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POLOS OLÍMPICOS DE

TREINAMENTO INTENSIVO

nível 1

teoria dos números


geometria
combinatória
Introdução
Sem vínculo oficial. Janeiro/2022.

O objetivo desta série de pdfs é único: organizar, quase que sistematicamente, os


excelentes materiais disponibilizados gratuitamente no site do POTI (Polos Olímpicos de
Treinamento Intensivo). O POTI tem sua versão presencial e virtual. Aqui, encontram-se
materiais do site https://poti.impa.br (i.e., versão virtual) (avá). Mas, afinal, o que é o
POTI? Mantido e organizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA),
consiste num programa de treinamentos para estudantes do ensino fundamental II e médio
que desejam participar de olimpíadas de matemática, notadamente a OBM*.

Ao todo, serão três pdfs: um para cada um dos três níveis. Decidi compilar** assim pois,
ao juntar todos os níveis em um único pdf, obtive um pdf com mais de 2300 páginas, o
que não seria prático porque certamente levaria uma eternidade para ser completamente
aberto. Por observação, acredito que os materiais em pdf, principalmente dos níveis 2 e 3,
tenham sido elaborados em 2012 por diversos professores com vasta experiência em
olimpíadas (e em preparação olímpica). Posteriormente, fora elaborado um curso básico
(em 2015) para o nível 2 composto apenas por problemas resolvidos e mais listas foram
adicionadas no site, notadamente do nível 2.

Adendo: é possível encontrar alguns errinhos na numeração das aulas. Por exemplo, o
curso de teoria dos números do nível 3 tem duas aulas de número 6, mas, na verdade, uma
dessas aulas era para ser a aula de número 5 (congruências e bases). Ou também, ter no
título “grafos I” mas não ter pelo menos uma outra aula “grafos II” (curso de
combinatória, nível 2). Sendo assim, elaborei um sumário e acredito que sua ordem seja a
correta, ou que, pelo menos, seja a ordem caso não houvessem os pequenos errinhos na
numeração das aulas.

Aqui, temos os materiais elaborados para o nível 1 (6º e 7º anos), divididos em três partes:
teoria dos números (chamada de aritmética no nível 1), geometria e combinatória. Cada
uma dessas partes contêm várias aulas sobre assuntos recorrentes em olimpíadas de
matemática. Cada uma dessas aulas contêm parte teórica, problemas resolvidos,
problemas propostos, soluções… O POTI é, de certo, a melhor e mais completa referência
em português para se estudar matemática olímpica gratuitamente.

* A OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática) e a OBMEP (Olimpíada Brasileira de


Matemática das Escolas Públicas e Privadas) não são a mesma olimpíada (algumas
pessoas não sabem).
** Material elaborado pelo IMPA. Compilado por Alexander Kahleul. Todo o crédito para
o IMPA.
Sumário
Sem vínculo oficial. Janeiro/2022.

teoria dos números (aritmética) 4


Aula 1 - operações aritméticas elementares 5
Aula 2 - múltiplos, divisores e primos I 18
Aula 3 - problemas de álgebra I 30
Aula 4 - dígitos e sistema decimal 41
Aula 5 - problemas de álgebra II 54
Aula 6 - sequências 64
Aula 7 - múltiplos, divisores e primos II 77
Aula 8 - problemas gerais 85
Aula 9 - problemas de teoria dos números e contagem 97

geometria 109
Aula 1 - áreas 110
Aula 2 - segmentos e perímetros 144
Aula 3 - objetos tridimensionais 172
Aula 4 - ângulos 187
Aula 5 - congruência de triângulos 214
Aula 6 - teorema de pitágoras 235
Aula 7 - semelhança e segmentos proporcionais 255

combinatória 277
Aula 1 - jogos e brincadeiras I 278
Aula 2 - jogos e brincadeiras II 285
Aula 3 - raciocínio lógico I 291
Aula 4 - raciocínio lógico II 297
Aula 5 - paridade 304
Aula 6 - percebendo padrões 310
Aula 7 - exemplos e contra-exemplos 318
Aula 8 - configurações mágicas 324
Aula 9 - tabuleiros 333
Aula 10 - contagem I (princípio multiplicativo) 339
Aula 11 - contagem II 345
POLOS OLÍMPICOS DE
TREINAMENTO INTENSIVO

teoria dos números (aritmética)


nível 1
Operações Aritméticas Elementares - Aula 01

Problemas sobre operações aritméticas elementares utilizam, além dos conceitos de soma,
subtração, multiplicação e divisão, os conceitos de fração e potência. Essa seção é muito
importante, já que as contas permeiam todo o resto do material. Boas contas!

Problema 1. Calcule os valores das seguintes expressões:


107
(a)
5 × 104
2
(b)
1 − 32
     
1 1 1 1
(c) 1 − 1− 1− ··· 1 −
2 3 4 10

(d) 26 + 26 + 26 + 26 − 44

Solução.
107 107−4 103 1000
(a) 4
= = = = 200
5 × 10 5 5 5
2 22 2×3 6
(b) = == = =6
2 3 2 1 1×3 1
1− −
3 3 3 3 3
           
1 1 1 1 1 2 3 9 1
(c) 1 − 1− 1− ··· 1 − = ··· =
2 3 4 10 2 3 4 10 10
4
(d) 26 + 26 + 26 + 26 − 44 = 4.26 − 44 = 22 .26 − 22 = 28 − 22.4 = 28 − 28 = 0

1 Porcentagem
Esses próximos exemplos contém os conceitos de porcentagem de um número e também
a ideia de aumento e redução percentual, os dois tipos de aplicação de porcentagem em
problemas de olimpı́ada. Bons estudos!
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

Problema 2. (OBMEP 1a Fase) Em 2009 uma escola tinha 320 alunos esportistas, dos
quais 45% jogavam vôlei. Em 2010 essa porcentagem diminuiu para 25%, mas o número
de jogadores de vôlei nâo se alterou. Qual era o número de alunos esportistas em 2010?
Solução. Primeiramente vamos ver quantos alunos jogavam vôlei em 2009, são 45% de
45 25 1
320, ou seja × 320 = 144. Agora veja que em 2010 25% = = dos esportistas
100 100 4
eram jogadores de vôlei, portanto o total de alunos esportistas em 2010 será 4 × 144 = 576.

Problema 3. (OBM 1a Fase) Se Joana comprar hoje um computador de 2000 reais, ela
conseguirá um desconto de 5%. Se ela deixar para amanhã, irá conseguir o mesmo desconto
de 5%, mas o computador irá aumentar 5%. Se ela esperar, o que acontecerá?

a) Nada, pois pagará a mesma quantia.

b) Ela perderá 100 reais.

c) Ela ganhará 105 reais

d) Ela perderá 95 reais.

e) Ela perderá 105 reais.

Solução. Alternativa D - Comprando hoje o computador, Joana gastaria 1900 reais. Es-
perando o próximo dia, o preço do computador subiria para 2100 reais e ela gastaria
95
× 2100 = 1995 reais. Assim, ela perderia 95 reais. Podemos fazer a conta de uma vez
100
só, já que um desconto de 5% em cima de 2000 reais pode ser escrito como (1−5%)×2000 =
(1 − 0, 05) × 2000 = 0, 95 × 2000 = 1900 reais, e o aumento de 5% em cima do preço de
1900 reais pode ser escrito como (1 + 5%) × 1900 = (1 + 0, 05) × 1900 = 1, 05 × 1900 = 1995
reais. A conta poderia ser escrita como (1 − 5%) × (1 + 5%) × 2000 = 1995 reais.

2 Problemas
Operações Aritméticas Elementares: Problemas Introdutórios

Problema 4. Quanto é o dobro de 24 mais o triplo de 13 menos o quádruplo de 15?

Problema 5. Quanto é 99 + 999 + 9999?

Problema 6. Podemos afirmar que 0, 12 + 0, 22 é igual a?

Problema 7. Sabendo que 987 × 154 = 151998 podemos concluir que 9870 × 1, 54 é igual a

(a) 15,1998

(b) 1519,98

(c) 15199,8

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

(d) 151998
(e) 1519980
2004 + 2004
Problema 8. Simplifique a fração .
2004 + 2004 + 2004
Problema 9. Em maio, o valor total da conta de telefone celular de Esmeralda foi 119,76
reais, sem os impostos. Esse valor corresponde aos itens: chamadas, acesso á internet,
envio de mensagens. Se ela gastou 29,90 reais com acesso á Internet e 15,50 reais com o
serviço de envio de mensagens, quanto foi que ela gastou com chamadas?
Problema 10. Uma data curiosa neste ano é o dia 11/11/11, pois o dia, mês e dois últimos
dı́gitos do ano são iguais. No ano passado, esse padrão aconteceu em 10/10/10. Quantos
dias há desde 10/10/10 até 11/11/11, incluindo o dia 10 e o dia 11?
Problema 11. Marina, ao comprar uma blusa de R$17,00, enganou-se e deu ao vendedor
uma nota de R$10,00 e outra de R$ 50,00. O vendedor, distraı́do, deu o troco como se
Marina lhe tivesse dado duas notas de R$ 10,00. Qual foi o prejuı́zo de Marina?
Problema 12. Pedro vende na feira cenouras a R$1,00 por quilo e tomates a R$1,10 por
quilo. Certo dia ele se distraiu, trocou os preços entre si, e acabou vendendo 100 quilos de
cenoura e 120 quilos de tomate pelos preços trocados. Quanto ele deixou de receber por
causa de sua distração?
Problema 13. Na adição de termos iguais 20132013 + 20132013 + · · · + 20132013 = 20132014
, escrita de forma simplificada, foram escritos muitos sinais de adição (+). Quantos foram
escritos?

Operações Aritméticas Elementares: Problemas Propostos

Problema 14. Uma professora de Matemática escreveu uma expressão no quadro-negro e


precisou sair da sala antes de resolvê-la com os alunos. Na ausência da professora, Carlos,
muito brincalhão, foi ao quadro-negro e trocou todos os algarismos 3 por 5, os 5 por 3, o
sinal de + pelo de × e o de × pelo de +, e a expressão passou a ser (13 ÷ 5) × (53 + 2) − 25.
Qual é o resultado da expressão que a professora escreveu?
Problema 15. Qual é o algarismo das unidades do número 1 × 3 × 5 × 7 × 9 × 11 × 13 ×
15 × 17 × 19 − 2015?
4
Problema 16. Dividindo-se o número 44 por 44 obtemos?
22007 + 22005
 
Problema 17. Efetuando as operações indicadas na expressão × 2006 ob-
22006 + 22004
temos um número de quatro algarismos. Qual é a soma dos algarismos desse número?
Problema 18. Perguntado, Arnaldo diz que 1 bilhão é o mesmo que um milhão de milhões.
Professor Piraldo o corrigiu e disse que 1 bilhão é o mesmo que mil milhões. Qual é a
diferença entre essas duas respostas?

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

Problema 19. Representamos por n! o produto de todos os inteiros positivos de 1 a n. Por


exemplo, 5! = 5×4×3×2×1 = 120. Calculando a soma 1!+2!+3!+4!+· · ·+2010!+2011!,
qual é o algarismo das unidades do resultado obtido?

Problema 20. Colocando sinais de adição entre alguns dos algarismos do número 123456789
podemos obter várias somas. Por exemplo, podemos obter 279 com quatro sinais de adição:
123 + 4 + 56 + 7 + 89 = 279. Quantos sinais de adição são necessários para que se obtenha
assim o número 54?
a
Problema 21. A fração , onde a e b são inteiros positivos, representa um número entre 0
b
e 1, na posição indicada no desenho a seguir. Qual é um possı́vel valor para a soma a + b?

a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

Problema 22. Colocando apenas parêntesis, tantos quantos necessários, mas usando apenas
as adições e subtrações já indicadas, podemos fazer com que a expressão 1 − 2 + 3 − 4 +
5 − 6 + 7 − 8 + 9 − 10 represente o maior número possı́vel. Qual é este número?

Porcentagens: Problemas Introdutórios

Problema 23. Uma loja de CD’s realizará uma liquidação e, para isso, o gerente pediu
para Anderlaine multiplicar todos os preços dos CD’s por 0, 68. Nessa liquidação, qual é o
desconto que a loja está oferecendo em seus produtos?

Problema 24. Por conta de uma erupção de um vulcção, 10% dos voos de um aeroporto
foram cancelados. Dos voos restantes, 20% foram cancelados pela chuva. Que porcentagem
do total de voos deste aeroporto foram cancelados?

Problema 25. Em uma prova de olimpı́ada, 15% dos estudantes não resolveram nenhum
problema, 25% resolveram pelo menos um problema, mas cometeram algum erro, e os
restantes, 156 estudantes, resolveram todos os problemas corretamente. Quantos estudantes
participaram da olimpı́ada?

Problema 26. Aumentando 2% o valor um número inteiro positivo, obtemos o seu sucessor.
Qual é a soma desses dois números?

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

Problema 27. Diamantino colocou em um recipiente três litros de água e um litro de suco
composto de 20% de polpa e 80% de água. Depois de misturar tudo, que porcentagem do
volume final é polpa?

Porcentagens: Problemas Propostos

Problema 28. Uma classe tem 22 alunos e 18 alunas. Durante as férias, 60% de todos
os alunos dessa classe foram prestar trabalho comunitário. No mı́nimo, quantas alunas
participaram desse trabalho?

Problema 29. Três anos atrás, a população de Pirajussaraı́ era igual à população que
Tucupira tem hoje. De lá para cá, a população de Pirajussaraı́ não mudou mas a população
de Tucupira cresceu 50%. Atualmente, as duas cidades somam 9000 habitantes. Há três
anos, qual era a soma das duas populações?

Problema 30. A massa de gordura de uma pessoa corresponde a 20% de sua massa total.
Essa pessoa, pesando 100 kg, fez um regime e perdeu 40% de sua gordura, mantendo os
demais ı́ndices. Quantos quilogramas ela pesava ao final do regime?

Problema 31. O tanque do carro de Esmeralda, com capacidade de 60 litros, contém uma
mistura de 20% de álcool e 80% de gasolina ocupando metade de sua capacidade. Esmeralda
pediu para colocar álcool no tanque até que a mistura ficasse com quantidades iguais de
álcool e gasolina. Quantos litros de álcool devem ser colocados?

Problema 32. Num folheto de propaganda, uma montadora explica que um veı́culo equi-
pado com a tecnologia flex fuel, bicombustı́vel, pode usar álcool, gasolina, ou uma mistura
de álcool e gasolina em qualquer proporção. Testes realizados com cinco proporções apre-
sentaram os seguintes desempenhos:

Proporção de combustı́vel Consumo


Álcool Gasolina (km por litro)
— 100% 14
40% 60% 13,2
50% 50% 11,8
70% 30% 10
100% — 8

Considere que o preço do litro de álcool é R$1,00 e o preço do litro de gasolina é R$2,00.
Nesse problema você pode utilizar calculadora!
Numa viagem de 400 km com esse veı́culo:

(a) Quantos reais seriam gastos se o veı́culo fosse abastecido somente com álcool?

(b) Qual das cinco proporções apresentadas possibilita o menor gasto com combustı́vel?

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

Problema 33. Francisca compra produtos em grande quantidade para uma rede de restau-
rantes. No momento ela deve comprar detergente lı́quido, escolhendo entre as marcas A, B
e C, que são vendidas em frascos com volumes diferentes. As três tem a mesma qualidade
e um galão com 80 litros do detergente B custa 50 reais, mas

• o detergente A é 40% mais caro que o B e contém 20% menos lı́quido que o C;

• o detergente C custa 50% a mais que A e contém 50% mais lı́quido que o B;

Francisca pensou e comprou a marca mais econômica. Qual é a marca mais econômica?
Utilize uma calculadora para fazer esse problema.

Problema 34. Segundo uma reportagem da revista Veja, 20% dos brasileiros nunca foram
ao dentista. Considere que a população do Brasil é de 200 milhões, dos quais 38 milhões
moram na zona rural, responda:

(a) Qual é o número de brasileiros que nunca foram ao dentista?

(b) A partir dos dados do problema, podemos afirmar que há residentes da zona urbana
que nunca foram ao dentista?

Problema 35. Um fabricante de chocolate cobrava R$ 5,00 por uma barra de 250 gramas.
Recentemente o peso da barra foi reduzido para 200 gramas, mas seu prećo continuou R$
5,00. Qual foi o aumento percentual do preço do chocolate desse fabricante?

Problema 36. Na escola de Esmeralda, neste ano, o aumento do número de alunos em


relação ao ano passado foi de 10% para os meninos e 20% para as meninas. Há atualmente
230 alunos, exatamente 30 a mais do que no ano passado. Quantas meninas há na escola?

Problema 37. Na população de uma espécie rara de 1000 aves da floresta amazônica, 98%
tinham cauda de cor verde. Após uma misteriosa epidemia que matou parte das aves
com cauda verde, esta porcentagem caiu para 95%. Quantas aves foram eliminadas com a
epidemia?

Problema 38. Júlia comprou 3 camisetas iguais e pagou sua compra com desconto de 10%,
enquanto que seu irmão comprou 2 camisetas iguais ás de Júlia com desconto de 5%. Júlia
gastou 12 reais a mais que seu irmão. Qual era, em reais, o preço sem desconto de cada
camiseta?

Problema 39. A quantidade de água de uma melancia corresponde a 95% de seu peso.
Joaquim retirou água dessa melancia até que a quantidade de água correspondesse a 90%
de seu peso, que passou a ser 6 kg. Qual era o peso original da melancia?

Problema 40. A Fuvest, maior vestibular do paı́s, seleciona os estudantes que ingressarão
na Universidade de São Paulo (USP). Em valores aproximados, a cada ano são 150 mil can-
didatos, dos quais são escolhidos os 10 mil novos estudantes da USP. A Fuvest é composta
de duas fases. Em cada curso, o número de estudantes que são aprovados para a segunda
fase é aproximadamente igual a três vezes o número de vagas. Por exemplo, na carreira de

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

Engenharia da Computação são oferecidas 900 vagas e, dos 9000 candidatos iniciais, 2700
classificam-se para a segunda fase. Em Medicina, 90% dos candidatos são eliminados na
primeira fase. Encontre o quociente A/B, onde A é o número de candidatos e B o número
de vagas da carreira de Medicina na primeira fase.

Problema 41. Atacando a defasagem salarial decorrente da inflação, os funcionários de


faculdades de Los Angeles, EUA, assinaram e enviaram ao governo a seguinte mensagem:
Prezados Senhores,
Estamos unidos num único propósito: queremos um aumento salarial.

Aumento Salarial(%) Inflação Anual(%) Ganho(%)


1990 0 6 −6
1991 0 3, 5 −3, 5
1992 0 3, 2 −3, 2
1993 0 2, 5 −2, 5
1994 3 2, 5 +0, 5
1995 2, 7 2, 3 +0, 4
−14, 3

Estamos cansados de trabalhar com números negativos! Utilizando uma calculadora, res-
ponda as perguntas:

(a) Suponha que em 1990 o funcionário Arnald tinha um salário mensal de US$1.000, 00.
Qual é o salário de Arnald no final de 1995?

(b) Suponha que em 1990 o funcionário Bernald tinha um gasto mensal de US$1.000, 00.
Qual o gasto mensal de Bernald no final de 1995, levando-se em consideração que ele
continua gastando com as mesmas coisas desde 1990?

(c) Baseados na tabela, os funcionários pediram um aumento salarial de 14, 3%. Nesse
caso, seriam realmente repostas todas as perdas salariais?

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

Operações Aritméticas Elementares: Soluções dos Introdutórios

4) (OBM 1a Fase) O valor procurado é 2 × 24 + 3 × 13 − 4 × 15 = 4839 − 60 = 27

5) (OBMEP 1a Fase) 99 + 999 + 9999 = (100 − 1) + (1000 − 1) + (10000 − 1) = 11100 − 3 =


11097.
1 2 2 1 4 5 1
6) (OBM 1a Fase) 0, 12 + 0, 22 = ( ) + ( )2 = + = =
10 10 100 100 100 20
154 987 × 154 151998
7) (OBMEP 1a Fase) Temos 9870 × 1, 54 = 987 × 10 × = = =
100 10 10
15199, 8
2004 + 2004 2.2004 2
8) (OBM 1a Fase) = =
2004 + 2004 + 2004 3.2004 3
9) (OBM 1a Fase) Ela gastou com chamadas 119, 76 − 29, 90 − 15, 50 = 74, 36 reais.

10) (OBM 1a Fase) Vamos quebrar o perı́odo em duas partes. Temos: De 10/10/10 até
09/10/11, há 365 dias. De 10/10/11 até 11/11/11 há 22 dias mais 11 dias, ou seja, 33
dias. Logo, de 10/10/10 até 11/11/11, incluindo o dia 10 e o dia 11, há 365 + 33 = 398
dias.

11) (OBMEP 1a Fase) Marina, ao dar 60 reais para pagar uma conta de 17 reais, deveria
receber 60 − 17 = 43 reais de troco, mas recebeu somente 20 − 17 = 3 reais. Logo, seu
prejuı́zo foi de 43 − 3 = 40 reais. Uma outra maneira de resolver o problema é notar
que, ao confundir uma nota de 10 reais com uma de 50 reais, Marina teve um prejuı́zo
de 50 − 10 = 40 reais. Esta solução mostra que o prejuı́zo de Marina não depende do
preço da blusa.

12) (OBMEP 1a Fase) Solução 1: Se Pedro não tivesse trocado os preços, a quantia que
ele teria recebido pela venda de 100 quilos de cenoura e 120 quilos de tomate seria
100 × 1 + 120 × 1, 10 = 100 + 132 = 232 reais. A quantia que ele recebeu, de fato, foi
de 100 × 1, 10 + 120 × 1 = 110 + 120 = 230 reais. Logo, por causa de sua distração, ele
perdeu 232 − 230 = 2 reais. Solução 2: Como a diferença dos preços dos dois produtos
é R$ 0,10 por quilo, ao trocar os preços Pedro ganhou 100 × 0, 10 = 10 reais na venda
das cenouras e perdeu 120 × 0, 10 = 12 reais na venda dos tomates. Logo, no final, ele
perdeu 2 reais.

13) (OBM 1a Fase) Veja que 20132014 = 20131 .20132013 , logo nessa soma temos 2013 termos
20132013 . Veja também que essa soma começa com um 20132013 e termina com 20132013 ,
portanto entre os números teremos um sinal de mais a menos. Portanto são 2012 sinais
de +.

Operações Aritméticas Elementares: Soluções dos Problemas Propostos

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

14) (OBMEP 1a Fase) Para encontrar a expressão que a professora escreveu no quadro
negro, precisamos destrocar tudo o que Carlos trocou, logo o resultado da expressão
que professora escreveu no quadro negro é (15 ÷ 3) + (35 × 2) − 23 = 5 + 70 − 23 = 52

15) (OBMEP 1a Fase) O número 1 × 3 × 5 × 7 × 9 × 11 × 13 × 15 × 17 × 19 termina em


5, pois qualquer número ı́mpar diferente de 1 que multiplicar 5, termina em 5. Logo, o
algarismo das unidades do número 1 × 3 × 5 × 7 × 9 × 11 × 13 × 15 × 17 × 19 − 2015 é 0.
4 4
44 4(4 ) 4
16) (OBM Fase) Nessa divisão perceba que a base é 4: 4 = 4 = 44 −4 = 416−4 = 412
1a
4 4
22005 . 22 + 1
 2007 
+ 22005 22005 .22 + 22005

a 2
17) (OBM 1 Fase) × 2006 = 2004 2 × 2006 = 2004 2 ×
22006 + 22004 2 .2 + 22004 2 . (2 + 1)
22005
2006 = 2004 × 2006 = 2.2006 = 4012
2
18) (OBM 1a Fase) Arnaldo: 1 bilhão = 1.000.000 × 1.000.000 = 1.000.000.000.000. Profes-
sor Piraldo: 1 bilhão = 1.000×1.000.000 = 1.000.000.000. A diferença é: 1.000.000.000.000−
1.000.000.000 = 999.000.000.000.

19) (OBM 1a Fase) Observe que 5!, 6!, 7!, 8!, ... terminam em 0, já que todos eles possuem
2 e 5 dentro da multiplicação, ou seja, são múltiplos de 2 × 5 = 10 e, por isso mesmo,
terminam em 0. Assim, o algarismo das unidades de 5! + 6! + ... + 2010! + 2011! é igual
a 0, e como 1! + 2! + 3! + 4! = 1 + 2 + 6 + 24 = 33, que termina em 3, temos finalmente
que 1! + 2! + 3! + 4! + 5! + 6! + ... + 2010! + 2011! termina em 3 + 0 = 3.

20) (OBMEP 1a Fase) Como queremos obter a soma 54, devemos colocar sinais de adição
entre todos os algarismos a partir do 5, isto é, 1?2?3?4? |5 + 6 +{z
7 + 8 + 9} = 54
30
Logo precisamos que 1?2?3?4?5 = 24. Com o mesmo argumento usado anteriormente,
vemos que isso só pode ser feito como 12+3+4+5. Logo 12+3+4+5+6+7+8+9 = 54
é a expressão procurada, para a qual necessitamos de 7 sinais de adição.
a
21) (OBM 1a Fase) Alternativa E - A soma a + b é 1 se a = 0 e b = 1, ou seja, = 0,
b
a 1
incompatı́vel com o desenho. A soma é 2 se = = 1, também incompatı́vel. E a
b 1
a 1 a 2
soma é 3 se = ou = = 2 > 1, ambos incompatı́veis. Os casos em que a soma é
b 2 b 1
a 1 1 a 2 a 3
4 são: = < ou = = 1 ou = = 3 > 1 , todos incompatı́veis. Como todas
b 3 2 b 2 b 1
as quatro primeiras alternativas são falsas, a alternativa E é a verdadeira. De fato, a
a 1 1 a 2 1 a 3 a 4
soma é 5 nos casos: = < ou = > ou = > 1 ou = = 4 > 1 , dos
b 4 2 b 3 2 b 2 b 1
a 2
quais a possibilidade a = 2 e b = 3 dá a fração = ≈ 0, 67.
b 3
22) (OBM 2a Fase) Primeiro note que só vale colocar parênteses logo depois de sinais de −,
já que se o fizermos em frente ao sinal de + não alteramos o resultado.

9
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

Ao efetuarmos os parênteses, o 2 terá sinal de − necessariamente. Suponha que não


colocamos parênteses depois do sinal de − do 2. Então o 4 também deve ter sinal de −
quando efetuamos os parênteses, e a soma é no máximo 1−2+3−4+5+6+7+8+9+10 =
43.
Então é mais vantajoso colocar parênteses entre o − e o 2. Ao fazermos isso, ao
efetuarmos os parênteses o 3 deve ter necessariamente sinal de −, e a soma é no
máximo 1 − 2 − 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = 45. Podemos obter esse resultado:
1 − (2 + 3 − (4 + 5) − (6 + 7) − (8 + 9) − 10) = 45.
Então a maior soma possı́vel é 45.

Porcentagem: Soluções dos Problemas Introdutórios

23) (OBM 1a Fase) Ao multiplicar os preços por 0, 68 = 68% a loja oferece um desconto
100% − 68% = 32%.
24) (OBM 1a Fase) Seja N o número de voos. Se 10% dos voos foram cancelados, restaram
90% de N. Dos voos restantes, 20% foram cancelados pela chuva, ou seja, 20% de 90%
de N = 0, 20 × 0, 90 × N = 0, 18 × N = 18% de N. Dessa forma, a porcentagem do total
de voos que foram cancelados é 28%.
25) (OBM 1a Fase) Os 156 estudantes que resolveram todos os problemas corretamente
correspondem a 100% − 25% − 15% = 60% do total. Logo, o número total de estudantes
600
é .156 = 260.
100
26) (OBM 1a Fase) Se 2% de um número é igual a 1, então esse número é 50, pois, sendo
2 1
x esse número temos .x = 1 ⇔ .x = 1. Seu sucessor é 51, portanto a soma de
100 50
ambos é 101.
27) (OBM 1a Fase) A mistura final tem 0, 2 litros de polpa e litros de água. A porcentagem
0, 2 2
de polpa em relação ao volume da mistura é = = 0, 05 = 5%.
4 40
Porcentagem: Soluções dos Problemas Propostos

28) (OBM 1a Fase) De todos os alunos dessa classe, 60%.(22 + 18) = 0, 6.40 = 24 foram
prestar trabalho comunitário. O número mı́nimo de alunas que participaram desse
trabalho é obtido quando número de alunos que participaram é máximo, ou seja, quando
22 alunos se envolveram, restando assim o mı́nimo de 24−22 = 2 vagas para as meninas.
29) (OBM 1a Fase) Seja p a população de Tucupira há três anos. Atualmente, Tucupira tem
p + 50% de p = p + 0, 5p, população igual à atual de Pirajussaraı́. Temos 1, 5p + 1, 5p =
9000 ⇔ 3p = 9000 ⇔ p = 3000. Há três anos, a soma das populações das duas cidades
era 1, 5p + 0, 5p = 1, 5.3000 + 3000 = 4500 + 3000 = 7500 pessoas.

10
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

30) (OBM 2a Fase) Como 20% da massa total dessa pessoa correspondem á massa de gor-
20
dura, ela tem .100 = 20 kg de gordura. Ela perdeu 40% da sua gordura, ou seja,
100
40
perdeu .20 = 8 kg de gordura, e como manteve os demais ı́ndices, ela pesava ao final
100
do regime 100 − 8 = 92 kg.

31) (OBM 2a Fase) O tanque contém uma mistura de 30 litros, sendo 0, 2 × 30 = 6 litros de
álcool e 30 − 6 = 24 litros de gasolina. Portanto, para que as quantidades de gasolina e
álcool fiquem iguais, devem ser colocados no tanque 24 − 6 = 18 litros de álcool.

32) (OPM Primeira Fase)

(a) Somente com álcool, o veı́culo percorre 400 km com 1 litro de combustı́vel. Logo
400
serão necessários = 50 litros, gerando um gasto de 50 × 1 = 50 reais.
8
(b) As proporções de combustı́vel apresentadas possibilitam os seguintes gastos para
se percorrer os 400 km:
400
× (0% × 1, 00 + 100% × 2, 00) ≈ 57, 14 reais
14
400
× (40% × 1, 00 + 60% × 2, 00) ≈ 48, 48 reais
13, 2
400
× (50% × 1, 00 + 50% × 2, 00) ≈ 50, 84 reais
11, 8
400
× (70% × 1, 00 + 30% × 2, 00) ≈ 52, 14 reais
10
400
× (100% × 1, 00 + 0% × 2, 00) = 50, 00 reais
8
Assim, a proporção que possibilita o menor gasto com combustı́vel é formada por 40%
de álcool e 60% de gasolina.

33) (OPM Primeira Fase) Vejamos primeiramente o preço de cada marca de detergente,
lembrando que os volumes são diferentes. A marca B custa 50 reais, e como o detergente
A é 40% mais caro que a marca B, entã o preço de A é (1 + 40%) × 50 = (1 + 0, 4) × 50 =
1, 4 × 50 = 70 reais. O detergente C custa 50% a mais que a marca A, portanto preço da
marca C é (1 + 50%) × 70 = (1 + 0, 5) × 70 = 1, 5 × 70 = 105 reais. Agora vamos calcular
os volumes. O volume de B é de 80 litros, e como o detergente C contém 50% mais
liquido que B, o volume de C é de (1+50%)×80 = (1+0, 5)×80 = 1, 5×80 = 120 litros.
O detergente A tem um volume 20% menor que o detergente C, portanto o detergente A
tem (1 − 20%) × 120 = (1 − 0, 2) × 120 = 0, 8 × 120 = 96 litros. Para pensar em economia
podemos fazer um quociente, do volume pelo preço, quanto maior esse quociente então
isso quer dizer se leva um volume maior de detergente. Para o detergente A o quociente
96 80
é ≈ 1, 37, para o detergente B = 1, 6 e finalmente para o detergente B temos o
70 50
120
quociente ≈ 1, 14. Portanto o detergente B é o mais econôomico.
105
34) (OPM Fase Final)

11
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

20
(a) 20% de 200 milhões é .200000000 = 40000000 .
100
(b) Há mais pessoas que não vão ao dentista do que moradores da zona rural, em
outras palavras, se considerarmos que todos os 38 milhões de habitantes da zona
rural nunca foram ao dentista ainda restariam 40 − 38 = 2 milhões de pessoas que
nunca foram ao dentista, e que são da zona urbana.

35) (OBMEP 1a Fase) Inicialmente o fabricante cobrava R$ 20,00 por quilo e passou, com
o aumento de preço, a cobrar R$ 25,00 por quilo. Logo o aumento do preço foi de R$
5
5,00 por quilo e o aumento percentual de = 25%.
20
36) (OBM 2a Fase) Seja x a quantidade de meninas no ano passado. Então havia 200 − x
meninos. Assim, como o aumento foi de 10% para meninos, 20% para meninas e 30 no
total, temos 0, 10.(200 − x) + 0, 20x = 30 ⇔ x = 100. Logo, após o aumento de 20%,
existem 100.1, 20 = 120 meninas na escola.

37) (OBM 2a Fase) Inicialmente existiam 980 aves com a cauda verde e 20 das demais. Após
a epidemia, estas 20 aves correspondem a 5%, donde o total de aves agora é 20×20 = 400
(sendo 380 da cauda verde). Portanto, morreram 600 aves.

38) (OBM 2a Fase) Seja p o preço de cada camiseta em reais. Júlia comprou 3 camisetas e
pagou por elas 3p reais. Mas como teve 10% de desconto, ao final pagou 100% − 10% =
90% desse valor, ou seja, pagou 90%.3p = 0, 9.3p = 2, 7p reais. O irmão de Júlia
comprou 2 camisetas e pagou por elas 2p reais. Mas como teve 5% de desconto, ao final
pagou 100% − 5% = 95% desse valor, ou seja, pagou 95%.2p = 0, 95.2p = 1, 9p reais.
Como Júlia gastou 12 reais a mais que seu irmão, temos que 2, 7p = 1, 9p + 12 ⇔ 0, 8p =
12 ⇔ p = 15

39) (OBMEP 1a Fase) Aqui usaremos os termos peso e massa como sinônimos, para tornar o
texto mais próximo da linguagem coloquial. Uma melancia é constituı́da de duas partes:
água e componentes sólidos (fibras, açúcares, etc.). Durante a desidratação somente
ocorre perda de água; o peso dos demais componentes, antes e depois da desidratação,
permanece o mesmo. O enunciado diz que, após ser desidratada, a melancia pesa 6 kg,
1 6
dos quais 90% correspondem a água; os 10% restantes, cujo peso é ×6= = 0, 6
10 10
kg, correspondem aos componentes sólidos. Por outro lado, antes de ser desidratada, a
melancia tinha 95% de água, logo ela continha 5% de componentes sólidos; como o peso
desses componentes não muda, vemos que 5% do peso original da melancia era 0,6 kg.
Portanto 10%, ou seja, a décima parte, do peso original da melancia era igual a 1,2 kg;
logo, o peso original da melancia era 10 × 1, 2 = 12 kg.

40) (OPM Fase Final) Como 90% dos candidatos são eliminados na primeira fase, somente
1
100%−90% = 10% = dos candidatos passam para a segunda fase. Desses candidatos,
10
1
1 em cada 3 é chamado para uma das vagas de Medicina. Assim, de dos candidatos
10

12
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 01 - Emiliano Chagas 2 PROBLEMAS

1
que fizeram a primeira fase, são chamados para as vagas de Medicina. Logo a razão
3
candidatos 1 1 1 vagas 1
é . = , ou seja, a razão é o inverso de , que é 30.
vagas 10 3 30 candidatos 30
41) (OPM Fase Final)

(a) O salário sofreu um aumento de 3% em 1994, passando para 1000 + 3% × 1000 =


1000 + 30 = 1030 dólares. Em seguida, sofreu um aumento de 2, 7% em 1995,
passando então para 1030 + 2, 7% × 1030 = 1030 + 27, 81 = 1057, 81 dólares.
(b) Lembrando que aumentar de x% é o mesmo que multiplicar por 1 + x% o valor a
ser aumentado, de acordo com os dados o gasto de US$1000,00 em 1990 passaram a
(1+2, 3%).(1+2, 5%).(1+2, 5%).(1+3, 2%).(1+3, 5%).(1+6%).1000 = U S$1216, 88
(c) Não. De acordo com o item (b), o gasto mensal de US$1000,00 em 1990 aumentou
de US$216,88, ou seja, aumentou 21,688%, mais que os 14,3% pedidos.

13
Múltiplos, Divisores e Primos - Aula 02

Nessa lista vamos explorar conceitos básicos de divisão Euclidiana, múltiplos, divisores
e primos.
Quando dividimos o número 7 pelo número 3, obtemos um quociente 2 e um resto 1.
Podemos transformar essa divisão na equação 7 = 3 × 2 + 1. De um modo mais geral, ao
dividirmos um número a por um número b, obtemos um quociente q e um resto r.

a=b×q+r (1)
Perceba que o resto não pode assumir qualquer valor, por exemplo, na divisão por 3
os restos possı́veis são 0, 1 ou 2, em outras palavras, o resto pode ir de 0 até o número
anterior ao divisor. Portanto, ao dividirmos por b, os restos possı́veis são 0, 1, 2, · · · , b − 1.
Um caso muito especial acontece quando o resto da divisão é zero. A equação anterior
fica:

a=b×q (2)
Dessa expressão podemos fazer quatro definições, que são equivalentes:

• a é múltiplo de b

• a é divisı́vel por b

• b é divisor de a

• b é fator de a

Assim, um número primo pode ser definido como um número p que possui exatamente
dois divisores positivos: 1 e p. São primos os números 2, 3, 5, 7, 11, · · · enquanto que 4
não é primo já que possui como divisores positivos 1, 2 e 4, assim como 6 também não é
já que possui como divisores positivos 1, 2, 3 e 6. Números que podem ser representados
como o produto de pelo menos dois números primos são chamados de números compostos,
como exemplo temos 4 = 2 × 2 ou 12 = 2 × 2 × 3.
Problema 1. (OBM 1a Fase) A soma de dois números primos a e b é 34 e a soma dos
primos a e c é 33. Quanto vale a + b + c?
Solução. Como a+b = 34, que é um número par, ou a e b são pares, ou são ambos ı́mpares,
como o único primo par é 2, terı́amos a + b = 4, portanto a e b são ı́mpares. Com a mesma
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas

análise verificamos que, como a + c = 33, então temos um número par e um número ı́mpar
entre a e c, e como anteriormente verificamos que a é ı́mpar, então c é um número primo
par, logo c = 2, portanto: a + c = 33 ⇔ a + 2 = 33 ⇔ a = 31. Substituindo na outra
equação temos: a + b = 34 ⇔ 31 + b = 34 ⇔ b = 3 Finalmente, a + b + c = 31 + 3 + 2 = 36.

Problema 2. (OBM 1a Fase) Dos números a seguir, qual é o único que pode ser escrito
como produto de quatro naturais consecutivos?

a) 712

b) 548

c) 1026

d) 1456

e) 1680

Solução. Uma ideia para resolver esse problema é fatorar cada uma das alternativas para
verificar se podemos escrever tal número como um produto de quatro números consecutivos.
De fato a alternativa e) dá a resposta, já que 1680 = 24.3.5.7 = 5.6.7.8.
Como essa resolução pode demorar muito, podemos fazer de outra maneira. Perceba
que o produto de números consecutivos cresce muito rápido. Outra solução possı́vel seria
ir testando o produto de quatro números consecutivos até encontrar uma das alternativas,
nesse caso começarı́amos com 1.2.3.4 = 24, depois tentarı́amos 2.3.4.5 = 120, o próximo é
3.4.5.6 = 360, 4.5.6.7 = 840, e finalmente 5.6.7.8 = 1680.
Por último, vamos considerar uma ideia mais elaborada. Da resolução anterior podemos
perceber que no produto de quatro números consecutivos sempre teremos pelo menos um
número múltiplo de 3 (veja que aparece o 3 e depois começa a aparecer o 6), um número
múltiplo de 4 (veja que quando o 4 para de aparecer, o 8 aparece) e um número par que não
é múltiplo de 4, em outras palavras, um múltiplo de 2 (o 2 aparece no começo, ai aparece
o 6). Resumidamente, um múltiplo simultâneo de 2, 3 e 4 é um múltiplo de 2.3.4 = 24.
Podemos pegar cada alternativa e ver qual desses números é divisı́vel por 24.

Problema 3. (OBM 1a Fase) Uma professora tem 237 balas para dar a seus 31 alunos.
Qual é o número mı́nimo de balas a mais que ela precisa conseguir para que todos os
alunos recebam a mesma quantidade de balas, sem sobrar nenhuma para ela?
Solução. Dividindo 237 por 31 obtemos quociente 7 e resto 20, ou seja, se a professora
conseguir uma quantidade tal que, somada com 20 dê 31, então ela consegue entregar mais
uma bala para cada aluno. Portanto a professora precisa de 11 balas a mais.

Problema 4. Em um certo ano, Janeiro tinha exatamente quatro terças-feiras e quatro


sábados. Em que dia da semana caiu o dia 1 de Janeiro?
Solução. Uma ideia para resolver esse problema é desenhar um calendário do mês de
janeiro com 31 dias. Veja que a diferença de sábado para terça-feira são apenas 3 dias,
como janeiro possui 31 dias isso quer dizer que podemos montar 4 sequências de 7 dias e
sobram ainda 3 dias (31 = 4.7 + 3), ou seja, como esse mês de janeiro possui exatamente

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

quatro terças e quatro sábados, os 3 dias restantes só podem ser quarta-feira, quinta-feira
e sexta-feira. Montando esse calendário de janeiro verificamos que dia 1 de Janeiro é uma
quarta-feira.

1 Problemas
Múltiplos, Divisores e Primos: Problemas Introdutórios

Problema 5. Sabendo-se que 9174532 × 13 = 119268916, pode-se concluir que é divisı́vel


por 13 o número:

a) 119268903

b) 119268907

c) 119268911

d) 119268913

e) 119268923

Problema 6. Em 2006, o primeiro dia do ano foi um domingo, o primeiro dia da semana.
Qual é o próximo ano em que isso ocorrerá?
Considere que os anos não bissextos têm 365 dias e os bissextos têm 366 dias. São
bissextos:

• os anos que são múltiplos de 4 e não são múltiplos de 100;

• os anos que são múltiplos de 400.

Por exemplo, 1996 e 2000 foram anos bissextos e 1900 não foi um ano bissexto.

Problema 7. A Páscoa é celebrada no primeiro domingo após a primeira Lua cheia do


Outono e pode ocorrer entre 22 de março e 25 de abril. Existem vários métodos para
determinar o dia em que o domingo de Páscoa cai. Um deles é o método de Gauss, descrito
a seguir para os anos no intervalo de 1901 a 2099. Sejam

• A o resto da divisão do ano por 19;

• B o resto da divisão do ano por 4;

• C o resto da divisão do ano por 7;

• D o resto da divisão de 19A + 24 por 30;

• E o resto da divisão de 2B + 4C + 6D + 5 por 7;

Desta forma:

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

• Se D + E > 9, então o dia é D + E − 9 e o mês é abril.

• Caso contrário, o dia é D + E + 22 e o mês é março.


Em que dia e mês será o domingo de Páscoa em 2077, ano do centenário da OPM?

Múltiplos, Divisores e Primos: Problemas Propostos

Problema 8. Um certo número inteiro positivo, quando dividido por 15 dá resto 7. Qual
é a soma dos restos das divisões desse número por 3 e por 5?
Problema 9. Um conjunto de inteiros positivos, dois a dois distintos, é chamado auto-
divisor se a soma de todos os seus elementos é múltiplo de cada um de seus elementos. Por
exemplo, {1; 2; 3} é um conjunto auto-divisor com 3 elementos, pois 1 + 2 + 3 = 6 é múltiplo
de 1, 2 e 3.
Agora é sua vez! Invente um conjunto auto-divisor com

(a) 4 elementos.

(b) 5 elementos.

(c) 10 elementos.

Problema 10. A primeira fase da OBM de 2008 se realizou no dia 14 de junho, um sábado
do ano bissexto 2008.
Problema 11. O número 1000...02 tem 20 zeros. Qual é a soma dos algarismos do número
que obtemos como quociente quando dividimos esse número por 3?
Problema 12. Em um ano, no máximo quantos meses têm cinco domingos?
Problema 13. Você conhece o critério de divisibilidade por 11? Veja só:
• O número 93918 é divisı́vel por 11 pois 8 − 1 + 9 − 3 + 9 = 22 e 22 é divisı́vel por 11;

• O número 4851 é divisével por 11 pois 1 − 5 + 8 − 4 = 0 e 0 é divisı́vel por 11;

• O número 63502 não é divisı́vel por 11 pois 2 − 0 + 5 − 3 + 6 = 10 que não é divisı́vel


por 11.

a) Qual é o menor número natural de 5 algarismos que é divisı́vel por 11?

b) Qual é o menor número natural de 5 algarismos distintos que é divisı́vel por 11?

Problema 14. Vamos chamar de selo de um número inteiro positivo o par (x; y) no qual
x é o número de divisores positivos desse número menores do que ele e y é a soma desses
divisores. Por exemplo, o selo do número 10 é (3; 8) pois o número 10 tem como divisores
menores do que ele os números 1, 2 e 5, cuja soma é 8. Já o selo do número primo 13 é
(1; 1).

4
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

a) Qual é o selo do número 9?

b) Qual número tem o selo (2; 3)?

c) Há números cujo selo é (6; m). Qual é o menor valor possı́vel para m?
Problema 15. Neste problema vamos mostrar uma forma de calcular o resto da divisão de
um número inteiro positivo por 7. Considere a figura a seguir, com os restos que um número
inteiro pode deixar na divisão euclidiana por 7 e algumas flechinhas pretas ou brancas entre
eles. Para descobrir o resto da divisão de um número qualquer n por 7, fazemos o seguinte:
partimos do zero e seguimos o caminho indicado por x1 flechas pretas, sendo x1 o algarismo
mais á esquerda de n. Seguimos por uma flecha branca e então seguimos o caminho indicado
por x2 flechas pretas, sendo x2 o segundo algarismo mais á esquerda de n. Seguimos por
uma flecha branca e então seguimos o caminho indicado por x3 flechas pretas, sendo x3
o terceiro algarismo mais á esquerda de n e assim por diante até seguir a quantidade de
flechas pretas indicada pelo algarismo das unidades de n e terminar em algum dos restos
de 0 a 6. O número no qual terminarmos é o resto da divisão de n por 7.

Por exemplo, para n = 3401:


• Partimos do 0 e seguimos por 3 flechas pretas, chegando em 3.

• Seguimos uma flecha branca para 2 e, então, seguimos por 4 flechas pretas, chegando
em 6.

• Seguimos uma flecha branca para 4 e, então, seguimos por 0 flecha preta (ou seja,
ficamos na mesma posição), continuando em 4.

• Seguimos uma flecha branca para 5 e, então, seguimos por 1 flecha preta, chegando
em 6.

• Podemos concluir que 6 é o resto da divisão de 3401 por 7.

a) Encontre, segundo a regra descrita, o resto da divisão de 4288 por 7. Seguindo o modelo
acima, descreva os passos para obtenção do resto.

b) Encontre, segundo a regra descrita, o resto da divisão de 102010 por 7. Não é necessário
descrever todos os 2011 passos, mas não se esqueça de justificar a sua resposta.

5
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 16. Neste problema, vamos apresentar um método de fatoração criado por Pierre
de Fermat. O método consiste em tentar escrever n como a diferença de dois quadrados:

n = x2 − y 2

Para isto atribuı́mos a x o primeiro inteiro maior ou igual a n. Então, testamos se

y = x2 − n

é inteiro. Caso y seja inteiro, utilizamos a fatoração x2 − y 2 = (x + y) · (x − y) para fatorar


n. Senão, aumentamos o valor de x em 1 e repetimos o procedimento.

√ Por exemplo,
√ √ temos n = 85,45 . . ., logo fazemos x = 86. Como y =
se n = 7303,
x2 − n = 862 − 7303 = 93 não √ é inteiro, aumentamos
√ o valor de x em 1 e tentamos
√ 87, temos y = 87 − 7303 = 266. Então fazemos x = 88 e agora
novamente. Para x = 2

y = 882 − 7303 = 441 = 21, que é um inteiro e o procedimento termina.
Para obter a fatoração, observe que

21 = 882 − 7303 ⇐⇒ 212 = 882 − 7303

⇐⇒ 7303 = 882 − 212 = (88 − 21)(88 + 21) = 67 · 109


Assim, 7303 = 67 · 109 que é, portanto, composto.
Agora é a sua vez: mostre que n = 84587 é um número composto. Utilize calculadora!
Problema 17. O truque favorito do grande matemágico Benjamini é o seguinte:
• Ele pede para uma pessoa na plateia pensar em um número de sete algarismos. Esse
número não deve ser revelado

• Então pede para ela inverter o número (primeiro algarismo vira o último, o segundo
vira o penúltimo e assim por diante) e subtrair o maior do menor (pode usar lápis e
papel, pois a conta é grande). Nada é revelado ainda.

• Finalmente pede para a pessoa convidada ir falando na ordem os sete algarismos


obtidos (mesmo os possı́veis zeros á esquerda devem ser falados), sendo que um dos
algarismos ela não deve dizer, desafiando Benjamini com “Descubra!”.

• Após o convidado concluir a sua participação, para espanto de todos, Benjamini


imediatamente diz o algarismo que ele não falou.
Por exemplo:
• A pessoa escolhe o número 2485772.

• O número invertido é 2775842. Subtraindo: 2775842 − 2485772 = 0290070.

• O convidado, então, diz Zero, Dois, Nove, Zero, Zero, Descubra!, Zero.

• E o triunfante Benjamini, diz de imediato “Sete!”, recebendo as suas merecidas pal-


mas.

6
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

O segredo de Benjamini é que ele sabe que o número obtido após a subtração deve ser
múltiplo de onze. E sabe também o critério de divisibilidade por onze: Seja an an−1 · · · a2 a1 a0
a representação decimal de um número inteiro n. O número n é múltiplo de 11 se, e so-
mente se, (a0 + a2 + a4 + · · · ) − (a1 + a3 + a5 + · · · ) é múltiplo de 11. Por exemplo: 4770216
é múltiplo de 11, pois (6 + 2 + 7 + 4) − (1 + 0 + 7) = 11 é um múltiplo de 11; já 5672109
não é múltiplo de 11, pois (9 + 1 + 7 + 5) − (0 + 2 + 6) = 14 não é múltiplo de 11.
Explicando o truque: 0290070 é múltiplo de 11, pois (0 + 0 + 9 + 0) − (7 + 0 + 2) = 0
que é múltiplo de 11.
a) Um membro da plateia disse: Quatro, Três, Dois, Zero, Descubra!, Cinco, Cinco. Faça
como o grande Benjamini e determine o algarismo que falta.

b) Um outro membro da plateia disse: Seis, Zero, Oito, Descubra!, Zero, Oito, Quatro. E
Benjamini, para surpresa de todos, afirmou que não diria o algarismo porque o resultado
da conta estava errado! Baseado no critério de divisibilidade por onze, explique mais
esse mistério envolvendo o maior dos matemágicos.
Problema 18. Frações redutı́veis e irredutı́veis:
a) Algumas vezes, quando somamos frações irredutı́veis, obtemos uma fração que pode
4 1 4.5 + 1.7
ser simplificada, ou seja, redutı́vel. Por exemplo, + = é uma fração
21 13 105
9
equivalente a . Notando que 2009 = 72 .41, concluı́mos que, ao somarmos as frações
25
a b a + 49b
irredutı́veis e , obtemos a fração . Exiba inteiros positivos a e b de
2009 41 2009
modo que tal fração seja redutı́vel.
5
b) Acontece também de termos como resultado uma fração irredutı́vel; por exemplo, +
12
7 5.3 + 7.2 29
= = . Mais ainda, pode-se demonstrar que, para alguns pares de
18 36 36
denominadores, é impossı́vel obter como resposta uma fração que possa ser simplificada.
x y x y
Sejam e frações irredutı́veis. Mostre que a fração obtida ao calcular + será
12 18 12 18
sempre irredutı́vel.
Problema 19. No jogo denominado “Chomp”, dois jogadores, Arnaldo e Bernaldo, dizem
alternadamente divisores de um número N dado inicialmente. Os números ditos não podem
ser múltiplos de nenhum dos números escolhidos anteriormente. Perde quem escolher o
número 1.
Por exemplo, sendo N = 432 = 24 · 33 , um jogo possı́vel é

• Arnaldo escolhe 36;

• Bernaldo escolhe 6 (Observe que ele não poderia escolher 72 = 2 · 36, 108 = 3 · 36,
144 = 4 · 36, 216 = 6 · 36, 432 = 12 · 36 e nem o próprio 36 = 1 · 36.);

• Arnaldo escolhe 16; Bernaldo escolhe 4; Arnaldo escolhe 9; Bernaldo escolhe 3; Ar-
naldo escolhe 2; Bernaldo escolhe 1, perdendo. Arnaldo é o vencedor!

7
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Uma maneira de visualizar o que está ocorrendo no jogo é desenhar uma barra de cho-
colate formada por quadradinhos numerados com os divisores de N . E, então, imaginar que
os jogadores estão comendo os quadradinhos abaixo e à direita dos números que escolhem.
O quadradinho 1 está envenenado! Para o nosso exemplo, terı́amos:

1 2 4 8 16
3 6 12 24 48
9 18 36 72 144
27 54 108 216 432

(Mostramos no desenho os quadradinhos que Arnaldo comeria na sua primeira jogada,


36, 72, 108, 144, 216 e 432. Bernaldo, na sua primeira jogada, comeria os quadradinhos 6,
12, 18, 24, 48 e 54.)
Considere agora N = 10000 = 24 · 54 .

(a) Desenhe a barra de chocolate correspondente.

(b) Mostre que se Arnaldo começar escolhendo 10, ele consegue vencer o jogo, não im-
portando quais números Bernaldo escolha.

(c) Mostre que se Arnaldo começar escolhendo qualquer número diferente de 10, Bernaldo
consegue vencer o jogo.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Múltiplos, Divisores e Primos: Soluções dos Introdutórios

5) (OBM 1a Fase) Como 119268916 é divisı́vel por 13, já que 9174532 × 13 = 119268916,
podemos concluir que os números da forma 119268916 + x, para x inteiro, são divisı́veis
por 13 se, e somente se, x é divisı́vel por 13. Dentre os números apresentados, o número
119268916 + (−13) = 119268903 é o único divisı́vel por 13.

6) (OPM Fase Inicial) Como 2006 não é bissexto, tem 365 dias e, como 365 = 52 × 7 + 1 ,
o primeiro dia do ano de 2007 será uma segunda-feira, um dia a frente do que aconteceu
em 2006. E o mesmo no ano seguinte, ou seja, o primeiro dia do ano de 2008 será
uma terça-feira, um dia a frente do que aconteceu em 2007. Já 2008 á bissexto. Como
366 = 52 × 7 + 2, o primeiro dia do ano de 2009 será uma quinta-feira, dois dias a frente
do que aconteceu em 2008. Como 2009, 2010 e 2011 não são bissextos, os primeiros dias
de 2010, 2011 e 2012 serão, respectivamente, uma sexta-feira, um sábado e um domingo.
Portanto a próxima vez que o ano iniciará em um domingo será em 2012.

7) (OPM Fase Inicial) Efetuando-se as divisões, temos A = 6 , B = 1 e C = 5 . Logo


19A + 24 = 138 e D = 18, além de 2B + 4C + 6D + 5 = 135 e E = 2. Como
D + E = 20 > 9, o domingo de Páscoa em 2077 será no dia D + E − 9 = 11 e no mês
de abril.
Observação: existem dois casos particulares neste perı́odo: 2049 e 2076. Quando o
domingo de Páscoa, de acordo com a regra citada, cair em Abril e o dia for 26, o dia é
corrigido para 19. E quando o domingo de Páscoa cair em Abril e o dia for 25, o dia é
corrigido para 18.

Múltiplos, Divisores e Primos: Soluções dos Propostos

A 15p + 7 7
8) (OBM 1a Fase) Seja A = 15p + 7. Como = = 5p + , concluı́mos que o
3 3 3
resto da divisão de A por 3 é igual ao resto da divisão de 7 por 3, ou seja, 1. De forma
análoga, o resto da divisão de A por 5 é o mesmo que o da divisão de 7 por 5, ou seja,
igual a 2. A soma desses restos é igual a 1 + 2 = 3.

9) (OPM Fase Inicial)

(a) {1, 2, 3, 6}
(b) {1, 2, 3, 6, 12}
(c) {1, 2, 3, 6, 12, 24, 48, 96, 192, 384}

Esses são alguns exemplos. Há outros conjuntos que cumprem as condições impostas
pelo problema.

9
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

10) (OBM 1a Fase) Perceba que ao dividirmos 365 por 7 obtemos resto 1, portanto ao
dividirmos 366 por 7 obtemos resto 2. Em outras palavras, se o resto dessa divisão fosse
zero, então o próximo ano começaria no mesmo dia da semana, e como num ano regular
temos resto 1, temos que o ano seguinte começa no dia da semana seguinte. É verdade
que 14 de junho de 2008 é um sábado. Logo 14 de junho de 2009 será um domingo, de
2010 será uma segunda-feira, de 2011 será uma terça-feira, de 2012 (que é bissexto) será
uma quinta-feira, de 2013 será uma sexta-feira e, finalmente, de 2014 será um sábado.
Portanto a próxima vez que o dia 14 de junho será num sábado e acontecerá daqui a 6
anos.

11) (OBM 2a Fase) O quociente da divisão de 102 por 3 é 34, de 1002 por 3 é 334, de
10002 por 3 é 3334, etc. Assim, o quociente da divisão de 10...02, com vinte algarismos
zero, por 3, é igual a 33...34, com vinte algarismos três. Logo a soma dos algarismos do
quociente é 20 × 3 + 4 = 64.

12) (OBM 1a Fase) Como 365 dividido por 7 dá quociente 52 e resto 1 e 366 dividido por
7 dá o mesmo quociente e resto 2, em um ano, bissexto ou não, há no máximo 53
domingos. Um mês tem entre 28 = 4 × 7 e 31 = 4 × 7 + 3 dias, então todo mês tem
4 ou 5 domingos. Como 53 dividido por 12 dá quociente 4 e resto 5, há no máximo 5
meses com 5 domingos. Um exemplo de ano com cinco meses com cinco domingos é um
iniciado no domingo.

13) (OPM Fase Final)


10000
a) Fazemos primeiramente para obtermos quociente 909 e resto 1. Isso significa
11
que 909 × 11 = 9999 se somarmos 11 teremos 909 × 11 + 11 = 9999 + 11, ou seja,
910 × 11 = 10010 que é um múltiplo de 11.
b) Comecemos pelo menor número de três algarismos distintos que é 10234, a partir
dele utilizamos a ideia do enunciados do critério de divisibilidade por 11, aumentando
sempre o algarismo das unidades de 1 em 1 para ver se funciona. 4 − 3 + 2 − 0 + 1
até 9 − 3 + 2 − 0 + 1 não terá efeito, mudamos a casa das dezenas para 4 e a unidade
corretamente para perceber que 3 − 4 + 2 − 0 + 1 até 9 − 4 + 2 − 0 + 1 não terá
efeito. Utilizamos essa ideia até chegarmos em 3 − 6 + 2 − 0 + 1 que dará zero. Logo
o número pedido é 10263. Outra maneira de fazer o problema é tomar o número
10200 e ver o múltiplo de 11 mais próximo, a partir daı́ ir somando 11 e ver quando
os cinco dı́gitos são distintos.

14) (OBM 2a Fase)

a) Os divisores positivos de 9 menores que 9 são 1 e 3, logo o selo do número 9 é o par


(2; 4).
b) Observe que todo número inteiro positivo tem 1 como divisor. Como o número que
estamos procurando tem apenas dois divisores menores que ele, 1 terá que ser um
desses divisores e como a soma dos dois divisores é 3, então o outro divisor deve ser
2. Como não há outros divisores, então o número que procuramos é uma potência

10
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

de 2, e para ter apenas dois divisores menores que ele próprio, então o número deve
ser 4.
c) Seja n um número com selo (6; m). n possui 7 divisores contando com ele próprio,
logo a única possibilidade é que ele seja da forma p6 , com p primo, e m é igual a
1 + p + p2 + · · · + p5 . Para que m seja mı́nimo, p terá que ser mı́nimo, logo p = 2 e
m = 1 + 2 + 22 + · · · + 25 = 63.

15) (OPM Fase Inicial)

a) Partimos do 0 e seguimos por 4 flechas pretas até 4. Seguimos uma flecha branca
até 5 e depois por 2 flechas pretas até 0. Seguimos uma flecha branca até 0 e depois
por 8 flechas pretas até 1. Seguimos uma flecha branca até 3 e depois por 8 flechas
pretas até 4, que é o resto da divisão de 4288 por 7.
b) Partimos do 0 e seguimos por 1 flecha preta até 1. A partir de agora, seguiremos
apenas por flechas brancas, num total de 2010 passos: de 1 a 3, de 3 a 2, de 2 a 6,
de 6 a 4, de 4 a 5, e 5 a 1. Note agora que cada 6 passos seguidos que executarmos
nos levará de volta ao 1. Como 2010 é múltiplo de 6, ao final dos passos chegaremos
no 1, e esse é o resto da divisão de 102010 por 7.

16) (OPM Fase Final) Temos n = 290,8 . . ., portanto começamos com x = 291. A tabela
a seguir resume os cálculos
x x2 − n
291 94
292 677
293 1262
294 1849
Veja que, como um quadrado perfeito não pode terminar em 2 ou 7, somente o primeiro
e o último valores devem ser verificados. Apenas o último é um quadrado perfeito:
1849 = 432 . Logo

n = 2942 − 432 = (294 − 43)(294 + 43) = 251 · 337

17) (OPM Fase Inicial)

a) Aplicando o critério apresentado, sendo x o valor do algarismo não dito a Benjamini,


temos que (5 + x + 2 + 4) − (5 + 0 + 3) deve ser um múltiplo de onze, ou seja,
11 + x − 8 = 3 + x deve ser um múltiplo de onze. Como x é um algarismo, x = 8.
b) Aplicando novamente o critério, sendo x o valor do algarismo não dito a Benjamini,
temos que (4 + 0 + 8 + 6) − (8 + x + 0) deve ser um múltiplo de onze, ou seja,
18 − 8 − x = 10 − x deve ser um múltiplo de onze. Como x é um algarismo, os
possı́veis valores de 10 − x são os números de 1 a 10, e não há múltiplos de 11 nesse
intervalo. Como o resultado deve ser múltiplo de onze, nenhum dos possı́veis valores
de x pode ocupar o lugar de “Descubra!” e, portanto, o convidado errou uma conta.

18) (OPM Fase Final)

11
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 02 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

a + 49b
a) Como a fração deve ser irredutı́vel, temos que a + 49b deve ser múltimplo
2009
a
de 7 ou de 41. Mas é irredutı́vel; logo a não pode ser múltiplo de 7 e, con-
2009
sequentemente, a + 49b também não. Assim, a + 49b deve ser múltitplo de 41, ou
seja, a + 49b = 41k, para k inteiro positivo. Vale observar que 7 não divide a, 6 não
divide b e 7 não divide k. A tabela a seguir mostra alguns exemplos de valores para
a e para b:
x y 3x + 2y
b) Temos + = . Para que tal fração seja redutı́vel, 3x + 2y deve ser
12 18 36
múltiplo de 2 ou de 3, o que ocorre se, e somente se, x é múltitplo de 2 ou y é
x
múltiplo de 3. Mas x não pode ser múltiplo de 2, pois a fração é irredutı́vel, da
12
mesma forma que y não pode ser múltiplo de 3, pois é irredutı́vel. Logo a fração
x y
+ será sempre irredutı́vel.
12 18
19) (OPM Fase Final)

(a)
1 2 4 8 16
5 10 20 40 80
25 50 100 200 400
125 250 500 1000 2000
625 1250 2500 5000 10000

(b) Se Arnaldo começar com 10, Bernaldo só poderá escolher 1, ou as potências de
5 (5, 25, 125 e 625) ou as potências de 2 (2, 4, 8 e 16). Se essa escolha for 1,
Arnaldo ganha direto, se for uma das potências de 2, Arnaldo escolhe 5, a menos
que Bernaldo escolha 4, 8 ou 16, pois Arnaldo deverá, neste caso, escolher 25, 125
ou 625, respectivamente. Se Bernaldo, ao invés de potência de 2 escolher 5, Arnaldo
escolhe 2 e ganha, mas se Bernaldo escolher 25, 125 ou 625, Arnaldo escolhe 4, 8
ou 16 respectivamente e também ganha.
(c) Se Arnaldo escolher outro número se não 10, Bernaldo ganha. Se Arnaldo escolher
uma potência de 2, Bernaldo escolhe a potência de 5 correspondente. Se Arnaldo
escolher um número que não é potência nem de 2 nem de 5, Bernaldo escolhe 10 e
procede da mesma maneira que Arnaldo faria para ganhar (tudo explicado no item
anterior, num tabuleiro simétrico).

12
Problemas de Álgebra I - Aula 03

Os problemas de álgebra podem envolver em sua resolução o auxı́lio de variáveis. Nesse


primeiro material de problemas de álgebra, a utilização de variáveis não é crucial, muitos
dos problemas saem por métodos elementares de operações simples.
Mas fique atento, as variáveis são o corpo e a alma de álgebra, aprenda a gostar delas.

Problema 1. (OBM 1a Fase) Para cortar um tronco reto de eucalipto em 6 partes, o


madeireiro Josué faz 5 cortes. Ele leva meia hora para fazer os cortes, que são feitos
sempre da mesma maneira. Quanto tempo Josué levará para cortar outro tronco igual em
9 pedaços?
Solução. Se para cortar um tronco reto de eucalipto em 6 partes, o madeireiro Josué faz
5 cortes e leva meia hora para fazer os cortes, vemos que cada corte é feito em 30 × 5 = 6
minutos. Portanto, para cortar outro tronco igual em 9 pedaços ele precisará fazer 8 cortes.
E isso levará 8 × 6 = 48 minutos.

Problema 2. (EUA 1a Fase) A taxa de meninos para meninas na sala de aula do Sr. Brown
é de 2 : 3. Se existem 30 estudantes na sala, quantas meninas a mais do que meninos existem
na sala?
Solução. Seja 2x o número de meninos, então o número de meninas é 3x. O total de
estudantes é 30, logo 2x + 3x = 30 ⇔ x = 6. Como queremos quantas meninas a mais do
que meninos temos na sala, queremos 3x − 2x = x, logo temos 6 meninas a mais do que
meninos.

Problema 3. (OBM 1a Fase) Carlos e seus dois amigos, Danilo e Edson, foram ao cinema.
Carlos pagou a entrada de todos, Danilo pagou a pipoca e o suco para todos e Edson pagou
o estacionamento do carro. Para acertar as contas, Danilo e Edson pagaram R$ 8,00 e R$
14,00, respectivamente, para Carlos, pois a despesa total de cada um foi de R$ 32,00. Qual
era o preço da entrada no cinema?
Solução. Para cada um, o gasto com a pipoca e o suco foi (32 − 8) ÷ 3 = 24 ÷ 3 = 8 reais
e com o estacionamento foi (32 − 14) ÷ 3 = 18 ÷ 3 = 6 reais. Se a despesa total de cada
um foi de 32 reais, o preço da entrada foi 32 − 8 − 6 = 18 reais.

1 Problemas
Problemas de Álgebra: Problemas Introdutórios
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 4. Rosa e Maria começam a subir uma escada de 100 degraus no mesmo instante.
Rosa sobe 10 degraus a cada 15 segundos e Maria sobe 10 degraus a cada 20 segundos.
Quando uma delas chegar ao último degrau, quanto tempo faltará para a outra completar
a subida?

Problema 5. Caio e Sueli começaram, separadamente, a guardar moedas de R$ 1,00 em


janeiro de 2004. Todo mês Caio guardava 20 moedas e Sueli guardava 30 moedas. Em julho
de 2004 e nos meses seguintes, Caio não guardou mais moedas, enquanto Sueli continuou
a guardar 30 por mês. No final de que mês Sueli tinha exatamente o triplo do número de
moedas que Caio guardou?

Problema 6. Sı́lvia pensou que seu relógio estava atrasado 10 min e o acertou, mas na
verdade o relógio estava adiantado 5 min. Cristina pensou que seu relógio estava adiantado
10 min e o acertou, mas na verdade o relógio estava atrasado 5 min. Logo depois, as duas
se encontraram, quando o relógio de Sı́lvia marcava 10 horas. Neste momento, que horas o
relógio de Cristina indicava?

Problema 7. Esmeralda lançou um dado dez vezes e obteve 57 como soma de todos os
pontos obtidos nesses lançamentos. No mı́nimo, quantas vezes saı́ram 6 pontos?

Problema 8. Ontem Dona Dulce gastou R$ 12,00 no mercado para comprar 4 caixas de
leite e 6 pães. Hoje, aproveitando uma promoção no preço do leite, ela comprou 8 caixas
de leite e 12 pães por R$ 20,00 no mesmo mercado. O preço do pão foi o mesmo que o de
ontem. Qual foi o desconto que o mercado deu em cada caixa de leite?

Problema 9. Numa festa, na casa de Cláudia, havia crianças somente na cozinha, na sala
e na varanda. Em certo momento, várias crianças começaram a correr ao mesmo tempo:
7 crianças correram da varanda para a cozinha, 5 crianças correram da cozinha para a
sala, e 4 crianças correram da sala para a varanda. Ao final dessa correria, a quantidade de
crianças na sala era igual a quantidade de crianças na varanda e também igual a quantidade
de crianças na cozinha. Quantas crianças, no mı́nimo, havia na casa de Cláudia?

Problema 10. Uma empresa de telefonia celular oferece planos mensais de 60 minutos a
um custo mensal de R$ 52,00, ou seja, você pode falar durante 60 minutos no seu telefone
celular e paga por isso exatamente R$ 52,00. Para o excedente, é cobrada uma tarifa de
R$ 1,20 cada minuto. A mesma tarifa por minuto excedente é cobrada no plano de 100
minutos, oferecido a um custo mensal de R$ 87,00. Um usuário optou pelo plano de 60
minutos e no primeiro mês ele falou durante 140 minutos. Se ele tivesse optado pelo plano
de 100 minutos, quantos reais ele teria economizado?

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problemas de Álgebra: Problemas Propostos

Problema 11. Ana e Beatriz compraram dezoito bombons de mesmo preço. Ana pagou
por oito deles e Beatriz pelos outros dez. Na hora do lanche, dividiram os bombons com
Cecı́lia e cada uma delas comeu seis. Para dividir igualmente o custo dos bombons, Cecı́lia
deveria pagar R$ 1,80 para Ana e Beatriz. Ela pensou em dar R$ 0,80 para Ana e R$ 1,00
para Beatriz, mas percebeu que essa divisão estava errada. Quanto ela deve pagar para
Beatriz?

Problema 12. João fez uma viagem de ida e volta entre Pirajuba e Quixajuba em seu
carro, que pode rodar com álcool e com gasolina. Na ida, apenas com álcool no tanque,
seu carro fez 12 km por litro e na volta, apenas com gasolina no tanque, fez 15 km por
litro. No total, João gastou 18 litros de combustı́vel nessa viagem. Qual é a distância entre
Pirajuba e Quixajuba?

Problema 13. Um artesão começa a trabalhar as 8h e produz 6 braceletes a cada vinte


minutos; seu auxiliar começa a trabalhar uma hora depois e produz 8 braceletes do mesmo
tipo a cada meia hora. O artesão pára de trabalhar as 12h mas avisa ao seu auxiliar que
este deverá continuar trabalhando até produzir o mesmo que ele. A que horas o auxiliar
irá parar?

Problema 14. Segundo a matéria apresentada no programa ”Fantástico”de 18/10/03, inti-


tulada ”Números da Cidade de São Paulo 2003”, 150 mil lâmpadas de iluminação pública
queimam por ano e 300 lâmpadas queimadas são trocadas todos os dias (fonte: Ilume,
Secretaria Municipal de Infra-estrutura). Utilize calculadora nesse problema.

a) Quantas lâmpadas queimam, em média, por dia?

b) Supondo que estes números se mantenham nos próximos anos, estime em que ano
pelo menos metade das 525 mil lâmpadas de iluminação pública estarão queimadas.
Você deve supor que não havia lâmpadas queimadas no dia primeiro de janeiro de
2003.

Problema 15. Ao redor de um grande lago existe uma ciclovia de 45 quilômetros de compri-
mento, na qual sempre se retorna ao ponto de partida se for percorrida num único sentido.
Dois amigos partem de um mesmo ponto com velocidades constantes de 20 km por hora e
25 km por hora, respectivamente, em sentidos opostos. Quando se encontram pela primeira
vez, o que estava correndo a 20 km por hora aumenta para 25 km por hora e o que estava a
25 km por hora diminui para 20 km por hora. Quanto tempo o amigo que chegar primeiro
ao ponto de partida deverá esperar pelo outro?
2 5
Problema 16. Sabe-se que do conteúdo de uma garrafa enchem de um copo. Para
9 6
encher 15 copos iguais a esse, quantas garrafas deverão ser usadas?

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 17. Antônio é um perito da polı́cia que analisa acidentes automobilı́sticos. Ele
sempre inicia uma investigação tentando descobrir a velocidade com a qual o veı́culo tra-
fegava momentos antes do acidente. Um dos métodos por ele utilizado consiste em medir
o tamanho de marcas (vestı́gios) ininterruptas
√ deixadas pelos pneus travados pelos freios e
então utilizar a fórmula V = 3,6 · 19,6 · µ · d para obter uma aproximação da velocidade.
Nesta fórmula, V indica a velocidade, em km/h, com a qual o veı́culo trafegava no
momento em que os freios foram acionados, travando as rodas até sua parada total, d
corresponde ao tamanho, em metros, das marcas da freada e µ é o coeficiente de atrito
(aspereza) da superfı́cie. Veja alguns valores médios de coeficientes de atrito (µ):

Descrição da superfı́cie Seca Molhada


Concreto novo (rugoso) 0,84 0,61
Concreto trafegado 0,69 0,56
Asfalto novo (rugoso) 0,79 0,62
Asfalto trafegado 0,66 0,53
Paralelepı́pedo novo (rugoso) 0,78 0,60
Paralelepı́pedo trafegado 0,68 0,48

Utilize calculadora nesse problema.

(a) Em um teste para uma revista automotiva, um motorista conduz um veı́culo sobre
uma superfı́cie seca de concreto novo. Em certo momento, o motorista aciona os
freios, bloqueando as rodas até a parada total do veı́culo, deixando uma marca de
17 m de comprimento. Qual é a velocidade aproximada com que o veı́culo trafegava
no momento em que os freios foram acionados?

(b) Sob intensa chuva, um motorista conduz, a 144 km/h, um veı́culo por uma rodovia de
asfalto já bastante trafegado. Num trecho de reta, após perceber a presença de uma
árvore caı́da sobre a rodovia, impedindo a passagem de qualquer veı́culo, ele reage
e aciona os freios, travando as rodas até a parada completa do veı́culo. Exatamente
no momento em que as rodas são travadas, o veı́culo está a 130 m da árvore. Se o
carro continuar sua trajetória em linha reta, com as rodas bloqueadas, o motorista
irá colidir com a árvore?

Problema 18. Anita imaginou que levaria 12 minutos para terminar a sua viagem, enquanto
dirigia a velocidade constante de 80 km/h, numa certa rodovia. Para sua surpresa, levou
15 minutos. Com qual velocidade constante essa previsão teria se realizado?

Problema 19. Na Microlândia, há quatro times de futebol. O regulamento do campeonato


microlandense de futebol, ou como é chamado carinhosamente pelos seus habitantes, o
Microlandião, é o seguinte: na fase classificatória, cada um dos quatro times joga com
todos os outros três exatamente uma vez. Em cada jogo, uma vitória vale 3 pontos, um
empate vale 1 ponto e uma derrota vale zero pontos. As duas equipes que conseguirem as
maiores quantidades de pontos são classificadas para a grande final do Microlandião. Caso
seja necessário, há um sorteio para definir as equipes classificadas. Por exemplo, se os times

4
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

têm 9, 4, 4 e 0 pontos, respectivamente, há um sorteio para definir a segunda equipe que
participará da final.

a) Qual é a menor pontuação possı́vel de uma equipe classificada para a final?

b) Qual é a maior pontuação possével de uma equipe que não foi classificada para a
final?

Problema 20. Joana foi comprar 20 canetas e comparou os preços em duas lojas: na loja
A, cada caneta custa 3 reais, mas há uma promoção de 5 canetas pelo preço de 4, e na loja
B, cada caneta custa 4 reais, mas a cada 5 canetas compradas, como brinde ela pode levar
até mais duas de graça. Tentando fazer a melhor escolha entre comprar somente na loja A
ou somente na loja B, quanto ela pode economizar?

