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b.05t(q
IBlVII
Projeto JURAMENTO
Presidente
Milton de Lima Filho
Djretor Geral
João Nelson de Senna
EQUIPE T~CNICA
~~~~Pk~~
~ NELSON DE SENNA
-----AGRADECIMENTOS-------------------------------------------------
Descartou-se o tradicional jargão técnico para adotar uma linguagEm que tentasse
expressar, com mais fidelidade, dois componentes indissociáveis: a tecnologia e
o homem.
Por fim, se as coisas não parecem estar bem distribuÍdas, é porque ainda não é
possível alinhar, cano metodologia, fatores que foram e que são vitais a estes
projetos: variações climáticas, particularidades da cultura regional,
relacionamentos pessoais ...
JURAMENTO
p / BOCAIUVA
A cadeira cheia de mecanismos inteligentes e a e s pingarda Um triturador doméstico para um lugar onde não há
são produtos de um só artesão. energia elétri ca.
Didi Cesteiro, conhecido das pescrüsas ,
En Belo Horizonte, realiza- se o 19 Zezão, dos bares,e Seu Durvalino mor~
SimpÓsio Internacional de Tecmlogia numa mesma encosta na periferia da
Apropriada e Ecodesenvolvimento - cidade . Ali, oito famÍlias , p3.ra terem
SINI'N7 8 . O Projeto Juramento tema água, sobem o rrorro até o chafariz e
caráter internacioral e p3.ssa a ser descem com a l ata cheia na cabeça . Duas
conhec ido oos princi pais centros de viagens p:w dia bastam, acostumados que
pesquisa e tecnologia mundiais . Nesse são a usar a mesma p:Jrção de água para
SimpÓsio , evidenciou- se a necessidade vários fins .
de serem iniciados imediatamente
trabalhos práticos que :r:udessem mostrar A existência do chafari z , a topografia
se era possível passar o do lugar , a má utilização da água e , em
frodesenvolvimento da teoria para a particular, o fato de serem pessoas
prática. conhecidas constitui uma oportunidade
bastante favorável para a implantação
O Projeto Juramento era a primeira de um dos mais fascinantes exemplos de
tentativa dirigida neste sentido , no "Tecnologia Alternativa '': um sistema de
Brasil. adução de água onde o condutor é o
bambu .
A amizade com a população havia
crescido em Juramento e era bom o Por que o bambu ? As pessoas conhecem ,
relacionamento com a Igreja , os existem bambuzais p:Jr perto e é um
v6"eadores e a polÍcia . O di to ''povo e material mais barato que o PVC .
autoridade não se misturam'' estava
pronto para ser desmentido . O CETEC Procurados , Didi , Zezão e seu Durvalino
seria a ponte. marcam uma reunião com todos os
moradores. Apems os "!tomens comparecem .
Explica- se a intenção do projeto como
um todo . Eles manifestam suas
aspirações: reforma de telhados ,
12 revestimento de casas , pintura .. . Todas
elas relacionadas com a habitação .
Assim , procedeu- se a um estudo , o mais A ques tão da água é abordada pelo CETEC
sistemático possível , das informações e , como é necessidade geral , t os se
recolhi das : um grupo de propostas vem à rrobili?am . Divide- se o grup:J em dois :
tona e nele incluem- se uma Lagoa de uma metade trabalha no revestimento das
Estabilização (tratamento de esgoto com casas e a outra, na c nalização . l"Iesrro
algas antes que chegue ao rio) , a sem saberem corro é p:Jssivel transpor ar
otimização do uso dos recursos vegetais água pelo bambu - "ele é: .ú dup-tdo de
da região , medidas de saneamento , vtÕ" - o projeto de canalização é uma
granja ecolÓgica. Pdota- se , enfim, atividade que deslancha l
várias das sugestões que a teoria do
Ecodesenvolvimento distribuía mundo
afora . A implantação fÍsica destes
projetos seguiria um Plano do Uso do
Solo e da Água, elaborado para orientar
o desenvolvimento espacial da cidade ,
na medida em que as inovações fossem
ocorrendo .
