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CENTRO UNIVERSITÁRIO DOCTUM DE TEÓFILO OTONI

DIREITO

ADRIANA PEREIRA GONÇALVES


ANA GABRIELA FERREIRA AMARAL
CLARA VITÓRIA NASCIMENTO GUIMARÃES

IMERSÃO NA REALIDADE PRISIONAL FEMININA:


UM ESTUDO SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS MULHERES DURANTE
A RECLUSÃO NA CIDADE DE TEÓFILO OTONI- MG.

TEÓFILO OTONI
2023
ADRIANA PEREIRA GONÇALVES
ANA GABRIELA FERREIRA AMARAL
CLARA VITÓRIA NASCIMENTO GUIMARÃES

IMERSÃO NA REALIDADE PRISIONAL FEMININA:


UM ESTUDO SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS MULHERES DURANTE
A RECLUSÃO NA CIDADE DE TEÓFILO OTONI-MG.

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de


Direito do Centro Universitário Doctum de
Teófilo Otoni, como requisito para aprovação na
disciplina de TCC II, orientado pelo Prof. Marco
Antônio Poubel Ministério Filho.
Área de Concentração: Direito Penal,
Criminologia e Direito Constitucional.

TEÓFILO OTONI
2023
ADRIANA PEREIRA GONÇALVES
ANA GABRIELA FERREIRA AMARAL
CLARA VITÓRIA NASCIMENTO GUIMARÃES

IMERSÃO NA REALIDADE PRISIONAL FEMININA:


UM ESTUDO SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS MULHERES DURANTE
A RECLUSÃO NA CIDADE DE TEÓFILO OTONI-MG.

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de


Direito do Centro Universitário Doctum de
Teófilo Otoni, como requisito para aprovação na
disciplina de TCC II, orientado pelo Prof. Marco
Antônio Poubel Ministério Filho.

Teófilo Otoni, de de 2023.

Banca Examinadora:
_________________________________
Orientador
_________________________________
Co-orientador (Opcional)
_________________________________
Membro da Banca
_________________________________
Membro da Banca
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer imensamente à Deus. Sem Ele não teríamos
realizado o sonho de cursar Direito, não chegaríamos até aqui, porque através dEle tivemos
forças para ultrapassar todos os obstáculos e vencer todas as barreiras na busca desse grande
sonho. Em segundo lugar, mas não menos importante, agradecemos às nossas famílias, que
sempre nos deram todo suporte, incentivo, força, amor e carinho durante esses anos fazendo
com que a caminhada fosse mais leve e florida. Aos nossos pais, pilares principais, por
sempre incentivarem na busca pelo conhecimento e a todo momento presentes, terem sido
essenciais para que jamais perdêssemos a força e a coragem de seguir adiante.

Agradecemos ainda a todos os amigos que formamos ao longo desses anos de faculdade, que
sempre estiverem por perto com uma palavra amiga, um incentivo e até mesmo um caderno
para ajudar nos momentos de aflição. Aos professores comprometidos e cheios de novos
ensinamentos que passaram por nossas vidas, que plantaram em nós conhecimento e amor
pela profissão que escolhemos a seguir.
RESUMO

O presente artigo aborda a experiência das mulheres detidas na cidade de Teófilo Otoni,
Minas Gerais. O objetivo principal é analisar os desafios enfrentados por essas mulheres
durante o período de reclusão. A pesquisa baseou-se em abordagens qualitativas e envolveu
entrevistas, observações e análise de documentos. Os resultados destacam a complexidade da
vivência das detentas, revelando problemas relacionados à superlotação, falta de estrutura,
acesso limitado a cuidados de saúde e educação, bem como a presença de estigmas sociais
associados à prisão. Além disso, as detentas enfrentam obstáculos adicionais, como a
separação de suas famílias e a falta de oportunidades de reinserção social. Os resultados
indicam a necessidade urgente de melhorias nas condições do sistema prisional feminino em
Teófilo Otoni, bem como a implementação de programas de reintegração social e assistência
psicossocial para apoiar as detentas na transição para a vida pós-prisão. Esta pesquisa
contribui para a compreensão das questões enfrentadas pelas mulheres no sistema prisional e
destaca a importância de abordar essas questões de forma holística e humanitária. Em resumo,
o estudo realça a necessidade de reformas no sistema prisional para garantir o respeito aos
direitos humanos e a dignidade das mulheres encarceradas em Teófilo Otoni-MG.

Palavras-Chaves: Direito Penal; Processo Penal; Cárcere Feminino; Lei de Execuções


Penais; Lei de Drogas; Direitos Humanos.