Problema 21. Na Matemática, existem problemas que ninguém, nem mesmo matemáticos
profissionais, resolveu ainda. Esses são os chamados problemas em aberto. Um problema
em aberto famoso é o 3x + 1: Considere um número inteiro positivo. Se esse número é
ı́mpar, multiplique-o por 3 e some 1 ao resultado (daı́ o nome do problema!); se é par,
divida-o por 2. Se o número obtido é 1, pare; se não, repita esse procedimento com o
número obtido.
Por exemplo, se começamos com o número 20, obtemos os seguintes números:
:2 :2 ×3+1 :2 :2 :2 :2
20 −→ 10 −→ 5 −→ 16 −→ 8 −→ 4 −→ 2 −→ 1

O que ninguém sabe é se sempre obtemos o número 1, não importando qual é o número
inicial. Já foram testados todos os números até 290 quatrilhões!

(a) Verifique que começando com o número 28, obtemos 1.

(b) Note que no final do nosso exemplo há uma sequência de potências de 2 iniciada por
16. O número que antecede 16 não é uma potência de 2. Existe algum número inicial
para o qual os últimos números obtidos formem uma sequência de potências de 2
iniciada por 32? Não se esqueça: nesse caso, o número que antecede 32 não pode ser
64.

Problema 22. Na Krugerrândia, a empresa responsável pelo transporte urbano em ônibus


oferece dois tipos de passe: Múltiplo de 2 e Múltiplo de 4. Em ambos os casos, o passageiro
recebe um único passe, no qual está impresso o tipo. O controle da quantidade de viagens
realizadas é feito eletronicamente, e o passe fica retido pela máquina ao término das viagens
permitidas.
O passe Múltiplo de 2 custa Kr$3,10 e dá direito a duas viagens quaisquer e o Múltiplo
de 4 custa Kr$5,90 e dá direito a quatro viagens quaisquer. Para definir o preço de cada
passe, a empresa computou apenas o gasto com a confecção do passe (que é o mesmo para
os dois tipos) e o gasto correspondente as viagens a que dá direito cada passe.

(a) Qual é o gasto com a confecção de cada passe?

5
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

(b) A empresa quer criar o passe Múltiplo de 8, que dará direito a oito viagens quaisquer.
De acordo com as informações apresentadas, quanto custará o passe Múltiplo de 8?

Problema 23. Em uma prova de múltipla escolha, Júlia acertou 100 das 128 questões
possı́veis. Ela verificou que a maior quantidade de questões consecutivas que ela acertou é
N. Qual é o valor mı́nimo para N?

Problema 24. O Homem sempre foi fascinado por números gigantes. Na Antiguidade,
Arquimedes inventou um método para escrever um número que excedesse a quantidade de
grãos de areia necessários para preencher o universo. O número de Arquimedes é aproxi-
16902 )
madamente 10(10 .
Há uma maneira simples para se escrever números gigantes. Utilizando o sı́mbolo ↑,
podemos representar potências da seguinte maneira:

• A ↑ B = AB , como por exemplo, 2 ↑ 3 = 8;


(...A) ) 2)
• A ↑↑ B = A(A , onde A aparece B vezes, como por exemplo, 2 ↑↑ 3 = 2(2 =
24 = 16.
16902 )
Deste modo 10(10 pode ser representado assim: 10 ↑ (10 ↑ 16902).

(a) Determine o valor numérico de 5 ↑ 2 e 5 ↑↑ 2.

(b) Na expressão 2 ↑ (2 ↑ (2 ↑ (. . . ↑ (2)))), qual é o menor número de ↑ que devemos


colocar a fim de obtermos um número maior do que 10 ↑ 9? Nesse item utilize
calculadora. Justifique sua resposta!

Problema 25. Certo banco brasileiro obteve um lucro de R$ 4,1082 bilhões ao final do
primeiro semestre de 2008. Esse valor representa um aumento de 2,5% em relação ao
resultado obtido no mesmo perı́odo do ano passado. Qual é a soma dos dı́gitos do número
inteiro que representa, em reais, o lucro desse banco no primeiro semestre de 2007?

Problema 26. Três carros com velocidades constantes cada um, na mesma estrada, passam
no mesmo momento por Brasilópolis. Ao viajar 100 quilômetros, o carro A passa por
Americanópolis, 20 quilômetros a frente do carro B e 50 quilômetros a frente do carro C.
Quando o carro B passar por Americanópolis, quantos quilômetros estará a frente do carro
C?

Problema 27. No planeta POT o número de horas por dia é igual a número de dias por
semana, que é igual ao número de semanas por mês, que é igual ao número de meses por
ano. Sabendo que em POT há 4096 horas por ano, quantas semanas há num mês?

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema de Álgebra: Soluções dos Introdutórios

4) (OBMEP 1a Fase) Como 100 degraus = 10 × 10 degraus, Rosa gastará 15 × 10 = 150


segundos para chegar ao último degrau da escada. Do mesmo modo, Maria levará
20 × 10 = 200 segundos para atingir o topo da escada. Assim, quando Rosa terminar
de subir a escada, faltarão 200 − 150 = 50 segundos para Maria completar a subida.

5) (OBMEP 1a Fase) De janeiro a junho há 6 meses. Portanto, Caio economizou 6 × 20 =


120 moedas até junho. O triplo de 120 é 3×120 = 360. Como Sueli continuou guardando
30moedas por mês, ela conseguiu guardar 360 moedas após 360 ÷ 30 = 12 meses, ou
seja, em dezembro de 2004.

6) (OBM 1a Fase) Se Sı́lvia acertou o relógio, ela adiantou 10min. Como já estava adian-
tado 5min, o relógio ficou 15min adiantado. Portanto, se marcava 10h, era na verdade
9h45min. Se Cristina acertou o relógio, ela atrasou 10min. Como já estava atrasado
5min, o relógio ficou 15min atrasado. Como 9h45min foi o horário real do encontro, o
relógio de Cristina indicava 9h30min.

7) (OBM 1a Fase) A soma máxima dos pontos é 6 × 10 = 60 e portanto em no máximo três


lançamentos o número obtido não é o máximo. Assim, em pelo menos sete lançamentos
o número obtido é o máximo 6.

8) (OBMEP 1a Fase) Hoje Dona Dulce comprou o dobro do que comprou ontem, logo ela
deveria pagar 2 × 12 = 24 reais. Como ela pagou apenas 20 reais, a promoção fez com
que ela economizasse 24 − 10 = 4 reais na compra de 8 caixas de leite. Logo o desconto
em cada caixa de leite foi de 4 ÷ 8 = 0, 50 reais, ou seja, de R$ 0,50.

9) (OBMEP 1a Fase) Ao final da correria, a cozinha ficou, no mı́nimo, com as 7 crianças


que vieram da varanda; logo, todos os cômodos da casa terminaram com pelo menos 7
crianças. A varanda perdeu 7 − 4 = 3 crianças na correria; para que, ao final, ela ficasse
com pelo menos 7 crianças, ela deveria ter pelo menos 7 + 3 = 10 crianças no inı́cio.
Já a cozinha ganhou 7 − 5 = 2 crianças; para acabar com pelo menos 7 crianças, ela
deveria ter pelo menos 7 − 2 = 5 crianças no inı́cio. De modo análogo, a sala deveria ter
pelo menos 6 crianças no inı́cio. Logo, o número de crianças na casa era, no mı́nimo,
10 + 5 + 6 = 21.

10) (OBM 1a Fase) O usuário pagou 52 + (140 − 60) × 1, 20 = 148 reais; no plano de 100
minutos teria pago 87 + (140 − 100) × 1, 20 = 135 reais, ou seja, teria economizado
148 − 135 = 13 reais.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problemas de Álgebra: Soluções dos Propostos

11) (OBMEP 1a Fase) Cada uma das meninas comeu 6 bombons. Como Cecı́lia pagou
R$1,80 pelos seus, cada bombom custou R$1, 80 ÷ 6 = R$0, 30. Beatriz comprou dez
bombons e comeu seis, logo ela deu quatro para Cecı́lia e por isso deve receber 4 ×
R$0, 30 = R$1, 20.

12) (OBMEP 1a Fase) Vamos chamar de D a distância entre Pirajuba e Quixajuba. Qual-
quer que seja o combustı́vel utilizado, temos D = litros consumidos × quilômetros por
litro . Isso mostra que as grandezas “litros consumidos” e “quilômetros por litro” são in-
versamente proporcionais (pois seu produto é constante). Sendo A os litros consumidos
na ida, e B os litros consumidos na volta, podemos escrever:
A 15 5
= =
B 12 4
5
Basta então achar uma fração equivalente a na qual a soma do numerador com o
4
10
denominador seja 18. Essa fração é ; ou seja, João gastou 10 litros de álcool na
8
ida e 8 litros de gasolina na volta. Logo a distância entre Pirajuba e Quixajuba é
12 × 10 = 8 × 15 = 120 quilômetros.
8
13) (OBM 1a Fase) O número de braceletes feitos pelo artesão é 4horas × braceletes
20
8
por minuto = 72. O auxiliar produz braceletes por hora = 16 braceletes por hora.
1/2
braceletes 72
Então 72 braceletes = 16 × ×t ⇔ t = = 4, 5 horas. Temos 9 horas + 4,5
hora 16
horas = 13 horas e 30 minutos.

14) (OPM Fase Final)

a) 150000 ÷ 365 ≈ 411 lâmpadas


b) Por dia 411 − 300 = 111 lâmpadas queimadas não são trocadas. Gostarı́amos de
saber quando 111 × x = 525000/2. Resolvendo a equação temos que x = 2364 dias,
ou seja, em 6 anos e meio, aproximadamente, metade das lâmpadas de São Paulo
estarão apagadas.

15) (OBM 1a Fase) O intervalo de tempo entre a partida e o primeiro encontro é igual ao
intervalo de tempo entre o primeiro encontro e o segundo encontro, no ponto de partida.
Isso acontece porque ao se inverterem as velocidades, a situação seria a mesma que se
cada um deles retornasse ao ponto de partida pelo caminho que veio, com a mesma
velocidade. Portanto, eles chegarão no mesmo instante, ou seja, o tempo que um irá
esperar pelo outro será igual a 0.
2
2 6
16) (OBM 1a Fase) Serão necessários 15 × 9
5 = 15 × × = 4 garrafas.
6
9 5

8
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

17) (OPM Fase Final)


a) Aproximadamente 60 km/h.
b) O motorista colidirá com a árvore, pois o carro percorreria aproximadamente 154 m.
15 1
18) (OBM 1a Fase) Viajando a 80 km/h por 15 minutos, ou seja, = de hora, Anita
60 4
80
percorreu = 20 km. Para conseguir percorrer esses 20 km em 12 minutos, ou seja,
4
12 1 20
= de hora, ela deveria trafegar a uma velocidade constante de 1 = 20 × 5 = 100
60 5 5
km/h.
19) (OPM Fase Final) Vamos chamar as equipes de Optigol, Mithbol, Oithclub e Arapiraca.

a) Uma possibilidade de resultados para que algum time passe para a segunda fase
com 2 pontos é a seguinte: o Optigol ganha de todos os outros três times; todos os
outros três jogos (Mithbol x Oithclub; Oithclub x Arapiraca; Arapiraca x Mithbol)
terminam empatados. Nesse caso, Optigol fica com 9 pontos e todos os outros três
times com 2 pontos.
Suponha agora que, em uma outra situação, um dos clubes, digamos, o Arapiraca,
fez 1 ponto ou menos. Então pelo menos dois times ganharam do Arapiraca e
fizeram pelo menos 3 pontos, o superando. Deste modo, um time que faz menos
de 2 pontos n ao pode ser classificado para a final. Portanto a menor pontuação
possı́vel de uma equipe classificada para a final é 2 pontos.
b) Uma possibilidade de resultados para que algum time não passe para a segunda
fase com 6 pontos é a seguinte: o Optigol perde de todos os outros três times; o
Mithbol ganha do Oithclub; o Oithclub ganha do Arapiraca; o Arapiraca ganha
do Mithbol. Nesse caso, a tabela do campeonato fica assim: Mithbol, Oithclub e
Arapiraca empatados com 6 pontos e Optigol com 0 pontos. Assim, um dos times
que fez 6 pontos não se classificará para a final.
Suponha agora que, em uma outra situação, um dos clubes, digamos, o Arapiraca,
fez 7 pontos ou mais. Então dois times perderam do Arapiraca e fizeram no máximo
6 pontos, ou seja, o Arapiraca está na frente de dois times na tabela, estando
classificado para a final. Deste modo, um time que faz mais de 6 pontos com
certeza está classificado para a final. Portanto a maior pontuação possı́vel de uma
equipe que não foi classificada para a final é 6 pontos.

20) (OBM 1a Fase) Se Joana comprar as 20 canetas na Loja A, ela pagará o preço de 16
canetas (já que 20 = 4 × 5 e a cada cinco canetas ela paga o preço de apenas quatro).
Assim, na Loja A ela gastaria 16 × 3 = 48 reais, já que cada caneta custa 3 reais. Se
Joana comprar as 20 canetas na Loja B, como ela compra 5 e ganha 2, ou seja, a cada
7 ela paga o preço de apenas 5. Assim, Joana precisa de 7 + 7 + 6 canetas, que saem
pelo preço de apenas 3 × 5 = 15 canetas. Como cada unidade custa 4 reais, ela gastaria
15 × 4 = 60 reais na Loja B. Assim, entre a opção mais barata e a mais cara, Joana
pode economizar 60 − 48 = 12 reais.

9
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

21) (OPM Fase Final)

(a) A sequência fica: 28 → 14 → 7 → 24 → 12 → 6 → 3 → 10 → 5 → 16 → 8 → 4 →


2→1
(b) Não. Como o número que antecede 32 não pode ser 64, o número que antecede 32
deve ser então ı́mpar e, nesse caso, 32 deveria ser um múltiplo de 3 mais 1, o que
é um absurdo. De outra maneira, seja x o número que antecede 32, x ı́mpar. Logo
31
3x + 1 = 32 ⇔ x = que não é inteiro.
3
22) (OPM Fase Inicial)

(a) Os Kr$3,10 cobrados pelo passe Múltiplo de 2 referem-se ao gasto com sua confecção
mais 2 viagens e os Kr$5,90, pelo Múltiplo de 4, referem-se ao gasto com sua
confecção mais 4 viagens. Portanto, fazendo Kr$5,90 menos Kr$3,10 obtemos
Kr$2,80, que correspondem ao gasto com 2 viagens. E assim, fazendo Kr$3,10
− Kr$2,80, obtemos Kr$0,30, que corresponde ao gasto com a confecção de um
passe.
(b) No passe Múltiplo de 8 deverão ser computados o gasto com a confecção mais 8
viagens. Logo deverá custar Kr$0,30 + 4 × Kr$2,80, ou seja, Kr$11,50.

23) (OBM 2a Fase) A resposta é 4. Vamos supor que esse máximo fosse 3. Sendo C a questão
que ela marcou a alternativa correta e E a questão que ela errou, então, a maior quan-
tidade que Júlia poderia acertar ocorreria quando C, C, C, E, C, C, C, E, C, C, C, E, . . .
Ou seja, ela acertaria 3 e erraria 1 em cada 4 questões. Ora, mas isso seria igual
3
a × 128 = 96, que é menor do que as 100 que ela acertou. Desse modo, N > 3.
4
Analisando o caso seguinte, veja que ela pode acertar, por exemplo:
C, C, C, C, E, C, C, C, C, E, . . . , C, C, C, C, E, E, E, E
4
onde ela acertaria × 125 = 100 questões até a questão 125 e ela erraria as 3 últimas.
5
24) (OPM Fase Inicial)

a) 25 e 3125.
b) Devemos colocar 4 flechas. Temos 2 ↑ (2 ↑ (2 ↑ 2)) = 216 < 109 e 2 ↑ (2 ↑ (2 ↑ (2 ↑
16
2))) = 22 > 109 .

25) (OBM 2a Fase) Seja x o lucro desse banco no primeiro semestre de 2007, em bilhões de
reais. Logo x + 2, 5%x = 4, 1082 ⇔ x + 0, 025x = 4, 1082 ⇔ 1, 025x = 4, 1082 ⇔ x =
4, 008 bilhões de reais, ou seja, o lucro foi de R$ 4008000000,00, cuja soma dos dı́gitos
é 12.

26) (OBM 1a Fase) No trajeto de 100 km, como o carro A passa por Americanópolis 20
quilômetros a frente do carro B, o carro B já percorreu 100 − 20 = 80 km do trajeto e,
de forma análoga, o carro C já percorreu 100 − 50 = 50 km do mesmo trajeto. Perceba
que, enquanto o carro B percorre 80 km, o carro C percorre 50 km, ou seja, enquanto

10
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 03 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

o carro C percorre 1 km, o carro B percorre 80 ÷ 50 = 1, 6 km. Assim, quando o carro


B passar por Americanópolis, tendo percorrido os 20 km que lhe faltam, o carro C terá
percorrido 20 ÷ 1, 6 = 12, 5 km e estará 100 − (50 + 12, 5) = 37, 5 km atrás do carro B.

27) (OBM 1a Fase) Supondo que x seja o número de horas por dia, então x também é o
número de dias por semana, o número de semanas por mês e o número de meses por
ano. Logo, o número de horas por ano é x · x · x · x = x4 = 4096 ⇔ x4 = 212 ⇔ x4 =
(23 )4 ⇔ x = 23 = 8. Portanto o número de semanas por mês é 8.

11
Dı́gitos e Sistema Decimal - Aula 04

Nesse material vamos trabalhar com dı́gitos, algarismos e o sistema decimal. Considere
por exemplo o número 2373, podemos escreve-lo como:

2373 = 2000+300+70+3 = 2×1000+3×100+7×10+3 = 2×103 +3×102 +7×101 +3×100

Perceba que os dı́gitos iniciais do número, como 2 milhares, 3 centenas, 7 dezenas


e 3 unidades, se localizam na outra representação na frente de potências de 10. Essa
representação é fundamental para demonstrar os chamados critérios de divisibilidade. Sem
fazer de fato a divisão de um número por 3, por exemplo, é possı́vel saber se o número é
divisı́vel por 3. Apresentamos aqui os principais critérios de divisibilidade:

• Por 2 : Basta o algarismo das unidades ser divisı́vel por 2. Exemplo: 294 e 7770 são
já que 4 e 0 são divisiveis por 2, por sua vez 45 e 609 não são já que 5 e 9 não são
divisiveis por 2.

• Por 3 : A soma dos algarismos deve ser divisı́vel por 3. Exemplo: 492 e 7077 são já
que 4 + 9 + 2 = 15 e 7 + 0 + 7 + 7 = 21 são divisiveis por 3, por sua vez 25 e 526 não
são já que 2 + 5 = 7 e 5 + 2 + 6 = 13 não são divisiveis por 3.

• Por 4 : O número formado pelos dois últimos algarismos deve ser divisı́vel por 4.
Exemplo: 492 e 5036 são já que 92 e 36 são divisiveis por 4, por sua vez 725 e 5046
não são já que 25 e 46 não são divisiveis por 4.

• Por 5 : Basta o algarismo das unidades ser 0 ou 5, em outras palavras, divisı́vel por
5. Exemplo: 395 e 7770 são já que terminam em 5 e 0, por sua vez 401 e 609 não são
já que terminam em 1 e 9.

• Por 6 : O número deve ser divisı́vel simultaneamente por 2 e por 3.

• Por 8 : O número formado pelos três últimos algarismos deve ser divisı́vel por 8.
Exemplo: 7496 e 15236 são já que 496 e 236 são divisiveis por 8, por sua vez 1725 e
5046 não são já que 725 e 046 não são divisiveis por 8.

• Por 9 : A soma dos algarismos deve ser divisı́vel por 9. Exemplo: 4392 e 7677 são já
que 4 + 3 + 9 + 2 = 18 e 7 + 6 + 7 + 7 = 27 são divisiveis por 9, por sua vez 25 e 526
não são já que 2 + 5 = 7 e 5 + 2 + 6 = 13 não são divisiveis por 9.
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas

Os problemas dessa lista envolvem escrever números na representação decimal, em


somas de potência de 10 ou associar algarismos a letras ou sı́mbolos. Os critérios de
divisibilidade podem ajudar muito nesses problemas.
Problema 1. (OBEPM 1a Fase) Cada um dos sı́mbolos, quadrado e triângulo, representa
um único algarismo. Se a multiplicação indicada a seguir está correta, então o valor de
quadrado vezes triângulo é:

Solução. Como o resultado da multiplicação é um número de três algarismos, então qua-


drado só pode representar 1, 2 ou 3. Logo não “vai 1” quando multiplicamos quadrado
(multiplicador) por quadrado (algarismo das unidades do multiplicando) e assim quadrado
vezes 2 é 6, donde quadrado = 3 e triângulo = 9. Portanto quadrado vezes triângulo é 27.
Problema 2. (OBMEP 1a Fase) Davi estava fazendo uma conta no caderno quando sua
caneta estragou e borrou quatro algarismos, como na figura. Ele se lembra que só havia
algarismos ı́mpares na conta. Qual é a soma dos algarismos manchados?

Solução. Vamos chamar os algarismos borrados de a, b, c e d, como 1ab × c = 9d3. Como


o algarismo das unidades do resultado é 3, temos quatro possibilidades para b e c, nesta
ordem: 1 e 3, 3 e 1, 7 e 9 ou 9 e 7. Como o multiplicando é menor que 200, podemos
eliminar as duas primeiras possibilidades, pois um número menor que 200 multiplicado por
1 ou por 3 não passa de 600. Na terceira possibilidade, o multiplicando seria no mı́nimo
117 e então o produto seria no mı́nimo 117 × 9 = 1053 , o que não acontece. Resta a última
possibilidade, 1a9 × 7 = 9d3. Como 117 × 7 = 819 , tentamos 139 × 7 = 973 , que está
de acordo com o enunciado. As outras tentativas para o multiplicando, a saber, 157, 177 e
197, não servem, pois ao multiplicá-las por 7 o resultado é sempre maior que 1000. Logo
os algarismos manchados são 3, 9, 7 e 7, e sua soma é 3 + 9 + 7 + 7 = 26.
Problema 3. (OBMEP 1a Fase) Ana listou todos os números de três algarismos em que um
dos algarismos é par e os outros dois são ı́mpares e diferentes entre si. Beto fez outra lista
com todos os números de três algarismos em que um dos algarismos é ı́mpar e os outros
dois são pares e diferentes entre si. Qual é a maior diferença possı́vel entre um número da
lista de Ana e um número da lista de Beto?
Solução. Ana fez a seguinte lista: 103, 105, 107, . . ., 985, 987, enquanto que a lista de Beto
ficou assim: 102, 104, . . . 984, 986. A maior diferença possı́vel entre um número da lista
de Ana com um número da lista de Beto é 987 − 102 = 885 (é a diferença entre o maior
número da lista de Ana com o menor número da lista de Beto).

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

1 Problemas
Dı́gitos e Sistema Decimal: Problemas Introdutórios

Problema 4. No produto a seguir, B é um dı́gito. Quanto vale B?

Problema 5. Na adição a seguir, o sı́mbolo ♣ representa um mesmo algarismo. Qual é o


valor de ♣ × ♣ + ♣?

Problema 6. Daniela gosta de brincar com números de dois ou mais algarismos. Ela escolhe
um desses números, mutiplica seus algarismos e repete o procedimento, se necessário, até
chegar a um número com um único algarismo, que ela chama de número-parada do número
escolhido. Por exemplo, o número parada de 32 é 6, pois 32 → 3 × 2 = 6 e o número parada
de 236 é 8, pois 236 → 2 × 3 × 6 = 36 → 3 × 6 = 18 → 1 × 8 = 8

(a) Qual é o número-parada de 93?

(b) Ache um número de quatro algarismos, sem o algarismo 1, cujo número-parada seja
6.

(c) Quais são os números-parada de dois algarismos cujo número-parada seja 2?

Problema 7. A adição a seguir está incorreta. Entretanto, se substituirmos somente um


certo algarismo a, toda vez que ele aparece, por um certo algarismo b, a conta fica correta.
Qual é o valor de ab ?

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Dı́gitos e Sistema Decimal: Problemas Propostos

Problema 8. O produto de um número de dois algarismos pelo número formado pelos


mesmos dois algarismos, escritos em ordem inversa, é 2944. Qual é a soma dos dois números
multiplicados?
Problema 9. As contas AB × C = 195 e CDE ÷ F = 88 estão corretas, sendo A, B, C, D,
E e F algarismos diferentes. O número AB é formado pelos algarismos A e B, e o número
CDE é formado pelos algarismos C, D e E. Qual é o algarismo representado pela letra F ?

Problema 10. Determine o maior e o menor número múltiplo de 6 formados por 9 algaris-
mos distintos. Observação: Lembre-se de que zeros a esquerda de um número não devem
ser contados como algarismos; por exemplo, 0123 tem somente 3 algarismos.
Problema 11. Joãozinho chama um número natural maior do que 100 de aditivado quando
seu algarismo das unidades é igual a soma dos demais algarismos. Por exemplo, 224 é
aditivado, pois 2 + 2 = 4.
(a) Escreva o número aditivado de quatro algarismos cujo algarismo das unidades é 1.

(b) Escreva todos os números aditivados de três algarismos cujo algarismo das unidades
é 6.

(c) Qual é o maior número aditivado sem algarismos repetidos?


Problema 12. Para obter o resumo de um número de até 9 algarismos, deve-se escrever
quantos são seus algarismos, depois quantos são seus algarismos ı́mpares e finalmente quan-
tos são seus algarismos pares. Por exemplo, o número 9103405 tem 7 algarismos, sendo 4
ı́mpares e 3 pares, logo seu resumo é 743.
(a) Encontre um número cujo resumo seja 523.

(b) Encontre um número que seja igual ao seu próprio resumo.

(c) Para qualquer número de até 9 algarismos, podemos calcular o resumo do resumo
de seu resumo. Mostre que esse procedimento leva sempre a um mesmo resultado,
qualquer que seja o número inicial.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 13. Ao preencher uma ficha de cadastro em um site, Esmeraldinho trocou a


dezena com a unidade do ano de seu nascimento. No site ficou registrado que Esmeraldinho
tem 51 anos. Ele percebeu imediatamente que invertendo esse número chegava a sua idade
correta, 15 anos. E ficou pensando se aquilo era uma coincidência ou se, sempre que alguém
comete o mesmo erro, basta inverter as casas decimais para obter a idade correta. Nesse
problema vamos ajudar Esmeraldinho a satisfazer a sua curiosidade. Suponha que o ano
de nascimento de uma pessoa seja 19AB (ou seja, 1900 + 10A + B) e que ela tenha CD
anos completados em 2010 (ou seja, 10C + D).

(a) Mostre que 110 = 10(A + C) + (B + D).

(b) Conclua que caso ela tenha cometido o mesmo erro de Esmeraldinho (trocar dezena
com unidade do ano de seu nascimento) e a idade obtida for menor do que 100 anos,
então basta inverter as casas decimais para obter a sua idade correta.

Problema 14. Joãozinho tem que fazer uma multiplicação como lição de casa, mas a chuva
molhou o caderno dele, borrando alguns algarismos, que estão representados por um qua-
dradinho (cada algarismo borrado pode ser diferente dos outros). Qual é a soma dos
algarismos que foram borrados?

Problema 15. No código numérico de diversos produtos, como, por exemplo, aquele que
aparece no código de barras, utiliza-se o seguinte esquema para detectar erros de digitação:
multiplicando-se cada dı́gito alternadamente por 1 e 3 e adicionando-se os resultados, sem-
pre se obtém um múltiplo de 10. Por exemplo, um possı́vel código de um produto é
4905370265546, pois 4 × 1 + 9 × 3 + 0 × 1 + 5 × 3 + 3 × 1 + 7 × 3 + 0 × 1 + 2 × 3 + 6 × 1 +
5 × 3 + 5 × 1 + 4 × 3 + 6 × 1 = 120 é um múltiplo de 10. Por outro lado, 4905370265564
não pode ser o código de um produto pois 4 × 1 + 9 × 3 + 0 × 1 + 5 × 3 + 3 × 1 + 7 × 3 +
0 × 1 + 2 × 3 + 6 × 1 + 5 × 3 + 5 × 1 + 6 × 3 + 4 × 1 = 124 não é um múltiplo de 10. Assim,
conferindo esta conta, o computador é capaz de detectar erros de digitação.

(a) O último dı́gito do código de um produto é chamado dı́gito de verificação. O dı́gito


de verificação que aparece na embalagem de um desodorante está ilegı́vel. Abaixo,
ele está indicado por um ⋄:
789103304863⋄ Qual é esse dı́gito?

(b) Como você pode observar nos dois primeiros exemplos, os dois últimos dı́gitos troca-
ram de lugar. Esse é um dos erros mais comuns de digitação, a transposição. Mais
precisamente, a transposição de dois dı́gitos consecutivos ocorre quando em vez de se
digitar ab digita-se ba, onde a e b representam algarismos distintos.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

1. Um corretivo lı́quido tem código 7897254113302. Mostre que, mesmo que haja
uma transposição entre os dı́gitos 7 e 2, obtemos um possı́vel código de um
produto. Ou seja, caso ocorra essa transposição, ela não será detectada.
2. Como vimos no item anterior, o esquema acima é capaz de detectar quase todos
os erros de transposição. Determine todos os pares de dı́gitos consecutivos dis-
tintos ab cuja transposição ba não é detectada pelo esquema acima em qualquer
código. Observe que, pelo item anterior, 72 é um desses pares.

(c) Quantos códigos de produto são da forma 7897073010xyz, em que x, y e z são dı́gitos?
Problema 16. Na adição a seguir de três números de quatro algarismos cada um, as dife-
rentes letras representam diferentes algarismos. Qual é o número ZY X?

Problema 17. Na multiplicação a seguir a, b, c e d são algarismos. Calcule b + c + d.

Problema 18. Na multiplicação a seguir, a, b e c são algarismos: Calcule a + b + c.

Problema 19. Na multiplicação a seguir, alguns algarismos, não necessariamente iguais,


foram substituı́dos pelo sinal ∗. Qual é a soma dos valores desses algarismos?
Problema 20. Paulo quer usar uma única vez os algarismos 0, 1, 2, 3, 5, 6 e 7, um para
cada um dos quadradinhos a seguir, de modo que a conta esteja correta. Qual é o maior
resultado que ele pode obter nessa conta?
Problema 21. Esmeralda ia multiplicar um número A de três algarismos por outro número
B de dois algarismos, mas na hora de multiplicar inverteu a ordem dos dı́gitos de B e
obteve um resultado 2034 unidades maior.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

(a) Qual era o número A, se os dı́gitos de B eram consecutivos?

(b) Qual seria o número A, se os dı́gitos de B não fossem consecutivos?

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Dı́gitos e Sistema Decimal: Soluções dos Introdutórios

4) (EUA 1a Fase) Veja que o primeiro produto, 2 × B nos dá um número cujo dı́gito das
unidades é 6, portanto tudo que devemos fazer é ver quais são os valores de B para que
isso ocorra. Esses valores são B = 3, pois 2 × 3 = 6 ou B = 8, pois 2 × 8 = 16. Agora é
só testarmos para ver qual deles funciona, e isso ocorre com B = 8.
5) (OBMEP 1a Fase) Na conta apresentada podemos observar o seguinte:
Coluna das unidades: como 7 + 5 = 12 , vai 1 para a coluna das dezenas;
Coluna das dezenas: como 1 + ♣ + 9 = 10 + ♣, o algarismo das dezenas do resultado é
♣ e vai 1 para a coluna das centenas;
Coluna das centenas: como 1 + 4 + 8 = 13 , o algarismo das centenas da soma é 3 e vai
1 para a coluna dos milhares.
Em resumo, concluı́mos que 1♣♣2 = 13♣2 , o que nos mostra que ♣ = 3 (e a conta é
437 + 895 = 1332). Logo ♣ × ♣ + ♣ = 3 × 3 + 3 = 12.
6) (OBMEP 2a Fase)
(a) O número-parada de 93 é 4, pois 93 → 9 × 3 = 27 → 2 × 7 = 14 → 1 × 4 = 4
(b) Escrevendo 3 × 2 = 6 vemos que 32 → 3 × 2 = 6. Como 32 = 4 × 2 × 2 × 2, temos
4222 → 4 × 2 × 2 × 2 = 32 → 3 × 2 = 6. Assim o número-parada de 4222 é 6, bem
como de 2422, 2242 e 2224.
Outra alternativa é escrever 1 × 6 = 6, o que nos dá 16 → 1 × 6 = 6; como
2 × 2 × 2 × 2 = 16 segue que 2222 → 2 × 2 × 2 × 2 = 16 → 1 × 6 = 6 e
vemos que o número-parada de 2222 também é 6. Pode-se também pensar a partir
48 → 4 × 8 = 32 e temos um caso anterior.
(c) Há apenas duas maneiras de obter 2 multiplicando dois algarismos, a saber, 12 →
1×2 = 2 e 21 → 2×1 = 2. Para obter 12, temos as possibilidades , 26 → 2×6 = 12,
62 → 6 × 2 = 12, 34 → 3 × 4 = 12 e 43 → 4 × 3 = 12; para obter 21, temos as
possibilidades 37 → 3 × 7 = 21 e 73 → 7 × 3 = 21. Como os números 21, 26, 62, 34,
43, 37 e 73 não podem ser obtidos como produto de dois algarismos, concluı́mos
que os números de dois algarismos cujo número-parada é 2 são 12, 21, 26, 62, 34,
43, 37 e 73.
7) (OBM 2a Fase) Na primeira inspeção, podemos admitir que os três algarismos na direita
de todos os números estão corretos, isto é, estão corretamente escritos os algarismos
0, 1, 3, 4, 5, 6 e 8. Portanto, dentre os algarismos 2, 7 e 9, um deles está escrito
incorretamente. O 9 está escrito corretamente, pois se o mudarmos, a soma com 2 não
estará certa. Logo ou 2 ou 7 está errado. Se o 7 estiver errado, então 2 estará correto,
mas isso não é possı́vel pois a soma de 2 com 4 mais 1 não estaria certa. Logo, o 2 é que
deve ser substituı́do; olhando novamente a soma de 2 com 4 mais 1 resultando 1 vemos
que o resultado só dará certo se no lugar de 2 colocarmos 6. Fazendo a substituição,
verificamos que o resto se encaixa. Teremos, então, ab = 26 = 64.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Dı́gitos e Sistema Decimal: Soluções dos Propostos

8) (OBMEP 1a Fase) Fatorando o número 2944 temos: 2944 = 27 × 23 = 128 × 23 =


64 × 2 × 23 = 64 × 46 . Como este último produto satisfaz as condições do enunciado,
e também é o único nas condições descritas, temos que a soma desses dois números é
64 + 46 = 110.

9) (OBMEP 1a Fase) Primeiramente, decompomos 195 em fatores primos e obtemos: 195 =


3 × 5 × 13. Só há, então, duas possibilidades para o algarismo C: ou C = 3 ou C = 5.
Se C = 3, então AB = 65, donde A = 6 e B = 5. Como CDE ÷ F = 88, temos que
3DE = 88×F . A única possibilidade é F = 4, pois outros valores, quando multiplicados
por 88 não produzem números entre 300 e 399. Assim, F = 4 e então D = 5 e E = 2,
pois 352 = 4 × 88. Esta solução não serve porque B = D = 5 e o enunciado diz que os
algarismos devem ser diferentes. Logo C = 5, A = 3 e B = 9, pois 39 × 5 = 195. Como
5DE = F × 88, vemos que F = 6, já que 6 × 88 = 528 e não há outra possibilidade de se
obter cinco centenas multiplicando-se um número de um só algarismo por 88. Portanto,
D = 2 e E = 8.

10) (OPM Fase Inicial) Para que um número seja múltiplo de 6 ele deve ser:

• par, ou seja, o seu algarismo das unidades deve ser 0, 2, 4, 6 ou 8;


• múltiplo de 3, ou seja, a soma de seus algarismos deve ser múltiplo de 3. Como
o número deve ter 9 algarismos distintos, este deve conter em sua representação
decimal todos os algarismos exceto um algarismo. Como 0+1+2+3+. . .+9 = 45,
para que a soma dos algarismos do número seja múltiplo de 3, o algarismo a ser
excluı́do também deve ser múltiplo de 3, ou seja, deve ser 0, 3, 6 ou 9.

Para obter o maior número possı́vel excluı́mos o zero e tomamos um número terminado
em 2: 987654312.
Para obter o menor número possı́vel excluı́mos o nove e tomamos um número terminado
em 8: 102345678.

11) (OBMEP 2a Fase)

(a) Como o algarismo das unidades é 1, para que o número seja aditivado, a soma dos
algarismos das casas das dezenas, centenas e unidades de milhar deve ser igual a
1. Existe só um número com quatro algarismos com essas propriedades: 1001.
(b) Para que um número aditivado de três algarismos termine em 6, a soma do alga-
rismo das dezenas com o das centenas deve ser igual a 6. Como um tal número
não pode ter 0 na casa das centenas, há exatamente seis possibilidades: 156, 246,
336, 426, 516 e 606.
(c) Quanto mais algarismos tem um número, maior ele é. Assim, para conseguirmos
o maior número aditivado possı́vel, devemos ter 9 na sua casa das unidades, a

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

fim de gerar um número com a maior quantidade possı́vel de algarismos. Na casa


das dezenas podemos colocar o algarismo 0, a fim de aumentar a quantidade de
algarismos do número que estamos procurando. Como não queremos algarismos
repetidos, pelo mesmo motivo, na casa das centenas devemos colocar o algarismo
1 e, na casa das unidades de milhar, o algarismo 2. Para a casa das dezenas de
milhar podemos colocar os seguintes algarismos ainda não utilizados: 3, 4, 5, 6, 7
ou 8. Entretanto, os algarismos 7 e 8 estão excluı́dos pois 72109 e 82109 não são
aditivados. Restam quatro possibilidades: 32109, 42109, 52109 e 62109 (o traço
indica onde deve ser colocado o algarismo das centenas de milhar).
Nenhuma das três primeiras possibilidades pode ocorrer, pois, para o número ser
aditivado, em cada caso, o algarismo que deveria ser colocado no lugar do traço já
foi utilizado antes e repetições não são permitidas. Logo o maior número aditivado
sem algarismos repetidos é 62109.

12) (OBMEP 2a Fase) No que segue, por “número” queremos dizer “número de até nove
algarismos”.

(a) Consideremos um número cujo resumo seja 523. Então ele tem cinco dı́gitos,
dos quais dois são ı́mpares e três são pares. Podemos formar muitos números
satisfazendo estas condições; alguns exemplos são 11222, 23456 e 36854.
(b) Como o resumo de qualquer número tem três algarismos, vemos que para que um
número seja igual ao seu próprio resumo é necessário que ele tenha três algarismos.
Suponhamos então que exista um número que seja seu próprio resumo, e sejam c
seu algarismo das centenas, d o das dezenas e u o das unidades.
Como o algarismo das centenas do resumo de um número de três algarismos é 3,
devemos ter c = 3 . Somando os algarismos das dezenas e das unidades do resumo
devemos obter o número de algarismos do número original, ou seja, d + u = 3
. Logo as possibilidades para o resumo de um resumo são 303, 312, 321 ou 330;
destes, o único que é seu próprio resumo é o 321, que é então o número procurado.
(c) O resumo de um número tem sempre três algarismos. Como vimos no item b,
as possibilidades para o resumo de um número de três algarismos são 303, 312,
321 ou 330; logo as possibilidades para o resumo do resumo de qualquer número
estão entre estas quatro. Os resumos de 303, 312, 321 ou 330 são todos iguais a
321. Como 321 tem como resumo ele mesmo, sempre chegaremos a ele quando
calculamos sucessivas vezes o resumo de um número. Mais precisamente, para
qualquer número inicial, o resumo do resumo de seu resumo é 321. Podemos
visualizar este raciocı́nio no diagrama abaixo.
número → número de três algarismos → 303, 312, 321 ou 330 → 321
Observação: notamos que o resumo do resumo de qualquer número só pode ser
303 ou 321. De fato, da primeira vez que calculamos o resumo de algum número
obtemos um número de três dı́gitos cdu, com d + u = c. Temos então dois casos:
c é par: neste caso d e u são ambos pares ou ambos ı́mpares. Se d e u são pares, o
próximo resumo será 303; se d e u são ı́mpares, o próximo resumo será 321.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

c é ı́mpar: neste caso d é par e u é ı́mpar, ou d é ı́mpar e u é par. Se d é par e u é


ı́mpar, o próximo resumo será 321; Se d é ı́mpar e u é par, o próximo resumo será
321.
13) (OPM Fase Inicial)
(a) Sabemos que o ano de nascimento somado a idade resulta em 2010. Então, (1900 +
10A + B) + (10C + D) = 2010, o que é equivalente a 10(A + C) + (B + D) = 110.
(b) Como 110 = 10(A+C)+(B +D), B +D = 10(11–(A+C)) é múltiplo de 10. Como
B e D são dı́gitos, B + D é no mı́nimo 0 e no máximo 18. Logo B + D = 0 ou
B + D = 10. Se B + D = 0, então B = D = 0 e A + C = 11. Nesse caso, o ano de
nascimento digitado errado seria 190A, e a pessoa teria 2010−190A = 110−A > 100
anos, o que não é o caso. Se B + D = 10, então A + C = 10 também, ou seja,
C = 10 − A e D = 10 − B. Trocar dezena com unidade do ano de seu nascimento
é o mesmo que trocar A com B. Mas as equações acima implicam que C e D
também seriam trocados de lugar.
14) (OBM 2a Fase) Como o algarismo das unidades do produto é 2, o algarismo das unidades
do multiplicando é 4. Assim, obtemos o algarismo da direita da 3a linha do algoritmo
e também os dois últimos algarismos da 5a linha. Como o algarismo das dezenas do
produto é 0, o algarismo da direita na 4a linha do algoritmo deve ser 6. Logo o algarismo
das dezenas do multiplicador é 9. Como o 2o algarismo a direita da 5a linha é 0, o
algarismo das centenas do multiplicando é 5. A partir do algoritmo completo, concluı́mos
que a soma dos algarismos que foram borrados é 5+4+9+1+5+2+6+6+1+2+8+5+6 =
60.
15) (OPM Fase Final)
(a) Temos 7 × 1 + 8 × 3 + 9 × 1 + 1 × 3 + 0 × 1 + 3 × 3 + 3 × 1 + 0 × 3 + 4 × 1 + 8 × 3 +
6 × 1 + 3 × 3 + ⋄ × 1 = 7 + 24 + 9 + 3 + 0 + 9 + 3 + 0 + 4 + 24 + 6 + 9 + ⋄ = 98 + ⋄
Como ⋄ representa um dı́gito, 98 + ⋄ será múltiplo de 10 se, e somente se, ⋄ for 2,
ou seja, o dı́gito de verificação é 2.
(b) (1) Inicialmente, vamos verificar o código 7897254113302. Temos 7 × 1 + 8 × 3 +
9×1+7×3+2×1+5×3+4×1+1×3+1×1+3×3+3×1+0×3+2×1 =
7 + 24 + 9 + 21 + 2 + 15 + 4 + 3 + 1 + 9 + 3 + 0 + 2 = 100 , que é um múltiplo de 10.
Vamos agora verificar o código 7892754113302 que sofreu a transposição. Temos
7×1+8×3+9×1+2×3+7×1+5×3+4×1+1×3+1×1+3×3+3×1+0×3+2×1 =
7 + 24 + 9 + 6 + 7 + 15 + 4 + 3 + 1 + 9 + 3 + 0 + 2 = 90 , que também é múltiplo
de 10.
(2) A transposição não é detectada quando os resultados de b × 1 + a × 3 = 3a + b
e a × 1 + b × 3 = a + 3b têm o mesmo algarismo das unidades, ou seja, deixam
o mesmo resto quando divididos por 10. Como 3a + b e a + 3b deixam o mesmo
resto quando divididos por 10, a diferença entre eles é um múltiplo de 10, ou seja,
(3a + b) − (a + 3b) = 2a − 2b é um múltiplo de 10. Sendo a e b dı́gitos, os possı́veis
pares de dı́gitos consecutivos distintos ab cuja transposição ba não é detectada pelo
esquema apresentado são 50, 05, 61, 16, 72, 27, 83, 38, 94 e 49.

11
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

(c) Uma vez que estejam estabelecidos os valores de x e y no código 7897073010xyz,


podemos determinar o valor de z para atender ao esquema de conferência, como,
por exemplo, no item a. Assim, basta estabelecer o par xy para criar o código; o
z vem “automaticamente”. Como temos 10 possibilidades para o x e 10 para o y,
podemos determinar o par xy de 10 × 10 = 100. Logo há 100 códigos de produto
que são da forma 7897073010xyz.

16) (OBM 2a Fase) Os números somados são XXXX = 1000X +100X +10X +X = 1111X,
Y Y Y Y = 1111Y e ZZZZ = 1111Z, e o resultado da soma é Y XXXZ = 10000Y +
1110X + Z. Logo 1111X + 1111Y + 1111Z = 10000Y + 1110X + Z ⇔ 8889Y =
1110Z + X = ZZZX. O número ZZZX tem quatro algarismos, logo Y só pode ser
igual a 1, Z = 8 e X = 9. Assim ZY X = 819.

17) (OBM 2a Fase) Vamos fazer uma cota, já que 45 × a3 deve ser três mil e alguma coisa.
Quanto pode valer a? Vamos ver quando 45 × a3 = 3000 e quando 45 × a3 = 3999. A
primeira conta nos dá a3 ≈ 67 e a segunda a3 ≈ 89. Isso significa que a3 está entre 67 e
89, mas como o algarismo das unidades é 3, temos que a3 pode ser 73 ou 83. Colocando
a = 7 ou a = 8 temos a mesma soma b + c + d, já que 45 × 73 = 3285 e 45 × 83 = 3735,
a soma dos algarismos pedidos é 15 de qualquer maneira.

18) (OBM 2a Fase) Veja que b × 3 deve terminar em 1. O único caso possı́vel é b = 7, logo
temos que 1a7 × 73 = 1cc01. Testamos agora valores para a. O menor valor que a pode
assumir é 3, já com esse valor temos que 137 × 73 = 10001.

19) (OBM 1a Fase) Analisamos abc × d7 = 6157, além disso na conta de multiplicação os
termos intermediários (que possuem asterisco) que se somam tem 3 algarismos. Segue
automaticamente que c = 1 e a = 1. Se a fosse maior que 1, a conta 7 × a teria dois
algarismos e isso provocaria um número com 4 asteriscos. Veja que b não pode ser grande
também, já que 7 × 1b1 tem que ter 3 algarismos. Fazemos a conta para descobrirmos
que b pode ser 0, 1, 2, 3 ou 4. Uma maneira de terminar o problema nesse instante é
perceber que 101, 111, 121, 131 ou 141 devem dividir o número 6157. Fazemos as contas
para descobrir que 131 é o número, portanto temos que 131 × 47 = 6157, ai é só fazer
a conta dos asteriscos.

20) (OBM 2a Fase) Veja que o maior resultado dessa conta acontece quando pegamos o maior
par de números possı́veis nas dezenas dos números somados. Além disso, devemos ter
um “vai um”, pois o resultado possui 3 dı́gitos. Assim, considere os maiores pares em
ordem decrescente:
Caso 7 e 6: no resultado terı́amos nas centenas e dezenas 13 ou 14 (havendo vai um das
unidades), mas como não temos 4, então teria que ser 13. Aı́ sobram apenas 0,2 e 5
para completar a conta, o que não é possı́vel.
Caso 7 e 5: no resultado terı́amos nas centenas e dezenas 12 ou 13. Restaria nas unidades
0,3,6 ou 0,2,6. E nos dois casos não é possı́vel completar a expressão.
Caso 5 e 6: no resultado terı́amos nas centenas e dezenas 11 ou 12. Como só temos
um dı́gito 1, teria que ser o 12, sobrando 0,3 e 7 que permite completar a expressão,

12
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 04 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

que seria: 67 + 53 = 120 ou 63 + 57 = 120. Note que se pegarmos uma combinação


menor das dezenas teremos soma máxima 10 ou 11, com um “vai um”, geraria números
menores que 120.

21) (OBM 2a Fase) Seja A o número de três dı́gitos e B = 10x + y o número de dois dı́gitos.
Portanto, ao trocar a ordem dos dı́gitos de B, obtemos o número 10y + x. Montando a
equação segundo as condições do problema, temos:

A(10x + y) − A(10y + x) = 9A(x − y) = 2034

Com isso,

A(x − y) = 226 = 2 × 113

Daı́, se x e y são consecutivos, A = 226, caso contrário A = 113.

13
Problemas de Álgebra II - Aula 05

Neste material de problemas de álgebra, a utilização de variáveis é quase necessária,


alguns dos problemas inclusive necessitam de duas ou três variáveis!
Os exemplos a seguir podem ajudá-lo a entender como transformar enunciados em letras
e números. Boas contas!
Problema 1. (OBM 1a Fase) Em um quadrado mágico, a soma dos números de cada linha,
coluna ou diagonal é sempre a mesma. No quadrado mágico a seguir, qual é o valor de x?

Solução. Vamos chamar de y o número que está na casa superior direita. Dessa forma a
diagonal que possui essa casa tem soma 26 + 14 + y, que deve ser o mesmo valor da soma da
última coluna, que é y +x+13. Igualando as duas temos: y +x+13 = 26+14+y ⇔ x = 27.
Problema 2. (OBM 1a Fase) João disse para Maria: “Se eu lhe der um quarto do que
tenho, você ficará com metade do que vai me sobrar”. Maria acrescentou: “E eu lhe daria
5 reais, se lhe desse a metade do que tenho”. Juntos, os dois possuem quanto?
Solução. Seja J o total que João possui e M o total que Maria possui. João disse “Se eu
lhe der um quarto do que tenho, você ficará com metade do que vai me sobrar”, podemos
J 1 3
escrever como: M + = × J. Maria disse “E eu lhe daria 5 reais, se lhe desse a metade
4 2 4
M
do que tenho”, escrevemos como: = 5 ⇔ M = 10.
2
Substituindo na primeira equação encontramos J = 80, portanto J + M = 90.
Problema 3. (OBM 1a Fase) Em uma certa cidade, a razão entre o número de homens e
mulheres é 2 : 3 e entre o número de mulheres e crianças é 8 : 1. Qual é a razão entre o
número de adultos e crianças?
Solução. Sejam H, M e C as quantidades de homens, mulheres e crianc cas, respectiva-
H 2 M H H M 16
mente. Temos = e = 8. Veja que, = × = . Logo, a razão entre o
M 3 C C M C 3
H +M H M 16 40
número de adultos e crianças é = + =8+ = .
C C C 3 3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

1 Problemas
Problemas de Álgebra II: Problemas Introdutórios

Problema 4. Os alunos de uma escola participaram de uma excursão, para a qual dois
ônibus foram contratados. Quando os ônibus chegaram, 57 alunos entraram no primeiro
ônibus e apenas 31 no segundo. Quantos alunos devem passar do primeiro para o segundo
ônibus para que a mesma quantidade de alunos seja transportada nos dois ônibus?

Problema 5. Uma barra de chocolate é dividida entre Nelly, Penha e Sônia. Sabendo que
Nelly ganha 25 da barra, Penha ganha 14 e Sônia ganha 70 gramas. Qual é o peso da barra?

Problema 6. Os gatos Mate e Tica estão dormindo no sofá. Mate chegou antes e quando
Tica chegou, ela ocupou um quarto da superfı́cie que havia sobrado do sofá. Os dois juntos
ocupam exatamente a metade da superfı́cie do sofá. Qual parte da superfı́cie do sofá está
ocupada por Tica?

Problema 7. Um time de futebol ganhou 8 jogos mais do que perdeu e empatou 3 jogos
menos do que ganhou, em 31 partidas jogadas. Quantas partidas o time venceu?

Problema 8. Figuras com mesma forma representam objetos de mesma massa. Quantos

quadrados são necessários para que a última balança fique em equilı́brio?

Problema 9. Paulinho e sua irmã saem ao mesmo tempo de casa para a escola. Paulinho
vai de bicicleta, a uma velocidade média de 18 quilômetros por hora e sua irmã vai com
uma moto. Ela chega 20 minutos antes de Paulinho. Neste momento, quantos quilômetros
ainda faltam para Paulinho chegar?

Problema 10. O conteúdo de uma garrafa de refrigerantes enche três copos grandes iguais
e mais meio copo pequeno ou 5 desses copos pequenos iguais mais a metade de um daqueles
grandes. Qual é a razão entre o volume de um copo pequeno e o de um grande?

Problema 11. Mostre uma maneira de colocar nos oito vértices de um cubo os números de
1 a 8, um em cada vértice, de modo que a soma dos números em cada face seja sempre a
mesma.

Problemas de Álgebra II: Problemas Propostos

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 12. Um jornal publicou a tabela de um campeonato de futebol formado por


quatro times, apresentando os gols marcados e os gols sofridos por cada time. Por uma
falha de impressão, a tabela saiu com dois números borrados, conforme reprodução a seguir.
Sabe-se que o time Esmeralda FC sofreu dois gols a mais que o time EC Boleiros. Quantos

gols sofreu o time Esmeralda FC?

Problema 13. No fim de 1994, Neto tinha a metade da idade de sua avó. A soma dos anos
de nascimento dos dois é 3844. Quantos anos Neto completa em 2016?

Problema 14. Numa classe do sexto ano, de cada 11 estudantes, 4 são meninas. Se há 15
meninos a mais que meninas, quantos alunos há na classe?

Problema 15. Adão, Bernardo e Carlos jogaram uma partida com bolinhas de gude. Adão
perdeu 5 bolinhas, Bernardo perdeu 4 e Carlos ganhou todas as bolinhas que eles perderam.
Ao final do jogo, todos os meninos acabaram ficando com a mesma quantidade de bolinhas.
Lembrando que sem bolinhas ninguém joga, pelo menos quantas bolinhas Adão e Bernardo
tinham, juntos, quando começaram a jogar?

Problema 16. A Teoria das Filas é um conjunto de resultados aplicáveis em situações


envolvendo filas em geral. Um dos resultados mais importantes da Teoria das Filas é a Lei
de Little, provada pelo professor John Little, do MIT, em 1961:
Em um sistema de filas em que as médias de pessoas que entram e saem são iguais, a
quantidade média C de clientes no sistema é igual ao produto da média m de pessoas que
chegam no sistema e do tempo médio t que cada cliente fica no sistema. Simbolicamente,
C =m×t .
Por exemplo, se chegam em média 20 pessoas por hora em uma fila e cada pessoa gasta,
em média, ao todo 15 minutos, ou seja, 0, 25 hora na fila, a quantidade média de pessoas
na fila é 20 × 0, 25 = 5.
A loja OPM’s tem um atendimento tão bom que todos os clientes que entram na loja
compram algo. Sabe-se que, em média, 24 pessoas entram na loja por hora e que em média
há 15 pessoas dentro da loja.

a) Quanto tempo, em média, cada pessoa fica dentro da loja?

b) Estima-se que, com uma campanha publicitária, pode-se quadruplicar a quantidade de


pessoas que entram na loja por hora. Além disso, um treinamento com os atendentes
fará com que o tempo médio para as pessoas passarem pelo caixa, incluindo o tempo
que ficam na fila, caia pela metade. O que se espera que aconteça, sob o ponto de
vista da Teoria das Filas, com a quantidade média de pessoas na fila do caixa?

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 17. Numa loja de ferragens, vários produtos são vendidos pelo peso. Um prego,
três parafusos e dois ganchos pesam 24 g. Dois pregos, cinco parafusos e quatro ganchos
pesam 44 g. Juquinha comprou 12 pregos, 32 parafusos e 24 ganchos. Quanto pesou sua
compra?
Problema 18. O coeficiente de isolamento é uma medida da capacidade de isolamento
térmico de um material: quanto maior este coeficiente, menor é a quantidade de calor per-
dida através de uma parede feita deste material. Ou seja, quanto maior o coeficiente de
isolamento, melhor o material protege do frio. A quantidade de calor Q perdida por uma
parede em uma hora depende não só do material utilizado para construı́-la, mas também
de sua área e da diferença entre as temperaturas interna e externa. Q é dado pela fórmula:

A × ∆T
Q=
I
Aqui A é a área, ∆T é a diferença de temperatura e I é o coeficiente de isolamento.
Q é dado em BTU por hora, a área da parede é dada em pés quadrados e a diferença de
temperatura é dada em graus Fahrenheit. A unidade BTU á a abreviatura de British
Thermal Unit. Sendo essa uma unidade de origem britânica, a fórmula acima utiliza
unidades do antigo sistema de medidas desenvolvido no Reino Unido. Desta forma, devemos
fazer os cálculos somente com essas unidades. Caso os dados estejam em outras unidades,
devemos convertê-las. Na casa de Aino, em Helsinque, Finlândia, a parede que separa a
sua sala e o lado de fora tem 9 pés de altura e 12 pés de largura. Em um certo dia no
inverno, a temperatura interna da casa era de 20 graus Celsius.
9.C
a) Para converter graus Celsius em Fahrenheit, utilizamos a fórmula F = +32 sendo
5
F e C a temperatura em graus Fahrenheit e Celsius, respectivamente. Qual era a
temperatura, em graus Fahrenheit, dentro da sala de Aino?
b) Se a parede for construı́da com blocos com coeficiente de isolamento igual a 1, 8 e a
perda de calor através dela é 4320 BTU por hora, qual era a temperatura, em graus
Celsius, fora da casa de Aino?
c) No rigoroso inverno finlandês, a menor temperatura é −40 graus Fahrenheit e deseja-
se que a temperatura interna da casa seja sempre de pelo menos 60 graus Fahrenheit.
Suponha que a perda média de calor nos dias mais frios seja 4800 BTU por hora.
Para isto, qual o menor coeficiente de isolamento dos blocos que se pode utilizar para
construir a parede?
Problema 19. Maria tem 90 cartões. Ela numerou os cartões de 10 a 99 numa das faces e,
para cada número escrito, escreveu a soma dos seus algarismos na outra face. Por exemplo,
o cartão de número 43 tem o número 7 escrito no verso. Em quais cartões um número de
uma face é o dobro do número escrito na outra face?
Problema 20. Com o dinheiro que Carlinhos tinha, poderia ter comprado 600 gramas de
queijo ou 400 gramas de presunto. Usando esse dinheiro, ele resolveu comprar quantidades
iguais de presunto e queijo. Quantos gramas de cada item ele comprou?

4
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 21. Na tabela a seguir, escreva os números de 1 a 9 em cada linha, de modo que
a soma dos números escritos nas 9 colunas seja a mesma, igual a Y . Seja X a soma dos
números de cada clinha. Calcule X + Y .

Problema 22. As casas de um tabuleiro 4 × 4 devem ser numeradas de 1 a 16, como


mostrado parcialmente no desenho, formando um Quadrado Mágico, ou seja, as somas dos
números de cada linha, de cada coluna e de cada uma das duas diagonais são iguais.

a) Que números devem ser escritos no lugar de X e de Y ?

b) Apresente o Quadrado Mágico completo.

Problema 23. A partir das igualdades

32 − 12 = 8 = 8 × 1
52 − 32 = 16 = 8 × 2
72 − 52 = 32 = 8 × 3
···
20092 − 20072 = 8 × N ,

podemos escrever 20092 − 12 = 4 × N × (N + 1) . Qual é o valor de N?

Problema 24. As pesquisas eleitorais são feitas com uma quantidade relativamente pequena
de pessoas. Por exemplo, na eleição da cidade de São Paulo, costumam ser entrevistadas
cerca de duas mil pessoas. Um número bem pequeno considerando que há aproximada-
mente 7,5 milhões de eleitores na cidade. Neste problema, veremos que essa quantidade de
pessoas é suficiente para se ter uma boa idéia dos percentuais de intenções de voto de cada
candidato. Em toda pesquisa eleitoral, é calculada a margem de erro das porcentagens
de cada candidato. Por exemplo, se um candidato tem 23% com margem de erro de 3

5
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

pontos percentuais, então ele deve receber entre 23% − 3% = 20% e 23% + 3% = 26% dos
votos. O cálculo da margem de erro E para cada candidato é baseado em conhecimentos
de Estatı́stica, sendo feito a partir da fórmula:

p.(1 − p)
E = Z. em que
n
• n é a quantidade de pessoas entrevistadas;

• p é a porcentagem de entrevistados que são favoráveis ao candidato;

• Z é um valor tabelado. O valor adotado pelos institutos de pesquisa é Z = 1, 96, o


qual assegura que, com 95% de certeza, a intenção de votos está dentro da margem
de erro.

a) Suponha que em uma pesquisa foram entrevistadas 1600 pessoas e o candidato Oba-
maldo foi escolhido por 36% desse total. Calcule E nesse caso e determine o intervalo
em que está o percentual de intenções de voto para Obamaldo.

b) Os institutos de pesquisa normalmente entrevistam 2500 pessoas para garantir uma


margem de erro de no máximo 2 pontos percentuais. Quantas pessoas são necessárias
para se garantir uma margem de erro de no máximo 1 ponto percentual?

6
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problemas de Álgebra II: Soluções dos Introdutórios

4) (OBM 1a Fase) Seja x o número de alunos que deve sair de um ônibus e ir para o outro,
então 57 − x = 31 + x, resolvemos a equação para chegar em x = 14.
2 1 13
5) (OBM 1a Fase) Seja x o peso da barra. Veja que Nelly e Penha pegam juntas + =
5 4 20
de x. A soma dessa parcela com os 70 gramas de Nelly é o total da barra. Portanto,
13 7
x + 70 = x ⇔ x = 70 ⇔ x = 200 gramas.
20 20
6) (OBM 1a Fase) Sendo M a fração da superfı́cie ocupada por Mate e T a fração da
1 1
superfı́cie ocupada por Tica, temos que M + T = e T = (1 − M ). Logo, M = 1 − 4T
2 4
1 1
e então 1 − 3T = ⇒ T = .
2 6
7) (OBM 1a Fase) Seja n o número de partidas que o time venceu. Então perdeu n − 8
e empatou n − 3 jogos. Portanto, somando o total de partidas que perdeu, empatou e
ganhou, temos 31 ou seja, n + n8 + n − 3 = 31 ⇔ 3n − 11 = 31 ⇔ 3n = 42 ⇔ n = 14.
O time venceu 14 partidas.

8) (OBM 1a Fase) Chamamos o peso do triângulo de T , o peso do cı́rculo de C e o peso


do quadrado de Q. Temos então as seguintes equações: 3T + 1C = 6Q e 2T + 4C = 8Q,
essa última podemos dividir inteira por 2 e escrevemos como T + 2C = 4Q. Somamos
as duas equações para obter 4T + 3C = 10Q.

9) (OBM 1a Fase) Seja d a distância, em quilômetros, que falta para Paulinho chegar.
d
Sabendo que 20min = 13 h, pelo enunciado, temos: 1 = 18 ⇔ 3d = 18 ⇔ d = 6 km.
3

10) (OBM 1aFase) Seja G o volume do copo grande e P , o do copo pequeno. Temos
P 2, 5 5
3G + 0, 5P = 5P + 0, 5G ⇔ 2, 5G = 4, 5P ⇔ = = .
G 4, 5 9
11) (OPM Fase Inicial) Chamemos os valores dos vértices de a, b, c, d, e , f , g, h. Sejam
os vértices da face de baixo a, b, c, d e os vértices da face de cima f , g, h, i. Veja que
a+b+c+d = f +g+h+i. Mas como a+b+c+d+e+f +g+h+i = 1+2+...+7+8 = 36,
então a + b + c + d = f + g + h + i = 18. Aplicamos a mesma ideia para as faces laterais
e o problema termina. Uma configuração é a seguinte:

7
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problemas de Álgebra II: Soluções dos Propostos

12) (OBM 1a Fase) Todo gol marcado por um time conta também como gol sofrido por
outro time, assim a quantidade total de gols marcados é igual a quantidade total de
gols sofridos. Sendo x a quantidade de gols sofridos pelo Esmeralda FC, o EC Boleiros
sofreu x − 2 gols. Assim:

8 + 1 + 4 + 5 = 4 + 6 + x + x − 2 ⇔ 18 = 8 + 2x ⇔ x = 5

13) (OBM 1a Fase) Se x era a idade de Neto no final de 1994, então o ano em que nasceu
é 1994 − x; de forma análoga, o ano em que sua avó nasceu é 1994 − 2x. Assim, temos
1994 − x + 1994 − 2x = 3844 ⇔ 3988 − 3x = 3844 ⇔ 3x = 144 ⇔ x = 48. Portanto,
Neto completa em 2016 a idade de (2016 − 1994) + 48 = 70 anos.

14) (OBM 2a Fase) Seja x a quantidade de meninas. Assim, a quantidade de meninos é


x + 15 e a quantidade total de alunos será 2x + 15 . Fazendo a proporção, temos:
x 4
= . Resolvendo a equação, obtemos x = 20.
2x + 15 11
15) (OBM 1a Fase) Vamos chamar de A, B e C as quantidades iniciais de bolinhas de Adão,
Bernardo e Carlos, respectivamente. Se Carlos ganhou as bolinhas de seus amigos, ele
passou a ter C + 9 bolinhas, enquanto que Adão e Bernardo ficaram com A − 5 e B − 4
bolinhas, respectivamente. Assim, temos que C + 9 = A − 5 = B − 4. Dessa igualdade,
tiramos que A = C + 14eB = C + 13. Como Carlos tinha ao menos 1 bolinha para
começar a jogar, Adão tinha ao menos 1 + 14 = 15 bolinhas e Bernardo tinha ao menos
1 + 13 = 14 bolinhas. Portanto, Adão e Bernardo tinham, juntos, ao menos 29 bolinhas
no começo do jogo.

16) (OPM Fase Final)

a) Do enunciado temos que C = m.t ⇔ 15 = 24.t ⇔ t = 15


24 = 0, 625 horas ou 37, 5
minutos.
b) Quadruplicando a quantidade de pessoas que entram na loja e diminuindo o tempo
médio de cada cliente na fila, teremos dentro da loja uma quantidade C’ de pessoas
tal que C ′ = 24.4. 2t ⇔ C ′ = 24t.2 ⇔ C ′ = 15.2 = 30 clientes.

17) (OBM 1a Fase) Sejam p a quantidade de pregos, q a de parafusos e r a de ganchos, então:


p+3q +2r = 24 e 2p+5q +4r = 44. Somando as duas equações, temos 3p+8q +6r = 68.
E a compra da Juquinha pesou 12p + 32q + 24r = 4(3p + 8q + 6r) = 4 × 68 = 272g.

18) (OPM Fase Final)


9.20
a) 20 graus Celcius é o mesmo que + 32 = 68 F.
5

8
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

9.12.∆T
b) Temos 4320 = ⇔ ∆T = 72 F. Como era inverno e a temperatura interna
1, 8
9.2C
era 68 F, a temperatura externa era 68 − 72 = −4F , ou seja, −4 = + 32 ⇔
5
C = −20 C.
9.12.(60 − (−40))
c) O menor coeficiente de isolamento neste caso é 4800 = ⇔I =
I
10800
= 2, 25
4800
19) (OBM 1a Fase) Para um número cujo algarismo das dezenas é a e cujo algarismo das
unidades é b, temos 10a + b = 2(a + b) ou a + b = 2(10a + b). A segunda equação não
tem soluções positivas, e na primeira equação temos 10a + b = 2(a + b) ⇔ 10a + b =
2a + 2b ⇔ 8a = b. Necessariamente temos a = 1 e b = 8. De fato, no cartão de número
18 a soma dos algarismos é 9.

20) (OBM 2a Fase) Supondo que Carlinhos tem Q reais, o preço do grama de queijo é
Q Q
e o preć co do grama de presunto é . Seja m a quantidade, em gramas, de
600 400
Q Q
queijo e de presunto que Carlinhos comprou. Dessa forma: m. + m. = Q ⇔
( ) 600 400
1 1
m. + = 1 ⇔ m = 240. Portanto ele comprou 240 gramas de cada item.
600 400
21) (OBM 2a Fase) A soma dos 27 números escritos na tabela é igual a 3 vezes X e a 9 vezes
o Y . Como X é a soma dos números de cada linha, temos X = 1+2+3+· · ·+8+9 = 45.
Portanto 3 × X = 3 × 45 = 9 × Y ⇔ Y = 15. Logo X + Y = 15 + 30 = 45.

22) (OBM 3a Fase)

a) Veja os quadrados mágicos: Vendo-os, podemos afirmar que a soma total do qua-

drado é a1 + a2 + · · · + a16 o que equivale a 1 + 2 + · · · + 16 que é igual a 136.


Sabendo que em cada linha a soma é a mesma, a soma de cada uma delas será
136 ÷ 4 = 34. Como em cada linha, coluna e diagonal a soma será 34 os valores de
X e Y serão: X = 34 − (14 + 11 + 5) = 4 e Y = 34 − (14 + 8 + 3) = 9.
b) Vamos utilizar a notação do item anterior, ou seja, a1 = 14, a2 = 11 e assim por
diante. Veja que a5 é desconhecido e está embaixo de a1 = 14, assim marcamos
todas as casas desconhecidas. Sabendo que em cada linha, coluna ou diagonal a
soma é 34, temos as seguintes equações:

9
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 05 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

a8 + a12 = 22 (só podem ser 15 e 6, pois alguns dos números dos outros pares já
aparecem).
a7 + a15 = 26 (só podem ser 16 e 10, pois alguns dos números dos outros pares já
aparecem).
a10 + a14 = 15 (só podem ser 13 e 2, pois alguns dos números dos outros pares já
aparecem).
a5 + a13 = 8 (só podem ser 7 e 1, pois se fossem 6 e 2 não daria certo, pois o 2 já
aparece em a10 ou a14 ).
Sendo assim, na linha 3 a única combinação qua dá certo é a10 = 13 e a12 = 6 caso
fossem valores diferentes a soma da linha não daria 34. Tendo descoberto esses dois
valores podemos descobrir os outros: Se a8 não for 6, só pode ser 15. Se a14 não for
13, só pode ser 2. Na linha 2 a única combinação que dá certo é a5 = 1 e a7 = 10
pois caso fossem outros valores a soma não daria 34. Tendo descoberto esses outros
dois valores vamos descobrir mais outros: Se a5 = 1, a13 só pode ser 7. Logo se
a13 é 7 e a14 é 2, a15 só pode ser 16. Sabendo todos os valores desconhecidos, o
quadrado mágico fica completo.

23) (OBM 2a Fase) Cada linha pode ser associada a um número ı́mpar e a um múltiplo de
8 da seguinte forma: na linha 1 temos o quadrado de 1 = 2.1 − 1 (no lado esquerdo da
igualdade) e 8 vezes 1 (no lado direito da igualdade), na linha 2 temos o quadrado de
3 = 2.2 − 1 e 8 vezes 2, na linha 3 temos o quadrado de 5 = 2.3 − 1 e 8 vezes 3 e assim
sucessivamente, até chegarmos na linha N onde temos o quadrado de 2007 = 2.N − 1 e
8 vezes N . Assim, 2N − 1 = 2007 ⇔ 2N = 2008 ⇔ N = 1004.

24) (OPM Fase Final)



0, 36(1 − 0, 36) 0, 6.0, 8
a) A margem de erro é E = 1, 96. = 1, 96. = 0, 02353 =
1600 40
2, 352%. Assim, Obamaldo deve receber entre 36% − 2, 352% = 33, 648% e 36% +
2, 352% = 38, 352%.

p(1 − p)
b) Como, para n = 2500, o máximo valor para E é 2% = 0, 02, temos: 1, 96. ≤
2500
1, 96 √
0, 02 ⇔ . p(1 − p) ≤ 0, 02. Dividindo ambos os lados dessa desigualdade por
50 √
1, 96 √ p(1 − p)
2 temos . p(1 − p) ≤ 0, 01 ⇔ 1, 96. ≤ 0, 01. Logo, para garantir
100 10000
margem de erro de no máximo 1 ponto percentual, devem ser entrevistadas 10000
pessoas.

10
Sequências - Aula 06

Muitos problemas, de álgebra ou teoria dos números, envolvem sequências. Elas podem
ser definidas como uma lista ordenada de elementos. Por exemplo, na sequência (2, −3, 5, 8)
o primeiro termo é 2, o segundo é −3, o terceiro é 5 e o quarto termo é 8. Sequências podem
ter uma quantidade limitada ou ilimitada de elementos. Em geral as sequências possuem
um padrão e geralmente os problemas pedem para encontrarmos, efetuando alguns passos,
alguns termos partindo desses padrões.
Bons estudos!

Problema 1. (EUA 1a Fase) A figura a seguir mostra parte de uma escada feita de qua-
drados pretos e brancos alternados, onde podemos ver a primeira e a quarta linha. Todas
as linhas começam e terminam com um quadrado branco. Qual é o número de quadrados
pretos da 37a linha?

Solução. Em problemas de sequência devemos sempre procurar padrões. Veja que na


primeira linha não há quadrados pretos, na segunda linha temos 1 quadrado preto, na
terceira linha 2, na quarta 3 e assim por diante. Portanto se escolhermos um número para
uma linha, a quantidade de quadrados pretos nessa linha é igual ao número dessa mesma
linha menos 1. Portanto na 37a linha existem 36 quadrados pretos.

Problema 2. (OBM 1a Fase) Considere a sequência oscilante:


1, 2, 3, 4, 5, 4, 3, 2, 1, 2, 3, 4, 5, 4, 3, 2, 1, 2, 3, 4, · · · . Qual é o 2003o termo desta sequência?

Solução. A sequência se repete de 8 em 8. Então o oitavo termo é 2, o décimo sexto é


2, e assim por diante, até o termo 2000 (que é divisı́vel por 8), que também é 2. Logo o
termo 2001 é 1, 2002 é 2 e 2003 é 3. Podemos fazer esse problema direto dividindo 2003
por 8, obtendo quociente 250 e resto 3. Isso significa que essa sequência tem 250 blocos que
começam em 8 e terminam em 8 e sobram 3 posições para percorrer ainda, essa posição é
o número 3.
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 3. (OBM 2a Fase) Observe as igualdades a seguir:


1+2+1=4
1+2+3+2+1=9
1 + 2 + 3 + +4 + 3 + 2 + 1 = 16
..
.
1 + 2 + 3 · · · + 2006 + 2007 + 2006 + · · · + 2 + 1 = A
A
Qual é o valor de ?
2232
Solução. Mais uma vez devemos procurar padrões. Veja que os números na direita da
igualdade são quadrados perfeitos: 4 = 22 , 9 = 32 , 16 = 42 , · · · e esses números são aqueles
de maior valor na soma, os termos do meio, portanto devemos ter que A = 20072 . Portanto
A 20072
= = 81.
2232 2232

1 Problemas
Sequências: Problemas Introdutórios

Problema 4. Observe as multiplicações a seguir:


101 × 11 = 1111
101 × 111 = 11211
101 × 1111 = 112211
101 × 11111 = 1122211
..
.
Encontre a soma dos algarismos do número obtido quando multiplicamos 101 pelo
número 1111 . . . 11, composto por 2007 algarismos 1.
Problema 5. Calcule soma de todos os números positivos ı́mpares até 2007 menos a soma
de todos os números positivos pares até 2007.
Problema 6. Usando pastilhas de cerâmica preta na forma de quadradinhos foi composta
uma decoração numa parede, mostrada parcialmente abaixo: Quantas pastilhas foram em-

pregadas em toda a decoração considerando-se que na última peça montada foram utilizadas
40 pastilhas?

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 7. Na sequência de números 1, a, 2, b, c, d, · · · dizemos que o primeiro termo é 1,


o segundo termo é a, o terceiro termo é 2, o quarto termo é b, e assim por diante. Sabe-se
que esta sequência tem 2005 termos e que cada termo, a partir do terceiro, é a média
aritmética de todos os termos anteriores. Qual é o último termo dessa sequência?

Problema 8. Numa aula de Matemática, a professora inicia uma brincadeira, escrevendo


no quadro-negro um número. Para continuar a brincadeira, os alunos devem escrever outro
número, seguindo as regras abaixo:
(1) Se o número escrito só tiver um algarismo, ele deve ser multiplicado por 2. (2)
Se o número escrito tiver mais de um algarismo, os alunos podem escolher entre apagar o
algarismo das unidades ou multiplicar esse número por 2.
Depois que os alunos escrevem um novo número a brincadeira continua com este
número, sempre com as mesmas regras. Veja a seguir dois exemplos desta brincadeira,
um começando com 203 e o outro com 4197:
203 (dobra) → 406 (apaga) → 40 (apaga) → 4 . . .
4197 (apaga) → 419 (dobra) → 838 (apaga) → 83 . . .

a) Comece a brincadeira com o número 45 e mostre uma maneira de prosseguir até


chegar ao número 1.

b) Comece agora a brincadeira com o número 345 e mostre uma maneira de prosseguir
até chegar ao número 1.

c) Explique como chegar ao número 1 começando a brincadeira com qualquer número


natural diferente de zero.

