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Alunos da secundária de Castro Verde com média de 14,40 nos exames nacionais de 12.

º ano

Melhor escola do Baixo Alentejo não foi


além do 67.º lugar no ‘ranking’ nacional
Escolas D. Manuel I e Diogo de Gouveia, de Beja, na segunda metade da tabela |7

Sexta-feira
Semanário 28 MAIO 2021
Regionalista Diretor: Luís Godinho
Ano LXXXIX, N.º 2040 (II Série)
Independente Preço: € 1,00
SUSA MONTEIRO

SAÚDE Mais de quatro mil TOMÉ PIRES “Temos


utentes sem médico concretizado estratégia
de família na Ulsba. Aumento para desenvolvimento
de 38 por cento num ano | 6 do concelho” | 11

O “DA” faz anos. Primeiras


páginas que fizeram História
| 16/17/18

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EDITORIAL
02 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

O
Alerta estudo da Universidade Católica divulgado
pelo “DA” (foi tema de capa na última edi-
ção) deve ser lido por todos com a atenção
todas as casas – e, na maior parte das vezes, até espaços a que
muito dificilmente poderíamos chamar de casas – colocadas ao
serviço das necessidades da agricultura intensiva, em quartos
que merece pois é urgente tomar medidas onde já dormem 10 e 12 pessoas, “é impossível encontrar uma ha-
para desativar essa verdadeira “bomba re- bitação para arrendar”, alerta o presidente da Junta de Freguesia
lógio” que está prestes a explodir no su- de Milfontes. Sem um aumento da oferta de habitação “haverá
doeste alentejano, mais concretamente no um crescimento ainda maior” dos preços das rendas e do custo
concelho de Odemira. As previsões de João dos imóveis. O território “não tem condições para acompanhar
Confraria, do Centro de Estudos Aplicados as exigências da nova agricultura na oferta de habitação aos imi-
da Universidade Católica, não são para da- grantes, de infraestruturas, de desenvolvimento social, de arti-
qui a cinco ou 10 anos, são já para 2022, para o próximo ano. Aos culação cultural, de aumento populacional em tão curto espaço
problemas existentes e que decorrem da pressão migratória na- de tempo”, reconhece o presidente da Câmara de Odemira. Nada
quela região – sendo o mais significativo a existência de milha- fazer, ou nada fazer em tempo útil, traduzir-se-á em consequên-
res de trabalhadores imigrantes vítimas de máfias e redes de trá- cias dramáticas sob vários pontos de vista, a começar no social e
fico e forçados a subsistirem em condições desumanas – poderão a terminar no político – basta ver como a Andaluzia se transfor-
muito em breve somar-se outros. A perspetiva de João Confraria mou em 2019 no “palco perfeito” para o crescimento da extrema-
é que as escolas venham a ter mais 29 por cento de alunos (sendo -direita espanhola para se ficar com uma ideia da ameaça que en-
Basta ver como a Andaluzia necessário adaptar os espaços e contratar muito mais professores), frentamos. Os problemas em Odemira não são resolúveis à escala
se transformou em 2019 se registe um aumento de 14 por cento nas consultas médicas e te- local, antes exigem um esforço nacional para que seja possível en-
nham de ser contratados mais médicos e enfermeiros, sob pena do contrar as respostas adequadas, salvaguardando também os va-
no “palco perfeito” para o acesso aos cuidados de saúde se degradar. As despesas ambientais lores ambientais, paisagísticos e culturais da região, boa parte
crescimento da extrema- a cargo do município vão aumentar cerca de 20 por cento. E os ser- dela inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa
viços públicos, todos eles, não estão minimamente preparados, so- Vicentina. Há, desde logo, uma pergunta a que é necessário res-
-direita espanhola para bretudo de um ponto de vista dos recursos humanos, para dar res- ponder: será com este tipo de agricultura que vamos criar uma
se ficar com uma ideia da posta a uma população residente que aumenta todos os anos de região e um país ambientalmente, economicamente e social-
ameaça que enfrentamos. forma descontrolada. Acrescem os problemas habitacionais. Com mente mais sustentável? LUÍS GODINHO

EM DESTAQUE
“Não é possível persistirem num ataque
permanente e intolerante a expressões
do mundo rural, sem que, em algum
momento, tivessem estado preocupados
com a necessidade de assegurar EXPOSIÇÃO
mínimos de qualidade de vida a quem DE MANUEL
vive nesses territórios”. CARVALHO
Pedro do Carmo, deputado NA VIDIGUEIRA
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3 PERGUNTAS A... organizado pelo Observatório das Dinâmicas


do Envelhecimento no Alentejo do IPBeja,
constituiu-se como um marco histórico na in-
vestigação sobre envelhecimento, no Alentejo.
Quais os principais obstáculos a serem ultra-
passados, para que o Alentejo possa vir a ofe-
recer um envelhecimento mais condigno, com
mais bem-estar, às suas populações?
Decorreu, nos dias 21 e 22 de maio, através de Em 2020 fomos surpreendidos pela covid-19
videoconferência, o XI Seminário Ibérico de O que significa envelhecer no Alentejo, região que ameaçou, de modo particular, os mais
Psicogerontologia e IV Seminário Ibérico de que regista uma das maiores percentagens de velhos. A saúde ficou comprometida, mas
Gerontologia Social e Comunitária, cuja or- idosos, a nível europeu? o confinamento agudizou a solidão e a po-
ganização esteve a cargo do mestrado de Desejamos viver mais tempo e de modo saudá- breza. António Fonseca, investigador do pro-
Gerontologia Social e Comunitária da ESEB do vel, preferencialmente em casa e na proximi- jeto Ageing in Place (capacidade de continuar
IPBeja. dade da família e dos amigos. Um dos desafios a viver em casa e na comunidade ao longo
que é colocado aos cidadãos do século XXI é a do tempo, com segurança e de forma indepen-
Qual o balanço que faz deste encontro? possibilidade de viver até aos 100, e mais, anos. dente), chamou a atenção para os desafios aos
Depois de 10 anos de Seminário Ibérico de Esperamos que tal acontecimento seja viven- quais é preciso prestar atenção nos próximos
MARIA CRISTINA FARIA Psicogerontologia e Gerontologia no IPBeja,
pareceu fazer sentido aprofundar o tema das
ciado com qualidade de vida e que sejam cria-
dos serviços de apoio social e de saúde que per-
tempos. A possibilidade de viver em casa e de
estender essa vida à comunidade obriga a con-
COORDENADORA DO MESTRADO
“Visões sobre o Envelhecimento”. Uma abor- mitam envelhecer com bem-estar. Urge criar siderar a habitação e o espaço envolvente, servi-
DE GERONTOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA
dagem, multidisciplinar, envolvendo espe- ambientes seguros, estruturas e serviços de ços e recursos indispensáveis à vida quotidiana,
DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
cialistas, formadores, educadores, políti- apoio à longevidade, que vão ao encontro das concretização de oportunidades de cariz social,
DO INSTITUTO POLITÉCNICO
cos, gestores e decisores numa ação favorável necessidades dos mais velhos. É preciso escutar cívico e económico, participação em funções
DE BEJA (IPBEJA)
à proteção das pessoas mais velhas, em prol os idosos, preparar as organizações, criar polí- úteis e socialmente reconhecidas. O futuro,
do seu bem-estar e da sua esperança de vida. ticas e desenvolver a formação de profissionais, que estamos hoje a construir, poderá ser me-
Este seminário, que contou com 185 ins- na área do envelhecimento, na mira de reunir lhor para as pessoas mais velhas. Se todos esti-
critos e 38 oradores, e no qual foi apresen- as condições certas para poder usufruir de uma vermos envolvidos, de forma positiva, será uma
tado o livro “Visões sobre o Envelhecimento”, longevidade com saúde. realidade. JOSÉ SERRANO
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 03

IPSIS “O problema das deslocalizações ou


não deslocalizações [só] se resolve
VERBIS com uma coisa: regionalização”.
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial
Semanada
SEXTA-FEIRA, 21
D.R.

PRESIDENTE DA
CERCIBEJA EM PRISÃO
PREVENTIVA
O juiz de instrução criminal do Tribunal
de Beja decretou a prisão preventiva
para o presidente da Cercibeja. José
Hilário, de 51 anos, foi detido por
inspetores da Diretoria do Sul da Polícia
Judiciária (PJ) e é suspeito da prática
de factos suscetíveis “de configurar
o crime contra a liberdade sexual”.
De acordo com um comunicado da
PJ exerceu os atos ilícitos contra
uma mulher de 26 anos “portadora de
deficiência mental acentuada”, tendo
o suspeito aproveitado as funções
que exerce na instituição. Ao que foi
possível apurar a vítima tinha ligações
afetivas e familiares com o detido.
Segundo o comunicado, “as agressões
sexuais aconteceram em períodos
distintos, com a primeira ocorrência
a verificar-se no verão de 2020”,
tendo ocorrido “num estabelecimento
comercial e sempre em ocasiões em
que se encontravam sozinhos”.

SEGUNDA-FEIRA, 24

FOTO DA SEMANA
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou o Governo de ser “mãos largas” para os grupos económicos
JOVEM CONDENADO
POR DUPLO HOMICÍDIO
O Tribunal de Setúbal condenou o
jovem acusado do homicídio de um
e financeiros, mas deixar “na gaveta” medidas para responder a necessidades mais prementes do país. “O PS casal de idosos, em Santo André,
concelho de Santiago do Cacém, à
resiste, limita, não cumpre face aos problemas dos trabalhadores, ao mesmo tempo que é ‘mãos largas’ com
pena máxima de 25 anos de prisão.
centenas de milhões de euros para os grupos económicos e financeiros, em convergência com o PSD e CDS O arguido, agora com 18 anos, foi
e os seus sucedâneos do Chega e Iniciativa Liberal”, criticou. O líder do PCP discursava no encerramento da considerado culpado de dois crimes
de homicídio, um qualificado e outro
tradicional homenagem a Catarina Eufémia, assassinada pelas forças do regime fascista há 67 anos, em 19 de
simples, pelo assassínio dos tios-
maio de 1954, na aldeia de Baleizão. avós, Guilherme Santos e Eduarda
Fernandes, em 1 de maio do ano
passado.

CARTAS AO DIRETOR da família Alcoforado


e o destino de ser freira
foi-lhe cedo então traçado.
Com onze anos de idade
cinco cartas do amor frustrado,
que para França enviou,
destinadas ao seu amado
que nunca mais regressou.
e pela mão de seu pai, Não voltou nem respondeu
REPENSAR num lento suicídio sociológico. Ao contrário cumprindo a sua vontade, aos apelos de sua amada.
SUSANA DE JESUS RECEBIDA POR EMAIL do que se defendia, esta medida preventiva da pró Convento Mariana vai. Na última carta que escreveu
gravidez, só libertou o homem de responsabi- confessou-se resignada.
O maio de 1968 faz 53 anos e a Encíclica lidades, pois à mulher cabe-lhe tomar o que for Cinco anos volvidos
‘Humanae Vitae’ cumprirá a mesma idade, a necessário e proceder ao que for preciso como de vida no convento, Amou sem ser amada
25 de julho. Ambos polémicos, aparentemente forma de afirmar a “sua liberdade. os votos são recebidos sofrendo de grande paixão,
antagónicos, todavia estão relacionados, pois com humilde sentimento. que a tornou mal julgada
na verdade o mundo ocidental, e não só, so- Aos vinte anos provou por falta de compreensão.
freu fortes alterações comportamentais, fami- MARIANA ALCOFORADO do feitiço arrebatador Como freira continuou
liares e antropológicas com efeitos colaterais. A JOAQUIM COSTA BEJA de um olhar que vislumbrou no Convento da Conceição
revolução sexual então implementada prome- pela janela do corredor, e para a História ficou
tia o “paraíso na terra”, nomeadamente recor- A vinte e dois de abril desse convento clausura. a sua grande paixão.
rendo aos “milagrosos anticoncecionais” que, de mil seiscentos e quarenta, Num instante se enamorou Em clausura viveste
segundo os seus defensores, evitariam o re- num dia de águas mil, por essa nobre criatura tua sina atormentada
curso ao aborto. Hoje sabemos que não foi as- ao mundo se apresenta que seu coração conquistou. e, no local onde sofreste,
sim, antes pelo contrário, esta prática foi lega- uma menina formosa também foste sepultada.
lizada, fomentada e implementada em muitos da família Alcoforado, De tanto amor e paixão Mariana Alcoforado
continentes como medida de prevenção de na- gente rica e famosa esta jovem padeceu, mulher de Beja, bendita,
talidade, de tal forma que hoje vivemos um in- deste heroico ducado. no Convento da Conceição, teu nome é recordado
verno demográfico, com escassos nascimentos, Não era a única herdeira e por isso ela escreveu pela tua obra escrita.
ATUAL
04 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

Junto a São Teotónio,


Barragem de Santa Clara, que abastece a rega
Odemira, há um
do sudoeste alentejano, está a meio

regadio
miradouro de onde
se veem quilómetros
de estufas agrícolas
para os lados de
Vale de Figueira e
Carvalhal, e que,
segundo vários
avisos, podem
ficar sem água em
poucos anos. Um dos
A barragem de Santa Clara
foi construída no rio Mira
(nasce na Serra do Caldeirão
e desagua em Vila Nova de
Milfontes) na década de 1960 para,
Ainda que a distribuição
de água pelos canais já só fun-
cione com bombas, Luís Mesquita
Dias, presidente da Associação
dos Horticultores, Fruticultores
desenvolver estudos para regar mais
com menos água, ou captar mais
água.
“A barragem de Santa Clara
tem uma capacidade de 480 mi-
se trabalhar, que se corrige cons-
truindo reservatórios de água nas
várias explorações. Mas fala a se-
guir de burocracias e diz que “cons-
truir um reservatório é uma dor de
alertas é feito por um com os canais feitos depois, irrigar e Floricultores dos Concelhos de lhões de metros cúbicos e nesta al- cabeça”.
o chamado Perímetro de Rega do Odemira e Aljezur (AHSA), relati- tura ainda tem 240 milhões”, asse- Luís Mesquita Dias refere-se im-
popular, referindo-se Mira, uma zona de agricultura in- viza o problema, reconhecendo que gura, acrescentando que é preciso plicitamente ao facto de o períme-
tensiva, incluindo em estufa, que ele existe. À Lusa diz que a agricul- “atuar nas explorações agrícolas, tro de rega do Mira coincidir com
à barragem de Santa é também uma parte do Parque tura que se faz no sudoeste alen- adaptar o sistema de rega para for- o Pnsacv e que este tem restrições à
Natural do Sudoeste Alentejano tejano é sustentável, que a água é mas mais precisas, reparar perdas e construção.
Clara. E não é o e Costa Vicentina (Pnsacv). De uma preocupação no território, considerar a hipótese de ir buscar o O primeiro-ministro, António
acordo com os dados mais recentes e que a AHSA, com a Associação terço da água que vai parar ao mar”. Costa, numa visita a Odemira fa-
primeiro. A falta de do Sistema Nacional de Informação de Beneficiários do Mira, vai É uma questão, garante, que tem de lou da “excelência da atividade
água na barragem de Recursos Hídricos (da Agência
Portuguesa do Ambiente), no fi-
é insistentemente nal de abril a barragem de Santa
NUNO VEIGA/LUSA

Clara estava a 50 por cento, quando


referida nas o valor devia estar nos quase 80 por
cento. É esta a média desde 1990.
mais diferentes Em termos precisos, na bacia do
Mira, no final de abril, a albufeira
conversas com os de Corte Brique estava a 63,1 por
cento e a de Santa Clara a 50,5 por
mais diferentes cento. “É um problema grave, por-
que a barragem está a 50 por cento
protagonistas na e [ainda não] estamos no início do
verão”, diz Luísa Rebelo, que traba-
região do sudoeste lha na área do turismo, acrescen-
tando: “Se a água acabar as empre-
alentejano. E se há sas [agrícolas] vão embora, mas nós
ficamos”.
quem diga que água Nuno Carvalho, engenheiro
do Ambiente, admite que o tipo de
não falta há também agricultura que se pratica tem um
consumo controlado, mas tam-
quem não dê mais bém acrescenta que a área a irri-
uma década para que gar é enorme, diz que a barragem
está “abaixo do nível morto” e que
ela acabe, que não o perímetro de rega (que funciona
por gravidade) está ultrapassado,
fale das alterações que tem centenas de canais a céu
aberto, com grande evaporação, e
climáticas e dos que a água não consumida vai pa-
rar ao mar.
estudos sobre a Mário Encarnação, engenheiro
geógrafo a viver ao lado do Pnsacv,
desertificação do diz que a albufeira de Santa Clara
está com um decréscimo de sete
Alentejo e Algarve. por cento ao ano e que esteve desde
agosto de 2019 a fevereiro de 2021 a
bombear água porque atingiu um
limite em que a água já não che-
gava ao canal de rega. E cita estu-
dos segundo os quais choveu menos
11 meses de 2012 a 2020, quando
comparado com a média padrão
(1971-2000).
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 05

Q
O heliporto do Hospital do Litoral Alentejano está a ser alvo de uma
empreitada de requalificação para permitir o seu uso oficial, num
investimento de cerca de 100 mil euros. A obra, a cargo da Unidade
Local de Saúde do Litoral Alentejano visa reativar um equipamento que
deixou de funcionar em dezembro de 2018, por não respeitar as regras da
Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).

agrícola”, mas há quem não pense humanos”, diz o responsável. Ao movimento apartidário de cidadãos municipal”, estando também “as- ou seja 35 centímetros abaixo da
assim. Como Paula Canha, bió- que a bióloga contrapõe: “As visto- de Odemira e Aljezur, segundo o seguradas todas as situações de abe- cota da tomada de água, o que sig-
loga de Vila Nova de Milfontes, se- rias são com aviso prévio, eles sa- qual “os dados mostram que os ní- beramento de animais”. nifica que não existe volume útil dis-
gundo a qual as regras no perímetro bem exatamente em que data acon- veis da barragem têm vindo a de- Nuno Carvalho alega que “há ponível. “Nos últimos 25 anos houve
de rega “nem sempre são cumpri- tecem e destacam um grupo de crescer” e que, “nos últimos três muita gente [na zona] que não tem uma redução da precipitação da or-
das”, e o plano de ordenamento do técnicos que semanas antes come- anos”, foi necessário “instalar bom- acesso ao serviço municipal” de abas- dem dos 7,6 por cento e, mais impor-
Pnsacv diz que fora do perímetro de çam a preparar as visitas. E para bas” para “alimentar o Perímetro de tecimento de água e cujas habitações tante do que isso, no mesmo período,
rega não pode haver agricultura in- uma empresa que tem 10 ou 12 cam- Rega do Mira”, onde surgem “quase “são alimentadas” por água da bar- houve uma redução de afluências à
tensiva, mas que há zonas que “cla- pos as vistorias são a um ou dois”. diariamente” novas explorações ragem de Santa Clara. “A prioridade, albufeira da ordem dos 33 por cento”,
ramente são de produção intensiva”. de agricultura intensiva, porque “a neste momento, é para consumo hu- alerta. Na perspetiva da associação,
O plano também diz que deve ha- “ASSUSTADORA ESCASSEZ DE ÁGUA” O mo- cota da água da barragem estaria mano, para os pequenos agricultores “existem beneficiários e utentes a tí-
ver uma monitorização dos impac- vimento Juntos Pelo Sudoeste criti- abaixo” da capacidade. “Queremos que têm pequenas parcelas” de ter- tulo precário”, sendo “a dimensão da
tos da atividade agrícola na água, no cou o corte de água a pequenos agri- tentar perceber quais são os dados reno ou “é efetivamente só para as propriedade irrelevante em termos
solo e na biodiversidade mas “nin- cultores do concelho de Odemira da APA que incentivam e dão aber- grandes empresas”, questiona. de direitos”.
guém está a fazer isso”. pela Associação de Beneficiários do tura para que estas explorações con- Para o movimento, o facto de a Já o diretor da Administração
Professora em Odemira, Paula Mira (ABM), mas a entidade argu- tinuem a proliferar e a crescer a um ABM afirmar que corta a água “ape- da Região Hidrográfica (ARH) do
Canha conta: “Há duas semanas fui mentou que estas ligações “precá- ritmo semanal, com áreas gigantes, nas a pessoas que têm acesso à rede Alentejo, da APA, André Matoso,
com alunos meus fazer análises de rias” dispõem de alternativas. Em quando estamos a cortar água aos pública para consumo doméstico” revela ter remetido uma resposta
águas e havia sítios onde os fosfa- comunicado, o movimento revela a mais pequenos, inclusive para con- também não é tranquilizador. “Isso ao Juntos Pelo Sudoeste com “um
tos estavam 100 vezes acima do que sua preocupação perante a “assus- sumo privado”. significa que essas pessoas, mui- conjunto de explicações e esclare-
é permitido por lei”. A bióloga fala tadora escassez de água” e a ges- Numa resposta por escrito, a tas [delas] reformados que com- cimentos para uma das preocupa-
também da falta de fiscalização, de tão que diz estar a ser feita da al- ABM diz que as afirmações do mo- põem magras reformas com hortas ções” suscitadas, relacionada com a
“constrangimentos” vários, ainda bufeira de Santa Clara, que serve o vimento são “completamente des- de subsistência, pagarão um valor gestão dos recursos hídricos na bar-
que Luís Mesquita Dias assegure Perímetro de Rega do Mira, tendo tituídas de fundamento” e realça muito mais elevado pela água”, en- ragem de Santa Clara. “A APA emi-
que tudo é feito na agricultura den- já solicitado uma reunião à Agência que a gestão da obra de rega do quanto as empresas têm acesso “a tiu, há alguns anos, uma conces-
tro das regras. Portuguesa do Ambiente (APA) e a Mira “obriga ao respeito” pelos di- água desproporcionalmente mais são à Águas Públicas do Alentejo
“A maior parte da atividade agrí- outras entidades públicas. reitos dos beneficiários. “Os cortes barata”, critica o movimento. e à Direção-Geral de Agricultura
cola é destinada a exportação para “Pedimos esta reunião para ten- de fornecimento efetuados atingi- A ABM indica que, até ao mo- e Desenvolvimento Rural, que ou-
grandes cadeias internacionais. tar perceber quais são os dados que ram apenas clientes a título precário mento, “foram desligadas 21 capta- torgou à ABM”, explica o responsá-
Todas fazem visitas e auditorias e a APA possui relativamente à bar- e apenas na situação de disporem ções precárias”, devido à escassez de vel, acrescentando que compete ao
obrigam a certificações. Auditam ragem de Santa Clara”, disse Nuno de alternativas de abastecimento água na albufeira, a qual, esta terça- Ministério da Agricultura “as regras
sem avisar, e isso inclui os direitos Carvalho, um dos elementos do de água, designadamente da rede -feira, encontrava-se à quota 114,35, de atribuição de rateio de água”.