ABSTRACT
This scientific article addresses the experience of women detained in the city of Teófilo Otoni,
Minas Gerais, in the prison system. The main objective is to analyze the challenges faced by
these women during their period of imprisonment. The research was based on qualitative
approaches and involved interviews, observations and document analysis. The results
highlight the complexity of the inmates' experience, revealing problems related to
overcrowding, lack of structure, limited access to health care and education, as well as the
presence of social stigmas associated with prison. Furthermore, inmates face additional
obstacles, such as separation from their families and a lack of opportunities for social
reintegration. The results indicate the urgent need for improvements in the conditions of the
female prison system in Teófilo Otoni, as well as the implementation of social reintegration
and psychosocial assistance programs to support inmates in the transition to post-prison life.
This research contributes to understanding the issues faced by women in the prison system
and highlights the importance of addressing these issues in a holistic and humanitarian way. In
summary, the study highlights the need for reforms in the prison system to guarantee respect
for human rights and the dignity of women incarcerated in Teófilo Otoni-MG.

Keywords: Criminal Law; Criminal proceedings; Women's Prison; Criminal Executions Law;
Drug Law; Human rights.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO

O sistema prisional feminino é um domínio complexo e multifacetado que reflete não só


os desafios da administração correcional, mas também questões sociais e de género
profundamente enraizadas. Este artigo direciona seu foco para o contexto específico do
sistema prisional feminino em Minas Gerais, explorando as complexidades, desafios. Nas
últimas décadas, tem havido uma consciência crescente das condições enfrentadas pelas
mulheres encarceradas, revelando lacunas no sistema que exigem uma visão crítica.

É fundamental realizar pesquisas sobre as experiências das mulheres na prisão, pois


permite compreender as dificuldades enfrentadas por esse grupo específico e buscar formas
de incentivar a inclusão e diminuir a reincidência. Neste sentido o tema escolhido abrange o
território Mineiro, tendo em vista que conforme as buscas realizadas é notório a
identificação de poucos estudos referentes à este Estado mencionada e de dados
desatualizados sobre os estabelecimentos penais femininos.

Minas Gerais, enfrenta dilemas particulares relacionados à superlotação, ao acesso


limitado a programas de reabilitação e às peculiaridades associadas ao encarceramento
feminino. Este artigo procura não só esclarecer estas questões, mas também analisar as
condições de vida no sistema prisional feminino, incluindo aspectos como infraestrutura,
saúde, alimentação, educação e acesso a serviços básicos, identificar e compreender o perfil
das mulheres que adentram nos presídios e penitenciárias no e Estado de Minas Gerais e
demonstrar a incumbência do Estado dentro do encarceramento feminino frente à lei no
7.210 de 11 de julho de 1984. Vale ressaltar que todos esses aspectos citados podem
contribuir para um sistema prisional mais justo e eficaz para as mulheres.

Em que pese a melhoria e o aprimoramento nos estabelecimentos penais que adentram


homens e mulheres, a escolha do tema ainda tem como foco a efetivação dos direitos
estabelecidos em lei. De acordo com o estudo realizado por organizações não
governamentais, estas de modo estatístico retratam a realidade e condições precárias às quais
as mulheres encarceradas são submetidas todos os dias, e algumas dessas circunstâncias
ocorrem de maneira específica devido a sua condição de gênero.

A análise apresentada visa contribuir para um diálogo informado e construtivo sobre a


reforma do sistema prisional feminino em Minas Gerais, buscando não apenas compreender,
mas também transformar esta realidade.
Portanto, este artigo justifica-se como uma oportunidade de ampliar o conhecimento
sobre a realidade das mulheres encarceradas, identificar desafios específicos enfrentados por
essas mulheres, dada a falta de informações detalhadas e a necessidade de melhorar as
condições de vida das detentas. Os resultados deste estudo podem oferecer informações
perspicazes que serão úteis no desenvolvimento de políticas públicas e iniciativas que irão
melhorar a vida das mulheres encarceradas.

Quanto aos procedimentos metodológicos, este projeto classifica-se como: uma pesquisa
aplicada que possui como objetivo gerar novos conhecimentos e aplicar esse conhecimento
para solucionar problemas relacionados à condição de vida das detentas encarceradas em
Minas Gerais. Foi empregado como um instrumento para fundamentar o estudo de caso, o
método de pesquisa empírica onde foram coletados os dados para aprofundar nas questões
assistenciais das detentas.

Com relação à abordagem do problema é quali-quantitativas, de forma em que esta será é


dividida em dois segmentos, sendo estes: em primeiro momento será realizado uma análise
de dados quantitativos relacionados ao sistema penal feminino no estado de Minas Gerais e
que posteriormente realizado uma verificação quanto os dados do sistema feminino e que
trará um filtro quanto às informações desnecessárias para a pesquisa e o artigo.