Sequências: Problemas Propostos

Problema 9. Numa sequência, cada termo, a partir do terceiro, é a soma dos dois termos
anteriores mais próximos. O segundo termo é igual a 1 e o quinto termo vale 2005. Qual é
o sexto termo?

Problema 10. Esmeralda foi escrevendo os quadrados dos números inteiros positivos um em
seguida ao outro formando o número 149162536 · · · e parou quando chegou no centésimo
algarismo. Qual foi o último algarismo que ela escreveu?

Problema 11. A sequência de Fibonacci é definida da seguinte forma: o termo 0, represen-


tado por F0 , é igual a 0, o termo 1, representado por F1 é igual a 1, e a partir do termo 2,
cada termo é a soma dos dois anteriores. Por exemplo: o termo 2, representado por F2 , é
igual a F0 + F1 = 0 + 1 = 1; o termo 3, representado por F3 , é igual a F1 + F2 = 1 + 1 = 2,
e assim por diante.
Assim, os primeiros termos dessa sequência são: F0 = 0, F1 = 1, F2 = 1, F3 = 2,
F4 = 3, F5 = 5, F6 = 8, F7 = 13, . . .

a) Calcule F8 , F9 , F10 e F11 .

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

b) F2002 é par ou ı́mpar? Justifique.

Problema 12. A figura a seguir mostra castelos de cartas de 1, 2 e 3 andares. Para


montar esses castelos foram usadas 2, 7 e 15 cartas, respectivamente. Quantas cartas serão
necessárias para montar um castelo de 5 andares?

Problema 13. Rubinho constrói uma sequência de 10 figuras, cada uma delas formadas
por quadradinhos de 1 cm de lado, conforme indicado ao seguir. A figura 2, por exemplo,
tem área igual a 5 cm2 e perı́metro igual a 12 cm.

a) Qual é área da figura 5?

b) Qual é o perı́metro da figura 10?

Problema 14. O troca-inverte é uma brincadeira com números em que há dois tipos de
movimentos:

• troca: separar o número em dois grupos e trocar a ordem desses grupos;

• inverte: escrever o número na ordem inversa.

Por exemplo, começando com 35421 podemos obter 31245, como mostrado abaixo.

a) Brincando com o troca-inverte e começando com 123456, como podemos obter 165432?

4
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

b) Brincando com o troca-inverte e começando com 123, como podemos obter todos os
outros cinco números de três algarismos diferentes que podem ser escritos com 1, 2 e
3?

c) Por que, no troca-inverte, começando com 123456 é impossével obter 243156?

Problema 15. Parte das casas de um quadriculado com o mesmo número de linhas (fi-
leiras horizontais) e colunas (fileiras verticais) é pintada de preto, obedecendo ao padrão
apresentado pelo desenho a seguir.

a) Quantas casas serão pintadas num quadriculado com 14 linhas e 14 colunas, de acordo
com esse padrão?

b) Quantas linhas tem um quadriculado com 199 casas pintadas?

Problema 16. Considere os números 2, 3 e 6. Quando somamos todos os produtos de dois


desses três números, obtemos um quadrado perfeito: 2.3 + 2.6 + 3.6 = 36 = 62 . Podemos
acrescentar mais um número na sequência dada de modo que a soma de todos os produtos
de dois dos agora quatro números continue sendo um quadrado perfeito: basta somar o
dobro da raiz quadrada do quadrado perfeito que acabamos de obter na √ soma de todos os
números anteriores. No nosso exemplo, o quarto termo é 2 + 3 + 6 + 2 62 = 23 e, de fato,
2.3 + 2.6 + 3.6 + 2.23 + 3.23 + 6.23 = 289 = 172 . Com isso, obtemos a sequência 2, 3, 6, 23.
Sequências que, como essas, têm como soma dos produtos de seus elementos tomados
dois a dois um quadrado perfeito, são chamadas esnúrficas. Uitilize calculadora nesse
problema.

a) Calcule o próximo número (quinto termo) da sequência esnúrfica descrita acima.


Lembre-se de que ele é a soma dos anteriores mais o dobro da raiz quadrada da soma
dos produtos de seus elementos tomados dois a dois.

b) Podemos também começar uma sequência esnúrfica com apenas dois números cujo
produto seja um quadrado perfeito. Por exemplo, 2 e 8 cujo produto é 16 = 42 .
Calcule o próximo número (terceiro termo) dessa sequência.

5
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

c) Calcule o quociente entre o quinto e o quarto termo da sequência esnúrfica iniciada


com 2 e 8.

Problema 17. Um baralho contendo cartas numeradas 1, 2, 3, . . . , 2n é embaralhado da


seguinte forma:

• divide-se o monte de cartas na metade, formando-se dois montes: o primeiro com as


n primeiras cartas e o segundo, com as n seguintes;

• intercalam-se as cartas dos dois montes, sempre começando do segundo monte.

Por exemplo, para n = 3 e as cartas estão inicialmente na ordem crescente e, embaralhando


repetidas vezes, obtemos 1, 2, 3, 4, 5, 6 → 4, 1, 5, 2, 6, 3 → 2, 4, 6, 1, 3, 5 → 1, 2, 3, 4, 5, 6.

Desembaralhatus!, como diria Parry Hotter. Após três embaralhadas o monte de cartas
volta para a ordem original!
A embaralhada pode ser representada através de diagramas: Ou seja: Após cada uma

das três embaralhadas, a 1a carta é levada para a 2a posição, a 2a carta é levada para a 4a
posição, a 4a carta é levada para a 1a posição. E a 3a carta é levada para a 6a posição, a
6a carta é levada para a 5a posição e a 5a carta é levada para a 3a posição.

a) Desenhe os diagramas correspondentes para um baralho com 32 cartas (n = 16).

b) Qual é o número mı́nimo de embaralhadas que devem ser feitas para que um baralho
com 32 cartas volte para a ordem original?

Problema 18. Considere as seguintes sequências: S1: 12345678, 81234567, 78123456, . . .,


na qual o último algarismo do termo anterior (algarismo das unidades) torna-se o primeiro
algarismo na esquerda do próximo termo.
S2: 1234567898765, 5612345678987, 7856123456789, . . ., na qual o algarismo das unida-
des torna-se o primeiro algarismo na esquerda do próximo termo, e o das dezenas torna-se
o segundo algarismo na esquerda.

a) Apresente o quinto termo da sequência S1 e o quarto termo da sequência S2.

b) A sequência S1 tem 2006 termos. Qual é o seu último termo?

c) A sequência S2 termina quando o primeiro termo se repete. Quantos termos tem essa
sequência?

6
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 19. Esmeralda escolhe um número inteiro positivo qualquer e realiza a seguinte
operação com ele: cada um de seus algarismos é trocado pelo seu sucessor, com exceção
do 9, que é trocado por 0. Em seguida, os eventuais zeros que aparecem na esquerda
são eliminados. Por exemplo, ao se realizar a operação no número 990003953 obtém-se
1114064 (note que os dois zeros na esquerda gerados pelos dois primeiros algarismos 9
foram eliminados). A operação é repetida até que se obtenha 0. Por exemplo, começando
com 889, obtemos a sequência de números:

889, 990, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0

a) Apresente a sequência de números quando o primeiro número é 2008.

b) Mostre que, independente do número inicial, após uma quantidade finita de operações
Esmeralda obtém 0.

7
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Sequências: Soluções dos Introdutórios

4) (OBM 1a Fase) No resultado da multiplicação de 101 por 1111 . . . 11, composto por
2007 algarismos 1, o dı́gito 1 aparece 4 vezes e o dı́gito 2 aparece 2007 − 2 = 2005 vezes.
Portanto a soma dos algarismos desse número é 1 × 4 + 2 × 2005 = 4014.

5) (OBM 1a Fase) A soma de todos os números positivos ı́mpares até 2007 menos a soma
dos números positivos pares até 2007 pode ser escrita como (1 − 2) + (3 − 4) + (5 − 6) +
· · · + (2005 − 2006) + 2007 = −1003 + 2007 = 1004.

6) (OBM 1a Fase) Seja n o número de quadradinhos para formar um lado de uma peça.
Então, são necessários 4 × (n − 2) + 4 = 4n − 8 + 4 = 4n − 4 quadradinhos para formar a
peça inteira. Na última peça da decoração temos 4n − 4 = 40 ⇔ n = 11. Note que para
contar o número de quadradinhos utilizados basta observar que cada peça da esquerda
se encaixa na da direita. Se encaixarmos todas, teremos um quadrado completo de lado
igual a 11 quadradinhos. Portanto, o número de pastilhas utilizadas foi 112 = 121.
1+a
7) (OBM 2a Fase) Como 2 é a média aritmética de 1 e a, podemos escrever =
2
1+2+3 1+2+3+2
2, logo1 + a = 4 ⇔ a = 3; portanto, b = = 2; c = = 2;
3 4
1+2+3+2+2
d= = 2. Esses exemplos sugerem que todos os termos, a partir do
5
terceiro, são iguais a 2. De fato, quando introduzimos em uma sequência um termo
igual a média de todos os termos da sequência, a média da nova sequência é a mesma
que a da sequência anterior. Assim, o último termo da sequência dada é 2.

8) (OBMEP 2a Fase)

a) Há várias soluções, como por exemplo 45 (apaga) → 4 (dobra) → 8 (dobra) → 16


(apaga) → 1. Ou 45 (dobra) → 90 (apaga) → 9 (dobra) → 18 (apaga → 1.
b) Aqui também há várias soluções, como por exemplo 345 (apaga) → 34 (apaga)
→ 3 (dobra) → 6 (dobra) → 12 (apaga) → 1.
c) Aplicamos a regra “apaga” até sobrar apenas um algarismo, e temos então três
casos:
1) Este algarismo é igual a 1 e a brincadeira acaba.
2) Este algarismo é 2, 3 ou 4 : neste caso aplicamos a regra “dobra” algumas vezes
até obter um número de dois algarismos cujo algarismo das dezenas seja 1 (16, 12
ou 16, respectivamente), e aplica-se a regra “apaga” obtendo o número 1.
3) Este algarismos é 5, 6, 7, 8 ou 9: neste caso aplica-se a regra “dobra” uma vez,
obtendo respectivamente 10,12, 14, 16 ou 18; então aplica-se a regra “apaga” para
obter o número 1.

Sequências: Soluções dos Propostos

8
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

9) (OBM 1a Fase) Seja x o primeiro termo. Como o segundo termo é 1, o terceiro termo é
x + 1 , o quarto é 1 + (1 + x) = x + 2. Como o quinto termo é 2005, (x + 1) + (x + 2) =
2x + 3 = 2005 ⇔ 2x = 2002 ⇔ x = 1001. Logo o sexto termo é (x + 2) + (2x + 3) =
3x + 5 = 3.1001 + 5 = 3008.

10) (OBM 2a Fase) Os números 12 , 21 , 32 possuem um algarismo. Os números 42 , 52 , · · · ,


92 possuem dois algarismos. Os números 102 , 112 , · · · , 312 possuem três algarismos.
Assim, ao escrever o quadrado do número 31, o número de algarismos escritos é 1 × 3 +
2 × 6 + 3 × 22 = 81, faltando escrever 19 algarismos. Com os quadrados de 32, 33, 34
e 35, temos mais 4 × 4 = 16 algarismos, faltando ainda escrever apenas três algarismos.
Como o quadrado de 36 é 1296, concluı́mos que o último algarismo escrito foi o 9, o
centésimo algarismo escrito por Esmeralda.

11) (OPM Fase Inicial)

a) F8 = F6 + F7 = 8 + 13 = 21, F9 = F7 + F8 = 13 + 21 = 34, F9 = F7 + F8 =
21 + 34 = 55 e F9 = F7 + F8 = 34 + 55 = 89.
b) Analisando a sequência de Fibonacci 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, . . . percebe-
mos um padrão. F0 = 0 é par, F1 = 1 é ı́mpar, logo F2 = F0 + F1 é ı́mpar, por
ser a soma de um número par com outro ı́mpar. F3 será a soma de dois números
ı́mpares, logo será par, F4 será a soma de um número par com um ı́mpar, logo é
ı́mpar. Com relação a paridade a sequência fica: par, ı́mpar, ı́mpar, par, ı́mpar,
ı́mpar, par, ı́mpar, ı́mpar, . . ., iniciando em F .
Perceba: F0 , F3 e F6 são pares, na verdade sempre que tivermos um Fk com k
múltiplo de 3, ele será par, caso contrário, será ı́mpar. Como 2002 não é um
múltiplo de 3 então F2002 será ı́mpar.

12) (OBM 2a Fase) Para fazer um novo andar num castelo já construı́do, precisamos de três
cartas para cada andar anterior mais duas para o topo. Assim, a partir do castelo de
3 andares, para fazer o de 4 andares, precisamos de mais 3 × 3 + 2 cartas, num total
de 15 + 11 = 26 cartas. Portanto, para fazer o castelo de 5 andares, precisamos de
26 + 4 × 3 + 2 = 40 cartas.
Outra solução: Para acrescentarmos um quarto andar a um castelo de 3 andares, pre-
cisamos de 3 cartas para separar a base dos demais andares e 4 pares de cartas para a
base, totalizando 3 + 2.4 = 11 cartas a mais. Analogamente, para acrescentarmos um
quinto andar a um castelo de 4 andares, precisamos de 4 cartas para separar a base dos
demais andares e 5 pares de cartas para a base, totalizando 4 + 2.5 = 14 cartas a mais.
Assim, para montar um castelo de 5 andares, precisamos de 15 + 11 + 14 = 40 cartas.
Observação: De fato, o acréscimo de um n-ésimo andar necessita de n − 1 cartas para
apoiar a base anterior, e n pares de cartas para a nova base. Portanto, são acrescentadas
n − 1 + 2n = 3n − 1 cartas por andar.

13) (OBM 2a Fase)

9
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

a) Vemos que para passar da figura k para figura k + 1 acrescentamos k + 1 quadra-


dinhos em cada lado da figura, sendo que os dos vértices estamos contando duas
vezes. Assim, estamos acrescentando 4k quadradinhos. Logo, na figura 5 teremos
1 + 4 + 8 + 12 + 16 = 41 quadradinhos de lado unitário, totalizando uma área de
41cm2 .
b) Na figura 10, teremos em cada lado 10 quadradinhos com algum lado para fora
da figura. Desses 10, 8 não estão nos cantos da figura e logo possuem apenas 2
lados participando do perı́metro. Os 4 que estão no vértice possuem 3 lados que
participam do perı́metro. Logo, o perı́metro da figura 10 é 2 × 4 × 8 + 4 × 3 = 76
cm.

14) (OBMEP 2a Fase)

a) Uma solução: 123456 (inverte) → 654321 (troca) → 165432.


b) Existem 5 números diferentes formados com os algarismos 1, 2 e 3, além de 123.
Eles são 132, 213, 231, 312 e 321. Vamos mostrar como obter todos a partir de
123:
123 (troca) → 231 (inverte) → 132
123 (inverte) → 321 (troca) → 213
123 (troca) → 231
123 (troca) → 312
123 (inverte) → 321

c) Em um número qualquer formado com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, temos os


algarismos das “pontas” e os do “meio”; por exemplo, em 621354 os algarismos
das pontas são 6 e 4 e os algarismos 2, 1, 3, e 5 estão no meio. Dizemos também
que dois algarismos são vizinhos se um está ao lado do outro; no exemplo em
questão, (2, 1) e (3, 5) são dois pares de vizinhos. O movimento inverte troca os
algarismos das pontas e mantém os vizinhos juntos. O movimento troca faz com
que as pontas se tornem vizinhos e separa um par de vizinhos, fazendo com que eles
se tornem pontas. Logo, começando com 123456, vemos que qualquer sequência
de movimento troca e inverte tem como resultado um número em que 1 e 6 são ou
pontas ou vizinhos; como isso não acontece com 243156, é impossı́vel transformar
123456 em 243156 com esses movimentos. Alternativamente, podemos pensar nos
algarismos do número 123456 escritos ao longo de um cı́rculo orientado no sentido
horário. O movimento inverte muda o sentido de rotação deste ciclo e o movimento
troca mantém este sentido; por outro lado, algarismos vizinhos, em particular o 1
e o 6, permanecem sempre vizinhos após qualquer destes movimentos. Como em
243156 o 1 e o 6 não são vizinhos, concluı́mos que é impossı́vel transformar 123456
em 243156 com esses movimentos.

15) (OBM 3a Fase) Considerando a figura, conseguimos ver um padrão (de cima para abaixo
e da esquerda para a direita). Número de quadrados pintados: 2 × 2 → 2 , 3 × 3 → 7,
4 × 4 → 8, 5 × 5 → 17, 6 × 6 → 18, 7 × 7 → 31, 8 × 8 → 32. Podemos perceber que, do

10
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

3 × 3 (7 pintados) para o 4 × 4 (8 pintados) que o número aumentou 1 unidade pintada.


O fato se deve a sequência de quadrados pintados, do 2 × 2 para o 3 × 3, o número de
quadrados pretos cresceu em 5 unidades enquanto o branco permaneceu igual, mas do
3 × 3 para o 4 × 4, o número de brancos aumentou 6, enquanto o preto somente 1. Em
geral, se n é par, do n × n para o (n + 1) × (n + 1) o número de quadrados pretos cresce
em 2n + 1 unidades, mas se n é ı́mpar cresce em apenas 1 unidade. Para o caso do
quadrado n × n, com n par, como a quantidade de casas pretas é igual a quantidade de
n2
casas brancas, a quantidade de casas pretas será . Para o caso do quadrado n × n,
2
(n + 1)2
com n ı́mpar, percebemos que, a quantidade de casas pretas será − 1 (devido
2
n2 (n + 2)2
as descobertas anteriores). Com efeito, para n par, + 2n + 1 = − 1 e, para
2 2
(n + 1) 2 (n + 1) 2
n ı́mpar, −1+1= .
2 2
Usando estes fatos:
142
a) Num quadriculado de 14 × 14, usamos o padrão para pares: = 98 casas pretas.
2
b) Para descobrirmos quando o quadrado tem 199 casas pintadas, vamos testar os
casos:
n2
Usando o padrão para n par, temos: = 199 ⇔ n2 = 398 mas e equação não
2
tem solução inteira.
(n + 1)2 (n + 1)2
Usando o padrão para n ı́mpar, vemos que: −1 = 199 ⇔ = 200 ⇔
2 2
(n + 1)2 = 400. Achamos (n + 1) = 20, donde n = 19, portanto o número de linhas
será igual a 19.

16) (OPM Fase Inicial)

a) Na sequência esnúrfica 2, 3, 6, 23, o quinto termo é a soma dos quatro primeiros


mais o dobro da raiz quadrada da soma √ dos produtos de seus elementos tomados
dois a √dois, ou seja, é: 2 + 3 + 6 + 23 + 2 (2.3 + 2.6 + 2.23 + 3.6 + 3.23 + 6.23) =
34 + 2 289 = 34 + 2.17 = 68
√ √
b) Na sequência esnúrfica 2, 8, o terceiro termo é: 2 + 8 + 2 2.8 = 10 + 2 16 =
10 + 2.4 = 18

c) Na sequência
√ esnúrfica 2, 8, 18, o quarto termo é: 2+8+18+2 (2.8 + 2.18 + 8.18) =
28 + 2 196 = 28 + 2.14 √ = 56. E na sequência esnúrfica 2, 8, 18, 56, o quinto
√ termo
é: 2 + 8 + 18 + 56 + 2 (2.8 + 2.18 + 2.56 + 8.18 + 8.56 + 18.56) = 84 + 2. 1764 =
84 + 2.42 = 168. Logo o quociente entre o 5o e o 4o termo da sequência esnúrfica
168
iniciada com 2 e 8 é = 3.
56
17) (OPM Fase Final)

a)

11
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

b) Observando o diagrama, temos que, após um número par de embaralhadas, as


cartas numeradas 11 e 22 estão nas suas posições originais. Considerando agora os
outros três diagramas, podemos concluir que, em menos do que 10 embaralhadas,
as demais cartas não estavam nas suas posições originais. E exatamente na 10a
embaralhada todas elas voltam para as posições originais. Portanto o número
mı́nimo de embaralhadas para ocorrer o Desembaralhatus! é 10. De fato, após
10.k embaralhadas, k natural , as cartas voltam para as posições originais.

18) (OBM 3a Fase)

a) 5o termo da sequência S1: 56781234 e 4o termo da sequência S2: 9878561234567


b) O último termo da sequência S1 é: 45678123, pois quando se aumenta de 8 em 8,
a sequência se repete, então o 2001o número é igual ao 1o . E o 2006o número é
igual ao 6o .
c) Essa sequência tem 43 termos, pois se percebe que quando as posições aumentam
de 7 em 7, os números ı́mpares permanecem no lugar e os pares andam 2 casas
para a direita, só quando o número par estiver na penúltima posição que ele anda
três casas; assim, como há 13 algarismos andando 5 vezes duas casas, os algarismos
pares andam 10 casas para a direita, mas, no final da sequência, andam três casas,
então andando 6 × 7 vezes, repete sequência. Como começa no número 1, na
sequência há 6 × 7 + 1 termos igual a 43. (Pois a sequência acaba quando o número
se repete).

19) (OBM 3a Fase)

a) A sequência é 2008, 3119, 4220, 5331, 6442, 7553, 8664, 9775, 886, 997, 8, 9, 0
b) Independente do dı́gito que ocupa a 1a posição do número, após uma certa quanti-
dade de operações, ele chegará a 9 e, basta mais uma operação para ele chegar a 0,
que “desaparecerá”, e o número ficará assim com um dı́gito a menos. Em seguida,
independente do dı́gito que agora ocupa a 2a posição, após uma certa quantidade

12
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 06 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

de operações ele também chegará a 9 e, logo depois, a 0, que também “desapa-


recerá”, e o número terá assim outro dı́gito a menos. Continuando esse processo
até o número ter um único dı́gito, esse dı́gito também chegará a 9 e, depois, a 0,
encerrando o processo.

13
Múltiplos, Divisores e Primos II - Aula 07

Após a apresentação dos conceitos de divisor e múltiplo, é possı́vel se perguntar se


existem números que possuem o mesmo divisor ou o mesmo múltiplo. A ideia desse material
é apresentar o conceito de máximo divisor comum (M DC) e mı́nimo múltiplo comum
(M M C) entre dois ou mais números, além de apresentar problemas gerais de teoria dos
números.
Vamos tomar dois números, 12 e 18, e pensar em um divisor simultâneo (comum)
desses dois números. Uma ideia inicial é listar todos os divisores positivos desses dois
números, nesse caso temos d(12) = {1, 2, 3, 4, 6, 12} e d(18) = {1, 2, 3, 6, 9, 18} e temos
alguns divisores comuns a esses dois números: 1, 2, 3, 6. Portanto faz sentido perguntarmos
qual é o máximo divisor comum (M DC) de dois ou mais números, e nesse caso o resultado
é 6. Uma notação curta para M DC de 12 e 18 ser 6 é: M DC(12, 18) = 6. Perceba que
esse processo de listarmos os divisores pode ser uma péssima ideia se o número for grande
e possuir muitos divisores.
Nesse caso tomamos outro caminho, fazemos a fatoração em números primos dos
números que gostarı́amos de calcular o M DC. No exemplo anterior temos 12 = 22 .3 e
18 = 2.32 . O processo é simples, basta perguntar para cada fator primo, e com qual
potência, ele divide simultanemamente os dois números. Veja que 21 divide simultanema-
nente 12 e 18, mas 22 só divide 12, portanto o M DC deve possuir o fator 21 , o próximo
fator primo é o 31 , veja que ele divide 12 e 18, mas 32 só divide 18, portanto o M DC deve
possuir o fator 31 . Como acabamos, então M DC(12, 18) = 21 .31 = 6.
Resumindo o processo: fazemos a fatoração em primos dos números que queremos
calcular o M DC e pegamos aqueles fatores primos comuns com o menor expoente. Vale a
pena mencionar que o M DC de dois ou mais números sempre existe e será pelo menos 1,
se isso ocorrer dizemos que os números são primos entre si.
Para calcular o M M C entre dois ou mais números podemos tomar a mesma decisão
de listar os múltiplos positivos desses números, mas como explicado anteriormente isso
pode ser bem chato. Vamos calcular o M M C entre 42 e 45, pela notação, M M C(42, 45).
Primeiramente, perceba que estamos procurando um múltiplo simultâneo de 42 e 45, o
que significa que esse múltiplo simultâneo na sua formação deve possuir um 42 = 2.3.7 e
um 45 = 32 .5. Lembrando que os múltiplos de 42 são 42.1, 42.2, 42.3, . . . e os de 45 são
45.1, 45.2, 45.3, . . ..
Agora tomamos os fatores primos e suas potências. Devemos colocar 21 no M M C(42, 45)?
Sim, 2 faz parte do 42, embora não faça parte do 45, o M M C deve possuir o número 42 e o
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas

45 em sua formação. Devemos colocar 31 ou 32 ? Como o M M C deve possuir o número 42 e


o 45 em sua formação, então pegamos o 32 , que já garante o 31 do 42 e o 32 do 45. Note que
poderı́amos pegar um 33 , mas nesse caso não estarı́amos construı́ndo o mı́nimo múltiplo
comum. Continuamos o processo de tomar os fatores primos com o maior expoente para
obter M M C(42, 45) = 2.32 .5.7 = 630.
Resumindo o processo: fazemos a fatoração em primos dos números que queremos
calcular o M M C e pegamos aqueles fatores primos com o maior expoente. Vale a pena
mencionar que o M M C de dois ou mais números sempre existe e será pelo menos o produto
dos números, se eles não tiverem fatores em comum.
Em geral os problemas encontrados em olimpı́adas de matemática exigem mais noções
de M DC do que de M M C. Para calcular o M DC entre dois números grandes existe
um método muito bom, e ele consiste de uma ideia simples. Vamos tomar o exemplo
M DC(12, 18) = 6, perceba que 12 = 2.6 e 18 = 3.6, por esse motivo, se subtraı́rmos 12 de
18, ainda obteremos um número que possui o fator 6, que é o M DC desejado. Portanto
M DC(a, b) = M DC(a, b − a).
Veja esse exemplo: M DC(30, 105), é o mesmo que M DC(30, 105−30) = M DC(30, 75),
que por sua vez é o mesmo que M DC(30, 75 − 30) = M DC(30, 45), que finalmente é
M DC(30, 45 − 30) = M DC(30, 15), e esse é intuitivo, vale 15. Fizemos muitos passos e não
precisávamos, bastava ver quantas vezes o 30 cabia no 105 fazendo 105÷30, obtendo a parte
inteira como 3, e o exemplo ficaria mais imediato fazendo M DC(30, 105) = M DC(30, 105−
3 × 30) = M DC(30, 15) = 15.
Problema 1. (OPM Fase Inicial) Esmeralda fez a lição de casa, mas o cachorro dela,
Totopázio, rasgou a folha que ela deveria entregar. A lição de casa de Esmeralda pedia
para dividir números de cinco algarismos por números de três algarismos. Um dos pedaços
rasgados está exibido a seguir, com algumas partes borradas.

a) Calcule MDC(690; 2415; 2070).

b) Sabendo que Esmeralda acertou as divisões, determine o dividendo e o divisor da


conta da direita.
Solução.
a) Como 690 = 2.3.5.23 , 2415 = 3.5.7.23 e 2070 = 2.32 .5.23, mdc(690, 2415, 2070) =
3.5.23 = 345.

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas

b) Vamos encontrar inicialmente os números A e B, e parte do dividendo, fazendo o


processo inverso.

O número A é 2070 + 1 = 2071.

O número B é 2415 + 207 = 2622 e, assim, descobrimos o penúltimo algarismo do


dividendo, que é 2.

Finalmente, o número C é 690 + 262 = 952 e, portanto, o dividendo é 95221.

Vamos agora encontrar D, o divisor. Como MDC(690, 2415, 2070) = 345 , o número D
é um dos divisores positivos de 345, ou seja, pode ser 1, 3, 5, 15, 23, 69, 115 ou 345. Veja

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

que o primeiro passo é dividir 952 por D e obter resto 262 (lembre que o resto é sempre
menor que o divisor!); logo os números 1, 3, 5, 15, 23, 69 e 115 não podem ocupar o lugar
de D. Portanto o único que resta, 345, é o divisor.

Problema 2. (OBM 1a Fase) Em 2012 foi realizada a edição 34 da OBM, e M DC(2012, 34) =
2. Supondo que a OBM sempre será realizada todo ano, qual é o maior valor possı́vel para
o MDC do ano e da edição da OBM realizada no ano?
Solução. Note que se estivermos na edição de número x da OBM, estaremos no ano de
1978 + x . Assim, estamos interessados no maior valor possı́vel de M DC(x, 1978 + x). Mas
veja que isso é o mesmo que calcular M DC(x, 1978 + x − x) = M DC(x, 1978). O maior
valor possı́vel para esse MDC é 1978, que pode ser atingido tomando x = 1978.

1 Problemas
Múltiplos, Divisores e Primos II: Problemas Introdutórios

Problema 3. O máximo divisor comum entre os números 1221, 2332, 3443, 4554, . . . , 8998
é:

Problema 4. O M M C de 12, 15, 20 e k é 420. Qual é o menor valor possı́vel de k?

Problema 5. Senhor Namm assou 252 biscoitos, senhora Clancy assou 105 biscoitos e
senhor Palavas assou 168 biscoitos. Cada um deles colocou os biscoitos em pacotes com o
mesmo número de biscoitos. Qual é o maior número de biscoitos que um pacote poderia
ter?

Múltiplos, Divisores e Primos II: Problemas Propostos

Problema 6. Quatro números inteiros positivos a < b < c < d são tais que o MDC entre
quaisquer dois deles é maior do que 1, mas M DC(a, b, c, d) = 1. Qual é o menor valor
possı́vel para d?

Problema 7. Carlinhos escreve números inteiros positivos diferentes e menores do que 1000
em várias bolas e coloca-as numa caixa, de modo que Mariazinha possa pegar ao acaso duas
dessas bolas. Quantas bolas no máximo Carlinhos irá colocar na caixa se os números das
duas bolas deverão ter um divisor comum maior do que 1?

Problema 8. Juca listou todos os números que podem ser escritos, da esquerda para a
direita, obedecendo as seguintes regras:

• não começar com zero;

• não repetir algarismos;

4
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

• acrescentar um novo algarismo somente se for múltiplo ou divisor do último algarismo


escrito;

• continuar a escrita do número enquanto for possı́vel acrescentar um novo algarismo.

Por exemplo, o número 2015 está na lista de Juca, pois ele é escrito começando com 2,
que é diferente de 0, depois com 0, que é múltiplo de 2, depois com 1, que é divisor de 0,
e seguido de 5, que é múltiplo de 1. A escrita termina com 5, pois este algarismo não é
múltiplo nem divisor dos algarismos que ainda não foram escritos (3, 4, 6, 7, 8e9).

a) O número 1063 não está na lista de Juca, pois é possı́vel acrescentar um último
algarismo na direita do 3. Qual é esse algarismo?

b) Juca escreveu os números de sua lista em ordem crescente. Qual é o primeiro número
que ele escreveu depois do 2015?

c) Qual é o menor número da lista de Juca?

d) Qual é o maior número da lista de Juca?

Problema 9. Qual é o maior valor possı́vel do MDC de dois números distintos pertencentes
ao conjunto 1, 2, 3, . . . , 2011?

Problema 10. No encarte do álbum Presence do grupo musical Led Zeppelin, uma ilus-
tração mostra parte de uma multiplicação, na qual os números multiplicados e o resultado
não aparecem. Todavia, as parcelas que aparecem quando se multiplica cada dı́gito de um
número pelo outro número são visı́veis:

????
× ???
33240
77240+
25080++
???????

Utilize uma calculadora nesse problema.


(a) Calcule M DC(25080; 77240).
(b) Mostre que a conta acima está incorreta, ou seja, que as parcelas acima não podem ser
o produto de dı́gitos por um mesmo número.
(c) Trocando um dı́gito de cada uma das duas primeiras parcelas (33240 e 77240), é possı́vel
conseguir parcelas que podem ser obtidas em uma multiplicação. Descubra os números que
estavam sendo multiplicados.

5
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Múltiplos, Divisores e Primos II: Soluções dos Introdutórios

4) (OBM 1a Fase) Sendo d o MDC destes números, temos que a diferença entre 1221 e 2332
é 1111, ou seja, 2332 = 1221 + 1111. Na verdade a diferença entre dois números con-
secutivos da sequência é 1111. Portanto d = M DC(1221, 2332) = M DC(1221, 2331 −
1221) = M DC(1221, 1111). Como 1111 = 11 × 101e ambos os fatores são primos, 101
não divide 1221, mas 11 divide todos os 8 números, 11 é o M DC procurado.

5) (EUA - Mathcounts) Veja, 12 = 22 .31 , 15 = 31 .51 , 20 = 22 .51 e 420 = 22 .31 .51 .71 .
Como M M C(12, 15, 20, k) = 420 e a fatoração de 420 é feita com as maiores potências
de primos dos números 12, 15, 20 e k, temos que os fatores 2, 3 e 5 já estão e com as
potências certas, falta apenas o 71 , portanto k = 7.

6) (EUA - Mathcounts) O número que estamos procurando deve ser um divisor simultâneo
dos três números de biscoitos, como queremos o maior número de biscoito, estamos
procurando o M DC(252, 105, 168). Veja que M DC(105, 252) = M DC(105, 252 − 2 ×
105) = M DC(105, 42) = M DC(105 − 2 × 42, 42) = M DC(21, 42) = 21. Agora é so
verificar se 21 também é divisor de 168, e de fato é, portanto eles podem fazer pacotes
com 21 biscoitos. Outra solução seria fatorar 252, 105 e 168 em fatores primos.

Múltiplos, Divisores e Primos II: Soluções dos Propostos

7) (OBM 1a Fase) Nenhum dos inteiros em questão é uma potência de um primo p pois
caso contrário todos os outros inteiros teriam o fator p em comum e isso não é permitido.
Logo d possui pelo menos dois fatores primos distintos. Além disso, um dos números
a, b, c, d é ı́mpar; caso contrário M DC(a, b, c, d) = 2. Assim, como o menor número
ı́mpar com dois fatores primos distintos é 15, d ≥ 15 .Para d = 15, temos como exemplo
a = 6, b = 10, c = 12 e d = 15.

8) (OBM 2a Fase) São 499. Não podemos colocar o número 1 em nenhuma bola, pois
o MDC entre 1 e qualquer outro número é 1, assim temos 998 números disponı́veis.
Além disso, se forem usadas 500 bolas ou mais, haverá duas com números consecutivos,
sempre primos entre si, então não podemos colocar mais que 499 bolas. Mas existe uma
forma de colocar 499 bolas, usando os números pares de 2 a 998.

9) (OBMEP 2a Fase)

a) Como não é possı́vel repetir algarismos, os algarismos que podem ser acrescentados
na direita de 1063 são 2, 4, 5, 7, 8 e 9; desses, o único que é múltiplo ou divisor de
3 é o algarismo 9 (9 é múltiplo de 3). O número 10639 está na lista de Juca, não
é possı́vel acrescentar um novo algarismo pois 2, 4, 5, 7 e 8 não são múltiplos nem
divisores de 9.

6
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

b) O número natural sucessor de 2015 é 2016, entretanto ele não está na lista de
Juca, pois os números dessa lista devem ser acrescidos de algarismos enquanto for
possı́vel colocar múltiplo ou divisor do último algarismo escrito, ou seja 2016 pode
ser completado a 201639. O próximo número que vem depois do 2016 é 2017, e
este sim está na lista de Juca, já que 3, 4, 5, 6, 8 e 9 não são múltiplos nem divisores
de 7.
c) Como qualquer número é múltiplo de 1 e divisor de 0, todos os números listados
por Juca vão conter os algarismos 0 e 1 e sempre será possı́vel acrescentar outro
algarismo disponı́vel na direita desses dois algarismos. Assim, todos os números
listados por Juca têm pelo menos três algarismos. Os primeiros números com três
algarismos distintos são 102, 103 e 104, que não estão na lista de Juca, pois é
possı́vel acrescentar 4 ou 8 na direita do 2, 6 ou 9 na direita do 3 e 2 ou 8 na direita
do 4. Como 105 está na lista de Juca, pois não é possı́vel acrescentar os algarismos
2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9 na direita do 5, segue que esse é o menor número na lista de Juca.
d) O maior número da lista de Juca é o 9362841705. Ele é o maior porque contém
todos os algarismos, começa com 9 e sempre é acrescentado, a cada vez, o maior
algarismo possı́vel que seja múltiplo ou divisor do último algarismo escrito.

10) (OBM 2a Fase) O MDC de dois números é divisor de cada um dos dois números, ou seja,
cada um dos dois números é múltiplo de seu MDC. Logo queremos o maior valor de d
que tem dois múltiplos positivos menores ou iguais a 2011. O maior dos dois múltiplos
de d é maior ou igual a 2d, logo 2d ≤ 2011 ⇐⇒ d ≤ 1005. Como 1005 e 2 × 1005 = 2010
são ambos menores do que 2011, o valor procurado é 1005.

11) (OPM Fase Final)

a) Temos M DC(77240; 25080) = M DC(25080; 77240−3·25080) = M DC(25080; 2000) =


M DC(2000; 25080 − 12 · 2000) = M DC(2000; 1080) = M DC(1080; 2000 − 1080) =
M DC(1080; 920) = M DC(920; 1080 − 920) = M DC(920; 160) = M DC(160; 920 −
5 · 160) = M DC(160; 120) = 40.
b) Observe que 77240 e 25080 devem ser resultados do produto de um dos fatores da
multiplicação por algarismos. Logo o fator multiplicado deve ser divisor comum de
77240 e 25080, sendo então divisor de M DC(77240; 25080) = 40. Mas nesse caso os
algarismos devem ser pelos menos iguais a 77240/40 e 25080/40, respectivamente,
o que é impossı́vel pois ambos os quocientes são maiores que 10.
Outra maneira de pensar: O único número de quatro dı́gitos, que, se multiplicado
por um número de apenas um dı́gito, obtemos 77240 é 9655. Mas esse número não
é divisı́vel por 25080 nem por 33240, portanto não há como multiplicarmos este
número, por outro x, que dê 25080 a 33240.
c) Trocando 33240 por 33440 e 772400 por 752400, a conta fica correta. Como
M DC(33240; 75240; 25080) = 8360 e 33240/8360 = 4, 75240/8360 = 9 e 25080/8360 =

7
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

3, os números multiplicados são 8360 e 493.

8360
× 394
33440
75240+
25080++
3293840

8
Problemas Gerais I - Aula 08

Problema 1. (OBMEP 2a Fase) A caminhonete do Tio Barnabé pode carregar até 2000
quilos. Ele aceita um serviço para transportar uma carga de 150 sacas de arroz de 60 quilos
cada e 100 sacas de milho de 25 quilos cada.

a) Você acha possı́vel que o Tio Barnabé faça esse serviço em cinco viagens? Por quê?

b) Descreva uma maneira de fazer o serviço em seis viagens.

Solução.

a) Tio Barnabé tem que transportar uma carga total de 150 quilos. Como a carga
máxima da caminhonete é 2000 quilos, em cinco viagens Tio Barnabé poderá trans-
portar no máximo 5×2000 = 10000 quilos, faltando ainda 11500 quilos para completar
o serviço. Logo, não é possı́vel fazer o serviço em apenas 5 viagens.

b) Tio Barnabé pode fazer 5 viagens carregando, em cada uma, 30 sacas de arroz e
8 de milho, totalizando 30 × 60 + 8 × 25 = 1800 + 200 = 2000 quilos. Em cinco
viagens, ele levaria 30 × 5 = 150 sacas de arroz e 5 × 8 = 40 sacas de milho, restando
100 − 40 = 60sacas de milho, pesando 60 × 25 = 1500 quilos, que poderiam ser todas
transportadas na sexta viagem.
Outra solução: Tio Barnabé pode fazer 5 viagens levando, em cada uma, 28 sacos de
arroz e 12 de milho, totalizando 28 × 60 + 12 × 25 = 1980 quilos em cada viagem; na
sexta viagem ele pode levar os 10 sacos de arroz e os 40 de milho restantes, totalizando
10 × 60 + 12 × 25 = 1600 quilos.

Problema 2. (OBMEP 2a Fase) Alberto, Beatriz, Carlos, Dulce e Eduardo ainda dormiam
quando sua mãe saiu e deixou uma vasilha com jabuticabas e a instrução para que fossem
divididas igualmente entre eles. Alberto acordou primeiro, pegou 15 das jabuticabas e
saiu. Beatriz acordou depois, mas pensou que era a primeira a acordar e, por este motivo,
pegou 15 das jabuticabas restantes e também saiu. Os outros três irmãos acordaram juntos,
perceberam que Alberto e Beatriz já haviam saı́do e dividiram as jabuticabas restantes
igualmente entre eles.

a) Que fração do total de jabuticabas coube a Beatriz?


POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

b) Quem ficou com a menor quantidade de jabuticabas? Quem ficou com a maior quan-
tidade de jabuticabas?

c) Ao final da divisão, nenhum dos irmãos ficou com mais do que 20 jabuticabas. Quan-
tas jabuticabas havia na vasilha?

Solução.
1 1 4
a) Alberto, primeiro a acordar, pegou do total de jabuticabas deixando 1 − =
5 5 5
1
para os demais irmãos. Beatriz, segunda a acordar, pegou das jabuticabas deixadas
5
1 4 1 4 4
por Alberto, pegando assim de , ou seja, × = do total de jabuticabas.
5 5 5 5 25
1 1 4
b) Alberto pegou exatamente do total de jabuticabas, deixando 1 − = delas na
5 5 5
vasilha. Como Beatriz dividiu as jabuticabas deixadas por Alberto em cinco partes,
1 3
ela ficou com menos que e deixou mais que das jabuticabas. Os irmãos restantes,
5 5
3 1
dividindo esses em três partes iguais, ficaram com mais de cada. Logo foi Beatriz
5 5
quem ficou com menos jabuticabas e Carlos, Dulce e Eduardo com mais jabuticabas.
1
Podemos também pensar como segue. Alberto ficou com das jabuticabas e deixou
5
1 4 1 4 4
1 − = delas na vasilha. Beatriz ficou então com × = das jabuticabas e
5 5 5 5 25
4 4 16 1 16 16
deixou − = na vasilha. Cada um dos irmãos restantes ficou com × =
5 25 25 3 25 75
1 15 4 12
das jabuticabas. Como = e = , a conclusão segue.
5 75 25 75
16
c) Como Carlos, Dulce e Eduardo ficaram com das jabuticabas cada um e essa fração
75
é irredutı́vel, o total de jabuticabas tem que ser múltiplo de 75; por outro lado, como
cada um dos irmãos ficou com um número inteiro de jabuticabas menor ou igual a
20, o número total de jabuticabas é no máximo 100. O único múltiplo de 75 que é
menor ou igual a 100 é o próprio 75. Logo, havia 75 jabuticabas na vasilha; Alberto
1 4
ficou com × 75 = 15 jabuticabas, Beatriz com × 75 = 12 jabuticabas e Carlos,
5 25
16
Dulce e Eduardo com × 75 = 16 jabuticabas cada um.
75

1 Problemas
Problemas Gerais I: Problemas Introdutórios

Problema 3. Ariadne brinca com números de dois ou mais algarismos. Ela soma, aos
pares, os algarismos do número, da esquerda para a direita, e escreve os resultados em

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

ordem; em seguida, ela repete a brincadeira com o novo número e assim por diante. Se ela
chegar a um número com um único algarismo, a brincadeira acaba. Por exemplo, de 294
ela obtém 1113, pois 2 + 9 = 11 , 9 + 4 = 13, Depois, de 1113 ela obtém 224, pois 1 + 1 = 2,
1 + 1 = 2 e 1 + 3 = 4, e assim por diante. Essa brincadeira acaba com 1 (faça as contas) :
294 → 1113 → 224 → 46 → 10 → 1.
a) Escreva a sequência que começa com 4125.
b) Escreva os seis primeiros números da sequência que começa com 995.

c) Qual é o 103o número da sequência que começa com 33333?


Problema 4. Os alunos do professor Augusto Matraga fizeram quatro provas bimestrais no
ano. O professor pede a cada aluno que escolha três dessas provas e depois calcula a média
10 × A
anual, até a primeira casa depois da vı́rgula, pela fórmula M = , onde M é a média
B
anual, A é o total de questões respondidas corretamente nas três provas escolhidas e B é o
total de questões das três provas escolhidas. Veja os resultados do aluno Quim durante o
ano:

a) Qual será a média anual do Quim se ele escolher as provas dos três primeiros bimes-
tres? E se ele escolher as provas dos três últimos?
b) Faça uma tabela com a porcentagem de acertos do Quim em cada prova para cada
bimestre.

c) Quim acha que sua média anual será a mais alta possı́vel se escolher as três provas
com as maiores porcentagens de acerto. Ele está certo? Por quê?
Problema 5. Joãozinho coleciona números naturais cujo algarismo das unidades é a soma
dos outros algarismos. Por exemplo, ele colecionou 10023, pois 1 + 0 + 0 + 2 = 3.
a) Na coleção de Joãozinho há um número que tem 4 algarismos e cujo algarismo das
unidades é 1. Que número é esse?

b) Qual é o maior número sem o algarismo 0 que pode aparecer na coleção?

c) Qual é o maior número sem algarismos repetidos que pode aparecer na coleção?
Problema 6. Daniela gosta de brincar com números de dois ou mais algarismos. Ela escolhe
um desses números, multiplica seus algarismos e repete o procedimento, se necessário, até
chegar a um número com um único algarismo, que ela chama de número-parada do número
escolhido. Por exemplo, o número-parada de 32 é 6, pois 32 → 3 ×2 = 6 e o número-parada
de 236 é 8, pois 236 → 2 × 3 × 6 = 36 → 3 × 6 = 18 → 1 × 8 = 8.

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

a) Qual é o número-parada de 93?

b) Ache um número de quatro algarismos, sem o algarismo 1 cujo número-parada é 6.

c) Quais são os números de dois algarismos cujo número-parada é 2?

Problemas Gerais I: Problemas Propostos

Problema 7. Ana e Cristina estão jogando contra Beatriz e Diana. No inı́cio de cada
partida, elas embaralham nove cartões numerados de 1 a 9 e cada uma pega dois cartões,
sobrando sempre um cartão na mesa. Cada menina calcula seus pontos somando os números
de seus cartões e o número de pontos da dupla é a soma dos pontos das duas parceiras.
Vence a dupla que fizer o maior número de pontos. Veja um exemplo de uma partida na
tabela:

a) Numa partida, Ana e Cristina tiraram somente cartões com números ı́mpares, e
sobrou o cartão de número 7. Qual foi o resultado da partida? Por quê?

b) Uma partida pode terminar empatada se sobrar o cartão de número 8? Por quê?

c) Uma partida pode terminar empatada se sobrar o cartão de número 5? Por quê?

d) Em outra partida, uma das meninas tirou o cartão de número 3. Ana fez um ponto
a menos que Beatriz, que fez um ponto a menos que Cristina, que fez um ponto a
menos que Diana. Quantos pontos fez a dupla que ganhou?

Problema 8. Três tanques iguais contêm, inicialmente, 32, 24 e 8 metros cúbicos de água
e estão ligados por registros, como na figura. Estes registros servem para deixar a água
passar de um tanque (mais cheio) para o outro (menos cheio) até que ambos fiquem com
o mesmo volume de água. Só se pode abrir um registro de cada vez, e ele é fechado assim
que os tanques que ele liga fiquem com o mesmo volume de água.

4
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Por exemplo, ao abrir o registro R2 na situação inicial, os tanques A, B e C ficarão,


respectivamente, com 32, 16 e 16 metros cúbicos. A seguir, ao fechar R2 e abrir R1 os
tanques A, B e C ficarão, respectivamente, com 24, 24 e 16 metros cúbicos. Representamos
R2 R1
essa sequência por (32; 24; 8) → (32; 16; 16) → (24; 24; 16)

a) A partir da situação inicial, qual será o volume de água nos tanques A e B após
abrirmos o registro R1?

b) A partir da situação inicial, exiba uma sequência de aberturas de registros de modo


que o tanque C fique com exatamente 21 metros cúbicos de água.

c) Explique por que o tanque A sempre vai ficar com mais de 21 metros cúbicos de água,
qualquer que seja a sequência de abertura de registros a partir da situação inicial.

Problema 9. A figura representa o traçado de uma pista de corrida. Os postos A, B, C


e D são usados para partidas e chegadas de todas as corridas. As distâncias entre postos
vizinhos, em quilômetros, estão indicadas na figura e as corridas são realizadas no sentido
indicado pela flecha. Por exemplo, uma corrida de 17 km pode ser realizada com partida
em D e chegada em A.

a) Quais são os postos de partida e chegada de uma corrida de 14 quilômetros?

b) E para uma corrida de 100 quilômetros, quais são esses postos?

c) Mostre que é possı́vel realizar corridas com extensão igual a qualquer número inteiro
de quilômetros.

Problema 10. Juca listou todos os números que podem ser escritos, da esquerda para a
direita, obedecendo as seguintes regras:

• não começar com zero;

• não repetir algarismos;

• acrescentar um novo algarismo somente se for múltiplo ou divisor do último algarismo


escrito;

5
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

• continuar a escrita do número enquanto for possı́vel acrescentar um novo algarismo.


Por exemplo, o número 2015 está na lista de Juca, pois ele é escrito começando com 2,
que é diferente de 0, depois com 0, que é múltiplo de 2, depois com 1, que é divisor de 0,
e seguido de 5, que é múltiplo de 1. A escrita termina com 5, pois este algarismo não é
múltiplo nem divisor dos algarismos que ainda não foram escritos (3, 4, 6, 7, 8 e 9).
a) O número 1063 não está na lista de Juca, pois é possı́vel acrescentar um último
algarismo na direita do 3. Qual é esse algarismo?
b) Juca escreveu os números de sua lista em ordem crescente. Qual é o primeiro número
que ele escreveu depois do 2015?
c) Qual é o menor número da lista de Juca?
d) Qual é o maior número da lista de Juca?
Problema 11. No Egito Antigo, as frações eram expressas principalmente como somas
de frações distintas com numerador igual a 1. Por isso, frações com numerador igual a
1 1 8
1 são chamadas frações egı́pcias. Por exemplo, eles utilizavam + no lugar de
3 5 15
1 1
(mais precisamente, eles escreviam hieróglifos que representam + ). Os matemáticos
3 5
p
questionaram se era possı́vel representar todo número racional , com 1 ≤ p < q como
q
soma de frações egı́pcias distintas. A resposta é sim, e foi encontrada por Fibonacci (o
mesmo da sequência!). Para isso, pode-se utilizar o algoritmo guloso, que funciona da
p 1 p
seguinte forma: subtraı́mos da fração a maior fração que é menor do que e depois
q n ( q )
4 1 4 1
continuamos o processo com a fração que sobrar. Por exemplo: = + − =
17 5 17 5
1 3 1 1 2 1 1 1 1
+ = + + = + + + . (Utilize calculadora nesse problema).
5 85 5 29 2465 5 29 1233 3039345
3
a) Escreva como a soma de frações egı́pcias distintas.
7
b) O problema do algoritmo guloso é que ele gera frações com denominadores muito gran-
des (como 3039345 no exemplo acima). O próprio Fibonacci sugeriu outro método,
a 1 1
baseado na identidade = + . Por exemplo, o algoritmo guloso gera,
ab − 1 b b(ab − 1)
8 8 1 1 1 1
para a expansão = + + + . Para aplicarmos a ideia de Fibonacci,
11 11 2 5 37 4047
8
escrevemos como soma de frações cujos numeradores são divisores distintos do
11
sucessor do denominador, ou seja, de 11 + 1 = 12, e utilizamos a identidade acima:
8 2 6 1 1 1 1 1 1 1 1
= + = + + + = + + + . Tendo essa ideia em
11 11 11 6 6.11 2 2.11 6 66 2 22
33
mente, escreva como soma de frações egı́pcias distintas, todas com denominadores
119
menores que 2011.

6
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problemas Gerais I: Soluções dos Introdutórios

4) (OBMEP 2a Fase)

a) A sequência é 4125 → 537 → 810 → 91 → 10 → 1


b) Os seis primeiros termos são 9951814 → 995 → 1814 → 995 → 1814
c) Os primeiros termos da sequência são 33333 → 6666 → 121212 → 33333 →
6666 · · · e vemos que os termos se repetem de três em três. Como 103 = 3 × 34 + 1,
segue que o 103o termo dessa sequência é 33333.

5) (OBMEP 2a Fase)

a) Se Quim escolher as provas dos três primeiros bimestres, sua média anual será
10 × (20 + 6 + 32) 580
= ≈ 8, 3, já se ele escolher as provas dos três últimos
20 + 10 + 40 70
10 × (6 + 32 + 40) 780
bimestres sua média anual será = ≈ 8, 7.
10 + 40 + 40 90
O sı́mbolo ≈ significa aproximadamente.
20 6 32 40
b) Como = 1 = 100%, = 0, 6 = 60%, = 0, 8 = 80% e = 1 = 100%, a
20 10 40 40
tabela com a porcentagem de acertos do Quim é:

c) As provas com maior porcentagem de acerto são as do 1o , 3o e 4o bimestres, com


porcentagens 100%, 80% e 100% respectivamente. A média anual dessas provas é:
10 × (20 + 32 + 40) 920
= 100 = 9, 2.
20 + 40 + 40
Essa média é maio que a calculada no primeiro item do problema. Entretanto, há
mais uma possibilidade: a média obtida com a escolha das provas do 1o , 2o e 4o
bimestres, que é:
10 × (20 + 6 + 40)
20 + 10 + 40 70 ≈ 9, 4.
= 660
Logo Quim não está certo, porque as prova com porcentagem de acerto 100%, 60%
e 100% são as que proporcionam maior média anual.

6) (OBMEP 2a Fase)

a) Há apenas três maneiras de escrever 1 como soma de três números naturais: 1 =
1 + 0 + 0 , 1 = 0 + 1 + 0 e 1 = 0 + 0 + 1, que nos dão as possibilidades 1001,
0101 e 0011. Os números 0101 e 0011 devem ser descartados, pois não têm quatro
algarismos significativos. Logo na coleção do Joãozinho aparece o número 1001.

7
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

b) Primeiro notamos que se um número com algarismos não nulos está na coleção,
então ele tem no máximo 10 algarismos. De fato, se ele tivesse 11 ou mais algarismos
não nulos então a soma de todos seus algarismos, exceto o das unidades, seria no
mı́nimo 10, o que não é possı́vel pois o maior algarismo é o 9. Logo todos os
números com algarismos não nulos na coleção têm no máximo 10 algarismos, o que
mostra que existe um maior número sem o 0 na coleção.
Vamos supor que a coleção do Joãozinho está completa. O número 2316 está na
coleção; trocando o 3 por 111 obtemos 211116, que também está na coleção e é
maior que 2316, pois tem mais algarismos. Em geral, se um número sem o algarismo
0 está na coleção e tem algum algarismo que não o das unidades diferente de 1,
podemos “espichar” o número, trocando esse algarismo por uma sequência de 1’s
e obtendo um novo número, que está na coleção e é maior que o primeiro. Logo o
maior número com algarismos não nulos na coleção deve ter todos seus algarismos
iguais a 1, com exceção do algarismo das unidades, que é igual ao número de 1’s
que o precedem. Como o maior algarismo das unidades possı́vel é 9, segue que o
número procurado é 1111111119.
Notamos que a coleção pode ter números arbitrariamente grandes com o algarismo
0, como (por exemplo) 101, 1001, 10001 e assim por diante.
c) Um número da coleção não pode ter seis algarismos distintos, pois nesse caso a
soma dos cinco algarismos na esquerda do algarismo das unidades seria no mı́nimo
0+1+2+3+4 = 10 . Por outro lado, a coleção pode ter números de cinco algarismos
distintos como, por exemplo, 25108. Se um destes números tem o algarismo das
unidades diferente de 9, podemos “aumentá-lo” adicionando 1 ao algarismo das
unidades e 1 ao algarismo das dezenas de milhares (que, claramente, não pode
ser 9), sem sair da coleção. Por exemplo, o número 43108 pode ser “aumentado”
para 53109, que também está na coleção. Logo o maior número de cinco algarismos
distintos na coleção deve ter 9 como algarismo das unidades. Basta agora escrever 9
como soma de quatro parcelas distintas em ordem decrescente para “montar“ nosso
número; segue imediatamente que a decomposição procurada é 9 = 6 + 2 + 1 + 0 e
obtemos o número 62109.

7) (OBMEP 2a Fase)

a) O número parada de 93 é 4, pois 93 → 9 × 3 = 27 → 2 × 7 = 14 → 1 × 4 = 4.


b) Escrevendo 3 × 2 = 6 vemos que 32 → 3 × 2 = 6. Como 32 = 4 × 2 × 2 × 2 temos
4222 → 4 × 2 × 2 × 2 = 32 → 3 × 2 = 6 e assim o número-parada de 4222 é 6, bem
como de 2422, 2242 e 2224.
Outra alternativa é escrever 1 × 6 = 6, o que nos dá 16 → 1 × 6 = 6. Como
2222 → 2×2×2×2 = 16, segue que o número parada de 2222 é 6. Pode-se também
pensar a partir de 48 → 4 × 8 = 32 → 3 × 2 = 6. Como 48 = 4 × 12 = 4 × 2 × 2 × 3,
vemos que 2234, 2324, ..., 4322 também possuem 6 como número-parada.
c) Há apenas duas maneiras de obter 2 multiplicando dois algarismos, a saber, 12 →
1 × 2 = 2 e 21 → 2 × 1 = 2. Para obter 12, temos as possibilidades 26 → 2 × 6 = 12,

8
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

62 → 6 × 2 = 12, 34 → 3 × 4 = 12 e 43 → 4 × 3 = 12. Para obter 21, temos as


possibilidades 37 → 3 × 7 = 21 e 73 → 7 × 3 = 21. Como os números 21, 26, 62, 34,
43, 37 e 73 não podem ser obtidos como produto de dois algarismos, concluı́mos
que os números de dois algarismos cujo número-parada é 2 são 12, 21, 26, 62, 34,
43, 37 e 73.

Problemas Gerais I: Soluções dos Propostos

8) (OBMEP 2a Fase)

a) Como sobrou o cartão de número 7 e Ana e Cristina só tiraram cartões ı́mpares,
seus cartões foram 1, 3, 5 e 9; logo, a soma de seus pontos foi 1 + 3 + 5 + 9 = 18
. Beatriz e Diana tiram os cartões 2, 4, 6 e 8, cuja soma é 2 + 4 + 6 + 8 = 20 ;
podemos também ver este total como 45 − 18 − 7 = 20, onde 45 é o total de pontos,
18 os pontos de Cristina e Ana e 7 a carta que ficou na mesa. Logo Beatriz e Diana
ganharam por 20 a 18.
b) A soma dos valores de todos os cartões é 1 + 2 + · · · + 9 = 45; se o 8 fica na mesa
então, para que a partida termine empatada, 45 − 8 = 37 (ou então 1 + 2 + 3 + 4 +
5 + 6 + 7 + 9 = 37 ) pontos devem ser divididos igualmente pelas duas duplas, o
que é impossı́vel pois 37 é um número ı́mpar. Mais geralmente, se sobra um cartão
de número par na mesa, a soma dos pontos das duplas é 45 menos um número par
= número ı́mpar , e não pode haver empate neste caso.
c) Quando sobra o cartão de número 5, a soma dos pontos das duplas é 45 − 5 = 40
, que é um número par. Se nesse caso uma partida termina empatada, cada dupla
deve ter feito 40 ÷ 2 = 20 pontos. Para argumentar que o empate pode realmente
acontecer nessa situação, é necessário exibir uma partida que termine empatada
em 20 a 20; um exemplo é quando uma dupla retira os cartões de números 1, 2, 8e9
e a outra retira os restantes.
d) Uma solução: O cartão com menor número que pode sobrar é 1 e o maior é 9. Logo,
a soma dos pontos feitos pelas duas duplas varia de 45 − 9 = 36 a 45 − 1 = 44 , ou
seja, os pontos das meninas são quatro números consecutivos cuja soma está entre
36 e 44. As possibilidades 1, 2, 3, 4, 2, 3, 4, 5, 3, 4, 5, 6, 4, 5, 6, 7, 5, 6, 7, 8, 6, 7, 8, 9 e
7, 8, 9, 10 não servem pois, em qualquer delas, a soma dos números é menor que 36.
Analogamente 10, 11, 12, 13, 11, 12, 13, 14, 12, 13, 14, 15, 13, 14, 15, 16 e 14, 15, 16, 17
não servem pois, em qualquer caso, a soma dos números é maior que 44. Restam
as possibilidades 8, 9, 10, 11 e 9, 10, 11, 12. No primeiro caso, o cartão que ficou
na mesa é o de número 45 − (8 + 9 + 10 + 11) = 7 e no segundo é o de número
45 − (9 + 10 + 11 + 12) = 3 . Como o cartão que ficou na mesa não foi o de número
3, só resta a primeira possibilidade; concluı́mos que Ana fez 8 pontos, Beatriz fez
9, Cristina fez 10 e Diana fez 11. A dupla que venceu foi Beatriz e Diana, com
9 + 11 = 20 pontos contra 8 + 10 = 18 de Ana e Cristina.

9
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Uma solução com variável fica bem mais curta. Se x é a pontuação de Ana, então
x+1, x+2 e x+3 são as pontuações de Beatriz, Cristina e Diana, respectivamente.
Logo a soma dos pontos das duas duplas é x + (x + 1) + (x + 2) + (x + 3) = 4x + 6
, que como vimos no parágrafo anterior é no mı́nimo 36 e no máximo 44. Logo
36 ≤ 4x + 6 ≤ 44 , ou seja, 30 ≤ 4x ≤ 38 e concluı́mos que 7, 5 ≤ x ≤ 9, 5. Logo
x = 8 ou x = 9 são os possı́veis números de pontos de Ana. Se x = 8 estamos
no caso 8, 9, 10, 11, quando sobra o cartão de número 45 − (8 + 9 + 10 + 11) = 7
, e para x = 9 estamos no caso 9, 10, 11, 12, quando sobra o cartão de número
45 − (9 + 10 + 11 + 12) = 3 . O restante do argumento segue como no parágrafo
anterior.

9) (OBMEP 2a Fase) Quando dois tanques são equalizados, o volume total de água desses
tanques é a soma dos volumes antes da equalização; logo, ao final de uma equalização,
o volume de água de cada um dos tanques é a média aritmética dos volumes iniciais.
Em particular, quando dois tanques são equalizados, o tanque com mais água fica com
menos e o com menos fica com mais. Isso mostra que o volume de água do tanque A
será sempre maior ou igual ao de B, que por sua vez será sempre maior ou igual ao
de C; em particular, vemos que o volume de água de A sempre será maior ou igual ao
volume de água dos outros tanques e que o volume de água em C nunca diminui.
32 + 24 56
a) Ao abrir R1, os tanques A e B ficarão com = = 28 metros cúbicos de
2 2
R1
água cada; com a notação do enunciado, temos (32; 24; 8) → (28; 28; 8)
b) Observamos que há apenas duas sequências possı́veis: a que começa com R1 e a
que começa com R2. A segunda delas é a sequência procurada:
R2 R1 R2 R1 R2
(32; 24; 8) → (32; 16; 16) → (24; 24; 16) → (24; 20; 20) → (22; 22; 20) → (22; 21; 21).
c) Mostramos a seguir os termos iniciais das sequências que começam com R1 e R2:
R2 R1 R2 R1 R2 R1
(32; 24; 8) → (32; 16; 16) → (24; 24; 16) → (24; 20; 20) → (22; 22; 20) → (22; 21; 21) →
(21, 5; 21, 5; 21)
R1 R2 R1 R2 R1
(32; 24; 8) → (28; 28; 8) → (28; 18; 18) → (23; 23; 18) → (23; 20, 5; 20, 5) → (21, 75; 21, 75; 20, 5)
Como o volume de água de A é sempre maior ou igual que o de C e o volume
de C não diminui, segue que, o volume de água em A será sempre maior que 21
m3 . Podemos também argumentar que como a média aritmética de um conjunto
de números é menor ou igual que o maior desses números, o volume de água em
A será sempre maior ou igual do que a média aritmética do volume total de água
32 + 24 + 8 64 1
dos três tanques; essa média é = = 21 + metros cúbicos, que é
3 3 3
maior que 21 etros cúbicos.

10) (OBMEP 2a Fase)

a) Uma volta completa em torno da pista tem a extensão de 1 + 2 + 6 + 4 = 13 km.


Por isso, para percorrer 14 km precisamos dar uma volta completa e percorrer
mais 1 km. A única forma de percorrer 1 km, respeitando-se o sentido da corrida,

10
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Extensao (em km) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13


Posto de Partida A B A D D C D B A C C B Qualquer
Posto de Chegada B C C A B D C D D A B A O mesmo

é começando em A e terminando em B. Portanto a corrida deve começar em A,


dar uma volta completa, e terminar em B.
b) Como 100 = 7×13+9, uma corrida de 100 km corresponde a dar 7 voltas completas
na pista e percorrer mais 9 km. A única forma de percorrer 9 km, respeitando-se
o sentido da corrida, é começando em A e terminando em D. Portanto a corrida
deve começar em A, dar 7 voltas completas, e terminar em D.
c) Como sugerido nos itens acima, a solução do problema está baseada na idéia de dar
tantas voltas completas sem exceder o comprimento da corrida e depois localizar
estações convenientes para percorrer o que falta. Como uma volta completa possui
13 km, estamos interessados nos possı́veis restos da divisão por 13, que são os
elementos do conjunto 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12.
Inicialmente, vejamos como podemos realizar corridas de 1 a 13 km, isto é feito
por inspeção direta e o resultado está na tabela abaixo.
A partir dessa tabela, podemos concluir que é possı́vel realizar corridas cuja ex-
tensão é qualquer número inteiro de quilômetros maior do que 13.

11) (OBMEP 2a Fase)

a) Como não é possı́vel repetir algarismos, os algarismos que podem ser acrescentados
na direita de 1063 são 2, 4, 5, 7, 8 e 9; desses, o único que é múltiplo ou divisor de
3 é o algarismo 9. O número 10639 está na lista de Juca, não é possı́vel acrescentar
um novo algarismo pois 2, 4, 5, 7 e 8 não são múltiplos nem divisores de 9.
b) O número natural sucessor de 2015 é 2016, entretanto ele não está na lista de
Juca, pois os números dessa lista devem ser acrescidos de algarismos enquanto for
possı́vel colocar múltiplo ou divisor do último algarismo escrito, ou seja 2016 pode
ser completado a 201639. O próximo número que vem depois do 2016 é 2017, e este
sim está na lista de Juca, j’a que 3, 4, 5, 6, 8 e 9 não são múltiplos nem divisores
de 7.
c) Como qualquer número é múltiplo de 1 e divisor de 0, todos os números listados
por Juca vão conter os algarismos 0 e 1 e sempre será possı́vel acrescentar outro
algarismo disponı́vel na direita desses dois algarismos. Assim, todos os números
listados por Juca têm pelo menos três algarismos. Os primeiros números com três
algarismos distintos são 102, 103 e 104, que não estão na lista de Juca, pois é
possı́vel acrescentar 4 ou 8 na direita do 2, 6 ou 9 na direita do 3 e 2 ou 8 na direita
do 4. Como 105 está na lista de Juca, pois não é possı́vel acrescentar os algarismos
2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9 na direita do 5, segue que esse é o menor número na lista de
Juca.
d) O maior número da lista de Juca é o 9362841705. Ele é o maior porque contém

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 07 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

todos os algarismos, começa com 9 e sempre é acrescentado, a cada vez, o maior


algarismo possı́vel que seja múltiplo ou divisor do último algarismo escrito.

12) (OPM Fase Final)


1 3 3 1 3 1 2
a) A maior fração que é menor que é = , portanto fazemos − = ⇐⇒
n 7 9 3 7 3 21
3 1 2 2 1
= + . Repetimos o procedimento com . A maior fração que é menor
7 3 21 21 n
2 2 1 2 1 1 2 1 1
que é = , logo temos − = , ou seja, = + . Finalmente
21 22 11 21 11 231 21 11 231
3 1 2 1 1 1
= + = + + .
7 3 21 3 11 231
33 8 10 15
b) Como 33 = 8 + 10 + 15 (existem outras partições) temos = + + =
119 119 119 119
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + + + + = + + + + + .
15 15.119 12 12.119 8 8.119 15 1785 12 1428 8 952

12
Problemas de Teoria dos Números e Contagem - Aula 09

Após os conceitos de números inteiros que foram trabalhados até este ponto, como divi-
sores, múltiplos e outros, estes podem ser utilizados em problemas de contagem. Perguntas
como: quantos são os números inteiros que satisfazem tal condição, ou quantos divisores
tal número possui, podem ser explorados utilizando ideias simples de contagem.
Nesta aula os princı́pios aditivo e multiplicativo serão bastante utilizados, lembrando
que problemas de contagem possuem diversas soluções, sempre é bom tentar pensar uma
resposta por outros caminhos.
Problema 1. (OBMEP 2a Fase) Um número A de dois algarismos é um supernúmero se é
possı́vel encontrar dois números B e C, ambos também de dois algarismos, tais que:
• A=B+C
• soma dos algarismos de A = (soma dos algarismos de B) + (soma dos algarismos de
C).
Por exemplo, 35 é um supernúmero. Duas maneiras diferentes de mostrar isto são
35 = 11 + 24 e 35 = 21 + 14, pois 3 + 5 = (1 + 1) + (2 + 4) e 3 + 5 = (2 + 1) + (1 + 4). A
única maneira de mostrar que 21 é um supernúmero é 21 = 10 + 11.
a) Mostre de duas maneiras diferentes que 22 é um supernúmero e de três maneiras
diferentes que 25 é um supernúmero.
b) De quantas maneiras diferentes é possı́vel mostrar que 49 é um supernúmero?
c) Quantos supernúmeros existem?
Solução.
a) Duas maneiras de mostrar que 22 é um supernúmero são 22 = 10 + 12 (2 + 2 =
1 + 0 + 1 + 2) e 22 = 11 + 11 (2 + 2 = 1 + 1 + 1 + 1).
Três maneiras de mostrar que 25 é um supernúmero são 25 = 10 + 15 (2 + 5 =
1 + 0 + 1 + 5), 25 = 11 + 14 (2 + 5 = 1 + 1 + 1 + 4) e 25 = 12 + 13 (2 + 5 = 1 + 2 + 1 + 3).
b) A seguir estão todas as maneiras possı́veis de escrever 49 como soma de dois algarismos
cada (colocando sempre a menor parcela na esquerda):
49 = 10 + 39, 49 = 11 + 38, 49 = 12 + 37, · · · , 49 = 24 + 25
De 10 até 24 temos 24 − 10 + 1 = 15, e qualquer uma dessas pode ser usada para
mostrar que 49 é um supernúmero, por exemplo, 4 + 9 = 1 + 7 + 2 + 2.
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas

c) Como 10 é o menor número de dois algarismos, então 10 + 10 = 20 é o menor


número de dois algarismos que pode ser escrito como a soma de dois números de
dois algarismos. Consideremos agora qualquer número x de dois algarismos, maior
ou igual a 20, e vamos chamar de a seu algarismo das dezenas e b seu algarismo das
unidades. Vamos agora pensar no número x − 10. Ele é pelo menos 10 (pois x é pelo
menos 20), seu algarismo das dezenas é a − 1 e o das unidades é b, aqui fazemos a
conta ab − 10 e de fato a dezena será a − 1 e a unidade b.
Então a expressão x = 10 + (x − 10) mostra que x é um supernúmero, pois a + b =
1 + 0 + (a − 1) + b.
Um exemplo numérico para entender essa ideia. Pensamos em x = 38, então 38−10 =
28, ou seja, x − 10 = 28. A expressão x = 10 + (x − 10) fica 38 = 10 + 28, que mostra
que 38 é um supernúmero, pois, 3 + 8 = 1 + 0 + 2 + 8. Logo, todos os números de 20
a 99 são supernúmeros, e no total são 99 − 20 + 1 = 80.

Problema 2. (OBMEP 2a Fase) Dois números naturais formam um casal quando eles têm
o mesmo número de algarismos e em sua soma aparece apenas o algarismo 9. Por exemplo,
225 e 774 são um casal, pois ambos têm três algarismos e 225 + 774 = 999.

a) Qual é o número que forma um casal com o 2010?

b) Quantos são os casais formados por números de dois algarismos?

Casais especiais são casais em que os dois números têm os mesmos algarismos e, em
cada número, os algarismos são distintos. Por exemplo, 36 e 63 formam um casal especial,
mas 277 e 722 não.

c) Dê um exemplo de um casal especial com números de quatro algarismos.

d) Explique por que não existem casais especiais com números de três algarismos.

Solução.

a) O número que forma um casal com 2010 é 7989, pois ambos possuem quatro dı́gitos
e sua soma é 2010 + 7989 = 9999.

b) Existem noventa números com dois dı́gitos, a saber, os números de 10 a 99. Desses
números, só não possuem par aqueles que começam com 9, ou seja, os dez números
de 90 a 99. Logo, oitenta números com dois dı́gitos têm par para formar um casal, e
portanto existem quarenta casais distintos com dois dı́gitos.

c) Damos a seguir três exemplos de casais especiais: (2376, 7623), (5814, 4185) e (8901, 1098).

d) 1a solução: Vamos supor que exista um casal especial de números com três algarismos.
Sejam A o algarismo das centenas, B o algarismo das dezenas e C o algarismo das
unidades de um dos números desse casal; esse número é então ABC, onde notamos
que A não é igual a 0. Esses são também os algarismos do segundo número do
casal, que pode então ser ABC, ACB, BAC, BCA, CAB ou CBA. Temos então

2
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

as seis possibilidades listadas: A primeira possibilidade não pode ocorrer, pois A +


A = 9 é impossı́vel. De modo similar, eliminamos a segunda, a terceira e a última
possibilidade. Na quarta possibilidade temos B + C = 9 = A + C e segue que A = B,
o que não pode acontecer, pois em um casal especial os algarismos são distintos. O
mesmo argumento elimina a quinta possibilidade, e concluı́mos que não existem casais
especiais com números de três algarismos.
2a solução: Suponhamos que exista um casal especial com números de três algarismos
e sejam A, B e C os algarismos desses números. Cada algarismo de um dos números
somado com algum algarismo do segundo número tem 9 como resultado; assim deve-
mos ter A + A + B + B + C + C = 2(A + B + C) = 27, o que não pode acontecer pois
27 é ı́mpar. Logo não existem casais especiais com números de três algarismos.
3a solução: Suponhamos que exista um casal especial de números de três algarismos.
Como 9 não é soma de dois pares ou dois ı́mpares e a soma dos integrantes do casal é
999 e, entre seus algarismos das centenas um é par e o outro é ı́mpar, e o mesmo vale
para os algarismos das dezenas e das unidades. Logo o número de algarismos pares
de um dos dois é igual ao número de algarismos ı́mpares do outro. Como os dois
integrantes do casal têm os mesmos algarismos concluimos que em qualquer um deles
o número de algarismos pares é igual ao número de algarismos ı́mpares, o que não
pode acontecer pois eles possuem apenas três algarismos. Esse argumento mostra que
não existem casais especiais com integrantes que tenham um número ı́mpar qualquer
de algarismos.

1 Problemas
Problemas de Teoria dos Números e Contagem: Problemas Introdutórios

Problema 3. Devido a um defeito de impressão, um livro de 600 páginas apresenta em


branco todas as páginas cujos números são múltiplos de 3 ou de 4. Quantas páginas estão
impressas?
Problema 4. Linea e Lana brincam da seguinte maneira: a primeira a jogar pensa em um
número de 10 a 99 e diz apenas a soma dos algarismos do número; a segunda tem então
que adivinhar esse número. Qual é o maior número de tentativas erradas que a segunda
pessoa pode fazer?
Problema 5. Um número natural A de três algarismos detona um número natural B de
três algarismos se cada algarismo de A é maior do que o algarismo correspondente de B.
Por exemplo, 876 detona 345, porém, 651 não detona 542 pois 1 < 2. Quantos números de
três algarismos detonam 314?

3
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 6. Cláudia gosta de brincar com números de dois ou mais algarismos. Ela
escolhe um desses números, multiplica seus algarismos e, caso o produto tenha mais de um
algarismo, ela os soma. Ela chama o resultado final de transformado do número escolhido.
Por exemplo, o transformado de 187 é 11, pois 1×8×7 = 56 e 5+6 = 11; já o transformado
de 23 é 6, pois 2 × 3 = 6.

a) Qual é o transformado de 79?

b) Quais são os números de dois algarismos cujo transformado é 3?

c) Quantos são os números de três algarismos cujo transformado é 0?