Pau d ' 6leo , o povoado mai s proxi.Jm da Trata- se de uma obra ambiciosa que
cidade de J uramento - 17 km - é um sempre foi alvo de promessas pol Í ticas
18 amont oa do disperso de 4 0 ou 50 casas . e, lÊ tenpos , ven desafiando inúmeras
Vive- s e ali o sonho de Antonio Soares administrações: levar a Pau d ' Ôleo a
de Abreu, o "Tonho" • Empregado numa água da Chapada do Catuni - divisora
empresa ref lorestadora, convive com a s dos Vales do Jequitinhonha e são
ver eda s , cuj os ol hos d'água vão formar Frarcisco. são 4 . 8 OO m de tubul ação
o Rio Verde . Ao mesmo tempo em que o que deverão atravessar a s plores
emprego lhe ensina novas técnicas de condições t opográficas - uma obra
construção , "Tonho" visualiza a tecnicamente arroj ada :
possibilidade de concretizar o sonho
11
antigo de seu povo - a água. A partir Vuo e.vzge.nhe.-iJ1.o, ac.ho qu e. de. Montu
disso , passou a r eunir-se C.taJtol.), 6a.tou que. não tinha c.ondição e.
periodicament e com outros moradores de que. ptLe.wava de. uma t oMe. de. 80 me.tJtol.) .
Pau d '6leo. Ac.abaJtam c.om noM o p.tano, mM nÓ!.) não
paJtamol.) de. pe.n.l.)aJt na água boa! 11
Seja por necessidade de assegurar o (Joaql.Um Gahüno - CECOMP - 11 E/.)tad o de.
f inanciamento da FINEP, através do MinM 11 ~ 79 de. ju.tho de. 198 3) •
Embasament o decorrente de um maior
conhecimento da região, seja pelo A verdade é que os lugares por onde a
desafio de al:::a s t ecer de água um povoado, rede passaria eram, em sua rraioria , de
a través da uniã o popular, os técnicos - difÍcil acesso e ninguém os conhec i a
do CETEC participam com frequência das cano os peque.ros agricultores , "filhos
r euniões nas guai s a população discute da terra''. Eles achavam que era
os meio s posslveis de s e fazer a obra possÍvel ter aquela água ; para ist o ,
da adução . En consequência, traba.lham estavam somando o que tinham :
com os moradores , executando com eles necessidade, vontade e o conheciment o .
os primeiros l evantamentos e medições
da r ede :
11
O c.hamado c.he.g ou po!t c.a.Jcta. Como dM
ou..bta.l.) v e.ze.-6, um gJtUpo de. pe.-6.60M !.) e.
Jte.urU.a e.m toJtno de. uma ne.c.e.M-úiade. e.
l.)olic.itava ajuda do têc.nic.o do CETEC
p:Vz.a .te.vaJt o p!to j e.to a te.Jtmo. 11
"O carreteiro Zé Costa me es:p=rava na cidade de Juramento, cano foi
canbinado. Na estrada que leva a Pau d 'Óleo, ele não pira de falar:
- "Moço de estudo ajudando pobre ... tan menino que sabe que nem o
senhor, san nunca ter tirado o ré da terra ... que eu vi no colo ...
Tem muitos medos de aprender. Comum aqui é o ensino da idade.
A dificulidade é pr-ofessora. Pois, drutor, minha idade é minha
r::otença."
19
21
Neste dia , ficou resolvido: Zé Costa disposição do CETEC por oito meses,
(José dos Santos Costa), conhecido por recebendo o salário mínimo e mais as
sua popularidade, festeiro antigo, despesas de carreto. Nega- se a qualquer
agricultor e carreteiro na entressafra , documentação :
seria contratado pelo projeto como -
acompanhante e apresentador da equiEe " Pal_avM de. h.om em Vl.ao p!te.c.~a
técnica à população rural. Ficaria a a.õ.ó.iVLa;tww."
O retorno oficial do CETEC a Juramento (pesquisar até ) saber corro eles fazem
deu- se em 22 de fevereiro de 1983, seus projetos e como utilizam e sentem
quando foi autorizado o inÍ cio dos seus espaços .
traffilh::l s .