Sobre o objetivo da pesquisa, o mesmo será de maneira exploratória tendo em vista que
o objeto de estudo do projeto é apresentar o registro de dados que caracterizam as
dificuldades dentro dos estabelecimentos penais femininos e identificar qual a
responsabilidade do Estado.

Quanto aos procedimentos técnicos de pesquisa, foi realizada a pesquisa bibliográfica na


qual será desenvolvida através materiais já publicados e devidamente disponíveis,
constituídos principalmente por livros, artigos científicos, dissertações e teses. Utilizando
informações e dados que foram trabalhados em outros materiais devidamente registrados.
Para possuir um projeto bem desenvolvido sobre o assunto, ainda foi utilizado o
procedimento de pesquisa documental, onde auxilia para que o estudo possa utilizar
informações históricas, sobre o desenvolvimento ao longo dos anos, o funcionamento, as
regulamentações e todos os documentos que levarão a uma informação relevante para o
entendimento do assunto escolhido.
2. O ENCARCERAMENTO FEMININO

A imersão na realidade prisional feminino é um tema de suma importância e de grande


impacto para o sistema carcerário, devido a precariedade e os desafios enfrentados pelas
mulheres durante o período de reclusão. No contexto do estado de Minas Gerais, os desafios
enfrentados não são diferentes tendo em vista que o encarceramento possui de diversas falhas
quando as questões são relacionadas ao gênero feminino.

A realidade prisional brasileira, não tem sido prioridade á anos para a sociedade e para o
Estado, no sistema prisional feminino isto têm tido ainda mais força devido a cultura do
machismo ainda enraizada na população brasileira. A dificuldade de visualizar o gênero
feminino ocupando uma cela dentro de um estabelecimento prisional é dura, sendo realizada de
muitos casos que acabam enfatizando o esquecimento deste grupo, contexto este que vem
ocorrendo desde o surgimento do sistema prisional.

A atualização de dados carcerários atual do país, é crítico. Crítico devido o o grande


crescimento desta população e que mesmo sendo expressamente estabelecido direitos e
assegurados com garantias estabelecidas na legislação brasileira, a maneira como vivem as
pessoas encarceradas chegam a ser desumanas.

A ciência que muitas das dificuldades são apresentadas pelos ambos gêneros, entretanto, o
presente artigo ainda é uma crítica no tratamento e condições desumanas nas quais as detentas
são submetidas durante a reclusão, e como são desrespeitados todos os direitos específicos a este
gênero estabelecidos pelo nosso ordenamento jurídico até mesmo pelas cortes internacionais,
tendo em vista que nenhum indivíduo deve ser submetido a isso.

Sabemos que alguns dos desafios enfrentados pelo gênero feminino soma-se ao fato de que a
locação não atende às peculiaridades básicas femininas, de forma em que submetem as detentas
a revistas íntimas vexatórias e acarretam no posicionamento de celas escuras, úmidas e
desproporcionais, observa-se ainda o descaso familiar das detentas durante o período de
reclusão, pois a ausência do contato familiar torna a estadia mais cruel e solitária.

O presente artigo ainda é uma crítica no tratamento e condições desumanas nas quais as
detentas são submetidas durante a reclusão, e como são desrespeitados todos os direitos
estabelecidos pelo nosso ordenamento jurídico até mesmo pelas cortes internacionais, tendo em
vista que nenhum indivíduo deve ser submetido a isso.
3. A IMERSÃO NA REALIDADE DO SISTEMA PRISIONAL FEMININO

A realidade do sistema prisional Feminino aborda as características de vida e os


obstáculos enfrentados pelas mulheres durante o período de reclusão. O Estado de Minas
Gerais, como demais Estados brasileiros, possuem dificuldades para a realização de uma boa
administração para as entidades prisional.
Este artigo tem o objetivo de trazer dados atualizados sobre a situação do sistema
prisional feminino em Minas Gerais, o segundo maior estado brasileiro, atualmente com
20.538.718 pessoas, a pesquisa foi embasada neste estado tendo em vista que os presentes
pesquisadores são residentes deste e identificaram uma lacuna que possui a necessidade de
mudanças nesses locais.
Para que seja entendido estes desafios, é necessário a observação do contexto histórico
e como ocorreu o desenvolvimento até a data dos dias atuais.