Problema 7. Jade escreveu todos os números de 3 algarismos em cartões amarelos, um por


cartão e escreveu todos os números de 4 algarismos em cartões azuis, um por cartão. Os
cartões são todos do mesmo tamanho.

a) Ao todo, quantos cartões foram utilizados? Lembre-se que, por exemplo, 037 é um
número de dois algarismos, bem como 0853 é um número de três algarismos.

b) Todos os cartões são então colocados numa mesma urna e embaralhados. Depois
Jade retira os cartões, um a um, sem olhar o que está pegando. Quantos cartões Jade
deverá retirar para ter certeza de que há dois cartões azuis entre os retirados?

Problemas de Teoria dos Números e Contagem: Problemas Propostos

Problema 8. Quantos números inteiros maiores do que 20032 e menores do que 20042 são
múltiplos de 100?

Problema 9. Qual é o maior número de algarismos que devem ser apagados do número de
1000 algarismos 20082008 · · · 2008, de modo que a soma dos algarismos restantes seja 2008?

Problema 10. Os números de 1 a 99 são escritos lado a lado: 123456789101112 · · · 9899.


Então aplicamos a seguinte operação: apagamos os algarismos que aparecem nas posições
pares, obtendo 13579012 · · · 89. Repetindo essa operação mais 4 vezes, quantos algarismos
irão sobrar?

Problema 11. Carlinhos escreve números inteiros positivos diferentes e menores do que
1000 em várias bolas e coloca-as numa caixa, de modo que Mariazinha possa pegar ao
acaso duas dessas bolas. Quantas bolas no máximo Carlinhos irá colocar na caixa se os
números das duas bolas deverão ter um divisor comum maior do que 1?

Problema 12. Esmeralda, de olhos vendados, retira cartões de uma urna contendo inici-
almente 100 cartões numerados de 1 a 100, cada um com um número diferente. Qual é o
número mı́nimo de cartões que Esmeralda deve retirar para ter certeza de que o número
do cartão seja um múltiplo de 4?

4
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 13. Quantos os números de dois algarismos têm a soma desses algarismos igual
a um quadrado perfeito? Lembre-se que, por exemplo, 09 é um número de um algarismo.

Problema 14. Quantos números inteiros maiores que zero e menores que 100 possuem
algum divisor cuja soma dos dı́gitos seja 5?

Problema 15. Dizemos que dois ou mais números são irmãos quando têm exatamente os
mesmos fatores primos. Por exemplo, os números 10 = 2 × 5 e 20 = 22 × 5 são irmãos, pois
têm 2 e 5 como seus únicos fatores primos. O número 60 tem quantos irmãos menores do
que 1000?

Problema 16. Começando com qualquer número natural não nulo é sempre possı́vel formar
uma sequência de números que termina em 1, seguindo repetidamente as instruções abaixo:

• se o número for ı́mpar, soma-se 1.

• se o número for par, divide-se por 2.

Por exemplo, começando com o número 21, forma-se a seguinte sequência:

21 −→ 22 −→ 11 −→ 12 −→ 6 −→ 3 −→ 4 −→ 2 −→ 1

Nessa sequência aparecem nove números, por isso, dizemos que ela tem comprimento
9. Além disso, como ela começa com um número ı́mpar, dizemos que ela é uma sequência
ı́mpar.

a) Escreva a sequência que começa com 37.

b) Existem três sequências de comprimento 5, sendo duas pares e uma ı́mpar. Escreva
essas sequências.

c) Quantas são as sequências pares e quantas são as sequências ı́mpares de comprimento


6? E de comprimento 7?

d) Existem ao todo 377 sequências de comprimento 15, sendo 233 pares e 144 ı́mpares.
Quantas são as sequências de comprimento 16? Dessas, quantas são pares? Não se
esqueça de justificar sua resposta.

Problema 17. Um hotel tem 15 andares com 25 quartos cada um. As chaves dos quartos
são identificadas por um número de três ou quatro algarismos indicando o andar, de 1 a 15,
seguido do número do quarto, de 01 a 25. Por exemplo, a chave 106 é a do quarto número
06 do 1o andar e a chave 1315 é a do quarto número 15 do 13o andar.

a) Quantos são os quartos do 10o andar para cima?

b) Quantas chaves têm número em que aparece o algarismo 1?

c) Dionı́sio não aceita ficar em um quarto em cuja chave aparece o algarismo 1 seguido
de 1 ou de 3. Em quantos quartos do hotel ele pode se hospedar?

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problema 18. Dizemos que um número natural é teimoso se, ao ser elevado a qualquer
expoente inteiro positivo, termina com o mesmo algarismo. Por exemplo, 10 é teimoso,
pois 102 , 103 , · · · são números que também terminam em zero. Quantos números naturais
teimosos de três algarismos existem?

Problema 19. Em uma face de cada um de três cartões foi escrito um número inteiro
positivo. Em seguida, os cartões foram colocados lado a lado sobre uma mesa, com a face
numerada para baixo. Arnaldo, Bernaldo e Cernaldo sabem que:

• Os números escritos nos cartões são todos diferentes.

• A soma dos três números é 13.

• Os números crescem da esquerda para a direita.

a) Considerando as três condições, escreva todas as possibilidades de numeração dos


cartões.

b) Agora é hora de descobrir os números que foram escritos nos cartões. Primeiramente,
Arnaldo olha o número do primeiro cartão na esquerda e diz que não tem informações
suficientes para descobrir os outros dois números sem levantar os outros cartões.
Depois, Bernaldo levanta o último cartão na direita, olha o número e diz também que
não consegue descobrir os dois números na esquerda, sem levantar todos os cartões.
E o mesmo acontece com Cernaldo, que levanta o cartão do meio, olha seu número e
afirma que não consegue descobrir os números nos outros dois cartões. Sabendo que
todos ouvem o que os demais dizem, mas não vêem o cartão que o outro olhou, qual
número está escrito no cartão do meio?

6
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

Problemas de Teoria dos Números e Contagem: Soluções dos Introdutórios

3) (OBM 1a Fase) Em 600 números consecutivos, existem 600÷3 = 200 números múltiplos
de 3 e 600 ÷ 4 = 150 números múltiplos de 4, mas veja que existem números que foram
contados duas vezes, os números múltiplos de 3 e de 4, que são os números múltiplos
de 12, e eles são 600 ÷ 12 = 50. Portanto são 200 + 150 − 50 = 300 páginas impressas.

4) (OBM 1a Fase) Dentre os números de 10 a 99, a soma dos algarismos mais frequente é
9 ou 10, ambas aparecendo 9 vezes cada. Logo o maior número de tentativas erradas
que a segunda pode fazer é 9 − 1 = 8.

5) (OBM 1a Fase) Seja XY Z um número de três dı́gitos que detona 314. Devemos ter X
= 4, 5, 6, 7, 8 ou 9; Y = 2, 3, · · · , 9 e Z = 5, 6, 7, 8 ou 9. Portanto, temos 6 opções
para o primeiro dı́gito, 8 para o segundo e 5 para o terceiro. Ou seja 6 × 8 × 5 = 240.

6) (OBMEP 2a Fase)

a) Primeiro multiplicamos os algarismos de 79, obtendo 7 × 9 = 63, e depois somamos


os algarismos desse produto, obtendo 6 + 3 = 9. Logo o transformado de 79 é 9.
b) A brincadeira de Cláudia tem duas etapas: a primeira, na qual ela multiplica os
algarismos, e a segunda, na qual ela soma os algarismos do produto encontrado,
no caso de esse produto ter mais de um algarismo. Para que 3 seja obtido como
o transformado de um número na primeira etapa, esse número só pode ser 13 ou
31. Para que 3 seja obtido como o transformado de um número na segunda etapa,
o resultado da primeira etapa deve ser um número de dois algarismos cuja soma
seja 3, ou seja, deve ser 12, 21 ou 30. A lista abaixo mostra todos os números de
dois algarismos cujo produto é um desses três números.
12 com 26, 62, 34 ou 43 21 com 37 ou 73 30 com 56 ou 65
Assim, os números 13, 31, 26, 62, 34, 43, 37, 73, 56 e 65 são os únicos números de
dois dı́gitos cujo transformado é 3.
c) 1a solução: Na segunda etapa da brincadeira temos uma soma de algarismos, que
é sempre diferente de 0; portanto, 0 nunca será obtido como transformado de um
número de três algarismos nessa etapa. Para se obter 0 como transformado de
algum número de três algarismos na primeira etapa, esse número deve ter 0 como
algarismo das unidades, das dezenas ou de ambas. Os números de três algarismos
que tem 0 tanto nas unidades quanto nas dezenas são 100, 200, · · · , 900, num
total de 9. Os números que tem 0 apenas nas unidades são da forma XY 0, onde
X e Y representam algarismos de 1 a 9; há 9 × 9 = 81 números desse tipo, e o
mesmo raciocı́nio mostra que há 81 números de três algarismos com 0 apenas no
algarismo das dezenas. No total, há 9 + 81 + 81 = 171 números de três algarismos
cujo transformado é 0.
2a solução: Como na solução acima, concluı́mos que o 0 deve aparecer na casa das
unidades, das dezenas ou em ambas. O algarismo das centenas pode ser qualquer

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

algarismo de 1 a 9. Depois de escolhido esse algarismo, pode-se escolher os alga-


rismos das dezenas e das unidades de 19 maneiras diferentes; por exemplo, 100,
101, 102, · · · , 109, 110, 120, · · · , 190 são as 19 possibilidades com o 1 na primeira
posição. Logo o total procurado é 9 × 19 = 171.
3a solução: Como na solução acima, concluı́mos que o 0 deve aparecer na casa das
unidades, das dezenas ou ambas. Há 90 números com 0 nas unidades e 90 com 0
nas dezenas, bem como 9 que tem 0 tanto nas dezenas quanto nas unidades. No
total, há 90 + 90 − 9 = 171 números de três algarismos cujo transformado é 0.

7) (OBM 2a Fase)

a) Há 999 − 100 + 1 = 900 números de três algarismos, escritos em cartões amarelos,
e 9999 − 1000 + 1 = 9000 números de quatro algarismos, escritos em cartões azuis.
Ao todo, foram utilizados 900 + 9000 = 9900 cartões.
b) Como existe a possibilidade de serem retirados todos os cartões amarelos antes de
aparecer algum azul, para Jade ter certeza de que há dois cartões azuis entre os
retirados ela deverá retirar 900 + 2 = 902 cartões.

Problemas de Teoria dos Números e Contagem: Soluções dos Propostos

8) (OBM 2a Fase) Perceba que 20032 é um número que termina em 9, mais precisamente
20032 = 4012009, logo ele não é um múltiplo de 100, e 20042 é um número que termina
em 16, mais precisamente 20032 = 4016016, que também não é múltiplo de 100. Logo
a quantidade de múltiplos de 100 entre os dois números pode ser obtida olhando a
diferença entre esses números.
20042 − 20032 = 4016016 − 1012009 = 4007
Logo ao fazermos 4007 ÷ 100 temos quociente 40 e resto 7, ou seja, são 40 múltiplos de
100 e um deslocamento de 7 unidades, insuficiente para atingir outro múltiplo de 100.

9) (OBM 1a Fase) A estratégia para apagar o maior número de algarismos é eliminar a


maior quantidade possı́vel de algarismos de menor valor. Vamos começar pelos 1000 ÷
2 = 500 zeros que aparecem no número. Restam agora 250 algarismos 2 e 250 algarismos
8, cuja soma é 250 × 2 + 250 × 8 = 500 + 2000 = 2500. Apagamos agora a maior
quantidade de algarismos 2 e como 2500 − 2008 = 492 , podemos atingir nossa meta
apagando 492 ÷ 2 = 246 algarismos 2. Portanto o maior número de algarismos que
devem ser apagados é 500 + 246 = 746.

10) (OBM 2a Fase) A quantidade inicial de algarismos é 9 + 2 × 90 = 189 , dos quais


94 aparecem nas posições pares e 95 nas posições ı́mpares. Apagados os algarismos
que aparecem nas posições pares, sobram 95 algarismos; desses, 47 estão nas posições
pares e 48 nas posições ı́mpares. Repetindo a operação, restam 48 algarismos, sendo
24 algarismos em posições pares e 24 em posições ı́mpares. Na terceira aplicação da
operação restam 12 algarismos e, na quarta, sobram 6 algarismos.

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

11) (OBM 2a Fase) Não podemos colocar o número 1 em nenhuma bola, pois o M DC entre
1 e qualquer outro número é 1, assim temos 998 números disponı́veis. Além disso, se
forem usadas 500 bolas ou mais, haverá duas com números consecutivos, sempre primos
entre si, então não podemos colocar mais que 499 bolas. Mas existe uma forma de
colocar 499 bolas, usando os números pares de 2 a 998.
12) (OBM 2a Fase) De 1 a 100, existem 25 múltiplos de 4; logo, 75 cartões não contêm
múltiplos de 4. No pior caso possı́vel, Esmeralda tiraria todos esses cartões antes de
sair algum cartão com múltiplo de 4. Assim, para ter certeza de que o número tirado
seja múltiplo de 4, Esmeralda deve retirar todos eles e mais um, ou seja, 76 cartões.
13) (OBM 2a Fase) A soma dos algarismos dos números de dois algarismos varia de 1 a 18.
Dessas somas, as que são quadrados perfeitos são 1, 4, 9 e 16. Temos então:
• Soma 1: número 10
• Soma 4: números 13, 22, 31 e 40
• Soma 9: números 18, 27, 36, 45, 54, 63, 72, 81 e 90
• Soma 16: números 79, 88 e 97
Portanto, nas condições propostas, há 17 números.
14) (OBM 2a Fase) São os múltiplos de 5, que nesse intervalo são 19; os múltiplos de 14,
que são 6 (pois o 70 já foi contado); os múltiplos de 23, que são 4; os múltiplos de 32,
que são 3 e, finalmente, os múltiplos de 41, que são 2. Note que o único múltiplo de 50
no intervalo, que é o próprio 50, já foi contato nos múltiplos de 5. Portanto ao todo são
19 + 6 + 4 + 3 + 2 = 34 números.
15) (OBM 2a Fase) 60 = 22 × 3 × 5 tem os fatores 2, 3 e 5, logo os irmãos de 60 são múltiplos
de 2 × 3 × 5 = 30. Veja que 1000 ÷ 30 retorna quociente 33, logo são 33 múltiplos de 30
menores que 1000, então 60 tem no máximo 32 irmãos. Destes múltiplos, os que tem
outros fatores além de 2, 3 e 5 são: 7 × 30, 11 × 30, 13 × 30, 14 × 30, 17 × 30, 19 × 30,
21 × 30, 22 × 30, 23 × 30, 26 × 30, 28 × 30, 29 × 30, 31 × 30 e 33 × 30. Logo 60 possui
32 − 14 = 18 irmãos.
16) (OBMEP 2a Fase)
a) A sequência é: 37 −→ 38 −→ 19 −→ 20 −→ 10 −→ 5 −→ 6 −→ 3 −→ 4 −→ 2 −→
1.
b) A única sequência de comprimento 3 é 4 −→ 2 −→ 1. As sequências de compri-
mento 4 são 3 −→ 4 −→ 2 −→ 1 e 8 −→ 4 −→ 2 −→ 1; elas são obtidas a partir
de 4 −→ 2 −→ 1, a primeira acrescentando 4 − 1 = 3 na esquerda e a segunda
acrescentando 2 × 4 = 8 na esquerda. Do mesmo modo, a sequência ı́mpar 3 −→
4 −→ 2 −→ 1 dá origem a sequência par 6 −→ 3 −→ 4 −→ 2 −→ 1; a sequência
par 8 −→ 4 −→ 2 −→ 1 dá origem a sequência ı́mpar 7 −→ 8 −→ 4 −→ 2 −→ 1 e
a sequência par 16 −→ 8 −→ 4 −→ 2 −→ 1. Temos assim as três únicas sequências
de comprimento 5, sendo 2 pares e 1 ı́mpar. O raciocı́nio pode ser representado
pelo esquema a seguir.

9
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

c) 1a solução: Repetindo o esquema do item anterior, temos: e assim temos 3 sequências

pares e 2 ı́mpares de comprimento 6 e 5 sequências pares e 3 ı́mpares de compri-


mento 7.
2a solução: Observamos que a sequência ı́mpar de comprimento cinco dá origem
a 1 sequência par de comprimento seis; já as 2 sequências pares de comprimento
cinco dão origem a 2 sequências pares de comprimento seis e 2 sequências ı́mpares
de comprimento seis. Assim, temos 2 sequências ı́mpares de comprimento seis e
1+2 = 3 sequências pares de comprimento seis, num total de 2+3 = 5 sequências de
comprimento 6. O mesmo argumento mostra que há 8 sequências de comprimento
sete, sendo três ı́mpares e cinco pares.
Observação: A repetição desse argumento para valores sucessivos do comprimento
mostra que, a partir do comprimento 3, o número de sequências ı́mpares é 0, 1, 1,
2, 3, 5, 8,· · · , o número de sequências pares é 2, 3, 5, 8, 13, · · · e o número total de
sequências é 3, 5, 8, 13, 21, · · · . Cada termo dessas sequências de valores, a partir
do terceiro, é a soma dos dois anteriores; vemos assim que essas sequências, com a
eventual omissão de termos iniciais, são a sequência 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34,
55, 89, · · · , conhecida como sequência de Fibonacci. Apresentamos esse resultado
na tabela a seguir.

d) 1a solução: As 144 sequências ı́mpares de comprimento quinze dão origem a 144


sequências pares de comprimento dezesseis; já as 233 sequências pares de com-
primento quinze dão origem a 233 sequências pares de comprimento dezesseis e

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POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

233 sequências ı́mpares de comprimento dezesseis. Assim, temos 233 sequências


ı́mpares de comprimento dezesseis e 377 = 233 + 144 sequências pares de compri-
mento dezesseis, num total de 233 + 377 = 610 sequências.
2a solução: A parte da sequência de Fibonacci que nos interessa é 1, 2, 3, 5, 8, · · · ,
144, 233, 377, 610, · · · . O número de sequências ı́mpares de comprimento 15 (resp.
16) é o 15o (resp. 16o ) termo dessa sequência, que é 144 (resp. 233); o número de
sequências pares de comprimento 15 (resp.16) é o 16o (resp. 17o ) termo, que é 233
(resp. 377) e o número total é o 17o (resp. 18o ) termo, que é 377 (resp. 610).
17) (OBMEP 2a Fase)
a) Do 10o andar até o 15o andar há 6 andares, cada um com 25 quartos. Logo o
número de quartos do 10o andar para cima é 6 × 25 = 150.
b) O número de uma chave é formado pelo número do andar, de 1 a 15, seguido do
número do quarto, de 01 a 25. Podemos dividir as chaves em quatro casos, como
segue:
(a) andar com 1, quarto sem 1
(b) andar sem 1, quarto com 1
(c) andar e quarto com 1
(d) andar e quarto sem 1
Observamos os andares cujos números têm o algarismo 1 são 1, 10, 11, 12, 13, 14
e 15, num total de 7; segue que os andares sem 1 são em número de 15 − 7 = 8.
Os quartos com 1 são 01, 10, 11,· · · , 19 e 21, num total de 12; os quartos sem 1
são então em número de 25 − 12 = 13. O princı́pio fundamental da contagem nos
permite saber quantas chaves aparecem em cada um dos grupos:
(a) andar com 1, quarto sem 1: 7 × 13 = 91.
(b) andar sem 1, quarto com 1: 8 × 12 = 96.
(c) andar e quarto com 1: 7 × 12 = 84.
(d) andar e quarto sem 1: 8 × 13 = 104.
Os três primeiros grupos consistem das chaves com 1, que são em número de
7 × 13 + 8 × 12 + 7 × 12 = 271. Podemos também proceder, observando que para
obter o número de chaves com 1 basta retirar, do total de chaves, as chaves do
grupo 4 acima. Como o número total de chaves é 15 × 25 , isso nos leva a conta
15 × 25 − 8 × 13 = 271.
c) O número total de chaves é 15 × 25 = 375 . Para obter o número de chaves
procurado, primeiro eliminamos as chaves de quartos nos andares 11 e 13, que são
em número de 2 × 25 = 50. Restam 13 andares a considerar; devemos eliminar
também as chaves dos quartos 11 ou 13 desses andares, o que nos dá 13 × 2 = 26
chaves. Finalmente, devemos considerar as chaves do andar 1 e, neste andar, de
quartos cujo dı́gito das dezenas seja também 1. Como já eliminamos os quartos 11
e 13 de todos os andares, os números possı́veis para esses quartos são 10, 12, 14, 15,
16, 17, 18 e 19, ou seja, devemos ainda eliminar 8 chaves. Desse modo, o número
de chaves em que não aparecem as sequências 11 ou 13 é 375 − 50 − 26 − 8 = 291.

11
POTI - Aritmética - Nı́vel 1 - Aula 09 - Emiliano Chagas 1 PROBLEMAS

18) (OBM 2a Fase) São teimosos apenas os números que terminam em 0,1, 5 e 6. A quan-
tidade de números teimosos de 3 algarismos é 9 × 10 × 4 = 360 (na casa das centenas
podemos escrever qualquer algarismo de 1 a 9, na casa das dezenas podemos escrever
qualquer algarismo de 0 a 9 e na casa das unidades podemos escrever um dos quatro
algarismos acima).

19) (OBM 3a Fase) Sejam x, y e z os números dos cartões. Temos x + y + z = 13 e vamos


supor que x < y < z.

a) Temos 1 + 2 + 10, 1 + 3 + 9, 1 + 4 + 8, 1 + 5 + 7, 2 + 3 + 8, 2 + 4 + 7, 2 + 5 + 6 e
3+4+6
b) Quando Arnaldo olha, pode-se eliminar o 3 + 4 + 6, pois ele saberia, já que é o
único que começa com 3. Quando Bernaldo olha, pode-se eliminar o 1 + 2 + 10, o
1 + 3 + 9 e o 2 + 5 + 6. O primeiro porque é o único que acaba com 10. O segundo
com 9. E o último, já que não pode ser o 3 + 4 + 6 graças a Arnaldo é o único que
acaba com 6. Quando Cernaldo olha, pode-se eliminar o 1 + 5 + 7 e o 2 + 3 + 8. Já
que o 2 + 5 + 6 foi eliminado por Bernaldo, o 1 + 5 + 7 é o único com 5 no meio. E
já que Bernaldo também eliminou o 1 + 3 + 9, o 2 + 3 + 8 é o único com 3 no meio.
Resposta: Assim sobraram apenas o 1 + 4 + 8 e o 2 + 4 + 7. Então o 4 está no
cartão do meio.

12
POLOS OLÍMPICOS DE
TREINAMENTO INTENSIVO

geometria
nível 1
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Geometria - Nível 1
Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas
Aula 1

Áreas I

A área de uma figura plana é um conceito primitivo de Geometria Plana que é difı́cil de
formalizar de maneira rigorosa, mas fácil de se entender de maneira intuitiva. Para facili-
tar nosso entendimento, estudaremos as áreas das figuras planas a partir de três premissas
básica que iremos assumir como verdadeiras. São elas:

Premissa I. A área de um retângulo de comprimento x e altura y é dado por xy.

Premissa II. Se uma figura plana é dividida em dois ou mais pedeços, a soma das
áreas dos pedaços é igual à área da figura original.

Premissa III. Se duas figuras são idênticas, então possuem a mesma área.

Veremos agora como podemos calcular a área de paralelogramos e triângulos a partir


dessas premissas. Em primeiro lugar, veja que um paralelogramo pode ser separado em
duas partes (um triângulo e um quadrilátero) através de uma altura que passa por um de
seus vértices. Essas duas partes podem ser rearranjadas de modo a formar um retângulo
de acordo com a figura:

F B E C

A D

Figura 1: Veja que a área do paralelogramo ABCD é igual à área do retângulo ADEF .
POTI - Geometria - N1 - Aula 1 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Assim, se B é a medida do lado horizontal do paralelogramo (que chamaremos de base)


e h é a medida da altura, podemos verificar que a área desse paralelogramo é igual a B × h.

A D

B C

Para descobrirmos a área de um triângulo ABC, trace uma paralela ao lado BC pas-
sando por A e uma paralela ao lado AC passando por B. Se D é o ponto de encontro entre
essas duas paralelas, veja que ABCD é um paralelogramo e que os triângulos ABC e ACD
são idênticos. Agora, sendo B a medida da base BC e h a altura do triângulo, pelo o que
vimos anteriormente, sabemos que a área do paralelogramo ABCD é igual a B × h. Por
outro lado, esse paralelogramo pode ser divido em duas partes iguais (os triângulos ABC
e BCD). Portanto, cada um terá área igual a B×h
2 .

Notação: Utilizaremos colchetes para denotar áreas de figuras. Por exemplo, a área
do triângulo ABC será denotada por [ABC] e a área do quadrilátero XY ZW será
denotada por [XY ZW ].

Para finalizar a parte teórica neste capı́tulo, iremos demonstrar o seguinte resultado:

Fato Importante. Se ABC é um triângulo e M é o ponto médio do lado BC, então


as áreas dos triângulos ABM e AM C são iguais.

B M C

Demonstração. Note que os dois triângulos têm a mesma altura e a mesma medida
de base, pois BM = M C (por definição). Logo, utilizando a fórmula de área para
triângulos, o resultado é imediato.

2
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Problemas Introdutórios

Problema 1. (OBMEP 2015 - 1a Fase) Os pontos destacados nos quadrados abaixo são
1
pontos médios dos lados. Quantos desses quadrados têm área sombreada igual a de sua
4
área?

Problema 2. (OBMEP 2017 - 1a fase) A figura mostra um quadrado de centro O e área 20


cm 2. O ponto M é o ponto médio de um dos lados. Qual é a área da região sombreada?

Problema 3. (OBMEP 2017 - 1a Fase) A área da figura é igual à soma das áreas de quantos
quadradinhos do quadriculado?

Problema 4. Cada lado do quadrado ABCD de lado quatro é dividido em partes iguais
por três pontos. Escolhendo um ponto (dos três internos) em cada lado podemos formar
um quadrilátero cinza. Qual é a área desse quadrilátero?

3
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D C

A B

Problema 5. (OBM 2005 - 1a Fase) Seis retângulos idênticos são reunidos para formar um
retângulo maior conforme indicado na figura. Qual é a área deste retângulo maior?

21cm

Problema 6. (OBMEP 2010 - 1a Fase) A figura mostra um quadrado dividido em 16


quadradinhos iguais. A área em sombreado corresponde a que fração da área do quadrado?

Problemas Propostos

Problema 7. (OBMEP 2013 - 1a Fase) A figura representa um retângulo de área 36 m2 ,


dividido em três faixas de mesma largura. Cada uma das faixas está dividida em partes
iguais: uma em quatro partes, outra em três e a terceira em duas. Qual é a área total das
partes sombreadas?

4
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Problema 8. (OBMEP 2009 - 1a Fase) A figura mostra cinco triângulos equiláteros. A que
fração da área da figura corresponde a área sombreada?

Problema 9. (OBMEP 2012 - 1a Fase) O retângulo ao lado, que foi recortado de uma folha
de papel quadriculado, mede 4 cm de largura por 5 cm de altura. Qual é a área da região
sombreada?

Problema 10. (OBM 2011 - 1a Fase) O retângulo da figura abaixo está dividido em 10
quadrados. As medidas dos lados de todos os quadrados são números inteiros positivos e
são os menores valores possı́veis. Qual é a área desse retângulo?

5
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Problema 11. (OBMEP 2009 - 1a Fase) Na figura, o quadrado ABCD tem área 40 cm2 .
Os pontos P, Q, R e S são pontos médios dos lados do quadrado e T é o ponto médio do
segmento RS. Qual é a área do triângulo PQT?

D R C

S Q

A P B

Problema 12. (OBMEP 2010 - 1a Fase) A figura mostra um quadrado com suas diagonais
e segmentos que unem os pontos médios de seus lados. A área em cinza corresponde a que
fração da área do quadrado?

Problema 13. (OBMEP 2015 - 1a Fase) A figura abaixo é formada por dois quadrados de
lado 6 cm e dois triângulos. Se M é o ponto médio de AB, qual é a área total da figura?

6
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Problema 14. (OBM 2004 - 2a Fase) No desenho, os quadriláteros ABCD, EFAG e IAJH
são retângulos e H é ponto médio de AE. Calcule a razão entre a área do retângulo ABCD
e o triângulo AHI.

A I F B

J H

G E

D C

Problema 15. (OBM 2009 - 1a Fase) Na figura, C é um ponto do segmento BD tal que
ACDE é um retângulo e ABCE é um paralelogramo de área 22 cm2 . Qual é a área de
ABDE, em cm2 ?
A

E B

Problema 16. (OBM 2006 - 1a Fase) A figura a seguir representa um Tangram, quebra-
cabeças chinês formado por 5 triângulos, 1 paralelogramo e 1 quadrado. Sabendo que a
área do Tangram a seguir é 64 cm2 , qual é a área, em cm2 , da região sombreada?

7
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Problema 17. (OBM 2015 - 1a Fase) Com dois cortes perpendiculares, Pablo dividiu uma
folha de madeira quadrada em dois quadrados, um de área 400 cm2 e outro de área de 900
cm2 e mais dois retângulos iguais, conforme desenho. Qual é a área da folha de madeira?

Problema 18. (OBM 2008 - 1a Fase) Juntando quatro trapézios iguais de bases 30 cm e 50
cm, como o da figura ao lado, podemos formar um quadrado de área 2500 cm2 , com um
buraco quadrado no meio. Qual é a área de cada trapézio, em cm2 ?

30cm

45o 45o
50 cm

Problema 19. (OBMEP 2006 - 1a Fase) Na figura, os cinco quadrados são iguais e os
vértices do polı́gono sombreado são pontos médios dos lados dos quadrados. Se a área de
cada quadrado é 1 cm2 , qual a área do polı́gono sombreado?

Problema 20. (OBMEP 2016 - 1a Fase) Alice fez três dobras numa folha de papel quadrada
de lado 20 cm, branca na frente e cinza no verso. Na primeira dobra, ela fez um vértice

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coincidir com o centro do quadrado e depois fez mais duas dobras, como indicado na figura.
Após a terceira dobra, qual é a área da parte cinza da folha que ficou visı́vel?

1ª dobra 2ª dobra 3ª dobra

Problema 21. (OBMEP 2009 - 2a Fase) Um quadrado de lado 3 cm é cortado ao longo de


uma diagonal em dois triângulos, como na figura. Com esses triângulos formamos as figuras
dos itens (a), (b) e (c), nas quais destacamos, em cinza, a região em que um triângulo fica
sobre o outro. Em cada item, calcule a área da região cinza.

3 cm

3 cm

a)

1 cm

b)

9
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5 cm

c)

Problema 22. (OBMEP 2013 - 2a Fase) Dafne tem muitas peças de plástico: quadrados
cinzas claros de lado 3 cm, quadrados pretos de lado 4 cm e triângulos retângulos cinzas
cujos lados menores medem 3 cm e 4 cm, como mostrado à esquerda. Com estas peças e
sem sobreposição, ela forma figuras como, por exemplo, o hexágono à direita.

a) Qual é a área do hexágono que Dafne formou?

b) Usando somente peças quadradas, Dafne formou a figura ao lado, com um buraco em
seu interior. Qual é a área do buraco?

c) Mostre como Dafne pode preencher, sem deixar buracos, um quadrado de lado 15 cm
com suas peças, sendo apenas uma delas um quadrado de lado 3 cm.

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d) Explique por que Dafne não pode preencher um quadrado de lado 15 cm sem usar
pelo menos um quadrado de lado 3 cm.

Problema 23. (OBMEP 2016 - 2a Fase) A figura ao lado foi desenhada sobre um quadri-
culado formado por nove quadradinhos, cada um com área igual a 4 cm2 .

a) Qual é a área total pintada de preto?

b) Qual é a área total listrada?

c) Qual é a área total pintada de cinza?

Problema 24. (OBMEP 2008 - 1a Fase) Uma tira retangular de cartolina, branca de um
lado e cinza do outro, foi dobrada como na figura, formando um polı́gono de 8 lados. Qual
é a área desse polı́gono?

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48 cm 24 cm

12 cm

Problema 25. (OBMEP 2010 - 1a Fase) A figura mostra quatro quadrados iguais dentro
de umquadrado maior. A área em cinza é 128 cm2 e a área de cada quadrado menor é igual
a 9% da área do quadrado maior. Qual é a área do quadrado maior?

Problema 26. (OBMEP 2013 - 1a Fase) A figura representa um retângulo de 120 m2 de


área. Os pontos M e N são os pontos médios dos lados a que pertencem. Qual é a área da
região sombreada?

Problema 27. (OBMEP 2013 - 1a Fase) Juliana desenhou, em uma folha de papel, um
retângulo de comprimento 12 cm e largura 10 cm. Ela escolheu um ponto P no interior do
retângulo e recortou os triângulos sombreados como na fi gura. Com esse s triângulos, ela
montou o quadrilátero da direita. Qual é a área do quadrilátero?

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Problema 28. (OBMEP 2014 - 1a Fase) A figura é formada por dois quadrados, um de
lado 8 cm e outro de lado 6 cm. Qual é a área da região sombreada?

Problema 29. (OBMEP 2016 - 1a Fase) Na figura, os pontos C e F pertencem aos lados BD
e AE do quadrilátero ABDE, respectivamente. Os ângulos B e E são retos e os segmentos
AB, CD, DE e FA têm suas medidas indicadas na figura. Qual é a área do quadrilátero
ACDF?

E
7
D
2
C

B A
10

Problema 30. (OBMEP 2016 - 1a Fase) O triângulo equilátero ABC da figura é formado
por 36 triângulos equiláteros menores, cada um deles com área 1. Qual é a soma das áreas
dos quatro triângulos sombreados?

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A B

Problema 31. (OBM) Na figura a seguir, temos três quadrados de área 1, qual é a área do
retângulo que o contorna?

Problema 32. Na figura abaixo ABCD é um retângulo de área 11cm2 . Sabemos também
que A0 A = AD, BB 0 = BA, CC 0 = CB e DD0 = DC. Determine a área do quadrilátero
A0 B 0 C 0 D 0 .
B0

B C
C0
A D
A0

D0

Problema 33. (OBM 2005) Quatro peças iguais, em forma de triângulo retângulo, foram
dispostas de dois modos diferentes, como mostram as figuras.

14
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I M
J N
F

B
C
A
D

K H
L O
P

Os quadrados ABCD e EF GH têm lados respectivamente iguais a 3 cm e 9 cm. Calcule


as áreas dos quadrados IJKL e M N OP .

Problema 34. João dividiu uma folha de papel quadrada, com 20cm de lado, em 5 pedaços
de mesma área. O primeiro corte teve inı́cio no centro do quadrado e prolongou-se até a
fronteira do papel a 7cm de um canto, como indicado na figura seguinte.

D C
F
E

A B

Sabendo que o João fez todos os cortes em linha recta a partir do centro do quadrado,
de que forma cortou o papel?

Problema 35. Na figura, ABCD é paralelogramo e AE = CF . Seja P um ponto qualquer


sobre o lado AB. Mostre que

a) S5 = S2 + S3 .

b) S1 = S4 + S6 .

15
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D C

S4
S5 F
E S6
S1
S3
S2

A P B

Problema 36. Na figura abaixo ABCD e DEF G são paralelogramos. Além disso, C está
sobre F E e G estpa sobre AB. Prove que ambos paralelogramos têm a mesma área.

A G B

D C

Problema 37. Na figura a seguir, ABC é um triângulo de área 72 e D, E, F são pontos


médios. Ache a medida da área do triângulo DEF .

B D C

Problema 38. Na figura abaixo E, F, G, H são pontos médios. Determine a área do qua-
drilátero que está faltando.

16
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B
E
A
200 F

210
C

H
240 G

Problema 39. (Maio 2011) No retângulo ABCD, BC = 5 e 3EC = CD. Seja F o ponto
de encontro entre DB e AE. Se a área do ∆F DE é 12 e a área do ∆F AB é 27, calcule a
área do retângulo.

D E C

A B

Problema 40. (Proposto para IMO) Sejam ABCD um quadrilátero convexo e M e N


os pontos médios dos lados BC e DA, respectivamente. Prove que [DM A] + [CN B] =
[ABCD].

Problema 41. (OBM) Sobre cada lado de um triângulo de área 10cm2 foi construı́do um
quadrado. Em seguida, foram construı́dos três triângulos usando um vértice do triângulo
e dois vértices dos quadrados, como mostrado na Figura 1. Depois, os quadrados foram
retirados e cada um dos triângulos construı́dos foi girado até um de seus lados coincidir com
um lado do triângulo inicial. Qual é a área da Figura 2, formada pelos quatro triângulos?

17
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Figura 2

Figura 1

Problema 42. (OBM 2013) Paulo possui uma folha de papel ABCD quadrada de lado
20cm. A frente da folha é branca e o verso é cinza. O ponto E é marcado no centro da
folha. Ele decide fazer um cata-vento com a folha. Para isso, ele recorta o segmento BE e
dobra a ponta que estava no ponto B até o ponto E. Ele repete o procedimento para cada
um dos outros três vértices do quadrado, completando o cata-vento.

A B

D C

a) Qual a razão entre a área cinza e a área branca na figura anterior?

b) Paulo pegou outra folha quadrada XY ZW igual à folha ABCD e montou outro cata-
vento. Ele girou o cata-vento XY ZW de um ângulo de 45◦ e colocou sobre o cata-vento
ABCD de modo que os centros das folhas ficassem sobrepostos, montando a figura a
seguir. Qual a área branca da figura formada?

18
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X
A B

W
Y
E

C
D
Z

Problema 43. Na figura, ABCD é um quadrado de lado 10cm e BEF G um outro quadrado
de lado maior. Qual é o valor da área do triângulo ACF ?

F E

A D

G B C

19
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Dicas e Soluções

1
1. Em todas as quatro figuras, a área sombreada é igual a da área do quadrado
4
correspondente. Uma maneira simples de confirmar isto é contar, em cada caso,
o número de triângulos sombreados que são formados nas decomposições abaixo (8
8 1
triângulos sombreados para um total de 32 triângulos, isto é, ou )
32 4

2. Podemos decompor a figura sombreada em um quadrado e um triângulo, traçando


um segmento de O até o ponto médio N do lado do quadrado, conforme indicado na
1 1
figura. Assim, a área da região sombreada é igual a + da área do quadrado com
4 8
centro em O, ou seja, a área sombreada é igual a 5 + 2, 5 = 7, 5 cm.

O N

3. Observe que a figura é formada por 12 quadradinhos inteiros, em cinza escuro, cada
2×2
um com área 1; por 4 triângulos de base 2 e altura 2, cada um com área 2× = 2;
2
1
e por 4 metades de quadrados de lado 1, cada um com área . Logo, a área total da
2
figura equivale a 12 × 1 + 4 × 2 + 4 × 1 = 22 quadradinhos.

20
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4. A área do quadrilátero cinza é igual a área do quadrado menos a soma das áreas dos
triângulos brancos. Ou seja,
 
3·1 3·2 2·1 3·1
4·4− + + + = 16 − 10 = 6.
2 2 1 2
5. A partir da figura, vemos que o comprimento a dos retângulos menores é o dobro
da sua largura b. Temos então que a + b = b + 2b = 3b = 21 , ou seja, b = 7 cm e
a = 14 cm. Portanto, o comprimento do retângulo maior é 4b = 28 e a sua área é
21 × 28 = 588 cm2 .
6. O quadrado está dividido em 16 quadradinhos. A área sombreada é a soma das áreas
de 8 triângulos iguais, cada um com área igual a metade da área de um quadradi-
1
nho. Portanto, a área sombreada é igual à área de 8 × = 4 quadradinhos, o que
2
4 1
corresponde a = da área do quadrado.
16 4
7. Como as faixas são retângulos de mesmas dimensões, elas têm a mesma área, que é
36 ÷ 3 = 12 m2 . Segue que, na faixa inferior, a área de cada parte é 12 ÷ 2 = 6 m2 ,
essa é a área da parte cinza; na faixa do meio, a área de cada parte é 12 ÷ 3 = 4,
as duas partes cinzas têm então área total igual a 2 × 4 = 8 m2 ; na faixa de cima,
a área de cada parte é 12 ÷ 4 = 3, as três partes cinzas têm então área total igual a
2 × 3 = 6 m2 . A área total da região colorida de cinza é, portanto, 6 + 8 + 6 = 20 m2 .
8. Podemos decompor a figura no paralelogramo ABCD e no triângulo BEC. Em cada
uma destas figuras a área sombreada corresponde a metade da área, e assim a área
sombreada na figura original é a metade da área total.

21
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9. Dividimos a figura em regiões indicadas pelas letras A, B e C, como mostrado ao


lado. Regiões com a mesma letra são idênticas, e tanto a parte branca quanto a parte
cinzenta consistem de duas regiões A, duas regiões B e duas regiões C; segue que a
área da parte cinzenta é igual à área da parte branca. Cada uma dessas áreas é então
a metade da área total do retângulo, que é 4 × 5 = 20 cm2 . Logo a área da parte
cinzenta é 10 cm2 .

C
B B
A A

B B

A C C A
C

1
10. Cada quadrado da coluna X tem lado de medida igual a da medida do quadrado
4
1
da coluna W , cada quadrado da coluna Y tem lado igual a do lado do quadrado
3
1
da coluna W e cada quadrado da coluna Z tem lado igual a do lado do quadrado
2
da coluna W . Assim, o menor valor para o lado do quadrado W é o menor múltoplo
comum entre 2, 3 e 4, que é 12 e os lados dos quadrados das colunas X, Y e Z são,
respectivamente, 3, 4 e 6. Portanto as dimensões do retângulo são 3 + 4 + 6 + 12 = 25
e 12, cuja área é 25 × 12 = 300.

X Y Z W

11. Veja que P QRS também é um quadrado e os lados RS e P Q são paralelos. Perceba
que o triângulo P QT e P QS possuem a mesma área, uma vez que: os dois possuem
o lado P Q em comum; e como S e T pertencem ao lado RS, paralelo ao lado P Q, a
altura dos dois triângulos tem a mesma medida. Finalmente, ao traçarmos o segmento
P R, percebemos pela figura que temos 8 triângulos congruentes, cada triângulo possui
40
uma área de = 5 cm2 . Finalmente temos que [P QT ] = 2 × 5 = 10 cm2 .
8

22
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D R C

S Q

A P B

12. O quadrado está dividido em quatro quadrados menores iguais. Cada um dos triângulos
brancos tem um lado que é um lado de um quadrado menor e sua altura, relativa a
1 × 12 1
este lado, é a metade do lado do quadrado menor; logo sua área é = da área
2 4
de um quadrado menor. Como são quatro desses triângulos, vemos que a área da
1
parte branca é igual à área de 4 × = 1 quadrado menor. Como área de um desses
4
1 1 3
quadrados é da área do quadrado maior, segue que a área preta é igual a 1 − =
4 4 4
da área do quadrado maior.

13. Como os quadrados estão dispostos de forma que os pontos A, M e B estão alinhados,
e como M é o ponto médio de AB, segue que os dois triângulos da figura são triângulos
retângulos, com catetos medindo 6 e 3 centı́metros. Assim, a área de cada quadrado
6×3
é 6 × 3 = 36 cm2 e a área de cada triângulo é = 9 cm2 . A área total da figura
2
é 36 + 36 + 9 + 9 = 90 cm2 .

14. [ABCD] = 4 × [AF EG] e [AF EG] = 4 × [AIHJ] , logo [ABCD] = 16 × [AIHJ] .
[ABCD]
Mas [AIHJ] = 2 × [AHI], portanto [ABCD] = 32 × [AHI]. Então = 32.
[AHI]
15. Como ACDE é um retângulo então AE = CD e AE k CD, além disso, como ABCE
é um paralelogramo, AE = BC e AE k BC. Como AE = CD = BC e AE k BD,
então as áreas dos triângulos ABC , ACE e CDE são iguais. Além disso, as áreas
dos triângulos ABC e ACE são iguais a 11, assim a área de ABDE é 33.

16. Colocando o Tangram sobre uma malha quadriculada, a região sombreada ocupa 3
3
quadradinhos da malha e sua área é, portanto, da área do Tangram, ou seja,
16
3
× 64 = 12 cm2 .
16

23
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17. Como 400 = 202 , o quadrado menor tem lado 20 cm, e como 900 = 302 , o quadrado
maior tem lado 30 cm. Portanto a folha de madeira tem lado 20 + 30 = 50 cm e a
sua área é 502 = 2500 cm2 .

18. Juntando os quatro trapézios, formamos um quadrado de área 2500 cm2 . Como o
buraco quadrado no meio tem área 30 × 30 = 900 cm2 , a área de cada um dos 4
2500 − 900 1600
trapézios, em cm2 , é = = 400.
4 4
19. A região sombreada é formada pelo quadrado central, quatro retângulos cada um com
metade da área de um quadrado e quatro triângulos cada um com um oitavo da área
1 1
de um quadrado. Logo a área da região sombreada é 1 + 4 × + 4 × = 3, 5 cm.
2 8
20. Podemos colocar a folha de papel sobre um quadriculado 4 × 4 que a divide inicial-
mente em 16 quadradinhos iguais. Cada um desses quadradinhos tem área igual a 25
cm2 , pois o lado da folha de papel mede 20 cm. A figura abaixo ilustra a situação a
partir da segunda dobra.

2ª dobra 3ª dobra

25
Assim, a área da parte cinza que ficou visı́vel é de 3 × 25 + 3 × = 112, 5 cm2 .
2
21. O argumento geral para a resolução desta questão está ilustrado ao lado. O triângulo
ABC é um dos triângulos resultantes do corte do quadrado e D é um ponto qualquer
no lado AB, com DE perpendicular a AB. O triângulo ADE também é retângulo
com dois lados iguais, e sua área é igual a metade da área do quadrado ADEF ; a
1
área do triângulo ADG é então igual a da área do quadrado ADEF .
4

24
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1
a) O argumento acima mostra que a região cinza (à esquerda) tem área igual a
4
1 9
da área do quadrado de lado 3 cm, ou seja, × 32 = = 2, 25cm2 . Podemos
4 4
também usar a fórmula da área de um triângulo. A altura relativa ao lado de 3
3
cm mede a metade do lado do quadrado, ou seja, cm. A área da região cinza
2
1 3 9
é então metade da base vezes altura, ou seja, × 3 × = = 2, 25 cm2 .
2 2 4

1 1
b) Aqui, a área da região cinza é ×1 = = 0, 25 cm2 . Alternativamente, podemos
4 4
usar a fórmula para a área de um triângulo, metade da base vezes altura, para
1 1 1 1
obter × 1 × = × 1 = = 0, 25 cm2 .
2 2 4 4

c) Como AB = CD = 3 cm e AD = 5 cm , vemos que BC = 1 cm , e podemos


então marcar os comprimentos indicados na figura. A região cinza é a união
de um retângulo de base 1 cm e altura 2 cm com um triângulo cuja área já foi
1 9
calculada no item anterior. Logo a área da região cinza é 1 × 2 + = = 2, 25
4 4
cm2 .

25
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Outra solução possı́vel é a seguinte, a região cinza é um retângulo de base 1 e


1
altura 3 da qual se retiram três triângulos, cada um com área igual a da área de
4
1 3 9
um quadrado de lado 1. A área procurada é então 3×1−3× = 3− = = 2, 25
4 9 4
cm2 .

22. Cada uma das peças amarelas tem área 3 × 3 = 9 cm2 , as azuis têm 4 × 4 = 16 cm2
3×4
e as verdes têm = 6 cm2 .
2
a) O hexágono montado por Dafne compõe-se de duas peças verdes, uma amarela
e uma azul. Portanto, sua área é igual a 2 × 6 + 9 + 16 = 37 cm2 .
b) A figura construı́da forma um quadrado de lado 4 + 3 + 4 = 11 cm, cuja área
é 11 × 11 = 121 cm2 . Ele é composto de 4 amarelas e 4 peças azuis; a área
total dessas peças é 4 × 9 + 4 × 16 = 100 cm2 . A área do buraco é a área do
quadrado menos a soma das áreas dessas peças, ou seja, é igual a 121 − 100 = 21
cm2 . Alternativamente, podemos pensar no buraco (em cinza claro) como um
quadrado de 5 cm de lado do qual foram retirados, nos cantos, quadradinhos de
lado 1 cm (em cinza escuro); sua área é então 5 × 5 − 4 × 1 × 1 = 21 cm2 .

c) Uma possı́vel maneira de preencher o quadrado 15×15 , como pedido, é mostrado


na figura ao lado.

26
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d) Um quadrado de lado 15 cm tem 15 × 15 = 225 cm2 ; observamos que 225 é um


número ı́mpar. A peça azul tem área 16 cm2 e a verde tem área 6 cm2 , ambos
números pares. Logo não é possı́vel preencher o quadrado de lado 15 cm apenas
com peças desse tipo, pois a soma de números pares é par. Segue que para
preencher o quadrado de lado 15 cm com as peças do enunciado é necessário
usar pelo menos uma peça amarela.

23. a) A parte em preto é formada por quatro triângulos pretos menores, os quais são
retângulos isósceles. Um desses triângulos aparece na figura abaixo:

A área de cada um dos triângulos pretos é a metade da área do quadrado do


quadriculado, ou seja, é igual à metade de 2 × 2 = 4 cm2 , ou seja, é igual a 2
cm2 . Portanto, a área da parte em preto é igual a 4 × 2 = 8 cm2 .
b) A parte listrada de um quadradinho do quadriculado é um trapézio. Assim, a
3
parte listrada de um quadradinho tem área igual a da área do mesmo. De
4
fato, se considerarmos, por exemplo, a divisão na figura ilustrada abaixo

3
vemos que a área de cada trapézio é × 4 = 3 cm2 e, portanto, a área total da
4
parte listrada é igual a 4 × 3 = 12 cm2 .

27
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c) Para calcular a área de um pequeno triângulo cinza, podemos destacar da figura


o retângulo abaixo, formado por dois quadradinhos do quadriculado.

A área desse retângulo é 8 cm2 . A diagonal o divide em dois triângulos


retângulos de mesma área e um deles é formado por um triângulo preto e um
triângulo cinza. A área do triângulo cinza será, portanto, igual à diferença entre
a metade da área do retângulo e a área do triângulo preto, isto é, 4 − 2 = 2
cm2 . A área total da parte em cinza é 4 × 2 = 8 cm2 . Outra forma de chegar a
esse resultado é observar que a metade do quadrado do reticulado (o triângulo
preto) é equivalente ao triângulo cinza, ou seja, eles têm a mesma área, pois têm
mesmas medidas de base e de altura.

24. Na figura dada a parte cinza obtida depois da primeira dobradura pode ser dividida
em duas partes: um quadrado de lado 12 cm e um triângulo de área igual a metade
da área do quadrado. A área do quadrado é 12 × 12 = 144 cm2 , logo a área do
1
triângulo é × 144 = 72 cm2 . Assim, a área dessa parte cinza é 144 + 72 = 216 cm2 .
2
Depois da segunda dobradura, obtemos duas partes cinzas iguais, cuja área total é
2 × 216 = 432 cm2 .

25. A área de cada quadradinho corresponde a 9% da área do quadrado maior e assim


a área dos 4 quadradinhos corresponde a 4 × 9 = 36% da área do quadrado maior.
Logo a área em cinza corresponde, a 100 − 36 = 64% da área total. Como essa área
128
é 128 cm2 , concluimos que 1% dessa área é igual a = 2 cm2 . Segue que a área
64
do quadrado maior é 2 × 100 = 200 cm2 .

26. Considere o retângulo ABCD e o segmento M N . Como [ABCD] = 120 cm2 então
[ABCD]
para os retângulos ABN M e N CDM temos que [ABN M ] = [N CDM ] = =
2
2
60 cm , mais ainda, esses retângulos estão divididos em dois triângulos retângulos,
60
portanto [ADN ] = [CDN ] = = 30 cm2 . Observe agora o paralelogramo AN CM ,
2
sua área é a área do retângulo ABCD menos a área dos dois triângulos retângulos
das pontas, portanto [AN CM ] = [ABCD] − [ADN ] − [CDN ] = 120 − 30 − 30 = 60
cm2 . Finalmente, veja que a diagonal BD corta o paralelogramo AN CM em duas
60
figuras de mesma área, portanto a área da região sombreada é = 30 cm2 .
2

28
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B N C

A M D

27. A área do quadrilátero é a soma das áreas dos triângulos. Traçando por P uma
paralela a um dos lados do retângulo, como na figura, este fica dividido em dois
retângulos menores. A área de cada um dos triângulos é igual à metade da área do
retângulo menor correspondente; como a soma das áreas dos retângulos menores é
igual à área do retângulo maior, segue que a soma das áreas dos triângulos é igual à
1
metade da área do retângulo maior, ou seja, é igual a × 10 × 12 = 60 cm2 ; essa é a
2
área do quadrilátero.

28. Se juntarmos à região cinza o retângulo cujos lados medem 6 cm e 2 cm, como na
figura abaixo, teremos um novo retângulo com lados medindo 14 cm e 8 cm cuja área
é 112 cm2 .

A área da região cinza será igual à diferença entre a área da metade desse último
retângulo e a área do retângulo 2 × 6 que foi acrescentado, isto é, 56 − 12 = 44 cm2 .

29. A área do quadrilátero ACDF é a soma das áreas dos triângulos ACD e ADF . O
triângulo ACD tem base CD = 2 e altura AB = 10 relativa à base CD, enquanto o
triângulo ADF tem base F A = 6 e altura DE = 7 relativa à base F A. Logo a área

29
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do triângulo ACD é (2 × 10) ÷ 210 = 10 e a área do triângulo ADF é (6 × 7) ÷ 2 = 21.


Somando essas áreas, obtemos que o quadrilátero ACDF tem área 31.

E
7
D
2
C

B A
10

30. Vamos nomear as quatro regiões triangulares tracejadas pelas letras P , Q, R e S,


conforme indicado na figura. Observe que P e Q possuem a mesma área, já que as
duas regiões são triângulos com as mesmas medidas de base e altura. A área dessas
1
regiões medem ×4 = 2, pois Q é a metade de um paralelogramo formado por quatro
2
triângulos menores. Por outro lado, a região R é a parte central de um hexágono
formado por seis triângulos menores, que por sua vez pode ser compreendido como
a metade interna de três regiões com borda em negrito. Logo a região R possui área
1
× 6 = 3. Por último, perceba que a região S pode ser dividida em quatro regiões,
2
um triângulo menor no centro, e três triângulos iguais em seu entorno, como indicado
em negrito na figura. O triângulo central tem área 1 e os outros tem área 2, pois
são metade de um paralelogramo formado por quatro triângulos menores. Assim, a
área da região S é 1 + 3 × 2 = 7. Consequentemente, a área total destacada é igual
a 2 × 2 + 3 + 7 = 14.

30
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S
R

Q
A B

31. Divida o retângulo em quadrados menores de acordo com a figura a seguir. Note que
cada quadrado inicial é formado por quatro triângulos menores. Logo, cada triângulo
desse tem área igual a 14 . Como o retângulo é formado por 24 destes triângulos, sua
área será igual a 24
4 = 6.

32. Sejam x = AB e y = BC as medidas dos lados desconhecidos. Assim, a área do


retângulo ABCD é x · y = 11. Por outro lado, BC 0 = 2y e BB 0 = x. Assim,
[BB 0 C 0 ] = 2y·x
2 = xy = 11. Utilizando o mesmo raciocı́nio,

[A0 AB 0 ] = [A0 DD0 ] = [D0 CC 0 ] = 11.

Portanto, [A0 B 0 C 0 D0 ] = 11 + 11 + 11 + 11 + 11 = 55.

33. Seja x a medida da área de cada triângulo cinza. Assim, [LKJI] = 4x + 9 e


[N M OP ] = 81 − 4x. Por outro lado, LKJI e N M OP são dois quadrados iguais,
pois têm o mesmo lado (que é igual ao maior lado do quadrado). Assim,

4x + 9 = 81 − 4x

8x = 72
x = 9.
Portanto, [LKJI] = [N M OP ] = 45.

31
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34. Sabemos que AF = 13. Veja que as distâncias do ponto E até os lados do quadrado
são iguais a 10. Estas distâncias funcionam como alturas dos triângulos que têm
vértice em E e lados sobre os lados do quadrado ABCD. Além disso, cada pedaço
de papel terá área igual a 20·20
5 = 80. Note que o triângulo AEF tem área igual
13·10
a 2 = 65. Portanto, ainda falta 15 para completarmos o pedaço de 20 de área.
Escolha um ponto G sobre AB de modo que AG = 3. Assim, [F EGA] = 80. Para
descobrirmos o próximo corte, podemos escolher H sobre AB de modo que GH = 16.
Neste caso, [EGH] = 80. Continuando com o mesmo raciocı́nio, devemos escolher
pontos I sobre BC e J sobre DC de modo que IB = 15 e JC = 9. Assim, dividimos
o quadrado em cinco parte de mesma área conforme a figura a seguir.

D J C

F I

A G H B

35. Como AE = CF , os trapézios DCF E e AEBF são iguais. Portanto,

S5 + S4 + S6 = S1 + S2 + S3 .

Por outro lado, o paralelogramo ABCD e o triângulo P CD têm a mesma base (DC)
e a mesma altura. Portanto, a área do paralelogramo é o dobro da área do triângulo
P DC. Portanto, temos que

S1 + S5 = S2 + S6 + S3 + S4 .

Somando S1 do dois lados da primeira equação, temos que

(S1 + S5 ) + S4 + S6 = S1 + S1 + S2 + S3 .

Daı́,
(S2 + S6 + S3 + S4 ) + S4 + S6 = S1 + S1 + S2 + S3 .
⇒ 2(S4 + S6 ) = 2S1 .
E com isso, demonstramos o item (b). Para demonstrar o item (a) basta somar S5
dos dois lados da primeira equação e proceder de maneira semelhante.

32
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36. Note que o paralelogramo ABCD e o triângulo GDC têm a mesma base (DC) e a
mesma altura. Logo, [ABCD] = 2[DCG]. Por outro lado, o paralelogramo DGF E e o
triângulo GDC têm a mesma base (DG) e a mesma altura. Logo, [GF ED] = 2[DGC].
Como as áreas do dois paralelogramos sãi iguais ao dobro da área do mesmo triângulo,
elas devem ser iguais.

37. O segmento AD divide o triângulo ABC em duas partes de mesma área, pois D é o
ponto médio. Assim, [ABD] = 36. Da mesma forma, BE divide o triângulo ABD
em duas partes de mesma área. Logo, [BED] = 18. Aplicando esse raciocı́nio mais
uma vez, encontramos que [EF D] = 9.

38. Seja P o ponto de encontro entre os segmentos EG e HF . Note que P E divide o


triângulo P AB em duas partes de mesma área. Seja [P EA] = [P EB] = x. Utilizando
a mesma ideia, sejam [P BF ] = [P F C] = y, [P CG] = [P GD] = z e [P DH] =
[P HA] = w. Pelo enunciado, sabemos que x + w = 210, y + x = 200 e w + z = 240
e queremos descobrir o valor de y + z. Somando a duas últimas equações, temos
que x + y + z + w = 200 + 240 = 440. Por outro lado, x + w = 210. Logo,
y + z = 440 − 210 = 230.

39. Seja S a área do triângulo DF A. Como os triângulos DAB e EAB têm a mesma
área, pois têm a mesma base (AB) e a mesma altura (AD), podemos garantir que
[EF B] = S. Por outro lado, [ABD] é metade da área do retângulo ABCD. Assim,
[DBC] = S + 27. Consequentemente, [ECB] = 15. Sendo, CB = 5 e EC = x, a área
do triângulo ECB também é igual a 5x
2 . Portanto, x = 6 e então CD = 18. Por fim,
a [ABCD] = 18 · 5 = 90.

40. Veja que [AM B] = 12 [ABC] e [M DC] = 21 [DBC]. Dessa forma,

1
[M AD] = [ABCD] − ([ABC] + [DBC])
2
De maneira análoga,
1
[N BC] = [ABCD] − ([BAD] + [CAD])
2
Somando estas duas últimas equações, temos que
1
[M AD + [N BC] = 2[ABCD] − ([ABC] + [DBC] + [BAD] + [CAD]).
2
Por outro lado, [ABC] + [CAD] = [BAD] + [DBC] = [ABCD]. Portanto,
1
[M AD + [N BC] = 2[ABCD] − (2[ABCD]) = [ABCD].
2

41. Note que cada triângulo cinza possui dois lados que são iguais a dois lados do triângulo
branco. Isso ocorre devido aos quadrados terem lados iguais aos lados do triângulo
branco. Assim, ao fazermos os encaixes da segunda figura, podemos perceber que

33
POTI - Geometria - N1 - Aula 1 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

cada triângulo branco terá a mesma área do triângulo cinza, pois terão todos a mesma
medida de altura e mesma medida de base. Portanto, a área da segunda figura será
igual a quatro vezes a área do triângulo cinza que é 4 · 10 = 40.

42. Desenhando os lados AB, BC, CD e DA na figura do catavento, obtemos um desenho


como o mostrado a seguir:

1
Assim, é possı́vel visualizar que cada triângulo cinza corresponde a 16 da área do
1
quadrado e que cada triângulo branco corresponde a 8 da área do mesmo quadrado.
Portanto, como temos o mesmo número de triângulos cinzas e brancos na figura do
catavento, a razão entre as áreas será 21 . Para o item (b), veja que cada triângulo
cinza cobre uma parte de um triângulo branco, deixando a vista um trapézio branco.
Como a área do triângulo cinza é metade da área do triângulo branco, a área do
trapézio será igual à área do triângulo cinza. Sendo a área do quadrado ABCD igual
a 400, cada triângulo cinza terá área igual a 25 e cada triângulo branco terá área
igual a 50. Portanto, a área branca da segunda figura será igual a 4 · 50 + 4 · 25 = 300.

43. Seja x a medida do lado do quadrado maior. Sabemos que

[ACF ] = [ABGF ] + [ABC] − [F CG] = [GBEF ] − [F EA] + [ABC] − [F CG]

(x − 10)x 10 · 10 (10 + x)x


⇒ [ACF ] = x2 − + − = 50.
2 2 2

34
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Geometria - Nível 1
Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas
Aula 2

Segmentos e Perı́metros

O perı́metro de uma figura plana é dado pela medida do contorno dessa figura. Quando
a figura trata-se de um polı́gono, como será o caso dos problemas que serão apresentados a
seguir, seu perı́metro é dado pela soma dos comprimentos dos seus lados externos. Nosso
objetivo com esse capı́tulo é apresentar uma coleção de problemas (alguns deles bem de-
safiantes) que abordam os conceitos de perı́metros de figuras planas e de soma de segmentos.

Problema 1. (OBMEP 2006) A figura é formada por três quadrados, um deles com área
de 25 cm2 e o outro com área 9 cm2 . Qual é o perı́metro da figura?

25cm2
9cm2

Solução. Um quadrado de lado l tem área l2 . Os lados dos quadrados de áreas 25 cm e


9 cm medem respectivamente, 5 cm e 3 cm. Segue que o lado do quadrado menor mede
5 − 3 = 2 cm. O contorno da figura é formado por 3 lados de 5 cm, 2 lados de 3 cm, 2 lados
de 2 cm e um segmento que é a diferença entre um lado de 3 cm e outro de 2 cm, donde o
perı́metro é 3 × 5 + 2 × 3 + 2 × 2 + (3 − 2) = 26 cm.

Problema 2. (OBMEP 2015) Júlia dobrou várias vezes uma tira retangular de papel com
3cm de largura, como na figura. Todas as dobras formam um ângulo de 45◦ com os lados
da tira. Qual é o comprimento dessa tira?
POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

3 cm

4 cm

5 cm

Solução. O perı́metro da figura final (em formato de O) é igual a 5+4+5+4+4x = 18+4x,


onde x é a medida dos lados em diagonal que formam os “cantos” da figura. Cada dobra
da fita faz a figura “perder” 3cm de comprimento e ganhar x. Portanto, a tira original tem
18 + 4 × 4 = 18 + 12 = 30cm de comprimento.

Problema 3. (OBMEP 2015) Lucinha tem três folhas retangulares iguais, cujos lados me-
dem 20 cm e 30 cm.
20 cm

30 cm

a) Lucinha fez dois traços retos na primeira folha, um a 4 cm da margem esquerda e


outro a 7 cm da margem superior, dividindo-a em quatro retângulos. Um desses
retângulos tem a maior área. Qual é o valor dessa área?
4 cm
7 cm

b) Ajude Lucinha a dividir a segunda folha em quadrados iguais, desenhando traços


paralelos às margens, de modo que esses quadrados tenham a maior área possı́vel.

2
POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

c) Lucinha pegou a terceira folha, amarela na frente e verde no verso, e fez duas dobras:
a primeira a 8 cm da margem esquerda e a segunda a uma certa distância da margem
inferior, de forma que o perı́metro da região não coberta da folha (contorno da região
amarela da última figura) fosse de 54 cm. Qual é a distância da segunda dobra à
margem inferior?

8 cm

Solução.

a) O maior dos quatro retângulos tem lados de medida 30 − 4 = 26 cm e 20 − 7 = 13


cm. Logo, sua área é 26 × 13 = 338 cm2 .

b) Com um traço horizontal e dois verticais geramos os quadrados de maior área possı́vel.
Para formar apenas quadrados, o valor do lados desses quadrados deve dividir 20 e
30. A maior área ocorre, então, quando o lado desses quadrados for o máximo divisor
comum de 20 e 30, ou seja, 10 cm.

c) Vamos chamar a distância da segunda dobra até a margem inferior da folha de altura
da dobra. Como a folha tem 30 cm de largura e a primeira dobra foi feita a 8 cm da
margem direita da folha, a largura da região em amarelo da última figura é igual a
30 cm menos duas vezes 8 cm, ou seja, 30 − 16 = 14 cm. Após a segunda dobra, o
dobro da altura do retângulo amarelo será a diferença entre seu perı́metro e o dobro
de sua largura, ou seja, 54 − 28 = 26 cm. Portanto, a altura do retângulo amarelo
na terceira figura é 13 cm. Assim, da altura da folha original sobraram 20 − 13 = 7
cm para a realização da segunda dobra e, portanto, a altura da dobra é a metade, ou
seja, 7 ÷ 2 = 3, 5 cm.

Problema 4. (OBMEP 2005) Tia Anastácia uniu quatro retângulos de papel de 3cm de
comprimento por 1cm de largura, formando a figura a seguir. Qual é o perı́metro da figura?

3
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Solução. Cada retângulo tem perı́metro igual a 3 + 1 + 3 + 1 = 8cm. Por outro lado, cada
retângulo têm um lado de 1cm e parte de um lado de 3cm no interior na figura em formato
de cruz. Isso significa que cada retângulo coladora com 8 − 2 = 6cm para o perı́metro da
figura maior. Portanto, o valor buscado é 4 × 6 = 24cm.

Problema 5. (OBM 2010 - adaptado) Esmeralda tem quatro triângulos retângulos iguais
com lados 3cm, 4cm e 5cm. Fazendo coincidir partes dos lados, sem sobrepor triângulos,
Esmeralda montou a figura a seguir. Qual é o perı́metro dessa figura?

Solução. Cada triângulo tem perı́metro igual a 3 + 4 + 5 = 12cm. Porém, temos duas
hipotenusas, dois lados de 3cm e três partes de 3cm internas à figura. Portanto, o perı́metro
será
4 · 12 − 2 · (5 + 3 + 3) = 48 − 22 = 26.

Problemas Introdutórios

Problema 6. Um quadrado é dividido em sete retângulos como na figura abaixo. Se o


perı́metro de cada um desses retângulos é 32cm Qual o perı́metro do quadrado?

4
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Problema 7. (OBMEP 2016) A figura foi construı́da com triângulos de lados 3cm, 7cm e
8cm. Qual é o perı́metro da figura?

Problema 8. (OBMEP 2014) Juntando, sem sobreposição, quatro ladrilhos retangulares de


10 cm por 45 cm e um ladrilho quadrado de lado 20 cm, Rodrigo montou a figura abaixo.
Com uma caneta vermelha ele traçou o contorno da figura. Qual é o comprimento desse
contorno?

Problema 9. (OBM 2004) Dois quadrados, cada um com área 25 cm2 , são colocados lado
a lado para formar um retângulo. Qual é o perı́metro do retângulo?

Problema 10. (OBM 2007) Uma folha retangular de cartolina foi cortada ao longo de sua
diagonal. Num dos pedaços restantes, na forma de um triângulo retângulo, foram feitos
dois cortes, paralelos aos lados menores, pelos meios desses lados. Ao final sobrou um
retângulo de perı́metro 129 cm. O desenho abaixo indica a seqüência de cortes.

Em centı́metros, qual era o perı́metro da folha antes do corte?

Problema 11. (OBM 2006) No quadriculado a seguir, cada quadradinho tem 1 cm2 de
área.

5
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a) Qual é a área e o perı́metro da figura formada pelos quadradinhos pintados de cinza?


b) Pintando outros quadradinhos, podemos aumentar a área dessa figura, sem mudar o
seu perı́metro. Qual é o valor máximo da área que podemos obter dessa maneira?

Problema 12. (OBM 2004) Um arquiteto apresenta ao seu cliente cinco plantas diferentes
para o projeto de ajardinamento de um terreno retangular, onde as linhas cheias represen-
tam a cerca que deve ser construı́da para proteger as flores. As regiões claras são todas
retangulares e o tipo de cerca é o mesmo em todos os casos. Em qual dos projetos o custo
da construção da cerca será maior?

A) B) C) D) E)

Problema 13. (OBM 2010) O desenho mostra dois quadrados de papel sobrepostos, um
de lado 5 cm e outro de lado 6 cm. Qual é o perı́metro da figura formada (linha grossa no
contorno do desenho), em centı́metros?

Problema 14. (OBMEP 2007) Um retângulo de papelão com 45 cm de altura é cortado


em dois pedaços, como na figura. Com esses dois pedaços é possı́vel montar um quadrado
de lado maior que 45 cm. Qual é o comprimento da base do retângulo?

Problema 15. (OBMEP 2009) A figura mostra um quadrado de lado 12 cm, dividido em
três retângulos de mesma área. Qual é o perı́metro do retângulo sombreado?

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Problema 16. (OBMEP 2013) A figura representa um polı́gono em que todos os lados são
horizontais ou verticais e têm o mesmo comprimento. O perı́metro desse polı́gono é 56 cm.
Qual é sua área?

Problema 17. (OBMEP 2017) Vários quadrados foram dispostos um ao lado do outro em
ordem crescente de tamanho, formando uma figura com 100 cm de base. O lado do maior
quadrado mede 20 cm. Qual é o perı́metro (medida do contorno em vermelho) da figura
formada por esses quadrados?

20 cm

100 cm

Problema 18. (OBMEP 2007) João Grilo tem um terreno retangular onde há um galinheiro
e um chiqueiro retangulares e uma horta quadrada, cujas áreas estão indicadas na figura.

a) Qual é a área do terreno do João Grilo?

b) Quais são as medidas dos lados do galinheiro?

c) João Grilo cercou a horta, o galinheiro e o chiqueiro com cercas feitas com diferentes
números de fios de arame, como indicado na figura. Quantos metros de arame ele
usou?

7
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Problemas Propostos

Problema 19. (OBM 2013) Um quadrado de área 144 cm2 pode ser decomposto em seis
quadrados de lados inteiros, não todos iguais. Qual é a soma dos perı́metros de todos os
seis quadrados?

Problema 20. (OBM 2009) Carlinhos tem folhas iguais na forma de triângulos retângulos
de lados 6 cm, 8 cm e 10 cm. Em cada triângulo, o ângulo assinalado opõe-se ao menor
lado. Fazendo coincidir lados iguais desses triângulos sobre uma mesa, sem superpor as
folhas, ele desenha o contorno de cada figura obtida, como nos exemplos a seguir.

Figura 1 Figura 2

a) Qual é a diferença entre os perı́metros das figuras 1 e 2 do exemplo?

b) Com figuras de três triângulos, qual é o maior perı́metro que pode ser obtido?

Problema 21. (OBM 2012) Um triângulo equilátero tem o mesmo perı́metro que um
hexágono regular, cuja área é 240 cm2 . Qual é a área do triângulo, em cm2 ?

Problema 22. (OBM 2013) Jurema tem 12 peças retangulares de plástico de 3 cm por 4 cm.
Ela junta essas peças fazendo coincidir seus lados iguais e monta retângulos maiores, um
de cada vez. Um desses retângulos tem o maior perı́metro possı́vel. Qual é esse perı́metro,
em centı́metros?

Problema 23. (OBMEP 2008) A região cinza na figura é um quadrado de área 36 cm2 que
corresponde a 83 da área do retângulo ABCD. Qual é o perı́metro desse retângulo?

D C

A B

Problema 24. (OBMEP 2011) Márcia cortou uma tira retangular de 2 cm de largura de
cada um dos quatro lados de uma folha de papel medindo 12 cm por 20 cm. Qual é o
perı́metro do pedaço de papel que sobrou?

8
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Problema 25. (OBMEP 2014) Os irmãos Luiz e Lúcio compraram um terreno cercado por
um muro de 340 metros. Eles construı́ram um muro interno para dividir o terreno em duas
partes. A parte de Luiz ficou cercada por um muro de 260 metros e a de Lúcio, por um
muro de 240 metros. Qual é o comprimento do muro interno?

o
ern
Luiz

int
ro
mu
Lúcio

Problema 26. (OBMEP 2016) O retângulo ABCD foi dividido em nove retângulos me-
nores, alguns deles com seus perı́metros indicados na figura. O perı́metro do retângulo
ABCD é 54 cm. Qual é o perı́metro do retângulo cinza?
A B
16 cm

18 cm 14 cm

26 cm

D C

Problema 27. (OBMEP 2006) Miguilim brinca com dois triângulos iguais cujos lados me-
dem 3 cm, 4 cm e 6 cm. Ele forma figuras planas unindo um lado de um triângulo com um
lado do outro, sem que um triângulo fique sobre o outro. Abaixo vemos duas das figuras
que ele fez.

6
4 3 4

I II

a) Quais os comprimentos dos lados que foram unidos nas figuras I e II?

b) Calcule os perı́metros das figuras I e II.

c) Qual o menor perı́metro de uma figura que Miguilim pode formar? Desenhe duas
figuras que ele pode formar com esse perı́metro.

Problema 28. (OBMEP 2008) A figura ao lado representa o terreno de Sinhá Vitória. Esse
terreno é dividido em duas partes por uma cerca, representada pelo segmento AC. A parte
triangular ABC tem área igual a 120 m2 .

9
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cerca C
A 20 m

10 m

E 10 m D

a) Qual é a área total do terreno?

b) Dona Idalina quer fazer uma nova cerca, representada pelo segmento AF na figura,
de modo a dividir o terreno em duas partes de mesma área. Qual deve ser a distância
CF?

C
A
nova cerca
F

Problema 29. (OBM 2014) Janaı́na cortou uma folha quadrada ao meio e colou com adesi-
vos as duas metades, fazendo coincidir seus lados menores, obtendo uma folha retangular.
Qual é a razão entre o perı́metro do quadrado original e o perı́metro do retângulo?

Problema 30. (OBM 2006) São dadas duas tiras retangulares de papel com 20cm de com-
primento, uma com 5cm de largura e outra com 11cm de largura. Uma delas foi colada
sobre a outra, perpendicularmente, de modo a formar a figura ilustrada abaixo. Qual é o
perı́metro dessa figura, em centı́metros?

10
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Problema 31. (OBM 2012) Juliana cortou a folha quadriculada, representada abaixo, ao
longo da linha mais grossa. Ela obteve dois pedaços com diferentes perı́metros. Qual é a
diferença entre esses perḿetros?

Problema 32. (Maio 2002) Uma folha de papel retângular (branca de um lado e cinza do
outro) foi dobrada três vezes, como mostra a figura abaixo:

2 3
1

O retângulo 1, que ficou da cor branca após a primeira dobra, tem 20cm a mais de
perı́metro que o retângulo 2, que ficou branco após a segunda dobra, e este por sua vez
tem 16cm a mais de perı́metro que o retângulo 3, que ficou branco após a terceira dobra.
Determine o perı́metro da folha branca.

Problema 33. Na figura a seguir, temos um retângulo dividido em vários quadrados meno-
res. Sabendo que o quadrado cinza tem lado igual a 1cm, qual é o perı́metro do retângulo
maior?

11
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Problema 34. (OBM 2017 - adaptado) Manoela tem cinco pedaços de papel: um quadrado
e quatro retângulos iguais. Utilizando os cinco pedaços ela primeiro monta um retângulo de
perı́metro 780cm e, em seguida, desmonta o retângulo e usa os cinco pedaços para montar
um quadrado conforme mostrado na figura. Qual é o perı́metro deste quadrado?