• Para se sugerir um processo constru lVO
O rovo projeto , apesar de alternativo e adequado , é preciso
fundamentalmente diferente do anterior, (pesquisar até) saber a tecnologia que
trazia a mesma estrutura metodolÓgica , utilizam em suas construções e o
ordenada de forma lÓgica e repertório tecnolÓgi co de que dispÕ~ .
convencional: inicia- se com exaustivas Assim por diante, até que as
pesquisas de fill'damentação informações traffilhadas permitam a ação.
(levantamentos e reconhecimento da
região ) , a pós o que procede- se à Cam uma metodologia r í gida busca- se
seleção e análise dos dados recolhidos , outra que perceba a quem vai servir ,
num esforço de objetivação que deve definindo- se como tecnologia a serviço
levar ao desenho de uma metodologia e , do homem. Ao invés de impor- se como
por fim , ao teste da mesma em obras solução acabada , seja sensível a um
concretas . contexto de características prÓprias .
Retrata- se a rigidez do comportamento
acadêmico : O levantamento da tecnologia de
fundamentar ~ analisar e ponderar -----;. arquitetura é considerado prioritário .
executar . Espera- se que ele dê as diretrizes para
que as obras sejam conduzidas "de forrrB
O conhecimento precedendo a açao ou condizente com a cultura local''. Como
ainda "é preciso conhecer para poder nasce uma arquitetura naqu ela roça?
fazer ": Afinal, ali não existem nem engenheiros ,
nem arquitetos ...
• Para . sugerir uma t~cnolo~ia de.
arqUltetura aproprlada, e prec lso
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TIPOL03IAS IDENTIFICADAS DURANTE OS LEVANTPMENTOS
Estas tipologias foram determinadas apenas para efeito de ordenação de pesquisa .
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Procede-se ta.rrbém a liD1 inventário de objetos. Urra forina. de se
Obter 11 lll'l1 retrato" do habitat. Analisando os dados, talvez se
alcance o íntirro da arquitetura: a relação do horrem com o espaço
ambiental dorrésticx:>.
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Sistema de peneiramento e s ecagem de terra.
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"Para a construção das fossas é necessar1o fabricar adobes.
Escolhemos uma casa que estivesse construida com um adobe que eles
considerassem de l:x:a qualidade. Procurarros a pessca que os havia
fabricêdo e ela foi oontratêda para repetir o traba.lho na mesrra
olaria. Desta vez, porÉm, na frente da máquina fotográfica e oob
perguntas.
O oleiro preveniu-nos lcx:,:ro da inutilidade de ir trabalhar em adol::e
no mês em que estávamos: o oorreto seria aguardar o mês de maio e,
de preferência, na segurrla quinzena, em que haveria lua nova.
Insistimos e ele se dispôs a careçar o trabalho. As dificuldades
foram aparece.rrlo. Foi necessário cx:mtratar um carreto para levar
água, que ser ia dispensável em maio, quando a terra se encontra
úmida. Os adobes sairam fracos. Colocou-se, então , aditivos
estabilizantes (capim e areia) para aumentar sua qualidade. Para
esta adição, foi necessário medir-se a quantidade de areia
existente na terra e, para a correção da proporção, foi preciso
encornerrlar carretos de areia. Várias proporções tiveram que ser
tentadas, até que tanto esforço tecnológico acabcu por vencer o mês
e a lua.
A conclusão deles é Óbvia para nós: se há um tempo próprio para se
fazer adobe, para que ter tanta despesa e trabalho? Eles têm seu
pr-óprio ritmo, firmado num fazer repetido há séculos e uma nova
tecnolcx:,:ria, para ser aceita, não deve quebrá-lo. Principalmente se
tem contra si o fato de ser desvantajosa."
(Relatório Interno).
Destorroamento.
Corte de ca('im
Corte do capim
Corte.
(1) Para evitar que o intenso envolvimento da equipe com o projeto prejudicasse sua visão
critica e analitica, promoveram-se, durante seu anda~ento, visitas de outros técnicos, que,
com visão isenta, estimulavam a equipe à reflexão. Eles foram cha~ados de observadores.
.·
..
de escavação.
6m de ~;rofundiàade).
35
~~
Execução de laje com fôrna escavada.
.67 .
