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LUCIA SANTAELLA
RESUMO: A partir dos anos 1980 e acentuando-se cada vez mais, o universo da
fotografia vem passando por profundas modificações em função da entrada em cena
das imagens produzidas ou tratadas computacionalmente, incluindo a fotografia
manipulada sinteticamente. Isso tem provocado muito debate entre os teóricos da
imagem, em especial, os teóricos da fotografia. Após apresentar os termos desse
debate, com atenção voltada para a fotografia e para a noção flusseriana de aparelho,
este artigo segue para a discussão das incertezas conceituais acerca das categorias
ontológicas e semióticas da fotografia, incertezas provocadas por seu caráter
metamórfico que colocou em crise o paradigma teórico dominante do caráter
indexical da fotografia.
DOI: http://dx.doi.org/10.23925/2176-2767.2021v70p65-91
O híbrido e o expandido
Da ontologia à epistemologia
indissociável do ato que a faz ser, a imagem fotográfica não é apenas uma
impressão luminosa, é igualmente uma impressão trabalhada por um
gesto radical que a faz por inteiro de uma só vez, o gesto do corte, do cut,
Pingando os is
Restam alguns fios que precisam ser atados. Se a teoria geral dos signos
e suas classificações forem compreendidas dentro do espírito em que Peirce
as concebeu, reivindicar que o signo fotográfico pertence exclusivamente a
uma única classe, seja ela a classe dos índices, dos símbolos ou dos ícones, é
incorrer em um equívoco que deturpa a teoria e, consequentemente, conduz
a uma má compreensão do que, no caso, constitui a fotografia no seu estatuto
de linguagem. Antes de tudo, é preciso reconhecer que, segundo Machado, a
classificação de signos peirceana só faz sentido sob uma perspectiva lógica.
Referências
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KRAUSS, R. Sculpture in the expanded field. October. Vol. 8, Spring, 1979, pp.
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YOUNGBLOOD, G. Expanded cinema. New York: P. Dutton & Co., Inc., 1970.