Problema 35. (OBM 2015) No quadrado abaixo, de perı́metro 48cm, M e N são pontos
médios dos lados, O é o centro e A um vértice. Lena cortou o quadrado ao longo das linhas
tracejadas e, usando os três pedaços, montou um retângulo com a mesma área do quadrado
original, porém com um perı́metro diferente. Qual é o valor desse perı́metro?

O M

Problema 36. (OBMEP 2010) A Professora Clotilde desenhou três figuras no quadro-negro,
todas com área igual a 108 cm2 .

a) A primeira figura é um retângulo que tem um lado de comprimento igual a 12 cm.


Qual é o perı́metro desse retângulo?

12
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b) A segunda figura é um retângulo dividido em um retângulo branco e um quadrado


cinza de área igual a 36 cm2 , como na figura. Qual é o perı́metro do retângulo branco?

c) A terceira figura é um quadrado que ela dividiu em dois retângulos brancos e dois
quadrados cinza R e S, como na figura. O perı́metro de um dos retângulos é igual a
três vezes o perı́metro do quadrado S. Qual é a área do quadrado R?

Problema 37. (OBMEP 2010) Marcelo cortou um quadrado de 6 cm de lado em duas


partes, como na figura 1. O corte foi feito em formato de escada, com segmentos de 1 cm
paralelos aos lados do quadrado.
6 cm

6 cm

a) Calcule o perı́metro e a área da parte cinza na figura 1.


b) A figura 2 foi montada por Marcelo encaixando completamente três degraus (indi-
cados com flechas) de uma das partes na outra parte. Calcule o perı́metro e a área
dessa figura.
c) Marcelo cortou da mesma maneira um quadrado de 87 cm de lado e montou uma
figura encaixando 39 degraus de uma das partes na outra. Encontre o perı́metro dessa
nova figura.

Problema 38. (OBMEP 2011) Sara recortou três tiras retangulares diferentes de papel.
a) Ela recortou a primeira tira em três retângulos iguais, como na figura abaixo. Com
esses retângulos, formou um quadrado de 36 cm2 de área. Encontre as medidas dos
lados dos retângulos que ela recortou.

13
POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

b) Ela recortou a segunda tira em seis retângulos de mesma largura e com eles formou
um quadrado de 36 cm2 de área, como na figura. Encontre o perı́metro e a área do
retângulo indicado com ∗.

c) As medidas da terceira tira eram 4, 5 cm e 2 cm. Sara recortou essa tira em três
pedaços e com eles formou um quadrado, como na figura. Qual é a área do triângulo
indicado com ∗?

* *

14
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Dicas e Soluções

6. Seja x a medida do menor lado de um dos retângulos. Como o lado vertical do


quadrado é formado por sete destes retângulos, o lado do quadrado será 7x. Portanto,
pela figura, podemos concluir que o outro lado do retângulo será 7x. Assim, como o
perı́metro do retângulo é 32, temos que

x + 7x + x + 7x = 32 ⇒ 16x = 32 ⇒ x = 2.

Com isso, o perı́metro do quadrado será 4 · 7x = 56.


7. Observe que a figura é composta por seis triângulos, cada um tem perı́metro igual
a 3 + 7 + 8 = 18. Porém, todos os lados de medida 3 são internos na figura e não
contam para o perı́metro da figura estrelar. Além disso, em cada triângulo, o maior
lado está parcialmente no inteiror. De fato, cada ponta da estrela é formado por dois
lados, um de medida 7 e outro de medida 8 − 3 = 5. Assim, o perı́metro da estrela é
igual a 6 · (5 + 7) = 72cm.
8. Cada retângulo tem perı́metro igual a 10 + 45 + 10 + 45 = 110cm. Porém, deste
perı́metro temos 10 + 20 + 10 = 40 no interior da figura. Portanto, cada retângulo
colabora com 110 − 40 = 70cm para o perı́metro da figura. Como temos quatro
retângulos, o perı́metro é 4 × 70 = 280cm.
9. (OBM 2004) O lado de cada quadrado mede 5 cm. Ao juntar os dois quadrados,
cada quadrado vai perder um lado e no total teremos 6 medidas de lado, ou seja, o
perı́metro do retângulo formado é 6 × 5 = 30cm.
10. (OBM 2007) O retângulo que sobra após os cortes tem lados iguais às metades dos
lados da cartolina original, cujo perı́metro, então, é o dobro do perı́metro desse
retângulo. Logo, o perı́metro da cartolina antes do corte é 129 × 2 = 258 cm.
11. (OBM 2006) Como cada quadradinho tem 1 cm2 de área, o lado de cada um mede 1
cm.

a) Há 20 quadradinhos pintados de cinza. Logo a área da figura formada é 20 × 1


cm2 = 20 cm2 e como há 8 segmentos verticais à esquerda e 8 à direita além de
9 segmentos horizontais pela parte de cima e 9 pela debaixo, o perı́metro, que é
a soma das medidas de todos os lados, é 2 × 8 + 2 × 9 = 16 + 18 = 34 cm.
b) O quadriculado inteiro é um retângulo de lados 8 cm e 9 cm, e portanto de
perı́metro 2 × 8 + 2 × 9 = 16 + 18 = 34 cm. Deste modo, o valor máximo da área
que podemos obter é quando a figura for igual a todo o quadriculado e, assim,
a área será 8 × 9 = 72 cm2 .

12. (OBM 2004) Alternativa C - Nas figuras, basta ver se nos retângulos menores a linha
tracejada é metade do perı́metro. Isto não ocorre na figura onde a linha tracejada é
menor que a metade.

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13. (OBM 2010) Para calcular o perı́metro da figura, conte o perı́metro dos dois quadra-
dos, que é igual a 4 × 5 + 4 × 6 = 44 cm e desconte o perı́metro do retângulo formado
pela sobreposição das áreas, que é 2 × 1 + 2 × 2 = 6 cm Essa diferença é 38 cm.

14. (OBMEP 2007) Na figura I mostramos o retângulo antes de ser cortado e, na figura
II, o modo como as peças se encaixam para formar o quadrado.

O encaixe mostra que os segmentos pontilhados são todos iguais, assim como os seg-
mentos em traço mais grosso. Observando a figura I, vemos então que 3×(comprimento
de um segmento em traço grosso) = 45 cm, donde o comprimento de um desses seg-
mentos é 45 ÷ 3 = 15 cm. Da figura II temos lado do quadrado = 45+ comprimento
do segmento em traço grosso = 60 cm. Por outro lado, ainda observando a figura II,
vemos que 3× (comprimento de um segmento pontilhado) = 60 cm, donde o compri-
mento de um desses segmentos é 60 ÷ 3 = 20 cm. Finalmente, voltando à figura I,
temos 4× (comprimento de um segmento em traço pontilhado) = base do retângulo,
e segue que a base do retângulo mede 4 × 20 = 80 cm.

15. (OBMEP 2009) O quadrado tem lado 12 cm, logo sua área é igual a 122 = 144 cm2
144
. Portanto, cada um dos três retângulos tem área igual a = 48 cm2 . Os dois
3
retângulos inferiores são iguais, pois têm a mesma área e a mesma altura. Logo, têm
12 48
a mesma largura, igual a = 6 cm e, dessa forma, sua altura é = 8 cm. Assim,
2 6
o perı́metro do retângulo sombreado é 6 + 8 + 6 + 8 = 28 cm.

16. (OBMEP 2013) O polı́gono tem 14 lados que são segmentos verticais e 14 que são seg-
mentos horizontais. Seu perı́metro é a soma dos comprimentos desses 28 segmentos;
logo, o comprimento de cada segmento é 56 ÷ 28 = 2 cm. Podemos agora decompor o
polı́gono em 25 quadrados de 2 cm de lado, como na figura a seguir. A área de cada
quadrado é 2 × 2 = 4 cm2 e a do polı́gono é então 25 × 4 = 100 cm2 .

16
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17. (OBMEP 2017) Para calcular o perı́metro da figura, observamos que o contorno é
formado por dois segmentos cujas medidas são 100 cm e 20 cm, um conjunto de seg-
mentos horizontais (que estão acima da base de 100 cm) e um conjunto de segmentos
verticais (que estão à esquerda do lado do quadrado maior de 20 cm). A soma dos
comprimentos dos segmentos horizontais corresponde à soma dos comprimentos dos
lados dos quadrados que foram dispostos lado a lado na parte inferior da figura, e essa
soma é 100 cm. Por outro lado, a soma dos comprimentos dos segmentos verticais
é igual ao comprimento do lado do quadrado maior, isto é, 20 cm. O perı́metro é,
portanto, 100 + 20 + 100 + 20 = 240 cm.

18. (OBMEP 2007)

a) A área do terreno do João Grilo é igual à soma das áreas da horta, do galinheiro
e do chiqueiro, ou seja, é igual a 30 + 100 + 50 = 180 m2 .
b) A área de um quadrado de lado a é a2 e a área de um retângulo de lados a e b
é ab. Como a horta é quadrada e tem 100 m de área, concluı́mos que cada lado
da horta mede 10 m, pois 100 = 102 . Assim, o lado comum do galinheiro e da
horta mede 10 m. Como a área do galinheiro é igual a 50 m2 , a medida de outro
lado é 5 m, pois 10 × 5 = 50. Logo as medidas dos lados do galinheiro são 10 m
e 5 m.
c) O chiqueiro tem um lado formado por um lado da horta e um dos lados menores
do galinheiro. Logo esse lado mede 10 + 5 = 15 m; como a área do chiqueiro
é 30 m2 , a medida de outro lado é 2 m, pois 15 × 2 = 30 m. Observando a
planta e a legenda indicando o número de fios de cada um dos lados cercados,
concluı́mos que João Grilo usou 2 × 4 × 10 = 80 m nos lados de traço grosso,
2 × 3 × 10 + 1 × 3 × 5 = 75 m nos lados de traço fino e 2 × 2 × (2 + 15) = 68 m
nos lados pontilhados, totalizando 80 + 75 + 68 = 223 metros de arame.

19. (OBM 2013) A divisão buscada é a seguinte.

17
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Veja que temos cinco quadrados de lado 4 e um quadrado de lado 8. Logo, a soma
dos perı́metros é 5 × 16 + 32 = 112 cm.

20. (OBM 2009)

a) O perı́metro da primeira figura é 8 + 6 + 6 + 10 + 6 = 36 e da segunda figura é


10 + 8 + 6 + 8 + 8 = 40 . Portanto a diferença é 40 − 36 = 4 .
b) A figura de maior perı́metro é obtida quando fazemos coincidir os dois meno-
res lados de cada um dos triângulos. Isso é mostrado na figura a seguir cujo
perı́metro é 10 + 10 + 10 + 8 + 6 = 44 (há outras com o mesmo perı́metro).

21. (OBM 2012) Sendo a e b os lados do triângulo e do hexágono, respectivamente, temos


3a = 6b ⇔ a = 2b . O hexágono pode ser dividido em 6 triângulos equiláteros de lado
b e o triângulo equilátero de lado a = 2b pode ser dividido em 4 triângulos equiláteros
de lado b.

4
A área do triângulo equilátero de lado a é, então, da área do hexágono, ou seja,
6
2
× 240 = 160 cm2 .
3
22. (OBM 2013) Sendo x a quantidade de retângulos que enfileiramos com o lado 3 cm
e y a quantidade que enfileiramos com o lado 4 cm, então x × y = 12 é o total de

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retângulos e o perı́metro é 3x + 3x + 4y + 4y = 6x + 8y. E assim, temos apenas que


verificar os seguintes casos:
x = 1 e y = 12 → perı́metro = 102
x = 2 e y = 6 → perı́metro = 60
x = 3 e y = 4 → perı́metro = 50
x = 4 e y = 3 → perı́metro = 48
x = 6 e y = 2 → perı́metro = 52
x = 12 e y = 1 → perı́metro = 80
Vemos, portanto, que o perı́metro máximo é 102.

23. (OBMEP 2008) Como a área de um quadrado de lado a é a2 e o quadrado tem área
36 cm , segue que seu lado mede 6 cm, Temos que:
3 1
área = 36 cm2 ⇔ área = 36 ÷ 3 = 12 cm2 ⇔ área = 12 × 8 = 96 cm2 .
8 8
Logo, o retângulo tem 96 cm2 de área e sua largura AD mede 6 cm , portanto
6 × CD = 96 e segue que CD = 96 ÷ 6 = 16 cm. Logo o perı́metro do retângulo é
2 × (6 + 16) = 44 cm.

24. (OBMEP 2011) Cortar uma tira de dois centı́metros de largura de cada lado da folha
faz com que cada lado da folha passe a medir 4 cm a menos. Logo o pedaço de papel
que sobrou é um retângulo de dimensões 12 − 4 = 8 cm e 20 − 4 = 16 cm, cujo
perı́metro é 2 × 8 + 2 × 16 = 48 cm.

25. (OBMEP 2014) Somando as metragens dos muros de Luiz e de Lúcio, obtemos 240 +
260 = 500 m. Neste total estão computados o comprimento do muro original (de 340
m) mais duas vezes o comprimento do muro interno. Logo, o comprimento do muro
500 − 340
interno é igual a = 80 metros.
2
Podemos também resolver algebricamente: como o muro interno pertence ao cercado
dos terrenos de Luiz e de Lúcio, se x é a medida do muro interno, temos: 340 + 2x =
240 + 260. Portanto x = 80 m.

26. (OBMEP 2016) 1a solução: O perı́metro do retângulo maior ABCD é igual ao


perı́metro da figura em forma de cruz formada pelos cinco retângulos (os que pos-
suem números marcados em seu interior e o retângulo cinza), como mostra a figura

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a seguir. O perı́metro dessa figura é igual a soma da medida de todos os lados dos
quatro retângulos externos, menos as de cada de seus lados que coincidem com os
lados do retângulo cinza. A soma das medidas dos de todos os lados desses quatro
retângulos externos é 16 + 18 + 26 + 14 = 74 e o perı́metro da figura em formato de
cruz é 54, pois ele é igual ao perı́metro do retângulo ABCD. Logo, o perı́metro do
retângulo cinza é 74 − 54 = 20 cm.
A B

D C

2a solução: As letras de a até f na figura são as medidas dos lados dos retângulos
menores. Calculando o perı́metro de cada um dos retângulos menores, temos:
2b + 2d = 16
2a + 2e = 18
2c + 2e = 14
2b + 2f = 26
2b + 2d =?
O perı́metro do retângulo maior ABCD é 2(a + b + c) + 2(d + e + f ) = 2a + 2b +
2c + 2d + 2e + 2f = 54. Somando os perı́metros dos quatro retângulos ao redor do
retângulo central cujas medidas são dadas, temos:
2b + 2d + 2a + 2e + 2c + 2e + 2b + 2f = 2a + 2b + 2c + 2d + 2e + 2f +2b + 2e, onde
| {z }
esses seis termos agrupados representam o perı́metro do retângulo maior. Assim,
16 + 18 + 14 + 26 = 54 + 2b + 2e ⇔ 2b + 2e = 74 − 54 = 20. Portanto o perı́metro do
retângulo cinza é 20 cm.

27. (OBMEP 2006)


a) A solução desse item segue diretamente da observação das figuras. Na figura

20
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I vemos que as medidas de dois lados que não foram unidos são 4 cm e 6 cm,
e os dois lados que foram unidos são do mesmo tamanho, logo eles não podem
medir 4 cm nem 6cm. Portanto os lados que foram unidos sõ podem medir 3
cm. Na figura II, vemos que o maior lado de um dos triângulos (que mede 6 cm)
foi unido ao menor lado do outro triângulo (que mede 3 cm). Portanto, os lados
unidos medem 6 cm e 3 cm.
b) A solução segue do item anterior, que fornece as medidas dos lados que não foram
unidos. Logo, o perı́metro da figura I é 4 + 6 + 4 + 6 = 20 cm e o perı́metro da
figura II é 6 + 4 + 3 + 4 + (6 − 3) = 20 cm. Foi subtraı́do 3 cm correspondente
ao lado do triângulo que foi unido e não conta no perı́metro da figura II.
c) Da maneira como Miguilim forma as figuras, ele conseguirá a de menor perı́metro
quando unir os lados maiores, isto é, os de 6 cm (já que eles não contarão no
cálculo do perı́metro). Veja a seguir duas figuras que ele pode formar assim. O
perı́metro de cada uma é 2 × 3 + 2 × 4 = 14 cm.

28. (OBMEP 2008)

a) A figura a seguir mostra como decompor a região ACDE em um quadrado


CDEH e um triângulo AGE. Como CD = DE = 10 e AC = 20, segue que
AG = 10. Logo a área do triângulo AGE é metade da área de um quadrado de
AG × GE 10 × 10
lado 10, ou seja, é = = 50 m2 . Como a área do quadrado
2 2
CDEH é 102 = 100 m2 , concluı́mos que a área da região ACDE é 100 +
50 = 150 m2 . Alternativamente, podemos calcular a área de ACDE como
a diferença entre as áreas do retângulo ACDG e do triângulo AHE, ou seja,
10 × 10
20 × 10 − = 150 m2 .
2
B

H C
A

10 m

E 10 m D

21
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b) Como o terreno tem 270 m2 , ao dividi-lo em duas partes iguais cada uma das
270
partes terá área de = 135 m2 . Desse modo, devemos ter 135 = [ABCF ] =
2
[ABC] + [ACF ] = 120 + [ACF ] e vemos que [ACF ] = 15 m2 . Por outro
AC × CF 20 × CF
lado, a área do triângulo ACF é = = 10 × CF . Portanto
2 2
10 × CF = 15 e logo CF = 1, 5 m.

C
A
nova cerca
F

x
29. (OBM 2014 ) Seja x o lado do quadrado. O retângulo terá perı́metro igual 2 + 2x +
x 5x 5
2 + 2x = 5x. Portanto, a razão é 4x = 4 .

30. (OBM 2006 ) O primeiro retângulo tem perı́metro igual a 20 + 5 + 20 + 5 = 50 e o


segundo tem perı́metro igual a 20 + 11 + 20 + 11 = 62. A soma dos perı́metros é igual
a 62 + 50 = 112. Devido a sobreposição, parte desse perı́metro não é contado, pois
está no interior da figura. A parte que não é contada é equivalente a um retângulo
de lados 5 e 11 cujo perı́metro é 5 + 11 + 5 + 11 = 32. Portanto, o perı́metro da figura
em formato de cruz é igual a 112 − 32 = 80.

31. (OBM 2012 ) Veja que a parte em comum entre as duas figuras (dada pelo corte
feito por Juliana) desaparecerá quando efetuarmos a subtração. Portando, podemos
ignorá-la e achar os perı́metros parciais das figuras desconsiderando essa parte comum.
Se x é o tamanho do caminho comum, o perı́metro da figura da esquerda é igual a
8 + x. Enquanto que o perı́metro da figura da direita é igual a x + 26. Portanto, a
diferença é igual a (x + 26) − (x + 8) = 18.

32. (Maio 2002) Vamos trabalhar de “trás para frente”. Sejam x a medida do lado vertical
e y a medida do lado horizontal do retângulo 3. Observe que o retângulo 2 tem lados
iguais a x+y e x, enquanto que o retângulo 1 tem lados iguais a x+y e 2x+y. Assim,
os perı́metros dos retângulos 1, 2 e 3 são iguais a 2(3x + 2y), 2(2x + y) e 2(x + y),
respectivamente. Pelo o que foi descrito no enunciado, podemos montar as seguintes
equações: (
2(3x + 2y) − 2(2x + y) = 20
2(2x + y) − 2(x + y) = 16.

22
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Que podem ser simplificadas para


(
x + y = 10
x = 8.

Portanto, podemos deduzir que y = 2. Agora, veja que a folha tem lados iguais a
2x + y e 3x + 2y. Logo, o perı́metro é igual a 2(5x + 3y) = 2(40 + 6) = 92cm.

33. Denote por A, B, C, D, E, F , G e H os quadrados que estão no inteirior do retângulo


maior. Seja x o tamanho do lado do quadrado A. Dessa forma, os quadrados B, C e
D terão lados iguais a x+1, x+2 e x+3 respectivamente. Agora veja que o quadrado
E terá lado igual a (x + 3) − (x − 1) = 4. Com isso, o quadrado F terá lado 4 − x.
Consequentemente, o quadrado H terá lado igual a 4 + (4 − x) = 8 − x. Enquanto que
o quadrado G terá lado (8 − x) + (4 − x) = 12 − 2x. Agora, veja que o lado vertical
do retângulo maior pode ser visto tanto como a soma dos lados dos quadrados D e
C quanto como a soma dos lados dos quadrados H e G. Assim, podemos montar a
seguinte equação:
(x + 2) + (x + 3) = (8 − x) + (12 − 2x)
⇒ 2x + 5 = 20 − 3x ⇒ 5x = 15 ⇒ x = 3.
Com isso, podemos calcular as medidas dos lados de todos os quadrados da figura e
também dos lados do retângulo maior. O lado horizontal é será igual a 15 e o lado
vertical igual a 11. Portanto, o perı́metro do retângulo é 11 + 15 + 11 + 15 = 52cm.

E H
D
F
A

C G
B

34. (OBM 2017 - adaptado) Sejam x e y as medidas do menor e do maior lado da


peça em formato de retângulo. Pela primeira figura, temos que o lado do quadrado
deve ser igual a 4x. Por outro lado, na segunda figura temos que 4x + x = y,
assim y = 5x e o perı́metro do retângulo formado pelas cinco peças deve ser igual a
5x + 4x + 5x + 4x + 4x + 4x = 26x = 780. Logo, x = 30. Agora, o lado do quadrado
da segunda figura é y + x = 5x + x = 6x = 180. Portanto, seu perı́metro é igual a
4 × 180 = 720cm.

35. (OBM 2015 ) Em primeiro lugar, veja que o quadrado original tem lado igual a
48
4 = 12 e que o quadrado menor que tem O, M e N como vértices tem lado igual a

23
POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

12
2 = 6. Em segundo lugar, veja que o retângulo montado por Lena é o apresentado
a seguir.

Observe que o lado menor do retângulo é igual ao lado do quadrado menor da figura
original, enquanto que o lado maior é igual a quatro vezes o lado do quadrado menor.
Portanto, o perı́metro desse retângulo é igual a 6 + 24 + 6 + 24 = 60.

36. (OBMEP 2010)

a) Como a área do retângulo é 108 cm2 e um lado mede 12 cm, o comprimento


do lado adjacente, indicado por ? na figura ao lado, deve ser um número que
multiplicado por 12 tenha como resultado 108,ou seja, é 108 ÷ 12 = 9. Assim,
o perı́metro do retângulo é 12 + 12 + 9 + 9 = 42 cm. Algébricamente: seja x
o comprimento do lado indicado por ? na figura. Então 12 × x = 108 ⇔ x =
108
= 9.
12

b) Como o quadrado cinza tem área igual a 36 cm2 , o comprimento de seu lado é
um número cujo quadrado é 36, ou seja, é igual 6 cm. Logo o retângulo maior
tem um lado de comprimento 6 cm; como sua área é 108 cm2 , segue que seu
outro lado mede 108 ÷ 6 = 18 cm. Logo um lado do retângulo branco mede 6 cm
e o outro me de 18 − 6 = 12 cm, e assim seu perı́metro é 12 + 12 + 6 + 6 = 36 cm.
Algébricamente, o lado do quadrado, que mede 6 cm, é um lado do retângulo
branco e também do retângulo maior. Seja x o outro lado do retângulo branco;
então o outro lado do retângulo maior tem comprimento x + 6 cm. Como sua
área é 108 cm2 , segue que 6(x + 6) = 108, ou seja, 6x + 36 = 108. Logo
6x = 108 − 36 = 72 e segue que x = 72 ÷ 6 = 12. O cálculo do perı́metro do
retângulo branco segue como acima.

24
POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

c) Na figura a seguir marcamos os lados do quadrado R em pontilhado e os lados


do quadrado S em traço mais grosso. Para simplificar, vamos nos referir ao
comprimento de um segmento grosso apenas como grosso, e do mesmo modo para
pontilhado. O perı́metro do quadrado S é igual a quatro grossos. Observamos
que os retângulos brancos são iguais, pois têm os mesmos lados, e seu perı́metro
é igual a dois grossos mais dois pontilhados. Por outro lado, o enunciado diz
que o perı́metro de um desses retângulos é igual a três vezes o perı́metro de
S, isto é, igual a doze grossos. Logo os dois pontilhados devem ser iguais a
dez grossos, ou seja, cada pontilhado é igual a cinco grossos. Notamos agora
que um lado do quadrado grande é igual a um grosso mais um pontilhado, ou
seja, é igual a seis grossos. Podemos então decompor o quadrado grande em
6 × 6 = 36 qua- dradinhos iguais ao quadrado S, como na figura a seguir. Como
a área do quadrado maior é igual a 108 cm2 , a área de um desses quadradinhos
é igual a 108 ÷ 36 = 3 cm2 . Finalmente, o quadrado R consiste de 5 × 5 = 25
quadradinhos e então sua área é igual a 25 × 3 = 75 cm2 . Algébricamente:
primeiro argumentamos, como acima, que os retângulos brancos são iguais. Seja
agora x o lado do quadrado S (grosso) e y o lado do quadrado R (pontilhado).
O perı́metro de S é então 4x e o de um retângulo branco é 2x + 2y; o enunciado
nos diz que 2x + 2y = 3 × 4x = 12x , donde 2y = 10x e então y = 5x. Logo
o lado do quadrado grande mede x + 5x = 6x; como sua área é 108 cm2 temos
108 = 6x × 6x = 36x2 , donde x2 = 3. A área de R é então y 2 = (5x)2 = 25x2 =
25 × 3 = 75 cm2 .

37. (OBMEP 2010)


a) A seguir vemos que a figura cinzenta tem como contorno um segmento horizontal
de 6 cm, um segmento vertical de 6 cm, seis segmentos horizontais de 1 cm e seis
segmentos verticais de 1 cm; logo seu perı́metro é 6+6+6×1+6×1 = 4×6 = 24
cm. Vemos também que ela pode ser decomposta em 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21
quadradinhos de área 1; logo sua área é 21 cm2 .

b) A área da figura é a soma das áreas das partes branca e cinzenta. Como essas

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POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

duas partes formam o quadrado original, sua área total é 6 × 6 = 36 cm2 . Para
o perı́metro, vamos oferecer duas soluções distintas, observando que ele também
pode ser calculado diretamente por observação da figura.

1a solução: o perı́metro da parte cinza é 4 × 6 = 24 cm e o da parte branca


é 4 × 5 = 20 cm; separadamente, essas peças teriam um perı́metro total de
20 + 24 = 44 cm. Ao encaixar as peças como no enunciado, elas passam a ter
em comum dois segmentos em cada degrau encaixado, que indicamos com traço
mais grosso, e um segmento indicado em pontilhado; o número de segmentos
comuns é então 2 × 3 + 1 = 7. Para cada segmento comum perdemos 2 cm do
perı́metro total, num total de 2 × 7 = 14 cm. Logo o perı́metro da figura é
44 − 14 = 30 cm.
2a solução: vamos considerar a seqüência de figuras abaixo.

O perı́metro do quadrado original é 4 × 6 = 24 cm. Na segunda figura, descemos


um degrau, ganhamos os segmentos em traço mais grosso e perdemos o segmento
pontilhado. Assim, o perı́metro aumentou de 3 − 1 = 2 cm e passou a ser
24 + 2 = 26 cm. Após isso, ao descer um degrau sempre ganhamos os quatro
segmentos em traço mais grosso, ou seja, o perı́metro aumenta 4 cm a cada
degrau descido depois do primeiro; em particular, a terceira figura tem perı́metro
30 cm, que é a resposta correta a esse item. Observamos também que ao descer o
primeiro degrau o número de degraus encaixados continua o mesmo e, após isso,
diminui de um a cada degrau descido. Nossas observações podem ser resumidas
na tabela abaixo:

26
POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

degraus descidos degraus encaixados perı́metro aumento no perı́metro


0 4 24
1 4 26 2
2 3 30 4
3 2 34 4

A observação dessa tabela nos mostra que, se o número de degraus descidos


for maior que 0, temos degraus encaixados + degraus descidos = 5. Perı́metro
= 22 + 4× (número de degraus descidos).
c) 1a solução: quando o comprimento do lado é 87 cm, a parte cinza tem perı́metro
igual a 4 × 87 = 348 cm e a parte branca tem perı́metro 4 × 86 = 344 cm,
num total de 348 + 344 = 692 cm. O mesmo raciocı́nio da 1a solução do item
anterior mostra que o perı́metro da figura obtida encaixando 39 degraus é então
692 − 2 × (2 × 39 + 1) = 534 cm.
2a solução: de acordo com a 2a solução do item anterior, temos degraus encai-
xados + degraus descidos = 86 e perı́metro = 346 + 4× (número de degraus
descidos). Como o número de degraus encaixados é 39, o número de degraus
descidos é 86 − 39 = 47 e o perı́metro da figura é 346 + 4 × 47 = 534 cm.

38. (OBMEP 2011)

a) Como o quadrado formado com os três retângulos recortados da primeira tira


tem área 36 cm2 , seu lado mede 6cm. Logo o comprimento dos retângulos é 6
cm e sua largura é um terço de seu comprimento, ou seja, 2 cm.
b) 1a solução: como no item anterior, o lado do quadrado formado com os seis
retângulos recortados da segunda tira mede 6 cm. Como todos os retângulos
tem a mesma largura, a figura mostra que essa largura é um quarto da medida
do lado, isto é, 1, 5 cm. As medidas dos outros retângulos são então determina-
das imediatamente, como indicado. Em particular, as dimensões do retângulo
destacado são 3 cm e 1, 5 cm; logo seu perı́metro é 1, 5 + 1, 5 + 3 + 3 = 9 cm e
sua área é 1, 5 × 3 = 4, 5 cm2 .

2a solução: O quadrado pode ser decomposto em 16 quadradinhos de lado igual


à largura da fita, como na figura à direita. Como o lado do quadrado mede
6 cm, o lado de cada quadradinho mede 1, 5 cm. Logo os lados do retângulo

27
POTI - Geometria - N1 - Aula 2 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

destacado medem 1, 5 cm e 3 cm e, como acima, seu perı́metro é 9 cm e sua área


é 4, 5 cm2 . Alternativamente, o quadrado pode ser decomposto em 8 retângulos
congruentes ao retângulo destacado, conforme figura. Como a área do quadrado
é 36 cm2 , a área do retângulo destacado é 36 ÷ 8 = 4, 5 cm2 .
c) Na figura abaixo mostramos o retângulo e o quadrado, com pontos correspon-
dentes indicados com a mesma letra; por exemplo, o segmento AB à esquerda
corresponde ao segmento A0 B 0 à direita. A área do retângulo é 2 × 4, 5 = 9 cm2 ,
que é também a área do quadrado; logo o lado do quadrado mede 3 cm.

Desse modo, os segmentos A0 B 0 e B 0 F 0 medem 3 cm e assim AB mede 3 cm.


Como o lado do retângulo mede 4, 5 cm, segue que BC mede 4, 5 − 3 = 1, 5 cm,
que é então a medida de B 0 C 0 . Finalmente, a medida de A0 B é a mesma que a
de AD, que é 2 cm; logo a medida de B 0 C 0 é 3 − 2 = 1 cm. Assim, obtemos as
medidas BG = 1 cm e BC = 1, 5 cm dos catetos do triângulo retângulo BCG,
1
cuja área é então × 1 × 1, 5 = 0, 75 cm2 .
2

28
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Geometria - Nível 1
Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas
Aula 3

Objetos Tridimensionais

Neste capı́tulo iremos tratar de um assunto que é pouco explorado em competições de


matemática para alunos que estão no ensino médio, mas que possuem certa frequência nas
competições para alunos mais jovens: a geometria em espaços tridimensionais. Porém,
muito mais do que fórmulas, as questões de olimpı́ada sobre esse tema tentam testar a
capacidade do aluno em perceber e visualizar mentalmente estrutudas espaciais. Os únicos
fatos teóricos que precisaremos saber (e que adotaremos como premissas) são os seguintes:

Premissa I. A volume de uma caixa retangular de comprimento x, altura y e profun-


didade z é dado por xyz.

Premissa II. Se um objeto tridimensional é dividido em duas ou mais partes, a soma


dos volumes das partes é igual ao volume do objeto original.

Premissa III. Se dois objetos são idênticos, então possuem o mesma volume.

Problemas Propostos

Problema 1. (OBM 2016 - 1a fase) Um cubo foi pintado de verde. Em seguida, foi cortado
paralelamente às faces, obtendo-se oito blocos retangulares menores. As faces sem cor
desses blocos foram pintadas de vermelho. Qual é a razão entre a área da superfı́cie total
verde e a área da superfı́cie total vermelha?
POTI - Geometria N1 - Aula 3 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Problema 2. (OBM 2005 - 2a fase) Um carpinteiro fabrica caixas de madeira abertas na


parte de cima, pregando duas placas retangulares de 600 cm2 cada uma, duas placas retan-
gulares de 1200 cm2 cada uma e uma placa retangular de 800 cm2 , conforme representado
no desenho. Qual é o volume, em litros, da caixa? Note que 1 litro = 1000 cm3 .

Problema 3. (OBM 2007 - 2a fase) Um reservatório cúbico internamente tem 2 metros


de lado e contém água até a sua metade. Foram colocados no reservatório 25 blocos
retangulares de madeira, que não absorvem água, de dimensões 20 × 30 × 160 centı́metros.
Sabendo que 80% do volume de cada bloco permanece submerso na água, calcule, em
centı́metros, a altura atingida pela água, no reservatório.

Problema 4. (OBM 2011 - 2a fase) Com cubinhos de mesmo tamanho construiu-se um cubo
4 × 4 × 4. Os cubinhos são feitos de madeiras diferentes e foram colados assim: cubinhos
com três cubos vizinhos (cubos com faces comuns) pesam 10 gramas, com quatro vizinhos
pesam 8 gramas, com cinco vizinhos pesam 6 gramas e com seis vizinhos pesam 4 gramas.
Qual é a massa do cubo, em gramas?

Problema 5. (OBM 2013 - 2a fase) O ourives Carlos tem um cubo de madeira de arestas
de 10 centı́metros. Ele retira cubos de 2 centı́metros de aresta de cada vértice do cubo e
cola sobre toda a superfı́cie do sólido resultante uma folha fina de ouro ao preço de 8 reais
por centı́metro quadrado. Sem desperdı́cios, qual é o custo em reais dessa cobertura?

Problema 6. (OBM 2015 - 2a fase) Esmeralda cola cubinhos brancos para montar cubos
maiores. Depois de montar os cubos maiores, ele pinta algumas faces dos cubinhos de verde
ou de amarelo.

a) Depois de montado um cubo grande, Esmeralda pintou de verde as faces dos cubinhos
com três faces visı́veis e de amarelo as faces dos cubinhos com duas faces visı́veis. Após
a pintura, são visı́veis no cubo grande exatamente 120 faces pintadas de amarelo.
Quantas faces visı́veis permaneceram brancas?

2
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b) Depois de montar um cubo com oito cubinhos, Esmeralda pintou três faces do cubo
maior de verde e três faces de amarelo. No máximo, quantos cubinhos tiveram duas
faces pintadas de verde e uma face pintada de amarelo?

Problema 7. (OBM 2010 - 3a fase) Dado um sólido formado por cubos de 1 cm de aresta,
como mostra a figura da esquerda, podemos indicar a quantidade de cubos em cada direção,
como mostra a figura da direita.

3
3 2
2 1 1
1 0
2 1
1
0 1
3 0 0 2
1 1
3 0 1 3
3 2
2 3

Esmeraldino montou um sólido com cubos de 1 cm de aresta e fez uma figura similar à da
direita.

1
3 c
a b f
1 e
2 2
d
2 3
2 2 1 1
x 3
1 2 3 2
2 2
1 m

Problema 8. (OBM 2006 - 2a fase) Com a parte destacada da folha retangular a seguir,
pode-se montar um cubo. Se a área da folha é 300cm2 , qual é o volume desse cubo, em
cm3 ?

3
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Problema 9. (OBM 2015 - 1a fase) Juliana fez a planificação de uma caixa de papelão com
duas faces brancas, duas pretas e duas cinzentas. As faces brancas têm área de 35cm2 cada
uma, as faces pretas têm área de 21cm2 cada uma e as cinzentas, 15cm2 . Qual é o volume
da caixa?

Problema 10. Uma caixa fechada de vidro em formato de paralelepı́pedo está parcialmente
preenchida com 1 litro de água. Ao posicionarmos essa caixa sobre uma mesa de três for-
mas diferentes, a altura do nı́vel da água é de 2cm, 4cm e 5cm respectivamente. Qual é a
capacidade máxima (em litros de água1 ) dessa caixa?

Problema 11. (OBM 1998) Pintam-se de preto todas as faces de um cubo de madeira cujas
arestas medem 10 centı́metros. Por cortes paralelos às faces, o cubo é dividido em 1000
cubos pequenos, cada um com arestas medindo 1 centı́metro. Determine:

a) o número de cubos que não possuem nenhuma face pintada de preto.

b) o número de cubos que possuem uma única face pintada de preto.

c) o número de cubos que possuem exatamente duas faces pintadas de preto.

d) o número de cubos que possuem três faces pintadas de preto.


1
Observação: 1 litro de água ocupa um espaço de 1000cm3 de volume.

4
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Problema 12. (OBM 1999) Diga como dividir um cubo em 1999 cubinhos. A figura mostra
uma maneira de dividir um cubo em 15 cubinhos.

Problema 13. (OBM 2001) Um cubinho foi colocado no canto de uma sala, conforme a
Figura 1. Empilharam-se outros cubinhos iguais ao primeiro, de forma a cobrir as faces
visı́veis do mesmo, usando-se o menor número possı́vel de peças. Como se pode ver na
Figura 2, após a colocação dos novos cubinhos, restam 9 faces visı́veis desses cubinhos.

Figura 1
Figura 2

a) Quantos cubinhos iguais a esses, no mı́nimo, seria necessário empilhar, de forma a cobrir
aquelas 9 faces visı́veis?

b) Continua-se a fazer essa pilha, repetindo-se o procedimento descrito. Quando a pilha


tiver um total de 56 cubinhos, quantas faces poderão ser vistas?

Problema 14. (OBM 2004) Juntando cubinhos de mesmo volume mas feitos de materiais
diferentes - cada cubo branco pesando 1 grama e cada cubo cinza pesando 2 gramas -
formou-se um bloco retangular, conforme mostrado na figura abaixo. Qual é a massa, em
gramas, desse bloco?

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Problema 15. (OBM 2005) Esmeraldinho tem alguns cubinhos de madeira de 2 cm de


aresta. Ele quer construir um grande cubo de aresta 10 cm, mas como não tem cubinhos
suficientes, ele cola os cubinhos de 2 cm de aresta de modo a formar apenas as faces do
cubo, que fica oco. Qual é o número de cubinhos de que ele precisará?

Problema 16. (OBMEP 2005) Emı́lia quer encher uma caixa com cubos de madeira de 5cm
de aresta. Como mostra a figura, a caixa tem a forma de um bloco retangular, e alguns
cubos já foram colocados na caixa.

5 cm

a) Quantos cubos Emı́lia já colocou na caixa?

b) Calcule o comprimento, a largura e a altura da caixa.

c) Quantos cubos ainda faltam para Emı́lia encher a caixa completamente, se ela continuar
a empilhá-los conforme indicado na figura?

Problema 17. (OBMEP 2017 - adaptado) Janaı́na junta cubinhos de modo que as faces
em contato coincidam completamente. Ela montou a peça a seguir sobre uma mesa.

Em seguida, Janaı́na acrescentou o menor número possı́vel de cubinhos até completar


um cubo. Quantos cubinhos ela teve que acrescentar?

Problema 18. (OBM 2015) Zuleica cola cubinhos iguais de isopor para montar “esqueletos”
de cubos, estruturas conforme o exemplo dado.

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a) Quantos cubinhos ela usou para montar o esqueleto da figura?

b) Se ela quiser completar o maior cubo maciço com este esqueleto, preenchendo os espaços
vazios com cubinhos iguais aos usados e continuando a ver o esqueleto, quantos cubinhos
a mais deverá usar?

c) Existe um cubo cujo esqueleto, para ser montado, precisa de uma quantidade de cubi-
nhos igual à quantidade de cubinhos necessários para completar os espaços vazios do
esqueleto desse cubo. Se Zuleica quiser montar esse esqueleto, quantos cubinhos terá
que usar?

Problema 19. (OPM 2011) Temos um cubo de aresta 4 cm, com 3 faces marcadas com •.

a) Vamos cobrir essas 3 faces marcadas com cubos de aresta 2 cm para formar um cubo
de aresta 6 cm. Quantos cubos de aresta 2 cm são necessários?

b) Agora, vamos obter um cubo de aresta 7 cm a partir do cubo de aresta 6 cm que


acabamos de formar. Para isso, cobriremos as três faces formadas apenas por cubos de
aresta 2 cm com cubos de aresta 1 cm. Quantos cubos de aresta 1 cm são necessários?

c) Nos itens anteriores, cobrimos com cubos de aresta 2 cm e 1 cm as faces marcadas do


cubo de aresta 4 cm para obter o cubo de aresta 7 cm. Vamos agora acrescentar apenas
cubos de arestas 3 cm e 1 cm (não utilizaremos cubos de aresta 2 cm) ao cubo original
para obter um cubo de aresta 7 cm. Qual é o maior número de cubos de aresta 3 cm
que podemos utilizar? Não se esqueça de que você deve justificar a sua resposta.

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Dicas e Soluções

1. (OBM 2016 - 1a fase) Cada face verde dos oito blocos menores obtidos após cortar
o cubo é oposta a extamente uma face pintada de vermelho, e vice-versa. Assim, a
razão entre a área da superfı́cie total verde e a área da superfı́cie total vermelha é
1 : 1.

2. (OBM 2005 - 2a fase) Sejam a, b e c as medidas da caixa. Segundo o enunciado,


podemos escrever ab = 600, ac = 1200 e bc = 800. Sabemos que o volume da caixa
é abc. Utilizando as propriedades das igualdades e de potências, podemos escrever
ab × ac × bc = 600 × 1200 × 800 ⇔ a√2 × b2 × c2 = 2 × 3 × 102 × 22 × 3 × 102 × 23 × 102 ⇔
(abc)2 = 26 × 32 × 106 ⇔ abc = 26 × 32 × 106 = 23 × 3 × 103 = 24 × 1000 cm3 .
Como 1 litro é igual a 1000 cm3 , concluı́mos que o volume da caixa é de 24 litros.

a
c

3. (OBM 2007 - 2a fase) O volume de cada bloco de madeira é 0, 2 × 0, 3 × 1, 60 = 0, 096


m3 ; o volume de cada bloco que fica submerso no lı́quido é 0, 80 × 0, 096 m3 . O
volume de lı́quido deslocado pelos 25 blocos é igual a 25 × 0, 80 × 0, 096 = 1, 92 m3 .
Como o reservatório é um cubo de 2 m de lado, sua base é um quadrado de área 4
m2 . Podemos pensar no lı́quido deslocado como se fosse um bloco cuja base é igual
à base do reservatório, de altura h e volume acima.

1, 92
Portanto 4h = 1, 92 ⇔ h = = 0, 48 m = 48 cm. Como a altura inicial do lı́quido
4
era 100 cm, a nova altura será 148 cm.

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4. (OBM 2011 - 2a fase) No cubo 4 × 4 × 4, há 8 cubinhos nos vértices (que tem 3
vizinhos), 2 × 12 = 24 cubinhos nas arestas (que tem 4 vizinhos), 4 × 6 = 24 cubinhos
nas faces (que tem 5 vizinhos) e 8 cubinhos no interior do cubo maior (que tem 6
vizinhos). Assim, o cubo maior pesa 8 × 10 + 24 × 8 + 24 × 6 + 8 × 4 = 448 g.

5. (OBM 2013 - 2a fase) O corte dos cubinhos em cada vértice do cubo não muda a
superfı́cie total do cubo (é como retirar e aumentar três faces de cada cubinho), igual
a 6 × 102 = 600 cm2 . Logo o preço do revestimento é 8 × R$600 = R$4.800, 00.

6. (OBM 2015 - 2a fase)

a) Os cubinhos com apenas duas faces visı́veis são aqueles dispostos ao longo da
aresta do cubo maior, sem estar nos vértices dessas arestas, como no exemplo ao
lado, onde mostramos a camada superior de um cubo 4×4. Assim, em cada uma
das doze arestas de um cubo n × n são pintados de amarelo exatamente n − 2
cubinhos, num total de 12 × (n − 2) cubinhos. Neste caso, temos 12 × (n − 2) =
120
⇔ n − 2 = 5 ⇔ n = 7 Em cada uma das seis faces do cubo maior há
2
(n − 2) × (n − 2) = (n − 2)2 faces visı́veis dos cubinhos que permanecem brancas,
num total de 6 × (n − 2)2 . Em nosso caso, temos que 6 × (7 − 2)2 = 6 × 25 = 150
faces visı́veis não foram pintadas, isto é, permaneceram brancas.

b) Há somente duas maneiras diferentes de pintar três faces de verde e três faces
de amarelo de um cubo. Numa delas as três faces pintadas de mesma cor têm
um vértice comum e as faces opostas têm cores diferentes (1), enquanto que na
outra maneira há duas faces opostas amarelas, duas faces opostas verdes e uma
face amarela oposta a uma face verde (2). Note que os cubos são formados por
oito cubinhos menores. No primeiro caso, há um cubinho com três faces verdes,
um cubinho com três faces amarelas, três com duas faces amarelas e uma verde e
três com duas faces verdes e uma amarela. No segundo caso, há quatro cubinhos
com duas faces verdes e uma amarela e quatro cubinhos com duas faces amarelas
e uma verde. Portanto, o número máximo de cubinhos que tiveram duas faces
pintadas de verde e uma de amarelo é 4.

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POTI - Geometria N1 - Aula 3 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

7. (OBM 2010 - 3a fase) Nesse cubo, podemos formar expressões a partir das placas
3 × 3 × 1 e a partir delas, encontramos o resultado. Ao encontrarmos uma expressão
que depende de mais de uma letra, tentamos encontrar outra expressão que retorne
o valor de uma letra só e substituı́mos na expressão que depende de mais letras.

1 c
3 b
a 1
2 2
2 1
2 x
x 3
1 2 2 3

a + 3 + 1 = 2 + 2 + 1 ⇔ a = 1 e 2 + 2 + x = 3 + 3 + 1 ⇔ x = 3.
1 + b + c = 2 + x + 2 ⇔ 1 + b + c = 2 + 3 + 2 ⇔ b + c = 6. Como os valores de cada
letra só podem ser de 0 a 3, e a única soma que dá 6 é 3 + 3, então b = 3 e c = 3.

3 a 1
b 1 c
e d f
3 1 2
1 2
2 2 3 3 1
1 m
2 m 2

1 + 2 + 1 = m + 2 + 2 ⇔ m = 0. 3 + b + e = 3 + 3 + 2 ⇔ 3 + 3 + e = 3 + 3 + 2 ⇔ e = 2.
a + 1 + d = 1 + 3 + m ⇔ 1 + 1 + d = 1 + 3 + 0 ⇔ d = 2 e finalmente 1 + c + f =
2 + 1 + 2 ⇔ 1 + 3 + f = 5 ⇔ f = 1.

8. (OBM 2006 - 2a fase) Note que a folha pode ser dividida em 12 quadrados iguais
através de uma grade 3 × 4. Cada um desses quadrados terá área igual a 300 12 =
25. Logo, o lado de cada quadrado será igual a 5. Além disso, observe que os seis
quadrados cinzas serão as faces do cubo. Consequentemente, o cubo terá aresta igual
a 5 e seu volume será 5 × 5 × 5 = 125cm3 .

9. (OBM 2015 - 1a fase) Sejam x, y e z as dimensões da caixa. Pelo enunciado, xy = 35,


yz = 21 e zx = 15. Multiplicando essas três equações, obtemos

(xyz)2 = 35 · 21 · 15 = 32 · 52 · 72 ⇒ xyz = 3 · 5 · 7 = 105.

10
POTI - Geometria N1 - Aula 3 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Observe que xyz corresponde exatamente ao volume da caixa. Portanto, o volume é


105cm3 .

10. Sejam x, y, z (em centı́metros) as dimensões da caixa de vidro. Observe que o volume
da água não muda ao posicionarmos a caixa sobre as diferentes faces. Assim, temos
as seguintes equações:
2xy = 4yz = 5zx = 1000.
Ou seja, xy = 500, yz = 250 e zx = 200. Multiplicando essas três equações, obtemos

(xyz)2 = 502 · 104 ⇒ xyz = 5000.

Portanto, o volume total da caixa é 5000cm3 ou 5` litros de água.

11. (OBM 1998)

(a) Estão sem nenhuma face pintada, os cubos interiores ao cubo maior. Portanto
devem ser retiradas uma fila de cima e uma fila de baixo, uma da frente e outra
de trás, e uma de cada lado, ficando assim com um cubo de aresta 8 que contém
83 = 512 cubos pequenos.
(b) Estão com uma face pintada aqueles que pertencem a uma face mas não possuem
lado comum com a aresta do cubo maior, isto é, 82 = 64 em cada face. Como
são seis faces, temos 6 × 64 = 384 cubos pequenos.
(c) Estão com duas faces pintadas aqueles que estão ao longo de uma aresta mas
não no vértice do cubo maior, isto é, 8 cubos em cada aresta. Como são 12
arestas, temos 8 × 12 = 96 cubos pequenos.
(d) Estão com 3 faces pintadas aqueles que estão nos vértices do cubo maior, ou
seja, 8 cubos pequenos.

12. (OBM 1999) O cubo deve ser dividido em 1000 cubinhos, ou seja 10 × 10 × 10, depois,
deve-se pegar um deles e dividı́-lo novamente em 1000 cubinhos para que obtenhamos
1999 cubinhos. Assim teremos (1000 − 1) + 1000 = 1999 cubinhos. O “−1” ocorre na
conta anterior pois o cubo que dividido deve deixar de ser contado.

13. (OBM 2001)

(a) Serão necessários mais 6 cubinhos: três para o andar mais baixo, dois para o
segundo andar e mais um para o terceiro.
(b) Para chegar a 56, vamos somando: 1, 3 = 1 + 2, 6 = 1 + 2 + 3, 10 = 1 + 2 + 3 + 4,
15 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 e 21 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6. A parede terá a altura de 6
cubos, quando isso acontecer. Vamos listar as faces e cubos à mostra:
• No andar de cima há 1 cubo e 3 faces.
• No segundo andar há 6 faces e 2 cubos.
• No terceiro andar há 9 faces e 3 cubos.
• No quarto andar há 12 faces e 4 cubos.

11
POTI - Geometria N1 - Aula 3 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

• No quinto andar há 15 faces e 5 cubos.


• No andar de baixo há 18 faces e 6 cubos.
Para cada cubo à mostra, há 3 faces vistas. São 21 cubos à mostra, 63 faces no
total.

14. (OBM 2004) O objeto mostrado no enunciado é formado por 5×5×7 = 175 cubinhos.
Como 175 é ı́mpar, significa que temos um cubinho branco a mais do que pretos. Se
P é a quantidade de cubos pretos, temos que P + (P + 1) = 175, então P = 87.
Portanto, temos 87 cubos pretos e 88 cubos brancos. Assim, a massa total será igual
a:
88 + 2 × 87 = 262g.

15. (OBM 2005) Se o cubo grande estivesse completamente cheio, seriam necessários
53 = 125 cubinhos. Como ele está oco, devemos descontar todos os cubinhos que
fazem parte do seu interior. Observe que o inteior de um cubo 5 × 5 × 5 é um outro
cubo menor 3 × 3 × 3. Portanto, apenas para montar a superfı́cie, são necessários
125 − 27 = 98 cubinhos.

16. (a) Podemos contar os cubos em camadas a partir do fundo da caixa ; na primeira
camada temos 14 cubos visı́veis e 4 não visı́veis, cuja existência é evidente pois há
cubos sobre eles. Na segunda camada há 3 cubos visı́veis e 1 oculto; a terceira
camada tem 2 cubos, a quarta camada tem 3 cubos, a quinta camada tem 2
cubos e finalmente duas camadas de 1 cubo cada, totalizando (14 + 4) + (3 +
1) + 2 + 3 + 2 + 1 + 1 = 31 cubos.
(b) O comprimento da caixa corresponde a 10 cubinhos; logo este comprimento é
igual a 10 × 5 = 50cm; do mesmo modo, a largura é igual a 7 cm e a altura é
igual a 7 × 5 = 35cm e a altura igual a 6 × 5 = 30cm.
(c) O número máximo de cubos que a caixa comporta, empilhados como indicado, é
igual ao produto do número de cubos que podem ser colocados ao longo de cada
uma das dimensões (comprimento, largura, altura) da caixa, ou seja 10 × 7 × 6 =
420 cubos. Como já foram colocados 31 cubos, faltam 420 − 31 = 389 cubos
para encher a caixa completamente.

17. Visualizando a parte mais ao fundo do objeto, verificamos que ele tem dimensões
4, 4, 5. Portanto, o menor cubo que pode ser construı́do a partir dessa figura deve ter
53 = 125 cubinhos. Como já foram colocados 16 cubinhos, ainda faltam 125−16 = 109
cubinhos.

18. (a) Observe que cada aresta do esqueleto possui 6 cubos. Como a estrutura tem
12 arestas, poderı́amos contar 6 × 12 = 72 cubos. Por outro lado, ao fazermos
essa contagem, os cubinhos que estão nos vértices do esqueleto são contados três
vezes cada um. Assim, temos que descotar duas contagens repetidas para cada
um destes oito cubinhos. Portanto, a estrutura tem 72 − (8 × 2) = 72 − 16 = 56
cubinhos.

12
POTI - Geometria N1 - Aula 3 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

(b) O cubo preenchido deve ser formado por 6 × 6 × 6 = 216 cubinhos. Portanto,
ainda faltam 216 − 56 = 160 cubinhos.
(c) Seja n a quantidade de cubos na aresta desse segundo esqueleto. Utilizando a
mesma estratégia de contagem do item (a), a quantidade de cubinhos no novo
esqueleto será 12n − 16. Por outro lado, esse número deverá representar metade
dos n3 cubinhos necessários para completar o cubo maior. Assim,

n3
12n − 16 = ⇒ 24n − 32 = n3 ⇒ 24n − n3 = 32 ⇒ n(24 − n2 ) = 32.
2
Como n é um inteiro, n é divisor de 32. Assim, as únicas possibilidades que
devemos testar são n = 1, 2, 4, 8, 16 e 32. Porém, o único número que resolve a
equação é n = 4.

19. (a) Primeiramente, veja que são necessários 4 cubos de aresta 2 cm para cobrir
completamente uma face.

Logo precisamos colocar 3 × 4 = 12 cubos para cobrir as 3 faces marcadas.

Agora, precisamos de mais 7 cubos para obter um cubo de aresta 6 cm.

13
POTI - Geometria N1 - Aula 3 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Portanto precisamos de 12 + 7 = 19 cubos de aresta 2 cm para formar um cubo


de aresta 6 cm.
(b) Usando o mesmo padrão adotado no item anterior, inicialmente vamos cobrir as
faces formadas por cubos de aresta 2 cm com cubos de aresta 1 cm. Para isso
vamos precisar de 36 cubos de aresta 1 cm para cada face.

Depois de colocar 3 × 36 = 108 cubos para cobrir as 3 faces de aresta 2 cm,


precisamos de mais 6 + 6 + 6 + 1 = 19 cubos de aresta 1 cm para finalmente
obter um cubo de aresta 7 cm. Portanto precisamos acrescentar 108 + 19 = 127
cubos de aresta 1 cm para formar um cubo de aresta 7 cm.
(c) No plano da base, podemos colocar 3 cubos de aresta 3 cm, conforme a figura.
É possı́vel colocá-los e outras maneiras, mas não é possı́vel colocar mais do que
3, pois o queremos um cubo de aresta 7 cm. Veja alguns exemplos.

Da mesma forma, podemos colocar mais uma camada de cubos de aresta 3 cm,
ficando agora com 6 cubos de aresta 3 cm. Também é possı́vel colocá-los de
várias maneiras, mas não mais do que 3, pois a soma das arestas alinhadas não
pode ser maior do que 7 cm. Vamos tomar um caso, sem perda de generalidade.

14
POTI - Geometria N1 - Aula 3 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Veja que agora só é possı́vel colocar mais 1 cubo de aresta 3 cm, sob a face
marcada que ainda não recebeu nenhum cubo, ficando agora com 7 cubos de
aresta 3 cm. Também, sem perda de generalidade, vamos tomar um caso.

Para finalmente obter um cubo de aresta 7 cm, os demais espaços devem obri-
gatoriamente serem preenchidos com cubos de aresta 1 cm. Como é possı́vel ter
no máximo 2 cubos de aresta 3 cm em cada uma das três dimensões do cubo de
aresta 7 cm, só há espaço para 23 = 8 cubos de aresta 3 cm. Um deles não pode
ser colocado, para haver espaço para o cubo de aresta 4 cm. Assim concluı́mos
que não é possı́vel utilizar mais do que 7 cubos.

15
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Geometria - Nível 1
Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas
Aula 4

Ângulos

Iremos começar este capı́tulo enunciando uma das versões do quinto Postulado de Eu-
clides. Ou seja, é um fato que deve ser tomado como verdadeiro sem necessidade de prova.

Quinto Postulado. Sejam duas retas r e s que são cortadas por uma terceira. As
retas r e s são paralelas se e somente se os ângulos marcados na figura (que são
chamados de alternos internos) são iguais. Ou seja,

r k s ⇔ α = β.

Agora vamos mostrar um conjunto de fatos importantes sobre ângulos que serão utili-
zados durante todo o livro.
Ângulos opostos pelo vértice. Considere duas retas, a primeira que passa pelos
pontos A e B, a segunda que passa pelos pontos C e D que encontram-se no ponto P .
Então, ∠AP C = ∠BP D.

A D

C B
POTI - Geometria - N1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Soma dos ângulos de um triângulo. Em um triângulo ABC, a soma dos ângulos


internos é igual a 180◦ . Ou seja:

∠ABC + ∠BCA + ∠CAB = 180◦ .

D A E

B C

Demonstração. Considere uma reta ` paralela ao lado BC que passa pelo ponto A.
Sejam ainda D e E dois pontos sobre essa reta. Pelo quinto postulado, temos que
∠ABC = ∠DAB e que ∠ACB = ∠EAC. Como o ângulo ∠DAE é raso, segue o
resultado.

Ângulo externo. Em um triângulo, o ângulo externo é igual à soma dos dois ângulos
internos opostos.

P B C

Demonstração. Veja que ∠ABP = 180◦ − ∠ABC. Por outro lado, a soma dos ângulos
internos do triângulo é 180◦ . Assim, ∠ABC + ∠BCA + ∠CAB = 180◦ . Substituindo
o valor de 180◦ na primeira equação, temos que

∠ABP = ∠ABC + ∠BCA + ∠CAB − ∠ABC = ∠BCA + ∠CAB.

Soma dos ângulos de um polı́gono.

2
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B C

Lados Nome Lados Nome


3 Triângulo 8 Octágono
4 Quadrilátero 9 Noneágono
5 Pentágono 10 Decágono
6 Hexágono 12 Dodecágono
7 Heptágono 20 Icoságono

Ao longo do capı́tulo também utilizaremos um fato que só iremos demonstrar no capı́tulo
sobre congruências de triângulos, mas que é fundamental para resolver diversos problemas
de geometria que envolvem ângulos.

Fato Importante: Um triângulo é isósceles se e somente se os ângulos da base são


iguais. Ou seja, no ∆ABC:

AB = AC ⇔ ∠ABC = ∠ACB.

Problemas Introdutórios

Problema 1. (OBMEP 2005 - 1a fase) Qual é a medida do menor ângulo formado pelos
ponteiros de um relógio quando ele marca 12 horas e 30 minutos?

Problema 2. (OBMEP 2005 - 1a fase) O triângulo ABC é isósceles de base BC e o ângulo


∠BAC mede 30◦ . O triângulo BCD é isósceles de base BD. Determine a medida do
ângulo ∠DCA.

3
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B C

Problema 3. (OBMEP 2006 - 1a fase) Uma tira de papel retangular é dobrada ao longo
da linha tracejada, conforme indicado, formando a figura plana da direita. Qual a medida
do ângulo x?

O
50 X

Problema 4. (OBMEP 2014 - 1a fase) Na figura, os pontos A, B e C estão alinhados. Qual


é a soma dos ângulos marcados em cinza?

A B C

Problema 5. (OBM 2004 - 1a fase) Na figura a seguir temos dois triângulos equiláteros.
Determine o valor de x.

4
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G
H

E I
x
D

75◦ 65◦
C F

Problema 6. (OBM 2007 - 1a fase) Na figura, o lado AB do triângulo equilátero ABC é


paralelo ao lado DG do quadrado DEF G. Qual é o valor do ângulo x?
G
A

F
x
D

B C E

Problema 7. (OBM 2004 - 1a fase) Na figura, quanto vale x?

5x

3x 2x
6x

4x

Problema 8. (OBM 2004 - 1a fase) No desenho a seguir, o quadrilátero ABCD é um


quadrado de lado 3 cm e os triângulos ABF e AED são ambos equiláteros. Qual é a área
da região destacada?

5
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A
E

D
F

Problema 9. (OBM 2006 - 1a fase) Na figura, AB = AC, AE = AD e o ângulo ∠BAD


mede 30◦ . Então o ângulo x mede:
A

30°

x
B C
D

Problemas Propostos

Problema 10. (OBMEP 2007 - 1a fase) A figura mostra um polı́gono regular de dez lados
com centro O. Qual é a medida do ângulo a?

Problema 11. (OBMEP 2008 - 1a fase) Na figura o ângulo ∠ADC mede 48◦ e os triângulos
ACD, DBE e EAF são isósceles de bases AD, DE e EF , respectivamente. Quanto mede
o ângulo ∠DEF ?

6
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Problema 12. (OBMEP 2009 - 1a fase) No triângulo ABC temos AB = AC e os cinco


segmentos marcados têm todos a mesma medida. Qual é a medida do ângulo ∠BAC?

B A

Problema 13. (OBMEP 2009 - 1a fase) A figura é formada por 5 trapézios isósceles iguais.
Qual é a medida do ângulo indicado?

Problema 14. (OBM 2016 - 2a fase) Na figura, os quadrados cinzentos têm um vértice
comum e o quadrado maior tem um vértice de cada um desses quadrados em seus lados.
As medidas de alguns ângulos, em graus, estão indicadas na figura. Qual é o valor de X?

7
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Problema 15. Construı́mos dois triângulos equiláteros ABE interno e BF C externo ao


quadrado ABCD. Prove que os pontos D, E e F se localizam na mesma reta.

D C
E

A B

Problema 16. (OBM 2007 - 2a fase) Na figura abaixo temos um pentágono regular, um
quadrado e um triângulo equilátero, todos com a mesma medida de lado.

Q
C
P E
R

S T A D

Determine a medida, em graus, do ângulo ∠QCE.

Problema 17. (OBM 2008 - 3a fase) Considere o seguinte hexágono:

Com cópias desse polı́gono podemos cobrir todo o plano, sem sobreposições, como
mostra a figura a seguir.

8
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a) É possı́vel cobrir o plano com cópias de um pentágono regular?


Observação: um polı́gono é regular quando todos os seus lados são de mesma medida
e todos os seus ângulos internos são iguais.

b) Seja ABCDE um pentágono com todos os lados iguais e tal que a medida do ângulo
interno nos vértices A e B são ∠A = 100◦ e ∠B = 80◦ . Mostre como é possı́vel cobrir
todo o plano com cópias desse pentágono, sem sobreposições.

Problema 18. (OBM 2006 - 1a fase) Três quadrados são colados pelos seus vértices entre
si e a dois bastões verticais, como mostra a figura.

x
75°

30° 126°

A medida do ângulo x é:

Problema 19. (OBM 2009 - 1a fase) Na figura a seguir, ABCDE é um pentágono regular,
CDF G é um quadrado e DF H é um triângulo equilátero. O valor do ângulo β é:

9
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H F
ß
G
D

E
C

A B

Problema 20. (OBM 2010 - 1a fase) Os pontos P , Q, R, S e T são vértices de um polı́gono


regular. Os lados P Q e T S são prolongados até se encontrarem em X, como mostra a
figura, e ∠QXS mede 140◦ . Quantos lados o polı́gono tem?

Q S
R

P T

Problema 21. (OBM 2011 - 1a fase) Em um triângulo ABC com ∠ABC − ∠BAC = 50◦ ,
a bissetriz do ângulo ∠ACB intersecta o lado AB em D. Seja E o ponto do lado AC tal
que ∠CDE = 90◦ . A medida do ângulo ∠ADE é:

Problema 22. (OBM 2011 - 1a fase) No triângulo ABC , os pontos D e E pertencem ao


lado BC e são tais que BD = BA e CE = CA. Dado que ∠DAE = 40◦ , quanto mede, em
graus, o ângulo ∠BAC?

B E D C

Problema 23. (OBM 2016 - 1a fase) Na figura a seguir sabe-se que ABCDEF GH é um
octógono regular, ABIJK é um pentágono regular e ABLM é um quadrado. Determine
a medida em graus do ângulo ∠LCI denotado na figura pela letra θ.

10
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H G

K
M A
F

L B
E

I
θ
C D

Problema 24. (OBM 2014 - 2a fase) Na figura abaixo, ABCDE é um pentágono regular e
EF G é um triângulo equilátero. Determine a medida, em graus, do ângulo ∠AEG.

E
C

F A G B

Problema 25. Determine a soma dos cinco ângulos da estrela ABCDE.

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n Soma dos ângulos internos Ângulo interno


3 180◦ 60◦
4 360◦ 90◦
5
6
8

F
E
J
D
G
H
I
C

Problema 26. (OBMEP 2007 - 2a fase)


a) Complete a tabela abaixo, lembrando que a soma de todos os ângulos internos é de
um polı́gono regular de n lados é (n − 2) × 180◦ . Dizemos que três ou mais polı́gonos
regulares se encaixam se é possı́vel colocá-los em torno de um vértice comum, sem
sobreposição, de modo que cada lado que parte desse vértice é comum a dois desses
polı́gonos. Na figura vemos dois exemplos de polı́gonos que se encaixam.

b) Um quadrado e dois octógonos (polı́gonos regulares de oito lados) se encaixam? Jus-

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tifique sua resposta.

c) Um triângulo equilátero, um heptágono (polı́gono regular de sete lados) e um outro


polı́gono se encaixam. Quantos lados tem esse polı́gono?

Problema 27. (OBMEP 2008 - 2a fase) Na figura, ABCD é um paralelogramo de área 20


cm2 e lados medindo 4 cm e 6 cm. Os pontos M , N , P e Q são os centros dos quadrados
construı́dos sobre os lados do paralelogramo.

C
M B

D P
A

a) Calcule a área do polı́gono AM BN CP DQ.

b) Mostre que os ângulos ∠M AQ e ∠M BN têm a mesma medida.

c) Mostre que M N P Q é um quadrado e calcule sua área.

Problema 28. (OBMEP 2009 - 2a fase) Um polı́gono convexo é elegante quando ele pode
ser decomposto em triângulos equiláteros, quadrados ou ambos, todos com lados de mesmo
comprimento. Ao lado, mostramos alguns polı́gonos elegantes, indicando para cada um
deles uma decomposição e o número de lados.

4 lados 5 lados 6 lados 7 lados

a) Desenhe um polı́gono elegante de 8 lados, indicando uma decomposição.

b) Quais são as possı́veis medidas dos ângulos internos de um polı́gono elegante?

c) Mostre que um polı́gono elegante não pode ter mais que 12 lados.

13
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d) Desenhe um polı́gono elegante de 12 lados, indicando uma decomposição.

Problema 29. Seja RST U V pentagono regular. Construa um triangulo eqüilátero P RS


com P no interior do pentagono. Ache a medida do ângulo ∠P T V .

Problema 30. DEF G é um quadrado no exterior do pentágono regular ABCDE. Quanto


mede o ângulo ∠EAF ?

Problema 31. (AHSME 1977) No ABC, AB = AC, ∠A = 80◦ . Se os pontos D, E, F


estão sobre os lados BC, CA e AB respectivamente, tais que CE = CD, BF = BD, qual
é o valor do ∠EDF ?

Problema 32. (Torneio das Cidades 1994) No triângulo ABC, retângulo em C, os pontos
M e N são escolhidos sobre a hipotenusa de modo que BN = BC e AM = AC. Ache a
medida do ângulo ∠N CM .

Problema 33. O triângulo ABC é isósceles com vértice em A. Determine os ângulos deste
triângulo sabendo que BC = BD = DE = EF = F A.

D
B C

Problema 34. No triângulo ABC, AB = AC, D está sobre BC e E está sobre AC de


modo que AE = AD e ∠BAD = 30◦ . Determine ∠EDC.

Problema 35. (Maio 2017) No triângulo ABC marcam-se o ponto D sobre o lado BC e o
ponto E sobre o lado AC de modo que CD = DE = EB = BA. O ângulo ∠ACB = 20◦ .
Calcular a medida do ângulo ∠ADE.

Problema 36. (IGO 2017) No triângulo ABC, os pontos D e E estão sobre o lado BC
(D mais próximo de B), o ponto F está sobre AC e G está sobre AB. Sabe-se que
EC = EF = F G = GD = DE = GB = AF . Ache as medidas dos ângulos do triângulo
ABC.

Problema 37. Seja ABCDEF um hexágono com todos os ângulos internos iguais a 120◦ .
Mostre que
AB − DE = CD − F A = EF − BC.

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Dicas e Soluções

1. (OBMEP 2005 - 1a fase) Às 12h30 min o ponteiro dos minutos deu meia volta no
relógio a partir do número 12 do mostrador, ou seja, percorreu 360◦ ÷ 2 = 180◦ .
Os números 1, 2, 3, · · · , 12 do mostrador do relógio dividem a circunferência em
doze ângulos iguais, cada um com 360◦ ÷ 12 = 30◦ . Logo, a cada hora, o ponteiro
das horas (o menor) percorre um ângulo de 30◦ ; em meia hora este ponteiro percorre
então 30◦ ÷ 2 = 15◦ . Logo, o ângulo formado pelos dois ponteiros é 180◦ − 15◦ = 165◦ .

2. (OBMEP 2005 - 1a fase) A soma dos três ângulos internos de um triângulo é 180◦ .
Como o ângulo ∠A do triângulo ABC mede 30◦ , a soma dos ângulos ∠ABC e ∠ACB
é 180◦ − 30◦ = 150◦ . Por outro lado, como o triângulo é isósceles de base BC, os
ângulos ∠ABC e ∠ACB são iguais, logo cada um deles mede 150◦ ÷ 2 = 75◦ . Como
o triângulo BCD é isósceles de base BD, temos ∠BDC = ∠CBD = 75◦ . O mesmo
raciocı́nio usado acima mostra que ∠DCB = 180◦ − 2 × 75◦ = 30◦ . Segue que
∠DCA = ∠ACB − ∠DCB = 75◦ − 30◦ = 45◦ .

3. (OBMEP 2006 - 1a fase) Observando a figura da fita dobrada vemos que x+50◦ +50◦ =
180◦ , donde x = 80◦ .

O
50
X O
50

4. (OBMEP 2014 - 1a fase) A soma dos ângulos internos de um triângulo é 180◦ . Observe
que os três o ângulos não marcados dos triângulos (com vértices em B) somam 180◦
, já que A, B e C estão alinhados. Assim, a soma dos ângulos marcados é (180◦ ×
3) − 180◦ = 360◦ .

5. (OBM 2004 - 1a fase) Seja P o ponto de encontro entre os lados ED e HF . Note que
∠P CF = 180 − 75 − 60 = 45◦ e que ∠P F C = 180 − 65 − 60 = 55◦ . Como ∠DP F
é externo do triângulo P CF , temos que ∠DP F = 45 + 55 = 100◦ . Por outro lado,
∠DP F também é externo do triângulo IP D. Logo,

∠DP F = x + 60◦ ⇒ x = 40◦ .

6. (OBM 2007 - 1a fase) Como o triângulo ABC é equilátero, o ângulo interno ∠A mede
60◦ . Se DG é paralelo a AB, então o ângulo entre DG e AC é 60◦ ou 180◦ −60◦ = 120◦ .
Sendo x o maior ângulo entre esses dois segmentos, x = 120◦ .

7. (OBM 2004 - 1a fase)

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5x

3x + 4x = 7x 6x + 2x = 8x
3x 2x
6x
180° – 7x
4x

Temos: 8x = 180◦ − 7x + 5x ⇔ 10x = 180◦ ⇔ x = 18◦ .

8. (OBM 2004 - 1a fase) AE = AF = AB = 3 cm , ∠F AD = 90◦ − 60◦ = 30◦ , ∠F AE =


AE × AF 3×3
30◦ + 60◦ = 90◦ . Logo ∆F AE é retângulo em A e tem área = = 4, 5
2 2
2
cm .

9. (OBM 2006 - 1a fase) Pelo teorema do ângulo externo, ∠ADE + x = 30◦ + ∠ABD
⇔ ∠ADE = ∠AED = 30◦ + ∠ABD − x = x + ∠ACD ⇔ x = 15◦ .

10. (OBMEP 2007 - 1a fase) O triângulo AOB é isósceles pois os lados OA e OB são
iguais. Logo, os ângulos ∠OAB e ∠OBA também são iguais, ou seja, ambos têm
4
medida a . Notamos agora que o ângulo central ∠AOB mede ×360◦ = 144◦ . Como
10
a soma dos ângulos internos de um triângulo vale 180◦ , segue que 2a + 144 = 180◦ .
180◦ − 144◦ 36◦
Logo a = = = 18◦ .
2 2

A
a

B
O

11. (OBMEP 2008 - 1a fase) Lembramos primeiro que em um triângulo um ângulo externo
é igual à soma dos dois ângulos internos não adjacentes. Logo ∠ACB = ∠CAD +
∠CDA = 2 × ∠CDA = 96◦ . Notamos que ∠CAD = ∠CDA pois o triângulo CAD
é isósceles. Do mesmo modo obtemos ∠CBA = 2 × ∠DEA e ∠BAC = 2 × ∠F EA.
Somando essas três igualdades e lembrando que a soma dos ângulos internos de um
triângulo é 180◦ , obtemos 180◦ = 96◦ + 2 × (∠DEA + ∠F EA) = 2 × ∠DEF ⇔
∠DEF = 42◦ .

12. (OBMEP 2009 - 1a fase) Nesta solução vamos usar repetidamente o teorema do ângulo
externo. Vamos indicar por x a medida do ângulo ∠BAC . Como o triângulo ∠ADE
é isósceles, temos ∠DEA = x. O ângulo ∠EDF é externo ao triângulo ADE, e pelo

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teorema do ângulo externo temos ∠EDF = x + x = 2x. Como o triângulo DEF é


isósceles temos também ∠EF D = 2x; o ângulo ∠F EC, externo ao triângulo F EA,
mede então 2x + x = 3x . Analogamente, concluı́mos que ∠CBA = 4x , e como o
triângulo ABC é isósceles segue que ∠BCA = 4x. Logo 180◦ = 4x + 4x + x = 9x ,
donde x = 20◦ .
C
3x
E
3x
x

4x 2x 2x x

B F D A

13. (OBMEP 2009 - 1a fase) Lembramos que a soma dos ângulos internos de um polı́gono
de n lados é (n − 2) × 180◦ . Podemos ver a figura do enunciado como um polı́gono
de 6 lados (em traço mais grosso na figura ao lado); a soma de seus ângulos internos
é então (6 − 2) × 180◦ = 720◦ . Por outro lado, como os trapézios são congruentes,
a soma destes ângulos internos é igual a 10 vezes a medida do ângulo marcado, que
720◦
vale então = 72◦ .
10

14. (OBM 2016 - 2a fase) Um quadrilátero convexo pode ser dividido em dois triângulos.
Portanto, a soma das medidas dos ângulos internos de um quadrilátero é igual a
360◦ . Na figura, o prolongamento de cada um dos lados dos triângulos internos e dois
desses lados formam um quadrilátero cujos ângulos internos medem 90◦ , 90◦ , 122◦ e
x + 47◦ . Para se convencer disso, considere a linha verde vertical traçada a partir do
vértice superior do quadrilátero, paralela ao lado do quadrado maior. Veja a figura a
seguir.

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47o
x

Logo, 90◦ + 90◦ + 122◦ + x + 47◦ = 360◦ ⇔ X = 360◦ − 349◦ = 11◦ .