Teresinha, as estufas
e a praga de moscas
Empresários e moradores criticam “deserto de estufas”

T eresinha Oliveira e o marido,


Sérgio Oliveira, que traba-
lham numa herdade junto
ao Brejão, e Adriana Novo, com
um restaurante em São Teotónio,
e abandonou depois, um mega-
projeto de agricultura intensiva
em estufas, há hoje precisamente,
como diz Teresinha, “um deserto
de estufas” de outras empresas
sala de jantar basta uma porta
aberta e os clientes estão a comer
e as moscas à volta. O cliente mais
exigente já não vem”.
Não longe da casa de Teresinha
concelho de Odemira, têm um que entretanto se estabeleceram. e Sérgio há uma vala com um lí-
problema em comum: moscas da E outras estão a ser construídas. quido castanho, que segundo
fruta. “Há muitos insetos, mos- “Essa que estão a construir é de Sérgio Oliveira desagua na ribeira
quitos e principalmente moscas, espanhóis”, diz Sérgio, acrescen- de Odeceixe e cheira a fruta po-
entram pelas redes de proteção e tando que as estufas que os ro- dre. E as estufas, diz o casal, tam-
há mais especialmente ao fim do deiam são de árvores de fruta e bém estão a contaminar a praia da
dia, já não podemos estar na rua, que são elas que estão a provocar Amália, assim chamada porque a
não podemos jantar no alpendre”. um “distúrbio ambiental”. fadista Amália Rodrigues tinha
É Teresinha quem conta o pesa- Além das pequenas moscas da uma casa muito perto. A estrada
delo que a zona se tornou, que co- fruta, Sérgio Oliveira queixa-se para a casa que a fadista construiu
meçou no ano passado e que este também do “cheiro horrível a quí- em frente da praia está toda ro-
ano piorou e ainda nem chegou o micos”, que por vezes se sente, e deada de estufas. A partir da casa
verão. E a causa, aponta, as estu- remata: “Penso que o verão vai ser há um caminho até à praia, ro-
fas. “Aqui é um deserto de estu- complicado”. Para já, dizem, vão deado de plantas e flores lilases
fas”. lutando contra as moscas como e cor de laranja, que faz parte do
Teresinha e Sérgio Oliveira podem, plantando citronela, quei- “trilho dos pescadores” da Rota
são caseiros na herdade Monte de mando incenso, usando velas. Vicentina. E lá estão as marcas
Cima, em pleno Parque Natural Mas nada está a resultar. verdes e azul a provarem-no.
do Sudoeste Alentejano e Costa Como nada está a resultar para Sérgio e Teresinha apontam o
Vicentina (Pnsacv), mas em pleno Adriana Pais, dona do restau- ribeiro que corre junto ao cami-
também Perímetro de Rega do rante O Barco, em São Teotónio. nho, metade água metade espuma
Mira. O Parque vai de Sines a Vila “Quando aquece não damos à branca, que desagua na praia.
do Bispo e a área de rega de Vila conta, caem por todo o lado. Já Sérgio não pode provar mas diz
Nova de Milfontes a Rogil, fregue- gastei frascos e frascos de vinagre, que antes das estufas a água não
sia do concelho de Aljezur, a sul. já usei um pó, mas nada resulta”. era assim. E acrescenta que se não
No local, onde nos anos 80 e Adriana Pais teme pelo negó- fossem as estufas que a rodeiam a
90 do século passado o empresá- cio por causa das moscas da fruta. ribeira já nem corria água no final
rio francês Thierry Russel iniciou, “O teto da cozinha fica negro, na de inverno.
06 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

Q
Um jovem de 19 anos, natural de Beja, perdeu a vida na sequência da
colisão entre o automóvel que conduz e um autocarro na passada terça-
-feira, dia 25, próximo de Évora. O Comando Distrital de Operações de
Socorro de Évora explicou que no autocarro, que fazia “a ligação entre
vários concelhos do distrito”, seguiam 30 passageiros, nenhum dos quais
necessitou de assistência médica. O jovem teve morte imediata.

Mais de quatro mil utentes sem médico


de família no Baixo Alentejo
Acréscimo de 38 por cento no espaço de um ano. Ordem dos Médicos diz que a solução
para o problema “passa por muito mais” do que estímulos financeiros
RICARDO ZAMBUJO

Entre março de 2020 e o mesmo


mês de 2021 mais 1151 utentes
do Agrupamento de Centros
de Saúde (ACES) do Baixo
Alentejo ficaram sem acesso
a um médico de família. A evo-
lução negativa desta sub-re-
gião está em contracorrente
ao verificado na totalidade
do Alentejo em que mais 8399
passaram a ter acompanha-
mento médico personalizado.

TEXTO ANÍBAL FERNANDES

S egundo os números di-


vulgados no Portal da
Transparência do Serviço
Nacional de Saúde (SNS), entre
março de 2020 e março deste ano
assistiu-se a um aumento de 38
por cento do número de utentes
que ficaram sem médico de famí-
lia no Baixo Alentejo.
O valor até tinha sofrido uma
evolução positiva entre março
de 2019 (3437) e março de 2020
(3052), mas este ano voltou a su-
bir para 4209 utentes. Um cená-
rio contrário ao que se verifica
em toda a região do Alentejo, em
que se assistiu a um aumento da
oferta e a uma redução do número
de pessoas sem médico de família,
de 36 413, em 2020, para 28 014, 200 VAGAS COM INCENTIVOS Saúde, Marta Temido, revelou du- o Baixo Alentejo possa ter mais
quase tudo conseguido à custa da rante uma audição na comissão atratividade” para os médicos,
“recuperação” no Alentejo Litoral O Ministério da Saúde anunciou há uma semana um concurso para 200 parlamentar que o défice de mé- concluiu.
que passou dos 17 649 para 8 494, vagas com incentivos para contratar médicos recém-especialistas dicos de família “tem uma rela- Também Pedro Vasconcelos,
no mesmo período. para zonas consideradas carenciadas. Do total das vagas, 152 são para ção direta com as aposentações” presidente do conselho distrital de
No entanto, Dinis Silva, da reforçar os hospitais com mais necessidade de médicos nos centros que, no último ano, atingiram a Beja da Ordem dos Médicos (OM),
Comissão de Utentes do Litoral hospitalares do Oeste, da Cova da Beira, do Algarve, o Hospital de Évora centena. Mas, para a deputada so- considera que a solução para o
Alentejano, disse ao “Diário do e as Unidades Locais de Saúde do Baixo Alentejo, Litoral Alentejano, cialista, pode haver mais explica- problema da falta crónica de mé-
Alentejo” que, “apesar de não ter Norte Alentejano, Guarda e Nordeste, cada uma com dez vagas atribuídas, ções. Desde logo, “um aumento de dicos no Baixo Alentejo “passa por
dados atualizados devido à pan- mas ainda não se sabe quais as especialidades atingidas. Na área da utentes que não usavam o serviço muito mais” do que estímulos fi-
demia”, não é essa a “perceção” de saúde pública, são seis os lugares a concurso, cabendo uma à Unidade e que, após verem a resposta do nanceiros. “É fundamental criar
quem anda no terreno. Local de Saúde do Baixo Alentejo. Para os cuidados de saúde primários SNS durante a pandemia aumen- condições ao nível das acessibi-
Já para João Dias, deputado foram atribuídos 42 lugares, 15 dos quais para reforçar os centros de taram a sua confiança e se inscre- lidades, da cultura, do lazer, da
do PCP eleito por Beja, os núme- saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a região com mais utentes sem médico veram por causa do processo de educação, para que alguém decida
ros do Baixo Alentejo não o sur- de família atribuído, cerca de 600 mil, o que compara com o total vacinação”. E, no que diz respeito mudar de armas e bagagens para
preendem. O deputado comunista nacional que, neste momento, deve rondar um milhão de pessoas. a concelhos como Beja, Ferreira a região”.
diz que na região “temos tido uma e Serpa, não descarta a hipótese O representante da OM no
diminuição de médicos de famí- da população imigrante também Baixo Alentejo considera que o
lia e já se teve que recorrer a clíni- poder estar a “desequilibrar” os poder político “olha para a inte-
cos reformados” para suprir as la- a situação é grave” e lembra que, médicos indiferenciados, “que rácios. rioridade de forma leviana” e uma
cunas. Aponta os casos de Serpa, por proposta do seu partido em em 2019 eram cerca de 500”, pu- Quanto à realidade diferen- mudança de paradigma “é essen-
Aljustrel, Ourique, Beja, Ferreira sede de Orçamento do Estado, fo- dessem ter um acesso facilitado a ciada do Alentejo Litoral, Telma cial para fixar as pessoas” neste
e Mértola como exemplo da falta ram aprovadas medidas de “estí- esta especialidade, de forma a cor- Guerreiro refere que a proximi- tipo de território.
destes profissionais, sendo que, no mulo à fixação de médicos na pe- rigir esta carência, mas a proposta dade a Lisboa e Setúbal pode ser O “DA” tentou obter esclareci-
caso deste último concelho, teve riferia”, que incluem benefícios à foi recusada, quer no Parlamento, um fator que leva os especialistas mentos da Ulsba sobre o aumento
como resultado “o fecho da totali- carreira e suplementos remune- quer pela Ordem dos Médicos. de medicina familiar a optarem do número de utentes sem mé-
dade das extensões de saúde”. ratórios para os profissionais que Telma Guerreiro, deputada do por este destino. “Há que resolver dico de família no Baixo Alentejo,
O deputado do PCP lembra que aceitem trabalhar no interior. PS eleita por Beja, disse ao “Diário o problema das acessibilidades ro- o que não foi possível até ao fecho
a ministra da Saúde “assumiu que O PCP propôs ainda que os do Alentejo” que a ministra da doviárias e ferroviárias, para que desta edição.
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 07

Q
O projeto “Reservas da Biosfera: territórios sustentáveis comunidades
resilientes” foi apresentado esta semana em Castro Verde. Coordenado pela
Quartenaire Portugal, o projeto tem como objetivos principais reforçar o
conhecimento, a visibilidade e a valorização das 12 Reservas da Biosfera da
Unesco Portuguesas, em articulação com as suas comunidades e com base
nos ativos patrimoniais e serviços de ecossistema.

Melhor escola do Baixo Alentejo não foi


além do 67.º lugar no ‘ranking’ nacional
Alunos da secundária de Castro Verde obtiveram média de 14,4 nos exames nacionais de 12.º
ano, mais três pontos que os de Aljustrel. Duas escolas de Beja na segunda metade da tabela
D.R.

A secundária de Castro Verde é caminhar a passos largos para pri-


a escola do Baixo Alentejo me- vatizar parte da educação”.
lhor posicionada no ‘ranking’ “No fundo”, prossegue, “estão
nacional agora divulgado, a seriar as escolas secundárias e
tendo ficado em 67.º lugar num isso é uma coisa errada, que não
universo de mais de 600 esta- tem em consideração nada mais
belecimentos de ensino. A es- a não ser o desempenho dos alu-
cola “arrecadou” uma média nos num exame, deixando de fora
de 14,40 nos exames nacionais tudo aquilo que são as aprendiza-
de 12.º ano. gens, o processo educativo e o pro-
cesso de recuperação”.
TEXTO MARTA LOURO Por isso diz não ser sequer
possível “encontrar uma justi-

D o lado oposto, a ocupar a úl-


tima posição da tabela, no
Baixo Alentejo, está a se-
cundária de Aljustrel, com uma
média de 11,04 nos exames nacio-
ficação” para o facto de a mé-
dia dos alunos de Aljustrel
nos exames do 12.º ano ter fi-
cado, o ano passado, três pontos
abaixo da dos de Castro Verde.
nais e a ocupar o 554.º lugar a ní- “Independentemente do estabe-
vel nacional. No concelho de Beja, lecimento de ensino ou da posi-
a Escola Secundária D. Manuel I ção no ‘ranking’, não é fácil en-
está em 342.º lugar (com uma mé- contrar um motivo para que uma
dia de 12,38) e os alunos da Diogo de seja melhor ou pior [classificada]
Gouveia conseguiram nos exames que outra”, até porque, “houve
nacionais uma média de 11,92, fi- escolas que tiveram menor clas-
cando na 435.º posição (ver quadro). RANKING DAS ESCOLAS 2020 melhor, porque os professores e to- sificação neste ‘ranking’, mas
Augusto Candeias, diretor RANKING ESCOLA CONCELHO MÉDIA dos os intervenientes do processo que tiveram um esforço enorme,
do Agrupamento de Escolas de educativo gostam sempre de alcan- um empenho e desenvolvimento
67.º Escola Secundária de Castro Verde Castro Verde 14.40
Castro Verde, reconhece ter aco- çar melhores resultados. Vamos ver tendo em conta, por exemplo as
236.º Escola Secundária de Serpa Serpa 12.96
lhido com “grande agrado” a di- o que o futuro nos reserva”. dificuldades decorrentes da pan-
242.º Escola Básica e Secundária de Ourique Ourique 12.94
vulgação dos resultados, mas su- Por outro lado, José Ferro, demia da covid-19. Mas essa de-
322.º Escola Dr. João Brito Camacho Almodôvar 12.48
blinha que “todas as escolas subdiretor do Agrupamento de dicação depois não é premiada”.
330.º Escola Dr. Manuel Candeias Gonçalves Odemira 12.42
tentaram fazer o seu trabalho”, Escolas n.º 1 de Beja, da qual Segundo Manuel Nobre, os re-
342.º Escola Secundária D. Manuel I Beja 12.38
num ano letivo atípico face à pan- faz parte a Escola Secundária sultados deste ano “mostram o
351.º Colégio de Nossa Senhora da Graça Odemira 12.34
demia da covid-19. “Todos os esta- Diogo de Gouveia, entende que o embuste e a falta de seriedade”
394.º Escola de São Sebastião Mértola 12.15
belecimentos de ensino tentaram ‘ranking’ agora divulgado “mos- de alguns membros do Governo
418.º Escola Secundária de Moura Moura 12.02
reinventar-se através da adoção tra aquilo que mostra e vale o que “que assumem e reconhecem que
435.º Escola Secundária Diogo de Gouveia Beja 11.92
de novas formas e de novas ferra- vale”. De qualquer forma, acres- este critério de classificação é um
536.º Escola José Gomes Ferreira F. do Alentejo 11.21
mentas de aprendizagem”. centa, “olhando para os resulta- ato injusto, mas que continuam
554.º Escola Secundária de Aljustrel Aljustrel 11.04
Augusto Candeias diz que to- dos que saíram, o agrupamento a alimentar” esta competição. “É
das as escolas estavam, à partida, não ficou desiludido com a situa- um mau caminho e a própria so-
em pé de igualdade, embora umas ção, porque traduz o esforço e tra- ciedade vai, aos poucos, reco-
se revelassem “mais bem prepara- balho quer do corpo docente, quer nhecendo que esta seriação não
das do que outras”. Contudo, com “OS ‘RANKINGS’ SÃO REDUTORES” dos alunos”. Em resumo, sublinha beneficia nada aquilo que é o pa-
as alterações introduzidas pelo José ferro, “ninguém se deve en- pel e a função da escola pública.
Ministério da Educação no que O ministro da Educação afirmou que as listagens de estabelecimentos vaidecer pelos bons resultados ou O Governo devia era estar preo-
diz respeito à realização dos exa- de ensino baseadas nas médias dos exames nacionais são “injustas e ficar triste pelos maus resultados, cupado em dar autonomia às es-
mes, houve uma “simplificação do redutoras”, além de “não refletirem a qualidade do trabalho das escolas”. porque os ‘rankings’ são dados colas, em garantir um financia-
trabalho” que permitiu aos alunos Nas últimas duas décadas, o Ministério da Educação passou a disponibilizar estatísticos que deixam de fora mento adequado e em reforçar o
“concentraram-se mais nos exa- anualmente, a pedido dos órgãos de comunicação social, dados sobre muita coisa que fica por apurar e corpo docente”.
mes que queriam realizar”. os resultados dos alunos nos exames e provas nacionais, assim como por mostrar”. O presidente do SPZS acusa
O diretor do agrupamento de as notas internas dadas pelas escolas aos estudantes e alguns dados de ainda o Ministério da Educação
Castro Verde diz não ter ainda contexto. Uma das listas de escolas é feita com base nas médias das notas “DESVALORIZAR A ESCOLA PÚBLICA” de ter agido “como se de um ano
‘feedback’ dos alunos sobre a po- nas provas nacionais dos seus alunos e para o ministro da educação, Tiago Manuel Nobre, presidente do letivo normal se tratasse”, ape-
sição alcançada pela escola no Brandão Rodrigues, essas tabelas “são redutoras, injustas e não refletem Sindicato dos Professores da sar de as escolas terem estado
‘ranking’ nacional e regional, a qualidade do trabalho que é realizado pelas respetivas comunidades Zona Sul (SPZS), lembra que os encerradas durante várias se-
“mas os professores veem reco- educativas”. Sendo assim, defende Manuel Nobre, o melhor seria acabar ‘rankings’ surgiram há cerca de manas. “É um modelo injusto,
nhecido o seu trabalho, e os alu- com os ‘rankings’ das escolas. “O Ministério da Educação reconhece que duas décadas, e diz terem sido destinado a iludir as pessoas, a be-
nos, certamente, tendo alcançado os ‘rankings’ em nada abonam para aquilo que é a valorização da escola criados “com o propósito de va- neficiar e a valorizar o ensino pri-
melhores resultados, veem tam- pública, no entanto, continua a alimentar e a dar destaque, ano após ano, a lorizar os colégios privados, ao vado e a denegrir a imagem da es-
bém reconhecido o seu esforço ao este embuste”, diz o presidente do Sindicato dos Professores da Zona Sul. mesmo tempo que se desvalo- cola pública. Não é através destes
longo do ano letivo”. rizava a escola pública, numa ‘rankings’ que o sistema educativo
“A meta”, diz, “é fazer ainda perspetiva que era, na altura, em Portugal melhora”, conclui.
08 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

Q
“Pelas Aldeias de Beja e vila de Beringel - visitas guiadas pelo
património” é o repto da Câmara de Beja ao longo dos próximos 15
meses para a descoberta das aldeias do concelho “através de propostas
de deambulação pelo edificado e lugares de memória”. Depois da visita
os participantes são convidados a almoçar num estabelecimento local. A
primeira iniciativa realiza-se amanhã, dia 29, em Beringel.

“Os próximos tempos serão de resiliência


por parte dos empresários”
Entrevista com David Simão, novo presidente da Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral
EDGAR GASPAR

David da Costa Simão, de


41 anos e natural de Beja
é o novo presiden te da
A s s o ciaç ão E m p r e s ar ial
do Baixo Alentejo e Litoral
(Nerbe/Aebal). Empresário,
licenciado em Organização
e Gestão de Empresas e sem
“nenhuma filiação partidá-
ria” diz-se “ familiarizado
com a realidade do dia a dia,
das empresas e dos empresá-
rios estando contextualizado
com as suas necessidades,
preocupações, mas também
com os seus propósitos e
objetivos”.

TEXTO MARTA LOURO

Porque se decidiu candidatar à


presidência do Nerbe/Aebal?
Esta decisão emanou de uma
consciência coletiva, por um lado,
para dar continuidade ao traba-
lho realizado por esta direção que
cessou agora funções, com vários
projetos em curso em que é neces-
sária à sua realização e, por outro CENTRO O Nerbe/Aebal é uma institui- normal, terão alguma dificuldade Este tipo de equipamentos traz
lado, pelo facto de me identificar DE INCUBAÇÃO ção consolidada, dinâmica e viva, em atrair clientes e repor a sua di- sempre fatores de desenvolvi-
pessoalmente com o trabalho le- que se tem desenvolvido nos últi- nâmica comercial. mento, por contágio, para toda a
vado a cabo pela associação.
SERÁ “MOTOR” PARA mos anos, tornando-se numa re- região. Seja ao nível dos serviços
NOVAS EMPRESAS ferência de competência e profis- O que pode ser feito para atenuar associados ao aeroporto, seja ao
Vai dar continuidade ao traba- sionalismo. Destaco o trabalho as dificuldades das empresas? nível da hotelaria e restauração
lho do presidente cessante, Filipe O que há para fazer na região? da nossa equipa técnica e admi- Em tempos como estes, em que as- não tenho dúvidas que trará de-
Pombeiro? Caberá ao Nerbe/Aebal dar segui- nistrativa que permitem imple- sistimos a uma realidade desco- senvolvimento ao nosso Alentejo.
Sem dúvida. Ao aceitar este de- mento aos projetos que tem em mentar no terreno os projetos que nhecida, inédita a nível mundial,
safio, assumo inteiramente o curso, dos quais destacamos o desenvolvemos e o acompanha- toda a atividade económica teve Como se consegue atrair investi-
compromisso de continuar este Centro de Incubação Tecnológica, mento aos associados nas suas va- que se reinventar e adaptar-se a mento para a região?
trabalho, realizado pelo Filipe enquanto motor para o surgi- riadas necessidades. Tenho a cer- esta situação e, neste sentido, aos Criando apetência, na região, por
Pombeiro, que considero ser de mento de iniciativas empresariais teza que encontrarei uma casa responsáveis políticos cabe, tendo novos investidores. É necessário
excelência e foi vital para o de- nesta área, como também aportar arrumada, equipas motivadas e esta consciência, permitir o acesso facilitar o acesso a terrenos para
senvolvimento da associação, a nossa opinião junto das entida- absolutamente bem preparadas ágil e sem excesso de burocracias instalação de novos projetos, com
nomeadamente na representati- des responsáveis, levando a cabo para os desafios que este triénio a ferramentas como facilidade de taxas acessíveis e licenciamen-
vidade dos interesses e anseios a promoção da região, das nos- nos reserva. acesso a crédito, mobilidade de re- tos ágeis. Por outro lado, incenti-
dos empresários junto das ins- sas valências e dos nossos produ- cursos humanos e apoio ao inves- vando a instalação de novos negó-
tituições, integrando-se no cír- tos, sem nunca esquecer a pres- A pandemia da covid-19 tem afe- timento, de forma a aumentar os cios com discriminações positivas
culo de inf luência da região, são que é imprescindível exercer, tado todas, ou quase todas, as em- índices de confiança, tanto a nível ao nível da derrama e dos demais
contribuindo assim, para um junto do poder central, da pre- presas do Baixo Alentejo. Como se das empresas como dos consumi- impostos municipais.
desenvolvimento sustentável da mência do ultimar dos investi- prevê os próximos tempos? dores em geral.
mesma. mentos em acessibilidades funda- Os próximos tempos serão de re- Quais as metas para o futuro?
mentais para o desenvolvimento siliência por parte dos empresá- Vê o aeroporto de Beja como uma Continuar a trabalhar para que
Quais as mudanças que vai económico. rios, pois vão haver falhas nas ca- mais-valia para a região e as suas associação, continue a ser uma
implementar? deias de fornecimento que afetam empresas? referência para os nossos empre-
Não lhe chamaria mudanças hoje o normal funcionamento Com certeza que sim! Já hoje traz sários e ajudá-los em tudo o que
mas, devido ao trabalho que tem das empresas, uma subida gene- desenvolvimento para a região, esteja ao nosso alcance. Estou
sido feito nos últimos manda- todo a área de intervenção (Baixo ralizada dos fatores de produção, muito pela vertente de indústria, confiante no trabalho desta dire-
tos, o estágio de desenvolvimento Alentejo e Alentejo Litoral) e co- que fará pressão sobre o preço dos mas no futuro próximo trará mais ção que tenho a honra de liderar,
que a associação tem neste mo- laborar na promoção das nossas produtos que produzimos e ex- indústria e desenvolvimento nas pois temos a consciência coletiva
mento permite subirmos de ní- empresas implementando proje- portamos, e que afetará o seu es- demais valências, tráfego de pas- que o nosso trabalho é vital para
vel a nossa atividade nas vá- tos que se traduzam no aumento coamento. Por outro lado, nos se- sageiros e carga. atrair investimento para o distrito
rias áreas que desenvolvemos. do volume de negócios dos nossos tores do turismo e do comércio, de Beja, para formar e informar as
Destacava, no entanto, dois veto- associados. setores que estiveram durante o Em que é que o aeroporto pode empresas, que são os nossos asso-
res principais: conseguirmos au- tempo de confinamento impe- ajudar no crescimento das empre- ciados, e representá-los junto das
mentar o número de sócios em O que espera encontrar? didos de exercer a sua atividade sas da região? entidades competentes.
PUBLICIDADE | 28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 09
10 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