2.1 Contexto Histórico: Prisão e gênero

No contexto histórico, observa que a imagem da mulher era limitada por papéis pré-
estabelecidos socialmente. No século médio, o radicalismo religioso predominava sobre a
mulher, na visão da igreja como condição de agente do mal, uma vez representante da Eva, a
mulher bíblica que permitiu a entrada do mal no mundo a partir da atenção dada a serpente. A
mulher, no entendimento religioso medieval, era dada ao descontrole da curiosidade, além de ser
voltada à transgressão e vista como a corruptora dos valores civilizados e corretos.
No período historicamente compreendido como “moderno” a mulher se localizava
socialmente entre duas opções de mundo. Em uma opção a mulher seria vista como a “Virgem
mãe”, desconexa dos prazeres sexuais que remetem ao mau, protetora e atenciosa para com os
filhos, reclusa no lar e livre das influencias mundanas que poderiam leva-la a perdição. Na outra
opção, a mulher seria considerada igual à Eva, uma mulher perdida, sedutora, consumida pela
sexualidade e pelo mal, agente das vontades maléficas prejudiciais à sociedade (BRANDEN,
1992:30).
Del Priore (DEL PRIORE, 1993), descreve que ao observar as atitudes da igreja em
relação ao papel que a mulher brasileira desempenhava no período colonial, entende-se que a
importância do matrimonio estabelecido no pela Igreja na sociedade, tinha como objetivo o
fortalecimento enquanto instituição hegemônica. Vale ressaltar que essa estrutura do controle do
matrimonio se interligava com o poder que a Igreja possuía sobre os indivíduos, principalmente
com a posição que defendia a submissão da mulher ao homem. É por essa razão que
enfatizamos que as desigualdades entre homens e mulheres não são tão recentes na história da
humanidade e podem ser encontradas em quase todas as culturas no mundo.
Nesse entendimento, a mulher não era socialmente compreendida como capaz de
cometer crimes. Sob esse ângulo, Franco, (2015, p.10) descreve "em razão de uma imagem
estereotipada da mulher, vista como dócil e incapaz de cometer crimes, por muito tempo,
associou-se a ela tão somente a prática de delitos passionais ou daqueles chamados crimes
contra a maternidade (aborto e infanticídio)".
Seguindo a mesma base de entendimento, Coelho explica que "os crimes que têm como
agente a mulher limitaram-se ao que podemos chamar de crimes de gênero, associados a sua
sexualidade: prostituição, aborto, infanticídio, crimes passionais, quase nunca contra a pessoa e
contra a propriedade" (2013, p. 53). O foco da legislação penal não se voltava à mulher que
cometia delitos e sim, notadamente ao homem, sujeito ativo dominador, hostil e perigoso, o que,
como visto, é fruto de uma construção social baseada em um modelo de dominação simbólica
masculina.
Este fato foi uma condicionante, ao longo do tempo, fazendo com que o Estado não
tenha se interessado em construir e destinar um tratamento diferenciado às mulheres criminosas,
que chegaram a ficar, inclusive, no mesmo presídio que os homens.
Na atualidade, a essência medieval do encarceramento feminino segue presente,
mesmo após a divisão de gênero, foi nítido a diferenças de tratamentos masculinas que tinham
o objetivo de ressocializar o detento, enquanto nas prisões femininas o intuito era converter
essa encarcerada a um modelo de mulher socialmente aceito.
Em um contexto contemporâneo brasileiro um grande marco histórico prisional
ocorreu em 1940 através da reforma no código penal, no qual iniciou assim o surgimento do
encarceramento feminino, instituindo o cumprimento de pena por mulheres em
estabelecimento individualizado. Como Olga Espinoza expõe em sua obra ―A Prisão
Feminina desde um Olhar da Criminologia Feminista, no trecho abaixo transcrito:

Uma vez criada a prisão como instituição, entendeu-


se necessário a separação de homens e mulheres
para aplicar a eles e elas tratamentos diferenciados.
Com essa medida buscava-se que a educação 15
penitenciárias restaurasse o sentido de legalidade e
de trabalho nos homens presos, enquanto, no tocante
às mulheres, era prioritário reinstalar o sentimento
de pudor. (ESPINOZA, 2003, p.52).

Quando nos referimos à palavra cárcere, deparamos com um ambiente no qual as


transgressões de direitos são comuns e indiscutíveis. As penitenciárias brasileiras são
caracterizadas pela sobrelotação, instalações deficientes e acesso limitado à assistência médica e
educação. No que diz respeito às instituições penitenciárias femininas, a situação é ainda mais
grave.
Ao ingressar no sistema prisional, a mulher é deixada em total negligência e isolamento,
tanto por parte da família quanto pelo Estado, que ao estabelecer um cárcere não considerou
suas particularidades, bem como implementa poucos programas governamentais de reintegração
social e ajuda para ex-detentas. Com isso, ocorre uma maior probabilidade de reincidência e,
consequentemente, um completo fracasso na almejada reintegração social. Fundamentar, menos
emoção mais numeros

2.2. Elementos Determinantes Na Criminalidade Feminina


A criminalidade feminina é influenciada por uma série de fatores complexos e inter-
relacionados. Entender esses elementos determinantes é essencial para desenvolver estratégias
de prevenção e intervenção mais eficazes. Alguns dos elementos determinantes na criminalidade
feminina tem ligação com aspectos sociais, em sua maioria a combinação de alguns fatores, mas
com destaque para: os fatores socioeconômicos, fatores culturais e sociais, educação e emprego,
relacionamentos disfuncionais, sistema de justiça criminal, maternidade e responsabilidades
familiares.