15. Nesse problema temos que tomar cuidado para não utilizar que D, E e F são colinea-
res, pois isso é o que queremos provar. Basta mostrar que ∠DEA+∠AEB+∠BEF =
180◦ . O ângulo ∠AEB é 60◦ pois o triângulo AEB é equilátero. O triânmgulo DEA
é isósceles de base DE, pois AD = AB = BE. Por outro lado, o ângulo ∠DAE é 30◦
180◦ − 30◦
e portanto podemos concluir que DEA = ADE = = 75◦ . O triângulo
2◦
180 − 90◦
BEF é retângulo e isósceles. Então BEF = EF B = = 45◦ . Portanto
2
∠DEA + ∠AEB + ∠BEF = 75◦ + 60◦ + 45◦ = 180◦ , portanto os pontos D, E e F
são colineares.
16. (OBM 2007 - 2a fase) Note que os triângulos P T A , ABD , BCE , e P QC são
todos isósceles. Como ∠ST P = 108◦ , ∠P T A = ∠P AT = 72◦ . Assim, temos que
∠T P A = 36◦ e ∠BAD = ∠BDA = 18◦ . Além disso, ∠ABD = 144◦ e ∠CBE = 66◦ .
Como ∠QP C = 126◦ , temos que ∠QCP = 27◦ e ∠ECB = 57◦ . Logo, ∠QCE = 174◦ .
17. (OBM 2008 - 3a fase)
a) Não é possı́vel. Para que seja possı́vel cobrir o plano com uma figura, em cada
vértice determinado pelas figuras que a cobrem a soma dos ângulos internos deve
ser 180◦ ou 360◦ :

Soma 180º Soma 360º

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Todo pentágono pode ser cortado em três triângulos, de modo que a soma de seus
ângulos internos é 3 × 180 = 540. Assim, cada ângulo interno de um pentágono
540◦
regular é = 108◦ . Como 108 < 180 < 2 × 108 e 3 × 108 < 360 < 4 × 108,
5
não é possı́vel cobrir o plano com cópias de um pentágono regular.
b) Note que, como ∠A + ∠B = 180, EA e BC são paralelos, de modo que EABC é
um losango. Assim CE = DE = CD e CDE é um triângulo equilátero. Assim
é possı́vel cobrir o plano com o pentágono ABCDE, como mostra a figura a
seguir:

A B

E C
… …

18. (OBM 2006 - 1a fase) Trace retas horizontais pelos vértices mais baixos dos três
quadrados.

x
75º

30º 126º

Então os ângulos à esquerda e à direita do vértice do quadrado da esquerda são 60◦ e


30◦ , respectivamente; os ângulos à esquerda e à direita do vértice do quadrado do meio
são respectivamente 180◦ −126◦ −30◦ = 24◦ e 90◦ −24◦ = 66◦ ; os ângulos à esquerda e
à direita do vértice do quadrado da direita são respectivamente 180◦ −75◦ −66◦ = 39◦
e 90◦ −39◦ = 51◦ . Enfim, no triângulo retângulo com um dos ângulos igual a x, temos
x = 90◦ − 51◦ = 39◦ .

19. (OBM 2009 - 1a fase) As medidas dos ângulos internos de um triângulo equilátero, de
(5 − 2) × 180◦
um quadrado e de um pentágono regular são, respectivamente, 60◦ , 90◦ e =
5

19
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108◦ . Assim, ∠HDE = 360◦ −(60◦ +90◦ +108◦ ) = 102◦ . Temos ainda que o triângulo
HDE é isósceles com HD = DE e, portanto, β + β + 102◦ = 180◦ ⇔ β = 39◦ .

20. (OBM 2010 - 1a fase) Prolongue QR até encontrar o segmento XS. Através da figura,
podemos encontrar o valor do ângulo externo do polı́gono, que deve ser 360◦ dividido
pelo número de lados n.

X
2e A
Q e e e S
R

P T

360◦ 40◦
3e + 140◦ = 180◦ ⇔ 3e = 40◦ ⇔ = ⇔ n = 27.
n n
21. (OBM 2011 - 1a fase) Sejam α = ∠BAC, β = ∠ADE e 2θ = ∠BCA. Temos
∠ABC = 50◦ + α. Pelo teorema do ângulo externo no triângulo BCD, α + 50◦ + θ =
90◦ + β. Além disso, 2α + 2θ + 50◦ = 180◦ pela soma dos ângulos internos do ∆ABC.
180◦ − 50◦
Substituindo o valor de α + θ = = 65◦ na primeira equação, obtemos
2
β = 25◦ .

A
α E
β
α+β
D

θ
α + 50 θ
B C

22. (OBM 2011 - 1a fase) Sejam α = ∠BAE e β = ∠DAC. Como BD = AB, ∠BDA =
40◦ + α. Analogamente, ∠AEC = 40◦ + β. A soma dos ângulos internos do ∆AED
produz 120◦ + α + β = 180◦ ⇔ α + β = 60◦ . Portanto, ∠BAC = α + β + 40◦ = 100◦ .

20
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n Soma dos ângulos internos Ângulo interno


3 180◦ 60◦
4 360◦ 90◦
5 540◦ 108◦
6 720◦ 120◦
8 1080◦ 135◦

α β

40° + β 40° + α

B E D C

23. (OBM 2016 - 1a fase) O ângulo interno de qualquer vértice de um polı́gono regular de
180◦ (n − 2)
n lados é . Consequentemente, ∠ABL = 90◦ , ∠ABI = 108◦ e ∠ABC =
n
135◦ . Daı́, ∠CBI = 27◦ e ∠LBC = 360◦ −90◦ −135◦ = 135◦ . Como LB = BC = BI,
os triângulos LBC e CBI são isósceles de bases LC e CI. Assim θ = ∠LCB +
180◦ − 135◦ 180◦ − 27◦
∠BCI = + = 99◦ .
2 2
24. (OBM 2014 - 2a fase) O ângulo externo a um vértice de um pentágono regular é
72◦ enquanto que o ângulo interno de de um triângulo equilátero é 60◦ . Assim, pelo
teorema do ângulo externo aplicado ao triângulo EAG com respeito ao ângulo externo
do vértice A, temos: x = ∠F AE − ∠EGA = 72◦ − 60◦ = 12◦ .
25. Observe que ∠GHC é externo do ∆DHE. Logo, ∠GHC = ∠DEH + ∠EDH. Da
mesma forma, ∠HGC é externo do ∆ABG. Logo, ∠HGC = ∠ABG+∠BAG. Assim,
a soma dos ângulos da estrela é igual à soma dos ângulos do ∆HGC que é 180◦ .
26. (OBMEP 2007 - 2a fase)
a) Para completar a primeira coluna da tabela basta substituir os valores n = 5,6
e 8 na fórmula (n − 2) × 180◦ . Para completar a segunda coluna, basta dividir
os valores da primeira coluna pelo valor correspondente de n, ou seja, calcular
(n − 2) × 180◦
; a justificativa para essa expressão é que polı́gono de n lados tem
n
n ângulos internos iguais, cuja soma é (n − 2) × 180◦ . A tabela completa é dada
abaixo.
b) O ângulo interno de um quadrado é 90◦ e o de um octógono regular é 135◦ . Para
que alguns polı́gonos regulares se encaixem, a soma de seus ângulos internos
deve ser 360◦ . Como 90◦ + 135◦ + 135◦ = 360◦ , segue que um quadrado e dois
octógonos regulares se encaixam.

21
POTI - Geometria - N1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

c) O ângulo interno de um triângulo equilátero é 60◦ e o de um heptágono regular


7−2 5
é × 180◦ = × 180◦ Seja n o número de lados do terceiro polı́gono; o
7 7
n−2
ângulo interno desse polı́gono é então × 180◦ . Como os três polı́gonos se
2
5 n−2 5 n−2
encaixam, temos 60◦ + × 180◦ + × 180◦ = 360◦ ⇔ 1 + × 3 + ×3 =
7 2 7 2
6 ⇔ 7n + 15n + 21(n − 2) = 42n, donde n = 42.
27. (OBMEP 2008 - 2a fase)
a) Para calcular a área do polı́gono AM BN CP DQ , basta observar que ele pode
ser dividido no paralelogramo ABCD e nos triângulos AM B , BN C , CP D e
DQA . Como M , N , P e Q são centros de quadrados, a área de cada um
desses triângulos é um quarto da área do quadrado correspondente. Como dois
desses quadrados têm área 42 = 16 e os outros dois têm área 62 = 36 , a área
1
procurada é é [ABCD]+ áreas dos triângulos = 20 + (16 + 16 + 36 + 36) = 46
4
cm2 .
b) Seja α a medida do ângulo ∠DAB Como ABCD é um paralelogramo, segue que
∠ABC = 180◦ − α. Por outro lado, como M , N e Q são centros dos quadrados
correspondentes, os ângulos marcados em preto na figura ao lado são todos iguais
a 45◦ . Logo ∠M AQ = ∠QAD + ∠DAB + ∠BAM = 45◦ + α + 45◦ = α + 90◦ e
∠M BN = 360◦ −(∠ABM +∠ABC +∠N BC) = 360◦ −[45◦ +(180◦ −α)+45◦ ] =
α + 90◦ , donde ∠M AQ = ∠M BN .

C
M B

D P
A

c) Como os quadrados sobre AB e CD são iguais, bem como os quadrados sobre


BC e AD , e como M , N , P e Q são centros desses quadrados , temos
AM = M B = CP = P D e BN = N C = AQ = QD . Por outro lado, segue do
item anterior que ∠M AQ = ∠M BN = ∠N CP = ∠P DQ donde os triângulos

22
POTI - Geometria - N1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

QAM , M BN , N CP e P DQ são congruentes. Como M N P Q é obtido de


AM BN CP DQ , retirando-se os triângulos QAM e N CP e adicionando-se os
triângulos M BN e P DQ, temos [M N P Q] = [AM BN CP DQ] = 46 cm2 .
A congruência dos triângulos QAM , N BM , N CP e QDP mostra que QM =
M N = N P = P Q , ou seja, M N P Q é um losango. Para mostrar que M N P Q
é um quadrado, basta então mostrar que um de seus ângulos internos é igual a
90◦ ; vamos fazer isso para ∠QM N . Como M é o centro do quadrado sobre AB,
temos que ∠AM B = 90◦ por outro lado,da congruência dos triângulos AM Q
e M BN tiramos ∠QM A = ∠BM N . Logo ∠QM N = ∠BM N + ∠QM B =
∠QM A + ∠QM B = 90◦ e segue que MNPQ é um quadrado.
Alternativamente, basta mostrar que QM = N P e que ∠QM N = 90◦ , como
acima, e finalizar argumentando (por exemplo, por simetria) que a situação é
idêntica nos outros vértices.

28. (OBMEP 2008 - 2a fase)

a) Qualquer polı́gono que cumpra o critério de ser elegante serve.


b) Como um polı́gono elegante é convexo e é formado colocando lado a lado qua-
drados e triângulos equiláteros, seus ângulos são somas de parcelas iguais a
60◦ ou 90◦ que não ultrapassem 180◦ . Os valores possı́veis são então 60◦ , 90◦ ,
120◦ = 60◦ + 60◦ e 150◦ = 60◦ + 90◦ .
c) Sabemos que a soma dos ângulos internos de um polı́gono com n lados é (n −
2) × 180◦ . Por outro lado, vimos no item anterior que o maior valor possı́vel
do ângulo interno de um polı́gono elegante é 150◦ ; logo,a soma dos ângulos
internos de um polı́gono elegante de n lados é no máximo n × 150◦ . Temos então
180(n − 2) ≤ 150◦ n, e segue que 30n ≤ 360 , ou seja, n ≤ 12.
d) A figura abaixo mostra um polı́gono elegante de 12 lados.

29. A soma dos ângulos de um pentágono qualquer é igual a 3 × 180◦ = 540◦ . Como o

pentágono é regular, todos os seus ângulos devem ser iguais a 540 ◦
5 = 108 . Além disso,

os ângulos do triângulo P RS são todos iguais a 60 , pois trata-se de um triângulo
equilátero. Por outro lado, todos os lados do pentágono e todos os lados do triângulo
P RS são iguais entre si. Com isso, podemos provar que os triângulos P T S e U V T
são isóceles. Daı́,
180◦ −48◦
(i) ∆P BT isóceles e ∠P ST = 48◦ implicam em ∠T P S = ∠P T S = 2 = 66◦ .

23
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180◦ −108◦
(ii) ∆U V T isóceles e ∠P ST = 108◦ implicam em ∠T P S = ∠P T S = 2 =
36◦ .

Por fim, ∠V T P = 108◦ − 66◦ − 36◦ = 6◦ .

V T

R S

30. Veja que todos os lados do pentágono e todos os lados do quadrado são iguais entre si,
pois possuem um lado em comum (ED) e são ambos polı́gonos regulares. Portanto, o
∆F EA é isósceles. Já sabemos que o ângulo interno de um pentágo regular é 108◦ e
que o ângulo interno do quadrado é 90◦ . Note que ∠F EA = 360◦ −108◦ −90◦ = 162◦ .
Agora, no sendo ∠EAF = ∠EF A = x, no ∆F EA, temos:

2x + 162◦ = 180◦ ⇒ x = 9◦ .

F
D

C
E

A B

31. Como ABC é isósceles, ∠ABC = ∠ACB = 50◦ . Além disso, os triângulos BDF e
CDE são isósceles. Assim,

∠BDF = ∠BF D = ∠CED = ∠CDE = 65◦ .

24
POTI - Geometria - N1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Portanto, ∠EDF = 180◦ − 2 × 65◦ = 50◦ .

B D C

32. Seja ∠CAB = x, então ∠ABC = 90◦ − x. Note que os triângulos AM C e EN C são
isósceles, assim:
180◦ −(90◦ −x)
(i) No triângulo CBN , ∠CN B = ∠N CE = 2 = 45◦ + x2 .

(ii) No triângulo ACM , ∠AM C = ∠ACM = 1802 −x = 90◦ − x2 .
Para finalizar, CN M a soma dos ângulos 180◦ , logo:
 x  ◦ x
∠N CM = 180◦ − 90◦ − + 45 + = 45◦ .
2 2

A
N

C E

33. Seja ∠BAC = x. Como AF E é isósceles, ∠AEF = x e ∠EF D = 2x, pois é externo
ao triângulo AEF . Sendo F ED isósceles, ∠EDF = 2x. Além disso, ∠BED = 3x
(pois é externo ao triângulo AED). Note que ∠EBD = 3x, pois BED é isósceles.
Usando o ângulo externo no ∆BDA, ∠BDC = 4x. Logo, ∠BCD = 4x, pois ∆BDC
é isósceles e ∠DBC = x pois ABC é isósceles. Somando agora todos os ângulos do
∆ABC, temos:
x + 4x + 4x = 180◦ ⇒ 9x = 180◦ ⇒ x = 20◦ .

25
POTI - Geometria - N1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Portanto, os ângulos do triângulo são 20◦ , 80◦ , 80◦ .

34. Seja x = ∠DAC.


180◦ −x
(i) Como ∆ADE é isósceles, ∠ADE = ∠AED = 2 = 90◦ − x2 .
180◦ −(x+30◦ )
(ii) Como ∆ABC é isósceles, ∠ABC = ∠ACB = 2 = 75◦ − x2 .

Usando o ângulo externo no triângulo DEC, temos que


x  x
90◦ − = ∠EDC + 75◦ − ⇒ ∠EDC = 15◦ .
2 2

35. Note que ∆DEC é isósceles, logo ∠DEC = ∠ECD = 20◦ . Pelo ângulo externo,
∠EDB = 40◦ . Como EBD também é isósceles, ∠EBD = 40◦ . Observe que ∠AEB =
60◦ , pois é exeterno do ∆EBC. Agora, AEB é isósceles e têm um ângulo de 60◦ ,
logo é equilátero. Dessa forma, AE = EB = AB. Por outro lado, pelo enunciado
EB = ED. Com isso, ∆AED é isósceles. Portanto, ∠EAD = ∠EDA. Como
∠DEC = 20◦ é exeterno do ∆AED, segue que ∠EDA = 10◦ .

B
D C

36. Observe que GF ED é um losango, pontanto também é um paralelogramo. Além


disso, os triângulos F EC, F GA e GBD são isósceles. Se ∠F CE = x, então ∠EF C =
x e ∠F ED = 2x (ângulo externo). Agora, como GF ED é um paralelogramo, ele
tem os pares de ângulo opostos iguais e ângulos adjacentes somando 180◦ . Assim,
∠GF E = ∠GDE = 180◦ − 2x. Logo, ∠GDB = 2x e como ∆GBD é isósceles,
∠GBD = 2x. Por outro lado, no vértice F , ∠AF G = x. Porém, como F AG também

é isósceles, ∠AGF = ∠GAF = 1802 −x = 90◦ − x2 . Por fim, a soma dos ângulos no
∆ABC:  x x
x + 2x + 90 − = 180◦ ⇒ 2x + = 90◦
2 2
⇒ 4x + x = 180 ⇒ 5x = 180 ⇒ x = 36◦ .
◦ ◦

Portanto, os ângulos do triângulo ABC são 36◦ , 72◦ , 72◦ .

26
POTI - Geometria - N1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

G F

B D E C

37. Prolongue os lados AB, CD e EF em ambas direções. Sejam P , Q e R os pontos


de encontro entre estes prolongamentos. Note que ∠P F A = ∠P AF = 60◦ , pois
são ambos suplementares a dois ângulos internos do hexágono (ambos iguais a 120◦ ).
Portanto, o triângulo P AF é equilátero. Da mesma forma, BCQ e DER também são
equiláteros. Mais ainda, P RQ será equilátero, pois tem todos os ângulos iguais a 60◦ .
Agora, sejam P A = AF = F P = x, BC = CQ = QB = y e DE = ER = RD = z.
Como P QR é equilátero,

P Q = QR ⇒ x + AB + y = y + DC + z ⇒ AB − DC = z − x = DE − AF.

Trocando os termos de lado, temos que AB − DE = DC − AF . Utilizando um


raciocı́nio análogo, conseguimos a outra igualdade.

E
D
F C

P A B Q

27
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Geometria - Nível 1
Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas
Aula 5

Congruência de Triângulos

Neste capı́tulo iremos estudar uma das ferramentas mais importantes para dar rigor aos
argumentos geométricos cuja conclusão é a de que dois segmentos são iguais ou a de que
dois ângulos são iguais.

Definição: Dois triângulos ABC e XY Z são congruentes se e somente se for possı́vel


construir uma relação entre os vértices do primeiro com os vértices do segundo de
modo que todos os lados do primeiro e todos os ângulos do segundo sejam iguais aos
lados e ângulos correspondentes no segundo triângulo. Ou seja, AB = XY , BC = Y Z,
CA = ZY , ∠ABC = ∠XY Z, ∠BCA = ∠Y ZX e ∠CAB = ∠ZXY .

A X

B C Y Z

Notação: Utilizaremos o sı́mbolo (≡) para denotar dois triângulos congruentes. Por
exemplo, neste caso, ∆ABC ≡ ∆XY Z.

De maneira intuitiva, dois triângulos serão congruentes quando for possı́vel fazer com
que o primeiro encaixe no segundo através de transformações rı́gidas (que não envolvem
dilatações).

Felizmente, para provar que dois triângulos são congruentes, não é necessário verificar
todas as seis igualdades da definição. Veremos que certas combinações de três dessas seis
igualdades serão suficientes para demonstrar que dois triângulos são congruentes. E é esse
o poder dessa estratégia para resolver problemas de Geometria: A partir de três igualdades
(já verificadas como verdadeiras), podemos demonstrar outras três igualdades. O primeiro
caso de congruência é o:
POTI - Geometria - N1 - Aula 1 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Caso LAL. Se ABC e XY Z são dois triângulos tais que AB = XY , BC = Y Z e


∠ABC = ∠XY Z, então ∆ABC ≡ ∆XY Z.

Este caso de congruência é um postulado da Geometria Euclidiana. Ou seja, ele não


pode ser demonstrado e deve ser simplemente aceito como verdadeiro. Os demais casos
que apresentaremos a seguir podem ser demonstrados a partir do caso LAL. Essas demons-
trações estão reunidas no apêndice por serem muito técnicas.

Caso LLL. Se ABC e XY Z são dois triângulos tais que AB = XY , BC = Y Z e


CA = ZX, então ∆ABC ≡ ∆XY Z.

Caso ALA. Se ABC e XY Z são dois triângulos tais que ∠ABC = ∠XY Z, BC = Y Z
e ∠BCA = ∠Y ZX, então ∆ABC ≡ ∆XY Z.

Uma consequência importante dessa congruência é a seguinte: Se ABCD é um para-


lelogramo, i.e., tem pares de lados opostos paralelos, então ∠DAC = ∠ACB e ∠DCA =
∠CAB (pelo quinto postulado de Euclides). Daı́, ∆DAC ≡ ∆CBA, pelo caso ALA. De
modo análogo, ∆DCB ≡ ∆ABD.

Caso LAAo . Se ABC e XY Z são dois triângulos tais que AB = XY , ∠ABC =


∠XY Z e ∠BCA = ∠Y ZX, então ∆ABC ≡ ∆XY Z.

Observe que este caso de congruência pode ser demonstrado a partir do caso ALA,
uma vez que a soma dos ângulos em qualquer triângulo é sempre igual a 180◦ . Portanto, se
sabemos as medidas de dois ângulos de um triângulo, sabemos também a medida do terceiro.

Por fim, ainda temos o caso especial para triângulos retângulos. A demonstração desse
caso de congruência utiliza o chamado Teorema de Pitágoras, que veremos no próximo
capı́tulo. De fato, se sabemos as medidas de um dois lados de um triângulo retângulo,
então sabemos a medida do terceiro lado pelo Teorema de Pitágoras.

Caso Cateto-Hipotenusa. Se ABC e XY Z são dois triângulos ∠ABC = ∠XY Z =


90◦ , AB = XY e AC = XZ, então ∆ABC ≡ ∆XY Z.

Vamos ver dois problemas que utilizam em sua resolução congruência de triângulos.
O primeiro é um resultado muito utilizado como fato conhecido, e que em problemas de
olimpı́ada de fato você pode se utilizar do resultado sem provar, mas que agora terá uma
demonstração formalizada. O segundo problema já possui caracterı́sticas de olimpı́ada,
e poderia ser um problema ou uma parte da resolução de um problema, mas escrito de
maneira formal.

Problema 1. Mostre que um triângulo que têm dois ângulos iguais é isósceles.

2
POTI - Geometria - N1 - Aula 1 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Considere um triângulo ABC com ∠ABC = ∠BCA. Seja P o pé da altura de A até
BC. Note que os triângulos ABP e ACP são congruentes pelo caso LAAo . Portanto,
AB = AC.

B P C

Problema 2. No desenho a seguir AD = BC, AD k BC e E e F estão no segmento AC


de modo que ∠ADE = ∠CBF . Prove que AB k CD e DF = EB.

D C

A B

Para provar que AB e CD são paralelos, vamos procurar ângulos congruentes. Veja
que AD k BC, portanto ∠DAC = ∠ACB, e como AD = BC e AC é comum, então
∆CAD ∼ = ∆ACB por LAL. Em particular, ∠DCA = ∠BAC, portanto AB k CD. Veja
que ∆DAE ∼ = ∆BCF por ALA, em particular temos que AE = CF . Vamos provar que

∆ADF = ∆CBE, olhando os lados desses triângulos temos AF = AE +EF = CF +EF =
CE, como já temos os ângulos congruentes e os outros lados, então essa congruência é
verdadeira pelo caso LAL, em particular, mostramos finalmente que DF = BE.

D C

A B

3
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Fatos Importantes

Antes de partirmos para a seção de problemas, iremos demonstrar uma série de fatos
importantes que são demonstrados através de casos de congruência de triângulos.

Fato Importante: Se ABC é um triângulo isósceles (AB = AC), então os ângulos


da base são iguais (∠ABC = ∠ACB).

B P C

Demonstração. Seja P o pé da bissetriz do ângulo ∠BAC. Note que ∆ABP ≡ ∆P CA


(LAL). Portanto, ∠ABP = ∠ACP .
O resultado anterior também garante que os ângulos ∠AP B e ∠AP C são iguais e que
P C = P B. Portanto, ambos são retos. Ou seja, em um triângulo isósceles a bissetriz
também é altura e mediana.
Fato Importante. As três mediatrizes relativas aos lados de um triângulo ABC
encontram-se em um único ponto chamado de circuncentro.

O
B C
M

Demonstração. Seja O o ponto de encontro entre as mediatrizes dos lados BC e CA. Veja
que essas duas retas não podem ser paralelas. Portanto, o ponto O existe. Seja M o ponto

4
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médio de BC veja que os triângulos OM B e OM C são congruentes pelo caso (LAL). Logo,
OB = OC. De modo análogo, podemos demonstrar que OC = OA. Logo, o ∆AOB
é isósceles. E como vimos no comentário anterior, a mediana de um triângulo isósceles
também é sua altura. Logo, se N é o ponto médio de AB, ON será a mediatriz de AB.

Fato Importante. As três alturas relativas aos lados de um triângulo ABC encontram-
se em um único ponto chamado de ortocentro.

C0 A B0

B C

A0

Demonstração. Sejam r, s e t três retas paralelas aos lados BC, CA e AB passando pelos
pontos A, B e C, respectivamente. Sejam ainda A0 , B 0 e C 0 os pontos de interseção entre
essas retas. Note que AB 0 CB é um paralelogramo, pois tem dois pares de lados paralelos.
Com isso, ∆ABC ≡ ∆AB 0 C. De modo análogo, ∆ABC ≡ ∆ABC 0 e ∆ABC ≡ ∆A0 BC.
Daı́, perceba que as alturas do triângulo ABC são as mediatrizes do triângulo A0 B 0 C 0 , que
se encontram em um único ponto pelo resultado anterior.

Fato Importante. Seja ABCD um quadrilátero tal que AB = BC e AD = DC.


Então, suas diagonais são perpendiculares.

B M D

5
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Demonstração. Seja M o ponto médio de AC. Como os triângulos ABC e ADC são
isósceles, BM e DM são alturas. Logo, B, M e D são colineares. Portanto, M será o
ponto de encontro das diagonais e estas serão perpendiculares.
Observação. Quadriláteros como esse são chamados de pipas.

Fato Importante. Um quadrilátero é chamado de paralelogramo se ambos os pares


de lados opostos forem paralelos. Vamos mostrar que se um quadrilátero possui lados
opostos congruentes, então ele também é um paralelogramo, e de maneira recı́prioca,
um paralelogramo possui os lados opostos congruentes.

D C

A B

Demonstração. Traçamos a diagonal AC. Veja que ∆DAC =∼ ∆ABC pelo caso LLL. Desse
modo ∠BAC = ∠ACD, portanto AB k CD. Analogamente, temos ∠DAC = ∠ACD, e
assim AD k BC.
A demonstração de que um paralelogramo possui lados opostos congruentes utiliza a
mesma figura, mas as hipóteses agora são que AB k CD e AD k BC. Desse modo temos
que ∠BAC = ∠ACD e ∠DAC = ∠ACD. Assim sendo, ∆ABC ∼ = ∆CDA pelo caso ALA.

Problemas Introdutórios

Problema 3. Seja ABCD um quadrilátero convexo que possui dois lados opostos iguais e
paralelos. Mostre que ABCD é um paralelogramo.

Problema 4. Explique por que ALL não é um caso de congruência.

Problema 5. Mostre que um triângulo que tem duas alturas iguais é isósceles.

Problema 6. (OBM 2009 - 1a Fase) Na figura, P é um ponto da reta CD. A região cinza
é comum ao retângulo ABCD e ao triângulo ADP . Se AB = 5 cm, AD = 8 cm e a área
3
da região cinza é da área do retângulo, quanto vale a distância P C?
4

6
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A B

D C P

Problemas Propostos

Problema 7. (OBMEP 2005 - 1a Fase) A figura mostra um polı́gono ABCDEF no qual


dois lados consecutivos quaisquer são perpendiculares. O ponto G está sobre o lado CD e
sobre a reta que passa por A e E. Os comprimentos de alguns lados estão indicados em
centı́metros. Qual é a área do polı́gono ABCG?

D G C

2
F 6
E

A B
8

Problema 8. (OBMEP 2013 - 1a Fase) A figura representa um retângulo de 120 m2 de


área. Os pontos M e N são os pontos médios dos lados a que pertencem. Qual é a área da
região sombreada?

7
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Problema 9. (OBMEP 2011 - 2a Fase) Em todas as figuras desta questão, vemos um


triângulo ABC dividido em quatro partes; nesses triângulos, D é ponto médio de AB, E é
1
ponto médio de AC e F G mede BC
2
A

D E
I

H
B F G C

a) Os quadriláteros DJM A e ELN A são obtidos girando de 180◦ os quadriláteros


DHF B e EIGC em torno de D e E, respectivamente. Explique por que os pon-
tos M , A e N estão alinhados, ou seja, por que a medida do ângulo ∠M AN é igual
a 180◦ .
M A N
J
L
D E
I

H
B F G C

b) Na figura, o ponto K é a interseção das retas JM e LN . Explique por que os


triângulos F GI e M N K são congruentes.
K

M A N
J
L
D E
I

H
B F G C

Os itens acima mostram que HJKL é um retângulo formado com as quatro partes em que
o triângulo ABC foi dividido.
c) Mostre que LH = EF .

d) Na figura o triângulo ABC tem área 9 e HJKL é um quadrado. Calcule o compri-


mento de EF .

8
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M A N
J
L
D E
I

H
B C
F G

Problema 10. (OBM 2005 - 2a Fase) O canto de um quadrado de cartolina foi cortado
com uma tesoura. A soma dos comprimentos dos catetos do triângulo recortado é igual ao
comprimento do lado do quadrado. Qual o valor da soma dos ângulos α e β marcados na
figura abaixo?

27°
β

Problema 11. (OBM 2006 - 2a Fase) Seja ABC um triângulo retângulo em A. Considere
M e N pontos sobre a hipotenusa BC tais que CN = N M = M B. Os pontos X e Y são
tais que XA = AM e Y A = AN . Determine a área do quadrilátero XY BC, sabendo que
o triângulo ABC tem área 12 cm2 .
C

A B

Problema 12. Na figura a seguir ∆ABC é equilátero e AE = EB = BF = AD = CD de


modo que o ∆ABC é interno ao ∆DEF . Prove que ∆DEF é equilátero.

9
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E D
A

B C

Problema 13. (Teorema de Thébault) Seja ABCD um quadrado e ADE e DCF triângulos
equiláteros construı́dos exteriormente ao quadrado. Mostre que EBF é um triângulo
equilátero.

Problema 14. São construı́dos exteriormente ao triângulo ABC, os triângulos equiláteros


ABM , BCN , ACP . Prove que N A = BP = CM .

Problema 15. Seja ABC um triângulo, ABP Q e ACRS são quadrados construı́dos exter-
namente a este triângulo. Mostre que BS = QC.

Problema 16. (Rioplatense 2015) Seja ABCD um quadrado de centro O. São construı́dos
triângulos isósceles BCL e DCK externos ao quadrado com DK = KC = LC = LB. Seja
M o ponto médio de CL. Mostre que BK e OM são perpendiculares.

Problema 17. ABCD é um paralelogramo e ABF e ADE são triângulos equiláteros cons-
truı́dos exteriormente ao paralelogramo. Prove que F CE também é equilátero.

Problema 18. Quatro quadrados são construı́dos exteriormente nos lados de um paralelo-
gramo. Mostre que os centros destes quadrados também formam um quadrado.

Problema 19. (Cone Sul 1989) Seja ABECDF um hexágono (nesta ordem). De modo que
ABCD e AECF são paralelogramos. Mostre que BE k DF .

Problema 20. (Rioplatense 1995) Seja ABC um triângulo isósceles com AB = AC e


B ÂC = 36◦ . Desenhamos a bissetriz de AB̂C que corta AC em D e desenhamos também
a bissetriz de B D̂C que corta BC em P . Marca-se um ponto R na reta BC tal que B é o
ponto médio do segmento P R. Mostre que RD = AP .

Problema 21. (Rússia 1946) Dados três pontos A, B e C sobre uma reta, são construı́dos
triângulos equiláteros ABC1 e BCA1 no mesmo semi-plano em relação a reta dos pontos
A, B e C. Sejam M e N os pontos médios de AA1 e CC1 , respectivamente. Prove que o
triângulo BM N também é equilátero.

10
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Problema 22. (Inglaterra 1995) Seja ABC um triângulo retângulo em C. As bissetrizes


internas de ∠BAC e ∠ABC encontram BC e CA em P e Q, respectivamente. Sejam M
e N os pés das perpendiculares a partir de P e Q até AB, respectivamente. Encontre a
medida do ângulo ∠M CN .

Problema 23. (Maio 2013) Seja ABCD um quadrado de papel de lado 10 e P um ponto
sobre o lado BC. Ao dobrar o papel ao longo da reta AP , o ponto B determina o ponto
Q, como na figura a seguir. A reta P Q corta o lado CD em R. Calcular o perı́metro do
triângulo P CR.

B P C
Q

A D

Problema 24. No triângulo ABC (AB > AC) sejam BE e CF as alturas relativas aos
−−→
vértices B e C. Seja P sobre BE e Q sobre a extensão CF tais que BP = AC, CQ = AB.
Prove que AP e AQ são perpendiculares.

11
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Dicas e Soluções

3. Seja ABCD um quadrilátero com AB = CD e AB paralelo a CD. Pelo caso LAL, os


triângulos ABC e BCD são congruentes. Logo, AC = BD e ∠CAD = ∠ADB. Por-
tanto, o outro par de lados do quadrilátero são paralelos e iguais. Assim, concluı́mos
que ABCD é um paralelogramo.

A C

B D

4. Considere um triângulo isósceles BAC com BA = AC e um ponto sobre o prolon-


gamento da reta BC, mais próximo de B. Veja que os triângulos DBA e DAC são
tais que ∠ADB = ∠ADC, AD é compartilhado e AB = AC. Portanto, se encaixaria
em um possı́vel caso ALL. Porém, claramente percebemos que os triângulos não são
congruentes uma vez que CD > BC.

D B C

5. Sejam D e E os pés das alturas relativas aos vértices B e C, respectivamente. Em pri-


meiro lugar, veja que ∠ABD = ∠ACE = 90◦ − ∠BAC. Agora note que os triângulos
BEC e BDC são congruentes pelo caso cateto-hipotenusa. Logo, ∠DBC = ∠ECB.
Portanto, ∠ABC = ∠ACB e, pelo exercı́cio anterior, um triângulo com dois ângulo
iguais será isósceles.

E D

B C

12
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6. (OBM 2009 - 1a Fase) Traçando uma paralela a DC por Q, temos que [ABQ] =
[AQM ], já que suas bases e suas alturas terão a mesma medida. Logo Q é ponto
médio de BC, ou seja, BQ = QC. Os ângulos opostos pelo vértice Q são congruentes,
além disso os triângulos ABQ e QCP são retângulos. Dessa forma os triângulos ABQ
e QCP são congruentes pelo caso ALA e com isso, P C = AB = 5.

A B

D C P

7. (OBMEP 2005 - 1a Fase) A área pedida é igual a área do polı́gono ABCDEF menos
a soma das áreas dos triângulos retângulos AEF e DEG. A área do triângulo AEF
AF × EF 3×2
é = = 3 cm2 . Vamos agora calcular a área do triângulo DEG.
2 2
Para calcular DE prolongamos EF até o ponto H, obtendo assim os retângulos
ABHF e CDEH. Como os lados opostos de um retângulo são iguais, segue que
DE = CH = CB − BH = 6 − AF = 6 − 3 = 3. Como os lados AF e DE
são paralelos, então ∠EAF = ∠GED. Além disso AF = ED, logo os triângulos
AEF e DEG são congruentes (caso ALA) e portanto, têm a mesma área. A área
do retângulo ABHF é AD × AF = 8 × 3 = 24 cm2 , e a do retângulo CDEH é
DE × CD = 3 × (AB − EF ) = 3 × (8 − 2) = 18 cm2 . Portanto a área procurada é
24 + 18 − 2x3 = 36 cm2 . Alternativamente, a área do trapézio ABCG cuja altura é
BC = 6 e cuja as bases são AB = 8 e CG = CD − GD = 6 − 2 = 4 pode ser calculada
8+4
diretamente. Portanto a área é × 6 = 36 cm2 .
2

D G C

2
F 6
E H

A B
8

8. (OBMEP 2013 - 1a Fase) Na figura a seguir o segmento M N é perpendicular aos lados

13
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AB e CD, além disso, N D = M B já que tanto M quanto N são pontos médios.
Como os lados AB e CD são paralelos, temos que ∠N DO = ∠M BO, então os
triângulos ON D e OM B são congruentes pelo caso ALA. Em particular, OM = ON .
Os triângulos AM N e CN M são congruentes pelo caso LAL, já que AM = N C,
∠AM N = ∠CN M e M N é um lado comum. Em particular ∠AN M = ∠CM N . Os
ângulos marcados na figura à partir do centro O do retângulo são congruentes por
serem opostos pelo vértice. Finalmente, temos que os triângulos ON Q e OP M são
congruentes pelo caso ALA, e portanto possuem a mesma área. A área do quadrilátero
1
CP QN é então igual à área do triângulo CM N , que por sua vez é igual a da área
4
1 2
do retângulo, ou seja, igual a × 120 = 30 m .
4
D N C

A M B

9. (OBMEP 2011 - 2a Fase)


a) 1a solução - Na figura a seguir marcamos o ângulo em B do triângulo ABC
e o ângulo correspondente no polı́gono AM JD; marcamos o ângulo em C do
triângulo ABC e o ângulo correspondente do polı́gono AELN . Podemos ob-
servar na parte superior da figura que o ângulo ∠M AN é a soma desses dois
ângulos com o ângulo em A do triângulo ABC; como a soma dos ângulos inter-
nos de um triângulo é 180◦ , segue que ∠M AN = 180◦ . Logo M , A e N estão
alinhados.
M A N
J
L
D E
I

H
B F G C

2a solução - Observamos primeiro que AM é paralelo a BF , pois ele é obtido de


BF por meio de uma rotação de 180◦ ; do mesmo modo, AN é paralelo a CG.
Como BF e CG estão na mesma reta suporte e AM e AN tem o ponto A em
comum, segue que os pontos M , A e N estão alinhados.

14
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b) Na figura os ângulos marcados sem traço, com um traço, dois traços e três
traços são congruentes. Notamos agora que M N = M A + AN = BF + CG =
BC − F G = 2F G = F G = F G Segue pelo critério ALA que os triângulos F GI
e M N K são congruentes.
K

M A N
J
L
D E
I

H
B F G C

c) Na figura a seguir traçamos a base média DE do triângulo ABC. O teorema


1
da base média nos diz que DE é paralelo a BC e que DE = BC = F G. Segue
2
que os triângulos F GI e EHD são congruentes, pois são retângulos, tem os
ângulos verdes congruentes (pois são agudos de lados paralelos) e hipotenusas
congruentes. Em particular, temos F I = EH, donde F H = F I − HI = EH −
HI = EI. Logo, LH = LE + EI + IH = F H + HI + IE = EF .
M A N
J
L
D E
I

H
B F G C

d) A área do quadrado HJKL é igual à área do triângulo ABC, que é 9; logo o


lado do quadrado mede 3. Em particular, LH = 3 e segue do item anterior que
EF = 3.

10. (OBM 2005 - 2a Fase) Vamos denotar por A, B, C e D os vértices do quadrado e


por M N o corte efetuado. Como CM + CN = BC = CD, resulta que BM = CN
e DN = M C. Em conseqüência, os triângulos ADN e DCM são congruentes, o
mesmo ocorrendo com ABM e BCN (em cada caso, os triângulos são retângulos e
possuem catetos iguais). Logo, ∠DAN = ∠CDM = α e ∠BAM = ∠CBN = β.
Assim, α + β + 27◦ = 90◦ e α + β = 63◦ .

15
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A B
27°
β
M

D N C

11. (OBM 2006 - 2a Fase) Observe que os triângulos AXY e AN M são congruentes pelo
caso LAL, portanto ∠Y XA = ∠AM N . Assim, XY k M N e como XY = M N =
M C = N B, segue que os quadriláteros XY CM e XY N B são paralelogramos, como
2
A é ponto médio de XM e N Y temos que [AY C] = [BAX] = × 12 = 8. Logo,
3
8
[XY CB] = × 12 = 32.
3
12. Para mostrar que ∆DEF é equilátero, temos duas opções: mostrar que todos os seus
lados são congruentes; ou mostrar que todos seus ângulos internos são congruentes.
Vamos marcar todos os lados e ângulos congruentes para tentar enxergar qual caminho
é melhor. Como ∆ABC é equilátero, temos ∠CAB = ∠ABC = ∠BCA = 60◦ ,
além disso, por hipótese temos que AE = EB = BF = CF = AD = CD, desse
modo temos que ∆EAB ∼ = ∆F BC ∼ = ∆DCA por LLL. Em particular, os ângulos
correspondentes são congruentes nesses triângulos isósceles. Seja α a medida do
ângulo da base de cada um desses triângulos isósceles.
Para mostrar que ∆DEF é equilátero, podemos mostrar que ∆EAD ∼ = ∆F EB ∼ =
∆DF C obtendo que ED = DF = F E. Veja que nesses três triângulos isósceles, se
mostrarmos que os ângulos opostos à base são congruentes, temos as congruências
desses triângulos por LAL. Tomemos o vértice A, temos que ∠EAD + ∠EAB +
∠BAC + ∠CAD = 360◦ ⇔ ∠EAD + α + 60◦ + α = 360◦ ⇔ ∠EAD = 300◦ − 2α. De
modo análogo, fazemos o mesmo processo com os vértices B e C, mostrando assim
que ∆EAD ∼ = ∆F EB ∼ = ∆DF C por LAL, acarretando em ED = DF = F E, logo
∆DEF é equilátero.

16
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E D
A

B C

13. Por definição, AB = AE = ED = DF . Além disso, ∠EAB = ∠EDF = 150◦ .


Logo, ∆BAE ≡ ∆EDF (LAL). Consequente,ente, BE = EF . De modo análogo,
∆ABE ≡ ∆CBF ⇒ BE = BF . Assim, ∆BF E é equilátero.

A D

B C

14. Veja que os triângulos ∆AM C e ∆ABP são congruentes pelo caso LAL, pois AB =
AM e AC = AD e ∠M AC = ∠BAP . Assim, M C = BP . De modo análogo, também
provamos que o terceiro lado é igual a estes dois.

A
M

B C

17
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15. Note que ∆AQC ≡ ∆ABS (LAL), pois AB = AQ, ∠QAC = ∠BAS e AC = AS.
Como consequência, QC = BS.

Q
R
A

P C
B

16. Primeiramente, observe que ∆BLC ≡ ∆CKD (LLL). Sejam ∠LCB = ∠LBC =
∠KCD = ∠KDC = α. Se N é o ponto médio de KD, veja que ∆ODN ≡ OCM ,
pois M C = N D, OD = OC e ∠ODN = ∠OCM = α + 45◦ . Portanto, ∠N OD =
∠COM = β. Como ∠COD = 90◦ , segue que ∠N OM = 90◦ . Ou seja, ON ⊥ OM .
Por outro lado, ON k BK, pois ON é a base média do ∆DBK. Assim, OM ⊥ BK.

B C

K
O
A N
D

17. Seja ∠ABC = β. Assim, ∠ADC = β e ∠BAD = 180◦ − β. Além disso,


∠F AE = 360◦ − 60◦ − 60◦ − (180◦ − β) = 60◦ + β.
Agora veja que ∆EDC ≡ ∆AF E ≡ ∆BF C (LAL). Portanto, F C = CE = EF .

18
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F A D

B C

18. Sejam M , N , O e P os centros dos quadrados que estão sobre os lados AB, BC, CD
e DA, respectivamente. Seja ∠DAB = β. Assim, ∠DCB = β e ∠CBA = 180◦ − β.
Veja que ∠OCN = ∠N BM = 90◦ + β. Veja que ∆OCN ≡ ∆N BM (LAL). Logo,
∠BN M = ∠ON C = θ e M N = N O. Além disso, veja que ∠BN C = 90◦ . Portanto,
∠ON M = 90◦ . Por analogia, podemos demonstrar que todos os lados e todos os
ângulos do quadrilátero ON M P são iguais entre si.

P D C

B
N
A
M

19. Sejam ∠F AD = α, ∠DAC = β e ∠EAB = θ. Sejam também P o ponto de encontro


entre AD e CF ; e Q o ponto de encontro entre CB e AE. Note que AQCP é um
parelelogramo, pois tem dois pares de lados opostos paralelos. Assim, ∠P CQ = β.
Como ABCD é um parelelogramo, AD = CB, AB = CD e ∠P CD = θ. De forma
análoga, AECF é um paralelogramo, então AF = CE e ∠BCE = α.

19
POTI - Geometria - N1 - Aula 1 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Agora note que ∆F AD ≡ ∆BCE (LAL), logo BE = F D. Além disso, ∆DCE ≡


F AB (LAL), logo F B = DE. Podemo concluir que BEDF é um paralelogramo,
pois tem dois pares de lados opostos iguais. Portanto, BE k F D.

D C

F E

A B

20. Como ∆ABC é isósceles, ∠ABC = ∠ACB = 72◦ . Logo, ∆ABD é isósceles e BD =
DA. Sendo BD bissetriz, ∠ABD = ∠DBC = 36◦ . Sendo DP bissetriz, ∠BDP =
∠P DC = 36◦ . Logo, ∆BP D é isósceles e RB = BP = P D. Por último, veja que
∠RBD = ∠P DA = 180◦ − 36◦ = 144◦ . Assim, ∆RBD ≡ ∆P DA (LAL). Com isso,
AP = RD.

R B P C

21. Note que ABA1 ≡ CBC1 (pelo caso LAL). Assim, todas as medidas correspondentes
nos dois triângulos são congruentes. Em particular, BM = BN (as mediadas relativas
aos lados AA1 e CC1 são iguais) e ∠M BA1 = ∠N BC (pois são as medidas dos ângulos
entre as medianas e os lados correspondentes BA1 e BC). Dessa última igualdade
de ângulos, obtemos que ∠M BN = 60◦ . Portanto, ∆BM N é um triângulo isósceles
com ângulo de 60◦ .

20
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C1
A1
N
M

A B C

22. Seja ∠CAB = 2α. Note que ∆AM P ≡ ∆ACP (ALA), então AM = AC e com isso,
∠AM C = ∠ACM = 90◦ − α. De modo análogo, ∆QN B ≡ ∆QCB (ALA), logo
BC = BN e com isso, ∠CN B = ∠N CB = 45◦ + α. Agora olhando a soma dos
ângulos internos no triângulo ∆CN M , temos que ∠M CN = 45◦ .

23. Veja que ∆ABP ≡ ∆P QA (LAL). Logo, se BP = x, temos que P Q = x e P C =


10 − x. De forma análoga, ∆QRA ≡ ∆ARD (cateto-hipotenusa). Logo, se RD = Y ,
temos que RQ = y e CR = 10 − y. Portanto, o perı́metro do triângulo P CQ é 20.

24. Seja H o ponto de encontro entre as duas alturas. Seja ∠F BP = α. Logo, ∠F HB =


90◦ − α = ∠EHC. Daı́, ∠ECF = α. Com isso, ∆ACQ ≡ ∆AP B (LAL)1 .
Sendo ∠P AB = β, a congruência citada nos garante que ∠AQF = β. No ∆AF Q,
como ∠AF Q = 90◦ , segue que ∠F AQ = 90◦ − β. Portanto, ∠P AQ = 90◦ .

A
F

E
H
P
C B

1
Note que dessa congruência também podemos demonstrar que AQ = AP .

21
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Geometria - Nível 1
Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas
Aula 6

Teorema de Pitágoras

O objetivo desse capı́tulo é o de demonstrar e aplicar um dos teoremas mais importantes


da matemática: o teorema de Pitágoras.
Teorema de Pitágoras. Seja ABC um triângulo retângulo em C. Então,

AB 2 = BC 2 + CA2 .

S Z R

W
1−α
α
P X Q

Figura 1: Demonstração do Teorema de Pitágoras

Demonstração. Sejam AB = c, BC = a e CA = b as medidas dos lados do triângulo ABC,


retângulo em C. Construa um quadrado P QRS de lado a + b e considere pontos sobre os
lados deste quadrado de modo que P X = QY = RZ = SW = a como ilustrado na figura
(1). Dessa forma, os triângulos P XW , QY X, RZY e SW Z são todos congruentes ao
triângulo ABC. Portanto, os lados do quadrilátero XY ZW são iguais a c. Além disso, a
soma dos ângulos ∠W XP e ∠Y XQ é igual a 90◦ . De modo análogo, podemos concluir que
os demais ângulo do quadrilátero XY ZW são todos retos. Logo, XY ZW é um quadrado.
Agora, observe que a área do quadrado P QRS é igual à soma da área do quadrado XY ZW
com as áreas dos triângulos P XW , QY X, RZY e SW Z. Daı́, temos a seguinte equação:
ab
(a + b)2 = c2 + 4 · ⇒ c2 = a2 + b2 .
2
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Fato Importante: Seja ABC um triângulo equilátero tal que AB = BC = CA = `.


Então, √
`2 3
[ABC] = .
4

A B

Demonstração. Seja D o pé da altura relativa ao vértice A. Como ABC é equilátero, D é


ponto médio de BC. Seja AD = h a medida da altura. Aplicando o teorema de Pitágoras
no ∆ADC, temos
 2
` `2 3`2
h2 + = `2 ⇒ h2 = `2 − = .
2 4 4
√ √
` 3 h×` `2 3
Logo, h = 2 . Portanto, [ABC] = 2 = 4 .

Observação: Para resolver alguns dos problemas a seguir, talvez seja útil conhecer os
seguintes produtos notáveis:

(i) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2 ;

(ii) (a − b)2 = a2 − 2ab + b2 ;

(iii) a2 − b2 = (a + b)(a − b).

Problema 1. (OBM 2013 - 1a Fase) Seja ABC um triângulo retângulo em A. Seja D o


ponto médio de AC. Sabendo que BD = 3DC e que AC = 2, quanto mede a hipotenusa
do triângulo?

Solução.

A B

2
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Como AC = 2, temos que AD = DC = 1. Pelo teorema de Pitágoras no triângulo


DAB, temos AB 2 = 32 − 12 = 8. Novamente pelo Teorema
√ de Pitágoras, agora no
2 2 2
triângulo ABC, temos: BC = 2 + AB = 12 ⇔ BC = 12.

Problemas Introdutórios

Problema 2. (OBM 2007 - 1a Fase) O jardim da casa de Maria é formado por cinco
quadrados de igual área e tem a forma da figura abaixo. Se AB = 10 m, então qual é a
área do jardim em metros quadrados?

Problema 3. (OBMEP 2007 - 1a Fase) A figura mostra um triângulo retângulo ABC e três
triângulos retângulos congruentes sombreados. O lado BC tem comprimento 1 cm. Qual
é o perı́metro do triângulo ABC, em centı́metros?
C

1 cm

A B

Problema 4. (OBM 2004 - 1a Fase) No triângulo P QR, a altura P F divide o lado QR em


dois segmentos de medidas QF = 9 e RF = 5. Se P R = 13, qual é a medida de P Q?

Problemas Propostos

Problema 5. (OBM) Na figura abaixo ABCD é um quadrado de área 64cm2 e EF GH um


quadrado de área 36cm2 . Determine a área do quadrado CM HN .

3
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D C

H G
M
A B E F

Problema 6. Neste problema temos quatro itens, cada um correspondente a um dos quatro
desenhos da figura. Determine o valor dos segmentos pedidos.

a) Ache BC, sabendo que AB = 6, AD = 8, CD = 4, Â = D̂ = 90◦ .



b) Ache EI, sabendo que EF = 6, F G = 4, GH = 2, HI = 2 5, F̂ = Ĝ = Ĥ = 90◦ .

c) Ache JK, sabendo que JM = 9, M L = 10, KL = 17, Jˆ = K̂ = 90◦ .



d) Ache OQ, sabendo que N Q = 2 13, N P = 10, Q é ponto médio e Ô = 90◦ .

B E
I

A C
H
F G
D

J M N

K L O Q P

Problema 7. Nos lados AB e DC do retângulo ABCD, os pontos F e E são escolhidos de


modo que AF CE seja um losango. Se AB = 16 e BC = 12, ache EF .

4
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A F B

D E C

Problema 8. (OBM 2004 - 1a Fase) O perı́metro de um retângulo é 100 e a diagonal mede


x. Qual é a área desse retângulo em termos de x?
Problema 9. (OBMEP 2005 - 1a Fase) O topo de uma escada de 25 m de comprimento
está encostado na parede vertical de um edifı́cio. O pé da escada está a 7 m de distância da
base do edifı́cio, como na figura. Se o topo da escada escorregar 4 m para baixo ao longo
da parede, qual será o deslocamento do pé da escada?
da
esca

Problema 10. (OBM 2008 - 2a Fase) Um viajante, que se encontrava perdido na floresta,
andou 1 metro para o Leste, 2 metros para o Norte, 3 para o Oeste, 4 para o Sul, 5 para
o Leste, 6 para o Norte, · · · , 2006 metros para o Norte, 2007 para o Oeste e 2008 para o
Sul. Calcule, em metros, o valor inteiro mais próximo da distância entre as posições inicial
e final do viajante.
Problema 11. (OBM 2011 - 1a Fase) Seja XOY um triângulo retângulo com ∠XOY = 90◦ .
Sejam M e N os pontos médios de OX e OY , respectivamente. Dado que XN = 19 e
Y M = 22, determine a medida do segmento XY .
Problema 12. (Holanda 2008) No quadrilátero ABCD, AB = 3, BC = 4, CD = 5 e
DA = 6. Sabemos que ∠ABC = 90◦ , qual é a área do quadrilátero ABCD?
Problema 13. No triângulo ABC sabe-se que ∠ACB = 90◦ , AC = 20 e AB = 101. Seja
D o ponto médio de BC. Ache a área do triângulo ADB.
Problema 14. (OBM 2016 - 1a Fase) Considere o triângulo ABC a seguir tal que AB = 3,
AC = 4 e BC = 5. Sobre o lado BC, são marcados os pontos D e E de modo que BD = 1,
DE = 2 e EC = 2. Determine a medida do ângulo ∠DAE.

5
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B C
D E

Problema 15. (OBM 2012 - 2a Fase) Seja ABCD um retângulo tal que AD = 6 e DC = 8
. Construa um triângulo equilátero CED tal que E, A e B estão no mesmo semiplano
determinado pela reta CD. Determine a área do triângulo AEC.

Problema 16. (OBM 2015 - 2a Fase) João cortou os quatro cantos de uma folha retangular
e obteve o um octógono equiângulo ABCDEF GH, como mostra a figura abaixo.

G F


√ 4 2
5 2
E
H
3

√ √
A 3 2
2 2
7

B C

√ √ √ √
Sabendo que AB = 2 2, BC = 7, CD = 3 2, DE = 3, EF = 4 2 e GH = 5 2,
determine a área desse octógono.

Problema 17. (OBMEP 2017 - 1a Fase) Na figura, os ângulos ∠ABC e ∠BCD medem
120◦ , o ângulo ∠BAD é reto e os segmentos BC e CD medem 4 cm e 8 cm, respectivamente.
Qual é a área do quadrilátero ABCD em cm2 ?

6
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8 cm

120° C

4 cm
120°

A B

Problema 18. (OBMEP 2013 - 1a Fase) Uma escada com 2, 9 metros de comprimento e
uma articulação central C possui a extremidade B fixa no chão e a extremidade A móvel,
conforme a figura. A escada, inicialmente estendida no chão, foi dobrada de tal forma que
a extremidade A deslizou 2 centı́metros. A quantos centı́metros do chão ficou a articulação
C?

Problema 19. (Holanda 2009) Na figura a seguir, temos três quadrados de lado 1 e dois
triângulos equiláteros. Determine o lado do triângulo equilátero maior.

1 1
1

Problema 20. (Olimpı́ada de Maio 2006) Um retângulo de papel 3cm × 9cm é dobrado
ao longo de uma reta, fazendo coincidir dois vértices opostos. Deste modo se forma um
pentágono. Calcular sua área.
Problema 21. Seja ABCD um quadrado de lado 28. Seja P um ponto no seu interior e E
um ponto no lado CD de modo que AP = BP = P E e que CD e P E sejam perpendiculares.
Ache AP .
Problema 22. Seja P um ponto no interior do retângulo ABCD. Se P A = 2, P B = 3 e
P C = 10, ache P D.

7
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Problema 23. No interior do quadrado ABCD são escolhidos dois pontos E e F de modo
que AE = F C = 7, EF = 2 e ∠AEF = ∠EF C = 90◦ .

a) Mostre que AECF é um paralelogramo.

b) Determine a área do quadrado ABCD.

Problema 24. (China 1995) No triângulo ABC, ∠A = 90◦ , AB = AC e D é um ponto


sobre BC. Prove que BD2 + CD2 = 2AD2 .

Problema 25. (Fórmula da Mediana) Em um triângulo ABC, AM é a mediana relativa


ao vértice A. Prove que
AB 2 + AC 2 = 2(AM 2 + BM 2 ).

Problema 26. Seja ABC um triângulo acutângulo e K um ponto no seu interior. Sejam
P , Q e R os pés das alturas de K até os lados BC, CA e AB, respectivamente. Mostre que

AQ2 + BR2 + CP 2 = AR2 + BP 2 + CQ2 .

Problema 27. (OBMEP 2006 - 1a Fase) No triângulo ABC, o comprimento dos lados AB,
BC e CA, nessa ordem, são números inteiros e consecutivos. A altura relativa a BC divide
este lado em dois segmentos de comprimentos m e n, como indicado. Quanto vale m − n?
A

B C
n m

Problema 28. (OBM 2007 - 3a Fase) Seja ABC um triângulo retângulo isósceles. K e M
são pontos sobre hipotenusa AB, com K entre A e M , e o ângulo ∠KCM = 45◦ . Prove
que AK 2 + M B 2 = KM 2 .

8
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Dicas e Soluções

2. (OBM 2007 - 1a Fase) A área do jardim é 5a2 , onde a é o lado do quadrado. Pelo
Teorema de Pitágoras, AB 2 = a2 + (2a)2 = 5a2 . Daı́, 5a2 = 100, que é a área do
jardim.
Observação: também é possı́vel resolver o problema sem usar o Teorema de Pitágoras,
formando o quadrado de lado AB e observando que sua área é equivalente à de 5
quadrados menores.

3. (OBMEP 2007 - 1a Fase) Como os triângulos sombreados são congruentes, os seg-


mentos AP e P C da figura medem ambos 1 cm. Logo os catetos do triângulo ABC
medem 1 cm 2 2 2
√ e 2 cm, e o teorema de Pitágoras nos diz que AB = 1√+ 2 = 5.√Segue
que AB = 5 cm , donde o perı́metro do triângulo ABC é 1 + 2 + 5 = 3 + 5 cm.
C
1 cm

1 cm
1 cm P

A B

4. (OBM 2004 - 1a Fase) A figura do problema é a seguinte:


P

13

. .
Q 9 F 5 R

Pelo teorema de Pitágoras, P F 2 + 52 = 132 e P Q2 = 122 + 92 ⇔ P Q = 15.

5. Veja que BC = 8 e HE = 6. Além diss, se ∠BCM = α, então ∠CM B = 90 − α


e ∠HM E = α. Sendo CM = M H, veja que ∆CBM ≡ ∆M HE (caso LAAo ).
Portanto, BM = 6. Usando o teorema de Pitágoras no ∆CBM , temos que

CM 2 = 64 + 36 = 100.

Concluı́-se que [M HN C] = 100cm2 .



6. (a) 116.

(b) 76.
(c) 6. Trace uma paralela a JK passando por M .

9
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(d) 4. Monte um sistema com duas variáveis.


7. Seja F B = DE = x. Nesse caso, AF = 16 − x. Como AF CE é um losango,
F C = 16 − x. Aplicando o teorema de Pitágoras no ∆F BC, temos:
(16 − x)2 = x2 + 122 ⇒ 256 − 32x + x2 = x2 + 144 ⇒ 32x = 112.
Logo, x = 3, 5. Agora seja H o pé da altura desenhada de F até EC. Veja que
HC = 3, 5 e EC = 12, 5. Logo, EH = 12, 5 − 3, 5 = 9. Aplicando o teorema de
Pitágoras no ∆EHF , temos:
EF 2 = 92 + 122 = 225 ⇒ EF = 15.

8. (OBM 2004 - 1a Fase) Sejam a e 50 − a os lados do retângulo. A área é (50 − a) · a


= 50a − a2 .

x
a
.
50 – a

Pelo teorema de Pitágoras, x2 = (50 − a)2 + a2 ⇔ x2 = 2500 − 100a + 2a2 ⇔


x2
50a = 1250 + a2 − . Deste modo, substituı́mos 50a na área do retângulo e obtemos
2
x2 x2
50a − a = 1250 + a2 −
2 − a2 = 1250 − .
2 2
9. (OBMEP 2005 - 1a Fase) Considere o triângulo retângulo cuja hipotenusa é a escada
que mede 25 m, um dos catetos é o segmento ligando o pé da escada à base do
edifı́cio, que mede 7 m, e o outro cateto é o segmento da parede do edifı́cio que une
o topo da escada ao solo. O comprimento x deste último cateto pode ser calculado
imediatamente a partir do Teorema de Pitágoras: temos 252 = 72 + x2 e obtemos
x = 24 m. Quando o topo da escada escorrega 4 m para baixo, obtemos um novo
triângulo retângulo, cuja hipotenusa mede 25 m e um dos catetos mede 24 − 4 = 20
m. O outro cateto y deste triângulo é determinado, outra vez, pelo Teorema de
Pitágoras: temos 252 = 202 + y 2 e segue que y = 15 m. Logo, o deslocamento do pé
da escada será de 15 − 7 = 8 m.
10. (OBM 2008 - 2a Fase) O deslocamento lı́quido do viajante na direção Leste-Oeste
foi de (1 − 3) + (5 − 7) + · · · + (2005 − 2007) = (−2) + (−2) + · · · + (−2), onde o
termo (−2) aparece 502 vezes, portanto o deslocamento lı́quido é 502 · (−2) = −1004.
Analogamente, o deslocamento lı́quido na direção Norte-Sul foi de −1004. Portanto,
pelo teorema
√ de Pitágoras a distância
√ entre as posições inicial√e final do viajante
2 2
√ 1004 + 1004 = 1004 2. Observe agora que, como 2 ≈ 1, 414, temos
é d =
1004 2 ≈ 1419, 656. Para ter certeza se estamos √ usando uma aproximação boa
o suficiente, basta checar se 1419, 5 < 1004 2 < 1420, quer dizer, se 1419, 52 <
1004 · 2 < 14202 . Mas é fácil efetuar os cálculos e verificar que essas desigualdades
realmente se verificam. Logo, a melhor aproximação pedida é 1420 metros.

10
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11. (OBM 2011 - 1a Fase) Considere o seguite desenho do problema.

O l N l Y

Pelo teorema de Pitágoras nos triângulos XON e M OY temos p2 + 4l2 = 222 e


l2 + 4p2 = 192 . Somando essas duas equações obtemos 5(p2 + l2 ) = 222 + 192 ⇔
222 + 192
p2 + l 2 = . Por outro lado temos que XY 2 = (2p)2 + (2l)2 = 4(p2 + l2 ).
5
4
Substituı́ndo a equação anterior nessa última expressão ficamos com XY 2 = (222 +
5
192 ) = 262 ⇔ XY = 26.

12. Seja M o ponto médio de AD, logo DM = M A = 3. Como o triângulo ABC é


retângulo, pelo teorema de Pitágoras, AC 2 = 32 + 42 ⇒ AC = 5. Assim, ∆DCA é
isósceles. Logo, CM é perpendicular a AD. Agora veja que ∆DM C ≡ ∆CM A ≡
∆ABC, pelo caso cateto-hipotenusa. Assim,
4×3
[ABCD] = 3 × [ABC] = 3 × = 18.
2

D 5
C
3

4
3

A 3 B

13. Seja BC = x. Pelo Teorema de Pitágoras,

1012 = 202 + x2 ⇒ (101 − 20)(101 + 20) = x2

121 · 81 = x2 ⇒ x = 99.
20·99
Logo, [ABC] = 2 = 990 e [ADB] = 495.

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14. (OBM 2016 - 1a Fase) Sejam p e q as medidas dos ângulos ∠BAD e ∠EAC, res-
pectivamente. Como BA = BE, segue que ∠ABE = ∠BAE = p + x. Ana-
logamente, como AC = DC, temos ∠DAC = ∠ADC = x + q. Pela recı́proca
do Teorema de Pitágoras, como é verdade que BC 2 = AB 2 + AC 2 , segue que
p + q + x = ∠BAC = 90◦ . Finalmente, analisando a soma dos ângulos do triângulo
DAE, temos 180◦ = (p + x) + x + (q + x) = 90◦ + 2x, ou seja, x = 45◦ .

15. (OBM 2012 - 2a Fase)

E
A B

D C
F

Comecemos traçando a altura de EF relativa ao lado DC. Como o triângulo é


equilátero, a altura também será a mediana, ou seja, DF = F C = 4. Usando
√ o
teorema 2 2 2 2
de Pitágoras temos EF + CF = EC ⇔ EF = 64 − 16 ⇔ EF = 48 =

4 3.
Agora para achar a área do AEC, temos [AEC] √ = [AECD]√− [ACD] ⇔ [AEC] =
(6 + 4 3) · 4 4 · 4 3 6 · 8
[AEF D] + [ECF ] − [ACD] ⇔ [AEC] = + − ⇔ [AEC] =
√ 2 2 2
16 3 − 12

16. (OBM 2015 - 2a Fase) Os ângulos internos de um octógono equiângulo são iguais
(8 − 2) · 180◦
a = 135◦ . Assim, prolongando AH, BC, DE e F G, obtemos um
8
retângulo subtraı́do de quatro triângulos retângulos isósceles.

12
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G F


√ 4 2
5 2
E
H
3

√ √
A 3 2
2 2 3
7

2 3
B C

Pelo Teorema de Pitágoras, em um triângulo retângulo isósceles de lado l temos que


sua
√ hipotenusa
√ x é tal que x2 = l2 + l2 = 2l2 , ou seja, a hipotenusa mede x =
2
2l = l 2. Portanto os lados dos triângulos retângulos isósceles cujas hipotensuas
são AB, CD, EF e GH medem 2, 3, 4 e 5, respectivamente. Assim, o retângulo
possui lados 2 + 7 + 3 = 12 e 3 + 3 + 4 = 10, e a área do octógono ABCDEF GH é
22 32 42 52
10 · 12 − − − − = 93.
2 2 2 2
17. (OBMEP 2017 - 1a Fase) Prolongando-se dois lados do quadrilátero, obtemos um
triângulo equilátero de lado 4 cm e um triângulo retângulo grande DAE que é metade
de um triângulo equilátero de lado 12 cm, como indicado na figura.

30° 30°

8 cm

120° C
60°
4 cm 4 cm
120°
60° 60° 60°
A B 4 cm E

13
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3l
Pelo Teorema de Pitágoras, a altura de um triângulo equilátero de lado l é h = .
√ √ 2
6 · 6 3 16 3 √
Logo, [ABCD] = [DAE] − [CBE] = − = 14 3 cm2 .
2 4
18. (OBMEP 2013 - 1a Fase) Suponhamos que a escada tenha comprimento AB = x . Na
figura, os pontos A1 e D indicam, respectivamente, as posições dos pontos A e C após
o movimento. Como C é o ponto médio de AB, o triângulo A1 BD é isósceles com
x
A1 B = x − 2 e A1 D = BD = . A distância h = DE do ponto D ao chão pode então
2
 x 2  x − 2 2 √
2
ser calculada pelo teorema de Pitágoras como h = + ⇔ h = x − 1.
√ 2 2
No problema, temos x = 290 cm e então h = 289 = 17 cm.

19. Marque os pontos A, P e D na figura. Note que o triângulo AP D é metade de


◦ ◦ ◦
√ − 60 − 90 . Daı́, se P D = 1, então
um triângulo equilátero, pois tem ângulos 30
AP =√ 2. Pelo teorema de Pitágoras, AD = 3. Portanto, o lado do triângulo maior
será 2 3 + 1.

1 1
1

20. Seja ABCD o retângulo e ABEF D0 o pentágono formado ao dobrar o papel como
é mostrado na figura (2). Por construção, sabemos que AD0 = 3 e que o triângulo
AD0 E é retângulo em D0 . Sendo D0 E = x, devemos ter AE = 9 − x. Agora, usando
o Teorema de Pitágoras no triângulo AD0 E, obtemos que:

(9 − x)2 = x2 + 32

81 − 18x + x2 = x2 + 9 ⇒ x = 4.
Pontando, a área de AD0 E é igual a 6. Além disso, AEF B e EDCF são congruentes,
pois EF é mediatriz da diagonal AC. Com isso, a área do quadrilátero AEF B é
metade da área do retângulo ABCD e, portanto, igual a 13, 5. E como ABF e AD0 E
são congruentes, a área do pentágono será igual a 13, 5 + 6 = 19, 5.

14
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D0
A E D

B F C

Figura 2: Olimpı́ada de Maio 2006.

21. Seja F o pé da altura de P até o lado BC. Seja P E = P B = x. Como CF = x,


temos que BF = 28 − x. Além disso, P F = EC = 14. Aplicando o teorema de
Pitágoras no ∆P F B, temos:

x2 = (28 − x)2 + 142 ⇒ x2 = x2 − 56x + 282 + 142 ⇒ 56x = 980 ⇒ x = 17, 5.

A B

P
F

D E C

22. Sejam E, F, G, H pontos sobre os lados do retângulo de modo que EF e HG sejam


dois segmentos paralelos aos lados AB e BC e que passam pelo ponto P . Sejam
AE = BF = x e ED = F C = y. Aplicando o teorema de Pitágoras nos triângulos
AP E e EP D temos AP 2 = P E 2 + x2 e P D2 = P E 2 + y 2 . Subtraindo essas duas
equações, temos que
AP 2 − P D2 = x2 − y 2 .
De modo análogo,
BP 2 − P C 2 = x2 − y 2 .
Igualando essas duas equações, temos:

AP 2 − P D2 = BP 2 − P C 2

Substituindo os valores informados pelo enunciado, concluı́mos que



P D2 = 22 − 32 + 102 ⇒ P D = 95.

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A E D

P
H G

B F C

23. Veja AECF tem dois lados paralelos e iguais (AE e CF ). Portanto, é um paralelo-
gramo. Logo, suas diagonais AC e EF cortam-se mutualmente ao meio. Seja M o
ponto de encontro dessas diagonais. Veja que M F = 1. Pelo teorema de Pitágoras
aplicado no ∆M F C, temos que

CM 2 = 72 + 12 = 50 ⇒ CM = 50.

Como AC = 2 · CM , então AC = 2 50. Agora seja ` a medida do lado do quadrado
ABCD. Usando Pitágoras no ∆ABC, temos que
AC 2 = `2 + `2 ⇒ 200 = 2`2 ⇒ `2 = 100.
Porém, sabemos que [ABCD] = `2 = 100.

D C

E
M
F

A B

24. Suponha sem perda de generalidade que D está mais próximo de C do que de B. Seja
M o ponto médio de BC. Como o triângulo ABC é isósceles, AM também é altura.
Sendo ∠CBA = ∠ACB = 45◦ , o triângulo AM B é isósceles. De modo análogo, ACM
também é isósceles. Portanto, AM = M B = M C. Seja x = AB = AC. Usando √o
teorema de Pitágoras no triângulo ABC, 2 2 2
temos que CB = x +x . Logo, CB
√ √ = x 2.
Sendo M o ponto médio, M B = x 2 2 . Consequentemente, M A = M C = x 2 2 . Agora
seja y = DM , temos que:
√ √ !2
x 2 2 x 2
CD = CM − DM = − y ⇒ CD = −y ,
2 2

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√ √ !2
x 2 x 2
BD = BM + DM = + y ⇒ BD2 = +y .
2 2
Somando essas duas equações obtemos:
√ !2 √ !2 
x2 √ √
  2 
2 2 x 2 x 2 2 x
CD +BD = −y + +y = − xy 2 + y + + xy 2 + y = x2 +2y 2
2
2 2 2 2

Por outro lado, usando o teorema de Pitágoras no triângulo ADM , temos:


√ !2
2 2 2 2 x 2 x2
AD = DM + AM = y + = y2 + .
2 2

Multiplicando a última equação por 2 e comparando com o valor encotrando para


CD2 + BD2 , chegamos à identidade do problema.

A B

25. Seja D o pé da altura relativa ao vértice A. Suponha, sem perda de generalidade,
que D está mais próximo de B do que de C. Usando o teorema de Pitágoras nos
triângulos ABD e ADC, temos:

AB 2 = AD2 + BD2 ,

AC 2 = AD2 + AD2 .
Somando essas duas, temos que

AB 2 + AC 2 = 2AD2 + BD2 + DC 2 . (1)

Por outro lado, BD = M B − DM e DC = M C + M D. Assim,

BD2 + DC 2 = (M B − DM )2 + (M C + M D)2 =

= (M B 2 − 2M B · DM + DM 2 ) + (M C 2 + 2M C · DM + DM 2 )
MA
Como M é ponto médio de BC, M B = M C = 2 . Portanto,

BD2 + DC 2 = 2BM 2 + 2DM 2 .

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Substituindo em 1, temos que

AB 2 + AC 2 = 2AD2 + 2BM 2 + 2DM 2 .

Por outro lado, no triângulo ADM , temos que AM 2 = AD2 + DM 2 . Substituindo


essa relação na equação anterior, chegamos à identidade que estávamos buscando.

B D M C

26. Vamos dividir a demonstração em dois passos. No primeiro passo, vamos utilizar o
teorema de Pitágoras no triângulos KP C, KAQ e KRB:

KC 2 = KP 2 + P C 2 ,

KA2 = KQ2 + AQ2 ,


KB 2 = KR2 + BR2 .
Somando essas três equações obtermos

KA2 + KB 2 + KC 2 = (KP 2 + KQ2 + KR2 ) + (AQ2 + BR2 + P C 2 ).

No segundo passo, vamos utilizar o teorema de Pitágoras no triângulos KQC, KRA


e KBP :
KC 2 = KQ2 + QC 2 ,
KA2 = KR2 + AR2 ,
KB 2 = KP 2 + BP 2 .
Somando essas três equações obtermos

KA2 + KB 2 + KC 2 = (KP 2 + KQ2 + KR2 ) + (AR2 + BP 2 + QC 2 ).

Comparando as duas equações que destacamos, chegamos à identidade do problema.

18
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R Q

B P C

27. (OBMEP 2006 - 1a Fase) Colocando AB = x temos BC = x + 1 e AC = x + 2. Seja


AH = h a altura relativa a BC.
A

x h x+2

n H m
B C
x+1

Aplicando o Teorema de Pitágoras aos triângulos ABH e AHC obtemos n2 +h2 = x2


e (x + 2)2 = m2 + h2 . Segue que h2 = x2 − n2 e h2 = (x + 2)2 − m2 , donde
(x + 2)2 − m2 = x2 − n2 , ou seja, (x + 2)2 − x2 = m2 − n2 . Usando a identidade
a2 − b2 = (a + b)(a − b) obtemos então (x + 2 + x)(x + 2 − x) = (m + n)(m − n)
Como m + n = x + 1 segue que 2(2x + 2) = (m − n)(m + n), segue que, donde
4(x + 1) = (m − n)(x + 1). Como x + 1 6= 0 podemos dividir ambos os membros desta
última expressão por x + 1 e obtemos finalmente m − n = 4.

28. (OBM 2007 - 3a Fase)

19
POTI - Geometria - N1 - Aula 6 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

45°
K

a
45°
ß 45°
C a B ≡ A´

Girando o ∆AKC em torno de C, até A0 ≡ B , temos o ∆CK 0 A0 (ou ∆CK 0 B ) em que


∠CA0 K 0 = ∠CAK = 45◦ , então ∆M BK 0 é reto. Sendo ∠ACK = a e ∠M CB = b,
∠BCK 0 = ∠ACK = a. Como ∆ABC é retângulo, e a hipotenusa é AB, ∆ACB é
reto. Então a + b + 45◦ = 90◦ ⇔ a + b = 45◦ . Como KC = KC 0 ; ∠M CK 0 = a + b =
45◦ = ∠KCM e como ∆M CK e ∆M CK 0 são congruentes (caso LAL), então todos
os seus ladas e ângulos são iguais. Assim, KM = K 0 M . ∆ACK é congruente com
∆A0 CK 0 , por construção. Então AK = A0 K 0 = BK 0 . ∆M KB 0 (ou ∆M K 0 A0 ) é
retângulo. Então, pelo teorema de Pitágoras, temos: M B 2 + BK 02 = M K 02 e como
BK 0 = A0 K 0 = AK e M K 0 = KM , temos finalmente que AK 2 + M B 2 = KM 2 .