D.R.
CLARISSE CAMPOS CANDIDATA NOVO SISTEMA
DO PS A ALCÁCER DO SAL DE TRANSPORTES
A deputada Clarisse Campos, eleita pelo círculo de
COLETIVOS
Setúbal, é a candidata do PS à Câmara de Alcácer do Sal, EM ALCÁCER
liderada pela CDU, nas próximas eleições autárquicas. A
candidatura de Clarisse Campos, de 57 anos, foi aprovada O novo sistema de transporte
pela comissão política concelhia socialista. De acordo com urbano coletivo de Alcácer do
a concelhia, Clarisse Campos quer “pôr em prática uma Sal intitulado “Nónio”, começa
estratégia clara para este território, centrada nas pessoas a funcionar no próximo dia 1
e na valorização daquilo que é a identidade” do concelho. de junho, gerido pela Câmara
Municipal, para a deslocação
entre os bairros periféricos
D.R.

e o centro da cidade. Em
comunicado, o município indicou
que o executivo municipal
permanente participou na
viagem experimental do
“Nónio”, cuja designação
é inspirada no dispositivo
inventado pelo matemático
e astrónomo local Pedro
Nunes. “Trata-se de uma
grande iniciativa social, em
que as pessoas são colocadas Fábrica em Moura
vai “aliar” painéis solares
em primeiro lugar”, disse o
PS CANDIDATA HÉLDER GUERREIRO presidente da autarquia, Vítor
À CÂMARA DE ODEMIRA Proença, frisando que, “quando

O atual vogal do Programa Operacional Regional Alentejo


2020, Hélder Guerreiro, é o candidato do PS à Câmara
muitos municípios no país fogem
a esta responsabilidade”, o de
Alcácer do Sal “constitui-se
e baterias de lítio
Municipal de Odemira. A candidatura “Por Odemira”,
encabeçada por Hélder Guerreiro, de 50 anos, que já
como operador municipal e
assume a 100 por cento a gestão
Investimento permitirá criar mais de
foi vice-presidente da autarquia, foi apresentada na direta deste serviço”. Os dois 40 postos de trabalho diretos
segunda-feira à noite, nas redes sociais, após aprovação novos autocarros, adquiridos
pela concelhia local do PS. No seu vídeo de apresentação, pela Câmara para o efeito, vão
o candidato realçou que, “mais do que conhecer” as percorrer três circuitos nos A nova fábrica de painéis solares fo- tecnologia especial”. Trata-se de “um pai-
gentes e a cultura locais, tem “um orgulho enorme de ser dias úteis, entre as 7:00 e as tovoltaicos flexíveis e de baterias nel flexível que permite aplicações em vá-
odemirense e uma vontade sempre presente de contribuir 13:00 horas, com passagens de lítio de alta temperatura que vai rios locais a que o painel tradicional não
para ajudar a valorizar e a melhorar as condições de vida” pelo centro da cidade a cada 30 “nascer” em Moura será “a primeira chega”, que é “mais leve e eficiente” e que
do concelho. minutos. do mundo” a combinar estas duas pode ter diversas configurações, indi-
PUB
tecnologias, destacou a empresa cou o responsável da empresa, resultante
promotora. da junção entre o grupo português Lux e
a Optimeyes Energy, do próprio Miguel

E sta vai ser “a primeira fábrica do


mundo que tem este ‘blending’ do
solar e de baterias” de lítio, com o
objetivo de criar “novos produtos híbri-
dos” para vender “para vários sítios”, isto
Matias e com sede em Londres.
A outra linha de montagem da fá-
brica vai ser dedicada às baterias de lítio
de alta temperatura, desde as de pequena
às de grande escala e adaptadas a países
é, tanto para o mercado nacional, como com climas mais quentes. As células de lí-
para o estrangeiro, disse Miguel Matias, tio que vão constituir a base de cada bate-
um dos promotores. ria vão ter de ser compradas “fora”, mas
O cofundador e um dos administra- a empresa “espera um dia” conseguir pro-
dores executivos do grupo português duzir também este componente, afirmou
Lux Optimeyes Energy, que vai criar Miguel Matias.
a nova unidade nas instalações da an- A junção do painel e da bateria vai dar
tiga Moura Fábrica Solar (MFS), fechada origem a “inúmeras aplicações”, que a em-
desde janeiro de 2019, salientou que a presa ainda está a estudar, mas o adminis-
combinação produtiva das duas tecnolo- trador apontou, a título de exemplo, que
gias é inovadora e o caminho do futuro. podem ser usados na cobertura de auto-
“Consideramos que é a maneira certa de carros e nas paragens dos mesmos, em au-
usar as renováveis”, porque estas têm que tocaravanas, carrinhos de golfe, painéis
deixar de “ser intermitentes” e isso con- de proteção de ruído de autoestradas, en-
segue-se com as baterias. “O painel solar tre outros.
com a bateria permite alargar imenso a “Há coisas tão simples como bancos
utilização das renováveis”. de jardim”, que “podem ter um painel so-
Na presença do ministro do Ambiente lar com uma lampadazinha”, para ilumi-
e da Ação Climática, João Pedro Matos nação noturna e “produzir energia” para
Fernandes, a Lux Optimeyes Energy as- permitir a quem está sentado “carregar o
sinou com a Câmara de Moura o contrato telemóvel”, exemplificou.
de arrendamento da MSF) e o memo- A unidade prevê criar, logo no arran-
rando de entendimento para a implan- que, “cerca de 40 a 50” postos de trabalho,
tação do projeto. A unidade vai produ- ou seja, sensivelmente metade dos que
zir painéis solares fotovoltaicos f lexíveis existiam na antiga MFS, porque vai ser
e baterias de lítio de alta temperatura, mais automatizada, mas a empresa quer
num investimento inicial de cerca de “recuperar muitos dos trabalhadores” que
cinco milhões de euros, com compartici- estavam na unidade anterior e que já pos-
pação comunitária. suem conhecimentos e formação na área
Segundo Miguel Matias, que disse es- da produção solar.
perar que, dentro de aproximadamente A MFS, que foi propriedade da empresa
um ano, “nasçam” os primeiros produtos espanhola ACCIONA, começou a funcio-
produzidos na unidade, a produção não nar em 2008 e foi uma das contrapartidas
passa por painéis fotovoltaicos conven- do projeto de construção da Central Solar
cionais, mas sim uma linha de montagem Fotovoltaica de Amareleja, também no
na área do solar flexível, através de “uma concelho de Moura.
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 11

Esta estratégia, que visa o desenvolvimento do concelho com base


nos recursos ‘terra’ e ‘património’, tem vindo a ser concretizada
progressivamente, consolidando-se através de um conjunto de projetos,
intervenções e atividades diversas, em que a primeira preocupação é
sempre a qualidade de vida da população e uma gestão de proximidade”.

“Temos concretizado uma estratégia


para o desenvolvimento do concelho”
Entrevista a Tomé Pires, presidente de Câmara Municipal de Serpa
DR

Em entrevista ao “Diário do concluir alguns dos projetos em curso,


Alentejo”, Tomé Pires, presi- continuar com as intervenções nas es-
dente da Câmara de Serpa, su- colas, com a rede museológica, com
blinha o trabalho coletivo e de a rede de mercados do concelho, en-
continuidade deste mandato, as- tre muitas outras. Sobretudo, conti-
sente “num plano e numa estra- nuar a trabalhar para que quem aqui
tégia de desenvolvimento para vive e trabalha possa ter cada vez mais
o concelho, em que a sustenta- qualidade de vida. Isso passa também
bilidade dos recursos é determi- pela grande atenção que temos dado
nante”. O autarca refere, ainda, às questões da melhoria da rede de
a “gestão de proximidade”, com cuidados públicos de saúde e dos ser-
os munícipes e as instituições, viços públicos em geral, das acessibi-
no desenvolvimento do exercí- lidades, da valorização e salvaguarda
cio camarário a que preside e la- do património cultural e ambiental,
menta a falta de vontade política da dinamização da economia, entre
do Poder Central em contribuir muitas outras.
para a solução dos problemas
existentes no território. Na sua perspetiva, quais os princi-
pais problemas com que o concelho
TEXTO JOSÉ SERRANO de Serpa se debate?
O concelho de Serpa tem os mesmos
O que se modificou no concelho de problemas que a maior parte dos ou-
Serpa, desde a presidência camará- tros concelhos do país, nomeada-
ria que iniciou em 2017? mente os do interior. Infelizmente,
Em primeiro lugar, é preciso refe- não tem existido por parte do Poder
rir que o trabalho que foi feito neste Central vontade política de, efetiva-
mandato foi um trabalho de conti- mente, fazer algo para mudar esta si-
nuidade, de uma estratégia definida tuação – como é o caso do processo
anteriormente, com uma planifica- de regionalização, que continua a
ção a longo prazo e resultado de um marcar passo e que possibilitaria a
trabalho coletivo. Esta estratégia, mudança positiva necessária. Nós,
que visa o desenvolvimento do con- da nossa parte, temos feito e con-
celho com base nos recursos “terra” tinuaremos a fazer aquilo que nos
e “património”, tem vindo a ser con- compete, criando condições para um
cretizada progressivamente, consoli- presente e um futuro melhores.
dando-se através de um conjunto de
projetos, intervenções e atividades Quais os principais desafios que o
diversas, em que a primeira preocu- presidente da Câmara de Serpa,
pação é sempre a qualidade de vida que será eleito para o quadriénio
da população e uma gestão de proxi- 2021/2025, terá pela frente?
midade, em que o trabalho colabora- Os desafios do trabalho autárquico
tivo é, também, fundamental. são sempre grandes, porque é um
trabalho que é feito para as pessoas,
Quais as “obras” que considera se- um trabalho em permanente mu-
rem, até à data, as mais emblemáti- definido a longo prazo, que não co- dança e adaptação, um trabalho em
cas deste seu mandato? meçou em 2017 e não se conclui em que a proximidade com os muníci-
Começo por salientar que este não é 2021 – nem isso seria razoável. O que pes e as instituições deve ser quo-
um mandato de uma só pessoa, é um posso dizer é que esse plano e os seus tidiano e que tanto deve resolver o
trabalho feito coletivamente, com muitos projetos estão em curso, uns pequeno buraco na rua como con-
base num plano concreto que foi su- foram concretizados neste mandato, tribuir para solucionar problemas de
fragado e que estamos a concretizar. A nossa principal prioridade é dar continuidade outros serão, pelas suas próprias ca- ordem social e questões mais globais,
Isto significa que não é tanto a obra ao trabalho feito, concluir alguns dos projetos em racterísticas, concretizados mais como é o caso da captação de inves-
em si que nos interessa, porque não tarde. Mas, de uma forma geral, o timentos e criação de atratividades
curso, continuar com as intervenções nas escolas,
trabalhamos para obras emblemáti- balanço é muito positivo – mesmo e de diferentes dinâmicas em todas
cas, trabalhamos para a criação das com a rede museológica, com a rede de mercados com os constrangimentos, neste úl- as áreas. Mais concretamente, refiro
dinâmicas que os projetos possibili- do concelho, entre muitas outras. Sobretudo, timo ano e meio, devido à pande- como desafio a conclusão dos proje-
tam, sendo que a obra é apenas uma mia, os objetivos que traçámos fo- tos financiados no âmbito do atual
continuar a trabalhar para que quem aqui vive e
espécie de “ferramenta” para pôr em ram alcançados. Quadro Comunitário de Apoio e o
prática a estratégia global e promover trabalha possa ter cada vez mais qualidade de vida”. aproveitamento das possibilidades
as múltiplas dinâmicas fundamen- Com as próximas eleições autárqui- do novo quadro financeiro, sendo
tais, para que tudo ande. cas marcadas para setembro/outu- que estes próximos anos vão ser mar-
Tal como disse anteriormente, este desenvolvimento para o concelho, bro, qual a sua principal prioridade cados, também, por uma situação
Que objetivos, por si ambicionados nosso trabalho é um processo co- em que a sustentabilidade dos re- nesta “reta final” de mandato? previsível de pós pandemia e por to-
para este mandato, poderão ficar letivo, contínuo, feito com base cursos e das suas potencialidades A nossa principal prioridade é dar das as alterações que esta trouxe à so-
por cumprir? num plano e numa estratégia de é determinante. Temos um plano continuidade ao trabalho feito, ciedade, no geral.
12 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

Q
A Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares do Sul associou-se a
uma campanha da Cáritas com a doação de azeite destinado a confecionar
mais de 16 mil refeições para famílias carenciadas do Alentejo. “Com
muitas famílias a sofrerem as consequências do desemprego e da crise
económica que a pandemia provoca, os associados da Olivum contribuem
com o seu principal produto, o azeite”, diz a associação.

Fim das corridas de toiros


na televisão pública lança polémica
Ganadeiro Joaquim Grave diz-se “revoltado” com “total prepotência” do Governo.
Pedro do Carmo considera que “serviço público parcial e intolerante não é democrático”
VÍTOR BESUGO

As touradas vão deixar de fa- sempre há a atenção e o investi- Portugal faz parte. Se nos focar-
zer parte da programação da mento adequado”. mos somente em Portugal, é fá-
RTP já este ano. O novo con- “Um serviço público parcial, cil ver as audiências e ‘shares’ que
trato de concessão não per- intolerante com algumas expres- apresentam as transmissões de
mite que sejam transmitidas sões da sociedade, não é democrá- touradas”. Acabar com elas, re-
mais corridas de touros na te- tico. É incompatível com a visão fere, é estar a “prejudicar” a pró-
levisão pública. de Abril e com a Constituição, não pria televisão pública.
pode ser aceite pelos democratas “O que pode ser feito é banir
TEXTO MARTA LOURO porque encarreira nas práticas de quem toma estas decisões e co-
outros regimes”, acrescenta Pedro locar [no lugar] alguém que te-

P edro do Carmo, presidente


da Comissão Parlamentar
de Agricultura e Mar, diz
que o Estado “deve assegurar
serviços públicos universais nas
do Carmo. “As touradas existem,
são parte da diversidade da socie-
dade portuguesa. Não é possível
persistirem num ataque perma-
nente e intolerante a expressões
nha a noção, por exemplo, do be-
nefício ambiental que a criação do
toiro bravo aporta ao ser criado
em sistemas de produção exten-
siva, onde as explorações agríco-
áreas vitais para os cidadãos e do mundo rural, sem que, em al- las onde vivem são das raras que
para o país”, criticando a exclu- gum momento, tivessem estado têm um ‘superavit’ ecológico, con-
são das corridas de toiros da pro- preocupados com a necessidade trariamente à maioria que osten-
gramação televisiva. “O país é de assegurar mínimos de quali- tam um deficit ecológico (conso-
plural, diferenciado e não pode dade de vida a quem vive nesses mem mais recursos que aqueles
estar sujeito a lógicas de circuns- territórios, longe dos corredores que produzem)”.
tância ou de segregação como do poder, das pseudo-elites ur- Também Vítor Besugo, pre-
acontece com a proposta de con- “TRADIÇÕES DEVEM SER RESPEITADAS” banas e de quem não tem noção sidente da Junta de Freguesia de
trato de concessão do serviço pú- da vida concreta do país fora dos Beringel, e aficionado, alinha no
blico de rádio e de televisão em “As touradas são um espetáculo secular e as tradições devem ser grandes centros urbanos”. coro de críticas: “Trata-se de um
consulta pública. Excluir a pos- respeitadas”, diz o cavaleiro Tito Semedo, que manifestou ao “DA” o seu Trata-se de uma opinião par- canal que é pago por todos os con-
sibilidade de transmissão de tou- “total desacordo” pelo fim das corridas de toiros na RTP. “Não é a ministra tilhada por Joaquim Grave, pro- tribuintes do país, e por isso, tam-
radas no serviço público signi- da Cultura que é anti-taurina, mas sim o primeiro-ministro, António Costa, prietário da ganadaria Murteira bém [os aficionados] têm direito a
fica dizer que todos pagaremos que é contra este tipo de atividade cultural”. Tito Semedo acrescenta Grave, segundo o qual foi com ter uma opinião e a verem os pro-
o serviço com os nossos impos- que, com esta medida, a atividade tauromáquica “pode enfrentar uma “absoluta estupefação” e “al- gramas que gostam”.
tos, mas a programação despreza grave crise” pois, a transmissão das corridas de toiros na televisão guma revolta” que recebeu a no- “Estamos a falar da tauroma-
parte dos contribuintes. As tou- constitui uma “publicidade forte” ao setor. “O Governo sabe que ao não tícia, “por constatar a total pre- quia, que é uma arte e uma cul-
radas são parte da diversidade deixarem transmitir, a divulgação do espetáculo é muito menor”, conclui. potência e despotismo de quem tura que caracteriza muitos povos
do país, das tradições de muitas nos governa sem qualquer res- e é uma cultura que está muito en-
comunidades e um pilar impor- peito por uma faixa enorme de raizada em certas regiões do país,
tante do mundo rural e das eco- portugueses”. como é o caso do Alentejo, onde
nomias locais”. democrática, plural e inclusiva gosto, uma visão parcelar, ma- Em seu entender, as toura- desde pequenos, os miúdos as-
Para o também deputado do com manifestações arbitrárias niqueísta, sem cuidar que há um das “não definem a cultura de sistem e participam nas largadas
PS eleito por Beja, “não é pos- de segregação de parte da popu- mundo rural que existe, precisa um povo, fazem parte da cultura e garraiadas à alentejana”, acres-
sível construir uma sociedade lação, impondo uma ditadura de de viver e em relação ao qual nem dos povos mediterrânicos de que centa Vítor Besugo.
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PUBLICIDADE | 28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 13
14 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

OPINIÃO
Carta de defesa histórica

C
MIGUEL BORRELA MÉDICO

D.R.
onf lito de interesse: filho de Leonel
Borrela (1955-2017). Defesa de legado his-
tórico de quem já não se pode defender.
Fundamentação: a sua obra única e a obra
de outros nomes incontornáveis (tudo do-
cumentado). Visados: Dr. José António
Falcão em particular e todos os que não
respeitam o legado histórico, em geral.

Meus caros, senhores da cultura,


Dr. José António Falcão,
O que sai do prelo e acresce na fortuna crítica, na temática
das Cartas Portuguesas, de Mariana Alcoforado, em pleno
século XXI e, ainda mais, em 2021, tem o dever ético, moral
e histórico de abordar a obra de Leonel Borrela. Desafio-o a
si, ou a qualquer outro investigador na matéria, a apresentar
um nome, associado a esta temática, que tenha investigado,
publicado, divulgado, ilustrado, enriquecido nas várias cor-
rentes artísticas (aguarela, gravura, desenhos, filatelia, etc.),
cativado, assessorado professores, alunos, encenadores, ato-
res, grupo de ópera, mestrandos e doutorados, visitan-
tes do museu, até colecionado e por fim apaixonado, como
Leonel Borrela. A sua obra é holística, única e ímpar ao longo
dos mais de 350 anos das Cartas, tendo sido explanada no
Congresso Internacional Mariana Alcoforado onde não es- uma leitura das Cartas Portuguesas e das litografias de Henri de que estava errado...Em 2002…organizei uma exposi-
teve presente. Matisse”, datado de 2008, no âmbito da sua dissertação de ção em Beja sobre as Cartas. Isto levou-me a pesquisas…”.
Sei que custa às vertentes académicas e suas vicissitudes mestrado em Letras na Universidade Estadual de Maringá, Apenas digo, em 1984 já Leonel Borrela tinha aprofundado
de ego bem conhecidas, admitir que um artista e historia- Brasil. Aliás, o plágio foi duplamente grave, visto que as fra- e cativado.
dor multifacetado, alheio aos circuitos académicos, de pro- ses de Leonel Borrela (assessorou e definiu o tema) citadas no 9 – Nos “Terras sem Sombra” (excelente festival, não é di-
fundo conhecimento empírico, de campo, do terreno, previa- trabalho original foram plagiadas, retirando a citação do pró- fícil elogiar e respeitar o mérito) quando faz introduções his-
mente à sua licenciatura, tenha demonstrado cultura e saber prio. Não há dúvidas, estivemos na reunião na Fbaup. tóricas aos monumentos e igrejas, tem tendência a mais um
incomuns. 4 – Coloca o romance de Margarida Rebelo Pinto, nada palimpsesto? Só põe na bibliografia se for estritamente obri-
Tendo partilhado cultura consigo, apenas tem uma contra, mas não coloca o romance internacionalmente co- gatório, como na igreja de Santa Maria. Recorda-se dos traba-
única linha na referência bibliográfica do seu livro “Cartas nhecido “Mariana” de Katherine Vaz, escritora luso-ameri- lhos que fez com Ricardo Pereira em 96 e 98, onde a única bi-
Portuguesas Sor Mariana Alcoforado (Atribuídas)”, editado cana. Sabe que a autora esteve em Beja, reconhecendo a as- bliografia é de Leonel Borrela e Túlio Espanca.
agora em Espanha. Já o li e revi, muito há a dizer e, não só, so- sessoria fundamental de Leonel Borrela, incluindo uma Resumindo, a simples investigação arcaica, pouco cien-
bre Leonel Borrela. Defenderei outros nomes incontornáveis. gravura temática do mesmo na ilustração da capa do livro. tífica, de colocar “Leonel Borrela” no Google, ramifica para
Vamos a factos: Refere Abelardo e Heloísa. Conhece o trabalho “Escrita ín- Mariana Alcoforado e a sua obra. São indissociáveis. Poder-
1 - O livro “Cartas de Soror Mariana Alcoforado antecedi- tima na clausura: Abelardo, Heloísa e Mariana Alcoforado me-á dizer ‘qui pro quo’ pessoal. Respondo-lhe de antemão,
das Das Lettres Portugaises e Mariana Alcoforado” de Leonel - Epistolografia e Autobiografia” da Dra. Patrícia Tavares de não se misturam com os profissionais e, muito menos, com
Borrela foi reeditado em 2019 no âmbito do congresso, com Azevedo? os históricos, factuais e documentais.
correções e acréscimos que o autor “deixou” em vida. Apenas 5 – Nunca cita ou refere a sua obra única da página 13 até Muitos com quem partilhou (“deu” de “mão beijada”)
refere 2007. Omissão consciente? E os, mais de 200, artigos à página 81, da sua “Introducción Y Notas”; um parágrafo que todo o seu conhecimento, diria de forma ingénua, defrau-
culturais “Iconografia Pacense”, publicados no “Diário do seja, nem nas suas entrevistas, nunca. Nem refere que houve daram-no. Porquê? Porque apropriavam-se, não citando no
Alentejo”, alguns sobre as Cartas, quer fazer-lhes um palimp- um Congresso Internacional em Beja, com uma nova retro- corpo textual a sua assessoria, remetendo para uma linha
sesto? Um deles a explicar a estória do poema de Fernando versão das Cartas publicada em 2020. M.ª Jesús Fernández perdida na bibliografia ou para um agradecimento perdido
Pessoa sobre Mariana, transcrito no seu livro com erros. refere traduzi-las a partir de uma tradução sua, onde está pu- em palavras e apertos de mão. O correto e justo, meus caros,
Ilustrações? Exposições? Palestras? Colóquios? Conferências? blicada? Mas não só, conhece Luís Cardim? (nem na biblio- era constar obrigatoriamente na ficha técnica dos inúmeros
2 – Falemos de exposições. Na sua bibliografia faz questão grafia); se fala de Green e Gonçalves Rodrigues, defensores de trabalhos o seguinte: “Assessoria e Revisão: Leonel Borrela”.
de referir que foi diretor da exposição “Por detrás das Grades”, Guilleragues, não fala da defesa mariânica de Luís Cardim, A sua humildade não o impelia nesta exigência, eis a pura in-
em 2002, nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões porquê? Apenas uma frase para António Belard da Fonseca, genuidade para circuitos académicos: deixar o conhecimento
e das Comunidades Portuguesas. Certo e correto, foi diretor. enfim. ao livre-arbítrio do autor assessorado.
Quem organizou a exposição na temática das Cartas, quem 6 – Fala de Freud três vezes, por analogia óbvia, claro, mas O ‘post mortem’ da pessoa tem sido o ‘post mortem’ das
apresentou ao Presidente da República Dr. Jorge Sampaio a e o Dr. Asdrúbal d’Aguiar e o seu “Masochismo Psychico” referências e citações da obra única que perdura, e que alguns
mesma? A arte sacra e, muito bem, ficou a seu cargo, mas a (nem na bibliografia). Cita a análise psicológica no trabalho insistem em não valorizar. Fazendo-o, desrespeitam-se a si
Mariana Alcoforado ficou a cargo de Leonel Borrela, como de Mónica Alexandra Santos, de 2006, e veja lá quem aparece mesmos como pessoas, como historiadores e como Homens
bem sabe e como muitos presentes “in loco” sabem. Mais, nos agradecimentos? da cultura. Desrespeitam a História. Apelo à memória cole-
a exposição intitulou-se “Do outro lado da Grade Soror 7 – Quando fala do contexto de Beja e a linha defensiva tiva, dos nichos culturais, das gentes de Beja, do Alentejo, de
Mariana Alcoforado e as Cartas Portuguesas”. Portanto, não do Guadiana, não seria interessante uma nota sobre o traba- Portugal e suas entidades oficiais da cultura, para que esteja
a coloca na bibliografia de Leonel Borrela porque…ainda diz lho original dos Fortins do Guadiana, de Leonel Borrela. As atenta a estas amnésias de défice cognitivo, humano e histó-
numa entrevista promocional (23/04/21) o seguinte: “…orga- pontes e ramificações continuam nas várias áreas, mas pa- rico. Até porque fazer um palimpsesto de obras holísticas pa-
nizei uma exposição em Beja sobre as Cartas…”. Memória se- rece que só publicou um livro em 2007? E as peças de teatro rece-me muito consciente, como escreveu Fernando Pessoa,
letiva do “eu”; não será, “organizámos”? Leonel Borrela pre- internacionais de Lisa Forrel e Myriam Cyr? E a conferência “a memória é o consciente inserido no tempo”.
fere referir no seu livro (página 74) a palavra “colaborámos”. no Museu Nacional de Arqueologia? E o colóquio com Maria Leonel Borrela escreveu que “o prelo não podia, nem pode
3 – O trabalho de mestrado de Marina da Silva Mota de Teresa Horta? E as…, basta! parar. O leitor exige”. Eu diria, exige-se respeito! Nota: consul-
2015 pela Faculdade de Belas Artes do Porto (Fbaup), que re- 8 – Na dita entrevista de 23/04/21: “José António Falcão tar por favor no digital o documento na íntegra e adenda com
fere na bibliografia, foi anulado por plágio identificado no que, desde 1984, se interessa…De início, confesso, duvidei da reparos e apontamentos históricos.
congresso. A Dra. Regina Silvestrini foi a autora do traba- consistência histórica da narrativa, achei-a uma excecional Com conhecimento da Direção Regional de Cultura do
lho original e pioneiro, intitulado “Da paixão ao abandono: ficção literária…Ao aprofundar esta hipótese, apercebi-me Alentejo, ICOM Portugal e Ministério da Cultura.
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 15