~--------------------~
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O clima tenso em que transcorrerem as "No .6 egun.do an.o, o.6 me..rU.n.o.ó c.ome..ç.am a
primeiras reuniões fez com que o an.dM."
técnico do CETEC incumbido da Uoão Ra.{.mun.do - P!te...õ..<.de..rr,te.. do CECOL).
organização dos pr>imeiros tral:alhos se
afastasse e desistisse de Laranjão como 41
urna área possível de tral:alhar. Os técnicos prop)em teto de abÓffid.a e
parede convencional. Com os trB.ffilhos
O empenho que a equipe técnica vinha de Pau d ' Óleo , aprenderam que o
disperlSê'l.ndo ' ms tral:alms em Juramento pedreiro local vive do que faz e não
e a conclusão de algumas obras nos _pJde ser ocupado de graça. Entra um
outros povoados talvez tenham dado rovo : o pedreiro vai ser pago e o
contribuÍdo para que aqueles lÍderes restante dos moradores se revezará em
revissem sua posição: mutirão .
Povoado de taranjão.
"No dia do inicio da obra, h:l.via uns trinta cal::x::x::los por lá, gente
com p3., enxada e picareta na mão, doido pra trabalhar. Eu ia
abrirrlo uma frente e, enquanto outros trabalhavam, eu abria outra. "
"O pessca.l tanbava pedra, quebrava pedra. Un chegava e dizia: essa
não sai. E saia. No final do dia, oitenta por cento das valas
estavam cavadas. "
(4) PRONASEC - Frogral'.a N:icioml de PçÕes sôcio-Fàucativas e O.llb..:rais :ç:ara a Zona Rural.
42
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"O contato entre ordem institucional e cammidade se faz através
de indivíduos e as relações se tecem a partir daÍ.
"Zé Costa espera no últ.irro p::>sto de gasolina can sua Rural verde e
branca. Atrasarrcs quase t.nna hora e ele já conheceu duas ou três
doses de cachaça, sua energia. M::>ra nurra casa em Juramento pintada
de verde, can gradil desenhado. Olmprimenta já do seu jeito,
empinarrlo o corp::> e jogarrlo a cabeça para trás, o sorriso cortês.
Dep::>is, c:x::meça a relatar."
Povoado de Glaucilândia.
A obre. encontra- se Em fase final. O Caso os "donos da venda '' se si ntam de
início das atividades está previsto alguma forma ameaçados , :pJdem , cano
para agosto de 198 5 . A pJpulação vem romens ricos , estabilizar os preços das
promovendo leilÕes e festas , esperando mercadorias que vendem e assim iniciar
assim acumular o capital necessário um processo de concorrência que será,
para sustentar "um nlvel. de ptteç.o bom na certa , desleal .
paJta. o pequen.o e podeJt tVt 6oll.ç.M paJLa.
en.&ll. en.ta!z. o.6 c.om ell.C-ffi n.te.-6 " • -
. -
Espera - se, no entanto , que , ao mves de
disputarem, os comerciantes decidam
pela diversificação de s uas
mercadorias .
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A pergunta é repetida por todos os que Com exceção do acompanhamento das obras
questionam o projeto. Na realidade, é
em andamento , a atuação do CETEC é toda
uma garantia impossível 'de se ter: uma voltada }Bra -a organização desse
dÚvida com a qual se tem que conviver .
trabalho e para o estímulo à
llitretanto, para reduzir as constituição dessa sociedade que deverá
possibilidades da sua ocorrência, foi chamar-se ''Conselho das Associações dos
preocupação predominante ao longo de Trabalhadores de Juramento'' . Uma
todo o projeto procurar manter a
Tecnologia Organizacional Apropriada?
autonomia do agricultor nas ações e
decisões. Isto não é suficiente : a sua Não se constrói nenhuma máquina com
continuidade só estará garantida se matéria-prima local e tecnologia
forem capazes de pleitear verbas
assimilável que reflita a cultura
pÚblicas e souberem cumprir as rústica da região. Compram-se , sim,
condições legais que o repasse de moinhos modernos , com dois anos de
verbas exige. Para isto, é preciso que garantia e com assistência técnica em
conheçam os caminhos que levam às
Montes Claros . Máquinas de tecnologia
verbas (programas e projetos do resolvida e empacotada, IIB.S que lh2s
Governo) e também entendam os processos
proporcionam um trabalho eficiente e a
de prestação de contas. Assim , terão
oportunidade de planejarem o seu futuro. garantia de um bom produto final.