20
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Geometria - Nível 1
Prof. Bruno Holanda & Emiliano Chagas
Aula 7

Semelhança & Segmentos Proporcionais

Neste capı́tulo, apresentaremos algumas estratégias para resolver problemas que en-
volvem razão de segmentos. Uma forma comum de trabalhar com razões de segmentos é
através de triângulos semelhantes.

Definição: Dois triângulos ABC e XY Z são semelhantes se e somente se for possı́vel


construir uma relação entre os vértices do primeiro com os vértices do segundo de modo
que todos os ângulos correspondentes seja iguais (∠ABC = ∠XY Z, ∠BCA = ∠Y ZX
e ∠CAB = ∠ZXY ) e que os lados correspondentes sejam proporcionais:

AB BC CA
= = = λ.
XY YZ ZX
Além disso, λ é chamada razão de semelhança.

Notação: Utilizaremos o sı́mbolo (∼) para denotar dois triângulos semelhantes. Por
exemplo, neste caso, ∆ABC ∼ ∆XY Z. Veja também que dois triângulos semelhantes
serão congruentes quando λ = 1.

Para provar que dois triângulos são semelhantes, temos três casos:

I. Dois ângulos correspondentes iguais. Assim,

[∠ABC = ∠XY Z e ∠BCA = ∠Y ZX] ⇒ ∆ABC ∼ ∆XY Z.

II. Dois pares de lados correspondentes proporcionais e o ângulo entre eles


igual. Assim,
 
AB BC
∠ABC = ∠XY Z e = ⇒ ∆ABC ∼ ∆XY Z.
XY YZ

III. Todos os pares de lados correspondentes proporcionais. Assim,


AB BC CA
= = ⇒ ∆ABC ∼ ∆XY Z.
XY YZ ZX
POTI - Geometria - N1 - Aula 7 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

Quando temos dois triângulos semelhantes, todos os segmentos correspondentes nos


dois triângulos serão proporcionais e todos os ângulos correspondentes serão iguais. Por
exemplo, se ∆ABC ∼ ∆XY Z e M é o ponto médio de BC e K é o ponto médio de Y Z,
AN
então ∠AM B = ∠XKY e XK = BC
Y Z = λ. Propriedades análogas podem ser deduzidas
para quaisquer segmentos ou ângulos correspondentes em dois triângulos semelhantes.

Y K Z

B M C

Fato importante. Se ∆ABC ∼ ∆XY Z, então:


 2
[ABC] AB
= = λ2 .
[XY Z] XY

Ou seja, a razão entre as áreas é o quadrado da razão de semelhança.

Demonstração. Seja H o pé da altura relativa ao vértice A até o lado BC e seja T o


pé da perpendicular de X até o lado Y Z. Pela semelhança, AH BC
XT = Y Z . Multiplicando os
BC
dois lados dessa equação por Y Z , obtemos:
 2
AH × BC BC
= .
XT × Y Z YZ

Por outro lado, [ABC] = AH×BC


2 e [XY Z] = XT ×Y
2
Z
. Calculando a razão entre essas duas
últimas igualdades, chegamos à identidade do enunciado.

Outra forma de utilizar segmentos proporcionais é através do Teorema de Tales:

Teorema de Tales: Sejam r, s e t três retas paralelas e sejam u e v duas transversais


que determinam sobre as retas r, s e t os pontos A, B, C e D, E, F , respectivamente
(Figura 1). Então
AB DE
= . (1)
BC EF

2
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Figura 1: três retas paralelas cortadas por duas transversais em segmentos proporcionais.

Caso o leitor esteja interessado na demonstração do Teorema de Tales, recomendamos a


leitura do livro Tópicos de Matemática Elementar - Volume 2, Geometria Euclidiana Plana,
do autor Antônio Caminha Muniz Neto. Agora iremos demonstrar dois fatos importantes:

Teorema da bissetriz interna (TBI): Seja ABC um triângulo e P o pé da bissetriz


do ângulo ∠BAC. Então,
AB AC
= .
BP CP

B P C

Demonstração. Seja Q um ponto sobre o prolongamento CA tal que AQ = AB. Como


ABQ é isósceles, ∠AQB = ∠ABQ = α. Assim, ∠BAC = 2α e ∠BAP = ∠P AC = α.
Portanto, AP k BQ. Assim, pelo teorema de Tales:

PC BP AB AC
= ⇒ = .
AC AQ BP CP
Observação. Também podemos demonstrar que a recı́proca do teorema da bissetriz
interna é verdadeiro. Ou seja, que se P é um ponto sobre o lado BC do ∆ABC tal que
AB AC
BP = CP , então P é o pé da bissetriz do ∠BAC. Para isso, utilize a mesma construção e
a recı́proca do teorema de Tales.

3
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Fato importante: Sejam M e N os pontos médios dos lados AC e AB do triângulo


ABC. Seja G o ponto de interseção entre BM e CN . Então:
BC
(a) M N = 2 e M N k AB.
MG NG
(b) GB = GC = 12 .

N M

G
B C

Demonstração. Por definição de ponto médio, AN AM


AB = AC . Logo, ∆AM N ∼ ∆ABC.
BC
Dessa forma, M N = 2 e ∠AN M = ∠ABC (consequentemente, M N k AB). Sendo M N
e BC paralelas, ∠M N G = ∠GCB. Além disso, ∠N GM = ∠BGC, pois são opostos pelo
vértice. Daı́, ∆N GM ∼ ∆BGN . Com isso, mostramos que
MG NG MN 1
= = = .
GB GC BC 2
Observação. A partir do resultado anterior, podemos demonstrar que as três medianas
de um triângulo são concorrentes. De fato, seja R o ponto médio de BC e seja G0 o ponto
G0
de encontro de AR e CN . Pelo resultado que demonstramos, N 1
G0 C = 2 . Pela unicidade da
razão de um segmento, G ≡ G . 0

N M
G0
G
B R C

4
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Problemas Introdutórios

Problema 1. No triângulo ABC, ∠BAC = 90◦ e AH é a altura relativa à hipotenusa.


Mostre que AH 2 = BH × HC.

A B

Problema 2. (OBM 2010 - 1a Fase) No triângulo ABC, ∠BAC = 140◦ . Sendo M o ponto
médio de BC, N o ponto médio de AB e P o ponto sobre o lado AC tal que M P é
perpendicular a AC, qual é a medida do ângulo NMP?

Problema 3. (OBM 2007 - 1a Fase) Uma mesa de bilhar tem dimensões de 3 metros por
6 metros e tem caçapas nos seus quatro cantos P , Q, R e S. Quando uma bola bate na
borda da mesa, sua trajetória forma um ângulo igual ao que a trajetória anterior formava.

R Q

S P

Uma bola, inicialmente a 1 metro da caçapa P , é batida do lado SP em direção ao lado


P Q, como mostra a figura. A quantos metros de P a bola acerta o lado P Q se a bola cai
na caçapa S após duas batidas na borda da mesa?

Problema 4. (OBMEP 2013 - 1a Fase) Na figura, as retas DE e DF são paralelas, respec-


tivamente, aos lados AC e BC do triângulo ABC. Os triângulos ADF e DBE têm áreas
16 e 9, respectivamente. Qual é a área do quadrilátero CF DE?

5
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Problemas Propostos

Problema 5. Na figura abaixo, ABC é um triângulo e X, Y, Z são pontos sobre os lados


BC, CA, AB, respectivamente. Sabendo que AX, BY, CZ são paralelos, prove que:
1 1 1
= + .
AX BY CZ

Y
A

B X C

Problema 6. (OBM 2015 - 1a Fase) Na figura, os quadrados ABGH e CDEF têm lados
de medidas 4 e 6 cm, respectivamente. O ponto P pertence à reta contendo os pontos B,
C, G, e F , sendo C o ponto médio do lado BG. A semirreta AP divide a figura formada
pelos dois quadrados em duas regiões, uma branca e uma cinza. Para que essas duas regiões
tenham áreas iguais, qual deve ser o valor de x = CP ?

6
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A B

C D

P
x

H G

F E

Problema 7. (OBM 2010 - 1a Fase) Uma figura no formato de cruz, formada por quadrados
de lado 1, está inscrita em um quadrado maior, cujos lados são paralelos aos lados do
quadrado tracejado, cujos vértices são vértices da cruz. Qual é a área do quadrado maior?

Problema 8. (OBM 2016 - 1a Fase) Na figura a seguir, AEF G e ABCD são quadrados
e o ponto E está na reta CD. Além disso, M é o ponto médio do segmento CD e C é o
ponto médio do segmento M E. Sabendo que o quadrado ABCD possui lado 6, determine
a razão entre as áreas do quadrilátero CHAM e do quadrado AEF G.

D M C
E

A B

Problema 9. (OBM 2006 - 1a Fase) Na figura a seguir, ABC é um triângulo qualquer e

7
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ACD e AEB são triângulos equiláteros. Se F e G são os pontos médios de EA e AC,


BD
respectivamente, a razão vale?
FG
D

A
F
E
G

B C

Problema 10. (OBM 2014 - 2a Fase) No desenho abaixo, o triângulo ABC é equilátero e
AB EG
BD = CE = AF = . Determine a razão .
3 GD

A B
D

Problema 11. (OBM 2009 - 2a Fase) Na figura abaixo, ABCD e EF GH são quadrados de
lado 48 cm. Sabendo que A é o ponto médio de EF e G é o ponto médio de DC, determine
a área destacada em cm2 .
E

A L B

H
F
K

D G C

8
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Problema 12. (OBM 2004 - 2a Fase) Uma folha de papel retangular ABCD foi dobrada
de modo que o vértice B foi levado no ponto B 0 sobre o lado AD. A dobra é EF , com E
sobre AB e F sobre CD. Sabe-se que AE = 8, BE = 17 e CF = 3.

a) Calcule a medida do segmento AB 0 .

b) Calcule a medida do lado AD.

C0
D F C

B0

A B
E

Problema 13. (OBMEP 2016 - 1a Fase) Dois triângulos retângulos, ambos com catetos de
medidas a e b , com a > b , são sobrepostos como na figura. Qual é a área do quadrilátero
sombreado em termos de a e b?

Problema 14. (OBMEP 2016 - 1a Fase) Na figura, ABEF é um retângulo e BC = CD =


DE. Qual é a razão entre as áreas do pentágono CDGHI e do retângulo ABEF ?

A F

I G

B C D E

9
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Problema 15. (OBMEP 2014 - 1a Fase) O paralelogramo ABCD tem área 24 cm2 e os
pontos E e F são os pontos médios dos lados AB e BC, respectivamente. Qual é a área
do quadrilátero EF GH?

A D
H
E
G

B F C

Problema 16. Na figura abaixo existem três quadradro de lados 3 < 4 < x. Determine x.

Problema 17. Na figura a seguir, P é um ponto interno ao triângulo ABC pelo qual
desenhamos três retas paralelas aos lados do triângulo. Se S = [ABC] e S1 , S2 e S3 são as
áreas dos triângulos menores sombreados, mostre que
p p p
S = ( S1 + S2 + S3 )2 .

A C

Problema 18. Uma reta passando pelo vértice A do quadrado ABCD intersecta o lado
−−→
CD em E e a semireta BC em F . Prove que
1 1 1
2
+ 2
= .
AE AF AB 2

10
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Problema 19. Um ponto E é escolhido no interior do lado AC de um triângulo ABC.


São escolhidos pontos D e F sobre AB e BC, respectivamente, de modo que DE k BC e
EF k AB. Prove que p
[BDEF ] = 2 [ADE][EF G].

Problema 20. (Maio 2000) Seja ABC um triângulo com ∠BAC = 90◦ e tal que AC = 1.
A bissetriz do ângulo ∠BAC corta a hipotenusa no ponto R. A reta perpendicular à reta
AR passando por R corta AB em seu ponto médio. Qual é a medida do lado AB?

Problema 21. (Banco IMO 1983) Seja ABC um triângulo e D, E, F pontos (sendo E e F
fora do triângulo e D dentro) tais que os triângulos ABE, ACF e BDC são isósceles com
∠BEA = ∠AF C = ∠BDC. Mostre que AF DE é um paralelogramo.

Problema 22. Sejam ABC um triângulo com baricentro G e ` uma reta que passa por G
e corta os lados AB e AC do triângulo. Sejam D, E e F os pés das perpendiculares de A,
B e C até `, respectivamente. Prove que AD = BE + CF .

Problema 23. (Maio 2006) Seja ABCD um trapézio de bases AB e CD. Seja O o ponto
de interseção de suas diagonais AC e BD. Se a área do triângulo ABC é 150 e a área do
triângulo ACD é 120, calcular a área do triângulo BOC.

Problema 24. Seja ABCD um retângulo com área 1, e E um ponto sobre CD. Qual é a
área do triângulo formado pelos baricentros dos triângulos ABE, BCE, e ADE?

Problema 25. (Maio 2018) Em um paralelogramo ABCD, seja M o ponto sobre o lado
BC tal que M C = 2BM e seja N o ponto sobre o lado CD tal que N C = 2DN . Se a
distância do ponto B à reta AM é 3, calcule a distância do ponto N à reta AM .

Problema 26. (Alemanha 2003) Seja ABCD um paralelogramo. Sejam X e Y pontos


sobre os lados AB e BC, respectivamente tais que AX = CY . Prove que a interseção de
AY e CX está sobre a bissetriz de ∠ADC.

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Dicas e Soluções

BH AH
1. Observe que ∆AHC ∼ BHA (dois pares de ângulos iguais). Assim, AH = HC .
Multiplicando em cruz, chegamos ao resultado procurado.

2. (OBM 2010 - 1a Fase)

D
E

A F C

Os triângulos BN M e BAC são semelhantes pelo caso LAL, ou seja, dois pares de
lados correspondentes proporcionais e o ângulo entre eles igual. Então os segmentos
AC e N M são paralelos. Assim, os ângulos N M P e M P C devem ser iguais, e como
M P C é igual a 90◦ , temos que N M P também é igual a 90◦ .

3. (OBM 2007 - 1a Fase) Sejam B e C os pontos de batida da bola em P Q e QR,


respectivamente, e A o ponto onde a bola está inicialmente. Como os ângulos das
trajetórias de batida com a mesa são iguais, deveremos ter os triângulos AP B, CQB
AP CQ 1 CQ 3
e CRS semelhantes. Seja BP = x. Assim: = ⇔ = ⇔ CQ = −1,
BP BQ x 3−x x
AP CR 1 7 − x3 6
= ⇔ = ⇔x= .
BP RS x 3 7
4. (OBMEP 2013 - 1a Fase) Os triângulos ADF e DEB são semelhantes por terem
lados paralelos. A razão entre suas áreas é o quadrado da razão de semelhança; como
 2
4 16 4
= , segue que essa razão é . Como DECF é um paralelogramo, temos
3 9 3
AF AF 4
CF = ED e daı́ = = . Os triângulos ABC e ADF são semelhantes, sua
CF ED 3
AC AF + CF CF 3 7
razão de semelhança é = = 1+ = 1 + = . Logo, a área do
 2AF AF AF 4 4
7
triângulo ABC é · 16 = 49 e [DECF ] = 49 − 16 − 9 = 24.
4

12
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5. Em primeiro lugar, veja que a equação do enunciado pode ser reescrita como
XC XB
1= + .
BC BC
Note que ∆CXA ∼ ∆CBY . Assim,
AX XC
= .
BY BC
Note que ∆BXA ∼ ∆BZC. Assim,
AX BX
= .
CZ BC
Somando as duas equações encontradas e usando o fato que BX + XC = BC, o
resultado segue de imediato.

6. (OBM 2015 - 1a Fase) Sejam Q a interseção de AB e DE e R a interseção de AP e


DE.

A B Q

C D

P
x

H G

F E

Como os triângulos ABP e AQR possuem dois pares de ângulos correspondentes,


AB AB BP BC + CP
então eles são semelhantes. Temos = = = . Como
AB + BQ AQ QR QD + DR
5x
BC = QD = 2, BQ = 6, AB = 4 e CP = x, segue que + 3 = DR. A área
2
branca corresponde ametade da  soma das áreas dos quadrados, portanto, podemos
21x
escrever: (4 + 2x) + + 9 = [ABP ] + [CP RD] = 8 + 18 = 26. Resolvendo a
2
26
última equação, encontramos x = .
25
7. (OBM 2010 - 1a Fase)

13
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5
2

h 5

Com respeito ao quadrado pontilhado, cada triângulo destacado exterior a esse qua-
drado corresponde a um triângulo branco no interior do mesmo. Concluı́mos assim
que sua área vale 5. Seja h a distância do vértice direito do quadrado central
√ ao lado
h 1 5
direito do quadrado pontilhado. Por semelhança temos: √ = 5 ⇔ h =
5
2
2
2

8. (OBM 2016 - 1a Fase) Como o lado do quadrado mede 6, temos DM = M C = CE =


3. Os triângulos CEH e DEA são semelhantes, uma vez que possuem dois pares de
CH CE 3 1 6
ângulos correspondentes iguais. Daı́, = = = . Portanto, CH = = 2 e
DA DE 9 3 3
HB = CB − CH = 4. A área do quadrilátero CHAM , denotada por [CHAM ], pode
3·6 2·6
ser obtida através da equação: [CHAM ] = [ACM ] + [ACH] = + = 15.
2 2
Pelo Teorema de Pitágoras aplicado no triângulo ADE, temos [AEF G] = AE 2 =
[CHAM ] 15 5
AD2 + DE 2 = 117. Logo, = = .
[EF G] 117 39
AG 1 AF 1
9. (OBM 2006 - 1a Fase) Como = , bem como = e além disso ∠DAB =
AD 2 AB 2
60◦ + ∠GAB = ∠GAF , então temos que os triângulos DAB e GAF são semelhantes
BD
com razão de semelhança 2. Desse modo = 2.
FG
EG
10. (OBM 2014 - 2a Fase) Seja [XY Z] a área do triângulo XY Z, a razão pode ser cal-
GD
EG [EGB] [EF G] [EGB] + [EF G]
culada através das razões de áreas: = = = =
GD [GDB] [F DG] [GDB] + [F DG]
[EF B] [EF B] [EF B] [CF B] EB CF 2 2 4
. Além disso temos = · = · = · = .
[F DB] [ABC] [CF B] [ABC] BC CA 3 3 9
[F DB] 1 EG [EF B] [ABC] 4
Analogamente, = . Finalmente, = · = · 9 = 4.
[ABC] 9 GD [ABC] [F DB] 9
11. (OBM 2009 - 2a Fase) Por simetria, veja que KD = KF e AK = KG. Considere
F K = x. Dessa forma, AK = 48 − x. Usando teorema de Pitágoras no triângulo
AF K , temos: 242 + x2 = (48 − x)2 ⇔ x = 18. Agora, veja que os triângulos AF K
AE EL
e ALE são semelhantes. Portanto, = , assim, EL = 32. Para achar a área
FK AF

14
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procurada, basta subtrair a área do quadrado EFGH das áreas dos triângulos AF K
e AEL. Portanto a área será 1704.

12. (OBM 2004 - 2a Fase)

a) A partir da dobra da folha podemos ver que B 0 E√= BE = 17, e como


√ AE = 8,
aplicando o teorema de Pitágoras temos AB 0 = B 0 E 2 − AE 2 = 172 − 82 =
15.
b) Temos que AB = AE+BE = 8+17 = 25 = CD e DF = CD−CF = 25−3 = 22.
Seja G a intersecção de B 0 C 0 e CD. Como F C 0 = F C e ∆AB 0 E ∼ ∆DGB 0 ∼
FG F C0 FG 3 51
∆C 0 GF , 0 = ⇔ = ⇔ F G = . Logo, DG = CD −CF −F G =
BE AE 17 8 8
125
51 125 DB 0 DG DB 0
25 − 3 − = . Temos também que = ⇔ = 8
⇔ DB 0 =
8 8 AE AB 0 8 15
25 25 70
. Finalmente, AD = AB 0 + DB 0 = 15 + = .
3 3 3
13. (OBMEP 2016 - 1a Fase) Na figura, os segmentos auxiliares F G e F B são perpendi-
culares aos catetos AH e AC, respectivamente. Usaremos a notação AB tanto para
indicar o segmento, como para sua medida.

G F
x
x

A B C D

Usando a simetria da figura, se F G = F B = x, então, ABF G é um quadrado de


lado x, logo, F G = F B = AB = AG = x. Além disso, dos dados do problema temos
que AC = AH = b e AI = AD = a. Por outro lado, os triângulos BDF e ADH
a−x x ab
são semelhantes; logo, vale a seguinte relação = ⇔x= . Finalmente,
a b a+b
a área do quadrilátero ACF H (ele pode ser decomposto nos triângulos AF H e por
b·x ab2
AF C) é dada por [ACF H] = 2 =b·x= .
2 a+b
14. (OBMEP 2016 - 1a Fase) Sejam x o lado menor do retângulo ABEF , b o lado maior
de ABEF e h a altura do triângulo BCI com relação ao lado BC.

15
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A b F

x-h H
x
I G
x/2
h
B C D E

1 b·x
A área do triângulo BHE é 4 da área do retângulo ABEF , ou seja, igual a .
4
b
h x
Como os triângulos BIC e F IA são semelhantes, = 3 ⇔ h = . [BIC] =
x−h b 4
1 b x b · x [ABEF ] [ABEF ] [ABEF ]
[GDE] = · · = . Portanto, [CDGHI] = − −
2 3 4 24 24 4 24
[ABEF ] [ABEF ] [CDGHI] 1
= ⇔ = .
24 6 [ABEF ] 6
15. (OBMEP 2014 - 1a Fase) Sejam b a medida da base do paralelogramo e h sua altura.

A b
D
H h2
E h
G

h1
B F C

b
h1 1
Então:[ABC] = 24 ⇔ b · h = 24. ∆GCF ∼ ∆GDA ⇔ = 2 = ⇔ h2 = 2h1 ⇔
h2 b 2
b h
h · b · h 24
3h1 = h ⇔ h1 = . Portanto [GF C] = 2 3 = = = 2. Da mesma forma,
3 2 12 12
também podemos concluir que [AHE] = 2. Vamos calcular agora a área [BEF ],
lembrando que triângulos semelhantes possuem áreas relacionadas com! o quadrado
b
EBF 1
da constante de proporcionalidade. ∆EBF ∼ ∆ABC ⇔ = 2 = . Então
ABC b 4
[ABC] 12
[EBF ] = = = 3. Agora vamos calcular a área do quadrilátero EF GH
4 4
por diferença: [EF GH] = [ABC] − [GF C] − [AEH] − [EBF ] = 12 − 2 − 2 − 3 = 5
cm2 .
16. Marque os pontos A, B, C, D e E na figura conforme ilustrado a seguir. Veja que
∆ABC ∼ ∆ADE, pois têm dois pares de ângulos iguais. Sejam `1 e `2 as medidas dos
lados dos quadrados inscritos nos triângulos ABC e ADE, respectivamente. Então,
`1 `2 3 4 16
= ⇒ = ⇒x= .
BC DE 4 x 3

16
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17. Marque os pontos M , N , I, J, K e L na figura conforme ilustrado a seguir. Sejam


S1 = [M N P ], S2 = [LKP ] e S3 = [P IJ]. Todos esses triângulo são semelhantes entre
si e semelhantes ao triângulo ABC. Além disso, BM P L e N P IA são paralelogramos.
Assim, LP = BM e P I = AN . Pelas semelhanças, obtemos:
 2  2  2
S1 MN S2 LP S3 PI
= = =
S AB S AB S AB

Tirando a raiz quadrada dessas três equações e, em seguida, somando os resultados,


obtemos. r r r
S1 S2 S3 MN BM NA
+ + = + + = 1.
S S S AB AB AB
Elevando ao quadrado, chegamos à equação do enunciado.

18. Seja ` a medida do lado do quadrado ABCD e x = DE. Observe que a equação do
enunciado é equivlente a
AE 2 AE 2
 
1+ = 2 .
AF `
Por outro lado, ∆ADE ∼ ∆ABF . Logo,

AF AB AE x2
= ⇒ = 2.
AE DE AF `

17
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Substituindo na primeira equação encontrada, devemos demonstrar que

x2 AE 2
1+ = .
`2 `2
Porém, essa última equação é equivalente ao teorema de Pitágoras no ∆ADE.

A D

B C F

19. Sejam S = [ABC], S1 = [EF C] e S2 = [ADE]. A equação inicial pode ser reescrita
como
p p p p
S − S1 − S2 = 2 S1 S2 ⇐⇒ S = S1 + 2 S1 S2 + S2 = ( S1 + S2 )2
√ √ 2
S1 S2
⇐⇒ 1 = √ + √ .
S S
Por outro lado,

EC 2 S1 √S1 EC

• ∆EF C ∼ ∆ABC ⇒ AC = S ⇒ S
= AC .

AE 2 S2 S AE

• ∆ADE ∼ ∆ABC ⇒ AC = S ⇒ √ 2
S
= AC .
√ √
Como AE + EC = AC, segue que √S1 + √S2 = 1.
S S

20. Sejam M o ponto médio de AB, P o pé da perpendicular de R até AC, e Q o pé
da perpendicular de R até AB. Seja x = P C e 1 − x = P A. Note que AP RQ é
um quadrado. Além disso, como ARQ é isósceles, Q é o ponto médio de M A. Daı́,
QA = QM = 1 − x. Logo, AB = 4(1 − x). Agora veja que ∆BQR ∼ ∆RP C, então:

BQ RP 3(1 − x) 1−x 1
= ⇒ = ⇒ 3x = 1 − x ⇒ x = .
QR PC 1−x x 4

Portanto, BA = 4 1 − 14 = 3.


18
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E R

A
D C

21. Em primeiro lugar, observe que ∆BDC ∼ ∆AF C, pois têm todos os pares de ângulos
FC AC
correspondentes iguais. Daı́, CD = BD . Com isso, note que ∆F DC ∼ ∆ABC pois
tem um par de ângulos correspondentes iguais (∠DCF = ∠BCA) e os pares de lados
adjacentes a este ângulo são proporcionais. Portanto,
FC DF F C × AB
= ⇒ DF = .
AC AB AC
Por outro lado, ∆BEA ∼ ∆AF C, então:
EA AB F C × AB
= ⇒ EA = .
FC AC AC
Logo, DF = AE. De modo análogo, podemos demonstrar que ED = AF . Portanto,
AF DE é um paralelogramo.

F
E

B C

22. Seja M o ponto médio de BC e K o pé da perpendicular de M até `. Como BEF C


é um trapézio, M K é sua base média. Portanto, M K = BE+CF
2 . Por outro lado, os
triângulos ADG e GKM são semelhantes e como AG = 2GM , segue que AE = 2M K.
Daı́, segue o resultado.

19
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F
E D G K

B M C

23. Observe que os triângulos CAB e DAB têm a mesma área pois têm a mesma base
e a mesma altura. Observe que AOB é uma área comum aos dois triângulos. Logo,
BOC e AOD também têm a mesma área. Seja S = [BOC] = [AOD]. Assim,
[AOB] = 150 − S e [COD] = 120 − S.
Por outro lado, se h é a medida da altura do trapézio, temos que
150 [ABC] AB × h AB
= = = .
120 [ACD] CD × h CD
Agora veja que ∆AOB ∼ ∆COD, pois os dois triângulos têm todos os ângulos iguais.
Portanto,
AB 2 150 2
   
[AOB]
= = .
[COD] CD 120
Simplificando os termos, temos que
150 − S 25
= .
120 − S 16
200
Multiplicando em cruz e resolvendo a equação, achamos que S = 3 .

D C

A B

20
POTI - Geometria - N1 - Aula 7 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

24. Sejam F , G e H os pontos médios dos segmentos DE, EC e AB, respectivamente.


Sejam M , N e O os baricentros dos triângulos ADE, EAB e ECB, respectivamente.
Sejam s e r duas retas que dividem os lados AD e BC em três partes iguais conforme
mostrado na figura. Sabemos que o baricentro de um triângulo divide as medianas
desye triângulo em duas partes que estão na razão de 2 : 1. Portanto, os pontos M
e O estão sobre a reta s e o ponto N está sobre a reta r. Sejam x = DF = F E,
y = EG = GC e z = AD 3 . Sejam ainda P e Q os pontos de interseção de AE e BE
com a reta s, respectivamente. Podemos notar as seguintes igualdades derivadas de
semelhanças entre triângulos:
(i) ∆AM P ∼ ∆AF E ⇒ M P = 32 F E;
(ii) ∆OBQ ∼ ∆BGE ⇒ OQ = 23 EG;
(iii) ∆EP Q ∼ ∆EAB ⇒ P Q = 13 AB.
Assim, M O = M P + OQ + P Q = 23 x + 23 y + 13 2(x + y) = 43 (x + y). Dessa forma,
4
(x+y) z
[M N O] = 3 2 3 = 2(x+y)z 9 . Por outro lado, [ABCD] = 2(x+y)z que pelo enunciado
é igual a 1. Portanto, [M N O] = 91 .

D F E G C

M O s

r
N

A H B

25. Veja que basta calcular a razão entre as áreas dos triângulos AN M e ABM para
descobrirmos a distância de N até AM . Seja [ABCD] = S a área do paralelogramo.
Veja que [ABC] = S2 e que [ABM ] BM 1 S
[ABC] = BC = 3 . Portanto [ABM ] = 6 . De modo
análogo, [ADN ] = S6 . Agora veja que ∆CN M ∼ ∆CDB com razão de semelhança
igual a 23 . Logo, como [DCB] = S2 , segue que
 2
2 S 2S
[CN M ] = · = .
3 2 9
Daı́,
S S 2S 4S
[AM N ] = S − − − = .
6 6 9 9
Agora veja que
4S
[AN M ] 9 8
= S
= .
[ABM ] 6
3

21
POTI - Geometria - N1 - Aula 7 - Profs. Bruno Holanda & Emiliano Chagas

8
Logo, a distância procurada é 3 · 3 = 4.

D N C

A B

26. Seja T o ponto de interseção entre AY e CX e seja P o ponto de interseção de AY


e CD. Note que ∆AXT ∼ ∆T CP , então
AX AT
= .
PC TP
Por outro lado, ∆Y CP ∼ ∆P AD, então
YC AD
= .
PC DP
AT AD
Como AX = Y C, então TP = DP . Portanto, pelo teorema da bissetriz interna, DT
é bissetriz no ∆ADP .

A X B

Y
D
P
C

22
POLOS OLÍMPICOS DE
TREINAMENTO INTENSIVO

combinatória
nível 1
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Combinatória - Nível 1
Prof. Bruno Holanda
Aula 1

Jogos e Brincadeiras I

1. Brincadeiras

Nesta primeira parte da aula resolveremos duas questões retiradas da Olimpı́ada Brasileira
de Matemática. Nosso objetivo é demonstrar que alguns tipos de brincadeiras ajudam a
desenvolver a capacidade de raciocı́nio lógico.

Problema 1. (OBM 2006) Esmeralda inventou uma brincadeira. Digitou alguns algarismos
na primeira linha de uma folha. Depois, na segunda linha, fez a descrição dos algarismos
digitados da seguinte maneira: ela apresentou as quantidades de cada um dos que apa-
receram, em ordem crescente de algarismo. Por exemplo, após digitar 21035662112, ela
digitou 103132131526, pois em 21035662112 existe um algarismo 0, três algarismos 1, três
algarismos 2, um algarismo 3, um algarismo 5 e dois algarismos 6.

a) Ela começou uma nova folha com 1. Fez, então, sua descrição, ou seja, digitou 11
na segunda linha. Depois, descreveu 11, ou seja, digitou 21 na terceira linha, e assim
continuou. O que ela digitou na 10a linha da folha?

b) Esmeralda gostou tanto de fazer isso que decidiu preencher várias folhas com essa brin-
cadeira, começando com 01 na primeira linha da primeira folha. Quais são os dois
primeiros algarismos da esquerda do que ela digitou na 2006a linha?

Solução.

a) Para resolver a questão, basta escrevermos em ordem as listas obtidas por Esmeralda
seguindo as regras do enunciado até obtermos a décima lista:
1
11
21
1112
3112
211213
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 1 - Prof. Bruno Holanda

312213
212223
114213
31121314

b) Escrevamos os números das novas listas iniciais:


01
1011
1031
102113
10311213
Veja que todos os números da lista começam em 10. Isto ocorre pois nunca irá aparecer
um outro 0 na sequência. Portanto, a resposta do problema é 10.

Problema 2. A partir do tabuleiro mostrado nas figuras abaixo e quatro peças, duas cir-
culares cinzas e duas quadradas pretas, Esmeraldinho inventou o seguinte jogo:

• Inicialmente, as peças são colocadas no tabuleiro como mostra a figura 1.

Figura 1

• A meta do jogo é, após um certo número de movimentos, trocar as peças de posição,
chegando na situação mostrada na figura 2.

Figura 2

• Cada movimento consiste em mover uma das quatro peças uma ou mais casas acima,
abaixo, à esquerda ou à direita; todavia, tal peça não pode pular nenhuma peça que,
eventualmente, esteja no caminho, ou ocupar uma casa onde já existe uma peça. Por
exemplo, a peça marcada com A só pode se mover para alguma das casas destacadas
em cinza.

• Os movimentos dos cı́rculos e dos quadrados são alternados. O jogo começa com um
movimento de um dos quadrados.

2
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 1 - Prof. Bruno Holanda

Determine a menor quantidade total de movimentos necessários para terminar o jogo. Mos-
tre, passo-a-passo, através de desenhos, como movimentar as peças com esta quantidade
de movimentos e prove que não é possı́vel terminar o jogo com menos movimentos.

Solução. Veja que não existem duas peças diferentes (um quadrado e um cı́rculo) que estão
na mesma linha ou coluna do tabuleiro. Isso significa que cada peça deve utilizar ao menos
dois movimento para ir de sua posição original para a final. Portanto, devemos utilizar pelo
menos oito movimentos. O exemplo a seguir nos garante que bastam oito movimentos:

1 2 3

4 5 6

7 8 9

2. Jogos de Simetria

Quando falamos em jogos, pensamos em vários conhecidos como: xadrez, as damas e


os jogos com baralho. Porém, não são desses jogos que abordaremos neste material. Ima-
gine que exista algum tipo de jogo em que você pudesse ganhar sempre, independente de
como seu adversário jogasse? Seria uma boa, não?! Pois esses jogos existem e são um dos

3
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 1 - Prof. Bruno Holanda

assuntos mais abordados em provas de olimpı́ada. Nesta aula vamos mostrar vários destes
jogos e uma das principais estratégias vencedoras: a simetria.

Problema 3. Pedro e Mônica jogam em um tabuleiro 1 × 11. Cada um, em sua vez, pode
pintar um dos quadrados (que não foram pintados anteriormente), ou dois quadrados con-
secutivos (se ambos estiverem brancos). Quem não puder mais jogar perde. Sabe-se que
Pedro será o primeiro a jogar. Quem pode sempre garantir a vitória?

Solução. Pedro sempre poderá ganhar se seguir a seguinte estratégia:

(i) Inicialmente, Pedro deve pintar o quadrado do meio.

(ii) Agora, depois que Mônica fizer sua jogada, Pedro deve jogar sempre simetricamente
em relação ao centro do tabuleiro (i.e. sempre deixando o tabuleiro simétrico). Por
exemplo, se Mônica jogar nas casas 9 e 10, Pedro deve jogar nas casas 2 e 3.

× × ×

(iii) Assim, Mônica nunca poderá ganhar, pois na sua jogada ela “quebra a simetria” e a
configuração final do jogo todas as casas estarão pintadas, ou seja, a configuração é
simétrica.

O próximo exemplo é um dos problemas que apareceu na prova da OBM de 2004. Vamos
apresentar uma solução diferente da solução proposta na Eureka! 22, usando simetria:

Problema 4. Arnaldo e Bernardo disputam um jogo em um tabuleiro 2 × n :

As peças do jogo são dominós 2 × 1. Inicialmente Arnaldo coloca um dominó cobrindo


exatamente duas casas do tabuleiro, na horizontal ou na vertical. Os jogadores se revezam
colocando uma peça no tabuleiro, na horizontal ou na vertical, sempre cobrindo exata-
mente duas casas do tabuleiro. Não é permitido colocar uma peça sobre outra já colocada
anteriormente. Quem não conseguir colocar uma peça no tabuleiro perde.

Qual dos dois jogadores tem uma estratégia vencedora, ou seja, uma estratégia que o
leva à vitória quaisquer que sejam as jogadas de seu adversário, para:

4
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 1 - Prof. Bruno Holanda

a) n = 2004?
b) n = 2005?

Solução. Quando n = 2005 o primeiro jogador garante a vitória. Ele pode fazer isto colo-
cando um dominó na vertical no meio do tabuleiro e, em seguida, jogar simetricamente ao
segundo jogador. Quando n = 2004 o tabuleiro possui um número par de colunas. Desse
modo, o segundo ganha jogando simetricamente ao primeiro jogador.

Como você deve ter visto, usar a simetria é realmente uma técnica muito eficiente.
Porém, às vezes, usar apenas a simetria não é suficiente para resolver o problema. Observe
o próximo exemplo retirado da olı́mpiada da Bielorússia de 2000.
Problema 5. Tom e Jerry jogam o seguinte jogo. Eles colocam alternadamente pinos
idênticos em casas vazias de um tabuleiro 20 × 20 (um pino de cada vez). Tom é o primeiro
a jogar. Vence quem, em sua jogada, formar um bloco de quatro pinos vizinhos. Dois pinos
são vizinhos se estiverem em casas com um lado em comum. Determine quem possui a
estratégia vencedora.

Solução. Jerry deve jogar simetricamente em relação ao centro do tabuleiro. Assim


que Tom formar três um bloco de três pinos vizinhos, Jerry deve abandonar a estratégia
simétrica e completar o bloco de quatro pinos vizinhos.

Problemas Propostos

Problema 6. Sobre uma mesa existem duas pilhas (uma com 15 e outra com 16 pedras). Em
um jogo cada jogador pode, em sua vez, retirar qualquer quantidade de pedras de apenas
uma pilha. Quem não puder mais jogar perde. Quem possui a estratégia vencedora?
Problema 7. Dois jogadores colocam alternadamente bispos (da mesma cor) em um ta-
buleiro 8 × 8, de forma que nenhum bispo ataque outro. Quem não puder mais jogar
perde.
Problema 8. Dois jogadores colocam alternadamente reis (da mesma cor) em um tabuleiro
9 × 9, de forma que nenhum rei ataque outro. Quem não puder mais jogar perde.
Problema 9. São dados um tabuleiro de xadrez (8 × 8) e palitinhos do tamanho dos lados
das casas do tabuleiro. Dois jogadores jogam alternadamente e, em cada rodada, um dos
jogadores coloca um palitinho sobre um lado de uma das casas do tabuleiro, sendo proibido
sobrepor os palitinhos.
Vence o jogador que conseguir completar primeiro um quadrado 1 × 1 de palitinhos. Su-
pondo que nenhum dos jogadores cometa erros, qual dos dois tem a estratégia vencedora?
Problema 10. São dados vinte pontos ao redor de um cı́rculo. Cada jogador em sua vez
pode ligar dois desses pontos se essa novo segmento não cortar os feitos anteriormente.
Quem não puder mais traçar nenhum segmento perde.

5
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 1 - Prof. Bruno Holanda

Problema 11. (Rússia 1997) Os números 1, 2, 3, ..., 1000 são escritos no quadro. Dois joga-
dores apagam alternadamente um dos números da lista até que só restem dois números. Se
a soma desses números for divisı́vel por 3, o primeiro jogador vence, caso contrário vence o
segundo. Quem tem a estratégia vencedora?

Problema 12. Sobre uma mesa existem duas pilhas de moedas com 11 moedas cada. Em
cada turno, um jogador pode retirar duas moedas de uma das pilhas ou retirar uma moeda
de cada pilha. O jogador que não puder mais fazer movimentos perde.

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados dos livros:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics


Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

Outra fonte de problemas são as páginas da Olimpiada Brasileira de Matemática (www.obm.org.br)


e da Olimpiada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (www.obmep.org.br).

6
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 1 - Prof. Bruno Holanda

Dicas e Soluções

6. O jogador 1 deve retirar uma pedra da pilha com 16. Em seguida, deve jogar sime-
tricamente em relação ao jogador 2.

7. Divida o tabuleiro em duas partes, cada uma formada por 4 linhas. O jogador 1 deve
jogar então simetricamente.

8. O primeiro jogador deve colocar um rei no centro, e depois jogar simetricamente em


relação ao centro do tabuleiro.

9. O segundo jogador vence se usar simetria em relação ao centro do tabuleiro. No


momento em que o primeiro jogador formar uma configuração com três palitos sobre
os lados de um mesmo quadrado, o segundo deve completar o quadrado.

10. O primeiro jogador deve ligar dois vértices opostos (digamos 1 e 11) e em seguida
jogar simetricamente em relação a este primeiro segmento.

11. Observe que a soma de dois elementos opostos sempre é 1002, que é um múltiplo de
3.

12. Construa um tabuleiro 11 × 11, onde a casa (i, j) represente quantidade de pedras em
cada pilha. Observe que o movimento do jogo original é equivalente ao movimento
do cavalo no tabuleiro. Termine o problema descobrindo as posições vencedoras e
perdedoras através de indução retroativa.

7
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Combinatória - Nível 1
Prof. Bruno Holanda
Aula 2

Jogos e Brincadeiras II

Neste artigo continuaremos o assunto iniciado no material anterior. O primeiro exercı́cio,


trata-se de um jogo não-estratégico, que podemos chamar de brincadeira, por não admi-
tir um procedimento independente dos movimentos dos outros jogadores para garantir a
vitória de um determinado participante. Os demais jogos analisados no texto, em que as
jogadas são tomadas em turnos, admitem tal procedimento e por isso serão chamados de
jogos estratégicos.

Problema 1. Quatro garotos jogam tiro ao alvo. Cada um deles atirou três vezes. No alvo
abaixo, pode-se ver os lugares atingidos. A pontuação é 6 para o centro e diminui um ponto
para cada nı́vel mais distante. Se os quatro garotos empataram, determine:

⊗ ⊗


⊗ ⊗ ⊗
⊗ ⊗
⊗ ⊗

(a) a pontuação total de cada jogador.

(b) a pontuação dos três tiros de cada jogador.

Solução. A soma de todos os pontos obtidos foi 6 + 5 + 4 × 3 + 3 × 3 + 2 × 4 = 40.


Como todos empataram, cada um deve ter feito exatamente 10 pontos (resposta para o
item (a)). Além disso, é importante perceber que ninguém errou nenhum dos tiros, já que
há exatamente 12 dardos no alvo. Note que um dos jogadores (digamos A) acertou um
dos dardos no centro do alvo, fazendo 6 pontos. Para completar os 10 pontos ele deve ter
feito mais 4 pontos. Como é impossı́vel fazer apenas 1 ponto, ou dele ter errado, só nos
resta a possibilidade dele ter feito 2 pontos nos dois outros tiros. Veja também que um dos
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

jogadores fez 5 pontos. Para completar os outros cinco pontos, deve ter necessariamente
acertado 2 e 3 pontos nas suas outras duas jogadas. Um terceiro jogador acertou 4 pontos.
Para completar os 10 pontos totais, ele pode ter acertado (4 e 2) ou (3 e 3). Enquanto
que o quarto jogador ficará com as marcações restantes. Dessa forma, podemos resumir as
pontuções na triplas a seguir: (6, 2, 2) (5, 3, 2) (4, 4, 2) (4, 3, 3) 

Problema 2. (OBM 2015 - 3a Fase) Ana e Beatriz possuem muitas moedas. Elas colocam
várias sobre uma mesa e jogam de acordo com as seguintes regras:

i. o primeiro a jogar retira no mı́nimo uma moeda, mas não todas;

ii. quem jogar a seguir pode retirar no mı́nimo uma moeda e no máximo o dobro do
número de moedas que o jogador anterior retirou;

iii. ganha quem retirar a última moeda.

a) Suponha que elas coloquem 11 moedas sobre a mesa. Se Ana for a primeira a jogar e
retirar duas moedas, mostre como Beatriz pode vencer o jogo (não importando quais
sejam as demais jogadas de Ana).

b) Agora suponha que elas coloquem 15 moedas sobre a mesa. Mostre como a primeira a
jogar pode vencer o jogo sempre (não importando quais sejam as jogadas da segunda).

Solução. a) Para Beatriz vencer, deve seguir a seguinte estratégia:

B A B
4 3 2 0
A
A
B
6 5 B B
A 3 0 1 0
A
8
B
A B 2 0
7 5
A
A B
1 0

1. Primeiro deve retirar uma moedas, deixando a mesa com oito moedas.

2. Na vez de Ana, ela poderá retirar 1 ou 2 moedas. Deixando a mesa com 7 ou 6


moedas.

3. Neste caso, Beatriz sempre poderá deixar a mesa com 5 moedas.

2
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

4. Veja que neste ponto, Ana não poderá vencer o jogo. De fato, ela pode retirar no
máximo quatro moedas. Caso ela retire duas ou mais moedas, Beatriz vence retirando
todas as moedas que sobrarem. Caso Ana retire apenas uma moeda, Beatriz deverá
retirar mais outra, deixando a mesa com apenas três moedas.

5. Dessa forma, Ana só poderá retirar uma ou duas moedas, e em cada um destes casos,
Beatriz poderá vencer retirando todas as moedas que sobrarem.

A figura anterior resume a estratégia que Beatriz deve adotar.

b) Suponha que Beatriz é a primeira a jogar. Vamos mostrar que ela sempre pode ven-
cer, independente das jogadas escolhidas por Ana. Basta que ela siga a seguinte estratégia:

1. O primeiro passo é retirar duas moedas deixando 13 moedas para Ana. Se Ana
retirar, em sua jogada, cinco ou mais moedas, Beatriz poderá vencer retirando todas
as moedas restantes em sua próxima jogada.

2. Caso Ana retire duas, três ou quatro moedas, Beatriz deve retirar uma quantidade
suficiente de moedas para entregar oito moedas para Ana. Se, em sua jogada, Ana
retirar uma ou duas moedas, Beatriz deve prosseguir com a mesma estratégia men-
cionada no item (a) deste exercı́cio. Caso Ana retire três ou mais moedas, Beatriz
vence retirando as moedas restantes.

3. Se Ana retirar uma moeda na rodada anterior, deixando 12 moedas na mesa, Be-
atriz deve retirar apenas uma moeda, deixando 11 na mesa. Dessa forma, Ana só
poderá retirar uma ou duas moedas. Em qualquer caso, Beatriz poderá retirar uma
quantidade suficiente de moedas para deixar a mesa com exatamente oito moedas.
Reduzindo à estratégia do ponto anterior.

A figura a seguir resume a estratégia que Beatriz deve adotar. 

B A B
12 11 10 8
A
B B
11 8 9 8

B
10 8
13
A
A B
9 8

3
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

Alguns tipos de jogos possuem certas configurações que sempre levam um jogador à
vitória. Essas configurações são chamadas de posições vencedoras. O próximo exemplo é
um jogo bastante simples em que essa estratégia aparece facilmente.

Problema 3. Na primeira casa de um tabuleiro 1 × 13 está uma moeda. Tiago e Maria


movem a moeda alternadamente. Em cada turno é permitido avançar 1, 2, 3, 4 ou 5 casas.
Quem colocar a moeda na última casa é o vencedor. Se Maria começar jogando, ela pode
ter certeza da vitória?

Solução. Como em muitos problemas de olimpı́ada, vamos analisar alguns casos pequenos.
Vamos supor que em vez de 13 casas o tabuleiro tivesse apenas quatro. Neste caso, fica
fácil ver que quem começa ganha basta avançar três casas.
O mesmo iria ocorrer se o tabuleiro tivesse 2, 3, 4, 5 ou 6 casas. Porém, em um tabuleiro
7 × 1 o primeiro jogador perde. Veja que após a primeira jogada a moeda estará em uma
das casas 2, 3, 4, 5 ou 6. E já sabemos que essas casas levam o jogador à vitória.

Desse modo, vamos dizer que 7 é uma posição perdedora e 6, 5, 4, 3 e 2 são posições
vencedoras. Assim, se um o jogador estiver em uma das casas 8, 9, 10, 11 ou 12, ele pode
garantir a vitória movendo a moeda para a casa 7, deixando o seu adversário em uma
posição perdedora. Com isso, podemos afirmar que as posições 8, 9, 10, 11 e 12 também são
posições vencedoras.
Resta analisar a 13a casa. Observe que a partir desta casa podemos mover a moeda
apenas para uma das casas 8, 9, 10, 11 ou 12 que são vencedoras. Daı́, quem começar perde
pelo simples fato de iniciar em uma posição perdedora.

A grande dificuldade para a maioria dos alunos é descobrir quais são as posições vence-
doras de um jogo. Para evitar esse tipo de problema, tenha sempre em mente as seguintes
definições:

(a) Posição perdedora: A partir dela, para qualquer movimento reali-


zado, o oponente poderá adotar uma estratégia que garanta sua vitória.
(b) Posição vencedora: A partir dela, podemos escolher um movimento e
repassar uma posição perdedora para o oponente.

E como fazer para descobrir quais são as posições vencedoras e perdedoras? A melhor
maneira de se fazer isto é analisando o final do jogo e aplicar as definições acima. Vamos
praticar um pouco resolvendo o próximo problema.

4
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

Problema 4. Em um tabuleiro 8 × 8, uma torre está na casa a1. Dois jogadores a movi-
mentam com objetivo de colocá-la na casa h8. Sabendo que a torre pode mover-se apenas
para cima ou para direita (quantas casas o jogador desejar) e que não se pode passar a vez,
determine qual jogador tem a estratégia vencedora.
Solução. Primeiramente note que todas as casas da última linha e da última coluna (exceto
a h8) são vencedoras pois, a partir delas podemos escolher um movimento que nos leve à
vitória. Com, isso a casa g7 se torna perdedora pois, a partir dela qualquer movimento leva
o outro jogador a uma posição vencedora (veja a figura 1).

Figura 1 Figura 2 Figura 3

Agora, como g7 é perdedora, as demais casas da sétima linha e da sétima coluna são
vencedoras. Mais ainda, a casa f 6 também deve ser perdedora (figura 2). Continuando
de maneira análoga, obtemos que a casa a1 é perdedora (figura 3). Logo, quem começar,
perde.

Problemas Propostos

Problema 5. Sob uma mesa estão 38 moedas. Alberto e Biaca jogam em turnos. Em cada
turno é permitido retirar 1, 2, 3 ou 4 moedas. Quem retirar as últimas moedas é o vencedor.
Se Bianca começar jogando, ela pode ter certeza da vitória?

Problema 6. Uma pilha de 500 pedras é dada. Dois jogadores jogam o seguinte jogo: Em
cada turno, o jogador pode retirar 1, 2, 4, 8, ... (qualquer potência de 2) pedras da pilha. O
jogador que não puder mais jogar perde.

Problema 7. Em uma caixa existem 300 bolinhas. Cada jogador pode retirar não mais do
que a metade das bolinhas que estão na caixa. O jogador que não puder mais jogar perde.

Problema 8. Sobre uma mesa existem duas pilhas (uma com 7 e outra com 15 pedras). Em
um jogo cada jogador pode, em sua vez, retirar qualquer quantidade de pedras de apenas
uma pilha ou a mesma quantidade de ambas as pinhas. Quem não puder mais jogar perde.
Quem possui a estratégia vencedora?

5
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados dos livros:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics


Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

Outra fonte de problemas são as páginas da Olimpiada Brasileira de Matemática (www.obm.org.br)


e da Olimpiada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (www.obmep.org.br).

Dicas e Soluções
5. Este jogo é muito similar ao jogo proposto no problema 3 deste material. Veja que
os múltiplos de 5 são posições perdedoras. Neste caso, Bianca vence retirando três
moedas. E toda vez que Carlos retirar x moedas, Bianca deve retirar 5 − x moedas
em seu turno.

6. Pense nos múltiplos de 3 (são as posições perdedoras). Lembre-se que nenhuma


potência de 2 é múltiplo de 3.

7. Pense nas potências de 2.

8. Novamente, use a idéia do tabuleiro que foi usada para resolver o problema 4. Mais
precisamente, pense no jogo como um tabuleiro 8×16 com uma peça no canto inferior
esquerdo. Retirar uma quantidade x de moedas da primeira pilha corresponderá
mover a peça x casas para cima na vertical. Retirar uma quantidade y de moedas
da segunda pilha corresponderá mover a peça y casas para a direita na horizontal.
Retirar uma quantidade z de moedas das duas pilhas corresponderá mover a peça z
casas para cima e z casas para a direita na diagonal. Dessa forma, o objetivo do jogo
passa a ser chegar na casa do canto superior direito do tabuleiro.

6
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Combinatória - Nível 1
Prof. Bruno Holanda
Aula 3

Raciocı́nio Lógico I

O estudo da Lógica é essencial para os alunos que desejam participar de olimpı́adas de


matemática. Nesse tipo de competição, muitas vezes os alunos devem demonstrar algum
resultado a partir de uma coleção de premissas. Nesta aula não abordaremos a Lógica
de um ponto de vista formal. Por outro lado, os problema que aqui serão apresentados
juntamente com suas soluções, terão como objetivo ensinar ao leitor de maneira intuitiva
como utilizar o raciocı́nio lógico para demonstrar proposições.

Problema 1. (OBM 1998) Encontre uma maneira de se escrever os algarismos de 1 a 9 em


sequência, de forma que os números determinados por quaisquer dois algarismos consecu-
tivos sejam divisı́veis por 7 ou por 13.

Solução. Primeiramente vamos listar todos os números de dois algarismos que são múltiplos
de 7 ou 13. São eles:
Múltiplos de 7: 14, 21, 28, 35, 42, 49, 56, 63, 70, 77, 84, 91, 98
Múltiplos de 13: 13, 26, 39, 52, 65, 78, 91

Como não podemos repetir nenhum algarismo, devemos descartar o 77. Por outro lado,
nenhum dos números acima (excluindo o 77) termina em 7. Daı́, pode-se ter certeza que o
primeiro número da lista deve ser 7. Para saber as possı́veis listas, usamos um diagrama
de árvore:
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