Ligação Beja-Sines. HÁ 50 ANOS


Será desta? CARLOS LOPES PEREIRA

1
LUÍS PITA AMEIXA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FERREIRA DO ALENTEJO

No dia 17 de maio, o primeiro-ministro de- primeira ordem, que estão definidas, mas há uma
clarou publicamente que a principal obra parte do mesmo que foi classificada como autoestrada
da componente rodoviária do Plano de – é a A26, entre Beja e Sines. Esta autoestrada já tem
Recuperação e Resiliência (PRR) irá ser “… dois troços construídos e em serviço: um entre Sines e
aquela que liga de Beja até Sines…”. Santiago do Cacém (no lugar de Relvas Verdes), e, ou-
O PRR contém um conjunto de refor- tro, entre o nó da A2 de Grândola Sul e Malhada Velha,
mas e de investimentos que pretendem ala- no concelho de Ferreira do Alentejo.
vancar a retoma, pós covid-19, sendo enquadrado no Para completar a autoestrada falta construir ou-
âmbito da União Europeia, com uma dotação de, apro- tros dois troços: entre Relvas Verdes e o nó da A2 de
ximadamente, 14 mil milhões de euros, a aplicar até Grândola Sul, e, entre Malhada Velha e Beja.
2026. O primeiro é o eixo litoral-interior, acima referido,
Nestes dias, enviei um documento fundamentado que deveria avançar pelo PRR, concluindo-se até 2026,
ao Governo, aos deputados do distrito, à Comunidade e o segundo deve avançar no quadro de financiamento
Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal) e à comunitário até 2030.
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Entretanto, como as estradas nacionais da rede co-
Regional do Alentejo, reclamando a clarificação sobre mum estão em mau estado, e, claro, continuarão sem-
que obra é essa. pre a existir, irão, já, avançar obras de requalificação
A dúvida resulta da equívoca formulação dos tex- das mesmas.
tos, de declarações diversas, e dos vários documentos
que enformam o PRR, nomeadamente, além do pró- “Está em causa apostar na ligação
prio PRR, o Plano Rodoviário Nacional (PRN) e o Plano
Nacional de Investimentos (PNI) 2030. litoral-interior, e na sinergia entre o porto
Uma parte dessa obra, constante do PRR, é, nele, ex- marítimo e a zona logística e industrial de
pressa assim: “IP8 (A26). Aumento de capacidade na li- Sines com o aeroporto de Beja e a zona
gação entre Sines e a A2”. (cit. página 77)
Designadamente, o PRN aponta essa ligação como agrícola e agroindustrial de Alqueva,
o IP8/A26, constituído por um troço, de 37 quilóme- ou, opostamente, mais uma vez, apostar
tros, entre as proximidades de Santiago do Cacém e o na velha pecha do eixo litoral-litoral!”
nó de Grândola Sul da A2, nas proximidades de Santa A GLORIOSA CANÇONETISTA
Margarida do Sado. (figura 1) Neste contexto, a Câmara Municipal de Ferreira do E UM JORNAL “DIREITINHO”
Já o PNI 2030 aponta essa ligação, de Sines à A2, ao Alentejo, que mantinha um diferendo com o Estado, de-
nó de Grândola Norte. (figura 2) senvolveu um processo negocial que, além de outras in-
Esta alternativa tem a maior importância estra- tervenções, estabeleceu as bases e o calendário dessa re- O “Diário do Alentejo”, na edição de 1 de junho de 1971,
tégica para o território e para a economia regional e qualificação, e que se traduz no seguinte: noticiava na primeira página que “A gloriosa cançonetista
nacional. - Requalificação da estrada nacional 259, entre Santa Tonicha tomará parte nos festivais de Split e Atenas”.
Está em causa apostar na ligação litoral-interior, e Margarida do Sado e Ferreira, incluindo variante, esta já Pormenorizava: “No auge da sua brilhante carreira artística,
na sinergia entre o porto marítimo e a zona logística em tipo de autoestrada, a Figueira dos Cavaleiros; com elevada craveira internacional, a simpática cançonetista
e industrial de Sines com o aeroporto de Beja e a zona - Requalificação da estrada nacional 121, en- bejense Tonicha é uma das grandes vedetas internacionais
agrícola e agroindustrial de Alqueva, ou, opostamente, tre Ferreira e o limite do concelho, em direção a Beja. integradas nos festivais de Split (de 27 do corrente a 3
mais uma vez, apostar na velha pecha do eixo litoral- Evidentemente, o Estado, desenvolveu este processo de Julho) e de Atenas (de 5 a 14 de Julho). Na Jugoslávia,
-litoral! Em que ficamos? Esta pergunta carece de uma para todo o troço Ferreira-Beja, incluindo uma variante Tonicha interpretará ‘Rosa de Barro’ (música e letra de
resposta de “quem de direito”. a Beringel. Fernando Guerra e orquestração de Thilo Krassman). Na
2. Fora isso, o ponto da situação é o seguinte. Foram já lançados os concursos públicos para serem Grécia, a notável cançonetista bejense, lídima representante
O itinerário principal 8 (IP8) está legal- feitos os projetos técnicos, e, concluídos estes, serão lan- nacional, cantará ‘Poema pena’, de Nuno Nazaré Fernandes e
mente estabelecido no PRN (decreto-lei n.º çadas as empreitadas das obras, o que deverá aconte- Nuno dos Santos, com orquestração de Augusto Algeró.
222/98-17/7), com o traçado “Sines-Santiago do cer ainda em 2021, com as obras, no terreno, a iniciarem O nome de Beja, tão divulgado já pela simpática artista, uma
Cacém-Ferreira-Beja-Serpa-Ficalho”. em 2022, as quais deverão, também, ser suportadas pelo vez mais vai ser espalhado em terras estrangeiras!”
Todo ele terá de ter as características de via de PRR. Havia mais informações regionais – “A Torre de Portel vai
possuir um moderno relógio eléctrico” e “Concurso de vasos
floridos, de ruas engalanadas e exposição de artesanato em
Peroguarda” – e uma gravura do Convento da Conceição,
de Beja. E notícias de Moçambique, Angola e São Tomé e
Príncipe, evidenciando a simpatia com que o vespertino
bejense acolhia, nesse período, a política colonial da
ditadura.
O grande destaque da edição ia para o 39.º aniversário do
jornal: um longo artigo do diretor, ilustrado com fotos dos
fundadores Manuel António Engana (cuja família era então a
proprietária do título) e Carlos Marques.
No seu texto, Valentim Alferes filosofava sobre as
dificuldades do jornal e considerava que “Nesta hora,
neste momento em que o Alentejo e o País necessitam de
adquirir consciência em relação aos problemas que nos
pertencem, nesta hora em que fazemos o balanço das nossas
fadigas e privações, o ‘Diário do Alentejo’, seguindo a rota
traçada por onde sempre caminhou direitinho, com isenção,
Figura 1 Plano Rodoviário Nacional Figura 2 Plano Nacional de Investimentos 2030 independência e equilíbrio – princípios que hoje são a honra
da sua virtude – pode orgulhar-se do dever cumprido”.

Estatuto editorial do “Diário do Alentejo” 2.  O “Diário do Alentejo” é um jornal semanário independente através de um trabalho eficaz, criativo e interativo, com o objetivo 5.  O “Diário do Alentejo” considera que os factos e as opiniões
cuja linha editorial é submetida a critérios de total rigor e de bem informar e esclarecer um público plural. devem ser separadas com evidência: os primeiros são intocáveis
1.  O “Diário do Alentejo” é um jornal semanário regionalista, de seriedade, recusando quaisquer influências ideológicas ou dos 4.  O “Diário do Alentejo” não estabelece quaisquer hierarquias e as segundas são livres.
informação geral, que pretende através do texto e da imagem dar poderes político, económico e religioso. para as notícias e pretende contribuir para o debate e a reflexão 6.  O “Diário do Alentejo” determina como únicos limites para
cobertura aos acontecimentos mais relevantes da região, e que sem se 3.  O “Diário do Alentejo” produz um jornalismo transparente, sobre as grandes questões da região e do País, pelo que cria a sua intervenção aqueles que são determinados pela lei, pela
remeter a posições de neutralidade proporciona espaço ao pluralismo abrangendo os mais variados campos da sociedade portuguesa espaços apropriados para expressão de opiniões e não estabelece deontologia jornalística e ética profissional e por tudo aquilo que
político e de ideias, e aos valores da democracia e da liberdade. em geral e da alentejana em particular, com exigência e qualidade, barreiras a qualquer corrente de comunicação. diga respeito à vida privada de todos os cidadãos.
ANIVERSÁRIO
16 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

89 anos do “Diário do Alentejo”


O “DA” completa, no próximo dia 1 de junho, 89 anos de vida. Recordamos alguns dos momentos
marcantes da história do Baixo Alentejo, e do país, através de primeiras páginas do nosso jornal
FIM DA II GUERRA MUNDIAL
8 de maio de 1945

NA HORA DA PAZ
A imprensa de todo o mundo, as estações de rádio, as agên-
cias de informação, as vozes de toda a Terra, anunciam e re-
petem a radiante notícia: está feita a paz! O cessar da luta foi
talvez o facto mais ardentemente desejado pela Humanidade
inteira, porque ele significa, porventura, o repouso indispen-
sável e necessário á alma humana, exausta de dores acumula-
das! Dir-se-ia que seria o alvorecer risonho de uma linda ma-
nhã soalheira, depois de longos dias tormentosos e turvos! Para
os que participaram na luta, como para aqueles que dela ape-
nas sentiram o amargo reflexo, o toque de cessar-fogo entra-
ria nos espíritos com as notas claras e risonhas de um cântico
de exclamação.

10 de maio de 1945

RECOLHIMENTO
Aqui, no coração do Alentejo, é quase em silêncio que os homens
sentem as suas alegrias, como é em silêncio que sentem os seus
sofrimentos, mesmo quando aquelas são as maiores e estes os
mais dolorosos. As sensações guardadas no mais íntimo do seu
ser não se traduzem em manifestações entusiásticas. Mas nem
por isso deixam de ser menos sinceras nem menos fundas.
Vêm estas palavras a propósito da serenidade com que a notí-
A FUNDAÇÃO cia do fim da Guerra foi recebida em toda a nossa província. REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
DO “DIÁRIO DO ALENTEJO” Enquanto nas outras regiões do país se organizaram gran-
des manifestações, no Baixo Alentejo a alegria e o entusiasmo 26 de abril de 1974
1 de junho de 1932 que todos sentiram ao ter-se a confirmação de que a luz vol-
tava a brilhar na Europa, não provocaram nenhuma dessas FORÇAS ARMADAS DERRUBARAM
REPAROS manifestações. GOVERNO DE MARCELO CAETANO
Um grupo de alentejanos devotadamente amigos da terra que À inteligência e à sensibilidade do nosso povo vão escapou
lhe foi berço, vinham desde longa data acalentando a ideia de nem a importância nem o amplo significado do acontecimento. Nos seus quase 43 anos de publicação esta é a primeira edição
lançar um jornal dotado dos meios de ação necessários para Pelo contrário, ele emocionou e alegrou grandemente. Mas jus- livre do “Diário do Alentejo”, nela se escrevendo sem quaisquer
atingir um ideal que os tentava: animar e pôr em marcha um tamente por isso é que foi vivido intimamente, tranquilamente, preocupações da interferência da censura à Imprensa ou dos seus
movimento, consciente, com o supremo objetivo de promover e quase religiosamente. interessados e mais ou menos encapotados influenciadores.
progresso, o prestígio e a fortuna da Província onde nasceram. Só por isso, ao redigirmos esta nota, não podemos fur-
Um conjunto, ocasional, de circunstâncias felizes, deu tar-nos àquela profunda e emocionada alegria que sempre
margem a que o projeto que, há muito vinha aguardando se sente quando, após um longo e doloroso cativeiro, pode-
um ensejo lisonjeiro para ser levado à prática, encontrasse a mos, certo dia, respirar fundo e aspirar aos caminhos be-
sua hora neste alvorecer do estio, em que através da planície los e operantes da liberdade de pensamento e de expressão.
alentejana os trigais amadurecem ao sol…
Os homens que conceberam e agora realizam o plano da
criação de um órgão que se propõe ser porta-voz na imprensa ADESÃO ENTUSIÁSTICA DA
das justas aspirações, coletivas, que, debalde, algumas boas POPULAÇÃO DO PAÍS
vontades, dispersas, não têm lucrado até hoje, efetivar.
Em Beja, durante o dia de ontem, o quartel de Infantaria 3, o
quartel da GNR, a esquadra da PSP e a sede da Direção-Geral
NA HORA DA LARGADA de Segurança apresentaram, exteriormente, aspeto normal.
No tocante a benefícios, melhoramentos, progressos, por Sabe-se, no entanto, que, cerca das 9 horas, saíram do quartel
via dos poderes públicos, entre as restantes províncias do de Infantaria 3 nove viaturas conduzindo tropas que parece se
país, o Alentejo é terra de ninguém… reuniram aos revoltosos, em Lisboa ou na região de Évora. Esse
… Porque a nossa posição de intérmina planície aquém do contingente seria comandado pelo major Ventura Lopes (…)
Tejo, em verdade, presta-se, até certo ponto, a confusões la- Em Beja, as primeiras notícias do movimento revolucioná-
mentáveis, de natureza geográfica, para os não iniciados, e rio foram recebidas com grande entusiasmo, que se foi avolu-
sabe-se de sobejo, que o velho Terreiro do paço não é, positi- mando à medida que se criava a convicção de que o Governo de
vamente, um portento em corografia… Marcelo Caetano seria vencido. A chegada, ontem à tarde, das
E nós, fartos de sabermos que vimos, de eras remotas, edições dos jornais vespertinos, com notícias que confirmam
sendo esquecidos, votados a um injusto abandono que en- essa ideia, provocou, na “baixa”, grande afluência de público e
volve, quando Deus quer, uma continua, irritante, de im- deu azo a manifestações de regozijo.
pertinente desdém, deveríamos, há muito, ter adotado os
progressos clássicos e correntios, como que os lembrados se
impõem, reclamam e conquistam os seus lugares ao sol.
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 17

PRIMEIRAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS


13 de dezembro de 1976

O ALENTEJO VOTOU PELA LIBERDADE


Conscientes do papel fundamental a desempenhar pelos ór-
gãos autárquicos “na resolução dos problemas locais que,
cada vez mais (conforme acentuou o titular da pasta da
Administração Interna na alocução da véspera ao País), hão
de ser obra das respetivas populações e dos seus represen-
tantes, numa visão descentralizada que aproxima gradual-
mente os centros de decisão dos principais interessados”, o
povo alentejano afluiu ontem às urnas para escolher as câ-
maras municipais, as assembleias municipais e as assem-
bleias de freguesia.
(…) Os homens do Alentejo, que sentiram bem, ao longo
das quase cinco décadas de ditadura, o peso da opressão
fascista, nas formas mais odiosas e cruéis de que se revestiu,
não negaram a “participação direta” nas eleições para as au-
tarquias locais, tal como em anteriores sufrágios em liber-
dade havia acontecido.
E fê-lo com serenidade, com confiança, em respeito com-
pleto pela democracia – fê-lo num desmentido inequívoco
a quantos, com propósitos desonestos mas detetáveis à pri-
meira análise, têm lançado (continuam a lançar) uma cam-
panha caluniosa contra o Alentejo, intentando convencer
os menos corretamente informados de que se vive aqui um
clima de desordem, de anarquia, e que os alentejanos que-
REFORMA AGRÁRIA rem ser livres, com menosprezo do princípio democratica- INAUGURAÇÃO
mente consagrado de que a nossa liberdade esbarra onde a DA BARRAGEM DE ALQUEVA
10 de abril de 1975 liberdade dos outros começa.
O povo transtagano esteve à boca das urnas a decidir 8 de fevereiro de 2002
PCP (BEJA) A TRABALHADORES: quais os camaradas, companheiros e amigos que, a partir
REFORMA AGRÁRIA ESTÁ À VISTA. de agora, tomarão em mãos os destinos da comunidade. ALQUEVA, ENFIM. COMPORTAS
AVANÇO DAS LUTAS É IMPARÁVEL FECHAM HOJE
“Está à vista a mais antiga aspiração de todo o povo campo- ELEIÇÕES DE ONTEM PARA AS Pensado pelo menos desde há 50 anos, o Empreendimento
nês: a reforma agrária” – assinala um comunicado da co- AUTARQUIAS LOCAIS. CÂMARAS de Fins Múltiplos de Alqueva vive hoje um marco da
missão distrital de Beja do Partido Comunista Português DO DISTRITO DE BEJA PARA sua atribulada história. O primeiro-ministro, António
sobre a concentração de trabalhadores agrícolas alenteja- Guterres, preside à cerimónia do fecho das comportas
nos marcada para o próximo domingo, dia 13, nesta cidade, FEPU (9), PS (4) E PSD (1) que permitirá o enchimento da albufeira. Iniciadas as
conforme temos vindo a noticiar. A população do distrito de Beja, num claro desmentido a obras em 1995 – nos últimos dias do Governo de Cavaco
“O avanço das lutas dos trabalhadores rurais no Alentejo afirmações feitas em discursos proferidos no decurso da Silva, era então responsável da pasta do Ambiente Teresa
é imparável” – escreve-se. campanha eleitoral por credenciados elementos de alguns Gouveia –, avançaram definitivamente logo após a che-
“Está à vista a mais antiga aspiração de todo o povo cam- partidos, segundo os quais a democracia e a liberdade ainda gada ao poder de António Guterres. Com avanços e recuos,
ponês – a Reforma Agrária. Por ela e com os trabalhadores não chegaram ao Alentejo, exerceu o direito de voto com o o projeto foi durante muitos anos uma reivindicação dos
alentejanos se bateu o PCP em toda a sua já longa e gloriosa maior civismo, não se registando quaisquer incidentes ou alentejanos, que veem em Alqueva a esperança do desen-
história (…) A luta do operariado rural alentejano é a luta anomalias perturbadores do ato. volvimento da região e do País.
do nosso Partido, daí que surja, naturalmente, o presidente
do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas de Beja, o cama-
rada Manuel Godinho Tagarroso, como um dos candidatos GARANTIA DE ÁGUA A BEJA E ÉVORA
do PCP às eleições para a Assembleia Constituinte. A Barragem de Alqueva, com enchimento à cota máxima
E se a reforma Agrária pela entrega da terra a quem a tra- (152), contribuirá para regularizar o abastecimento pú-
balha e pela melhoria das condições de vida nos meios ru- blico de água nos distritos de Évora e Beja, revelou Adérito
rais está mais do que nunca na ordem do dia, e se terá de ser Serrão, presidente da empresa responsável pela construção
obra de todos os camponeses, não é por acaso que já se ouve da albufeira. De acordo com o presidente da EDIA, depois
chamar ao nosso Partido o Partido da Reforma Agrária. de concluídas as obras em curso até 2006 o reforço da atual
A concentração que está marcada para o próximo dia 13, capacidade de distribuição de água será assegurado, sem
domingo, ás 15:00 horas, no Largo das Piscinas, em Beja, quebras, a partir de Alqueva, mesmo em casos de três anos
será mais uma jornada de vitalidade, de querer e de cons- consecutivos de seca.
ciência política dos trabalhadores agrícolas”. Alqueva funcionará como reservatório principal do sis-
tema (‘mãe d’água’), alimentando outras barragens e es-
15 de abril de 1975 tações elevatórias. ‘A partir da barragem de Alvito, a água
poderá ser distribuída por sistemas municipais e intermu-
EXPROPRIAÇÃO DO LATIFÚNDIO nicipais do Baixo Alentejo. No distrito de Évora, a estabili-
(SEM QUALQUER INDEMNIZAÇÃO) zação dos níveis da albufeira do Monte Novo poderá ser feita
– PEDEM RURAIS ALENTEJANOS através da estação elevatória dos Álamos e da Barragem do
Loureiro, depois de 2006’, explicou.
A expropriação imediata dos grandes latifúndios sem qual-
quer indemnização foi defendida pelos cerca de 20 mil traba-
lhadores rurais que se concentraram em Beja (em manifesta-
ção promovida pelo respetivo Sindicato dos Trabalhadores
Agrícolas) com o objetivo de exigirem a realização da reforma
agrária que entregue a terra a quem a trabalha, acabe com o de-
semprego, a fome e a exploração nos campos e possibilite, si-
multaneamente, o aumento de produção ao serviço do povo.
18 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