50 Ao lado da autonomia tecnolÓgica e da O que se conclui é que a melhoria da
capacidade de reinvidicação de verbas qualidade de vida no meio rural de
pÚblicas, têm responsabilidades sobre Juramento seja possível como
um terreno comum, com um sistema de consequência da sua· capitalização.
produção em funcionamento gerando a Socializante é o processo organizativo
renda de todos . 0-6 -6-Üte.mM de. ptwduç.ão e a distribuição dos benefÍcios.
e.m 6unc.ioname.nto de.v~ão mantM M
M-6oc.iaç.õu vJ..vM. A capitalização deve ser feita dentro
É nesta hora que se vê como o projeto
de limites tecnolÓgicos compatíveis com
anda diferente do imaginado. Envolvido os recursos humanos e materiais da
hoje com cerca de 4.000 habitantes, o sociedade .
CETEC é requisitado em todos os Para que a autonomia da organização
povoados para participar de reuniões popular persista, cuidados devem ser
onde são levantados problemas e tomados quanto à sua participação nos
discutidos os caminhos a serem seguidos . planos, projetos e programas destinados
Não há Granja EcolÓgica, nem estão a distribuição de bens e recursos,
funcionando Moínhos de Vento; pensa-se sejam eles priva9os ou governamentais,
na implantação de urna "Sementeira de de modo a evitar que um outro extremo
Milho" irrigada em Rio das Pedras, na seja alcançado, ou seja : de uma
produção de adubo em Pau d'6leo e na situação de carência absoluta, a
estocagem das sementes no armazém população se veja , de repente ,
(depÓsito) que está sendo construído em envolvida com recursos que não consiga
l.aranjão. ainda controlar . Urna situação dessas
pode torná-la submissa aos prÓprios
organisrros que repassam verbas, além
Cem a gestão comum - todas as de acrescentar uma nova forma de
Associações participam destes dependência: a burocrática, que se
benefÍcios - não precisarão mais imp3e crescentemente na medida em que
adquirir sementes e estarão a um passo crescem os recursos alocados. O acesso
da constituição de urna Sociedade às verbas é cano a implantação de um
que congregue a maioria dos pequenos sistema de produção: tem que ser
agricultores de Juramento. corretamente dimensionado.
Os limites do dimensionamento
tecnolÓgico são bastante variáveis . Um
exemplo interessante é a Unidade MÓvel
de Marcenaria . Montada sobre carroça e
p.1xada por animais , desloca- se pelas
estradas , atendendo os povoados segundo
sua demanda . Pertencente a tcxias as
Associações , propicia - lhes o apoio
ferramental , de f<JrJTB. a diminuir os
custos de prcxiução das peças em madeim
necessárias às construções , além de
oferecer condições de trata lho
remunerado . Seu temJD ocioso será
utilizado em cursos , visando a formação
de mão- de- obre .
51
Familiarizados com os programas da
QJ.ando as obras não se destinavam a Secretaria de Estado da Educação,
manter as Associações de pé, através da assinando convênios e em contatos
mobilização dos associados - caso da frequentes com seus furcionârios, os
cons~~ã~ de foss~.e.ho~tas dirigentes de Pau d 'Óleo são informados
comun1tar1as - as 1n1Clat1vas se da devolução feita pela prefeitura de
direcionavam para a questão do ensino e urra verba de Cr$ 1.0 00 . 000 (um milhão
da produção. Foi quando se construíram de cruzeiros ), destinada à ampliação da
ou ampliaram escolas, ou quando se escola de seu povoado.
pensou no sistema de produção composto Sabem da necessidade de ampliação dessa
pelo moínho e pocilga . escola que , m sua precariedade, não
aten::ie ao grande nÚmero de alunos : eles
Ps primeiras obras foram excêntricas e são obrigados a recorrer a escolas de
todas elas receberam críticas; isto outros povoados ou a desistir da
porque a tecnologia distanciou-se do possibilidade de estudarem.