Logicamente o estudo de um fator não descarta os demais, sendo a combinação entre os


mesmos associado ao vislumbre de uma mudança na sua realidade financeira contribui como
agravante para a inclusão desta mulher na criminalidade. Compreender esses elementos
determinantes é crucial para abordar as causas subjacentes da criminalidade feminina e
implementar estratégias que ajudem as mulheres a evitar a entrada no sistema criminal e a se
reintegrar à sociedade de maneira positiva. Essas estratégias devem incluir abordagens holísticas
que considerem o contexto individual e social das mulheres envolvidas.

No brasil segundo dados o IBGE( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 48%


dos lares brasileiros têm mulheres exercendo o papel de chefe de família, recebendo salários
20% menores, se comparados ao dos homens, é também este grupo que mais sofre com o
desemprego cerca de 14,9% enquanto para homens o índice é 12%. Se for considerado os lares
de baixa renda o número proporcional quase dobra chegando a 81,6%. O desemprego é maior
entre as mulheres, o que coloca este gênero em mais um patamar de desigualdade se comparado
com o gênero oposto, e a sua recolocação no mercado de trabalho demora mais tempo para
acontecer.

Buscando prover condições de vida melhores a seus filhos, e em sua maioria com baixa
escolaridade e nenhuma qualificação profissional necessária para ocupar cargos que lhe
proporcione uma independência financeira, muitas veem na criminalidade uma forma de suprir
as suas demandas financeiras. Neste contexto, muitas têm o tráfico de drogas como a principal
porta de entrada para o submundo do crime, como de acordo com dados do Sistema Prisional
Brasileiro que apontam que no ano de 2022, 54% das mulheres que estão encarceradas se
devem pela relação com o tráfico de drogas. Sendo assim, o aumento do encarceramento
feminino como resultado das vias penais de resposta social, não podem ser analisados de forma
separada da realidade socioeconômica do indivíduo.

A desigualdade social compreende diversos tipos de desigualdades: a de oportunidades, a


de resultado, a de escolaridade, a de renda, a de gênero, entre outras. A desigualdade econômica
gera a falta de condições de sobrevivência e a falta de oportunidades tão necessárias para o bom
andamento da vida em sociedade (PACI, 2015).A influência destes fatores no cotidiano deste
grupo, faz com que sua ação criminosa proceda de circunstâncias gravosas determinadas pelo
meio que vive. Como resultado, as jovens são cada vez mais atraídas para o submundo do crime.

As mulheres encarceradas, em geral, são jovens de baixa renda, com filhos e família
dependentes economicamente delas, e a sua ida para a prisão se deu devido ao de tráfico de
drogas, por pequenos furtos e também por assassinatos (QUEIROZ, 2015). Todos os fatores
citados somados a vulnerabilidade social, e a falta de oportunidade colaboram para o
crescimento da criminalidade feminina, mas vale evidenciar que o peso de chefiar uma família e
o desemprego predominam como causas determinantes neste processo.

2.3 Direitos Da Mulher Encarcerada No Sistema Prisional

A princípio, quando uma pessoa está encarcerada por a ela ter sido atribuída autoria de
um ato considerado crime pela legislação penal vigente, o Estado exerce o seu papel de punir
através das sanções penais. O Estado, única entidade dotada de poder soberano, é o titular
exclusivo do direito de punir (para alguns, poder-dever de punir). Mesmo no caso da ação penal
exclusivamente privada, o Estado somente delega ao ofendido a legitimidade para dar início ao
processo, isto é, confere-lhe o jus persequendi in judicio, conservando consigo a exclusividade
do jus puniendi.(CAPEZ,2023, p.16).
Um dos primeiros princípios jurídicos que norteia a conduta punitiva do Estado, é o
principio da legalidade, este é fundamental no direito penal e estabelece que uma pessoa só pode
ser punida por uma conduta se essa conduta for expressamente proibida por lei, com uma pena
previamente estabelecida. O código penal brasileiro é norteado por diversos princípios para que
seja garantido uma pena justa, cabível e humana.