CANTE PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE

SUSA MONTEIRO
Estação Imagem
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Com o número de infetados a aumentar no Alentejo, Filomena Araújo reconhece carência de profissionais de saúde
divulga prémios
no sábado em Mora Delegada de saúde pública diz que “temos
Fábrica do Grupo O sonho que mora em Mora
Suplemento especial nesta edição
28 de novembro de 2014 de nos organizar para aquilo que pode vir”
AGORA CANTE
Amorim para do cemitério de cortiça

I
floresta pela grandeza
magina-se a imensidão da todo. E as cascas
tranformação imensidão é o Alentejo. O Alentejo
que a fotografia mostra. Essa

Despovoamento tem ajudado região a proteger-se da covid-19. Envelhecimento é preocupação acrescida


uma elegia e não
de cortiça, pós-apocalíptico são, afinal,
do sobreiro que formam o cenário indicar. E é exatamente aí, nesse preciso cru-
em Ponte de Sôr. a catástrofe que a imagem parece
querer
documental deste
que reside não apenas a grandeza
A cortiça representa 2,1% zamento entre o real e a sensação, existência quase poética ou irreal do próprio pro-
a
trabalho fotográfico, mas também

| 4/5
das exportações portuguesas.
jeto Estação Imagem. de grande pres-
isto exista. Que exista um prémio
Não é fácil acreditar que tudo prémio seja idónea
português. Que o júri desse
tígio consagrado ao fotojornalismo a esse prémio cor-
Que as imagens apresentadas
e internacionalmente reconhecido. e concorridas exposições. E que ainda sobre es-
ram o país de lés-a-lés em sucessivas como esta que João Carvalho Pina recebeu em
criação,
paço para promover bolsas de E que tudo isto acon-
sumariamente neste caderno.
2010 e cujo resultado mostramos
teça no Alentejo. local do interior po-
isto exista. Que uma autarquia
Não é fácil acreditar que tudo desprezo que tem pelo
costuma ter pela cultura o mesmo que se tenha asso-
bre de Portugal, um país que E
tenha abraçado este projeto.
mérito e pelo empreendedorismo, ou visionários tiveram
uma dúzia e meia de entusiastas
ciado a esta ideia pioneira que
de Mora.
para a antiga estação ferroviária os vencedores da segunda edição
do prémio
Em vésperas de serem conhecidos de se associar a este
do Alentejo” não quis deixar
Estação Imagem|Mora, o “Diário fotográfico português. Este ano
participaram
momento incontornável do jornalismonum total de quase cinco mil fotografias. Não é
164 fotógrafos, com 462 reportagens, Mora, onde ainda mora o sonho.
Em
fácil acreditar que tudo isto exista. Paulo Barriga

SEXTA-FEIRA, 15 ABRIL 2011 | Director: Paulo Barriga


Ano LXXIX, Nº 1512 (II Série) | Preço: € 0,90
Eram precisamente 11 horas e 17 minutos em Paris Semanário
Sexta-feira
27 MARÇO 2020
Diretor: Luís Godinho

(menos uma em Portugal) quando o presidente da nona


Regionalista
AnoLXXXVIII, N.º 1979 (IISérie)
Independente Preço: € 1,00
Maioria dos ginecologistas e obstetras são objetores de consciência
sessão do comité intergovernamental de salvaguarda
Hospital de Beja não faz abortos do património cultural imaterial da Unesco bateu com
Restrições às exportações
e redução de consumo
preocupam agricultores | 7
O Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, en- realizadas naquela unidade de saúde 287 abortos despesas inerentes à interrupção a cargo do hos-
caminha para uma clínica privada de Lisboa as
utentes que solicitam interrupções voluntárias da
gravidez. Entre janeiro e setembro de 2010 foram
a pedido das mulheres interessadas. Mas desde
outubro do ano passado que as utentes passaram
a ser encaminhadas para a capital, com todas as
pital bejense. Só nos últimos três meses de 2010,
foram assistidas em Lisboa 44 utentes da Unidade
Local de Saúde do Baixo Alentejo. pág. 7
o martelo na mesa. O cante alentejano já está inscrito Lundin Mining suspende
obras de 260 milhões
na lista patrimonial da Humanidade. em Neves-Corvo | 5
JOSÉ SERRANO

A grande verdade é que, excetuando a referência ho-


rária, o parágrafo atrás já estava escrito antes do anún-
cio. Por precaução. Já imaginava que me faltariam as
palavras para descrever o que hoje se passou na sala
grande da Unesco, em Paris. E elas ainda me faltam, tal
a emoção, a desordem, a comoção que ainda agora me
assalta.
Para tanto, bastou apenas uma palavrinha, “ado-
tado”. Foi adotado o projeto de decisão 9.COM 10.35.

alarme
Aquele que mostrou ao mundo a grandeza, a beleza, a
perenidade do cante alentejano. Aquele jeito de cantar
Vamos a la Praia Largou na quarta-feira passada,
rumo à cidade da Praia, Cabo
Verde, o primeiro voo civil a par-
que o mundo inteiro aplaudiu de pé na sala das nações
Os medos e anseios
de médicos e enfermeiros
na linha da frente
Trapalhada nas Medalhas
de Mérito Municipal
Amanhã
é Dia Mundial da Voz
tir do novo aeroporto de Beja.
Embora se tenha tratado de uma
iniciativa pontual, promovida
Congresso Alentejo:
Património do Tempo da Unesco. E depois, as palavras. Primeiro as do presi- no combate
à pandemia covid-19 | 8/9

O município de Beja não vai atribuir as


Medalhas de Mérito Municipal, no que às
Dez a 20 por cento da população portu-
guesa sofrem ou já sofreram de alguma
pelo município de Ferreira do
Alentejo, e não de uma carreira
inaugural, o acontecimento aca-
Primeiro congresso internacional de
turismo junta 600 conferencistas em
dente da sessão, “uma candidatura exemplar”. Depois
da embaixatriz do Brasil em Paris, que se associou
personalidades diz respeito. A lista apre- alteração vocal capaz de comprometer a bou por contar com a presença Portalegre, entre hoje e amanhã. Segundo
sentada pelo executivo foi recusada em eficácia comunicativa. No Dia Mundial da do ministro das Obras Públicas. a Entidade Regional de Turismo, trata-se
bloco pela CDU que apenas votou favo- Voz, escutámos as afinações vocais de di- Que anunciou o interesse no ae- do principal congresso de turismo que

com “alegria e emoção” ao reconhecimento dos canta-


ravelmente os nomes das instituições. A ferentes profissionais: um radialista, uma roporto de diferentes empresas este ano acontece em Portugal. Numa re-
título individual, três dos nomes apresen- professora, um ator, um cantor e um imi- ligadas aos sectores turístico e gião onde é urgente prolongar os horários
tados também não reuniram o consenso tador das vozes dos outros. E as preocupa- aeronáutico. pág. 5 de visita aos locais de interesse patrimo-
dos vereadores socialistas. pág. 12 ções de uma terapeuta da fala. pág. 3 nial e criar rotas temáticas. pág. 2

res alentejanos. E, por fim, as do embaixador Morais


Cabral que, em nome da comitiva portuguesa, agrade-
INAUGURAÇÃO ceu a inscrição do cante da lista do Património Cultural PANDEMIA
DO AEROPORTO DE BEJA Imaterial da Humanidade, ressalvando a importância
deste ato para a salvaguarda da mais emblemática e re- 27 de março de 2020
15 de abril de 2011 presentativa expressão cultural do Alentejo.
Mas o melhor ainda estava para vir. De repente, so- ALARME
VAMOS ‘A LA’ PRAIA bre o palco da Unesco, uma voz começa a levantar-se A densidade populacional e a demografia atrasaram a
O primeiro voo comercial de passageiros a partir do ae- sozinha, a de Carlos Arruda, logo acudida pelas restan- chegada da covid-19 à região, mas, como era “expectá-
roporto de Beja, com destino a Cabo Verde e com caráter tes 20 vozes do Grupo Coral e Etnográfico de Serpa. E vel”, os primeiros casos acabaram por aparecer. Primeiro
excecional, teve lugar na quarta-feira. Nesse mesmo dia a como é que hei de contar a beleza deste momento histó- em Évora, com cinco infetados. Depois em Almodôvar (o
ANA e cinco operadores dos setores turístico e aeronáu- rico sem me comover novamente? À minha frente, den- primeiro caso confirmado no distrito de Beja). Trata-se
tico assinaram acordos com o objetivo de potenciar o de- tro de uma grande nave-anfiteatro, está o mundo in- de um homem de 60 anos, emigrante em França, que re-
senvolvimento comercial e económico da infraestrutura, teiro, pasmado, a escutar os 21 homens que vieram de gressou recentemente ao município alentejano, estando
que ainda não está certificada e cuja entrada em funcio- Serpa cantar a moda “Alentejo, Alentejo”. A canção é agora de quarentena, em casa.
namento não tem data prevista. poderosa, já o sabemos, mas nesta circunstância parti- A frase da delegada de saúde pública do Alentejo,
A ANA – Aeroportos de Portugal e vários operadores cular parece que é arrancada bem lá das entranhas da Filomena Araújo, é assertiva: “Temos de nos organizar
dos setores turístico e aeronáutico assinaram na quarta- terra. Como se fosse um abalo, um terramoto de har- para aquilo que pode vir”. O inevitável aumento de doen-
-feira acordos que abrangem “operações de tráfego civil monia. De perfeição. Poderoso. Obra do divino. tes infetados na região irá colocar pressão sobre os ser-
de passageiros, manutenção de aeronaves, empreendi- viços de saúde, tanto mais que, recorda a responsável, o
mentos turísticos e carga aérea”. A cerimónia coincidiu Alentejo corresponde a um terço do País e tem carência
com a utilização do aeroporto de Beja pelo primeiro voo Comité Candidatura Cantadores de Serpa Processo “Diário do Alentejo” de profissionais, médicos e enfermeiros, identificadas
intergovernamental considerada “exemplar” subiram ao palco de candidatura estava acompanhou
comercial de passageiros entre Beja e Cabo Verde. Os da Unesco aprovou
cante alentejano
na cerimónia que
decorreu em Paris
da Unesco para cantar
“Alentejo, Alentejo”
a ser construído
desde 2011
os trabalhos em França
até à decisão final
desde há muito.
acordos, que envolvem as empresas Sunvil Discovery, A responsável pela área da saúde pública no Alentejo
Tui Holanda, Aeromec – Mecânica de Aeronaves, Grupo explica que desde janeiro todos os casos suspeitos esta-
Vila Vita – Herdade dos Grous e Grupo Urbanos, repre- vam a ser monitorizados em “vigilância ativa”, sendo
JOSÉ SERRANO

SEXTA-FEIRA, 28 NOVEMBRO 2014 | Diretor: Paulo Barriga

sentam, segundo os responsáveis, “o primeiro passo do inevitável o aparecimento de casos positivos uma vez que
Ano LXXXIII, N.o 1701 (II Série) | Preço: € 0,90

Agora Cante
retorno do investimento público efetuado na referida a região não se encontra “numa redoma”, apesar de ter
infraestrutura”. sido “poupada” nas primeiras semanas deste surto epi-
No decorrer da cerimónia, o ministro das Obras démico em Portugal.
Património Imaterial da Humanidade
Públicas, Transportes e Comunicações, António Filomena Araújo garante que “todos os casos suspei-
Mendonça, dando como exemplo as cinco entidades que tos são avaliados” e pediu à população para não entrar
“acreditaram na região e no aeroporto”, apelou ao in- em pânico ao mínimo sintoma porque essa atitude leva a
vestimento privado e à conjugação de esforços para que “gastar testes que não existem”.
a nova infraestrutura, que ainda não foi inaugurada, Na passada quarta-feira, em reposta a uma questão do
“possa ser aproveitada em todas as suas potencialidades” “Diário do Alentejo” sobre se o facto de a região ter uma
e em “conjunto com outras infraestruturas”. população muito envelhecida e se esse fator não acon-
António Mendonça disse acreditar que os vários pro- selharia a tomada de medidas tendo em conta essa rea-
jetos de desenvolvimento em curso “irão mudar radi- lidade na contenção e combate ao vírus, por ‘email’, a
calmente a região e criar oportunidades”. O presidente Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARSA)
do conselho de administração da ANA, Guilhermino respondeu que em conjunto “com as unidades de saúde
Rodrigues, por sua vez, deixou bem claro que tanto o pri- e em articulação com as entidades da região” estão a ser
meiro voo para Cabo Verde como os voos que se realiza- preparadas medidas para “responder às necessidades
rão entre maio e outubro, com destino a Londres, “res- de toda a sua população, adotando e adaptando a cada
peitam integralmente todos os requisitos de segurança caso as medidas consideradas necessárias ao evoluir do
nacionais”, apesar da infraestrutura ainda não estar doença, seguindo as orientações da Direção-geral da
01701
9 771646 923008

certificada. Saúde (DGS).


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DESPORTO
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 19

Três clubes disputam Torneio de Retoma, em futsal, da Associação de Futebol de Beja

O FOCO É A TAÇA NACIONAL


A Associação de Jovens de
Brinches, o Grupo Desportivo e
Cultural da Baronia e o Núcleo
Sportinguista de Moura são
os três clubes que estão a dis-
putar o chamado Torneio de
Retoma, em futsal. Uma destas
equipas será a representante
da Associação de Futebol de
Beja na Taça nacional.

TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO

O jogo entre a Associação


de Jovens de Brinches
e o Grupo Desportivo e
Cultural da Baronia marcou a ar-
ranque do designado Torneio de
Retoma, em futsal, prova organi-
zada pela Associação de Futebol
de Beja para apurar o seu repre-
sentante na Taça nacional. A par-
tida disputou-se no pavilhão mu-
nicipal do Parque Desportivo da
cidade de Serpa e terminou com o
triunfo do Baronia por 4-2.
“Dominámos o jogo do prin-
cípio ao fim”, comentou Miguel
Carvalho, treinador do Baronia,
segundo o qual a equipa adver-
sária acabou por fazer dois go-
los “quase fortuitos”, em resul-
tado de “erros” defensivos. “Acho fomos apanhados um bocadi- jogo amigável, com uma equipa já abdicou, independentemente
que o resultado de 4-2 peca por es- nho de surpresa, mas hoje vínha- que vamos convidar, e pensaremos dos resultados. Se ganharmos ao
casso porque tivemos muito mais mos mais preparados para essas na próxima época, porque, se ficar- Moura as coisas ficam resolvidas;
oportunidades para marcar, mas dificuldades”. mos com estes jogadores, e mais se o Moura vencer, teremos que ver
acho que a vitória encaixa bem na Os dois técnicos lamentam a três ou quatro reforços, ficaremos se assumem essa disposição, senão,
nossa equipa, por tudo o fizemos não realização do campeonato dis- com uma equipa muito forte”. estaremos cá para representar a
ao longo do jogo”. trital, do qual a Casa do Benfica De resto, adiantou ainda João Associação de Futebol de Beja”.
No lado contrário, João Miguel, Ambicionávamos de Castro Verde desistiu. Miguel Miguel, a freguesia “está muito Antes, daqui a oito dias,
treinador do Brinches, refere: disputar o campeonato Carvalho acrescenta: “Nós am- limitada em termos populacio- o Baronia receberá o Núcleo
“Esta competição surgiu um bicionávamos disputar o cam- nais, mas os jovens não estão vi- Sportinguista de Moura, no fecho
distrital, estivemos
pouco à pressa, fizemos apenas peonato distrital, estivemos pre- rados para isto, temos cinco atle- deste mini torneio a uma volta. “É
um treino e, mesmo assim, na se- preparados, em janeiro, parados, em janeiro, quando o tas da aldeia, os restantes são da o campeão em título, uma equipa
gunda parte, tivemos oportunida- quando o campeonato campeonato se deveria ter ini- região. É uma tarefa muito difícil, muito experiente, com atletas
des, pelo menos, para conseguir- ciado. Tínhamos a equipa na má- mas acredito que, quando o pú- que estão juntos há muitos anos.
se deveria ter iniciado.
mos chegar ao empate”. O técnico xima força. Com estas paragens, a blico regressar, o número de equi- Vamos tentar ganhar ao Moura,
considera, contudo, que esta foi Tínhamos a equipa na forma dos atletas acaba por ser afe- pas aumentará”. não temos conseguido isso ulti-
“uma luta desigual” entre as duas máxima força. Com tada, porque o tempo de paragem Já quanto ao objetivo de par- mamente, de há duas épocas a
equipas: “Eles competem há mui- foi muito longo e agora reflete-se ticipação na Taça Nacional é ta- esta parte, eles têm tido alguma
estas paragens, a
tos anos e nós iniciámos as com- um pouco no aspeto físico”. xativo: “Pelo que me disseram, hegemonia, têm sido jogos muito
petições no ano passado e com al- forma dos atletas acaba João Miguel está em linha com quem participará na Taça será o complicados, mas sempre muito
gumas dificuldades. Só podemos por ser afetada”. a mesma ideia: “Gostava que ti- Baronia, não sei porquê. Os jogos competitivos”, esclareceu Miguel
treinar duas noites por semana… vesse acontecido o campeonato, têm que se fazer mas, provavel- Carvalho. “Nós, este ano, intro-
gostava de fazer três treinos, por- MIGUEL CARVALHO TREINADOR DO BARONIA tínhamos a equipa melhor pre- mente, serão eles a ser indicados”. duzimos muitos elementos novos
que há processos que necessitam parada, com outra capacidade, e Miguel Carvalho confirma: na equipa, jogadores que eram da
de mais tempo, mas hoje tivemos neste momento notam-se algu- “Temos essa ambição. Fazemos forma formação, três ou quatro
azar. Já com o 4-2, vimos duas bo- mas dificuldades”. apenas dois jogos para decidir- ainda Sub/20, uma mescla de ex-
las bater nos postes”. A próxima jornada, a realizar mos essa qualificação para a Taça periência e juventude, mas mais
Já Miguel Carvalho fez ques- na noite de hoje, dia 28, em Moura, nacional, mas também não co- juventude, uma média de idades
tão, também, de sublinhar que oporá o Núcleo Sportinguista lo- nheço o regulamento dessa prova, dentro dos 23 anos, não fosse o ca-
o Baronia defrontou uma “uma cal à Associação de Jovens de não sei se alguma equipa tem con- pitão, que já tem 40 anos, a média
equipa muito aguerrida” e ex- Brinches, cujo técnico avalia o ad- dições para lá estar, é preciso ter seria baixíssima”, concluiu.
plica: “Já tínhamos feito um jogo versário, em declarações ao “DA”: treinadores qualificados, ter fisio- Logo à noite, teremos então
de treino com eles e também “Vamos jogar (hoje) com uma terapeutas, e nós, se calhar, sere- essa segunda partida do torneio,
foi muito disputado. A equipa equipa bastante forte… vi-os jogar mos a única equipa que reúne es- no Pavilhão Municipal de Moura,
de Brinches tem jogadores ex- no ano passado, é uma equipa bem ses requisitos. O Moura também entre o Núcleo Sportinguista
perientes e muito competitivos, trabalhada e o jogo será muito difí- tem essa ambição, mas não sei se e a Associação de Jovens de
fazem-nos correr e trabalhar cil para nós. Depois, acabamos esta irá conseguir, em tempo útil, reu- Brinches, com início marcado
muito a bola. No jogo de treino participação, faremos ainda um nir essas condições. O Brinches para as 21:00 horas.
20 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

Q
Inicia-se amanhã, dia 29, no concelho de Grândola, o I Grande Prémio de Ciclismo
Costa Alentejana, competição que se completará no domingo pelas estradas do
concelho de Alcácer do Sal. Trata-se de uma prova dirigida a ciclistas amadores,
elites e ‘masters’, com organização da Envolsport, apoio da Associação de Ciclismo
de Setúbal e das Câmaras de Grândola e Alcácer do Sal.

Taça Dinis Vital é uma prova organizada pela Associação de Futebol de Évora

UM JUSTO TRIBUTO...
O Gr upo De s por t i vo de
Monte do Trigo, o União de
Montemor, o Redondense e o
Alcaçovense são os líderes
dos quatro grupos na Taça
Dinis Vital, competição or-
ganizada pela Associação de
Futebol de Évora.

TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO

A uma jornada do final da


fase de grupos da com-
petição, estão por defi-
nir três dos quatro - o Lusitano
já garantiu o primeiro lugar no
Grupo C - vencedores de gru-
pos, desta etapa inicial da com-
petição com que a Associação de
Futebol de Évora homenageia o
antigo internacional Dinis Vital,
uma grande figura do futebol
nacional.
A fase de grupos tem sido dis-
putada a uma volta, por 19 clu-
bes divididos em quatro séries,
partindo-se, depois, para uma
segunda fase, em que se encon-
trarão os primeiros, segundos,
terceiros, quartos e quintos clas-
sificados de cada grupo. E assim
vai esta competição, em seniores
masculinos, no distrito de Évora DINIS VITAL e o Aguiar jogará em Estremoz, que recebem o Bencatelense, até Classificação: 1.º Monte Trigo,
onde, ao contrário de outras re- frente ao último classificado da possuem um melhor índice de 6 pontos. 2.º Fazendas Cortiço,
giões, os clubes não se abstive- Nascido em Grândola em 1932, série que, a par dos Oriolenses, golos (12/2 contra 9/2). 4. 3.º Arcoense, 3. 4.º Borbense,
ram de associar-se a este justo e Dinis Vital estreou-se no futebol não conquistaram qualquer O Lusitano e o Redondense 2. 5.º Vera Cruz, 1. Próxima
merecido tributo ao antigo guar- na época 1950/51, com as cores ponto. O Montemor e o Aguiar ainda não perderam, o Cabrela Jornada (30/5): Borbense-Ar-
dião Dinis Vital, um grando- do Clube Recreativo e Desportivo são as duas equipas ainda in- ainda não pontuou, mas é o coense; Fazendas Cortiço-Monte
lense que se radicou em Évora. Grandolense, de onde saiu para victas deste segundo grupo. O Santana do Campo que possui Trigo. Folga; Vera Cruz.
No Grupo A, atualmente lide- o Lusitano de Évora, emblema ataque dos montemorenses é o a defesa com maior número de Gr upo B: Un ião de
rado pelo Monte do Trigo, ponti- ao serviço do qual foi campeão mais realizador da prova, com golos sofridos (10). No domingo Montemor- Or iolenses, 3-2;
ficam também as formações do da II Divisão, mantendo-se, na 11 golos marcados, e, tal como defrontam-se o Cabrela e o Santa C a l ipolense-E st remoz , 2-1.
Fazendas de Cortiço, Borbense, defesa das suas balizas, durante os aguiarenses, cinco sofridos O do Campo e o Lusitano recebe o Folgou: Aguiar. Classificação:
e Vera Cruz. O conjunto de os 14 anos consecutivos que Estremoz tem o maior número Bencatelense. 1.º União de Montemor, 7. 2.º
Monte do Trigo, com vitórias os eborenses disputaram a I de golos sofridos (oito). Finalmente o Grupo D, ape- Aguiar, 4. 3.º Calipolense, 3.
nos dois jogos que disputou (0-2 Divisão Nacional. Como jogador, A próxima jornada faz o nas com quatro clubes, ao con- 4.º Oriolenses, 0. 5.º Estremoz,
em Vera Cruz e 2-0 ao Arcoense, ainda esteve ao serviço do Calipolense (Vila Viçosa), des- trário dos cinco dos restantes, é 0. Próxima Jornada (30/5):
em casa) é a única equipa do Vitória de Setúbal, Juventude de cer até Oriola e o segundo jogo disputado entre o Alcaçovense, Oriolenses-Calipolense;
grupo com o pleno de vitórias, Évora e União de Montemor. Na é esse, entre o Estremoz e o que lidera só com vitórias, pelo Estremoz-Aguiar. Folga: União
com quatro golos marcados e ne- função de treinador orientou o Aguiar, onde os visitantes, para Portel, segundo classificado, de Montemor.
nhum sofrido. Folgou na terceira Juventude, o Ginásio Alcobaça, conquistarem o primeiro lu- que possui o melhor ataque (6 Grupo C: Redondense-Ca-
jornada e, no próximo domingo, o Lusitano, o Farense, o Vasco da gar do grupo, terão que vencer golos) mas sofreu já uma der- brela, 6-0; Santana do Campo-
jogará no seu terreno, com o se- Gama de Sines, o Grandolense por mais do que cinco golos de rota (2-1 em Alcáçovas), pelo Lusitano de Évora, 0-9. Folgou:
gundo classificado, o Fazendas e voltou ao Lusitano. Dinis diferença. Escouralense e pelo Perolivense, Bencatelense. Classif icação:
de Cortiço. Vital morreu em Évora, com 82 Quanto ao Grupo C, formado duas formações que ainda não 1.º Redondense, 7 pontos.
Nesta série, a outra equipa anos, em setembro de 2014. pelo Redondense, Santana do pontuaram. 2.º Lusitano de Évora, 7. 3.º
que ainda não perdeu é o Campo, Bencatelense, Cabrela No fecho desta fase da Bencatelense, 1. 4.º Santana
Borbense, mas não foi além de e Lusita no Ginásio Clube, prova, o Portel desloca-se ao do Campo, 1. 5.º Cabrela,
dois empates (2-2 em casa, com que no plano distrital assume terreno do Escouralense e o 0. Próxima Jornada (30/5):
o Fazendas de Cortiço e 1-1 em tempo que jogarão o Borbense e a designação de Associação Alcaçovense receberá o em- Cabrela-Santana do Campo;
Vera Cruz, na foto). Monte do o Arcoense. Lusitano de Évora 1911, devido blema de Perolivas (do concelho Lusitano de Évora-Bencatelense.
Trigo e Fazendas do Cortiço são No Grupo B, o atual lí- aos conf litos com a Sociedade Reguengos de Monsaraz) que, Folga: Redondense.
as equipas com maior número der é o União Sport Clube, de Anónima Desportiva que gere na última jornada, não se apre- Grupo D: Alcaçovense-Portel,
de golos marcados (4). O Vera Montemor-o-Novo que, des- o futebol profissional. E é este sentou em campo para receber o 2-1; Perolivense-Escouralense
Cruz é a equipa com mais sofri- ca nsa ndo na próx ima jor- Lusitano que lidera a série, com Escouralense. (0-3 FC). Classif icação: 1.º
dos (5). No próximo domingo, nada, aguardará pelo resul- os mesmos sete pontos que o A lcaçovense, 6 pontos. 2.º
dia 30, no Ciborro, o Fazendas tado do Aguiar para confirmar, Redondense e já com o primeiro RESULTADOS (3.ª JORNADA) Grupo Portel, 3. 3.º Escouralense, 3. 4.º
de Cortiço recebe o Monte do ou não, o seu estatuto de líder. lugar assegurado, uma vez que o A: Vera Cruz-Borbense, 1-1; Perolivense, 0. Próxima Jornada
Trigo e aí decidir-se-á o ven- As duas equipas empataram, a conjunto de Redondo não joga na Arcoense-Fazendas Cortiço, (30/5): Escoura lense-Por tel;
cedor deste grupo, ao mesmo duas bolas, na ronda inaugural, próxima jornada e os eborenses, 1- 0. Folgou: Monte Trigo. Alcaçovense-Perolivense.
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 21

Q
Torneio Nacional Sub/15 Série N (3.ª Jornada): Desportivo
Beja-Amora, 0-3; Lusitano Évora-Vitória de Setúbal, 1-2.
Classificação: 1.º Amora, 9 pontos. 2.º Vitória Setúbal, 6. 3.º
Lusitano Évora, 3. 4.º Desportivo Beja, 0. Próxima jornada
(30/5) Lusitano Évora-Desportivo Beja; Vitória Setúbal-Amora.

Columbófilo bejense José Luís Dores avalia a presente campanha

QUEM MANDA SÃO OS VENTOS


O campeão distrital de meio-
-fundo, da última campanha
columbófila, José Luís Dores,
revela que a época em curso
está a correr abaixo das suas
expectativas. Uma colónia jo-
vem, e algumas perdas de
aves, estão entre as queixas
com que o columbófilo bejense
justifica esse insucesso.

TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO

A melhor classificação de
José Luís Dores, colum-
bófilo da Sociedade Asas
de Beja, na presente campanha
desportiva, está na disciplina
de “velocidade”, não obstante
ter vencido, no início do mês, a
prova de “fundo”, que trouxe os
pombos desde a localidade es-
panhola de Requena (Valência)
(localizada a 615 quilómetros).
A concorrer, nesta temporada,
sob a sigla José Dores/António
Silva, o campeão de meio-fundo,
em título, faz uma avaliação
muito positiva da columbofi- colónia tem maior potencial? distrito. Não dá hipóteses. Os ou- nhou uma anilha de ouro e já tive-
lia distrital, com nota elevada A minha colónia é mais forte na tros columbófilos querem com- mos pombos dela em quarto lugar
para a gestão e sublinha a qua- velocidade. Não foi, especial- parar-se aos do Asas de Beja, mas no fundo nacional.
lidade desportiva da Sociedade mente, pelo meu interesse, mas não conseguem. Mas temos por
Columbófila Asas de Beja. foi pelos cruzamentos que fiz. aí outros concorrentes também Esta paixão pela columbofilia é
Nos últimos anos os pódios que muito bons. Dou-lhe o exemplo do algo que herdou de família?
A Campanha Columbófila 2021 consegui, quer a nível do Asas de Ivo Garcias (Serpa) que, em velo- Sim, foi o meu pai que me incenti-
tem-lhe corrido dentro das O Asas de Beja não Beja, quer distrital, foram na dis- cidade e meio fundo é muito forte. vou. Foi por causa dele que ganhei
previsões? tem comparação com ciplina de velocidade. Nos últi- este “bichinho” e hei de continuar
Não! Não está dentro daquilo que mos cinco ou seis anos tenho an- O número de provas do calendário assim, se Deus quiser e se não ti-
qualquer coletividade
eu previa… Comecei bem, mas dado lá por cima. foi reduzido? ver nenhum problema de saúde.
houve aí duas provas que me de- do distrito. Não dá Sim, devido à pandemia, a O meu filho já teve um tempo
sorientaram um pouco os pom- hipóteses. Os outros Na campanha anterior sagrou- Associação decidiu encurtar o ca- que me ajudava muito a tratar do
bos e nunca mais os consegui -se campeão na disciplina de meio lendário. Vamos ver o que acon- pombal mas, mais recentemente,
columbófilos querem
meter como o fiz nos treinos de fundo… tecerá no próximo ano, se ficará afastou-se. Está mais agarrado aos
pré época e na primeira prova da comparar-se aos do É verdade que consegui vencer igual ou se voltaremos às sete pro- jogos eletrónicos.
campanha. Tenho feito o mesmo Asas de Beja, mas o meio-fundo na época passada. vas de cada disciplina. Tomaram
trabalho todas as semanas, mas Também é verdade que houve al- a medida mais correta, porque as Que avaliação faz do estado da co-
não conseguem. Mas
numas provas entraram bem, gumas ausências, mas isso não condições de segurança sanitária lumbofilia no distrito de Beja? Tem
noutras nem por isso. temos por aí outros serve de desculpas, é como no fu- assim o aconselharam. crescido? Tem-se valorizado?
concorrentes também tebol, quando desistem algumas A columbofilia, quer a nível distri-
Concorre nas três disciplinas: velo- equipas os que ganham não têm Quantos pombos estão no pombal tal, quer nacional, não tem regis-
muito bons. Dou-
cidade, meio-fundo e fundo… culpa isso. Os pombos bateram-se e como caracteriza a sua colónia? tado crescimento. Já é muito bom
Sim, estou a concorrer nas três lhe o exemplo do Ivo muito bem e ganhei com justiça. Comecei a campanha com 120 manter as coisas como estão, por-
frentes, continuo a fazê-lo, em- Garcias (Serpa) que, pombos. Atualmente tenho 16 que nos últimos tempos, devido à
bora só já tenha algumas opor- Esse título tê-lo-á motivado, mas casais de reprodutores, mas cos- pandemia, houve muita gente de-
em velocidade e meio
tunidades de sucesso no campeo- também acrescentou alguma res- tumo ter só nove ou 10. Já perdi sempregada e com baixo rendi-
nato de velocidade, onde estou fundo é muito forte”. ponsabilidade para a campanha uns quantos pombos, porque ti- mento e isto já não é barato. Mas
em quinto lugar. Talvez ainda te- em curso? vemos aí umas provas compli- a columbofilia no distrito de Beja
nha algumas hipóteses, embora Naturalmente, qualquer título cadas. Tenho mandado pombos está a um nível altíssimo, temos
os concorrentes que estão à mi- responsabiliza-nos e motiva-nos muito novos às provas de fundo e concorrentes acima da média,
nha frente sejam muito fortes. não tenho uma equipa forte na es- para, na época seguinte, conse- tenho perdido alguns, cerca de 16 muito fortes, não vou citar nomes
Mas vou aguardar, ainda faltam pecialidade de fundo, não tenho guirmos os melhores resultados. ou 17 que não regressaram. Mas a para não correr o risco de deixar
disputar três provas, seja o que marcado bem no fundo. No ano Mas as pessoas têm que se con- pomba “Online” [na foto] é a mi- alguém de fora, mas temos uma
Deus quiser. passado fiz umas alterações e fi- vencer que quem manda nisto são nha referência, é a matriarca da região muito forte e com muitos
quei com uma equipa totalmente os ventos. colónia, uma das melhores repro- campeões nacionais. Deve real-
Na classificação geral estava em nova. Parti, praticamente, do zero, dutoras, entre as que existem no çar-se também o excelente tra-
16.º lugar. Um pouco abaixo da sua porque não tenho muitos pombos A Sociedade Columbófila Asas distrito de Beja. Não tenho dú- balho desenvolvido pela direção
expectativa? velhos mas, os que tenho, batem- de Beja é a sua coletividade de vidas. Todos os anos tenho pom- da Associação Columbófila do
Muito abaixo, mas também não -se com os melhores. sempre? bos dela a ganhar, seja de norte ou Distrito de Beja, que muito tem
estava a contar muito com uma O Asas de Beja não tem compara- de sul, seja fundo ou velocidade… contribuído para a valorização
boa classificação na geral, porque Qual a disciplina para a qual a sua ção com qualquer coletividade do qualquer filho desta pomba já ga- desta modalidade.
22 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

Q
Andebol Nacional III Divisão – Zona 7 (7.ª Jornada):
Costa d’Oiro-Zona Azul, 23-23; Redondo-Torrense, 18-20.
Classificação: 1.º Torrense, 16 pontos. 2.º CCP Serpa, 15.

BOLA 3.º Zona Azul, 9. 4.º Redondo, 9. 5.º Costa d’Oiro, 7. Próxima
Jornada (29/5): Torrense-CCP Serpa; Zona Azul-Redondo.

DE TRAPOS
JOSÉ SAÚDE Presidente da Federação Nacional de Galgueiros diz de sua justiça

O menino UM ATENTADO ÉTICO


da bola À DEMOCRACIA

N
A Federação Nacional de
um frenético sentimento nostál- Galgueiros, que tutela as qua-
gico, recordo a algazarra dos rapazes tro associações nacionais,
de rua, revejo os despiques com uma aguarda a realização de audi-
bola em terrenos vadios, agora trans- ções com os partidos com as-
formados em betão armado, lembro sento parlamentar, para re-
delirantes instantes e logo surgem à bater o Projeto de Lei n.º 783/
tona da memória as manhãs domin- XIV/ 2.ª, apresentado pelo
gueiras que envolviam grandes jogatanas de fute- Bloco de Esquerda, para in-
bol, sendo a baliza duas pedras, um “território” que terditar corridas de galgos em
muitos desprezavam, mas onde normalmente apare- Portugal.
cia um rapaz com jeito para defender os remates mais
certeiros dos intervenientes no prélio e lá se assumia TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO
como guarda-redes.
Naquele tempo as bolas de borracha eram, de
facto, escassas. Às vezes lá aparecia o menino mi-
mado, filho de gentes da alta sociedade que, pre-
sunçosamente, metia inveja ao resto da moçada
com uma bola amarela de marca ‘Pirelle’ debaixo
S ubscrito pelas deputadas e
deputados, num total de 19,
que compõem o grupo parla-
mentar do Bloco de Esquerda (BE),
o Projeto de Lei n.º 783/XIV/2.ª todas elas tuteladas pela Federação audições, sendo que já se concreti-
do braço. foi apresentado na Assembleia Nacional de Galgueiros (FNG), en- zou uma delas. O projeto já baixou
A redondinha era sinónimo de excêntricos da República Portuguesa em 8 tidade criada em 2005, com sede à Comissão de Agricultura e Mar
prazeres. O menino que não jogava patavina, mas de abril último, para “interditar em Vila do Conde, e atualmente para análise, mas ainda não te-
tinha que fazer parte infalível de uma das equi- as corridas de galgos e de outros presidida por Nuno Ferreira da mos qualquer informação quanto
pas, porque era o dono da bola, apercebia-se, en- animais da família ‘canidae’, en- Silva, dirigente que, aqui, rebate ao agendamento de discussão no
tretanto, que a gentalha miúda não lhe passava o quanto práticas contrárias ao com- todos os pressupostos defendi- parlamento”.
esférico, pois a criança não piscava patavina da- portamento natural dos animais”. dos pelos promotores da iniciativa E, sublinhou, a federação “pro-
quilo… logo a rapaziada, já amadurecida com as Tendo cumprido os requisitos for- parlamentar. move corridas de galgos ingle-
negligências da vida, levava o petiz a interrom- mais de admissibilidade previstos “Da análise da exposição de ses em pista. Estas nossas cor-
per o embate e lá marchava de rabo alçado rumo à na Constituição e no regimento da motivos do Projeto de Lei em ridas são totalmente amadoras,
sua mansão com a respetiva redondinha não fosse Assembleia da República baixou, questão, nós, os galgueiros da à semelhança do que acontece
a “maralha” acabar com o brinquedo do garoto. nessa mesma data, à Comissão de Federação Nacional de Galgueiros, em Espanha, Holanda, Suécia,
A ralé, já conhecedora dessas tropelias, pouco Agricultura e Mar, onde ainda se ficamos incrédulos como se pode Polónia, Hungria, República
se importunava com a leviana atitude do garoto, encontra a aguardar agendamento legislar com base em suposições e Checa, Finlândia, etc. Não há nin-
jogava mãos à bola de trapos e o jogo prosseguia. para discussão no hemiciclo. em comparações com outros paí- guém em Portugal a ganhar di-
Aliás, as oportunidades em dar uns chutos numa No seu preâmbulo, os subscri- ses, que não são, comprovada- nheiro com as corridas de galgos.
esfera de borracha, naqueles tempos, eram, basi- tores sustentam que as corridas mente, o que se passa em Portugal. Bem pelo contrário”.
camente, raras. A bola de trapos, feita com uma de galgos “acarretam treinos vio- É, portanto, uma tentativa pura e Nuno Ferreira da Silva critica
meia roubada à mãe, era uma preciosidade que a lentos, aliados a um elevado nú- dura de tentar legislar com base ainda os partidos signatários dos
criançada não dispensava. Evoco, também, as be- mero de abandonos” referindo ca- em ideologias”, refere. projetos proibicionistas por “vol-
xigas de porco recolhidas pela malta em épocas sos de “extrema crueldade, [como] Reportando-se a outros pro- tarem a acusar” a generalidade dos
das matanças, principalmente quando os moços suspeitas de dopagem dos ani- jetos já apresentados, ante- galgueiros, utilizando o caso João
eram oriundos de uma aldeia e assistiam ao vivo mais e um desgaste físico brutal riormente, na Assembleia da Moura. “Trata-se de um aprovei-
ao esquartejar das carcaças dos animais. a que os animais estão sujeitos”. República, o dirigente federativo tamento da parte desses partidos,
Tudo isto é conversa do passado, assumo, mas Outro dos argumentos em que su- recordou que os três projetos [do uma vez que, este caso, nada tem a
um passado onde se cruzaram grandes craques portam eventuais maus-tratos dos BE, PAN e Iniciativa Liberal] “in- ver com as corridas de galgos pro-
que percorreram enormes percursos desporti- animais reporta ao “caso do cava- troduzem uma forma de legislar movidas pela Federação Nacional
vos, quer em termos nacionais, quer internacio- leiro tauromáquico João Moura, que mostra, na nossa opinião, um de Galgueiros. Os maus-tratos a
nais. Hoje, olhamos para a realidade presente e proprietário de 18 galgos que fo- atentado ético à forma como a de- animais já está consignado na lei,
tudo desliza para o facilitismo. As crianças de ram encontrados num estado de mocracia em Portugal deve ser e o caso João Moura é bem o exem-
agora têm todo o mecanismo competitivo facili- extrema subnutrição”. defendida, ou seja, a tentativa de plo disso, uma vez que está a ser
tado, vestem equipamentos de marca, calçam bo- Alegam também os subscrito- legislar com base em artigos jorna- investigado e cabe a esse cidadão a
tas distintas, o material das balizas é da melhor res do documento que a aprova- lísticos, peças de revistas e jornais, responsabilidade de responder pe-
qualidade, as bolas excecionais, jogam em cam- ção do diploma em apreço “con- como fator de sustentação para a rante aquilo do que for acusado”.
pos relvados, ou sintéticos, e têm um público a tribuirá para a redução do número aprovação de leis proibicionistas. “Não podem generalizar as
puxar pela equipa. de apostas ilegais”, alegada prática Podemos concluir que todas as pe- situações e incriminar todos os
Nós, antigamente, jogávamos em agrestes ter- que classificam como comum nas ças jornalísticas da comunicação que têm galgos e os utilizam,
reiros onde residiam as ervas daninhas e os vi- corridas de cães em Portugal. social, válidas ou não, honestas ou quer nas corridas de galgos, quer
dros, mas com a roupa domingueira, alguns até No lado oposto estão os não, com ou sem análise cuidada na caça a corricão. Os galgueiros
descalços, não havia assistência aos dérbis e fu- cerca de 300 galgueiros distri- do contraditório, passam a ser ver- são pessoas de bem e conhecedo-
gíamos das forças da ordem sempre que o polí- buídos por todo o território na- dades absolutas para fundamentar res das suas obrigações e respon-
cia de giro detetasse as nossas presenças. Como cional, representados, em pri- projetos de lei na Assembleia da sabilidades, e sabem das sanções
foi bom a conquista da liberdade, que deu lugar à meira instância, pela Associação República Portuguesa”. para quem prevaricar”, acres-
transformação agora constatada. Galgueira e Lebreira do Norte, Por isso, garantiu que a fede- centa Nuno Ferreira da Silva,
Associação de Galgueiros do ração “já pediu audições parla- segundo o qual “são comple-
Centro, Associação de Galgueiros mentares aos restantes partidos tamente falsas as acusações de
de Cuba e Associação Galgueira do com assento no hemiciclo. Estão maus-tratos aos galgos durante
Sul (com sede em Castro Verde), a ser agendadas essas mesmas os treinos”.
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24 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021
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1. Apreciação e votação do Relatório de Contas
de Fernanda Faustino PERFIL:
da Direcção e Parecer do Conselho Fiscal relativos ao
Exercício de 2020;
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Acordos: SAMS, ADMG, de empresas ou experiência superior a 3 anos em tivo ao Exercício de 2020;
3. Outros assuntos.
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Candidaturas:
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26 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021
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L O

††. Faleceu a Exma. Sra. D. ANGELIN NA


†. Faleceu a Exma. Srra. D. MAR
RIA
EESCOVAL C CHARRAMA A, de 92 anoos,
†. Faleceu o Exmo. Sr. ÂNGELO
 CH
HORA
CCUSTÓDIA PERE EIRA D
DA MARTINS,
M de 61 anos, natural de Santa
nnatural de Barrancos - Barranco os, Clara
C do Lou uredo - Beja a, casado com
c a
CCONCEIÇÃO O, de 69 annos, natural de eral a cargo desta Agência
vviúva. O fune
SSanta Maria da Feira - Beja, viúva. O Exma.
E Sra. D.
D Maria do os Prazeres Sério
no passado
rrealizou-se n o dia 22, ddas Gaspar.
G O fu uneral a carrgo desta Ag
gência
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go desta Ag ou- CCasas Mortuárias de Beja, para o
sse no passsado dia 22 2, das Cassas ealizou-se no
re n passado dia 22, da Casa
C da Quinta do Conde.
Crematório d Mortuária
M de Santa Clara a do Louredoo, para
MMortuárias dde Beja, parra o cemité ério
ddesta cidade.. o cemitério local.