= 5⊗
{{{
{{
{{
{{ /9 / 1⊗
3
~>
~~~
~~
~~
/ 5⊗ / 6⊗

6
@ {= 5
 {{{
 {{
 {{{
7 /8 /4 /2 /1 /3 / 9⊗
<<
<<
<<
<<
 √
/1 /3 /5 /2 /6
9 BB
BB
BB
BB
B!
6⊗
Representamos com um ⊗ quando não foi possı́vel continuar a lista sem repetir nenhum
dı́gito. Assim, o modo correto de se escrever os algarismo é: 784913526.

Em alguns casos é necessário o uso de variáveis para resolver um problema. Isto acon-
tece pois existem informações não especificadas no enunciado, e o uso de letras se mostra
uma forma inteligente e fácil de trabalhar com valores desconhecidos. A seguir vamos re-
solver um problema que apareceu em uma olimpı́ada russa de 1995.

Problema 2. (Rússia 1995) Um trem deixa Moscou às x horas e y minutos, chegando em
Saratov às y horas e z minutos. O tempo da viagem foi de z horas e x minutos. Ache todos
os possı́veis valores para x.

Solução. Das condições do problema, temos que:

(60y + z) − (60x + y) = 60z + x

⇒ 60(y − x − z) = x + y − z.
Com isso, podemos garantir que x + y − z é um múltiplo de 60. Por outro lado, como
0 ≤ x, y, z ≤ 23, o único valor possı́vel para x + y − z é 0. Ou seja, x + y = z. Além disso,
na equação inicial temos que 60(y − x − z) = 0. Daı́, y = x + z. Logo, o único valor de x
que garante essas igualdades é x = 0.

É importante perceber que no exemplo anterior que apenas o uso de letras não seria
o suficiente para resolver o problema. O fundamental para resolver as equações acima era
o significado das letras: números inteiros entre 0 e 60. Sem esta restrição o problema
apresentaria infinitas soluções. Então fica a dica: nunca se esqueça do significado das
variáveis que estiver usando, se são dı́gitos, números inteiros, racionais ou seja qual
for a propriedade. Lembre-se que esta propriedade terá papel importante na solução do

2
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

problema.

Organizar as informações também é útil na maioria dos problemas, como veremos no


exemplo a seguir.

Problema 3. Paulo possui 13 caixas vermelhas e cada uma delas está vazia ou contém 7
caixas azuis. Cada caixa azul está vazia ou contém 7 caixas verdes. Se ele possui 145 caixas
vazias, quantas caixas ele possui no total?

Solução. Vamos montar uma tabela que ajudará na solução do problema

Vermelhas Azuis Verdes


Cheias x y 0
Vazias 13 − x 7x − y 7y
Total 13 7x 7y

Suponha que o número de caixas vermelhas cheias seja x e que o número de caixas azuis
cheias seja y. Portanto, temos 7x caixas azuis e 7y caixas verdes. Note também que todas as
caixas verdes estão vazias. Dessa forma, o total de caixas vazias é (13 − x) + (7x − y) + 7y =
145. Assim, podemos concluir que x+y = 22. Como o número total de caixas é 13+7(x+y),
a resposta correta será 13 + 7 × 22 = 167.

Problema 4. (OCM 1990) A pesquisa realizada com as crianças de um conjunto habitacio-


nal, que apurou as preferências em relação aos três programas de televisão: Alegre Amanhã
(designado por A), Brincolândia (designado por B) e Criança Feliz (designado por C)
indicou os seguintes resultados:

Prog A B C AeB AeC BeC A,B e C Nenhum


Pref 100 150 200 20 30 40 10 130

Pergunta-se:
(a) Quantas crianças foram consultadas?

(b) Quantas crianças apreciam apenas um programa?

(c) Quantas crianças apreciam mais de um programa?


Solução. Você deve ter percebido que existe um grande número de informações dadas.
De certa forma, essas informações já estão organizadas em uma tabela. Mas para resolver
o problema vamos mudar nossa representação, nosso ponto de vista. Vamos construir um
diagrama de Venn, o popular diagrama de conjuntos:
Podemos agora responder às perguntas facilmente:
a) Foram consultadas 10 + 10 + 20 + 30 + 60 + 100 + 140 + 130 = 500 crianças.

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 2 - Prof. Bruno Holanda

C
140 130

20 30
10

60 10 100

A B

b) 60 + 100 + 140 = 300 crianças gostam de apenas um programa.

c) 10 + 10 + 20 + 30 = 70 crianças apreciam mais de um programa.

Problema 5. (Torneio das Cidades) Carlitos possui seis moedas, sendo uma delas falsa.
Nós não sabemos o peso de uma moeda falsa e nem o peso de uma moeda verdadeira,
sabemos apenas que as moedas verdadeiras possuem todas o mesmo peso e que o peso da
moeda falsa é diferente. Dispomos de uma balança de dois pratos. Mostre como é possı́vel
descobrir a moeda falsa usando apenas três pesagens.

Solução. Sejam A, B, C, D, E e F as moedas. Primeiramente fazemos a pesagem


(AB) <> (CD) (que significa A e B em um prato e C e D em outro). Se (AB) = (CD)
(ou seja, se equilibrar), então ou E ou F é falsa. Neste caso fazemos a pesagem (A) <> (E).
Se equilibrar, F é falsa. Caso contrário, E é falsa.

Agora, se não houve equilı́brio em (AB) <> (CD), então E e F são verdadeiras. Fa-
zemos então a pesagem (AB) <> (EF ). Se equilibrar, ou C ou D é falsa. Neste caso,
fazemos a pesagem (A) <> (C). Se equilibrar, D é falsa. Caso contrário, C é falsa.

Para finalizar, se (AB) 6= (EF ), então ou A ou B é falsa. Neste caso, fazemos a pesa-
gem (A) <> (C). Se equilibrar B é falsa. Caso contrário, A é falsa.

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Problemas Propostos

Problema 6. São dadas 4 moedas aparentemente iguais. Sabe-se que uma delas é falsa
(tem peso diferente das demais e não se sabe se ela é mais leve ou mais pesada). Mostre
como descobrir a moeda falsa com 2 pesagens em uma balança de dois pratos.

Problema 7. Você tem nove moedas, e sabe que uma delas é mais leve do que as demais.
As outras oito têm o mesmo peso. Determine a moeda mais leve com duas pesagens em
uma balança de dois pratos.

Problema 8. Mostre que é possı́vel dispor os números de 1 a 16 em sequância de modo que


a soma de dois números vizinho seja sempre um número quadrado perfeito.

Problema 9. (Seletiva Rio-platense 2004) Em cada casa de um tabuleiro 8 × 8 escrevemos


um número inteiro. Sabe-se que para cada casa, a soma dos seus vizinhos é 1. Encontre a
soma de todos os números do tabuleiro.
Obs: Consideramos vizinhas casas com um lado em comum.

Problema 10. Etevaldo pensou em cinco números distintos e escreveu no quadro todos dez
números que são somas de dois destes cinco números. Será que Ovozildo pode descobrir os
números que Etevaldo pensou observando apenas os números escritos no quadro?

Bibliografia Recomendada
Alguns dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados das seguintes referências:

1. What is the name of this book - The riddle of Dracula and other logical
puzzles. Raymond Smullyan.

2. Weighing Coins and Keeping Secrets. Nicholas Diaco, Tanya Khovanova.

Outra fonte de problemas são as páginas da Olimpı́ada Brasileira de Matemática (www.obm.org.br)


e da Olimpı́ada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (www.obmep.org.br).

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Dicas e Soluções
6. Sejam A, B, C e D as moedas. Primeiro compare A com B. Se equilibrar, então
sabemos que estas são verdadeiras. Daı́, compare A com C. Se equilibrar, D é
a moeda falsa. Caso contrário C é a falsa. Se na primeira pesagem ocorrer um
desiquilı́brio, então C e D são verdadeiras. Na segunda pesagem, compare A com C.
Se equilibrar, B é falsa. Caso contrário, a falsa será A.

7. Separe as moedas em três grupos G1 , G2 e G3 com três moedas cada. Compare os


grupos G1 e G2 usando a balança. Se equilibrar, isso significa que a moeda falsa está
no terceiro grupo. Se desequilibrar, saberemos se a moeda falsa está no grupo 1 ou
no grupo 2. De toda forma, será sempre possı́vel identificar um grupo de três moedas
em que uma delas é falsa. Sejam A, B e C as três moedas deste grupo. Usando mais
uma vez a balança ára comparar as moedas A e B, caso exista um desiquilı́brio, será
possı́vel identificar a moeda falsa. Se equilibrar, a moeda falsa será C.

8. Liste todas as possı́veis somas cujo resultado é um quadrado perfeito. Observe que a
sequência deve ser iniciada por 8 ou 16.

9. Observe as casas marcadas no tabuleiro abaixo:

⋆ ⋆ ⋆ ⋆

⋆ ⋆ ⋆ ⋆
⋆ ⋆
⋆ ⋆
⋆ ⋆
⋆ ⋆
⋆ ⋆ ⋆ ⋆

Se olharmos para os vizinhos das casas marcadas acima, vemos que eles cobrem todo
o tabuleiro e de maneira disjunta! Como a soma dos vizinhos de cada casa é 1, a
soma total dos números do tabuleiro será igual ao número de casas marcadas, que é
20.

10. Sim, é possı́vel. Sejam a < b < c < d < e os números escolhidos por Etevaldo. A soma
dos números escritos no quadro é igual ao quadruplo da soma S = a + b + c + d + e.
Podemos escolher o maior e o menor valor escrito no quadro. Somando estes valores
e multiplicando-o por quatro obtemos 4S − 4c. Assim, é possı́vel achar o valor de c.
Note que os três maiores valores escritos por Etevaldo são e + d > e + c > d + c. Daı́,
fazendo (e + d) + (e + c) − (d + c) = 2e é possı́vel achar o valor de e. Mais ainda,
como conhecemos e + d, consequentemente, também achamos d. De modo análogo,
observando os três menores valores (a + b < a + c < b + c) é possı́vel determinar a e b.

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Aula 4

Raciocı́nio Lógico II

Nesta aula continuaremos o processo de desenvolvimento do raciocı́nio lógico. Inicial-


mente, vamos resolver a seguir algumas questões que perguntam se é possı́vel que deter-
minada configuração exista. Veremos que, nem sempre tais configurações existem. Neste
caso, podemos demonstrar sua não-existência utilizando uma demonstração por absurdo.
Neste tipo de solução verifica-se que hipótese contrária daquela que queremos demonstrar
é incompatı́vel com as demais hipóteses da questão. As próximas questões servirão como
exemplos mais concretos do método de redução ao absurdo.

Problema 1. (Ivan Borsenco) É possı́vel cortar um retângulo 5 × 6 em oito retângulos


distintos com dimensões inteiras e lados paralelos aos lados do retângulo maior?

Solução. Vamos assumir que todos os retângulos são distintos. Os retângulos de menor
área possı́vel são:
Área 1: 1 × 1 Área 4: 2 × 2 e 1 × 4
Área 2: 1 × 2 Área 5: 1 × 5
Área 3: 1 × 3 Área 6: 2 × 3 e 1 × 6
Note que a menor área coberta por oito retângulos distintos deve ser pelo menos
1 + 2 + 3 + 4 + 4 + 5 + 6 + 6 = 31 > 30. Logo é impossı́vel obter 8 retângulos distin-
tos.

Problema 2. Considere 100 números naturais não-nulos cuja soma é 5049. Mostre que
existem dois destes números que são iguais.

Solução. Suponha que existam 100 naturais distintos cuja soma é 5049. Sejam a1 , a2 ,...,
a100 estes naturais e suponha ainda que a1 < a2 < · · · < a100 . Veja que o menor valor
natural que a1 pode assumir é 1, logo a1 ≥ 1. De forma análoga, podemos concluir que
a2 ≥ 2, a3 ≥ 3 e assim por diante até que tenhamos a100 ≥ 100. Somando todas estas
desigualdades, temos:
a1 + a2 + · · · + a99 + a100 ≥ 1| + 2 + · · {z
· + 99 + 100} .
=S
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda

Por outro lado, podemos calcular a soma S utilizando a seguinte técnica: Primeiro, escreve-
se a soma com os termos em sua ordem crescente

S = 1 + 2 + 3 + · · · + 99 + 100.

Em seguida, escreve-se a soma com os termos em ordem decrescente:

S = 100 + 99 + 98 + · · · + 2 + 1.

Como a ordem não altera o resultado da adição, as suas somas são exatamente as mesmas.
Agora, soma-se as duas equações, de modo a somar as colunas do lado esquerdos destas
equações.
S + S = 101 + 101 + 101 + · · · + 101 + 101.
Veja que em cada coluna, o resultado da soma dos termos é sempre 101. Como há um total
de 100 colunas, podemos concluir queremos

2S = 100 × 101 = 10100

⇒ S = 5050.
Ou seja, a soma de 100 naturais distintos é sempre pelo menos 5050, nunca podendo ser
igual a 5049. Dessa forma, se a soma de 100 naturais é 5049, então é falsa a hipótese de
que todos são distintos. Logo, há pelo menos dois iguais.

Problema 3. Dez amigos possuem juntos 29 moedas. Sabendo que cada garoto possui pelo
menos uma moeda, mostre que existem três deles que possuem a mesma quantidade de
moedas.
Solução. Sejam a1 , a2 ,..., a10 as quantidades de moedas que garoto possui. Suponha que
a1 ≤ a2 ≤ · · · ≤ a10 e que não existam três destes números iguais. Como cada garoto
possui pelo menos uma moeda, então a1 ≥ 1. Da mesma forma, a2 ≥ 1. Veja que a3 > 1,
pois caso contrário a1 = a2 = a3 = 1. Assim, a3 ≥ 2. Continuando de forma análoga,
podemos verificar que a4 ≥ 2, a5 ≥ 3,..., a10 ≥ 5. Portanto,

a1 + a2 + · · · + a10 ≥ 2 × (1 + 2 + 3 + 4 + 5) = 30.

Logo, se a soma é, na verdade, igual a 29, nossa hipótese de não termos três garotos com a
mesma quantidade de moedas é incompatı́vel com as demais hipóteses do problema. Logo,
devemos ter pelo menos três garotos com a mesma quantidade de moedas.

Problema 4. Considere um grupo de 20 pessoas em uma festa. Algumas destas pessoas


cumprimentaram outras usando apertos de mãos, de modo que cada par de pessoas não
se cumprimenta mais de uma vez. Prove que sempre podemos encontrar duas pessoas que
deram a mesma quantidade de apertos de mãos durante a festa.

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda

Solução. Sejam a1 , a2 ,..., a20 as quantidades de apertos de mãos que cada pessoa deu na
festas. Suponha que todos estes números sejam distintos e que estejam em ordem crescente,
i.e. a1 < a2 < · · · < a20 . O menor valor que a1 pode assumir é zero. Neste caso, existe uma
pessoa que não apertou a mão de ninguém. Já que assumimos que todas quantidades são
distintas, devemos ter que a2 ≥ 1. De forma análoga, a3 ≥ 2, a4 ≥ 3 e assim por diante, até
que demonstremos que a20 ≥ 19. Por outro lado, a quantidade máxima de apertos de mão
que uma pessoa pode dar na festa é 19. E neste caso, haverá alguém que cumprimentou
todas as outras pessoas da festas. Esta conclusão contradiz o fato de existir alguém que
não cumprimentou ninguém.

Finalizaremos esta aula com mais alguns problemas de lógica:

Problema 5. (Olimpı́ada Cearense de Matemática) No paı́s da verdade, onde ninguém


mente, reuniram-se os amigos Marcondes, Francisco e Fernando. Entre os três ocorreu a
seguinte conversa:
- Marcondes: estou escolhendo dois inteiros positivos e consecutivos e vou dar um deles ao
Francisco e outro ao Fernando, sem que vocês saibam quem recebeu o maior;
Após receber cada um o seu número, Francisco e Fernando continuaram a conversa.
- Francisco: não sei o número que Fernando recebeu;
- Fernando: não sei o número que Francisco recebeu;
- Francisco: não sei o número que Fernando recebeu;
- Fernando: não sei o número que Francisco recebeu;
- Francisco: não sei o número que Fernando recebeu;
- Fernando: não sei o número que Francisco recebeu;
- Francisco: agora eu sei o número que o Fernando recebeu;
- Fernando: agora eu também sei o número que Francisco recebeu;

Quais os números recebidos por cada um deles?

Solução. Apesar de parecer um pouco confuso, este é um problema bem formulado e muito
interessante. Seu segredo está em uma propriedade fundamental do conjunto dos números
inteiros positivos: ele possui um menor elemento (o número 1) que não possui antecessor.
Primeiramente, veja que Francisco não recebeu o número 1, pois se este fosse o caso, ele
saberia imediatamente que Fernando havia recebido o número 2. Além disso, ao falar que
não sabe o número de seu amigo, Fernando também deduz que Francisco não recebeu o
número 1. Dessa forma, podemos concluir que Fernando não recebeu o número 2. Pois,
se fosse este o caso, ele saberia que Francisco haveria recebido o número 3. Além disso,
ao escutar a primeira afirmação de Fernando, Francisco também deduz que Fernando não
recebeu o número 2. Continuando este raciocı́nio de forma análoga, podemos perceber que:

• Francisco não recebeu o número 3;

• Fernando não recebeu o número 4;

• Francisco não recebeu o número 5;

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 4 - Prof. Bruno Holanda

• Fernando não recebeu o número 6;

Agora, veja que Francisco recebeu o número 7. Pois é a única forma dele ter descoberto
o número de Fernando com as deduções anteriores. De fato, ao receber o número 7, ele
ficará na dúvida se Fernando recebeu o número 6 ou o número 8. E a dúvida é solucinada
apenas quando ele percebe que Fernando não recebeu o número 6. Além disso, com a
última afirmação de Francisco, Fernando também conclui que Francisco recebeu a carta 7
e por isso, sua última afirmação é uma certesa sobre o número de Francisco.

Problema 6. Certo dia, um funcionário do Senso Demográfico bate na porta da casa de


uma senhora e pergunta:
- Quantos filhos a senhora possui?
- Tenho três filhos. E o produto das idades deles é 36.
- Com esta informação é impossı́vel descobrir a idade de cada um deles.
- A soma das idades deles é igual ao número de janelas daquele prédio. - diz a senhora
apontando para a construção a frente.
- Bem, isso ajuda, mas ainda não tenho como saber as idades de seus filhos.
- O mais velho toca piano.
- Ah! Agora posso saber todas as idades!

Quantos anos tem cada um dos filhos?

Solução. Vamos listar todas as triplas ordenadas de inteiros positivos cujos produtos de
seus termos é igual a 36.

(1, 1, 36); (1, 2, 18);

(1, 3, 12); (1, 4, 9);


(1, 6, 6); (2, 2, 9);
(2, 3, 6); (3, 3, 4);
Como existem oito possibilidades, é impossı́vel determinar a idade de cada um dos filhos.
Agora, calculemos a soma dos elementos em cada uma dessas triplas:

1 + 1 + 36 = 38; 1 + 2 + 18 = 21;

1 + 3 + 12 = 16; 1 + 4 + 9 = 14;
1 + 6 + 6 = 13; 2 + 2 + 9 = 13;
2 + 3 + 6 = 11; 3 + 3 + 4 = 12;
Apesar de não sabermos qual é quantidade de janelas do prédio, o funcionário do Senso
sabia (ele pode contar). Se ele não conseguiu deduzir as idades de cada um dos filhos,
significa que esta infomação não é suficiente. A única possibilidade disto ter ocorrido é se a
quantidade de janelas do prédio for 13. De fato, este é o único número para o qual existem

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duas triplas listadas cujas somas de seus elemento sejam as mesmas. Desta forma, ficamos
apenas com duas possibilidades

(1, 6, 6); e (2, 2, 9);

Por outro lado, apenas a segunda possui um filho mais velho. Logo, a idade dos filhos desta
senhora são 2, 2, 9.

Problemas Propostos

Problema 7. Existem cinco inteiros cuja soma é 101. Mostre que podemos encontrar dois
deles cuja soma é pelo menos 41.

Problema 8. Existem sete inteiros cuja a soma é 36 ao redor de um cı́rculo. Mostre que
existem dois vizinhos cuja soma é pelo menos 11.

Problema 9. Sejam a, b, c, d, e, f números reais com a seguinte propriedade:

f (a − b + c − d + e) < 0

a(b − c + d − e + f ) < 0
Demonstre que af < 0.

Bibliografia Recomendada
Alguns dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados da seguinte referência:

1. Metoda reducerii la absurd. Liliana Niculescu. Editura Gil

Outra fonte de problemas são as páginas da Olimpı́ada Brasileira de Matemática (www.obm.org.br)


e da Olimpı́ada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (www.obmep.org.br).

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Dicas e Soluções
7. Sejam a, b, c, d, e estes cinco inteiros tais que a + b + c + d + e = 101. Suponha que
quaisquer dois destes números possuam soma no máximo 40. Veja que existem dez
pares de números que podemos formar escolhendo dois destes cinco números. Dessa
forma, temos
a + b ≤ 40, a + c ≤ 40,
b + c ≤ 40, a + d ≤ 40,
c + d ≤ 40, b + d ≤ 40,
d + e ≤ 40, b + e ≤ 40,
e + a ≤ 40, c + d ≤ 40.
Somando todas essas dez desigualdades, temos:

4 × (a + b + c + d + e) ≤ 10 × 40 = 400.

Desta última, concluimos que a + b + c + d + e ≤ 100 que contradiz nossa hipótese


inicial. Portanto, devemos ter dois cuja soma é pelo menos 41.

8. Sejam a, b, c, d, e, f, g os sete números que estão ao redor do cı́rculo (no sentido


horário). Suponha que quaisquer dois vizinhos tenham soma no máximo 10. As-
sim,
a + b ≤ 10, e + f ≤ 10,
b + c ≤ 10, f + g ≤ 10,
c + d ≤ 10, g + a ≤ 10,
d + e ≤ 10.
Somando todas estas desigualdades, temos que

2 × (a + b + c + d + e + f + g) ≤ 7 × 10 = 70.

Desta última, concluimos que a + b + c + d + e + f + g ≤ 35 que contradiz nossa


hipótese inicial. Portanto, devemos ter dois vizinhos cuja soma é pelo menos 11.

9. Primeiramente, veja que a e f são não-nulos. Caso contrário, pelo menos um dos
números f (a − b + c − d + e) ou a(b − c + d − e + f ) seria zero. Agora suponha que
af > 0. Isso significa que a e f possuem o mesmo sinal. Considere o caso em que
ambos são positivos. Assim, temos:

(a − b + c − d + e) < 0

(b − c + d − e + f ) < 0

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Somando estas duas desigualdades obtemos que a + f < 0 contradizendo o fato de a e


f serem positivos. Agora considere o caso em que ambos a e f são negativos. Assim,
temos:
(a − b + c − d + e) > 0
(b − c + d − e + f ) > 0
Somando estas duas desigualdades obtemos que a + f > 0 contradizendo o fato de
a e f serem negativos. Como em todos os casos, nossa hipótese de af > 0 se torna
incompatı́vel com as demais premissas, podemos concluir que af < 0.

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Aula 5

Paridade

Todo número é par ou ı́mpar. Óbvio, não? Pois é com essa simples afirmação que
vamos resolver os problemas deste capı́tulo.

Problema 1. No reino da Frutilândia existe uma árvore mágica que possui 2005 maçãs e
2006 tomates. Todo dia um garoto sobe na árvore e come duas frutas. Quando ele come
duas frutas iguais, nasce um tomate na árvore; quando ele come duas frutas diferentes,
nasce uma maçã. Após alguns dias restará apenas uma fruta na árvore. Que fruta será?

Solução. Sempre que o garoto pega duas frutas da árvore, o número de maçãs diminuirá
de 2 ou permanecerá constante. Dessa forma a paridade do número de maçãs será sempre
o mesmo. Como inicialmente tı́nhamos um número ı́mpar de maças, a quantidade delas
continuará ı́mpar até o final. Logo, a última fruta deve ser uma maçã.

Problema 2. Um jogo consiste de 9 botões luminosos (de cor verde ou amarelo) dispostos
da seguinte forma:
1 2 3

4 5 6

7 8 9
Apertando um botão do bordo do retângulo, trocam de cor ele e os seus vizinhos (do lado
ou em diagonal). Apertando o botão do centro, trocam de cor todos os seus oito vizinhos
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porém ele não. Inicialmente todos os botões estão verdes. É possı́vel, apertando sucessiva-
mente alguns botões, torná-los todos amarelos?

Solução. Note que ao apertar um dos botões 1, 3, 7 ou 9 trocamos de cor 4 botões. Aper-
tando um dos botões 2, 4, 6 ou 8 trocamos a cor de 6 botões. Apertando o botão do centro
trocamos a cor de 8 botões. Como 4, 6 e 8 são números pares a quantidade total de botões
verdes é sempre um número par e para ter os 9 botões amarelos, deveriamos ter zero botões
verdes. Absurdo, já que 0 é um número par.

Para mostrar a relevância do tema que estamos estudando em competições de ma-


temática, vamos resolver dois problemas que apareceram na olimpı́ada do Leningrado (com
o final na União Soviética, passou a ser conhecida como São Petersburgo).

Problema 3. (Leningrado 1990) Paula comprou um caderno com 96 folhas, com páginas
enumeradas de 1 a 192. Nicolas arrancou 25 folhas aleatórias e somou todos os 50 números
escritos nestas folhas. É possı́vel que esta soma seja 1990?

Solução. Observe que a soma dos números escritos em uma mesma folha sempre é ı́mpar.
Dessa forma, se Nicolas arrancou 25 folhas, a soma de todos os números será ı́mpar. Pois é
a soma de uma quantidade ı́mpar de números ı́mpares. Logo, esta soma não pode ser 1990.

Problema 4. (Leningrado 1989) Um grupo de K fı́sicos e K quı́micos está sentado ao redor


de uma mesa. Alguns deles sempre falam a verdade e outros sempre mentem. Sabe-se que
o número de mentirosos entre os fı́sicos e quı́micos é o mesmo. Quando foi perguntado:
“Qual é a profissão de seu vizinho da direita?”, todos responderam “Quı́mico.” Mostre que
K é par.

Solução. Pela resposta das pessoas do grupo, podemos concluir que do lado esquerdo de
um fı́sico sempre está sentado um mentiroso e que do lado direito de um mentiroso sempre
existe um fı́sico. Então, o número de fı́sicos é igual ao número de mentirosos, que é clara-
mente par. Então K é par.

Problema 5. Um gafanhoto vive na reta coordenada. Inicialmente, ele se encontra no ponto


1. Ele pode pular 1 ou 5 unidades, tanto para direita quanto para esquerda. Porém, a reta
coordenada possui buracos em todos os pontos que são múltiplos de 4 (i.e. existem buracos
nos pontos −4, 0, 4, 8 etc), então ele não pode pular para estes pontos. Pode o gafanhoto
chegar ao ponto 3 após 2003 saltos?

Solução. Note que a cada salto, muda a paridade do ponto em que o gafanhoto se encon-
tra. Logo, após 2003 saltos, ele estará em uma coordenada par. Portanto, não pode ser 3.

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Para finalizar vamos resolver um problema interessante onde o uso da paridade não
é tão fácil de perceber. Convidamos o leitor a tentar achar uma solução, antes de ler a
resposta em sequência.

O PROBLEMA DOS CHAPÉUS

Imagine que 10 prisioneiros estejam trancados em uma cela quando chega um carcereiro
com o seguinte comunicado:

— Amanhã todos vocês passarão por um teste. Todos vocês ficarão em fila indiana e
serão colocados chapéus nas cabeças de um de vocês. Cada um poderá ver os chapéus dos
que estarão a sua frente. Porém, não poderão ver os chapéus dos que estão atrás, nem
o seu próprio chapéu. Os chapéus serão pretos ou brancos. Feito isso, será perguntado a
cada um de vocês, do último para o primeiro, em ordem, qual a cor do seu chapéu. Se a
pessoa errar a cor do seu chapéu, será morta.

Será que os prisioneiros podem montar uma estratégia para salvar pelo menos 9 deles?

Pensando no problema:

Bem, vamos começar a discutir o problema da seguinte maneira: será que se eles com-
binarem de cada um deles falar a cor do chapéu que está imediatamente a sua frente, eles
podem salvar a maior parte do bando?

Esta é a ideia que todos têm inicialmente, mas logo verifica-se que essa estratégia não
funciona, pois basta que as cores dos chapéus estejam alternadas para a estratégia não fun-
cionar. (Lembre-se: estamos procurando uma estratégia que seja independente da escolha
dos chapéus).

Então devemos pensar de maneira mais profunda. Veja que durante o teste, cada um
dos prisioneiros pode falar apenas uma entre duas palavras que são; preto ou branco. Isto
corresponde a um sistema de linguagem binário. Outras formas de linguagem binária são:
sim e não, zero ou um, par ou ı́mpar. E é exatamente esta analogia que vamos utilizar para
montar nossa estratégia. Que será a seguinte:

3
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 5 - Prof. Bruno Holanda

O último da fila deve olhar para a frente e contar o número de chapéus pretos. Se este
número for ı́mpar, ele deve gritar preto. Caso contrário, ele deve gritar branco. Com isso,
todos ficam sabendo a paridade da quantidade de chapéus pretos que existem entre os nove
da fila.

Agora, o penúltimo vai olhar para frente e ver a quantidade de chapéis pretos. Se a
paridade continuar a mesma informada pelo último, então seu chapéu é branco. Se mudar,
ele pode concluir que seu chapéu é preto. E isto pode ser feito para todos os membros
da fila, pois todos saberão a cor dos chapéus dos anteriores (tirando a cor do chapéu do
último) e a paridade dos chapéus pretos que existem entre os nove primeiros.

Portanto, é possı́vel salvar os nove primeiros, enquanto o último pode ser salvo, se ele
tiver sorte!

Vale ressaltar que as ideias presentes nesta aula serão de certa forma generalizadas em
aulas futuras como nas aulas de tabuleiros e invariantes.

Problemas Propostos

Problema 6. Existe alguma solução inteira para a equação a · b · (a − b) = 45045.

Problema 7. É possı́vel que as seis diferenças entre dois elementos de um conjunto de


quatro números inteiros serem iguais a 2, 2, 3, 4, 4 e 6?

Problema 8. Raul falou que tinha dois anos a mais que Kátia. Kátia falou que tinha o
dobro da idade de Pedro. Pedro falou que Raul tinha 17 anos. Mostre que um deles mentiu.

Problema 9. (Torneio das Cidades 1987) Uma máquina dá cinco fichas vermelhas quando
alguém insere uma ficha azul e dá cinco fichas azuis quando alguém insere uma ficha ver-
melha. Pedro possui apenas uma ficha azul e deseja obter a mesma quantidade de fichas
azuis e vermelhas usando essa máquina. É possı́vel fazer isto?

Problema 10. (Rússia 2004) É possı́vel colocarmos números inteiros positivos nas casas
de um tabuleiro 9 × 2004 de modo que a soma dos números de cada linha e a soma dos
números de cada coluna sejam primos? Justifique sua resposta.

Problema 11. *(Ucrânia 1997) Considere um tabuleiro pintado de preto e branco da ma-
neira usual e, em cada casa do tabuleiro, escreva um número inteiro, de modo que a soma
dos números em cada coluna e em cada linha é par. Mostre que a soma dos números nas
casas pretas é par.

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 5 - Prof. Bruno Holanda

Dicas e Soluções

6. Analise as quatro possibilidades de paridade do par (a, b).

7. Se x e y são números inteiros, x + y e x − y possuem a mesma paridade.

8. Sejam R, K e P as idades de Raul, Kátia e Pedro respectivamente. Suponha que


todos tenham falado a verdade. Temos que

R=K +2

K = 2P
Dessa forma, podemos concluir que a idade de Raul é par. Por outro lado, 17 é um
número ı́mpar.

9. Sejam x e y as quantidades de fichas azuis e vermelhas. Observe que x + y é sempre


ı́mpar.

10. Suponha que seja possı́vel fazer tal construção. Sejam L1 , L2 , ..., L9 as somas dos
números de cada uma das 9 linhas, e C1 , C2 , ..., C2004 as somas dos números de cada
uma das 2004 colunas. Como cada Li e Cj são primos, estes devem ser números
ı́mpares (já que são soma de pelo menos nove inteiros positivos). Seja S a soma de
todos os números do tabuleiro. Por um lado terı́amos:

S = L1 + L2 + · · · + L9

donde concluı́mos que S é ı́mpar, pois é soma de 9 ı́mpares. Por outro lado:

S = C1 + C2 + · · · + C2004

e daqui concluirı́amos que S é par, o que é um absurdo. Logo tal construção não é
possı́vel.

11. Seja ai,j o número escrito na casa da i-ésima linha e da j-ésima coluna, 1 ≤ i ≤ 1998 e
1 ≤ j ≤ 2002. A casa (i, j) é branca se e somente se i e j possuem a mesma paridade.
999 2002
X X
L= a2i−1,j
i=1 j=1

é a soma dos números nas 999 linhas de ordem ı́mpar. Como a soma dos números de
cada linha é ı́mpar, L é ı́mpar. De maneira análoga, a soma dos números nas 1001
colunas de ordem par
1001
X 1998
X
C= a2j,i
j=1 i=1

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 5 - Prof. Bruno Holanda

também é ı́mpar. Seja P o conjunto de todas as casas pretas que estão em colunas
de ordem par, e S(P ) a soma de todos os números escritos nas casas de P .

Cada número escrito em uma casa de P aparece exatamente uma vez na soma L e
exatamente uma vez na soma C. Ademais, cada número escrito em uma casa branca
aparece exatamente uma vez na soma L + C. Assim, a soma dos números escritos
nas casas brancas é igual a L + C − 2S(P ), que é par.

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados dos livros:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics


Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

Outra fonte de problemas são as páginas da Olimpiada Brasileira de Matemática (www.obm.org.br)


e da Olimpiada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (www.obmep.org.br).

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Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Combinatória - Nível 1
Prof. Bruno Holanda
Aula 6

Percebendo Padrões

Uma das principais habilidades que deve ser desenvolvida pelos alunos que desejam ter
um bom desempenho em competições de matemática é sua capacidade de perceber padrões.
Nesta aula iremos resolver alguns exercı́cios que tratam deste tema e que foram retirados
de olimpı́adas passadas.

Problema 1. Victor e Maria começam a trabalhar no mesmo dia. Victor trabalha 3 dias
seguidos e depois tem um dia de descanso. Maria trabalha 7 dias seguidos e descansa outros
3. Quantos dias de descanso em comum os dois tiveram durante os 1.000 primeiros dias?

Solução. O ciclo de trabalho de Vitor possui quatro dias. Ou seja, forma um perı́odo de
tamanho quatro. E o ciclo de trabalho de Maria tem dez dias. Portanto, só precisamos
verificar o que acontece nos primeiros 20 dias.

Vitor T T T F T T T F T T T F T T T F T T T F
Maria T T T T T T T F F F T T T T T T T F F F

Portanto, a cada 20 dias eles têm dois dias de descanso em comum. Assim, durante os
1.000 primeiros dias , terão 100 dias de descanso em comum.

Problema 2. A figura abaixo mostra castelos de cartas de 1, 2 e 3 andares. Para mon-


tar esses castelos, foram usadas 2, 7 e 15 cartas, respectivamente. Quantas cartas serão
necessárias para montar um castelo de 10 andares?
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Solução. Para fazer um novo andar num castelo já construı́do, precisamos de três cartas
para cada andar anterior mais duas para o topo. Assim, a partir do castelo de três andares,
para fazer o de quatro andares, precisamos de mais 3 × 3 + 2 = 11 cartas, num total
de 15 + 11 = 26 cartas. Portanto, para fazer o castelo de cinco andares, precisamos de
26 + 4 × 3 + 2 = 40 cartas.
Problema 3. Para construir o arranjo triangular a seguir, que tem 2008 linhas, obedeceu-se
a uma certa regra.

O
OB
OBM
OBMO
OBMOB
OBMOBM
OBMOBMO
1. Quantas vezes a palavra OBM apararece completamente na maior coluna desse ar-
ranjo?

2. Quantas vezes a letra O aparece no arranjo?

Solução.
1. A maior coluna tem 2008 letras e OBM é um bloco de 3 letras. Como 2008 =
669 × 3 + 1, o número de vezes em que a palavra OBM aparece completamente na
maior coluna é 669.

O
OB
OBM
OBMO
OBMOB
OBMOBM
OBMOBMO

2. Da esquerda para a direita, fazendo a contagem ao longo das flechas, a primeira


passa por 2008 letras O. Como a segunda inicia três linhas abaixo, ela passa por
2008 − 3 = 2005 letras O. Nesse padrão, a próxima passará por 2002 letras O; a
seguinte, por 1999, e assim até a última flecha, que passará por 1. Portanto, o
número de vezes que a letra O aparece no arranjo é:
(2008 + 1) × 670
2008 + 2005 + 2002 + 1999 + · · · + 1 = = 673015
2

Problema 4. Observe como o quadriculado abaixo é preenchido.

2
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

ag l 1

ag l 2

ag l 3

4
di na

al
a

di na
on

on
o

o
ag
di

di
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1
2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2
3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3
4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4
5 6 7 8 9 0 1 2

1. Qual é a soma dos elementos da diagonal 9?

2. Qual é o resto da divisão por 100 da soma dos elementos da diagonal 2007?

Solução. Pode-se concluir, examinando a tabela, que a soma dos elementos da diagonal n
é igual a 2n + (n − 1)k, em que k é o algarismo das unidades do número n. Por exemplo,
na diagonal de número quatro, a soma dos números é 2 · 4 + (4 − 1) · 4 = 20, na diagonal
de número 10, a soma dos números é 2 × 10 + (10 − 1) × 0 = 20 etc.

1. Na diagonal de número 9, a soma dos elementos é 2 · 9 + (9 − 1) = 90. De outra forma,


na diagonal 9 há 10 números 9; portanto, a soma é 10 · 9 = 90.

2. Na diagonal 2007, a soma será:

2 · 2007 + (2007 − 1) · 7 = 4014 + 14042 = 18056.

O resto da divisão desse número por 100 é 56.

Problema 5. O arranjo a seguir, composto por 32 hexágonos, foi montado com varetas,
todas de comprimento igual ao lado do hexágono. Quantas varetas, no mı́nimo, são ne-
cessárias para montar o arranjo?

Solução. Pela figura do problema, podemos percceber que os hexágonos estão dispostos
em três linhas horizontais e que a linha do meio possui um hexágono a menos em relação
às duas outras linhas. Dessa forma, temos 11 hexágonos na primeira e terceiras linhas e 10
hexágonos na segunda linha.

3
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Para montar o primeiro hexágono da primeira linha, precisaremos de 6 palitos. E em


todos os outros 10 hexágonos da primeira linha serão necessários 5 palitos.

6 + (5 × 10) = 56

Para montar o hexágono primeiro hexágono da segunda linha, precisaremos de 4 palitos.


E em todos os demais hexágonos da segunda linha serão necessários apenas 3 palitos.

4 + (3 × 9) = 31

Para montar o hexágono primeiro hexágono da terceira linha, precisaremos de 5 palitos.


Nos próximos 9 hexágonos, precisaremos apenas de 3 palitos em cada. E no último, serão
necessários 4 palitos.
5 + (3 × 9) + 4 = 36
Dessa forma, para construir toda a configuração serão necessários 56 + 31 + 36 = 123
palitos.

Problema 6. O primeiro número de uma sequência é 7. O próximo número é obtido da


seguinte maneira: calculamos o quadrado do número anterior, 72 = 49 e a seguir, efetua-
mos a soma dos algarismos e adicionamos 1, isto é, o segundo número será 4 + 9 + 1 = 14.
Repetimos este processo, 142 = 196. O terceiro número da sequência será 1 + 9 + 6 + 1 = 17
e assim sucessivamente. Qual será o 2002o elemento dessa sequência?

Solução. Os primeiros números da seqüência são (7, 14, 17, 20, 5, 8, 11, 5...) donde vemos
que exceto pelos 4 primeiros termos, a sequência é periódica com perı́odo 3. Como 2002
deixa resto 1 quando dividido por 3 o número procurado coincide com aquele que ocupa o
sétimo lugar na seqüência, ou seja, o número 11.

Problema 7. Os pontos da rede quadriculado a seguir são numerados seguindo o caminho


poligonal sugerido no desenho. Considere o ponto correspondente ao número 2001. Quais
são os números dos pontos situados imediatamente abaixo e imediatamente a esquerda
dele?

13

5 6 7 12

4 3 8 11

1 2 9 10

4
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Solução. Observe que os pontos correspondentes aos quadrados perfeitos pares e ı́mpares
estão sobre os lados vertical e horizontal do quadriculado, respectivamente. Os quadrados
perfeitos mais próximos de 2001 são 1936 = 442 e 2025 = 452 . Como 2001 está mais
próximo de 2025, o ponto correspondente está no segmento vertical descendente que termina
em 2025. Logo, o ponto imediatamente abaixo dele corresponde ao número 2002. Para
determinar o número do ponto imediatamente à sua esquerda, consideramos o quadrado
perfeito ı́mpar anterior ao 2015, que é o 432 = 1849. O ponto desejado está no segmento
ascendente que começa em 1850 e situado à mesma distância que o ponto 2001 está de
2025. Dessa forma, o número procurado é 1850 + (2025 − 2001) = 1850 + 24 = 1874.
Problema 8. Sobre uma mesa, 2010 fósforos são disposto em escadas como indicado na
seguinte figura:
1a escada 2a escada 3a escada 4a escada

Nível 3
Nível 2
Nível 1
Nível 0

1. Qual é o número da escada que contém o último fósforo?


2. Em qual nı́vel está a cabeça do último fósforo?

Solução. Seja an a quantidade de fósforos na n-ésima escada. Veja que a1 = 5, a2 = 9,


a3 = 13. Ou seja, podemos verificar que

an+1 = an + 4

Mais ainda, an = 4n + 1 para todo n ≥ 1. Daı́, até a n-ésima escada teremos utilizado

Sn = (4 · 1 + 1) + (4 · 2 + 1) + (4 · 3 + 1) + · · · + (4n + 1)

palitos. Colocando o 4 em evidência, o valor anterior pode ser reescrito como

Sn = 4(1 + 2 + · · · + n) + n = 2n(n + 1) + n = n(1 + 2(n + 1)) = n(2n + 3).

Veja que Sn = n(2n + 3) é aproximadamente o dobro de um quadrado, i.e. n(2n + 3) ≈ 2n2 .


Dessa forma, calculando
2010 √
r
= 1005 ≈ 31, 7
2
podemos concluir que devemos testar primeiramente n = 31. Observe que S31 = 2015. Ou
seja, para completar a 31a escada, devemos utilizar 2015 palitos. Portanto, paramos na
31a escada, sem iniciarmos a 32a . Contanto de trás para frente, sabemos que o palito de
ordem 2015 deve estar deitado no nı́vel 0. Portanto, o palito de ordem 2010 deve estar na
vertical, de cabeça para baixo começando no nı́vel 3 e terminando no nı́vel 2 (lugar onde
estará sua cabeça).

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Problemas Propostos

Problema 9. Considere o problema do castelo de cartas? Quantas cartas serão necessárias


para montar um castelo de 20 andares?

Problema 10. Esmeralda escreveu (corretamente!) todos os números de 1 a 999, um atrás


do outro: 12345678910111213...997998999. Quantas vezes apareceu o agrupamento “21”,
nesta ordem?

Problema 11. Quantos números entre 1 e 2009 possuem a soma dos dı́gitos múltiplos de
5?

Problema 12. (ENEM) O padrão internacional ISO 216 define os tamanhos de papel utili-
zados em quase todos os paı́ses. O formato-base
√ é uma folha retangular de papel chamada
de A0, cujas dimensões estão na razão 1 : 2 . A partir de então, dobra-se a folha ao meio,
sempre no lado maior, definindo os demais formatos, conforme o número da dobradura.
Por exemplo, A1 é a folha A0 dobrada ao meio uma vez, A2 é a folha A0 dobrada ao meio
duas vezes, e assim sucessivamente, conforme figura.

A2
A0 A1

Um tamanho de papel bastante comum em escritórios brasileiros é o A4, cujas dimensões


são 21,0 cm por 29,7 cm. Quais são as dimensões, em centı́metros, da folha A0?

a) 21, 0 × 118, 8

b) 84, 0 × 29, 7

c) 84, 0 × 118, 8

d) 168, 0 × 237, 6

e) 336, 0 × 475, 2

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Dicas e Soluções

9. Nos castelos de 2, 7 e 15 cartas, podemos perceber que o número de pares de pés


corresponde ao número de andares do castelo (terceiro andar: 3 pares de pés; segundo
andar: 2 pares de pés; e assim por diante). Portanto, em um castelo de 20 andares
teremos 20 pares de pés, ou seja, 40 cartas. Sejam ainda:
S1 : Soma das cartas que formam a base de cada um dos andares.

S1 = 1 + 2 + 3 + · · · + 19 = 190

S2 : Soma das cartas que formam os “pés” de cada um dos andares.

S2 = 2 + 4 + 6 + · · · + 38 + 40 = 420

Logo, temos S1 + S2 = 610 cartas no total.

10. Vamos primeiro contar os agrupamentos 21 obtidos a partir de um par de números


consecutivos tal que o primeiro termina com 2 e o segundo começa com 1, que são
os seguintes 11 casos: 12 13, 102 103, 112 113, ..., 192 193. Vamos agora listar os
números que têm o agrupamento 21 no meio de sua representação decimal: 21, 121,
221,..., 921, 210, 211,..., 219. Temos então 20 números nesse segundo caso, e portanto
a resposta é 11 + 20 = 31.

11. Considere um grupo de dez números consecutivos x, x + 1,..., x + 9 em que x é um


múltiplo de 10 e portanto, termina em zero. Seja S(y) a soma dos dı́gitos de y. Agora
considere os seguintes casos:

• Se S(x) for múltiplo de 5, então S(x + 5) também será.


• Se S(x + 1) for múltiplo de 5, então S(x + 6) também será.
• Se S(x + 2) for múltiplo de 5, então S(x + 7) também será.
• Se S(x + 3) for múltiplo de 5, então S(x + 8) também será.
• Se S(x + 4) for múltiplo de 5, então S(x + 9) também será.

Dessa forma, em cada grupo deste tipo temos exatamente dois números cuja soma
dos dı́gitos é um múltiplo de 5. De 0 a 1999, temos 200 grupos como estes. Então,
temos 2 × 200 − 1 = 399 números deste tipo, já que no grupo de números de 1 a 9 há
apenas um número. Ainda faltando contar os números 2003 e 2008. Portanto, temos
um total de 399 + 2 = 401 números.

7
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

12. Percebemos que a cada tipo de folha, dobra-se o maior comprimento ao meio, dei-
xando a largura de mesmo tamanho. Então, para voltarmos um tipo de folha, basta
dobrar o menor comprimento e não mexer na largura. Assim, temos:
A4 = 21 × 29, 7
A3 = 29, 7 × 42
A2 = 42 × 59, 4
A1 = 59, 4 × 84
A0 = 84 × 118, 8.
Gabarito: C

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados da página da Olimpiada Bra-
sileira de Matemática (www.obm.org.br). Outros livros que também podem servir como
apoio são:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics


Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

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Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Combinatória - Nível 1
Prof. Bruno Holanda
Aula 7

Exemplos e Contra-Exemplos

Você que já tentou resolver alguns problemas de provas anteriores de Olimpı́ada de Ma-
temática deve ter percebido que é frequente perguntas na quais questiona-se a existência
de uma determindada propriedade. Por exemplo: Existe alguma potência de dois que é
soma de duas potências de três?. De imediato, podemos perceber que esta pergunta tem
duas possı́veis respostas: “É possı́vel” ou “Não é possı́vel”.

Se a resposta for afirmativa, o aluno deverá justificá-la usando algum exemplo. Se não
for possı́vel, a demonstração deverá ser feita usando algum argumento (geralmente em-
pregando ideias de demonstração por absurdo como vimos em uma aula anterior). Agora
considere a seguinte lista de exercı́cios propostos.

Problema 1. Mostre que os números de 1 a 16 podem ser escritos em uma linha reta de
modo que a soma de quaisquer dois números consecutivos seja um quadrado perfeito.

Solução. Vamos escrever todos os quadrados perfeitos até 25 que são soma de dois números
que estão entre 1 e 16 (inclusive).

1+3=4 1+8=9 1 + 15 = 16 9 + 16 = 25
2+7=9 2 + 14 = 16 10 + 15 = 25
3+6=9 3 + 13 = 16 11 + 14 = 25
4+5=9 4 + 12 = 16 12 + 13 = 25
5 + 11 = 16
6 + 10 = 16
7 + 9 = 16

Note que 8 e 16 são os únicos números que aparecem uma única vez. Logo, o primeiro
número deve ser 8 e o último deve ser 16, ou o contrário. Assim, pela somas acima, temos
a sequência:

8 − 1 − 15 − 10 − 6 − 3 − 13 − 12 − 4 − 5 − 11 − 14 − 2 − 7 − 9 − 16
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Problema 2. No quadriculado abaixo estão escritos todos os inteiros de 1 a 25. Considere


todos os conjuntos formados por cinco desses números, de modo que, para cada conjunto,
não existem dois números que estão na mesma linha ou na mesma coluna.

2 13 16 11 23
15 1 9 7 10
14 12 21 24 8
3 25 22 18 4
20 19 6 5 17

a) Apresente um conjunto no qual o maior elemento seja o 23.

b) Apresente um conjunto no qual o maior elemento seja o menor possı́vel.

Solução.
a) Considere o conjunto {23, 7, 21, 3, 19}.

b) Observe que devemos escolher um número pertencente à terceira linha e que o menor
número desta linha é o 8. Então suponha que exista algum conjunto como mencionado
no enunciado em que 8 é o elemento máximo. Neste caso, também devemos escolher
algum número na quarta linha (que não pode ser o 4 pois este número está na mesma
coluna do 8). Então devemos escolher o 3, para manter 8 como elemento máximo.
Devemos escolher algum elemento na primeira linha, que não pode ser 2 por este se
encontrar na mesma coluna do 3. Portanto, devemos escolher um número na primeira
linha que será maior do que 8. Contradição. Nosso próximo candidato é o segundo
menor elemento da terceira linha: 12. Para verificar que 12 é a solução, basta observar
o exemplo {2, 12, 9, 5, 4}.

Problema 3. Um número n é dito azul se a soma de seus dı́gitos for igual à soma dos
dı́gitos de 3n + 11. Prove que existem infinitos números azuis.

Solução. Um exemplo de número azul é 17. Veja que a soma de seus dı́gitos é 8 e a soma
dos dı́gitos de 3 · 17 + 11 = 62 também é 8. Agora, a ideia é construir vários exemplos
utilizando o caso inicial como base. Para tanto, considere os números da forma

1 |000...00
{z } 7.
n zeros

A soma dos dı́gitos é 8 e a soma dos dı́gitos de

3 · 1 |000...00
{z } 7 + 11 = 3 000...00
| {z } 32
n zeros n−1 zeros

também é 8. Logo, existem infinitos números inteiros azuis.

2
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Problema 4. É possı́vel distribuir todos os números inteiros de 1 a 30 nas casas de um


tabuleiro 5 × 6 (5 linhas e 6 colunas), un por casa, de modo que:
a) todas as colunas possuam a mesma soma?
b) todas as linha possuam a mesma soma?
Em cada item, se for possı́vel, construa um exemplo. Se não for possı́vel, justifique.

Solução.
a) Veja que a soma de todos os números de 1 a 30 é 465, um número que não é divisı́vel
por 6. Portanto, é impossı́vel dividı́-los em seis grupos de mesma soma.
b) Neste caso é possı́vel. Podemos utilizar o seguinte exemplo como justificativa:

1 10 11 20 21 30
2 9 12 19 22 29
3 8 13 18 23 28
4 7 14 17 24 27
5 6 15 16 25 26

Problemas Propostos
Problema 5. Mostre que os números de 1 a 16 não podem ser escritos em um cı́rculo de
modo que a soma de quaisquer dois números consecutivos seja um quadrado perfeito.
Problema 6. É possı́vel distribuir todos os números de 1 a 18 em nove pares do tipo (a, b)
de modo que a + b seja sempre um quadrado perfeito?
Problema 7. Como cortar um retângulo 13 × 7 em treze retângulos diferentes?
Problema 8. Mostre como cortar o tabuleiro abaixo em quatro partes iguais de modo que
cada parte possua exatamente um x.

X
X X X

Problema 9. Um rei deseja construir seis fortalezas e conectar quaisquer duas delas através
de uma estrada. Mostre como ele poderá dispor as fortalezas e as estradas de modo que
existam no máximo três interseções entre estradas.

3
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Problema 10. Um triângulo equilátero pode ser recortado em triângulos equiláteros meno-
res. A figura abaixo mostra como recortá-lo em sete triângulos equiláteros. Mostre como
recortar um triângulo equilátero em vinte triângulos equiláteros menores.

Problema 11. Dentre os polı́gonos de cinco lados, o maior número possı́vel de vértices
alinhados, isto é, pertencentes a uma única reta, é três, como mostrado a seguir. Qual é a

maior quantidade de vértices alinhados que um polı́gono de 12 lado poderá ter?


Atenção: Além de desenhar um polı́gono de 12 lados com o número máximo de vértices
alinhados, lembre-se de mostrar que não existe um outro polı́gono de 12 lados com mais
vértices alinhados do que esse.

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados da página da Olimpiada Bra-
sileira de Matemática (www.obm.org.br). Outros livros que também podem servir como
apoio são:
1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).
Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.
2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics
Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

4
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

Dicas e Soluções
5. Considere a tabela feita na solução do Problema 1. Veja que não existem dois números
x e y entre 1 e 16 tais que 8 + x e 8 + y sejam ambos quadrados perfeitos. Dessa
forma, é impossı́vel fazer o que se pede.

6. Podemos considerar a tabela da solução do Problema 1, acrescentando os pares em


que um dos elementos é 18 ou 17, ficando com:

1+3=4 1+8=9 1 + 15 = 16 9 + 16 = 25
2+7=9 2 + 14 = 16 10 + 15 = 25
3+6=9 3 + 13 = 16 11 + 14 = 25
4+5=9 4 + 12 = 16 12 + 13 = 25
5 + 11 = 16
6 + 10 = 16 7 + 18 = 25
7 + 9 = 16 8 + 17 = 25

Como 18, 17 e 16 aparecem apenas em uma única possibilidade, já sabemos quais
números devem ser seus respectivos pares. São (18, 7), (17, 8) e (16, 9). Para comple-
tar os demais pares da lista, basta observar as seis primeiras somas da terceira coluna
e daı́ retirar os demais pares.

7. Veja o exemplo a seguir:

8. Veja o exemplo a seguir:

X
X X X

5
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

9. Veja o exemplo a seguir:

10. Considere o exemplo a seguir:

11. Veja que não podemos ter três vértices consecutivos do polı́gono sobre uma mesma
reta. Caso contrário, o polı́gono teria um ângulo 180◦ . Portanto, o máximo de
vértices alinhados é 23 · 12 = 8. Para confirmar que este é realmente o número
máximo, considere o exemplo a seguir:

6
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Combinatória - Nível 1
Prof. Bruno Holanda
Aula 8

Configurações Mágicas

De maneira geral, podemos dizer que as configurações mágicas são tipos especiais de
diagramas em que devemos colocar um conjunto de números obedecendo alguma regra ou
padrão. Um dos exemplos mais famosos de configurações mágicas é o quadrado mágico,
que consiste de um tabuleiro 3 × 3 no qual devemos colocar os números de 1 a 9 (sem
repetir) de modo que a soma dos elementos escritos em cada linha, coluna o diagonal seja
sempre o mesmo.
A ideia básica para construirmos um quadrafo mágico é perceber que a soma de todos
os números será
1 + 2 + 3 + · · · + 8 + 9 = 45,
e dessa forma, a soma dos elementos em cada linha deve ser 45 3 = 15. Para determinar a
posição de cada um dos números, use as variáveis a,...,i para representar os valores de cada
casa do tabuleiro da seguinte forma:

a b c
d e f
g h i

Somando os elementos presentes nas diagonais, na segunda linha e segunda diagonal,


temos:
a + b + c + d + e + f + g + h + i +3e = 4 · 15 = 60
| {z }
=45
Resolvendo esta última equação, descobrimos que e = 5. Dessa forma, números que so-
mam 10 devem ocupar casas opostas em relação à casa central do tabuleiro. Por exemplo,
se a for 7, i deve ser 3. Continuaremos a análise focando no maior número do conjunto: o 9.

Suponha que a = 9. Neste caso, devemos ter b + c = 6 e d + g = 6. Lembre-se que a já


descobrimos que a soma dos números em cada linha e cada coluna deve ser igual a 15. Por
outro lado, não há como escolhermos dois pares de números no conjunto {1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9}
de forma que a soma dos elementos em cada par seja 6. Dessa forma, concluimos que a 6= 9.
De modo análogo, nenhum dos valores c, g ou h pode ser 9, devido à simetria existente no
quadrado. Dessa forma, 9 só pode ocupar uma das posições b, d, f ou h. Novamente pela
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

simetria, podemos assumir que h = 9. E neste caso, b = 1.

Agora veja que g + i deve ser igual a 6. Portanto, g e i são, em alguma ordem, 2 e 4.
Sem perda de generalidade, faça g = 2 e i = 4. Neste caso, a = 6 e c = 8. Para finalizar,
veja que devemos ter d = 3 e f = 7. Logo, um possı́vel exemplo de quadrado mágico é:

8 1 6
3 5 7
4 9 2

Problema 1. Mostre como distribuir os números de 1 a 7 de modo que a soma dos números
em cada uma das linhas seja sempre o mesmo.

Solução. Sejam a, b, ..., g os números que ocupam as casas do diagrama da seguinte maneira:

b c d

e f g

Note que a, ..., g são uma permutação de 1, ..., 7 e, portanto:

a + b + c + · · · + g = 1 + 2 + 3 + · · · + 7 = 28

Seja x a soma dos elementos em cada uma das linhas. Somando os elementos das três
linhas que partem de (a), temos

2a + (a + b + c + · · · + g) = 3x

2a + 28 = 3x
Somando os elementos das duas linhas horizontais:

b + c + · · · + g = 2x

2
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

28 − a = 2x
Resolvendo o sistema com variáveis a e x encontramos que a = 4 e x = 12. Neste caso,

b+e=c+f =d+g =8

Os únicos pares de números do conjunto {1, 2, 3, 5, 6, 7} que somam oito são (1, 7), (2, 6) e
(3, 5). Dessa forma, assuma que b = 1. Portanto, devemos ter e = 7 e c + d = 11. Assim,
concluı́mos que c = 6, d = 5, f = 2 e g = 3 é uma possı́vel solução.

Problema 2. Mostre como escrever os números de 1 a 9, um por casa e sem repetições, de


modo que a soma dos números em cada uma das quatro linhas seja a mesma. Já foram
escritos os números 9 e 6. Colocar os demais números.

Solução. Seja S a soma dos três números escritos em cada linha. Defina x, y e z os
números que ocupam as casas centrais da configuração da seguinte forma:

6
z y
9 x

Se somarmos as quatro linhas, os números 9, 6 e x serão contados duas vezes, enquanto


os demais números serão contados apenas uma vezes. Dessa forma,

4S = 1 + 2 + 3 + · · · + 8 + 9 + (6 + 9 + x) = 60 + x.

Portanto, x deve ser um múltiplo de 4. E os únicos valores possı́veis são 4 ou 8.

• Se x = 4, então S = 16. Neste caso, y deveria ser igual a 6. Impossı́vel, pois nenhum
número deve ser repetido.

• Se x = 8, então S = 17, y = 3 e z = 2. Restando os números 1, 4, 5, 7 que podem ser


distribuı́dos da seguinte maneira:

1 6 4
7 2 3 5
9 8

3
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

Finalizaremos os exercı́cios resolvidos com uma questão um pouco mais trabalhosa do


que as demais.
Problema 3. (Olimpı́ada Rioplatense) Em cada casa de um tabuleiro 4×4 deve ser colocado
um dos números de 1 a 16 sem repetir nenhum de modo que a soma dos número em cada uma
das quatro linhas, quatro colunas e duas diagonais forme, em alguma ordem, um conjunto
de 10 números inteiros consecutivos. Alguns números já foram colocados. Determine a
posição dos demais.

4 5 7
6 3
11 12 9
10

Solução. Sejam x, x + 1, ..., x + 9 o dez número consecutivos mencionados no enunciado.


Considere ainda os números a, b, c na tabela a seguir:

4 5 7 a
6 b 3
11 12 9
10 c

Sabemos que a soma de todos os números na tabela é


16 · 17
1 + 2 + 3 + · + 16 = = 136
2
Dessa forma, quando somamos os números de x a x + 9 estamos somando cada uma das
quatro linhas, quatro colunas e o números nas diagonais. Assim

x + (x + 1) + · · · + (x + 9) = 2 · 136 + 10 + 12 + 3 + 4 + 9 + a + b + c

10x + (1 + 2 + · · · + 9) = 272 + 38 + (a + b + c)
10x + 45 = 310 + (a + b + c)
10x = 265 + (a + b + c).
Na última equação, temos do lado direito um número múltiplo de 10. Portanto, a + b + c
deve ser um número terminado em 5.
Observe que a, b, c pertencem ao conjunto F = {1, 2, 8, 13, 14, 15, 16} formado pelos
números que estão faltando ser colocados na tabela. Note ainda que os possı́veis valores de
a + b + c são limitados:

11 = 1 + 2 + 8 ≤ a + b + c ≤ 14 + 15 + 16 = 45.

Dessa forma, a + b + c só poderia assumir um dos seguintes valores: 15, 25, 35, 45.
Por outro lado, não há três elementos em F cuja soma seja 15. Portanto, descartamos
essa possibilidade. Testando os outros casos:

4
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

• Se a + b + c = 25, então x = 29 e x + 9 = 38.


• Se a + b + c = 35, então x = 30 e x + 9 = 39.
• Se a + b + c = 45, então x = 31 e x + 9 = 40.
Em todos os casos, devemos ter que a soma dos números na segunda diagonal deve ser
menor que ou igual a 40. Logo,

10 + 12 + 3 + a ≤ 40 ⇒ a ≤ 15.

Por outro lado, se a = 15 a soma dos números na primeira linha será 4 + 5 + 7 + 15 = 31 que
é igual à soma dos elementos da primeira coluna. Assim, descartamos esta possibilidade.
Mais ainda, a soma dos elementos da primeira linha deve ser maior que ou igual a 29. Logo,

4 + 5 + 7 + a ≥ 29 ⇒ a ≥ 13.

Dessa forma, só nos restam duas possibilidades ou a = 13 ou a = 14.


Se a = 13, a soma dos elementos da primeira linha será 29. Esse valor só pode ser
considerado se x = 29. Portanto, a + b + c = 25 e assim b + c = 12. Consequentemente, a
soma dos elementos da primeira diagonal será 4 + 9 + b + c = 25: um valor que não pode
ser válido. Concluindo, a deve ser igual a 14.
Sabendo que a = 14, devemos ter que b+c = 11 ou b+c = 21 ou b+c = 31. Como b, c ∈
F e não há dois elementos em F cuja soma seja 11, descartamos a primeira possibilidade.
Se b + c = 31, então a soma dos elementos da segunda diagonal será 4 + 9 + 31 = 44,
superando a cota de 40 achada em argumento anterior. Portanto, b + c = 21 e neste caso b
e c são 13 e 8 em alguma ordem. Pois são os únicos números que somam 31 e que petencem
a F . Além disso, também descobrimos que x = 30 e que os dez valores a serem considerados
estão entre 30 e 39 (inclusive).
Agora veja a tabela com alguns valores já descobertos e outros a serem considerados
nos próximos argumentos. Seja ainda G = {d, e, f, g} = {1, 2, 15, 16} o conjunto dos demais
números restantes.
4 5 7 14
6 b 3 d
11 12 9 e
10 f g c

Sabemos que a soma da primeira diagonal é 34 e que a soma da terceira linha não pode
ser superior a 38 (pois 39 já é a soma dos números na segunda diagonal). Portanto,

11 + 12 + 9 + e ≤ 38 ⇒ e ≤ 6.

Como e ∈ G e e 6= 2, pois caso contrário a soma dos elementos da terceira linha seria 34,
concluimos que e = 1.
Na terceira coluna, observe que 7 + 3 + 9 + g ≥ 30, logo g ≥ 11. Como g ∈ G, devemos
ter que g = 15 ou g = 16. Se g = 15, a soma dos elementos da terceira linha será 34 (o
mesmo da segunda diagonal). Portanto, g = 16. Refazendo a tabela:

5
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

4 5 7 14
6 b 3 d
11 12 9 1
10 f 16 c

Agora sabemos que {b, c} = {8, 13} e {d, f } = {2, 15}. Veja ainda que não podemos
ter b = 13 e f = 15, pois a soma da segunda coluna seria 13 + 12 + 15 + 5 = 45 > 39. E
também não podemos ter b = 8 e d = 2, pois neste caso, a soma da segunda linha seria
6 + 8 + 3 + 2 = 22 < 30. Para finalizar, se f = 2 e c = 13 a soma dos números da quarta
linha será igual a 10 + 2 + 16 + 13 = 41 > 39. Portanto,

(b, c, d, f ) = (8, 13, 15, 2).

Problemas Propostos
Problema 4. Mostre como escrever os números de 1 a 7, um por casa, de modo que a soma
dos três números em cada uma das três linhas seja o mesmo. Já foram colocados o 3 e o 4.
Mostre como colocar os demais.
4
3

Problema 5. As casas de um tabuleiro 4×4 devem ser numeradas de 1 a 16, como mostrado
parcialmente no desenho, formando um Quadrado Mágico, ou seja, as soma dos números
de cada linha, de cada coluna e de cada uma das duas diagonais são iguais.

14 11 5 X
8
12 3
Y

a) Que números devem ser escritos no lugar de X e de Y ?

b) Apresente o Quadrado Mágico completo.

Problema 6. Na tabela a seguir, escreva os números de 1 a 9 em cada coluna de modo que


a soma dos números escritos nas 9 linhas seja a mesma (igual a Y ).

6
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
X X X

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados da página da Olimpiada Bra-
sileira de Matemática (www.obm.org.br). Outros livros que também podem servir como
apoio são:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics


Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

Você poderá buscar outras questões nos bancos de questões e nas provas antigas da OBMEP,
no site www.obmep.org.br.

Dicas e Soluções
4. Seja x o número que deverá ser colocado abaixo do quatro, como mostrado na figura
a seguir: Seja S a soma dos elementos em cada uma das três linhas presentes na

4
3 x

configuração. Somando todos os elementos em todas as linhas, os números 3 e x


serão somados duas vezes e os demais apenas uma. Dessa forma, temos a seguinte
equação:
3S = 1 + 2 + · · · + 7 + (3 + x) = 31 + x

7
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

Dessa forma, x deve ser um número que deixa resto 2 na divisão por 3. As únicas
possibilidades são x = 2 ou x = 5.

• Se x = 2, então S = 11. Dessa forma, podemos completar a configuração


facilmente.
1 4
3 6 2
7 5

• Se x = 5, então S = 12. Se estes valores fossem válidos, o número logo abaixo


de x = 5 deveria ser 3. Impossı́vel, pois não podemos repetir valores.

4
3 5
3

5. a) A soma de todos os inteiros de 1 a 16 (inclusive) é igual a 16·17


2 = 136. Dividindo-
se este valor por 4, saberemos qual deve ser a soma dos elemnetos em cada uma
das quatro linhas. Este valor é S = 136
4 = 34. Dessa forma, podemos rapidamente
calcular os valores de X e Y :

14 + 11 + 5 + X = 34 ⇒ X = 4

14 + 8 + 3 + Y = 34 ⇒ Y = 9

b) Agora use as incógnitas a, b,..., h para representar os valores restantes da tabela.

14 11 5 4
a 8 b c
12 d 3 e
f g h 9

Agora considere as seguintes equações obtidas analisando-se a segunda diagonal e


a quarta linha:
f + d + b = 34 − 4 = 30
f + g + h = 34 − 9 = 25
Assim, 2f + (b + d + g + h) = 55. Somando os elementos nas duas colunas centrais:

11 + 8 + d + g + 5 + b + 3 + h = 34 + 34

⇒ b + d + g + h = 41

8
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 8 - Prof. Bruno Holanda

Portanto, 2f = 55 − 41 = 14 ⇒ f = 7. Consequentemente, pela soma dos


elementos da primeira coluna, a = 1. Assim, b + c = 25. Como b, c ≥ 16 temos
um número restrito de possibilidades para testar. São elas:

{b, c} = {16, 9}; {15, 10}; {14, 11}; {13, 12}

Destas, apenas a segunda possui os números ainda não utilizados. Logo, temos
duas possibilidades:
• Se b = 15. Neste caso, h = 34 − 5 − 15 − 3 = 11. Impossı́vel, pois o número
11 já foi utilizado.
• Se b = 10. Neste caso, c = 15 e h = 16. Encontrando-se facilmente os demais
números a partir deste ponto, chegamos à seguinte tabela:

14 11 5 4
1 8 10 15
12 13 3 6
7 2 16 9

6. A soma dos 27 números escritos na tabela é igual a três vezes X e igual a nove vezes
Y . Como X é a soma dos números em cada coluna,

X = 1 + 2 + 3 + · · · + 9 = 45

Portanto, 9Y = 3X ⇒ Y = 15. A tabela a seguir mostra uma forma de escrever os


números na tabela:

1 5 9 Y
2 6 7 Y
3 4 8 Y
4 9 2 Y
5 7 3 Y
6 8 1 Y
7 2 6 Y
8 3 4 Y
9 1 5 Y
X X X

9
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Combinatória - Nível 1
Prof. Bruno Holanda
Aula 9

Tabuleiros

Quem nunca brincou de quebra-cabeça? Temos várias “pecinhas” e temos que encontrar
uma maneira de unir todas elas para formar uma figura maior. O que costumava ser apenas
um passa-tempo, ganhou uma irmã que estudada por muitos matemáticos sérios pelo mundo
a “Tiling Theory” (traduzindo: Teoria da Cobertura). E por se tratar de um tema muito
atrativo, logo ganhou força nas principais competições de matemática.

Problema 1. Determine se é possı́vel cobrir ou não o tabuleiro abaixo (sem sobreposições)


usando apenas dominós?

Solução. Pinte as casas do tabuleiro acima alternadamente de branco e preto (como no


tabuleiro de xadrez). Note que, não importa como colocamos o dominó no tabuleiro, ele
sempre cobre uma casa branca e ou outra preta. Desse modo se fosse possı́vel cobrir o
tabuleiro usando apenas dominós, deverı́amos ter o tabuleiro com a quantidade de casas
pretas igual a quantidade de casas brancas. Mas no tabuleiro “quebrado” existem 18 casas
brancas e 16 pretas. Logo, não é possı́vel fazer tal cobertura.

Problema 2. Podemos cobrir um tabuleiro 10 × 10 usando apenas T-tetraminós como


abaixo?

Solução. Pinte o tabuleiro de branco e preto da maneira usual (como no xadrez). Note
que ao colocarmos um T-tetraminó no tabuleiro ele pode assumir colorações do tipo 1 ou
2.
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 9 - Prof. Bruno Holanda

Suponha que ao cobrir o tabuleiro usamos A peças do tipo 1 e B do tipo 2. Sabemos


que devemos usar 25 peças no total ou seja A + B = 25. Cada peça do tipo 1 possui uma
casa branca e cada peça do tipo 2 possui 3 casas brancas, e como temos ao todo 50 casas
brancas no tabuleiro; A + 3B = 50. De modo análogo, obtemos B + 3A = 50. Porém o
sistema acima não possui solução inteira. Logo, não é possı́vel cobrir o tabuleiro.

T ipo 1 T ipo 2

E não é apenas a pintura do xadrez que é útil para resolver problemas. Vejamos o
próximo exemplo.

Problema 3. Para que valores de n, m podemos cobrir um tabuleiro n × m usando apenas


L-tetraminós como abaixo?

Solução. Claramente n · m deve ser múltiplo de 4. Nesse caso, n ou m (possivelmente


ambos) deve ser múltiplo de dois. Suponha sem perca de generalidade que m (i.e., o
número de colunas) é par. Pinte altenadamente as colunas de duas cores como mostrado
na figura a seguir. Para finalizar, adapte a solução do problema anterior.

Figura 1: Pintura por Colunas

Se duas cores ajudam muita gente, quatro cores ajudam muito mais! É isso mesmo!
Não vá pensando que é só pintar o tabuleiro de preto e branco que você vai resolver todos
os problemas de tabuleiro do mundo! O próximo exemplo mostra que às vezes apenas duas
cores não bastam.

Problema 4. É possı́vel que um cavalo do xadrez passe por todas as casas de um tabuleiro
4 × 10 exatamente uma vez e, em seguida retorne para o quadrado original?

1 2 1 2 1 2
3 4 3 4 3 4
4 3 4 3 4 3
2 1 2 1 2 1

2
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 9 - Prof. Bruno Holanda

Solução. Pinte o tabuleiro 4 × n como mostra a figura anterior. Assuma que seja possı́vel
fazer que o cavalo passe por todas as casas. Note que, se o cavalo está na casa 1 só poderá
ir para casa 3 desse modo para o cavalo ir para uma casa de cor 1 ele passa por duas casas
de cor 3, e como cada cor possui o mesmo número de casas, fica impossı́vel o cavalo fazer
o passeio.

Vimos que pintar tabuleiros usando cores é uma exelente idéia. Uma idéia melhor ainda
é pintar usando números! Você deve estar se perguntando por que? Bem, os números possui
propriedades aritméticas (i.e, podem ser somados e multiplicados), coisa que não podemos
fazer com cores. A não ser que você ache que preto+branco=cinza.

Problema 5. (Estônia 1993) Para quais naturais n é posı́vel cobrir um retângulo de tamanho
3 × n com peças mostradas na figura abaixo sem sobreposição?

Solução. Pinte o tabuleiro da seguinte forma:

1 1 1 1 1 1 1
−1 −1 −1 −1 −1 −1 −1
1 1 1 1 1 1 1 1

Veja que a soma dos números cobertos por um L-trinimó é sempre 1 ou −1. Enquanto
a soma dos números cobertos por um Z-tetraminó é sempre zero. Além disso, a soma de
todos os números do tabuleiro é n. Observe que para cobrir um tabuleiro 3 × n podemos
usar no máximo n peças. Assim, todas as peças devem ser L-triminós. Além disso, não
podemos dispor nenhum L-triminó de modo que a soma dos números escritos em suas casas
seja −1. Dessa forma, se pintarmos o tabuleiro como no xadrez, cada L-triminó terá que
ocupar duas casas pretas. Portanto, n deve ser um número par.

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados da página da Olimpiada Bra-
sileira de Matemática (www.obm.org.br). Outros livros que também podem servir como
apoio são:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics


Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

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Problemas Propostos
Problema 6. Sobre uma das casas de um tabuleiro infinito, existe um cubo que cobre a
casa perfeitamente. A face no topo do cubo é branca, enquanto as demais faces são pretas.
A cada passo, podemos tombar o cubo para um dos lados. É possı́vel que:

(a) Após 2004 passos o cubo volte ao mesmo quadrado com a face branca para baixo?

(b) Após 2005 passos?

Problema 7. É possı́vel cobrir um tabuleiro 5 × 10 usando apenas peças como abaixo?

Problema 8. Um tabuleiro n × m foi totalmente coberto usando peças 4 × 1 e 2 × 2. Em


seguida, todas as peças foram retiradas do tabuleiro e uma peça 2 × 2 foi substituı́da por
uma peça 4 × 1. Prove que o tabuleiro não poderá ser mais coberto com essa troca.

Problema 9. (Estônia 2004) Ache a medida do lado do menor cubo que pode ser coberto
por crymbles (figura 9).

Problema 10. (Rússia 1996) Podemos cobrir um tabuleiro 5 × 7 com L-triminós que tal
forma que cada casa do tabuleiro seja coberta por um mesmo número de peças?

Problema 11. Determine se a última peça do resta um pode terminar na casa indicada
(figura 2)

Figura 2: Resta Um.

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POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 9 - Prof. Bruno Holanda

Dicas e Soluções
6. (a) Sim. Vire o cubo duas vezes para a direita, uma para baixo, duas para a esquerda
e uma para cima (figura 3). Após estes seis passos, a face branca estará virada
para baixo. Depois basta repetidamente o cudo para direira e para esquerda 996
vezes.
(b) Não. Pinte o tabuleiro na maneira usual. Note que, a cada movimento, o cubo
muda de uma casa preta para uma casa branca e vice-versa. Logo, após um
número ı́mpar de movimentos não poderá estar na casa inicial.

Figura 3: Virando um Cubo.

7. Sim veja a figura 4.

Figura 4: Cobrindo com Y-pentaminós.

Nota. Com um pouco mais de trabalho podemos provar que o “menor” tabuleiro
(em número de casas) que podemos cobrir usando apenas Y-pentaminós é o 5 × 10.
Note que para cobrı́-lo usamos 10 peças. Dessa forma, dizemos que o Y-pentaminó
tem ordem 10. Veja que alguns polinimós já são um tabuleiro, como acontece com
o monominó e o dominó. Esse tipo de peça tem ordem 1 ou trivial. Algumas peças
(como o Z-tetraminó) possuem ordem infinita, já que não existe nenhum tabuleiro
n × m que possa ser inteiramente coberto usando somente elas.

8. Pinte tabuleiro da seguinte forma:


1) As linhas pares devem ser pintadas como no xadrez, alternando preto e branco.
2) As linhas ı́mpares devem ser pintadas totalmente de branco.

9. Dica: Use a pintura como mostra a figura 5 para mostrar que o cubo de lado 5 não
pode ser coberto.

10. Pinte o tabuleiro usando −2’s e 1’s como mostrado na figura a seguir. Cada T-triminó
ocupa três casas cuja a soma é 3 ou 0. Por outro lado a soma de todas casas do ta-
buleiro é −1. Logo, é impossı́vel cobrir já que a soma não é um múltiplo positivo de 3.

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Figura 5:

Figura 6:

11. Use a pintura alternada do xadrez usando três cores.

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Curso de Combinatória - Nível 1
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Aula 10

Princı́pio Multiplicativo I

De quantos modos podemos nos vestir? Quantos números menores que 1000 possuem
todos os algarismos pares? Contar coisas é algo tão antigo quanto a própria humanidade.
Porém, ao longo do tempo as idéias evoluiram e novas técnicas surgiram.

Existem várias formas de contar coisas, a mais simples delas é a contagem caso a caso.
Este é o processo que mais usamos em nosso cotidiado. Mas, é uma forma primitiva de
resolver os problemas. Vamos aprender uma técnica mais prática pensando no seguinte
exemplo:

Problema 1. Uma porta só é aberta quando usamos simultaneamente a chave e o cartão
corretos. Se você possui duas chaves e três cartões, quantos testes devemos fazer para
garantir que a porta irá abrir?

Solução. Podemos montar um diagrama (figura 1) para auxilar na solução do problema.

Figura 1: Abrindo uma Porta.

No diagrama acima podemos ver todas as combinações possı́veis de uma chave com um
cartão. Assim, a solução é visual e igual a 6. Por outro lado, poderı́amos ter resolvido o
problema da seguinte forma:

Note que para cada escolha de chave existem três maneiras para escolher o cartão. Como
temos duas chaves, o total de combinações é 2 × 3 = 6. Nesse caso, seriam necessários 6
POTI - Combinatória - Nı́vel 1 - Aula 6 - Prof. Bruno Holanda

testes para achar a combinação correta.

Assim, se houvesse 30 chaves e 5 cartões não seria necessário fazer um diagrama para
contar as combinações uma por uma, o resultado seria simplesmente 30 × 5 = 150. O
método que acabamos de usar é conhecido como princı́pio multiplicativo. Nos próximos
problemas vamos usá-lo de uma forma mais geral.

Problema 2. Teddy possui 5 blusas, 3 calções e 2 pares sapatos. De quantas maneiras


diferentes ele pode se vestir?

Solução. Vamos primeiro contar o número de maneiras que Teddy pode escolher a blusa
e a calça. Bem, para cada calça que Teddy escolhe, ele tem ainda cinco maneiras de es-
colher a blusa. Como ele possui três calças, o número total de modo de escolher o par
(calça e blusa) é 5 × 3 = 15. Agora, para cada maneira de escolher esse par, ele ainda tem
duas maneiras de escolher os sapatos. Daı́, é fácil concluir que Teddy pode se vestir de
5 × 3 × 2 = 30 maneiras diferentes.

Problema 3. De quantos modos podemos pintar um tabuleiro 1 × 4 usando apenas três


cores, sem pintar casas vizinhas da mesma cor?

Solução. Podemos pintar a primeira casa de três maneiras diferentes, a segunda de duas
maneiras (não podemos usar a cor da primeira casa), a terceira casa pode ser pintada de
duas maneiras (não podemos usar a cor da segunda casa), o mesmo ocorre com a quarta
casa. Assim, o total de maneiras de pintar o tabuleiro é 3 × 2 × 2 × 2 = 24.

Suponha que Carlos, Felipe, Marina e Ana estejam em uma fila. Se trocarmos a posição
de alguns deles dizemos que fizemos uma permutação. A pergunta é: Quantas permutações
podemos ter usando quatro pessoas? Antes de resolver o problema vamos introduzir uma
notação muito usada em problemas de contagem por simplificar algumas contas.

Notação. Dado um número natural n, seja n! (leia n fatorial) o produto 1 · 2 · 3 · · · (n − 1) · n.

Observe que o conseito de fatorial está fortemente ligado à noção de permutação. Para
fixar essa notação, vamos resolver alguns exercı́cios simples:
1. Calcule 4!, 5! e 6!
100! 47!
2. Calcule e
98! 44!3!
3. Resolva a equação (m + 2)! = 72 · m!
4. Prove que
1 1 n
(a) − =
n! (n + 1)! (n + 1)!

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(b) 2 · 4 · 6 · 8 · · · (2n) = 2n · n!
Problema 4. De quantas maneiras podemos formar uma fila com Carlos, Felipe, Marina e
Ana?

Solução. Podemos escolher o primeiro da fila de quatro maneiras, a segunda de três, a


terceira de duas e a última de apenas uma maneira (a pessoa que sobrar). Desse modo
temos 4 · 3 · 2 · 1 = 4! permutações.

Problema 5. (OBM 2005) Num relógio digital, as horas são exibidas por meio de quatro
algarismos. O relógio varia das 00:00 às 23:00 horas. Quantas vezes por dia os quatro
algarismos mostrados são todos pares?

Solução. Note que neste problema existe uma restrição nos dı́gitos que marcam as horas
e no primeiro dı́tido que marca os minutos. Dessa forma, em vez de pensar em cada dı́gito
separadamente, vamos pensar em três blocos de algarismos. O primeiro, que é formado
pelos dois primeiros algarismos, pode assumir 7 valores diferentes (00, 02, 04, 06, 08, 20 ou
22); o segundo é formado apenas pelo terceiro dı́gito e pode assumir 3 valores (0,2 ou 4); e
o último dı́gito pode assumir 5 valores (0,2,4,6 ou 8). Logo, o total de vezes em que todos
aparecem pares é 7 × 3 × 5 = 105.

Agora vamos nos preocupar com alguns problemas mais “clássicos”. Apesar de serem
problemas bem conhecidos por todos, vamos abordá-los aqui, pois empregam idéias que
são constantemente usadas em vários problemas.

Problema 6. (Quantidade de Subconjuntos) Quantos subconjuntos possui o conjunto M =


{1, 2, 3, ..., 10}?

Solução. A cada subconjunto de M vamos associar uma seqüência de 10 dı́gitos que podem
ser 0 ou 1. Essa associação será dada através da seguinte regra: O primeiro termo dessa
seqüência será 1 se o elemento 1 estiver no subconjunto e 0 caso contrário; O segundo termo
dessa seqüência será 1 se o elemento 2 estiver no subconjunto e 0 caso contrário; O terceiro
termo dessa seqüência será 1 se o elemento 3 estiver no subconjunto e 0 caso contrário; e
assim por diante.
Por exemplo, o subconjunto {1, 2, 5, 8, 10} está associado à seqüência 1100100101, o sub-
conjunto {2, 3, 5, 8} está associado à seqüência 0110100100, enquanto o subconjuto vazio
∅ é representado por 0000000000. Note que a quantidade de subconjuntos de M é igual à
quantidade destas seqüências. Por outro lado, podemos escolher cada dı́gito de duas formas
e, conseqüêntimente, temos 210 seqüências (que é a mesma quantidade de subconjuntos).

Problema 7. (Quantidade de Divisores) Seja n = pα1 1 · pα2 2 · · · pαk k um número natural na


sua forma fatorada. Então, n possui exatamente
(α1 + 1)(α2 + 1) · · · (αk + 1)

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divisores inteiros positivos. Incluindo 1 e n.

Solução. Note que cada divisor positivo de n é da forma n = pβ1 1 · pβ2 2 · · · pβk k , onde cada
expoente βi é um número entre 0 e αi (inclusive). Dessa forma, temos (α1 + 1) maneiras
de escolher o expoente de p1 ; (α2 + 1) maneiras de escolher o expoente de p2 ; assim por
diante. Logo, segue o resultado do princı́pio multiplicativo.

Problemas Propostos

Problema 8. (OBM 2004) De quantos modos diferentes podemos pintar (usando apenas
uma cor) as casas de um tabuleiro 4 × 4 de modo que cada linha e cada coluna possua
exatamente uma casa pintada?

Problema 9. Quantos números naturais de três algarismos distintos existem?

Problema 10. De quantos modos podemos por três torres de três cores diferentes em um
tabuleiro 8 × 8 de modo que nenhuma delas ataque outra?

Problema 11. Uma embarcação deve ser tripulada por oito homens, dois dos quais só
remam do lado direito e um apenas do lado esquerdo. Determine de quantos modos esta
tripulação pode ser formada, se de cada lado deve haver quatro homens.
Obs : A ordem dos homens deve ser considerada.

Problema 12. De quantas maneiras podemos ir de A até B sobre a seguinte grade sem
passar duas vezes pelo mesmo local e sem mover-se para esquerda? A figura abaixo mostra
um caminho possı́vel.

Problema 13. (OBM 2005) Num tabuleiro quadrado 5 × 5, serão colocados três botões
idênticos, cada um no centro de uma casa, determinando um triângulo. De quantas ma-
neiras podemos colocar os botões formando um triângulo retângulo com catetos paralelos
às bordas do tabuleiro?

Problema 14. De quantas maneiras é possı́vel colocar em uma prateleira 5 livros de ma-
temática, 3 de fı́sica e 2 de biologia, de modo que livros de um mesmo assunto permaneçam
juntos?

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Problema 15. De quantas formas podemos colocar 4 bolas verdes e 4 bolas amarelas em
um tabuleiro 4 × 4 de modo que cada coluna e cada linha possua exatamente uma bola de
cada cor.

Problema 16. (Maio 2006) Um calendário digital exibe a data: dia, mês e ano, com 2
dı́gitos para o dia, 2 dı́gitos para o mês e 2 dı́gitos para o ano. Por exemplo, 01-01-01
corresponde a primeiro de janairo de 2001 e 25-05-23 corresponde a 25 de maio de 2023.
Em frente ao calendário há um espelho. Os dı́gitos do calendário são como os da figura
abaixo.

Se 0, 1, 2, 5 e 8 se reflentem, respectivamente, em 0, 1, 5, 2 e 8, e os outros dı́gitos perdem


sentido ao se refletirem, determine quantos dias do século, ao se refletirem no espelho,
correspondem também a uma data.

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados da página da Olimpiada Bra-
sileira de Matemática (www.obm.org.br). Outros livros que também podem servir como
apoio são:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Análise Combinatória e Probabilidade. Paulo Cezar Pinto Carvalho, Augusto


Cezar de Oliveira Morgado, Pedro Fernandez, João Bosco Pitombeira. SBM

3. Tópicos de Matemática Elementar - Volume 4 Combinatória. Antonio Ca-


minha Muniz Neto. SBM

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Dicas e Soluções

8. Em cada coluna devemos escolher exatamente uma casa para pintar. Temos 4 pos-
sibilidades de escolher a da primeira coluna, 3 para a segunda, 2 para a terceira, e 1
para última. Dessa forma, temos 4 · 3 · 2 · 1 = 24 maneiras de pintar o tabuleiro.

9. O primeiro algarismo pode ser escolhido de 9 modos (não podemos escolher o zero),
para o segundo temos 9 possibilidades (pois deve ser diferente do primeiro) e o terceiro
de 8 modos (deve ser diferente dos outros dois). Desse modo, a quantidade de números
é 9 · 9 · 8 = 648.

10. Temos 64 maneiras de escolher a posição da primeira torre, 49 para a segundo e 36


para a terceira. Total de maneiras é 64 · 49 · 36 = 112896.

11. 4 × 3 × 4 × 5! = 5760

12. A formiga deve ir para direita extamente 5 vezes. Ao escolhermos esses movimentos,
o resto do caminho estará bem definido. Como podemos escolher cada um destes
cinco movimentos de seis maneiras, o total de caminhos será 6 · 6 · 6 · 6 · 6 = 65 .

13. Podemos escolher o vértice oposto à hipotenusa do triângulo de 25 maneiras. E


cada um dos demais vértices de 4 maneiras. Logo, o total de triângulos pedidos é :
25 · 4 · 4 = 400.

17. Considere os três blocos formados por livros da mesma matéria. Podemos organizar
esses blocos de 3! maneiras. Agora, em cada bloco ainda podemos permutar seus
livros. Assim, o número correto de maneiras é 5! · 3! · 2! · 3!.

19. Existem 4! maneiras de colocar as bolas verdes. Depois disso, escolha uma das bolas
verdes. Ponha uma bola amerela na sua linha e uma na sua coluna. Note que, ao
fazermos isto, as posições das outras duas bolas amarelas estará bem definida. Dessa
maneira, temos um total de 4! · 3 · 3 = 216 configurações.

21. Como não podemos usar os dı́gitos 3, 4, 6, 7, 9 para formar uma data, os únicos valores
possı́veis para os dois primeiros dı́gitos (os que marcam o dia) são: 01, 02, 05, 08, 10,
11, 12, 15, 18, 20, 21, 22, 25, 28. Para os dois próximos dı́gitos temos as seguintes
possibilidades: 01, 02, 05, 08, 10, 11, 12. Por outro lado, apenas os pares 01, 10 e
11 também correspondem a um mês quando são refletidos. Para os dois últimos as
possibilidades são: 10, 20, 50, 80, 01, 11, 21, 51, 81, 02, 12, 22, 52, 82. Pois seus
reflexos devem corresponder a um dia. Logo, o total de datas pedidas é 14 × 3 × 14 =
588.

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Contagens II

Neste material vamos dar continuidade ao que foi introduzido na aula anterior e apren-
deremos novas técnicas relacionadas aos problemas de contagem.

1. Separando em casos

Quando encontramos dificuldades em resolver um problema, uma estratégia útil é se-


pará-lo em casos menores em que essas dificuldades diminuam. Essa ideia é tão significativa
que os especialistas da ciência da computação nomearam-na de divide and conquer algo-
rithm, em analogia às estratégias polı́tico-militares.

Problema 1. O alfabeto da Tanzunlândia é formado por apenas três letras: A, B e C.


Uma palavra na Tanzunlândia é uma seqüência com no máximo 4 letras. Quantas palavras
existem neste paı́s?

Solução. Existem 3 palavras com uma letra, 32 com duas letras, 33 com três letras, e 34
com quatro letras. Logo, o total de palavras é 3 + 32 + 33 + 34 = 120.

Problema 2. De quantos modos podemos pintar (usando uma de quatro cores) as casas da
figura a baixo de modo que as casas vizinhas tenham cores diferentes?

1 2

4 3

Solução. Vamos separar o problema em dois casos:

i. Se as casas 1 e 3 tiverem a mesma cor, temos quatro maneiras de escolher essa cor.
Podemos escolher a cor da casa 2 de três maneiras (basta não ser a cor usadas nas
casas 1 e 3), o mesmo vale para casa 4. Logo, temos 4 × 3 × 3 = 36 maneiras de pintar
dessa forma.
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ii. Agora se 1 e 3 têm cores diferentes, podemos escolher a cor da casa 1 de quatro
maneiras, da casa 3 de três maneiras e, das casas 2 e 4, podemos escolher de duas
maneiras cada. Assim, temos 4 × 3 × 2 × 2 = 48 maneiras de pintar desta outra forma.
Desse modo, podemos concluir que existem 36 + 48 = 84 maneiras de pintar a rosquinha.

Problema 3. Quantos são os números de quatro dı́gitos que não possuem dois algarismos
consecutivos com a mesma paridade?

Solução. Vamos separar o problema em dois casos:


i. Quando o primeiro algarismo for par, temos 4 possibilidades para o primeiro dı́gito, 5
para o segundo, 5 para o terceiro e 5 para o último. Totalizando 4 × 5 × 5 × 5 = 500
números.
ii. Quando o primeiro algarismo for ı́mpar, temos 5 possibilidades para cada um dos
dı́gitos. Logo, a quantidade de números dessa forma é 5 × 5 × 5 × 5 = 625.
Portanto, temos um total de 625 + 500 = 1125 números de quatro dı́gitos que não possuem
dois algarismos consecutivos com a mesma paridade.

2. Contagens Múltiplas
Os problemas que abordamos até agora tinham algo em comum: o papel da ordenação
na diferenciação das possibilidades. Porém, há casos em que a ordem dos elementos não é
relevante para a contagem. Isso fica claro quando analisamos as seguintes situações:

Situação 1. De um grupo de 7 pessoas, devemos escolher 3 delas para formar um


pódio (primeiro, segundo e terceiro lugares). De quantas formas podemos fazer isso?

Situação 2. De um grupo de 7 pessoas, devemos escolher 3 delas para formar um


comitê (sem hierarquias). De quantas formas podemos fazer isso?

Perceba que, apesar de serem semelhantes, são problemas diferentes, com respostas
também diferentes. O primeiro sabemos resolver. A resposta é 7 × 6 × 5 = 210. Agora,
sabendo a essa resposta podemos dar uma solução para o segundo problema.

Note que, para cada comitê formado, podemos montar 3 × 2 × 1 = 6 pódios distintos.
Logo, o número de pódios é seis vezes o número de comitês. Portanto, a resposta para o
210
segundo problema é = 35.
6
Podemos usar essa estratégia para resolver problemas de anagramas em que as palavras
possuem letras repetidas.

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Problema 4. Quantos anagramas possui a palavra matematica (desconsidere o acento)?

Solução. Se imaginarmos por um momento uma palavra de 10 letras diferentes:

m1 a1 t1 em2 a2 t2 ica3 ,

o número total de anagramas será 10!. Porém, ao trocarmos letras que na realidade são
iguais (como a1 e a3 ) o anagrama continua o mesmo. Dessa forma, cada anagrama foi
10!
contado 2 × 2 × 3! vezes. Portanto, a resposta é .
2 × 2 × 3!

Problema 5. De quantas formas podemos por oito pessoas em uma fila se Alice e Bob
devem estar juntos, e Carol deve estar em algum lugar atrás de Daniel?

Solução. Vamos imaginar Alice e Bob como uma única pessoa. Existirão 7! = 5040 pos-
sibilidades. Alice pode estar na frente de Bob ou vice versa. Então devemos multiplicar o
número de possibilidades por 2. Por outro lado, Carol está atrás de Daniel em exatamente
metade dessas permutações, então a resposta é apenas 5040.

Problemas Propostos
Problema 6. Escrevem-se todos os inteiros de 1 a 9999. Quantos números têm pelo menos
um zero?
Problema 7. Quantos números de três dı́gitos possuem todos os seus algarismos com a
mesma paridade?
Problema 8. De quantas maneiras podemos colocar um rei preto e um rei branco em um
tabuleiro de xadrez (8 × 8) sem que nenhum deles ataque o outro?
Problema 9. Na cidade Gótica as placas das motos consistem de três letras. A primeira
letra deve estar no conjunto {C, H, L, P, R}, a segunda letra no conjunto {A, I, O}, e a
terceira letra no conjunto {D, M, N, T }. Certo dia, decidiu-se aumentar o número de
placas usando duas novas letras J e K. O intendente dos transportes ordenou que as novas
letras fossem postas em conjuntos diferentes. Determine com qual opção podemos obter o
maior número de placas.
Problema 10. Em uma festa havia 6 homens e 4 mulheres. De quantos modos podemos
formar 3 pares como essas pessoas?
Problema 11. De quantas maneiras podemos por três torres de mesma cor em um tabuleiro
8 × 8 de modo que nenhuma delas ataque a outra?
Problema 12. (AIME 1996) Duas casas de um tabuleiro 7 × 7 são pintadas de amarelo e as
outras são pintadas de verde. Duas pinturas são ditas equivalentes se uma é obtida a partir
de uma rotação aplicada no plano do tabuleiro. Quantas pinturas inequivalentes existem?

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Problema 13. Em uma sala de aula existem a meninas e b meninos. De quantas formas
eles podem ficar em uma fila, se as meninas devem ficar em ordem crescente de peso, e os
meninos também? (Suponha que 2 pessoas quaisquer não tenham o mesmo peso.)

Bibliografia Recomendada
Muitos dos exercı́cios propostos nesta aula foram retirados da página da Olimpiada Bra-
sileira de Matemática (www.obm.org.br). Outros livros que também podem servir como
apoio são:

1. Mathematical Circles: Russian Experience (Mathematical World, Vol. 7).


Dmitri Fomin, Sergey Genkin, Ilia V. Itenberg.

2. Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991 (Contests in Mathematics


Series ; Vol. 1). Dmitry Fomin, Alexey Kirichenko.

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Dicas e Soluções
6. Ache a quantidade de números de 0 a 9999 sem nenhum dı́gito zero. Faça essa
contagem separando em quatro casos (de acordo com a quantidade de algarismos).

7. Separe em dois casos: 1) quando todos os dı́gitos são pares; 2) quando todos os dı́gitos
são ı́mpares. Não se esqueça que zero não pode ser o primeiro dı́gito!

8. Podemos dividir o tabuleiro em três regiões: A primeira é formada pelas quatro casas
nos cantos do tabuleiro; a segunda pelas 24 casas da borda (que não estão nos cantos);
e a terceira pelo tabuleiro 6 × 6 no interior do tabuleiro. Se o primeiro rei for posto
na primeira região, temos 60 maneiras de colocar o segundo rei; se ele for posto na
segunda, temos 58 maneiras; e se for posto na terceira, temos 55 maneiras. Logo,
temos um total de 4 × 60 + 24 × 58 + 36 × 55 = 3612 modos diferentes de colocar os
dois reis.

9. Inicialmente temos 5·3·4 = 60 placas. De acordo com o problema, temos as seguintes


opções para o novo número de placas: 6 · 4 · 4 = 96, 5 · 4 · 5 = 100 e 6 · 3 · 5 = 90.
Logo, o número máximo é 100.
(6 × 5 × 4) × (4 × 3 × 2)
10. .
3!
64 × 49 × 36
11. .
3!
12. Separe o problema em dois casos. Quando as casas amarelas são simetricas em relação
ao centro do tabuleiro e quando não são. Conte o número de pinturas equivalentes
em casa caso.

13. Temos (a + b)! maneiras de permutar todas as crianças. Porém apenas uma das a!
permutações das meninas está na ordem correta e apenas b! das permutações dos
(a + b)!
meninos está correta. Logo, a resposta é .
a!b!

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