A Constituição Federal assegura os direitos e garantias fundamentais, juntamente com a


dignidade da pessoa humana, de modo a garantir um tratamento digno sem preconceitos de
nenhuma origem a todos os cidadãos e cidadãs, e isso independe do seu status quo. Sendo assim,
uma mulher que esteja reclusa tem os mesmos direitos que qualquer outra que não esteja privada
da liberdade. Ademais, a mulher encarcerada possui esta cobertura constitucional dos direitos
elencados no artigo 5, e em especial o dispositivo onde resguarda a presa o cumprimento da
pena em estabelecimento penal distinto do homem. Consequentemente, assegurar que a interna
tenha a sua integridade física e moral respeitados, como previsto na legislação constitucional,
também é mais um direito garantido e reforçado na Cartilha da Mulher Presa do Conselho
Nacional de Justiça, como no trecho seguinte transcrito.

Nenhuma autoridade ou servidor penitenciário pode usar de violência física ou


psicológica.(Cartilha da Mulher Presa, p.11). Mas também existem direitos garantidos pela
Carta Magna que são direcionados a interna, observando a questão de gênero devido às suas
especificidades, como a condição de permanecer com o filho durante o período de
amamentação. Você tem direito de aleitamento ao filho recém-nascido. A Constituição Federal
assegura, em seu art. 5o, inciso L, que seu filho recém-nascido permaneça ao seu lado durante o
período de amamentação. Em razão disso, deve existir na penitenciária ala reservada para as
mulheres grávidas e para as internas que estão amamentando.(Cartilha da Mulher Presa, p.13).

A Lei de Execução Penal também trata este tema, reforçando o cuidado durante a
gestação e sucessivamente no pós- parto, como preleciona Brito (2023).

Em alteração promovida pela Lei n. 14.326/2022 a atenção à mulher grávida foi


reforçada. Desde 2009 a Lei de Execução Penal assegurava o cuidado pré-natal
e pós-parto da mãe e do recém-nascido e o Código de Processo Penal veda o uso
de algemas durante os atos preparatórios, durante o parto e no puerpério
consequente (art. 292, parágrafo único). Com a alteração legal garante-se
também que o tratamento seja humanitário com assistência integral à mãe e ao
recém-nascido. Um tratamento humanitário ou humanizado significa, dentre
outras coisas, a informação completa e periódica sobre os procedimentos e
condições de saúde, atendimento individualizado de forma a estabelecer
confiança com o paciente tratando-o pelo nome, empatia pelo caso, respeito às
crenças.(BRITO,2023, p.57).
A LEP estabelece o direito à assistência material para a interna, visando atender a suas
necessidades básicas, ainda que esteja em um estabelecimento penal.A legislação preconiza que
o Estado deverá fornecer alimentação, vestuário e instalações higiênicas ao preso (LEP, art. 12).

Para tanto, é necessário que questões como superlotação, que é um dos geradores de um
ambiente prisional insalubre, seja revisto com atenção, incentivando a criação de políticas
públicas com o intuito de sanar essa defasagem. Essas condições dispostas pelas Regras
Mínimas colacionam procedimentos considerados indispensáveis aos reclusos e nenhum pode
ser considerado como regalia ou luxo. A leitura tranquila dos direitos enunciados evidencia a
natureza de minimum de dignidade a quem perdeu a liberdade.(BRITO,2023, p.56)

2.4. Desafios enfrentados pelas mulheres encarceradas

Os encargos relativos à prisão começam no momento em que esta mulher é


direcionada ao estabelecimento penal, onde não será mais reconhecida pelo nome que consta
em sua certidão de nascimento, mas sim por um número que a ela foi atribuído no sistema
prisional. A exclusão social inerente a sua nova condição, impõe barreiras que a afasta
silenciosamente do convívio familiar, pois agora tanto a detenta quanto a família precisam
respeitar as regras e preencher os requisitos impostos pela Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária (SEAP), que estabelece quantidade de vagas para visitantes,
podendo algumas internas ficarem meses sem a visita de um familiar.

Consoante a essas ocorrências internas comuns ao sistema prisional, resulta muitas


vezes em alterações psicológicas e físicas que ao longo do processo de cumprimento da pena,
podem causar doenças crônicas e graves. Nesse cenário, é essencial que a efetivação das
normas que protegem essas mulheres encarceradas esteja em pleno funcionamento, garantindo
o suporte básico de saúde para a manutenção da sua integridade física e mental, como também
está previsto nas Regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e medidas
não privativas de liberdade para mulheres infratoras (Regras de Bangkok) que tem a
finalidade de dar atenção específica as mulheres.

As mulheres enfrentam desafios específicos no sistema prisional que muitas vezes


diferem dos desafios enfrentados pelos homens. Alguns dos principais desafios que as
mulheres podem encarar no sistema prisional, podem ser correlacionados aos homens,
entretanto sua dificuldade pode ser elevada devido suas necessidades específicas.
Sabemos que o sistema prisional brasileiro é marcado pela superlotação e falta de
infraestrutura, o que atinge a ambos os gêneros. Entretanto, é possível observar que traz
consequencias diferentes para o gênero feminino, uma vez que as mulheres possuem
necessidades de saúde específicas, tais como cuidados ginecológicos, de saúde materna e
acesso a produtos de higiene pessoal feminina. Inserir mais dados

O fato que tem chamado mais atenção é sobre os laços familiares e as


responsabilidades parentais, a maioria das mulheres encarceradas no sistema prisional
brasileiro, são mães, separação de seus filhos pode ter um impacto emocional significativo. O
sistema prisional muitas vezes não oferece condições adequadas para manter os laços
familiares. Em comparação com os homens, mesmo que também possam ser pais, a dinâmica
da separação familiar pode ser diferente, e a sociedade muitas vezes tem expectativas distintas
em relação às mães.

Muitas mulheres entram no sistema prisional já grávidas. A falta de cuidados


adequados durante a gravidez e o parto, bem como o afastamento dos filhos após o
nascimento, são desafios significativos. Geralmente, os homens não enfrentam as mesmas
questões relacionadas à gravidez e à maternidade, o que cria uma necessidade única de apoio
e cuidados específicos para as mulheres.

Um grande marco histórico envolvendo este contexto foi o desenvolvimento da


resolução da CNJ nº 369/2021, no qual estabeleceu procedimentos e diretrizes a serem
tomadas para a substituição da privação de liberdade de gestantes, mães, pais e responsáveis
por crianças e pessoas com deficiências. Contudo, vale ressaltar que o STF requisitou quem
terá direito a este Habeas Corpus.

Essas diferenças destacam a importância de abordagens sensíveis ao gênero no sistema


prisional, reconhecendo as necessidades únicas das mulheres e trabalhando para garantir que
seus direitos sejam respeitados e protegidos. Essa abordagem é crucial para promover a
justiça, a igualdade e a dignidade no sistema penal.
3. SISTEMA PRISIONAL

3.1. SISTEMA PRISIONAL FEMININO BRASILEIRO

O sistema prisional brasileiro é marcado por um estado contínuo de precariedade, sendo


que este nunca operou de maneira satisfatória. Uma pesquisa realizada pelo World Female
Imprisonment List, no final do ano de 2022, revelou que o Brasil apresenta a terceira maior
população carcerária feminina do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da
China. Com cerca de 40 mil mulheres encarceradas, nos últimos anos o País apresentou um
crescimento exponencial desses números, quadruplicando essa população em apenas 20
anos. Cerca de 45% dessas mulheres se encontram em prisão preventiva, segundo
levantamento realizado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Conforme o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), atualmente o sistema prisional


brasileiro é formado por 798.929 sentenciados com penas privativas de liberdade, sendo
cerca de 49.971 são do gênero feminino e 748.755 do gênero masculino. A cada dia que
passa o encarceramento feminino tem seu mostrado progressivo, mesmo com o
crescimento da população carcerária feminina no sistema prisional, ainda é possível
identificar a carência de informações oficiais e específicas sobre a condição do
encarceramento deste gênero, contribuindo desta forma cada vez mais com a invisibilidade
deste público e reforça os sinais da desigualdade de gênero que permeiam a sociedade
brasileira.

3.2. SISTEMA PRISIONAL FEMININO MINEIRO


O sistema prisional feminino no estado de Minas Gerais enfrenta desafios e questões
significativas que afetam as vidas das detentas. Assim como em muitos outros estados do Brasil,
as prisões femininas em Minas Gerais frequentemente sofrem com a superlotação. Isso resulta
em condições de vida precárias, instalações inadequadas e dificuldades na implementação de
programas de reabilitação. As mulheres encarceradas em Minas Gerais têm um perfil
diversificado, mas muitas delas foram condenadas por crimes relacionados a roubo,
drogas/tráfico de drogas, furto e etc. Um desafio adicional enfrentado pelas detentas é a falta de
políticas específicas de gênero no sistema prisional. A falta de programas de reabilitação
adaptados às necessidades das mulheres, bem como a ausência de assistência adequada às mães
encarceradas, é uma questão crítica. A assistência médica e os cuidados de saúde reprodutiva
também são preocupações, uma vez que muitas mulheres no sistema prisional têm necessidades
específicas nesses aspectos. Aprofundar cada paragrafo
A reintegração social das mulheres após a prisão é uma tarefa árdua. A falta de
programas de reabilitação e de apoio à empregabilidade torna mais difícil para as ex-detentas
reconstruírem suas vidas após a liberação. Além disso, a violência de gênero nas prisões é uma
preocupação constante, com relatos de assédio sexual e riscos de segurança enfrentados pelas
detentas.
No entanto, algumas iniciativas de reforma estão em andamento. Organizações da
sociedade civil e defensores dos direitos humanos têm pressionado por mudanças no sistema
prisional feminino em Minas Gerais. Isso inclui o desenvolvimento de programas de reabilitação
mais centrados no gênero, a melhoria das condições de detenção e a promoção de alternativas ao
encarceramento para mulheres de baixo risco.
É importante lembrar que a situação nas prisões femininas pode variar de uma unidade para
outra em Minas Gerais, e as condições e políticas podem evoluir ao longo do tempo. Portanto, a
obtenção de informações atualizadas junto a fontes confiáveis e organizações dedicadas aos
direitos das detentas é fundamental para entender completamente a situação no estado.

3.2.1 Condições De Vida Dentro Das Entidades Prisionais Mineiras

Procuramos analisar a responsabilidade do Estado em garantir as condições básicas de vida


às detentas que estão em cumprimento de pena dentro desses estabelecimentos. Desde o
momento que o processo se tem como sentenciado, o único direito restrito é o de liberdade,
fato que não altera demais direitos garantidos pela Carta Magna de 1988 e toda legislação
vigente que protege as mulheres encarceradas durante o período de reclusão. Trazer para a
realidade prisional feminina a assistência que está elencada na Lei de Execução Penal (LEP)
em seu artigo 10, citar e atender as necessidades básicas de um ser humano trazendo para o
ambiente prisional mais dignidade e menos violações das garantias constitucionais. A privação
da liberdade é a pena imposta pelo Estado como meio de coerção pelo delito cometido, não
cabendo em mesmo patamar outras restrições de direitos quando essa mulher já se encontra em
cárcere. Através do encarceramento o poder estatal busca sanar uma falha na conduta humana e
atender um anseio da sociedade.
Quando falamos sobre a conduta humana em uma sociedade, estamos nos referindo
aos comportamentos, ações e escolhas que os indivíduos fazem no contexto social. A
sociedade espera que seus indivíduos possam agir de uma maneira ética e moral, quando um
deles agem com condutas que vão contra a moral, o Estado deve se responsabilizar em agir de
uma maneira punitiva para que o anseio da construção de uma sociedade mais justa e coesa
possa ser atingida. Um exemplo a ser utilizado, o indivíduo que mata alguém, uma conduta
falha que vai contra a moral que a sociedade preza, algo inadmissível, sendo necessário a
intervenção do Estado para que possa atender o anseio da sociedade.
Podendo ser citado o entendimento de Alexis Brito (2023,15):
A execução penal pressupõe, obviamente, uma pena concreta. E a
pena, para ser aplicada, necessita de um processo. Neste, assim que
apurada a existência do fato e sua autoria, aplicar-se-á a pena
abstratamente cominada para o tipo de crime praticado. Como
consequência, todos os envolvidos no episódio receberão sua parte. A
sociedade: o exemplo; o condenado: o tratamento; e a vítima: o
ressarcimento. (BRITO,2023,15)

Ademais, quando qualquer inciso do artigo 11 da lei 7210/1984 não for cumprido por
negligência estatal, estabelece no ambiente prisional um sentimento de uma nova condenação,
sendo a segunda consequência da primeira.

3.3. PENITENCIARIA DE TEÓFILO OTONI

1. ESPECIFICIDADES DE GÊNERO INTRAMUROS: O CENÁRIO DA MULHER


NO CÁRCERE

Em análise comparativa com os

-ESPECIFIDADES DAS DETENTAS NO BRASIL

-ESPECIFIDADES DAS DETENTAS EM MINAS GERAIS

-ESPECIFIDADES DAS DETENTAS NA PENITENCIARIA DE TEÓFILO OTONI

- COMPARAÇÕES COM OUTROS MODELOS (ESTADOS BRASILEIROS OU OUTROS


PAÍSES
REFERÊNCIAS

BRANDEN, N. A psicologia do amor romântico. RJ: Imago, 1992.

DEL PRIORE, Mary Del. As atitudes da igreja em face da mulher no Brasil colonial. In MARCILIO, Maria
Luiza (org). Família, mulher e sexualidade no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1993.

FRANCO, Nadiel Alves. As múltiplas punições do sistema penitenciário sobre a mulher:


Liberdade, direitos sexuais e reprodutivos. 48 f. Monografia (Curso de Direito) –
Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

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