BEJA BE
EJA / FRAT
TEL BEJA

††. Falece
eu o Exmo o. Sr. JOS SÉ
†. Faleceu a Exma. Sra. D. GRACIND
DA
BBATISTA C CARATÃO, de 89 ano os,
†. Faleceu o Exmo. Srr. ZACARIA AS DA
CCAMÕES G GANHÃO, d de 89 ano os, ROCHA
R BOTTELHO, de 86 8 anos, natuural de
nnatural de Fratel - Ca astelo Brancco, Lajes - Praia da Vitória, viúvo.
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nnatural de Saanta Vitória - Beja, viúva.. O ccasado com m a Exma. Sra. D. Ma aria
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JJulieta Rodrig
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sse no passsado dia 2 24, da Ca asa a cargo dessta Agência realizou-se no
MMortuária de e Santa Vitória, para o ppassado dia 224, no Cemittério de Frate
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al.
TRINDADE
E BEJA
A

Rogério António Maria

36.º Ano de Eterna Saudade

Fez dia 21 de maio, 36 anos que me deixaste mergulhada


†. Faleceu a Exma. Srra. D. MAR
RIA na mais profunda dor, contudo o tempo não tem sido o su-
TTERESA DA AS DORES, de 88 ano os,
nnatural de TTrindade - BBeja, viúva. O ficiente para fazer esquecer aquele que para além de um
fuuneral a carg
go desta Ag
gência realizo
ou- bom marido, foi também um verdadeiro amigo. Muitas têm
sse no passsado dia 2 25, da Ca asa
MMortuária de Trindade, pa
ara o cemitéério sido as lágrimas que tenho deitado, o meu coração chora
lo
ocal. a tua ausência e a tua imagem continua bem viva no meu
pensamento.
Da tua esposa que te recorda com eterna saudade.

MONTE GORDO
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INSTITUCIONAL | DIVERSOS 28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 27

Diário do Alentejo n.º 2040 de 28/05/2021 Única Publicação

UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO BAIXO ALENTEJO, EPE

AVISO
PROCEDIMENTO CONCURSAL PARA RECRUTAMENTO
DE TÉCNICO(A) DE INFORMÁTICA (M/F)
Torna-se publico que, por deliberação do Conselho de Administração da Unidade Local de saúde do Baixo
Alentejo, de 14/04/2021 (Ata nº 14, ponto 2.5.3), se encontra aberto procedimento concursal para recrutamento de
Técnico/a de Informática, a ser contratado em regime de contrato individual de trabalho.
1. Prazo de validade: o presente procedimento concursal caduca com a ocupação do posto de trabalho;
2. Caracterização do Posto de Trabalho: O posto de trabalho caracteriza-se pelo exercício de funções de
acordo com o conteúdo funcional descrito na Portaria nº 358/2002, de 3 de abril, no Serviço de Sistemas de
Informação;
3. Local de trabalho: As funções poderão ser exercidas nas diferentes Unidades que integram, ou venham a
integrar, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, EPE;
4. Remuneração: O legalmente estabelecido para a carreira de Técnico de Informática, nomeadamente grau
1, nível 1, a que corresponde o valor de €1.143,11;
5. Regime de trabalho: Regime de trabalho em vigor para a função pública (35 horas semanais);
6. Requisitos de admissão:
6.1. Requisitos obrigatórios (sob pena de exclusão)
• 18 anos de idade completos;
• Ser detentor de curso tecnológico, curso das escolas profissionais ou curso que confira certificado de quali-
ficação de nível 3 até nível 4 em áreas de informática.
6.2. Requisito preferencial
Experiência relevante como Técnico/a de informática na área dos serviços de saúde.
7. Formalização de candidaturas:
7.1. As candidaturas deverão ser formalizadas mediante o preenchimento do formulário de candidatura, dis-
ponível em http://www.ulsba.min-saude.pt/2020/07/10/concursos/, anexando os documentos mencionados nos
pontos 7.2 e 7.3, podendo ser remetidos por correio eletrónico através do seguinte endereço recursoshumanos@
ulsba.min-saude.pt;
7.2. As candidaturas deverão ser acompanhadas obrigatoriamente, dos seguintes documentos:
a) Formulário de candidatura devidamente preenchido (disponível no site da ULSBA, EPE);
b) Um exemplar do currículo profissional atualizado, em modelo europass;
c) Fotocópia do certificado de habilitações literárias.
7.3. As candidaturas poderão ainda ser acompanhadas de:
a) Documentos comprovativos da experiência profissional emitido pela entidade empregadora de onde
conste os seguintes elementos: local, tempo de exercício de funções, atividades exercidas e avaliação de desem-
penho, quando aplicável;
b) Fotocópia de todos os elementos que comprovem a formação profissional (com indicação do número de
horas realizadas) e obtidas nos últimos 5 anos.
A não apresentação dos documentos referidos no ponto 7.2 determina a exclusão do procedimento concur-
sal. A não apresentação dos documentos referidos no ponto 7.3 determina a não valoração dos mesmos na ava-
liação curricular.
8. Prazo de entrega das candidaturas: 5 (cinco) dias úteis, a contar da data de publicação do presente aviso.
9. Métodos de seleção e classificação: O método de seleção inclui, e por esta ordem, a realização de:
9.1. Avaliação curricular (AC) – visa avaliar as aptidões profissionais do/a candidato/a da área para o qual o
presente procedimento é aberto, designadamente as habilitações académicas e profissionais, a experiência pro-
fissional e a formação profissional. A classificação final da Avaliação Curricular resultará da aplicação da seguinte
fórmula:
AC=HAP (40%)+ EP (40%) + FP (20%)
9.2.Entrevista (E) – serão avaliadas, numa relação interpessoal de forma objetiva e sistemática, a capaci-
dade de expressão e fluência verbais (CEFV) e as motivações e interesses (MI), aplicando-se a seguinte fórmula:
E= (CEFV + MI): 2
9.3.Classificação final – será expressa de 0 a 20 valores, com valorização até às centésimas, resultante da
média aritmética ponderada das classificações obtidas em cada um dos métodos de seleção, considerando-se
como não aprovados os candidatos que obtenham classificação inferior a 10 valores, como tal se considerando
por arredondamento, a nota inferior a 9,5 valores, de acordo com a seguinte fórmula:
CF= (2 AC + E): 3 Semanário
Regionalista
Independente

9.4. Grelha de avaliação:


• 55% - Avaliação Curricular.
• 45% - Entrevista Profissional de Seleção.
Serão excluídos todos os candidatos que na Avaliação Curricular obtiverem uma classificação inferior a 9,5
valores.
9.5.Critérios de desempate – no caso de igualdade na classificação final do concurso, serão aplicados os se-
guintes critérios de desempate, sucessivamente, pela seguinte ordem:

Seja o primeiro a ler


1º. Candidatos/as com o maior número de anos de exercício profissional na área dos serviços de saúde;
2º. Candidatos/as com a maior nota na avaliação curricular.
10. Motivos de exclusão de candidaturas:

o seu “DA” todas as semanas


a) Não cumprimento dos requisitos obrigatórios mencionados no ponto 6.1 do presente aviso;
b) A não apresentação dos documentos considerados obrigatórios;
c) Apresentação de declarações ou falsos documentos, o que determina a participação à entidade compe-
tente para efeitos de procedimento penal;

no computador, telemóvel ou tablet


d) Candidaturas enviadas sob outro meio que não o referido no ponto 7.1 do presente aviso;
e) Candidaturas enviadas fora de prazo;
f) Falta ou atraso à entrevista profissional de seleção à data e horas marcadas.
11. Pedidos de esclarecimentos sobre o procedimento
Os pedidos de esclarecimento e informações devem ser realizados por correio eletrónico para o endereço:
ines.parrinha@ulsba.min-saude.pt. Não serão facultadas informações telefonicamente.
As atas do júri, onde constam os parâmetros de avaliação e respetiva ponderação dos métodos de sele-
ção a utilizar, a grelha classificativa e o sistema de valoração final são facultados aos candidatos, sempre que
solicitados.
12. Notificação de candidatos
Os candidatos serão notificados através do endereço de correio eletrónico por estes fornecido aquando da
respetiva candidatura ou através de página eletrónica da ULSBA, EPE.
As listas de resultados dos procedimentos de seleção, nomeadamente lista de candidatos admitidos e excluí-
dos, a avaliação curricular, a lista de ordenação final dos candidatos após entrevistas e após aplicação dos crité-
rios de desempate, serão disponibilizadas no site da ULSBA, EPE.
13. Igualdade de oportunidades
Em cumprimento da alínea h) do artigo 9º da Constituição, a ULSBA, EPE, enquanto entidade empregadora,
promove ativamente uma política de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no acesso ao em-
prego e na progressão profissional, providenciando escrupulosamente no sentido de evitar toda e qualquer forma
de discriminação.
14. Proteção de dados pessoais

Faça já a assinatura digital


Os dados pessoais enviados pelos candidatos no âmbito do presente procedimento concursal, serão trata-
dos de forma lícita e limitada á finalidade para a qual foram recolhidos; serão armazenados e conservados pelo
tempo estritamente necessário, de acordo com a finalidade e nos termos legalmente previstos.
Será destruída a documentação apresentada pelos candidatos, quando a sua restituição não seja solicitada

por 15 euros/ano
por estes no prazo máximo de um ano após a cessação do respetivo procedimento concursal.
15. Júri
Presidente: Norberto José Gonçalves Chinita, Especialista Informático, Grau 2, Nível 2 e Coordenador do
Serviço de Informática;
Primeiro Vogal Efetivo: Manuel André Abreu Martins, Especialista Informático, Grau 1, Nível 2;
Segundo Vogal Efetivo: Vitor Barrocas Paixão, Diretor Serviço Recursos Humanos;
Primeiro Vogal Suplente: Luis Ildefonso, Especialista Informático, Grau 1, Nível 1;
Segundo Vogal Suplente: Jorge Pedro, Técnico Informática, Grau 2, Nível 1.
Beja, 24 de maio de 2021 Para fazer a sua assinatura aceda a www.diariodoalentejo.pt
O Diretor do Serviço de Recursos Humanos
Vitor Barrocas Paixão e preencha o formulário on line
ETC.
28 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

LIVROS
RITA PALMA NASCIMENTO

“HÁ UMA DIÁSPORA RIQUÍSSIMA QUE É A MAIOR RESERVA


DE ATIVOS DO BAIXO ALENTEJO E QUE NÃO É APROVEITADA”
António Vilhena é natural de Beja e, Sendo “filho da planície”, que memórias trás
D.R.

diz pertencente a “uma geração de bons consigo e que lugar ocupa Beja na sua vida?
rapazes”. Licenciado em Psicologia pela Guardo as melhores memórias. O Alentejo
Faculdade de Psicologia e de Ciências de é a minha pátria, sinto-me emprestado a
Educação é também mestre em Estudos Coimbra. Não se trata de ser simpático,
Clássicos pela Faculdade de Letras da é uma verdade, é isso que sinto. O meu
Universidade de Coimbra, mas não esquece primeiro livro “Do Ventre da Terra” (1987)
os tempos “do Liceu Diogo de Gouveia foi escrito em Beja durante a adolescência,
como espaço de encontro”, tempos que lhe embora tenha sido editado em Coimbra,
“permitiram conhecer gente diferente e com a presença do escritor Manuel da
perceber que o conhecimento pode ajudar a Fonseca e do poeta Martinho Marques.
abrir janelas e viajar”. As linhas do horizonte são rios me
António Vilhena lembra, em particular, um circulam no sangue, é cultural, tal como
professor primário que foi um “humanista o cante alentejano, os sabores da açorda,
inesquecível”, o professor Aiveca Acabado. as papoilas, o vento suão ou a poética da
“Sou devedor do que os meus professores paisagem. Toda a minha família ainda
me deram”. Colaborou com o “Diário do vive em Beja, por isso, regresso, também,
Alentejo” no início dos anos 80, guardando porque estão aqui os abraços que amo.
“o cheiro das máquinas, das rotativas, da
composição e do ‘stress’ da redação”. Em E o “Diário do Alentejo”?
1984 parte para Coimbra “em busca da No princípio dos anos 80, João Honrado,
herança cultural da geração de 70”, tendo um homem admirável, levou-me para o
Antero de Quental como maior referência. “Diário do Alentejo”, onde estavam João
“Uma cidade de poetas e cantores, de gente Paulo Velez, Pedro Ferro, Miguel Patrício,
do mundo” que, tal como o autor bejense Miguel Tavares e José Moedas. Iniciei-me
“levou e trouxe ideias novas”. aí na escrita, senti o cheiro das máquinas,
Presentemente, é curador da Casa da das rotativas, da composição e do ‘stress’
Escrita de Coimbra, poeta, cronista e autor de uma redação. Lembro-me, ainda, do
de livros infantis. Neste campo é pioneiro primeiro texto que escrevi. Eles foram
na edição bilingue (português e inglês) para muito meus amigos, aprendi imenso
crianças, em território nacional. “Onde e guardo boas recordações. Eu era um
Está o Meu Abraço?” é o seu 14.º livro. jovem que não se enquadrava nos modelos
vigentes e eles deram-me colo.
Como surgiu este livro?
O livro é sempre um ensaio de existência, esperança a uma condição divina. É Portugal livros bilingues. Foi uma ideia Quando olha para Beja e para o Baixo Alentejo,
um arco de respiração que liga o autor a um através da palavra que melhor traduzimos diferenciadora e que tornava o livro mais sem a projeção e valorização devidas, por
“tu”, que imaginamos ser alguém que quer a viagem dos afetos e, também, dos universal. A prova disso é que este livro contraste com Coimbra, o que sente?
ficar perto de nós. Este livro é esse desejo medos que vivem escondidos sob a pele. está neste momento em todos os cantos Sinto que podia dar mais a esta cidade
de nos perpetuarmos através de metáforas O sentimento de perda é assustador, ele do mundo. Visito imensas escolas do país, pessoal e politicamente. Há uma
e palavras universais, onde os afetos e os é como o vento, invisível, mas percetível, sempre por causa dos livros. São os livros diáspora riquíssima que é a maior
pequenos gestos são a expressão do que de toca-nos para que valorizemos os instantes que me levam. Curiosamente, nunca visitei reserva de ativos desta região e que não
mais íntimo e perene resiste dentro de nós. e saibamos interpretar a essência do que as escolas do Alentejo. é aproveitada. Existe um alentejano
Nasceu antes da pandemia, ao recordar amamos. em cada canto do mundo, mas em
os momentos em que ia buscar os meus Como lidou com a realidade provocada pela Beja parece que não são necessários.
filhos à escola, quando eles corriam para Classifica este livro como “livro para adultos, pandemia no último ano? A falta de influência junto do poder
os meus braços e eu perguntava “onde está disfarçado de livro para crianças”. Quer Sou filho da planície, gosto de horizonte central tem sido o calcanhar de Aquiles,
o meu abraço?”. É uma memória doce e explicar? e de vento. A poética das paisagens do sul e, infelizmente, alguns políticos
ternurenta, uma reminiscência, talvez, de A narrativa está cheia de metáforas, marcou-me, o andar e crescer na rua foi que têm desempenhado funções
outros abraços que guardo no inconsciente. desenvolve-se num imaginário infantil, um conceito de uma geração que nada tem governativas fizeram muito pouco pela
onde os adultos se reveem quando a ver com a dos meus filhos, onde existe sua cidade. É preciso uma estratégia
É este abraço uma expressão do sentir mergulham no texto. Normalmente são uma proteção urbana que é o resultado da de desenvolvimento que fixe riqueza
mais artístico, enquanto autor, ou de maior os pais ou os avós que leem histórias aos insegurança de uma certa modernidade. e pessoas, que valorize os recursos
proximidade humanística e pensada, mais novos. A educação de uma criança Por isso, estar confinado é sempre uma endógenos e que potencie a cultura. Ao
enquanto psicólogo? pressupõe, também, que os adultos saibam violência, porque é uma imposição que vem longo dos anos temos conhecido alguns
É um misto disso tudo, não nos podemos partilhar a fantasia que os ajuda a crescer. de fora, uma escolha dos outros, algo que autarcas míopes que ninguém ouve no
dividir. Somos indelevelmente o Os filhos e os netos são um reencontro com não parte de nós. Durante a reclusão fiz o Terreiro do Paço, nem em lado nenhum.
somatório de todas as circunstâncias o passado, um regresso à primeira infância. que já fazia antes: lia, escrevia e praticava A visão paroquial da política sempre
que nos ajudaram a construir e a pensar exercício físico. “Mente sã em corpo são”. contribuiu para aumentar a solidão e
o mundo. Desde a Antiguidade Clássica Porquê um livro bilingue? A situação de nos sentirmos um pássaro as estatísticas depressivas. Os políticos
que o Homem procura a beleza que não Os meus livros infantis são todos bilingues numa gaiola não nos permite abrir as asas deviam ser poetas, ao menos tinham um
morre na expressão artística, transforma (português e inglês). Quando comecei a e ensaiar belas melodias. O canto é um olhar cosmopolita e mais desprendido do
os sentimentos em tragédias e eleva a escrever para os mais novos não havia em exercício de liberdade. poder.
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 29

TEATRO

D.R.
VINHOS
HERDADE DO CEBOLAL COLOCA
GARRAFAS NO FUNDO DO MAR
barro, terminando o seu estágio em cuba, vai permanecer
Um total de 250 garrafas de vinho foram colocadas no
no fundo do mar “entre 12 meses até um ano e meio”,
fundo do mar, em Sines, onde irão “estagiar” durante um
dependendo das marés e das pressões a que as garrafas
ano, numa operação que procura estudar a sua evolução,

EMCENA LEVA MAIS DE


estão sujeitas. Os seus principais mercados são Portugal
promovendo a ecologia e a economia local.
e o Reino Unido. “As anteriores produções foram feitas
As 137 garrafas Cebolal Emerso tinto 2019 da casta
especificamente para o mercado nacional e foi uma

100 ESPETÁCULOS AO
Castelão e 113 garrafas Cebolal Emerso branco 2020 das
receção muito interessante, apesar de as pessoas
castas Roupeiro, Manteúdo e Arinto foram mergulhadas a
entenderem que se trata apenas de ‘marketing’. O objetivo
cerca de 20 metros de profundidade, na marina de Sines,
deste projeto passa por promover a economia local, a

LITORAL ALENTEJANO
num projeto promovido pela Herdade do Cebolal que
sustentabilidade e fazer uma sinergia entre empresas”.
começou há oito anos e já contabiliza quatro produções
do vinho do Mar. Por isso, adiantou, “as garrafas são lacradas com cera
“Temos aprendido sobre as diferenças de um estágio em de abelha, produção própria e de apicultores locais, o
terra em relação ao mar. A terra tem uma evolução mais vidro é mais leve, numa lógica de pegada ecológica, a O espetáculo “Tudo É Relativo”, da companhia de teatro A Comuna,
lenta com características diferentes. No caso do mar rolha é de cortiça, natural do Alentejo, e abdica-se do marcou o arranque, na passada quarta-feira, dia 26 de maio, do
temos uma evolução mais acelerada. Se calhar um vinho rótulo em papel, porque é a fauna, como as cracas, algas e projeto Litoral EmCena que propõe mais de 100 espetáculos ao longo
que na terra tem um ano no mar evolui quase o dobro”, mexilhões, que vai aparecer nas garrafas”. de dois anos.
explicou Luís Mota Capitão, produtor e enólogo. O projeto está virado para “um nicho de mercado muito Promovido pela associação Ajagato, em parceria com as Câmaras
Desde a primeira edição, a operação dos vinhos “Cebolal pequeno”, mas o empresário defende que é uma vertente de Santiago do Cacém e de Sines, o Litoral EmCena aposta na
Emerso” tem vindo a evoluir e, além da aprendizagem que pode servir para combater a sazonalidade. “É uma “apresentação mensal de espetáculos de teatro de companhias
ao nível da composição do vinho do Mar, “muito mais vertente que pode ser muito importante para o inverno. profissionais” nas cidades de Sines, Santiago do Cacém e Vila Nova
salina e virada para o iodo”, o responsável destacou a Nesta região temos um mercado muito interessante na de Santo André, e nas freguesias rurais dos dois municípios.
componente ecológica, assim como “a arte” associadas primavera, verão e outono, mas no inverno são épocas A iniciativa “pretende dinamizar regularmente teatro ao longo de dois
a este projeto. Os resultados, refere, “são muito baixas, por isso penso que este é um trabalho que tem anos, com uma frequência de dois espetáculos por mês, que circulam
interessantes” e permitem perceber que há parâmetros, permitido complementar esta parte sazonal”, referiu. nas três cidades, principais freguesias e interior dos dois concelhos”,
“como uma certa secura na boca, a própria complexidade Com 20 hectares de vinha, a Herdade do Cebolal, estando previstos “cerca de 50 espetáculos por 13 companhias” até
e cor do vinho, que também se modificam”, adiantou o localizada em Vale das Éguas, no concelho de Santiago ao final deste ano, disse o diretor artístico da Ajagato, Mário Primo.
responsável, que quer “tentar mostrar” que é possível do Cacém, produz anualmente entre 60 e 70 mil garrafas A programação do projeto, que tem um cariz intermunicipal e “está
prever o futuro de um vinho que se desenha dentro da de vinho tinto e branco, e pretende avançar ainda este dependente” da evolução da pandemia de covid-19 em Portugal e
vinha. ano com um segundo lote de vinho do Mar, mergulhando no estrangeiro, “devido à participação de companhias de teatro
Segundo o enólogo, o vinho que fermentou em lagar de garrafas junto à Ilha do Pessegueiro. internacionais”, está pensada para um público habituado a uma
oferta de qualidade. “São fatores que não podemos controlar, mas
D.R.

que também não nos devem inibir de fazer as coisas. A cultura em


geral e o teatro, em particular, precisam de voltar a ter uma oferta
de qualidade e regular para estas populações que há muito se
habituaram a ver bom teatro”, realçou.
Segundo a organização, está prevista a estreia em Portugal de três
companhias estrangeiras com espetáculos de teatro físico e visual:
Collectif 2222 (França), Bodecker & Neander C.ª (Alemanha) e Giraffe
Royal Theatre (Estónia).
A programação para o mês de junho, vai contar com a participação da
companhia Fontenova, com a peça de teatro “A Paz Perpétua”, Juan
Mayorga, e de A Barraca, que estreia a encenação de “Um Ivanov
ou Ensaio Sobre a Mentira”, de Anton Tchekhov. Em julho, o grupo
Teatro Só, com a criação própria “Sorriso”, em agosto, a companhia
Este - Estação Teatral, com “Vagantes”, e o Teatro do Mar, com o
espetáculo “Mutabilia”, de inspiração circense, levam o teatro “ao ar
livre” às pequenas localidades dos concelhos de Santiago do Cacém
e de Sines.
No mês de setembro, os convidados do Litoral EmCena, são o Gato SA,
grupo local, com a peça “Vai Vem”, e os alemães Bodecker & Neander
C.ª, com “Snowed in!”. O Varazim Teatro, com a peça “Donodonada”
e os franceses Collectif 2222, com a peça “Pourquoi Les Vieux, Qui
N’ont Rien À Faire, Traversent-Ils Au Feu Rouge?” (“Porque é que os
velhos que não têm nada para fazer atravessam com o vermelho?”, em
tradução livre), compõem o programa do mês de outubro.
Em novembro, é a vez dos Artistas Unidos apresentarem a peça
“A Coragem da Minha Mãe”, de George Tabori, e de o ator Pedro
Diogo estrear os palcos da costa alentejana com “Primeiro Amor”,
de Samuel Beckett. A companhia Giraffe Royal Theatre (Estónia),
conhecida pelas suas encenações de teatro de rua, fecha a edição
deste ano do Litoral EmCena com “Karnavall”, em dezembro.
Em paralelo vão decorrer ‘workshops’ e três exposições itinerantes,
que vão circular entre Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém
e Sines.
30 | Diário do Alentejo | 28 maio 2021

ARTES
LUÍS MIGUEL RICARDO

“OS LIVROS ABREM-NOS HORIZONTES


QUANDO O MEIO SOCIAL NÃO O FAVORECE”
Luís Contente tem 58 anos e é Penso que a edição do CD com
D.R.

natural de Beringel, a sua terra os Alma Sul foi uma experiência


natal, apesar de ter de lá saído aos coletiva muito marcante porque
sete anos de idade. Licenciou-se é algo fora do meu domínio, e
em Línguas e Literaturas que não estava previsto alguma
Modernas na Universidade Nova vez realizar, uma vez que não me
de Lisboa. Exerce a profissão considero músico, apesar de ter o
de professor bibliotecário na quarto grau de guitarra clássica
escola de Santa Maria, em Beja,
promovendo o livro e a leitura Qual a importância das novas
junto das camadas mais jovens. É tecnologias no percurso artístico de
membro da Assesta – Associação Luís Contente?
de Escritores do Alentejo, editou As novas tecnologias estão aí. Não
a revista literária “Efémera”, e as podemos ignorar. Temos é de
lançou recentemente um CD de saber utilizá-las da melhor forma.
música tradicional alentejana O Facebook foi o trampolim que
com o grupo Alma Sul, onde toca me permitiu chegar mais além.
guitarra. Entrei para os Alma Sul porque o
Da sua intervenção no campo fundador do grupo me viu numa
das letras destaca-se a obra fotografia com uma guitarra na
“Transiberiano, a grande na idade adulta. O “bichinho” da Escrever não era ainda uma sem passar por agências de mão. Publiquei “Transiberiano,
viagem”, e as participações narração estava lá. Mas a minha necessidade, mas prometia. Era viagem, seguindo um pouco o a Grande Viagem” após a
nas coletâneas: “Lugares e escrita resulta sempre de uma inevitável que estas experiências lema do Gonçalo Cadilhe, pegar editora Lugar da Palavra me
Palavras de Lisboa”, “Contos vivência, e não de um produto fizessem parte das redações na mochila e partir à aventura, ter contactado através dessa
Assesta - Alentejo”, “Contos da imaginação. Está, no entanto, escolares e que as composições recorrendo a transportes locais, rede social. A revista que editei,
Assesta - Água”. Como orador, longe do registo meramente de adolescente refletissem este indo a restaurantes pouco a “Efémera”, era uma revista
participou no Encontro Ibérico informativo, aproximando-se gosto pela viagem, pelo desejo conhecidos e dormindo em digital, de divulgação ‘online’.
de Leitores Saramago, em Sevilha mais da efabulação. Há quem de partir, pela descoberta. Mais pensões baratas. Tenho ainda
e em Odemira, onde apresentou o faça muito bem, como é o tarde, escrever foi a melhor outros que publiquei na internet, E o acordo ortográfico, qual o seu
a comunicação intitulada “O caso do escritor polaco Ryszard opção que encontrei para registar “O Caminho Inca, uma Viagem posicionamento face à polémica?
arquétipo masculino na obra de Kapuscinski, que consegue fazer os momentos, as emoções dos ao Peru”, assim como “Egito”, que Essa discussão já não se coloca.
Saramago”. literatura transformando uma lugares, a magia das belezas qualquer dia penso publicar em Contacto todos os dias com
peça jornalística numa obra de encontradas, os sabores e os formato impresso. jovens que nunca ouviram falar
Quando e como foi descoberta a sua arte. O seu fenomenal “Ébano, cheiros. Um parágrafo sobre de outra forma de escrever. Nem
vocação para o universo das artes? Febre Africana” é bem a prova o Nilo leva-me de novo para o E a música, que papel desempenha sabem o que significa o “antes” e
Considero que, no meu caso, a disso. Egito, umas frases sobre o Peru no seu mundo? o “depois” do acordo. E são estes
vocação para o universo das artes e surgem-me os Andes em toda Escrever é um ato solitário e jovens que vão definir como é que
nasceu comigo, e não dependeu Que papel desempenham as sua grandeza, uma página sobre pode tornar-se doloroso. O se vai continuar a escrever.
do contexto social ou familiar viagens na escrita do Luís Contente? a Mongólia e lá estão, de novo, os escritor vive isolado, criando
em que cresci. Tudo se resume O gosto pelas viagens começou cavalos a galopar pelas planícies cenários, encerrado no seu Como tem vivido este período de
a um fator: a leitura. Os livros muito cedo, nos anos 70, e a sem fim. A escrita permite-me mundo. A música é uma forma de ‘stand by’ no mundo?
abrem-nos horizontes quando primeira de todas foi feita de recriar esses ambientes sociabilização. Todo o ser humano Curiosamente, pensei que com
o meio social não o favorece, e comboio, a caminho das terras fascinantes. Há quem o consiga precisa dessa ambivalência. o confinamento ia produzir
foi através de uma arte curiosa, de França, seguindo o percurso com a fotografia. Eu recorro mais tudo o que não tinha conseguido
classificada como nona arte, que de milhares de emigrantes. A ao que chamo de “pintar por Ser alentejano e viver no Alentejo fazer por falta de tempo. Foi um
entrei no universo da imagem e estação de partida chamava-se palavras” onde cada vocábulo é é uma fonte de inspiração ou de erro pensar assim. Só consigo
da palavra. A banda desenhada Santa Apolónia e os serviços uma das cores da imensa palete limitações para a carreira? fazer alguma coisa sob pressão,
foi a minha formação primeira. de emigração forneciam aos alfabética que temos à nossa Nós, alentejanos, temos a planície e ter todo o tempo do mundo
Ainda adolescente, vivia viajantes um ‘kit’ de viagem do disposição. Da feliz combinação no coração, as grandes extensões limita-me a criatividade.
aventuras incríveis, viajava por qual constava algo de curioso e dessas cores pode surgir algo por horizonte. Esta forma de estar
países desconhecidos, descobria estranho para um garoto de sete de excecional, emotivo e não não deixa de me influenciar na O que está na “manga” a curto e
civilizações perdidas no tempo. anos, e não só: latas de atum. apenas descritivo. Fico sempre minha busca. Nova Iorque é uma médio prazo?
Contar as minhas histórias Algo invulgar para a época, surpreendido quando me dizem cidade bela e tem a modernidade O meu grande projeto para o
foi algo que surgiu mais tarde, mas saboroso. A partir daí, que já leram duas vezes o meu de Álvaro de Campos. Mas prefiro fim da pandemia é publicar
com a literatura, após ler “Pela durante muitos anos, a romaria “Transiberiano”, e que ao ler a a imensidão do silêncio noturno “Território Austrália”, uma
estrada fora”, de Jack Kerouac. a Portugal fazia-se numa velha obra fizeram a viagem comigo. das areias de Douz, no deserto travessia completa desse grande
Também eu queria andar à boleia Renault 4L. A aventura durava tunisino, ao frenesim opressivo continente desde Darwin, no
pelo continente americano ou três dias, atravessando as Quantas viagens já valeram livros? dos arranha-céus de Manhattan. norte, até Sydney, mais a sul, pela
outro, e escrever sobre essas extensas planícies de Espanha Tenho várias histórias na gaveta mítica estrada Stuart Highway.
experiências. Daí até ter vivências e os tortuosos Pirenéus, onde o que aguardam melhores dias para Dos trabalhos desenvolvidos ao O livro está pronto, precisa só de
semelhantes, registá-las e publicá- caminho não passava de uma publicação. Destaco uma viagem longo da carreira, algum foi o mais uma revisão de última hora, e que
las foi um passo que aconteceu estreita estrada de montanha. a Cuba, em perfeita autonomia, marcantes? a covid-19 desapareça de vez.
28 maio 2021 | Diário do Alentejo | 31

FILATELIA
GEADA DE SOUSA

trabalhos de mobilização – João Cristóvão Rodrigues ESPÉCIES AMEAÇADAS


de terras, em contexto de (violino e bandolim), Mário
obra”, explica a autarquia. A Ferreira (acordeão e voz), Pedro
NOS SELOS DA EMISSÃO “EUROPA”
exposição ficará patente até Figueiredo (Percussão), Ricardo
ao próximo dia 25 de julho. Liz Almeida (guitarra e voz), A emissão “Europa”, já em
Rui Marques (contrabaixo) e circulação desde o início do
Tiago Nogueira (guitarra e voz), mês (dia 7), mostra-nos seis
“MITOS DO TEMPO Os Quatro e Meia procuram, de espécimes que vivem em vários
uma forma descontraída e bem-
DOS GREGOS disposta, conferir novos olhares
ambientes e que, infelizmente,
partilham um futuro incerto,
E DOS ROMANOS” e sonoridades na composição pois são todos considerados
EM EXPOSIÇÃO de canções feitas em português. como espécies em perigo. Como
“MEMÓRIAS Como afirmam, “todos os dias
NA EDIA são dias bons, simplesmente,
é hábito na emissão “Europa”,
OS DIAS” NO MUSEU uns dão mais trabalho para o
os exemplares dedicados às
Foi inaugurada esta semana, regiões autónomas da Madeira
MUNICIPAL no edifício da EDIA em ser do que outros”. Com base e dos Açores também ostentam
DE VIDIGUEIRA Beja, a exposição “Mitos nesta “ideologia”, a banda na margem superior o nome da
do tempo dos Gregos e dos apropriou-se de uma expressão região a que correspondem.
Está patente ao público Romanos”. Esta exposição recorrente do nosso quotidiano, Foram emitidos três selos e três
no Museu Municipal de surge na sequência do projeto “P’ra Frente é Que É Lisboa”, blocos com dois selos cada; têm
Vidigueira a exposição “Herança Romana”, da para criar a sua primeira todos a mesma franquia, 0,88
“Memórias dos Dias”, de Câmara Municipal de Beja, e composição, e assim batizar o euros. O ‘design’ é de Francisco
Manuel Carvalho, uma aborda os sete mitos romanos seu ‘single’ de apresentação. O Galamba.
mostra de pintura, fotografia com ilustrações originais álbum de estreia – “Pontos nos Em cada bloco, um dos
e cerâmica que pode ser produzidas pelos alunos do Is” – foi editado a 30 de junho de exemplares “é repetido” pois
visitada até ao próximo dia 30 12.º ano do Curso de Artes 2017, com o selo da Sony Music mais não é que a reprodução do
de junho. Nascido em 1960 em da Escola Secundária Diogo Portugal, e entrou diretamente selo, emitido isoladamente para
Vidigueira, Manuel Carvalho Gouveia. “A sensibilização e para o primeiro lugar do top representar esse território.
é escultor, pintor e fotógrafo, educação para o património nacional de vendas. Em 2020 Os espécimes escolhidos para
recorrendo a várias técnicas e histórico e cultural junto da regressaram com o segundo ilustrar os selos do continente
suportes. É conhecido por dar comunidade, é uma forma LP de originais, “O Tempo Vai foram o saramugo (‘Anaecypris
asas à criatividade e recriar de aprofundar o seu grau de Esperar”. hispanica’) e o cágado-de-
personagens tradicionais conhecimento, estimular carapaça-estriada (‘Emys
ligadas ao meio campestre. processos de apropriação orbicularis’). Para os Açores
Já recebeu vários prémios dos valores patrimoniais MAIS DE 80 OBRAS foi escolhida a baleia-azul
e participou em inúmeras e culturais do território e DE ANA JACINTO (‘Balaenoptera musculus’) e o
exposições individuais e incrementar a autoestima das morcego-dos-Açores (‘Nyctalus
coletivas. comunidades locais”, refere NUNES EXPOSTAS azoreum’). A tartaruga-comum
a autarquia. A exposição, EM GRÂNDOLA (‘Caretta caretta’) e a freira-da-
organizada pela Câmara. Madeira (‘Pterodroma madeira’)
MUSEU DE MOURA EDIA e Agrupamento de “Entre Nuvens e Papiros” é a ilustram os da Madeira. Os
Escolas N.º 1 de Beja, pode ser exposição de pintura de Ana exemplares apenas reproduzidos
REABRIU visitada até dia 8 de julho, nos Jacinto Nunes que marcou a nos selos do bloco são o
COM EXPOSIÇÃO dias úteis, entre as 09:00 e as inauguração do novo edifício cágado-de-carapaça-estriada
SOBRE ALQUEVA 18:00 horas. da Biblioteca e Arquivo do (em Portugal continental), o
Município de Grândola. morcego-dos-Açores e a freira-
“Alqueva: Arqueologia nos Encontra-se aberta ao público da-Madeira.
Novos Caminhos da Água” até ao próximo dia 31 de julho. A primeira emissão da “PostEurop,
é o nome da exposição que De acordo com a autora que, anteriormente denominada
está patente ao público no curiosamente, é sobrinha “Europa CEPT” [Organização
Museu Municipal de Moura bisneta de José Jacinto Nunes Postal e de Telecomunicações
(localizado no antigo (destacado membro do Partido da Europa, na sua designação
matadouro). A mostra, Republicano Português, em inglês] foi em 1956. Desde
promovida pela Câmara presidente da Câmara de então os países aderentes a esta
Municipal, EDIA e Museu Grândola e administrador do organização passaram a fazer,
da Luz, resulta dos achados concelho), esta é a “exposição anualmente, uma emissão de selos
provenientes das mais de uma vida inteira que tem a que a celebra.
de duas mil intervenções sua vida lá dentro: a música, os Em 1959 os Correios de Portugal participaram numa conferência
arqueológicas realizadas livros, as mulheres, os animais, realizada em Montreux e que visava o seu alargamento. Para além
durante a implementação OS QUATRO E MEIA as inspirações do dia-a-dia”. do nosso país participaram representações das administrações
do projeto Alqueva, com Do seu processo criativo fazem postais (AP) da República Federal Alemã, Áustria, Bélgica,
especial incidência dos DÃO CONCERTO parte as ideias, os erros, as Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda. Irlanda, Islândia,
materiais oriundos do NO PAX JULIA emendas e o prazer. As técnicas Itália, Luxemburgo, Noruega, Grã-Bretanha, Irlanda do Norte,
concelho de Moura. “O e os materiais que usa são Suécia, Suíça e Turquia.
investimento da EDIA na Os Quatro e Meia sobrem hoje, infinitos, mas é com a tinta da Os Correios de Portugal apenas em 1960 aderiram a estas
vertente de património dia 26 de maio, pelas 21:00 china que trabalha diariamente, emissões. Foram então emitidos dois selos, do ‘designer’ P.
cultural permitiu trazer à horas, ao palco do Teatro influenciada por passar metade Rahikainen, com imagem comum, em que se vê uma roda com 19
luz do dia inúmeros vestígios Municipal Pax Julia para um do ano em Macau. Nesta grande raios, tantos quantos os países então aderentes à emissão com
arqueológicos preservados concerto que terá um convidado exposição há obras de vários esse desenho. Hoje são 56 as AP que a constituem. Até 1973 o
no subsolo e, grande parte especial: Luís Trigacheiro. O períodos da sua produção desenho era comum a todas elas. Atualmente apenas o tema
deles, desconhecidos da grupo surgiu em maio de 2013 artística, elaboradas com é comum e, como facilmente se depreende, cada AP dá-lhe o
comunidade científica, quando cinco amigos com materiais diversos, e trabalhos tratamento que entender.
identificados no âmbito gosto pela música se juntaram que nunca foram expostos. Em Portugal, a data do seu lançamento em circulação tem sido
dos processos de avaliação para uma pequena atuação No total são 83 obras, entre muito regular: desde há 30 anos que acontece no final de abril ou
de impacte ambiental, mas num sarau em Coimbra. azulejos, telas, cerâmicas e início de maio.
principalmente durante os Atualmente com seis elementos painéis em tecido.
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Nº 2040 (II Série) | 28 maio 2021 Pereira (CP 1999A), José Serrano (CP 3019A), Nélia Pedrosa (CP 2437A ) | Fotografia José Ferrolho | Cartoons e ilustração António Paizana, Paulo Monteiro,
Pedro Emanuel Santos, Susa Monteiro | Desporto Firmino Paixão | Colunistas e colaboradores António Nobre, Francisco Marques, Geada de Sousa,
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NADA MAIS HAVENDO A ACRESCENTAR...


VÍTOR ENCARNAÇÃO MOVIMENTO AVANÇA
O peso das palavras As palavras têm peso, as palavras ganham desaproveite e as esbanje em conversas vazias, vidas inteiras
mais ou menos peso por causa da forma como são ditas. É de à espera de terem significado, não percebendo que as palavras COM CANDIDATURA
dentro de um tom ou de um estilo de escrita que elas saem, é também têm uma medida, se forem de mais perdem o sentido, INDEPENDENTE EM MÉRTOLA
revestidas de uma determinada intenção que elas se dizem e se forem muitas afogam o silêncio e o silêncio é o dono das
O movimento Unidos por Mértola anunciou
se escrevem, às vezes acariciando, outras vezes esmagando. palavras certas, é da boca do silêncio que saem as palavras
esta semana que vai avançar com candidaturas
As palavras também têm valor, há umas que valem muito, importantes. Há quem as guarde para momentos que nunca
independentes à Câmara e Assembleia Municipal de
valem abraços e ternura e céus de espanto, mas há outras chegam, vidas inteiras à espera de as conseguirem dizer,
Mértola, “perante a intransigente, incompreensível
que não valem nada, nem a mente de quem as pensa, nem afogadas em silêncio e o silêncio é a boca das palavras que
e inadmissível recusa” do PS local em “promover
a boca de quem as diz, nem a mão de quem as escreve. Há têm de ser ditas. Há quem tenha medo delas, medo de as dizer e
o diálogo e um processo de participação alargada
quem as gaste na retórica e na presunção e as dite como se os medo de as ouvir, há quem opte pelo silêncio e o silêncio pode
dos cidadãos na construção de uma estratégia e de
outros não conhecessem palavras, como se os outros fossem ser o princípio de toda a solidão. E também há quem as diga e
um projeto de desenvolvimento” para o concelho.
analfabetos de entendimento e argumentação. Há quem as com elas construa edifícios de luz e transparência.
De acordo com Jorge Pulido Valente, porta-voz do
movimento, não serão apresentadas candidaturas
às juntas de freguesia do concelho pois “estão muito

QUADRO DE HONRA MANUEL CARVALHO 61 ANOS, NATURAL DE VIDIGUEIRA


bem entregues”.

Técnico da Câmara Municipal de Vidigueira, na área sócio cultural, desenvolve trabalhos relacionados ARTE FILMES
com desenho, pintura, fotografia e cerâmica, utilizando várias técnicas e suportes. Autodidata, com
NON STOP PROMOCIONAIS
capacidade de reconhecer que a formação, ao longo da vida, “é das melhores ferramentas para o
desenvolvimento pessoal”, considera que para o reconhecimento, é imprescindível ter, também, “uma
EM MÉRTOLA DO ALENTEJO
boa dose de humildade, criatividade, inovação e muito trabalho”. O seu trabalho está representado DE 5 A 19 PREMIADOS
em várias coleções particulares e participa, regularmente, em exposições individuais e coletivas. DE JUNHO NA FITUR
De 5 a 19 de junho, Os filmes We Call It
Mértola celebra o Arte Alentejo e Caminhos
“É hora de aproveitar os espaços culturais” Non Spot, iniciativa
que contempla várias
de Santiago Alentejo e
Ribatejo foram premiados
disciplinas e linguagens na categoria “Destinos”
artísticas, como o do concurso Fitur Travel
“Memórias dos Dias”, uma exposição de Manuel Carvalho no Museu Municipal de Vidigueira
teatro, a dança e o circo Video Competition,
contemporâneo, com uma realizado no âmbito desta

O Mu s e u Mu n ic ip a l d e
Vidigueira tem patente ao
público, até dia 30 de ju-
nho, a exposição, de cerâmica, pin-
tura, desenho e fotografia, inti-
Normalmente, a ideia base já está de-
finida quando arranco para um novo
projeto. No caso de surgir um con-
vite para expor o meu trabalho, o su-
porte dependerá do tema da exposi-
mexe mais comigo são os problemas
ambientais e sociais. Mas mesmo
nestes trabalhos de temática univer-
sal, há sempre um toque, muito forte,
de influência deste meu território.
programação que integra
uma “diversidade de
ações de mediação entre
artistas convidados,
organizações,
feira de turismo que
decorreu em Madrid. Para
Vítor Silva, presidente
do Turismo do Alentejo,
estes prémios “significam
tulada “Memórias dos Dias”, da ção. Quando isto não acontece vou personalidades locais o reconhecimento por
autoria do artista, vidigueirense, variando entre as diversas áreas, para Fotografia, desenho, pintura e cerâ- e público”. Segundo a parte dos especialistas
Manuel Carvalho. manter a criatividade e o estímulo mica – nesta sua inquietação artís- Câmara de Mértola, esta e críticos do setor do
ativos. tica, há algum amor mais fogoso ou edição será marcada por turismo da qualidade do
Como nos apresenta esta sua não conseguiria viver feliz sem qual- conversas, ‘workshops’ trabalho promocional
exposição? Qual a sua mais preciosa fonte de ins- quer um dos quatro? e conferências que que tem vindo a ser
A exposição surge de um convite dos piração artística? Estas artes complementam-se e com- “pretendem interligar” desenvolvido, tanto no
responsáveis pelo Museu Municipal Ultimamente, a inspiração acontece pletam-me, como artista e como pes- os artistas com a mercado nacional como
de Vidigueira, para assinalar a en- muito com a pressão, a falta de tempo soa. Não faz sentido, para mim, dei- comunidade local. no internacional”.
trada deste na Rede Portuguesa dos e, muitas das vezes, com o erro. É ne- xar para trás qualquer uma destas
Museus. Nesta mostra, o visitante cessário estar atento a tudo o que nos áreas.
poderá ver uma série de trabalhos rodeia, ser observador, refletir muito, RENOVADO MERCADO DE SERPA
meus em cerâmica, pintura, desenho ter tranquilidade e uma mente O que mais gostaria que esta expo- É INAUGURADO AMANHÃ
e fotografia. A temática é livre e apre- aberta, para que as coisas aconteçam. sição pudesse oferecer a quem a
sentada em forma de retrospetiva. contemple? O renovado Mercado Municipal de Serpa irá reabrir
Estão expostas peças premiadas em De que forma a sua condição de alen- Gostaria que não perdessem a opor- amanhã, dia 29 de maio, após obras profundas de
vários concursos, outras são da mi- tejano influencia a arte que idealiza? tunidade de a visitar, que a vissem de requalificação, que visaram a valorização global do
nha coleção particular, que marcam, Na fotografia e na cerâmica essa in- espírito aberto, deixando-se inspi- equipamento, mas também a criação de um conceito mais
para mim, momentos importantes. fluência será muito evidente, já na rar, pois é para isso que eu trabalho. amplo que pretende integrar os mercados de proximidade
pintura e no desenho as temáticas va- Saídos de um período em que tudo do concelho numa rede municipal com atratividade
Sendo um artista multifacetado riam, um pouco. Vivendo num con- esteve fechado, é hora de aproveitar turística. A obra representou um investimento de 750 mil
como decide qual o meio a utilizar celho do interior não impede que os espaços culturais. Já agora, a en- euros. Segundo a Câmara de Serpa, o novo espaço irá
numa determinada ideia artística a reflita sobre os problemas que se pas- trada é livre. albergar o Centro Interpretativo do Queijo, “local onde se
que pretende “dar vida”? sam no mundo que nos rodeia. O que JOSÉ SERRANO valoriza este produto de excelência do concelho, dando
destaque à forma como é produzido”.
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