fator cultural . A Última obra foi feita
exatamente como se fazia antes do CETEC "Pevúe do.6 afuno.6 e.ótu.dava num
chegar, ou seja, não havia praticamente ~omodozinho muito ap~ado, onde a
nada a alterar, a não ser o nível de pJtoó e-6.6 ofla botava u.m qu.ad!to lã na
conscientização da população sobre os {)!tente , edu.~ava 0.6 men.ino.6 e voltava de
problemas que enfrentavam: o negócio Jtê. po!tqu.e ela não podia óaze_Jt a valia."
era quebrar o bloqueio; fazendo uma vez ,
existiria sempre a possibilidade de se (Tonho - Pau. d 'Uleo).
continuar fazendo.
Vão à prefeitura - a escola e -
As pessoas, reunidas em Associações, municipal - e canunicam sua intenção :
passaram a se mobilizar e a ter acesso se autorizassem , ampliariam a escola .
direto aos órgãos Estaduais e a uma Recebem , verbalmente , uma resposta
tecnologia organizacional apropriada, positi va .
sem terem que passar pelos velhos e
tortuosos caminhos como o vereador, o Assimm o convênio com a Secretaria da
52 prefeito ou o deputado majoritário ._A Educação , fazem a planta e iniciam as
população cresce tecnologicamente, a obras . Eln mutirão, constroem uma sala
medida em que cresce politicamente. de aula, uma cantina, instalações
~a nitárias e um pátio coberto .
Durante as obras , os carretos tornam-se Numa reflexão, a fosoc i ação percebe que
onerosos: a escola é apenas mais um compromisso
cumprido dentre uma série de outros
"O cünh.e.-<Ao da ge.IU:e. não dá! assumijos desde sua criação há três
Quem .óabe. a PJte.ó e.~·ta.... " anos. Tcdos os trabalhos estão prontos .
Falta apenas o posteamento , pela
A solução, como das outras vezes, era Prefeitura, para funcionamento do
fazer uma "juyyta de. cünfte,i.,•w", onde moinho. Pau d ' Óleo reúne - se para
todos "..i.n.,twavam a y.::a.,Hagem'', e ir a comemorar. A festa é na sala nova:
Belo Horizonte tentar a negociação de "uma ..i.naug u.Jtaç.ão ..i. nó oJuna..t" •
uma verba complementar junto à
Secretaria de Estado da Educação. Uma semana de preparativos: as mulheres
fazem quitutes, as crianças preparam
A obra é concluÍda. enfeites, os homens conseguem prendas e
fazem cartazes , os técnicos dão o vinho.
e PROJETO:
Prática de Implantação e Disseminação de Tecnologias
11
e EXECUTOR:
. Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC.
e EQUIPE T~CNICA:
e COLABORADORAS:
. Margarete Maria de Araújo Silva
. Maria Edwirges Sobreira Leal
. Raquel Manna Julião
e ESTAGI11.RIAS:
. Maria Auxiliadora Afonso Alvarenga
. Eleonora Sad Assis
. Dalila Andrade Oliveira
. Maria Alice Moura
e PATROC1NIO:
. Financiadora de Estudos e Projetos/FINEP
. Programa de Desenvolvimento de Comunidades/SETAS-MG
. Programa de Transferência de Tecnologias Apropriadas
ao Meio Rural /PTTA-CNPq
. Programa Nacional de Ações Sócio-Educativas e
Culturais para a Zona Rural-PRONASEC/SEE-t1G
e TEXTO:
. Ricardo Mendes Mineiro
. Carmen Bianca Costa Alves (colaboração)
e FOTOS:
. Ricardo Mendes Mineiro
. Alceu Castello Branco
e 11
LAY-OUT":
. Guydo José Rossi Cardoso de l1eneses - (Coordenador)
. Rose Mary Rangel
. Sinésio Ribeiro Bastos Filho
. Alan Felisberto Rodrigues
. Lisle Vieira de Siqueira
FUNDAÇÃO CENTRO TECNOL6GICO DE MINAS GERAIS/CETEC
Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais