e emocionais).

A terapia manual é um recurso utilizado para tratar essa síndrome,


existem duas teorias que são relevantes para a eficácia dela, a enxaqueca é,
em parte, uma resposta anormal ao estímulo nociceptivo que envolve os
nervos da coluna cervical superior (C1, C2 e C3) e as articulações e os
músculos associados. Isso leva á sensibilização exagerada da via trigeminal e
posteriormente, a dor na face, no pescoço e na cabeça. A outra teoria consiste
no modelo alostático, no qual as pessoas respondem a eventos estressantes,
reais ou vivenciados, com mudanças fisiológicas e comportamentais, ou seja,
se os estressores se tornarem contínuos, a resposta pode se tornar
disfuncional, e alterar estrutura e a função do cérebro. A terapia manual
promove efeitos através da ativação de vias inibitórias descendentes através
da medula espinhal, reduz aferências nociceptivas, reduz sensibilização
central, reduz substâncias algiogênicas e reduz estressores mecânicos, dessa
forma melhora a funcionalidade e qualidade das atividades de vida diárias
(AVD’s). Foi demonstrado em estudos, que reduz a dor e tem efeito direto
sobre a mecânica da coluna cervical.

A fisiopatologia da enxaqueca é muito complexa e ainda, não muito


compreendida, apontam como hipóteses: alimentos, alergias, vasoespasmos,
alterações serotoninérgicas, desordens plaquetárias, desordens da barreira
hemato-encefálica ou origem psicogênica. As estruturas que estão
relacionadas com essa doença são: sistema nervoso central (córtex cerebral e
tronco encefálico), o sistema trigeminovascular e os vasos correspondentes,
fibras autonômicas e agentes vasoativos locais.

ENXAQUECA E VASOS SANGUÍNEOS

Acreditava-se, conforme estudos iniciais de Graham e Wolff, que a aura


ocorria devido á vasoconstrição, enquanto a dor surgia por uma vasodilatação,
porém estudos questionaram a relação da aura e a vasoconstrição e a dor com
a vasodilatação, embora tenha uma redução do fluxo sanguíneo cerebral
regional (rCBF). Em 1981, Olesen e cols encontraram através de um estudo, a
rCBF durante a aura que parecia iniciar no polo occipital e progredir para outras
regiões, denominado por “spreading oligoemia”, o que depois foi rebatizado
como “spreading hypoperfusion” ou hipoperfusão alastrante (HA), ou seja, essa
progressão não respeitava os limites dos territórios vasculares.

NEUROTRANSMISSORES E O SISTEMA TRIGEMINOVASCULAR

Existem três tipos de fibras nervosas na parede dos vasos cranianos,


essas por sua vez possuem pequenas dilatações contendo substâncias
neurotransmissoras vasoativas, liberadas após um estímulo nervoso. Esses
neurotransmissores interagem com substâncias vasoreguladoras no sangue
e/ou nos vasos e contribuem para a regulação do tono vascular. As fibras
simpáticas, contém noradrenalina e o neuropeptídeo Y(NPY), um
neurotransmissor com atividade vasoconstritora. As fibras parassimpáticas,
contém acetilcolina, seu transmissor convencional vasodilatador endotélio-
dependente (vide adiante) e outros elementos, também vasodilatadores. Essas
fibras são capazes de liberar o oxido nítrico.

As fibras sensitivas também funcionam como fibras autonômicas


eferentes, as fibras trigeminais não-mielínicas do tipo C, possuem função
ortodrômica e liberam neurotransmissores na periferia por estimulação
antidrômica (substância P, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, a
dinorfina B, além de outras taquiquininas, como a neurokinina A). Olesen e
colaboradores acreditam que há possibilidade do óxido nítrico constituir uma
molécula algógena na enxaqueca.

INFLAMAÇÃO NEUROGÊNICA

Moskowitz e col. desenvolveram um modelo experimental em ratos no


qual o estímulo trigeminal induz a vasodilatação e extravasamento de plasma.
Este fenômeno somado à liberação dos transmissores, têm sido considerado
na fisiopatologia da enxaqueca.

ENXAQUECA E SEROTONINA

Estudos sugerem que a serotonina tem papel importante no


aparecimento da doença, Sicuteri demonstrou, em 1961, que a urina de
pacientes enxaquecosos continha maior quantidade de ácido 5-hidroxi-
indolacético, uma metabólito da serotonina. Além disso, uma substância que
provoca a liberação de serotonina em diferentes regiões, inclusive no SNC,
provoca efeitos semelhantes com a enxaqueca.

ENXAQUECA E DEPRESSÃO ALASTRANTE

Em 1944, o Professor Aristides Leão, observou um fenômeno de


depressão da atividade elétrica que, propagava-se pelo córtex em todas as
direções, conhecido como “depressão alastrante”. Moskowitz e col.
demonstraram que a passagem da depressão alastrante provoca ativação do
trigêmeo.

ENXAQUECA E GENÉTICA

Na enxaqueca, a alteração genética de um canal de cálcio cerebral


específico causa um estado de hiperexitabilidade, com metabolismo cerebral
anormal que torna o SNC mais susceptível á estímulos externos e internos.

A enxaqueca é um distúrbio sensorial, pode durar de 4 a 72 horas e consiste


em 4 fases:

1. Fase premonitória: esta fase é apresentada por sintomas não dolorosos,


podendo aparecer horas ou dias antes e incluem bocejos, alterações de
humor, dificuldade de concentração, rigidez de nuca, fadiga e sede.

2. Aura: esta fase antecede as dores características da enxaqueca, onde o


paciente apresenta alterações visuais, que se caracteriza por pontos
brancos, flashes de luz e pontos cintilantes.

3. Dor de cabeça: esta fase é onde surge os sintomas de dores de cabeça.


Neste estágio, a intensidade da dor aumenta progressivamente, piorando
com o movimento da cabeça, podendo ser associada a náuseas e vômitos.

4. Pósdrômico: esta fase é caracterizada coloquialmente como “ressada da


enxaqueca”, que é o período após a dor, onde os sintomas mais frequentes
nesta fase são cansaço, sonolência, dificuldade de concentração e
hipersensibilidade a ruídos.

TRATAMENTO COM TERAPIA MANUAL

 Massagem de alisamento profundo nas costas.

 Massagem no couro cabeludo para a liberação de aderências e das suturas


cranianas (promovem relaxamento muscular e aumento da circulação
sanguínea e linfática).
 Alisamento digital e amassamento dos dedos sobre as fibras superiores do
trapézio, sobre a região escapular e os músculos paravertebrais.

 Manipulação da coluna cervical (CO, C1, C2 e C3) e torácicas altas.

 Mobilizações articulares.

 Stretching dos músculos espinhais.

 Alongamento dos músculos extensores do pescoço e trapézio superior.

 Deslizamento da musculatura póstero-lateral do pescoço.

 Tratamento de pontos gatilho miofasciais.

 Pressões inibitórias suboccipitais.

 Técnicas de tecidos moles e técnicas neurodinâmicas (alongamento


muscular e fricções musculares profundas).

 Resistência dos músculos craniocervicais.


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